Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila da Disciplina:
ECV5255 – ESTRUTURAS METÁLICAS I
5ª edição
Março de 2019
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 4
1.1 Processo Siderúrgico ............................................................................................................. 4
1.2 Considerações sobre a composição química ......................................................................... 6
1.3 Classificação dos aços estruturais ......................................................................................... 9
1.4 Produtos Siderúrgicos ......................................................................................................... 12
1.5 Propriedades Mecânicas ...................................................................................................... 21
1.5.1 Ensaios Mecânicos ....................................................................................................... 21
1.5.3 Fratura Frágil................................................................................................................ 26
1.5.4 Efeito de temperatura ................................................................................................... 27
1.5.5 Fadiga ........................................................................................................................... 28
1.5.6 Tensões Residuais ........................................................................................................ 28
2 AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS ................................................................................... 29
2.1 Método das Tensões Admissíveis ....................................................................................... 29
2.2 Método dos Estados Limites ............................................................................................... 30
2.2.1 Característica do Método dos Estados Limites ............................................................ 31
2.3 Ações e combinações de ações ........................................................................................... 36
2.3.1 Valores nominais e classificação ................................................................................. 36
2.3.2 Combinações de ações para os estados limites últimos ............................................... 38
2.3.3 Combinações de Ações para os Estados Limites de Serviço ....................................... 39
3 BARRAS TRACIONADAS ............................................................................................................. 41
3.1 Generalidades ...................................................................................................................... 41
3.2 Comportamento das peças de aço tracionadas .................................................................... 42
3.3 Estados Limites Últimos e Resistências de Projeto ............................................................ 43
3.3.1 Área líquida .................................................................................................................. 44
3.3.2 Área líquida efetiva ...................................................................................................... 46
3.3.2 Peças com Extremidades Rosqueadas.......................................................................... 50
3.3.3 Barras ligadas por pino ................................................................................................ 50
2.3 Estados Limites de Serviço ................................................................................................. 51
4 BARRAS COMPRIMIDAS ............................................................................................................. 53
4.1 Generalidades ...................................................................................................................... 53
4.2 Flambagem global ............................................................................................................... 53
4.2.1 Comportamento Ideal: Flambagem de Euler ............................................................... 54
4.2.2 O efeito das imperfeições geométricas ........................................................................ 57
4.2.3 O efeito das tensões residuais ...................................................................................... 60
4.2.4 Comprimento de Flambagem ....................................................................................... 62
4.2.5 Flambagem por Torção e Flexo-Torção....................................................................... 63
4.3 Flambagem local ................................................................................................................. 64
4.4 Abordagem da NBR 8800/08 .............................................................................................. 67
4.4.1 Resistência de cálculo segundo a NBR-8800 .............................................................. 68
5 BARRAS FLETIDAS ..................................................................................................................... 77
5.1 Generalidades ...................................................................................................................... 77
5.2 Efeito do Momento Fletor ................................................................................................... 79
5.2.1 Plastificação ................................................................................................................. 79
5.2.2 Flambagem local .......................................................................................................... 83
5.2.3 Flambagem lateral com torção ..................................................................................... 86
5.3 Resistência ao esforço cortante ........................................................................................... 90
1 INTRODUÇÃO
O aço pode ser definido como uma liga metálica composta, principalmente, de ferro e pequenas
quantidades de carbono (entre 0,008 % e 2,11 %), possuindo propriedades mecânicas (resistência
mecânica e ductibilidade) muito importantes para sua aplicação como material estrutural na
engenharia civil.
As principais matérias primas para obtenção do aço são o carvão mineral e o minério de ferro
(hematita e limonita), que não são encontrados puros na natureza. Assim, esses materiais são
previamente preparados, a fim de reduzir o consumo de energia e aumentar a eficiência do
processo siderúrgico. Como resultado final, após uma série de etapas, o aço é moldado (e assim
comercializado para utilização estrutural) na forma de chapas, perfis ou bobinas.
O carvão mineral deve fornecer a energia térmica necessária para ocorrer a redução do minério no
alto-forno (obtenção do ferro gusa) e deve assegurar uma permeabilidade adequada ao processo.
A eliminação de impurezas do carvão é feita em fornos denominados células de coqueificação. O
processo consiste na destilação do material em ausência de ar, liberando-se substâncias voláteis,
ocorrendo em temperaturas em torno de 1300 °C. O material resultante, o coque metalúrgico, é
poroso e constituído basicamente de carbono com alta resistência mecânica e alto ponto de fusão.
O minério de ferro também deve ser preparado. A granulometria da carga de minério é importante
para a combustão, uma vez que a velocidade com que o ar passa depende da permeabilidade do
meio. Assim, os finos são indesejáveis e devem ser aglutinados antes de carregados no alto-forno.
Aos finos são adicionados fundentes (finos de calcáreo, areia de sílica, e moinha de coque) e o
conjunto é aquecido para fusão da mistura e, após o resfriamento, britagem para atingir a
granulometria desejada. Dá-se ao processo o nome de sinterização e sínter é o material resultante.
Na parte superior do alto-forno (Figura 1.2) são misturados o coque metalúrgico, o sínter e outros
fundentes (calcáreo) que, após uma injeção de ar na parte inferior, produzem uma reação
exotérmica pela combustão do carbono presente no coque, chegando a uma temperatura de
1500 ºC. O resultado desta reação é a produção do ferro gusa (material metálico líquido ainda rico
em carbono) e uma escória de alto-forno, que pode ser aproveitada na fabricação de cimento.
Após a reação, o ferro gusa na forma líquida é transportado nos carros-torpedos (vagões revestidos
com elemento refratário) para uma estação de dessulfuração, onde são reduzidos os teores de
enxofre a níveis aceitáveis. Também são feitas análises da composição química da liga (carbono,
silício, manganês, fósforo, enxofre) e a seguir o carro torpedo transporta o ferro gusa para a aciaria,
onde será transformado em aço.
A aciaria tem por finalidade transformar o ferro gusa em aço injetando no seu interior oxigênio
puro sob alta pressão, dentro um conversor (Figura 1.3). O objetivo é a reação do oxigênio com o
carbono em excesso presente no ferro gusa, baixando a sua quantidade e, assim, transformando-o
em aço. Os materiais indesejáveis são eliminados sob forma de gases ou escória flutuante sobre o
banho. Quando o aço está na composição desejada é vazado para formas onde se solidifica na
forma de blocos chamados lingotes.
Após a aciaria, o aço líquido é transportado para moldes, onde se solidificará. Este processo é
chamado de lingotamento contínuo (Figura 1.4), em que o veio metálico é continuamente extraído
por rolos e após resfriado, é transformado em placas através do corte com maçarico.
A etapa seguinte é a laminação (Figuras 1.5 e 1.6), que tem por objetivo a obtenção do produto na
sua forma final, podendo ser um processo a quente ou a frio. Na laminação a quente, muito
utilizada para a formação de chapas grossas e perfis (aços longos), os tarugos são reaquecidos e
conformados progressivamente por uma série de rolos, chegando, dessa forma, no seu formato
final. Para chapas muito finas a laminação é feita a frio, em que uma forte pressão nos rolos,
associada com tração na chapa, forçam a redução de espessura.
Como já foi definido anteriormente, o aço é definido com uma liga metálica contendo,
principalmente, ferro e pequenas quantidades de carbono. Entretanto, outros elementos também
aparecem na sua composição, quer seja decorrente do seu processo de produção ou sendo
propositalmente adicionados visando a alteração de alguma propriedade. Estas composições
químicas determinam muitas das principais características para aplicações estruturais dos aços.
Em virtude dos diferentes elementos presentes no aço, expressões que relacionam a influência da
composição química na soldabilidade, em termos de carbono equivalente, têm sido estudadas.
Uma destas vem sendo amplamente utilizada e é reproduzida abaixo (Eq. 1.1):
Mn Cr + Mo + V Ni + Cu
%C eq = % C + + + (1.1)
6 5 15
Esta expressão diz que quanto maior for o carbono equivalente, menor é a soldabilidade do aço. O
ideal para estruturas soldadas é que este valor (o carbono equivalente) seja inferior à 0,45 %.
Existe uma grande variedade de tipos de aços disponíveis no mercado, decorrente das diferentes
aplicações a que este material se aplica. Dentre estes, são denominados aços estruturais aqueles
que apresentam resistência, ductilidade e outras propriedades mecânicas tais que os tornam
adequados para suportar cargas. Eles são classificados, conforme a composição química,
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
10
propriedades mecânicas e métodos de obtenção em três grupos: aços carbono, aços de alta
resistência e baixa liga e aços de alta resistência tratados termicamente.
Os aços, de forma geral, podem ser classificados de acordo com sua composição química. A
definição de aço proposta acima permite uma distinção entre os aços carbono comuns e os aços
ligados:
1. Aços de baixo teor de carbono, com C < 0,3 %, são aços que possuem grande
ductilidade, bons para o trabalho mecânico e soldagem (construção de pontes, edifícios,
navios, caldeiras e peças de grandes dimensões em geral). Estes aços não são temperáveis;
2. Aços de médio carbono, com 0,3 < C < 0,7 %, são aços utilizados em engrenagens,
bielas, etc.. São aços que, temperados e revenidos, atingem boa tenacidade e resistência;
3. Aços de alto teor de carbono, com C > 0,7 %. São aços de elevada dureza e resistência
após a tempera, e são comumente utilizados em molas, engrenagens, componentes
agrícolas sujeitos ao desgaste, pequenas ferramentas, etc.
Os aços estruturais são, então, a partir desta classificação, aços carbono (com baixo teor de
carbono) ou aços de baixa liga (na verdade a adição de elementos de liga apresenta teores bem
inferiores a 8%).
De acordo com a classificação apresentada, os aços estruturais chamados de aço carbono são
aqueles que possuem em sua liga teores de carbono variando entre 0,15 % e 0,29 % e manganês
em porcentagem máxima de 1,65 %. Outros elementos também podem aparecer em função do
processo de produção (silício, cobre, enxofre, fósforo).
Em função deste percentual de carbono, eles são classificados como aços de baixo teor de carbono,
o que lhes garante boa ductilidade e soldagem. Para ser utilizado estruturalmente no Brasil, os aços
carbono deverão ser devidamente padronizados por normas brasileiras (ABNT) e estrangeiras
(ASTM), conforme recomendação da NBR 8800/2008.
1. ABNT MR-250 (NBR 7007): aço utilizado para fabricação de perfis laminados;
2. ABNT CG-26 e ABNT CG 28 (NBR 6648): aço utilizado para a fabricação de chapas
grossas (dão origem aos perfis soldados);
3. ABNT CF-26, ABNT CF-28 e ABNT CF-30 (NBR 6650): aço utilizado para a
fabricação de chapas finas (dão origem aos perfis formados a frio);
4. ABNT B e ABNT C (NBR 8261): aço utilizado para a fabricação de perfis tubulares.
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
11
Estes aços possuem um equivalente padronizado pela American Society for Testing and Materials
(ASTM):
1. ASTM A36: aço utilizado para fabricação de perfis laminados e chapas (finas e
grossas);
2. ASTM A500: aço utilizado para a fabricação de perfis tubulares.
Os aços carbono mais comuns empregados em perfis, chapas e tubos são apresentados na
Tabela 1.2, com suas resistências mecânicas.
Existem aços de alta resistência e baixa-liga que apresentam elevada resistência à corrosão
atmosférica, a qual é obtida pela formação de uma película de corrosão superficial (pátina),
praticamente insolúvel, de coloração castanho-alaranjada. Estes aços podem ser pelo menos quatro
vezes mais resistentes à corrosão, sendo normalmente utilizados sem pintura, definindo-se uma
sobre-espessura, em função da vida útil da estrutura e da agressividade do ambiente, a qual deve
ser adicionada à espessura obtida no dimensionamento.
Os aços de alta resistência e baixa liga padronizados por norma brasileira são:
1. ABNT AR-350 (NBR 7007): aço utilizado para fabricação de perfis laminados;
2. ABNT AR-350-COR (NBR 7007): aço resistente à corrosão utilizado para fabricação
de perfis laminados;
3. ABNT AR-415 (NBR 7007): aço utilizado para fabricação de perfis laminados;
4. ABNT G-30, ABNT G 35, ABNT G 42 e ABNT G 45 (NBR 5000): aço utilizado para
a fabricação de chapas grossas (dão origem aos perfis soldados);
5. ABNT F-32/Q-32, ABNT F-35/Q35, ABNT Q-40, ABNT Q42, ABNT Q45 (NBR
5004): aço utilizado para a fabricação de chapas finas;
Estes aços possuem um equivalente padronizado pela American Society for Testing and Materials
(ASTM):
1. ASTM A572: aço utilizado para fabricação de perfis laminados e chapas (finas e
grossas);
2. ASTM A242: aço utilizado para fabricação de perfis laminados e chapas resistentes à
corrosão atmosférica.
3. ASTM A588: aço utilizado para fabricação de perfis laminados e chapas resistentes à
corrosão atmosférica.
Outra forma de se aumentar a resistência mecânica dos aços é através do tratamento térmico, que
pode ser realizado tanto nos aços carbono quanto nos aços de baixa liga. Após o aço passar pelo
tratamento térmico, o seu limite de escoamento é elevado para valores da ordem de 550 MPa a
760 MPa.
1.4.1 Chapas
As chapas são elementos que possuem duas dimensões bem superiores à terceira (espessura),
sendo também chamadas pelas siderúrgicas de aços planos ao carbono. Elas são classificadas em
chapas finas (para espessura igual ou menor que 5 mm) ou chapas grossas (espessura superior a
5 mm), sendo produzidas em formas de placas ou bobinas, conforme mostram as Figura 1.7 e 1.8.
As chapas finas podem ser produzidas por laminação a frio ou a quente, sendo as primeiras mais
finas (0,30 mm ≤ t ≤ 2,65mm) e empregadas na forma de complemento como esquadrias, portas,
calhas, rufos, por exemplo. As chapas finas produzidas a quente, por sua vez,
(1,20 mm ≤ t ≤ 5,00mm) são normalmente empregadas na produção de perfis formados a frio (ver
item 1.4.7). As espessuras padrão das chapas finas a frio e a quente são mostradas na Tabelas 1.4a
e 1.4b. As larguras padrão das chapas finas (a quente e a frio) variam entre 1000 e 2000 mm, com
comprimentos entre 2000e 6000 mm.
Tabela 1.4: Espessuras padrão de Chapas Finas: (a) Formadas a Frio (b) Formadas a Quente
(a) (b)
As chapas grossas são produtos planos disponíveis nas espessuras de 6,3 mm a 102 mm (Tabela
1.5), com largura variando entre 900 e 3900 mm e comprimentos de 2.400 até 18000 mm. Nas
estruturas convencionais de aço, as chapas grossas são amplamente utilizadas tanto na formação
de perfis soldados (ver item 1.4.6) quanto como elementos de ligação entre componentes
estruturais ou como placas de base de pilares.
Para maiores detalhes sobre as dimensões das chapas fornecidas no Brasil, recomenda-se uma
pesquisa na página da internet dos principais fornecedores do nosso país (Usiminas, Arcelor Mittal
Tubarão e Companhia Siderúrgica Nacional - CSN).
Os perfis laminados são elementos que possuem uma dimensão (comprimento) bem superior às
demais (seção transversal), sendo também chamados pelas siderúrgicas de aços longos ao carbono
(Figura 1.9). Ao contrário dos cilindros usados para a laminação de chapas, na produção dos perfis
eles apresentam canais usinados, por onde passa o aço, alterando gradualmente, a seção inicial
(por exemplo: quadrada) até o perfil final. Os perfis laminados produzidos atualmente no Brasil
possuem seções transversais em formato I, H, U e L.
Perfil I: Série chamada Standard Shape (S), possuindo superfícies internas das abas
(mesas) inclinadas e estreitas. Esta série é normalmente emprega em vigas.
Perfil W: Série chamada Wide Flange Shape, possuindo superfícies internas das abas
(mesas) paralelas e largas. Esta série é normalmente empregada em vigas ou
pilares.
Perfil HP: Série chamada H-Pile, possuindo superfícies internas das abas (mesas)
paralelas e largas. Esta série é normalmente empregada em vigas pesadas ou
pilares.
De forma geral, o perfil I (série S) possui altura variando entre 76 e 502 mm, sendo apropriados
para a utilização de peças fletidas em torno do eixo (x-x) que passa no seu centro de gravidade e é
paralelo às abas, visto que o seu momento de inércia em torno do eixo ortogonal (y-y) é reduzido
(possui abas estreitas). O perfil W possui altura variando entre 150 e 610 mm sendo apropriado
para a utilização em vigas ou colunas (aqueles que são especificados com uma letra H no nome
H). Pelo fato de apresentarem as superfícies internas das abas paralelas, as ligações, quando feita
nestes elementos, são simplificadas, dispensado a utilização de arruelas e cunhas, por exemplo,
configurando uma vantagem em relação aos perfis da série S. Finalmente, o perfil HP possui
variação de altura entre 200 e 310 mm. No Anexo A são apresentadas às tabelas dos perfis
mencionados acima.
Adicionalmente, os perfis I e H também podem ser encontrados de acordo com o padrão europeu.
Os perfis I são chamados IPE (ou IP), possuindo superfícies internas das abas (mesas) paralelas e
estreitas. Os perfis H, por sua vez, possuem superfícies internas das abas (mesas) paralelas e largas,
sendo fornecidos em três séries, HEA (ou HPL), HEB (ou HPM) e HEM (HPP), ou seja, perfis
leves, médios e pesados, conforme as espessuras das abas e da alma.
As cantoneiras, ou perfis L, podem apresentar abas iguais ou desiguais, embora estas últimas não
sejam produzidas no Brasil. Elas são normalmente empregadas como elementos de treliça,
contraventamento ou como elementos de união entre componentes da estrutura.
Comparativamente aos perfis I e H são consideradas peças pequenas e leves, sendo produzidas em
série métrica, com abas entre 40 e 100 mm, e série polegadas, com abas não excedendo 203 mm.
No Anexo A apresenta-se uma tabela com as propriedades geométricas dos perfis L.
Os perfis U apresentam altura em geral variando entre 76 e 381 mm tendo sua maior utilização
para elementos pouco solicitados como colunas pouco carregadas, terças, degraus de escada,
travessas de tapamento, etc. No Anexo A apresenta-se uma tabela com as propriedades
geométricas dos perfis U. A Figura 1.11 mostra os diferentes perfis L e U usados em estruturas
metálicas.
Os principais produtores de aços longos (perfis laminados) no Brasil são a Gerdau Açominas e a
Arcelor Mittal (antiga Belgo-Mineira).
1.4.3 Barras
Assim como os perfis laminados, as barras são elementos que possuem o comprimento com
dimensão bem superior as demais (aços longos), sendo produzidas com seção transversal circular
(barras redondas), seção transversal quadrada (barras quadradas) ou seção transversal retangular
(barras chatas).
A Figura 1.12 mostra os formatos de barras produzidos, bem como a variação de dimensões
encontradas no mercado nacional.
2,50≤e≤50,8mm
6,35≤h≤50,8mm 6,35≤d≤103,2mm
9,53≤l≤152,4mm
As barras redondas são utilizadas como tirantes ou pendurais para solicitações de tração, ao passo
que as barras quadradas ou chatas têm pouca aplicação em estruturas. No Anexo A apresentam-se
tabelas com as dimensões de barras fabricadas no Brasil.
A especificação destas barras é feita através do seu símbolo com um chanfro, seguido da
informação de dimensão. Por exemplo, o símbolo ∅ 12,7 representa uma barra circular com
diâmetro 12,7 mm.
Os principais produtores de aços longos do tipo barra, no Brasil, são a Gerdau Açominas e a
Arcelor Mittal (antiga Belgo-Mineira).
1.4.4 Tubos
Os tubos circulares possuem diâmetro (D) variando entre 26,7 e 355,6 mm, os tubos quadrados
são fabricados com lado (B) variando entre 50 e 90 mm, já os tubos retangulares possuem uma
variação do lado menor (B) entre 40 e 210 mm e do lado maior (H) entre 60 e 360 mm. Os tubos
são peças bastante eficientes para esforços axiais, peças fletidas, sob torção e feitos combinados,
resultando em elementos leves quando comparados aos perfis laminados mencionados
anteriormente, entretanto, devido à dificuldade na execução das ligações acabam não sendo tão
utilizados.
Os fios são barras circulares obtidas por trefilação a frio de barras laminadas (conforme item 1.4.3),
servindo como elemento básico para a formação de cordoalhas e cabos. As cordoalhas são
elementos formados por fios (3, 7, 19 e 37) em forma de hélice, possuindo um módulo de
elasticidade de 195 GPa, ou seja, quase igual ao de uma barra maciça de aço (200GPa). Elas são
muito utilizadas como estais para estruturas do tipo torre de telecomunições ou de linhas de
transmissão, como elementos de suportes de ponte (pontes pênseis ou estaiadas) e em
tensoestruturas.
Já os cabos são formados por feixes de fios entrelaçados entre si em formato helicoidal, possuindo
módulo de elasticidade da ordem de 50 % daquele obtido para uma barra maciça de aço. Podem
ser utilizados pontes (pênseis ou estaiadas), gruas, ou em sistemas de polias. A Figura 1.15 mostra
um padrão típico de cabo de aço.
(a)
Perfis soldados e perfis compostos (Figura 1.16) são aqueles fabricados pela associação de dois ou
mais produtos siderúrgicos, como as chapas e os perfis laminados, através de uma ligação contínua
por solda elétrica. Em função da flexibilidade de produção (são obtidos pelo corte, composição e
soldagem de chapas planas e perfis de aço), os perfis soldados e compostos podem ser fabricados
com dimensões e formas variadas, resultando em um menor consumo de aço.
Os perfis soldados mais utilizados são, sem dúvida, os perfis do tipo I e H, formados pela união
de três chapas. Devido a esta grande versatilidade de combinações, os perfis soldados com formato
I foram padronizados pela ABNT (NBR 5884/05: Perfil I estrutural de aço soldado por arco
y tf
d h
tw x
bf
Figura 1.17: Perfil Soldado conforme NBR 5884/05
Além disso, podem ser utilizados perfis soldados que não apresentem dimensões especificadas na
NBR 5884/05, desde que sejam obedecidas as demais especificações da NBR 8800/08, conforme
será discutido no decorrer deste trabalho.
Os perfis soldados são designados pela sua série, seguido da sua altura (em milímetros) e de sua
massa por unidade de comprimento (em kg/m). Por exemplo, o perfil VS 400 x 58 representa um
perfil da série viga soldada com altura (d) igual a 400 mm e massa por metro equivalente a
50 kg/m.
Os perfis soldados são produzidos por empresas especializadas (Usiminas Mecânica, Metasa, etc)
que possuem os equipamentos adequados para a automatização do processo de soldagem,
conseguindo atingir uma produção em escala industrial.
Os perfis formados dobrando-se a frio chapas finas (entre 1,50 e 4,75 mm) têm sido chamados de
perfis de chapa dobrada ou perfis formados a frio. Em virtude do processo de fabricação, os perfis
laminados são formados por elementos espessos, fazendo com que o menor perfil de catálogo
sempre apresente excesso de resistência para casos de estruturas com pouco carregamento. Assim,
perfis de chapa dobrada têm como principal vantagem a obtenção de peças estruturais mais finas
e leves, levando a um dimensionamento mais econômico.
Por este motivo, os perfis de chapa dobrada vêm sendo empregados de forma crescente na
execução de estruturas metálicas leves, como coberturas, por exemplo, pois podem ser projetados
para cada aplicação específica. Em contrapartida, como são constituídos de elementos de chapas
Estes fenômenos requerem um tratamento matemático específico, não considerado nas estruturas
de aço formadas por perfis laminados e soldados. Desta forma, a NBR 8800/08, não atende os
requisitos de dimensionamento de estruturas formadas por perfis de chapa dobrada, sendo a
NBR 14762/11: Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis Formados a Frio
a norma responsável para este fim.
O dimensionamento de perfis de chapa dobrada não é o enfoque deste curso. A Figura 1.18 mostra
os perfis formados a frio utilizados com freqüência. Como pode ser visto, os cantos são sempre
arredondados, sendo o raio função da espessura da chapa e das propriedades mecânicas do aço
empregado.
Como mencionado anteriormente, aços estruturais são aqueles que, em função de suas
propriedades mecânicas (principalmente resistência e ductilidade), são adequados para suportar
cargas.
A determinação das propriedades mecânicas dos aços estruturais é realizada através de ensaios,
como é descrito no item 1.5.1.
Dentre os diferentes ensaios mecânicos, sem dúvida, o mais importante para o projeto de estruturas
metálicas é o ensaio de tração, visto que fornece valiosas informações sobre as propriedades
mecânicas mais importantes dos aços estruturais. Ensaios de tração são feitos com corpos de prova
cilíndricos ou prismáticos, com a parte central possuindo dimensões menores a fim de evitar
ruptura na região das garras da máquina de ensaio. Além disto, devem ser feitos à temperatura
atmosférica e na ausência de tensões residuais (ver item 1.5.6). Diagramas tensão-deformação
típicos para os três tipos de aço estrutural discutidos anteriormente são mostrados na Figura 1.19.
Cabe salientar que, para os aços estruturais, o mesmo comportamento é obtido para cargas de
compressão, desde que seja evitada a possibilidade de ocorrência de flambagem.
As curvas tensão-deformação mostradas na Figura 1.20 são determinadas utilizando a tensão σ que
é obtida através da divisão da carga F aplicada pela área de seção transversal original A0 do corpo
de prova e a deformação ε, determinada como a variação de comprimento Δl dividida pelo
comprimento original l0 do corpo de prova. Por esse motivo, estas curvas são conhecidas como
diagramas tensão-deformação de engenharia, enquanto que no diagrama tensão-deformação
verdadeiro a tensão é obtida através da divisão da carga aplicada pela seção transversal instantânea
do corpo de prova (após a aplicação da carga anterior), mesmo após iniciar a estricção (redução
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
22
brusca da seção transversal). Na prática, entretanto, é utilizado o diagrama tensão-deformação de
engenharia, pois os projetos são realizados com base nas dimensões iniciais.
σ (MPa)
800
A490
600
A572
400
A36
200
F F
A0
l0 Δl
Figura 1.20: Corpo de Prova em tração.
Na Figura 1.19 pode ser visto que os aços A36 e A572 apresentam um comportamento semelhante
entre si, mas distintos do aço A490. Esta diferença esta relacionada à ausência de um patamar de
escoamento bem definido para este último. Para melhor entender o comportamento dos aços em
um diagrama tensão-deformação, eles serão apresentados com a escala das abcissas distorcida
(Figura 1.21).
Começado a análise pelo aço A36 (o A572 possui exatamente o mesmo comportamento), podem
ser identificadas três regiões distintas no diagrama.
A Fase Elástica é o trecho compreendido entre a origem O e o ponto A, ou seja, quando atinge-se
a tensão fp (tensão limite de proporcionalidade) que representa o ponto limite de proporcionalidade.
Este ponto coincide com o início de escoamento, ou com a tensão de escoamento fy, para a grande
parte dos aços estruturais (para aços com fy ≤ 450 MPa). Nesta região o material obedece a Lei de
Hooke, ou seja, existe uma relação linear entre tensões e deformações:
σ = Eε (1.2)
ε =0,2%
fu = 400Mpa
fu
D A36
fy = 250Mpa
B C E
fp A
ε (%)
O
0,12 0,20 1,40 20 35
Figura 1.21: Diagrama tensão-deformação dos aços A36 / MR250 e A490 com escala das
abcissas distorcida.
Em que a constante E é chamada Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young, sendo obtida como
a tangente do ângulo α, ou seja, é uma medida de inclinação da reta OA. Como pode ser visto nas
Figuras 1.19 e 1.21, a inclinação é a mesma para todos os aços estruturais e, por conseqüência, o
módulo de elasticidade também. A NBR 8800/08 especifica o valor do Módulo de Elasticidade
como sendo 200000MPa para todos os aços estruturais.
Nessa região, caso ocorra um descarregamento, o diagrama percorre o mesmo caminho, apenas
com sentido inverso, voltando para a origem, ou seja, a deformação desaparece totalmente.
A Fase Plástica inicia no ponto A. Logo após, a tensão alterna entre um valor máximo e um valor
mínimo para, na seqüência, se estabilizar no valor da tensão de escoamento fy, mantendo-se
praticamente constante, ao passo que a deformação aumenta consideravelmente (até cerca de 2%
para o aço A36). Os valores máximos e mínimos de escoamento tem pouca importância prática,
sendo fortemente influenciados pela forma do ensaio (velocidade, corpo de prova, etc). Em
contrapartida, a tensão de escoamento fy é uma característica bastante estável. Este trecho com
tensão igual a tensão de escoamento recebe o nome de patamar de escoamento.
Nesta fase, se o corpo de prova for descarregado, o caminho será uma reta paralela ao trecho OA,
partindo do ponto de descarga, resultando em uma deformação permanente.
Nesta fase, se o corpo de prova for descarregado, o comportamento é semelhante à fase plástica,
resultando em uma deformação permanente.
Voltando ao comportamento do gráfico da Figura 1.21, pode-se observar, como já foi mencionado,
que alguns tipos de aço (A 325 e A490, por exemplo) não apresentam um patamar de escoamento
bem definido. Nestes casos, define-se a tensão de escoamento como o valor correspondente a uma
deformação residual de 0,2 % após descarregamento. Tais aços também apresentam uma região
que pode ser chamada de fase plástica, entretanto, neste trecho, a tensão aumenta continuamente
com o aumento de deformação, diferente do que acontece nos aços abordados anteriormente, em
que a tensão permanece constante com o aumento de deformação.
σ
fu
C
A B
fy
ε (%)
O
Figura 1.22: Diagrama tensão-deformação simplificado de projeto
E
G= (1.3)
2(1 + ν )
Para os aços estruturais, como νa = 0,3 e E = 21000 MPa, o módulo de elasticidade transversal
vale G = 77000 MPa.
Uma importante propriedade dos aços estruturais, que pode ser observada nos ensaios de tração, é
a ductilidade, que pode ser definida como a extensão na qual um material pode suportar
deformação plástica sem romper. Esta é uma das propriedades mais importantes dos aços
estruturais, pois materiais dúcteis, quando submetidos a elevadas tensões localizadas, sofrem
deformações plásticas permitindo a redistribuição de tensões, casos típicos de regiões com furos
ou outros tipos de descontinuidade. Materiais que suportam pouca ou nenhuma deformação de
ensaio de tração são considerados materiais frágeis.
Em estruturas reais, os elementos não estão submetidos a estados de tensão similares (uniaxiais)
aqueles reproduzidos nos ensaios mecânicos, assim, uma comparação direta com a tensão de
escoamento pode não conduzir a resultados corretos. Desta forma, para um estado multiaxial de
tensões, empregam-se teorias de resistência ou teorias de falha, que são equações de interação
entre as tensões atuantes.
Para estruturas metálicas, que possuem falha por cisalhamento, a teoria de resistência mais aceita
é a Teoria da Energia de Distorção (Huber – Von Mises – Hencky). Neste modelo, a tensão uniaxial
σy, que deve ser inferior a tensão de escoamento do material, pode ser escrita em função das tensões
principais σ1, σ2 e σ3:
σ y2 =
1
2
[
(σ 1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 1 − σ 3 )2 ] (1.4)
σy
τy = (1.5)
3
A relação mostra que o escoamento ao cisalhamento ocorre com cerca de 60% da tensão de
escoamento obtida em um ensaio à tração.
Diante de algumas combinações adversas como, por exemplo, temperatura, estado de tensões, ou
descontinuidades, o aço tem um comportamento basicamente dúctil, pode tornar-se suscetível a
fratura frágil. A fratura frágil é um tipo de falha que ocorre por clivagem com pouca ou nenhuma
deformação plástica anterior, de forma extremamente rápida.
A propensão de um aço resistir à fratura frágil deve ser determinada por uma medida de tenacidade,
que é a energia total (elástica mais plástica), por unidade de volume, que o material pode absorver
até a sua ruptura. A tenacidade pode ser entendida como a habilidade do material em resistir a
fratura. Para estados uniaxiais de tensão, como os ensaios a tração, a tenacidade é calculada como
a área total do digrama tensão vs deformação.
Uma das principais aplicações do ensaio de Charpy consiste em determinar se o material apresenta
ou não transição dúctil-frágil com o decréscimo de temperatura. Para isso, determina-se a
quantidade de energia exigida para fraturar o corpo de prova em diferentes temperaturas para,
após, traçar um diagrama Energia Absorvida vs Temperatura, conforme mostra a Figura 1.24.
A ductilidade dos aços estruturais inicialmente diminui com o aumento de temperatura até atingir
um valor mínimo para, então, começar a subir até um valor muito mais elevado do que o aço
possuía a temperatura ambiente. Sob carregamentos longos em temperaturas elevadas, os efeitos
da fluência devem ser considerados. Quando uma carga é aplicada em um elemento exposto a
temperatura elevada, ocorre uma parcela de deformação instantânea que cessa imediatamente e
outra que segue aumentando com o tempo a uma taxa muito mais baixa, fenômeno conhecido
como fluência.
O fenômeno responsável pela ruptura de uma peça de aço, quando submetida a um carregamento
cíclico de longa duração, sob um esforço inferior a sua capacidade de resistência é chamado de
Fadiga. A maneira mais utilizada para se avaliar a resistência de um aço estrutural a fadiga é através
de ensaios de laboratório, que tem como premissa submeter um elemento a uma oscilação de
tensão de um valor mínimo para um valor máximo até que ocorra a ruptura. Fazendo-se este
procedimento para diferentes valores de variação de tensão, pode-se traçar um diagrama chamado
de curva s-N.
Uma peça submetida a concentração de tensões torna-se muito mais suscetível a ocorrência de
fadiga. Na prática, o efeito da fadiga não pode ser desprezado no dimensionamento de peças
submetidas a carregamentos móveis.
Tensões que permanecem nos elementos metálicos após a laminação são conhecidas como tensões
residuais. A magnitude destas tensões é usualmente determinada removendo uma seção
longitudinal do elemento e medindo sua deformação resultante. Obviamente, para atender as
condições de equilíbrio, a força axial e o momento resultante na seção transversal devem ser zero.
Nos perfis metálicos laminados a quente, as tensões residuais resultam do resfriamento desigual
da seção transversal, visto que as partes mais próximas das extremidades resfriam anteriormente
as partes mais centrais. Por exemplo, em um perfil I, a região central da alma resfria mais
lentamente, desenvolvendo tensões de tração que são equilibradas por tensões de compressão nas
regiões de extremidade.
Assim, fica claro que deve existir um critério padrão que estabeleça as bases de dimensionamento
para que diferentes profissionais possam usar como referência. Ao longo dos anos, o processo de
dimensionamento foi evoluindo e hoje temos diversas normas que nos fornecem as exigências
mínimas para o projeto de estruturas seguras. Normas são documentos oficiais que estabelecem
um conjunto de regras que devem ser seguidas por todos os engenheiros no cálculo e
dimensionamento de suas estruturas.
Em relação à segurança, as normas inicialmente utilizadas para estruturas metálicas eram baseadas
no Método das Tensões Admissíveis, passando gradativamente a adotar o Método dos Estados
Limites (Load and Resistance Factor Design). Este é o método adotado pela maioria das
recomendações internacionais, assim como pela norma brasileira para projeto de estruturas
metálicas NBR 8800 desde sua versão de 1986 (tendo sido mantida na nova norma divulgada em
2008). A norma americana ANSI/AISC 360-05, que foi publicada em 2005, apresenta os dois
métodos em seu texto.
Dessa forma, nos itens seguintes são abordadas as características das duas metodologias,
enfatizando-se o Método dos Estados Limites, não só por este ser mais racional, mas também por
ser o adotado nas normas brasileiras, como foi mencionado.
O primeiro critério adotado foi o de que em nenhum ponto da estrutura deveria ocorrer tensão
maior que um determinado valor da máxima tensão que o material suportaria. Surgia o método da
tensão característica, ou da máxima tensão normal. Para os elementos tracionados, a imposição de
uma tensão característica de cada material, que não fosse ultrapassada pelas tensões atuantes,
revelou-se um critério coerente e seguro.
Para os elementos comprimidos ou fletidos tal critério não se revelou suficiente, precisando
determinar não mais uma tensão do material, mas sim a carga que poderia levar a estrutura ao
colapso. Surgiam então os métodos da tensão característica e o do coeficiente externo.
Estes dois métodos foram reunidos em um, genericamente denominado de “Tensões Admissíveis”,
e que durante muito tempo embasou o dimensionamento das estruturas e as normas técnicas, para
todos os materiais estruturais. Este método admite o comportamento estrutural e as características
mecânicas e geométricas de uma estrutura como grandezas determinísticas.
No método das tensões admissíveis as máximas tensões que poderão ocorrer na estrutura não
devem ultrapassar o valor das tensões de escoamento dos materiais, divididas por um coeficiente
de segurança, γ, maior que a unidade. O quociente da tensão de escoamento do material pelo
coeficiente de segurança é denominado tensão admissível.
Algumas limitações deste método começaram a ser constatadas e, por isso, atualmente adota-se
normalmente o Método dos Estados Limites no projeto de estruturas metálicas. Entre as principais
carências desta metodologia, pode-se destacar a utilização de um coeficiente único de segurança
que expressa todas as incertezas, independente de sua origem e a não possibilidade de
considerações de reserva de segurança após a plastificação, visto que o método foi concebido para
a análise no regime elástico.
Visando elaborar o projeto de forma mais racional, surgiu o Método dos Estados Limites. A base
deste método diz que, quando um sistema estrutural é submetido a um determinado carregamento,
a sua resposta dependerá do tipo e da magnitude das ações aplicadas e também da resistência e da
rigidez da estrutura. A resposta do sistema é considerada satisfatória quando determinados limites
de esforços, tensões, deformações ou deslocamentos não são ultrapassados. Tais limites são
conhecidos como estados limites da estrutura e são definidos por normas.
Segundo a norma brasileira NBR 8681/03, os estados limites de uma estrutura são aqueles a partir
dos quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades do projeto. Isto significa
que os esforços, as deformações ou os deslocamentos devem ser inferiores a certos valores limites,
que dependem do material utilizado e do tipo de estrutura. Quando tais objetivos não são
alcançados, quer dizer que um ou mais estados limites foram excedidos.
Os ELS são aqueles que por sua ocorrência, repetição ou duração, provocam danos ou efeitos
incompatíveis com as condições especificadas para o uso normal da estrutura durante sua vida útil.
Os ELS estão associados a eventos freqüentes (cargas em serviço) e referem-se ao desempenho da
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
31
estrutura, podendo impedir sua utilização para o fim ao qual se destina. Os estados limites de
serviço podem ser originados por um ou mais dos seguintes fenômenos:
De acordo com a norma NBR 8800/08, o método dos estados limites, utilizado para o
dimensionamento dos componentes de uma estrutura de aço (barras, elementos e meios de
ligação), requer que nenhum estado limite aplicável seja excedido quando a estrutura for submetida
a todas as combinações apropriadas de ações.
A verificação da segurança e das boas condições de serviço no método dos estados limites tem um
caráter semi-probabilístico, o qual introduz um tratamento adequado às incertezas nas resistências,
nas ações e nos seus efeitos (solicitações), através da definição de valores característicos e de
cálculo.
O problema básico de segurança estrutural é assegurar que a resistência da estrutura seja suficiente
para suportar os efeitos (ou solicitações) da máxima ação ou combinação de ações que ela pode
estar exposta durante a sua vida útil. De fato, a determinação desses parâmetros (resistência e
solicitação atuante máxima) não é uma tarefa simples, sendo sempre necessárias para a solução a
adoção de estimativas e previsões. Assim, fica claro que resistências e solicitações não podem ser
determinadas precisamente, mas devem ser descritas como pertencentes a determinados intervalos,
podendo ser modeladas como variáveis aleatórias. Nestes termos, portanto, a confiabilidade de um
sistema pode ser mais realisticamente medida em termos probabilísticos.
Logo, as solicitações nominais (Sn) e as resistências nominais (Rn) são valores característicos
obtidos de curvas estatísticas, ou funções densidade de probabilidade (fdp). Em geral, são valores
característicos inferiores ou superiores, correspondentes a um determinado quantil da fdp, por
exemplo, 5% ou 95%, como ilustrado na Figura 2.1, em que fs(s) e fr(r) são as funções densidade
de probabilidades da solicitação e resistência, respectivamente.
fR(r)
fS(s)
Sm Rm
S, R
Figura 2.2: A probabilidade de falha P(R < S) depende da área de sobreposição das duas fdp
∞ ∞
Pf = ∫∫f
− ∞− ∞
r (r ) f s ( s )drds (2.2)
No método dos estados limites, esta análise probabilística é dispensada através da adoção de
coeficientes de ponderação das ações e coeficientes de resistência, que são pré-determinados por
condições específicas baseadas em probabilidade. Assim, as ações nominais são majoradas pelos
coeficientes de ponderação apropriados e as resistências nominais são minoradas pelos
correspondentes coeficientes de resistência, sendo assegurada a segurança quando a resistência
“minorada” for maior ou igual às solicitações “majoradas”.
Para cobrir as incertezas existentes no cálculo estrutural, os valores nominais (ou característicos)
das resistências (Rk) e das solicitações (Sk) são transformados em valores de cálculo (ou de projeto)
das resistências (Rd) e das solicitações (Sd), através da aplicação de coeficientes de ponderação, os
quais usualmente minoram as resistências e majoram as ações ou seus efeitos (solicitações).
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
33
As condições de segurança de toda a estrutura, com referência aos ELU, segundo a NBR 8681/03
são expressas por:
Sd ≤ Rd (2.3)
Rk
Rd = (2.4)
γm
γ m = γ m1 . γ m2 . γ m3 (2.5)
sendo que:
γm1 - leva em conta a variabilidade da resistência efetiva, transformando a resistência
característica num valor extremo de menor probabilidade de ocorrência;
γm2 - considera as diferenças entre a resistência efetiva do material da estrutura e a
resistência medida convencionalmente em corpos de prova padronizados;
γm3 - considera as incertezas existentes na determinação das solicitações resistentes,
seja em decorrência dos métodos construtivos ou em virtude do método de cálculo
empregado.
Os valores finais de γm são encontrados na Tabela 3 da NBR 8800/08. Para facilitar a consulta,
esta informação está reproduzida na Tabela 2.1 abaixo.
γ f = γ f1 . γ f2 . γ f3 (2.6)
Em que:
Na norma brasileira NBR 8800/08 os coeficientes para ações e seus efeitos são dados da seguinte
forma:
Para a determinação dos valores das solicitações, é necessário o conhecimento das ações atuantes
nas estruturas. O termo ação representa qualquer influência ou conjunto de influências capazes de
produzir estados de tensão, deformação ou movimento de corpo rígido em uma estrutura (cargas,
deformações impostas, variação de temperatura, recalque, etc).
Os valores das ações são determinados a partir de algum critério estatístico (ações que
correspondem a certa probabilidade de serem excedidos) ou simplesmente arbitrando algum valor
que produz alguma envoltória das solicitações.
As normas brasileiras que devem ser utilizadas para a determinação de ações em estruturas são:
As ações a serem adotadas no projeto das estruturas e seus componentes são as estabelecidas pelas
normas brasileiras NBR 6120, NBR 6123 e NBR 7188, ou por outras normas aplicáveis, e também
no anexo B da NBR 8800. Estas ações devem ser tomadas como características e, para o
estabelecimento das regras de combinação das ações, devem ser classificadas segundo sua
variabilidade no tempo, conforme a NBR 8681, nas três categorias a seguir:
- Ações variáveis (FQ): ações decorrentes do uso e ocupação da edificação (ações devidas a
sobrecargas em pisos e coberturas, equipamentos e divisórias móveis, etc), pressão
hidrostática, empuxo de terra, vento, variação de temperatura, etc. Os valores característicos
das ações variáveis, Fqk, são estabelecidos por consenso e indicados em normas específicas,
apresentando uma probabilidade prestabelecida de serem ultrapassados no sentido
desfavorável, durante um período de 50 anos;
Para o cálculo das solicitações de projeto, as ações devem ser combinadas de forma a considerar
possíveis situações desfavoráveis de projeto que a estrutura possa estar submetida. Observando a
Figura 2.3, fica claro que se forem somados todos os valores extremos, teremos uma situação
conservadora, visto que a probabilidade para que todas as ações variáveis máximas ocorram
simultaneamente é muito pequena.
t(anos)
Q
t(anos)
V
t(anos)
Figura 2.3: Comportamento das ações no tempo.
Assim, o critério normalmente utilizado em normas de projeto (e também na NBR 8800) consiste
em considerar “n” combinações onde sempre uma das ações variáveis é considerada com seu valor
extremo e as outras são consideradas com valores correntes, se elas atuam no sentido desfavorável
(todas as ações variáveis que atuem no sentido favorável devem ser desconsideras na combinação).
Tome-se como exemplo uma edificação na qual podem atuar as ações variáveis: sobrecarga, vento
e variação de temperatura. A probabilidade de que todas as solicitações acima ocorram
simultaneamente com seus valores mais altos é muito pequena.
Este, por exemplo, seria o caso de um edifício com todos os seus ambientes (salas, corredores, etc)
carregados ao máximo ao mesmo tempo que estivesse submetido a um vento com intensidade
quase catastrófica, que é correspondente às cargas de vento para dimensionamento de estruturas e,
ainda, sob temperatura extrema, que seria um calor ou frio intenso. Torna-se lógico imaginar que,
quanto maior o número de ações variáveis diferentes, menor se torna a possibilidade de que elas
ocorram simultaneamente em seus valores máximos.
Além das combinações últimas normais, especiais, de construção e excepcionais, devem ser
verificadas combinações em serviço, cuja finalidade é garantir um desempenho satisfatório quando
em uso. O termo em serviço caracteriza situação de combinação de cargas sem majoração, isto é,
cargas não são multiplicadas pelos coeficientes de ponderação.
A seguir reproduz-se o texto e a classificação da NBR 8800, com todos os casos de combinações,
adicionados com alguns comentários para melhor compreensão.
As combinações de ações para os estados limites últimos, de acordo com a NBR 8800, são as
seguintes:
Estas são as combinações que correspondem a maior parte das hipóteses de projeto, sendo
decorrentes do uso previsto para a edificação. Para o cálculo, devem ser consideradas tantas
combinações de ações quantas forem necessárias a fim de atender a todos os estados-limites
últimos aplicáveis.
Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação variável principal, com
seus valores característicos e as demais ações variáveis, consideradas secundárias, com seus
valores reduzidos de combinação.
m n
Fd = ∑ (γ gi FG i ,k ) + γ q1 FQ1,k + ∑ (γ qjψ oj FQj ,k ) (2.7)
i =1 j =2
Em que, FGi,k são os valores característicos das ações permanentes, FQ1,k é o valor característico da
ação variável principal para o efeito considerado, FQj,k são as demais ações variáveis que atuam
simultaneamente com a ação principal e γg, γq1, γqj, ψ0j são os coeficientes de ponderação das ações
variáveis, conforme Tabelas 2.2 e 2.3.
Podem ocorrer ações variáveis de natureza ou intensidade especiais cujos efeitos sejam mais
intensos do que os produzidos pelas ações consideradas nas combinações normais. Tais cargas são
de curta duração quando comparadas ao tempo de vida útil da estrutura.
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
39
Para cada carregamento especial corresponde uma única combinação, com todas as ações
permanentes e todas as ações variáveis com seus valores reduzidos de combinação. Ações
especiais nunca são tratadas como secundárias. As combinações são obtidas com a equação:
m n
Fd = ∑ (γ gi FGi ) + γ q1 FQ1 + ∑ (γ qjψ oj ,ef FQj ) (2.8)
i =1 j =2
De forma análoga ao caso anterior, a ação especial será tomada como ação plena e as demais
variáveis com seus coeficientes de combinação ψ0j,ef. Todas as ações permanentes devem ser
levadas em conta.
Ainda, segundo a NBR 8800/08, os fatores ψ0j,ef são iguais aos fatores ψ0j adotados nas
combinações normais, salvo quando a ação variável especial FQ1 tiver um tempo de atuação muito
pequeno, caso em que ψ0j,ef podem ser tomados como os correspondentes fatores de reduçãoψ2j.
Pode acontecer de uma estrutura estar em situação de risco já durante a construção. Há obras em
particular que a combinação mais crítica ocorre durante a montagem, como costuma acontecer em
obras de pontes que são lançadas sobre o vão.
O projetista deverá considerar todos os estados limites últimos que se possam avaliar como de
ocorrência possível com as ações permanentes e todas suas variáveis, tomando uma delas de cada
vez como principal e as demais como secundárias. O que difere dos casos anteriores é a
transitoriedade das ações, tempo curtíssimo em relação à vida útil da estrutura, ocorrendo, apenas,
uma única vez. Para o cálculo, deve-se utilizar a mesma expressão e os coeficientes de ponderação
definidos paras as Combinações Últimas Especiais.
Ações excepcionais são aquelas que podem causar efeitos catastróficos. Nem todas as estruturas
necessitam ser dimensionadas para essas ações. Há, entretanto, casos em que sua consideração é
imprescindível, como em reatores nucleares, barragens, etc.
m n
Fd = ∑ (γ gi FGi ,k ) + FQ ,exc + ∑ (γ qjψ oj ,ef FQj ,k ) (2.9)
i =1 j =1
Nas combinações de ações para os estados limites de serviço são consideradas todas as ações
permanentes, inclusive as deformações impostas permanentes, e as ações variáveis
correspondentes a cada um dos tipos de combinações, conforme indicado a seguir:
As combinações quase-permanentes de serviço são aquelas que podem atuar durante grande parte
do período de vida da estrutura, da ordem da metade deste período. Essas combinações são
utilizadas para os efeitos de longa duração e para a aparência da construção.
Nas combinações quase permanentes, todas as ações variáveis são consideradas com seus valores
quase permanentes ψ2FQj,k:
m n
Fser = ∑ FGi ,k + ∑ (ψ 2 j FQj ,k ) (2.10)
i =1 j =1
As combinações frequentes de serviço são aquelas que se repetem muitas vezes durante o período
de vida da estrutura, da ordem de 105 vezes em 50 anos, ou que tenham duração total igual a uma
parte não desprezível desse período, da ordem de 5%. Essas combinações são utilizadas para os
estados limites reversíveis, isto é, que não causem danos permanentes à estrutura ou a outros
componentes da construção, incluindo os relacionados ao conforto dos usuários e ao
funcionamento de equipamentos, tais como vibrações excessivas, movimentos laterais excessivos
que comprometam a vedação, empoçamento em coberturas, etc.
Nestas combinações, a ação variável principal FQ1,k é tomada com seu valor frequente ψ1FQ1,k e
todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes ψ2FQj,k:
m n
Fser = ∑ FGi ,k + ψ 1 FQ1,k + ∑ (ψ 2 j FQj ,k ) (2.11)
i =1 j =2
As combinações raras são aquelas que podem atuar no máximo algumas horas durante o período
de vida da estrutura. Essas combinações são utilizadas para os estados limites irreversíveis, isto é,
que causam danos permanentes à estrutura ou a outros componentes da construção, e para aqueles
relacionados ao funcionamento adequado da estrutura, tais como formação de fissuras, danos aos
fechamentos, etc.
Nas combinações raras, a ação variável principal FQ1 é tomada com seu valor característico FQ1,k
e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores freqüentes ψ1FQ1,k:
m n
Fserv = ∑ FGi ,k + FQ1,k + ∑ (ψ 1 j FQj ,k ) (2.12)
i =1 j =2
3 BARRAS TRACIONADAS
3.1 Generalidades
O aço é um material de bom desempenho quando solicitado à tração, sendo, também, de fácil
emprego. O dimensionamento é teoricamente simples, mas são necessários conhecimentos sobre
o comportamento do material e como se distribuem as tensões nas barras, pois existe divergência
entre a realidade e a hipótese de que as tensões se distribuem uniformemente ao longo de uma
seção transversal genérica de uma haste tracionada.
Os cabos de aço são usados como estais ou cabos de suspensão de pontes, estaiamento de torres
ou suportes de cobertura. Sua eficiência é notável dado serem compostos de vários fios de pequeno
diâmetro, que são obtidos por trefilação, obtendo-se tensões de ruptura muito altas. Têm como
desvantagem não resistirem a esforços de compressão o que os torna inaplicáveis em muitas
situações. Hastes redondas rosqueadas são usadas como barras tracionadas de treliças, tanto de aço
como de madeira, e como tirantes e, geral. Barras tracionadas compostas de perfis laminados ou
compostos (Figura 3.2) são usadas em estruturas reticuladas (treliças) em todos os seus empregos
na engenharia.
Barras tracionadas
Elementos tracionados
do contraventamento
Tirante
Figura 3.1: Barras tracionadas em estruturas de aço (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Figura 3.2: Tipos de perfis utilizados em peças tracionadas: (a) barra redonda; (b) barra chata; (c)
perfil cantoneira laminado; (d) seções compostas de dois perfis cantoneira laminados (Fonte:
Pfeil e Pfeil, 2009).
A Figura 3.3 mostra o desenho de um nó de treliça, cujas barras são formadas pela associação de
duas cantoneiras. As barras são ligadas a uma chapa de nó, denominada gusset, cuja espessura t é
igual ao espaçamento entre as cantoneiras. As ligações das barras com a chapa gusset são feitas
por meio de furos e conectores (parafusos).
As ligações das extremidades das peças tracionadas com outras partes da estrutura podem ser feitas
por:
- Soldagem;
- Conectores (parafusos) aplicados em furos;
- Rosca e porca (caso de barras rosqueadas).
Figura 3.3: Nó de uma treliça metálica, com barras formadas por cantoneiras duplas ligadas a
uma chapa gusset (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Barras tracionadas de aço com seção transversal uniforme comportam-se de forma muito
semelhante ao modelo teórico, podendo-se geralmente admitir que as tensões se distribuam
uniformemente nas seções transversais. Neste caso, uma barra solicitada a tração pode ser
analisada como se faz com um corpo de prova no ensaio de tração. Enquanto as tensões não
atingem o limite de proporcionalidade (zona elástica) o material tem um comportamento
semelhante ao teórico elástico clássico da mecânica dos sólidos.
Nas peças tracionadas as tensões normais σN, devidas ao esforço normal de tração N, são somadas
as tensões residuais σr, oriundas do processo de fabricação, e cuja resultante é nula em cada seção,
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
43
como mostrado na Figura 3.4a para uma chapa laminada. Com o acréscimo da força de tração
ocorre a plastificação progressiva da seção, como ilustrado na Figura 3.4b.
A força de tração que provoca a plastificação total da seção Ny = fy.(b.t) não se altera com a
presença das tensões residuais σr.
(a) (b)
Figura 3.4: Tensões normais σN adicionadas as tensões residuais σr (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Quando a seção transversal varia de forma brusca, as tensões podem ter distribuição bastante
variada. É comum a presença de furos nas ligações, que provocam concentração de tensões.
Observando a Figura 3.5 vemos uma peça submetida a tração e as tensões não se distribuem
uniformemente a volta do furo, onde se nota:
fy fy fu
T T
O escoamento da seção com furos (seção líquida) não constitui um estado limite último, pois
conduz a um pequeno alongamento da peça.
No estado limite último de escoamento da seção bruta supõe-se que toda a seção esteja
solicitada por tensões de escoamento. Chama-se de resistência de cálculo para escoamento da
seção bruta ao valor:
Ag f y
N t , Rd = (3.1)
γ a1
No estado limite último de ruptura da seção líquida efetiva considera-se que a ruptura deve
ocorrer na seção mais frágil da peça, presumivelmente a de menor seção transversal. Assim, os
furos têm que ser levados em conta:
Ae f u
N t , Rd = (3.2)
γ a2
Deve ficar claro que ambos estados limites últimos devem ser verificados e atendidos.
A ruptura de um elemento de aço, com vários furos, quando submetida à tração, pode ser difícil
de ser determinada teoricamente. Numa barra com furação reta (linha I da Figura 3.6), a área
líquida (An) é obtida subtraindo-se da área bruta (Ag) as áreas dos furos contidos em uma seção
reta da peça. Entretanto, no caso de uma furação enviesada é necessário avaliar diversos percursos
(linhas III e IV, por exemplo) para encontrar o menor valor de seção líquida, uma vez que a peça
pode romper segundo qualquer um desses percursos.
Há varias maneiras de se resolver este problema, entretanto deve-se ter em mente que um processo
para ser empregado no trabalho de escritório deve ser simples e confiável. Processos complicados
tornam o projeto caro, enquanto que processos muito simples podem conduzir a resultados pouco
confiáveis. Dessa forma, a NBR 8800/08 adota a fórmula de Cochrane para cálculo da área líquida,
para seções em zig-zag (ver Figura 3.6):
T g T
g
s s s s s s
s2
bn = b − ∑ d f + ∑ (3.3)
4g
Em que bn é a largura líquida da seção, b é a largura bruta da seção, df é o diâmetro efetivo do furo,
s é a distância entre furos consecutivos medida na direção do esforço e g é a distância entre furos
consecutivos medida ortogonalmente ao esforço. Assim, a área líquida pode ser representada pela
equação:
An = bn ⋅ t (3.4)
É importante lembrar que o diâmetro do furo é obviamente maior do que o do parafuso e que o
processo mais comum de abrir furos é o puncionamento. Neste processo, o furo é obtido pelo
rasgamento da peça, acarretando um orifício de forma aproximadamente tronco-cônica, com
paredes de superfície irregular. O material que circunda as paredes do furo apresenta algumas
trincas, que faz com que seja desprezada sua contribuição na resistência a tração da peça. Assim,
calcula-se um diâmetro efetivo do furo, dado por:
df = d + p+ f (3.5)
Caso o furo seja perfurado com brocas, pode-se adotar p = 0 e, para parafusos e furos ajustados,
isto é, parafusos usinados e furos perfurados por brocas, pode-se reduzir a folga (valor de projeto)
entre o furo e o fuste do conector.
Para cantoneiras é comum adotar a área bruta considerando que a seção transversal seja composta
de dois retângulos, de acordo com a Figura 3.7. A área bruta pode ser calculada por:
t t
b2 b2
t t
b1 b1
Assim, é possível rebater uma das abas e determinar as linhas de ruína através de um problema
plano.
Quando a ligação é feita por todos os segmentos de um perfil, a seção participa integralmente da
transferência do esforço de tração. Isto não acontece, por exemplo, nas ligações das cantoneiras
com a chapa de nó da Figura 3.3, nas quais a transferência dos esforços se dá através de uma aba
de cada cantoneira (Figura 3.8). Nesses casos as tensões se concentram no segmento ligado e não
mais se distribuem em toda a seção. A consideração deste efeito pode ser feita através de um
coeficiente Ct. Assim, a área líquida efetiva Ae é dada por:
Ae = Ct . An (3.7)
Em que Ct é um coeficiente que depende da forma como é feita a ligação, como segue:
Linhas de
tensões
Superfície de
ruptura
Figura 3.8: Efeito de tensões localizadas: Fluxo de tensões e superfície de ruptura nas abas de
uma cantoneira na zona de ligação.
A área líquida efetiva é considerada igual à área líquida quando uma barra tracionada é solicitada
na ligação em todos seus elementos (alma e mesas), pois se supõe que a tensão seja uniforme ao
longo da seção transversal, que na realidade é a tensão média. Em outras palavras, transmitindo-
se o esforço por todos os elementos da seção é razoável imaginar que ocorra uma distribuição
quase uniforme de tensões na seção transversal, caso contrário haverá pontos com tensão normal
acima da média. Sempre que se consegue distribuição uniforme (ou quase) de tensões na seção,
pode-se considerar que a área líquida seja igual à efetiva. Quando isso não acontece, isto é, quando
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
47
o detalhe da ligação não é adequado para se obter distribuição uniforme, usa-se uma área efetiva
menor do que a líquida.
a) supõe-se que a distribuição de tensões seja uniforme (Figura 3.9b) quando a força de tração for
transmitida diretamente para cada um dos elementos da seção transversal da barra, por soldas ou
parafusos:
Ct = 1,0
Neste caso a tensão máxima de tração se aproxima da tensão média na seção. Para todos ou demais
casos (Figura 3.9a) a tensão máxima diverge da média e é necessário que se calcule o coeficiente
Ct.
Ac
Ct =
Ag
Em que Ac é a área da seção transversal dos elementos conectados e Ag é a área bruta da seção
transversal da barra, conforme mostra a Figura 3.10.
a) Tensões b) Tensões
distribuídas distribuídas
apenas nos uniformemente
flanges. em todos os
Ct < 1,0 elementos.
Ct = 1,0
Figura 3.9: Distribuição de tensões de tração em um perfil I: (a) apenas nas mesas, onde Ct<1,0,
(b) à direita em toda a seção, onde Ct=1,0.
Ac/2 P/2
P/2
Ag
Solda
P transversal
ec
Ct = 1 −
c
Deve-se adotar 0,90 como limite superior, e não são permitidos detalhes que conduzam a valores
inferiores a 0,60.
ec
ec ec
G de Ts
G de Ue G de Ud
G
ec
G de Ti
ec
Nas ligações soldadas ℓc é o comprimento da ligação, igual ao comprimento da solda e nas ligações
parafusadas é a distância do primeiro ao último parafuso da linha de furação com maior número
de parafusos, na direção da força axial;
d) nas chapas planas, quando a força de tração for transmitida somente por soldas longitudinais ao
longo de ambas suas bordas, conforme a Figura 3.12:
P
b
lw
Figura 3.12: Chapa plana com força de tração transmitida por solda longitudinal.
Em que lw é o comprimento dos cordões de solda e b é a largura da chapa (distância entre as soldas
situadas nas duas bordas).
e) nas barras com seções tubulares retangulares, quando a força de tração for transmitida por meio
de uma chapa de ligação concêntrica ou por chapas de ligação em dois lados opostos da seção,
desde que o comprimento da ligação, ℓc , não seja inferior a dimensão da seção na direção paralela
às chapas de ligação, o valor ec será a distância do centróide do U fictício até o plano de
cisalhamento, conforme mostrado na Figura 3.13.
ec
Ct = 1 −
c
b b
ec
G ec G
d d
G ec G
ec
f) nas barras com seções tubulares circulares, quando a força de tração for transmitida por meio de
uma chapa de ligação de eixo longitudinal concêntrico com o do tubo:
- se o comprimento da ligação, ℓc, for superior ou igual a 1,30 do diâmetro externo da barra;
Ct = 1,0
- se o comprimento da ligação for superior ou igual ao diâmetro externo da barra e menor que 1,30
vezes esse diâmetro, ec será a distância entre o centróide de cada uma das semi-sessões fictícias e
o plano de cisalhamento, conforme Figura 3.14.
ec
Ct = 1 −
c
G ec
D
G ec
Em todos os casos, quando as ligações forem parafusadas deve-se garantir que haja pelo menos
dois parafusos por linha de furação, na direção das tensões normais.
As barras com extremidades rosqueadas, aqui consideradas, são barras com diâmetro igual ou
superior a 12 mm (1/2"), nas quais o diâmetro externo da rosca é igual ao diâmetro nominal da
barra.
Para os tipos de rosca utilizados na indústria, a relação entre a área efetiva à tração na rosca (Aef)
e a área bruta da barra redonda (Ag) varia dentro de uma faixa limitada (0,73 a 0,80). Assim, é
possível calcular a resistência das barras redondas tracionadas em função da área bruta Ag, com
um coeficiente médio de 0,75. Nessas condições, a resistência de projeto de barras rosqueadas
pode ser obtida pela expressão:
0,75 ⋅ Ag ⋅ f u Ag ⋅ f y
Rd = ≤ (3.8)
γ a2 γ a1
Os pinos são conectores de grande diâmetro que trabalham isoladamente, sem comprimir
transversalmente as chapas. Os pinos são utilizados em estruturas fixas desmontáveis ou em
estruturas móveis.
No caso de chapas ligadas por pinos, a resistência de projeto à tração da chapa é determinada pelo
menor valor entre o escoamento da seção bruta, a ruptura da seção líquida efetiva e o rasgamento
da seção entre o furo e a borda da chapa.
2t.bef . f u
N t , Rd = (3.9)
γ a2
0,6. Asf . f u
N t , Rd = (3.10)
γ a2
dp
Com Asf = 2t a +
2
Em que t é a espessura da chapa ligada pelo pino, bef é uma largura efetiva, igual a 2t + 16mm,
mas não mais que a distância entre a borda do furo e a borda da peça medida na direção
perpendicular à força axial atuante, a é a menor distância entre a borda do furo e a extremidade da
barra, medida na direção das tensões normais de tração atuantes, dpp é o diâmetro do pino; fu é a
resistência de ruptura do aço. A Figura 3.15 mostra uma ligação por pino.
t
A
b/2
dh dp
b
Nt,Sd N
b/2
45º
-Corte AA-
A
Figura 3.15: Ligação por pino.
É obrigatório que o furo do pino esteja igualmente distante das bordas da barra na direção
transversal ao esforço normal atuante, isto é, deve haver simetria na região da ligação.
Quando o pino tiver função permitir rotações relativas entre as partes conectadas o diâmetro do
furo dh pode ser, no máximo, 1,0mm maior que o do pino dp.
A NBR 8800/08 estabelece uma limitação de esbeltez (λ) das peças tracionadas, dado por:
λ = =
imin I min
Ag
Em que é o comprimento destravado da barra (distância entre pontos de apoio lateral), imin é o
raio de giração mínimo da seção transversal, Imin é o momento de inércia mínimo da seção
transversal e Ag é a área bruta da seção.
Nas barras tracionadas, o índice de esbeltez não tem importância fundamental, uma vez que o
esforço de tração tende a retificar a barra, reduzindo excentricidades construtivas iniciais. Apesar
Na NBR 8800/08 é recomendado que o índice de esbeltez (λ) das barras tracionadas, excetuando-
se tirantes de barras redondas pré-tensionadas ou outras barras que tenham sido montadas com
pré-tensão, não supere 300 (λ ≤ 300).
Em peças tracionadas compostas por perfis justapostos com afastamento igual à espessura das
chapas espaçadoras, como ilustrado na Figura 3.15, o comprimento entre pontos de apoio lateral
pode ser tomado igual à distância entre duas chapas espaçadoras. Dessa forma, a esbeltez máxima
de cada perfil isolado fica limitado a 300 (λ ≤ 300).
4 BARRAS COMPRIMIDAS
4.1 Generalidades
Assim, o projeto de uma estrutura não pode basear-se unicamente em conceitos de segurança
relacionados com a resistência e deformabilidade dos seus elementos, especialmente no caso de
estruturas esbeltas submetidas à compressão. Desta forma, torna-se indispensável considerar
também os chamados fenômenos de instabilidade estrutural, muito embora a designação
“flambagem” seja usada habitualmente com o mesmo significado.
) (b)
Figura 4.1: (a) Flambagem global, (b) Flambagem local (Fonte: Reis e Camotin, 2001).
No próximo item será tratado o problema de flambagem de barras para, na sequência, se abordar
o problema de flambagem de placas. Mais detalhes podem ser encontrados em Silva e
Fruchtengarten (2011).
Deve-se ao matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783) a primeira formulação para o problema
de uma haste submetida à carga de compressão que contempla a possibilidade de instabilidade
geométrica. Entretanto, nestes trabalhos a premissa sempre de uma barra ideal, ou seja,
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
54
perfeitamente reta, isenta de tensões residuais, com comportamento elástico linear e carga
perfeitamente centrada. A Figura 4.2 compara os resultados obtidos para uma barra com
comportamento ideal com aqueles considerando imperfeições, comportamento inelástico e tensões
residuais, ou seja, problemas típicos de barras reais.
Figura 4.2: Comportamento de colunas sob cargas crescentes de compressão (Fonte: Pfeil e Pfeil,
2009).
A partir do último século, numerosos estudos foram conduzidos a fim de determinar relações mais
precisas de cálculo, que levassem em consideração os itens mencionados. Estas pesquisas
incluíram um grande número de testes em colunas de tamanho real, levando a uma sistemática de
cálculo baseada em curvas de resistência, que são o enfoque da NBR 8800/08.
Seja uma haste reta, bi-rotulada, conforme a Figura 4.3, submetida a uma carga de compressão
axial P. Imaginando-se que haja uma deformação transversal da elástica de ordenadas y=y(x), tem-
se em cada seção o momento fletor M = P. y
P x
y
M=Py
y
P DMF
(a) barra reta (b) deformação inicial (c) momentos fletores
A equação diferencial da linha elástica de acordo com a teoria da elasticidade (para pequenas
deformações) é dada por:
d2y M Py
2
=− =−
dx EI EI
d2y
+ k2y = 0
dx 2
y = Asen(kx ) + B cos(kx )
Para determinação das constantes é necessário que sejam conhecidas as condições de contorno.
Sabe-se que a deformação y é nula nos apoios. Então, para x=0, tem-se y=0 e, conseqüentemente,
B=0. Analogamente, para x=, tem-se y=0 então A sen (k ) = 0 , que tem infinitas soluções.
Uma delas seria fazer A=0, que não teria o significado desejado, uma vez que acarretaria y=0 em
qualquer ponto da haste. Então, sen(k) = 0 , logo, k = πn.
P
A menor carga crítica ocorrerá para n =1. Então, substituindo em k 2 = , leva a
EI
π 2 EI
P = Pcrit = (4.1)
2
Pcrit é denominada carga crítica de flambagem e a equação acima é conhecida como fórmula de
Euler. A razão entre a carga crítica e a área da seção da haste fornece a tensão crítica de flambagem.
I
Lembrando que o raio de giração de uma superfície é definido por r = e o índice de esbeltez
A
λ = , logo:
r
π 2 EI π 2 Er 2 π 2E
σ cr = = = (4.2)
2 A 2 λ2
Na Figura 4.4, é mostrado gráfico σcr x λ, conhecido como hipérbole de Euler. Em função da
hipótese de pequenos deslocamentos e rotações, a relação carga versus deslocamento fica
indeterminada para valores maiores que a carga crítica de Euler.
σcr = Ncr/A
λ
Figura 4.4: Hipérbole de Euler (Fonte: Silva e Fruchtengarten, 2011).
σ
fy
θ
εy ε
Figura 4.5: Diagrama tensão-deformação de um material elasto-plástico perfeito (Fonte: Silva e
Fruchtengarten, 2011)
A esbeltez limite entre regime elástico e plástico, λpi, pode ser determinada igualando-se a força
que provoca flambagem àquela que provoca escoamento, ou seja, Pcr = Ny = fy.A, levando a
𝜋𝜋 2 𝐸𝐸𝐸𝐸 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸
𝜆𝜆2
= 𝑓𝑓𝑦𝑦 𝐴𝐴. Portanto, 𝜆𝜆𝑝𝑝𝑝𝑝 = � 𝑓𝑓𝑦𝑦
λ λ
Tomando-se λ0 = λ = , tem-se:
pi π2 E
� f
y
NR
λ ≤ λpi → λ0 ≤ 1 NR = Ny = fy A ∴ =1
Ny
π2 EI NR π2 E 1
λ > λpi → λ0 > 1 NR = Ncr = ∴ = λ2 f =
l2 Ny y λ0 2
NR/Ny
1,0
λ0
1,0
Figura 4.6: Gráfico NR/Ny x λ0 para material elasto-plástico perfeito (Fonte: Silva e
Fruchtengarten, 2011)
Conforme mencionado, a abordagem de Euler apresenta uma série de restrições. As colunas reais
possuem imperfeições geométricas, tais como desvios de retilinidade, oriundas dos processos de
fabricação e nem sempre se pode garantir na prática a perfeita centralização do carregamento.
Neste caso o processo de flambagem ocorre com a flexão da barra desde o início do carregamento,
como indica a curva l da Figura 4.2.
Adicionalmente, as expressões de Euler para a carga crítica Pcr e para a tensão crítica σcr são válidas
dentro do regime elástico, isto é, para fcr < fy. Quando isto não acontece, ou seja, quando uma seção
da coluna começa a plastificar antes de atingir a carga de Euler, a coluna tem sua rigidez reduzida
devido à plastificação progressiva desta seção, atingindo a carga última Pc com um valor menor
do que Pcr (curva 2 da Figura 4.2).
Quando são consideradas as tensões residuais σr, como indicado na Figura 4.7 para um perfil I
soldado, a carga última Pc é reduzida ainda mais (curva 3 da Figura 4.2), já que nos pontos da
seção com tensão residual de compressão o início da plastificação ocorre precocemente.
Figura 4.7: Tensões residuais σr para um perfil I soldado (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Se tomarmos uma coluna simplesmente apoiada (Figura 4.8) com configuração inicial deformada
(para P=0) representada por y0(x), após a aplicação da carga P, a configuração deformadada coluna
aumentará de y(x), portanto, a deformada final será dada por y0(x)+ y(x):
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
58
Figura 4.8: Coluna com configuração inicial deformada (Fonte: Reis e Camotin, 2001).
A equação diferencial, portanto, é alterada para levar em conta a configuração inicial já deformada:
d2y P( y + y 0 )
2
=− ⇔ EIy ' '+ Py = − Py 0
dx EI
𝛿𝛿0
𝛿𝛿𝑡𝑡 = 𝛿𝛿0 + 𝛿𝛿 =
𝑁𝑁 (4.3)
(1 − 𝑁𝑁 )
𝑐𝑐𝑐𝑐
1
sendo N o fator de amplificação de flechas.
(1− )
Ncr
Figura 4.9: Coluna bi-rotulada com imperfeição geométrica (δ0) submetida à compressão axial
(Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Neste caso o processo de flambagem ocorre com a flexão da barra desde o início do carregamento,
sendo o momento fletor atuante uma função da excentricidade de aplicação de carregamento
(momento constante = N δt) ou de uma imperfeição devido à curvatura inicial do eixo da barra.
𝑁𝑁 𝑁𝑁 𝛿𝛿0
𝜎𝜎𝑚𝑚á𝑥𝑥 = +
𝐴𝐴 𝑊𝑊 (1 − 𝑁𝑁 )
𝑁𝑁𝑐𝑐𝑐𝑐
N
Denominando-se Af = 𝜒𝜒, σmáx = fy e sabendo-se que:
y
2 𝜒𝜒𝑙𝑙 2�
𝑁𝑁 𝜒𝜒𝐴𝐴𝑓𝑓𝑦𝑦 𝜒𝜒𝑙𝑙 𝑟𝑟 2 𝜆𝜆2
= = = = 𝜒𝜒 2 = 𝜒𝜒𝜆𝜆0 2
𝑁𝑁𝑐𝑐𝑟𝑟 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸𝐸𝐸� 2 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸� 𝐼𝐼� 2
𝜋𝜋 𝐸𝐸 𝜋𝜋 𝐸𝐸
𝑙𝑙 𝑓𝑓𝑦𝑦 𝐴𝐴 𝑓𝑓𝑦𝑦 𝑓𝑓𝑦𝑦
Aδ0
𝜒𝜒 2 λ0 2 − 𝜒𝜒(1 + λ0 2 + )+1= 0
W
Resolvendo, tem-se:
2
𝛿𝛿0 𝐴𝐴 2 𝛿𝛿0 𝐴𝐴 2
�1 + + 𝜆𝜆 0 � − � �1 + + 𝜆𝜆 0 � − 4𝜆𝜆0 2
𝑊𝑊 𝑊𝑊 (4.4)
𝜒𝜒 =
2𝜆𝜆0 2
Para a aplicação prática da fórmula de Perry, deve-se conhecer o valor da imperfeição inicial no
meio do vão δ0. Robertson com base em resultados experimentais e medições de imperfeições em
colunas reais, percebeu que δ0 era proporcional a esbeltez do elemento, propondo:
𝛿𝛿0 𝐴𝐴
= 0,003λ
𝑊𝑊
A introdução deste valor na equação de Ayrton-Perry leva a expressão de Perry- Robertson (Figura
4.10), que ainda hoje serve de base para várias normas.
O diagrama tensão x deformação de uma peça com tensões residuais é apresentado na Figura 411.
Figura 4.11: Diagrama tensão-deformação para aço com tensão residual (Fonte: Pfeil e Pfeil,
2009).
σ
1,0
Nr/Ny
θ
ε
Figura 4.12: Gráfico N/Ny x ε para material elasto-plástico não-ideal
A esbeltez limite para aplicação da expressão de Euler, λr, pode ser determinada igualando-se a
força que provoca flambagem, Pcr, àquela que provoca a tensão correspondente ao limite de
proporcionalidade fp (Nr).
π2 EA
Assim, impondo-se Pcr = Nr tem-se = 𝑓𝑓𝑝𝑝 A então:
λr 2
π2 E
λr = �
𝑓𝑓𝑝𝑝
Quando a peça for robusta, ou seja, λ ≤ λr, Engesser e Considére foram os primeiros a considerar,
separadamente, no século XIX, a utilização da carga crítica de Euler com a adoção de um módulo
de elasticidade reduzido, chamado de módulo de elasticidade tangente Et, como segue:
Et�
N𝑅𝑅 =
π2 𝐸𝐸𝑡𝑡 𝐴𝐴
= E Ny
λ2 λ0 2
O gráfico NR/Ny x λ0, ilustrado na Figura 4.13, teoricamente pode ser obtido tomando-se na Figura
Et�
N E
7, para cada N/Ny o valor de Et correspondente e calculando-se NR = :
y λ0 2
NR/Ny
1,
λ0
λr/λpi
Figura 4.13: Gráfico NR/Ny x λ0 para material com comportamento elasto-plástico não-ideal
No caso de tensões residuais, fp = fy - σr, sendo σr a tensão residual. A Figura 4.11 ilustra a
distribuição idealizada triangular de tensões residuais. Pode ser visto que para σmed < σp, todas as
fibras da seção se encontram no regime elástico, então:
𝑑𝑑𝜎𝜎𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝐴𝐴𝐴𝐴𝜎𝜎𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 ⇒ = 𝐸𝐸
𝑑𝑑𝑑𝑑
Em contrapartida, quando σp ≤ σmed < σc, existem simultaneamente fibras da seção nos domínios
elástico e plástico. Deste modo, chamando Ae a área da seção no domínio elástico, tem-se:
𝑑𝑑𝜎𝜎𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐴𝐴𝑒𝑒
𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝐴𝐴𝐴𝐴𝜎𝜎𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝐴𝐴𝑒𝑒 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 ⇒ = 𝐸𝐸 = 𝜏𝜏𝜏𝜏 = 𝐸𝐸𝑡𝑡
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐴𝐴
Isto significa que o declive do diagrama Et é variável, representando a área da seção que ainda
permanece elástica. Assim, pode-se definir o parâmetro 𝜏𝜏 = 𝐴𝐴𝑒𝑒 ⁄𝐴𝐴, que representa a relação entre
a área elástica remanescente e a área da seção transversal.
Neste caso, então, representando a bifurcação do equilíbrio ocorrer acima de fp, para determinar a
carga crítica, pode-se definir outro parâmetro chamado de fator de redução plástica η, sendo dado
através da relação do momento de inércia da fase elástica (Ie) e o momento de inércia da seção
𝐼𝐼
transversal 𝜂𝜂 = 𝑒𝑒�𝐼𝐼 . Deste modo, a tensão crítica na coluna pode ser dada por:
π2 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑒𝑒 𝐼𝐼𝑒𝑒 π2 𝐸𝐸
σ𝑐𝑐𝑐𝑐 = = = 𝜂𝜂𝜎𝜎𝑒𝑒
Al2 𝐼𝐼 λ2
Se tomarmos uma distribuição de tensão residual de forma triangular, conforme Figura 4.12 (ver
Figura 4.14), tem-se:
Figura 4.14: Efeito das tensões residuais (Fonte: Reis e Camotin, 2001).
Como se pode observar na Figura 4.14, para cada seção transversal deve haver duas curvas NR x λ0,
uma para a direção x-x e outra para y-y.
Por simplicidade, algumas normas adotam uma curva média. Esse é o caso da norma brasileira
NBR 8800:2008, que tem por base a norma norte-americana AISC (American Institute of Steel
Construction).
Como nos pontos de inflexão da linha elástica o momento fletor é nulo, a carga crítica de uma
barra com qualquer tipo de vinculação é igual à carga crítica da mesma barra, birrotulada, com o
comprimento de flambagem f = K ⋅ , onde K é o parâmetro de flambagem e é o comprimento
real não contraventado (sem contenção lateral) da barra. Portanto, para uma barra qualquer com
comprimento real a carga de flambagem, em regime elástico, dada pela Fórmula de Euler fica:
π2 ⋅ E ⋅ I π2 ⋅ E ⋅ I
N cr = =
( )
f
2
( K ⋅ )2
Para algumas situações em que uma barra de seção aberta de paredes finas é submetida a uma
carga axial de compressão, ela poderá se instabilizar por torção, permanecendo com seu eixo
longitudinal reto. Este caso é típico de perfis em cruz, conforme mostra a Figura 4.16a.
Adicionalmente, uma combinação em flambagem por flexão e torção pode ocorrer, dando origem
a chamada flambagem por flexo torção. Este último caso pode ocorrer em seções perfis em que o
centro de gravidade não coincide com o centro de corte como, por exemplo, os perfis cantoneira,
conforme mostrado na Figura 4.16b.
(a (b)
Figura 4.16: (a) Flambagem por torção e (b) Flambagem por flexo-torção.
Analogamente a flambagem por flexão, a equação diferencial que rege o problema da flambagem
por torção pode ser determinada (Timoshenko, 1961):
𝑑𝑑4 𝜙𝜙 𝑑𝑑 2 𝜙𝜙
𝐸𝐸𝐶𝐶𝑤𝑤 − �𝐺𝐺𝐺𝐺 − 𝜎𝜎 𝐼𝐼
𝑧𝑧 𝑝𝑝 � =0 (4.5)
𝑑𝑑𝑧𝑧 4 𝑑𝑑𝑧𝑧 2
Em que Ip é o momento polar de inércia. Esta equação é válida para seções transversais nas quais
o centro de corte é coincidente com o centro de gravidade. A solução leva a tensão crítica de
flambagem por torção:
1 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸𝐶𝐶𝑤𝑤
𝜎𝜎𝑧𝑧 𝑐𝑐𝑐𝑐 = � 2 + 𝐺𝐺𝐺𝐺� (4.6)
𝐼𝐼𝑃𝑃 𝐿𝐿
Para cantoneiras, o centro de corte não coincide com o centro de gravidade, entretanto, a aplicação
da equação acima leva a aproximações razoáveis, pois a distância entre eles não é grande. De fato,
quando o centro de corte não é coincidente com o centro de gravidade, a flambagem ocorrerá
através de uma combinação entre flexão e torção. Nesta situação, três equações diferenciais (1)
flambagem por flexão em torno do eixo x, (2) flambagem por flexão em torno do eixo y e (3)
torção em relação ao centro de corte devem ser combinadas. Esta demonstração detalhada pode
ser encontrada em Timoshenko (1961).
Figura 4.17: Placa comprimida. Trajetórias de equilíbrio (Fonte: Reis e Camotin, 2001).
À medida que a placa evolui na trajetória de pós-flambagem, as deformações fazem surgir tensões
de tração de membrana que aumentam a rigidez da placa. Isto leva a que a placa resista ao aumento
Figura 4.18: Placa simplesmente apoiada sujeita a compressão (Fonte: Reis e Camotin, 2001).
𝜕𝜕 4 𝑤𝑤 𝜕𝜕 4 𝑤𝑤 𝜕𝜕 4 𝑤𝑤 𝜎𝜎𝜎𝜎 𝜕𝜕 2 𝑤𝑤
𝛻𝛻𝑤𝑤 ≡ + 2 + = −
𝜕𝜕𝑥𝑥 2 𝜕𝜕𝑥𝑥 2 𝜕𝜕𝑦𝑦 2 𝜕𝜕𝑦𝑦 2 𝐷𝐷 𝜕𝜕𝑥𝑥 2 (4.7)
𝐸𝐸𝑡𝑡 3
Em que D é a rigidez da placa e vale 𝐷𝐷 = 12(1−𝜈𝜈2), E é o módulo de elasticidade, ν é o Coeficiente
de Poisson, w(x, y) é o deslocamento transversal do plano média da placa, σ é a Tensão de
compressão aplicada e t é a espessura da placa.
Existem várias resoluções propostas para esta equação, cuja apresentação se considera fora do
âmbito deste trabalho, e que resultam na conhecida fórmula para o cálculo da tensão crítica de
flambagem da placa:
(𝑚𝑚𝑚𝑚) 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸 𝑡𝑡 2
𝜎𝜎𝑏𝑏 = 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚 � � (4.8)
12(1 − 𝜈𝜈 2 ) 𝑏𝑏
2
𝑏𝑏 𝑛𝑛2 𝑎𝑎
Em que 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚 = �𝑚𝑚 𝑎𝑎 + 𝑚𝑚 𝑏𝑏� , sendo a o comprimento do bordo longitudinal não carregado da
placa, b comprimento do bordo transversal carregado, m o número de semi-comprimentos de onda
na instabilidade na direção longitudinal e n o número de semi-comprimentos de onda na
instabilidade na direção transversal.
(𝑚𝑚𝑚𝑚) 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸 𝑡𝑡 2
𝜎𝜎𝑏𝑏 = � � (4.9)
3(1 − 𝜈𝜈 2 ) 𝑏𝑏
Para outras condições de vínculo ao longo das bordas longitudinais, pode-se demonstrar que a
Equação 4.9 continua válida, mas com um coeficiente Kmn modificado, conforme mostra Tabela
1.
Assim como para a flambagem global, desconsiderando a influência das tensões residuais e
supondo um diagrama elasto-plástico ideal, não haveria flambagem local em uma placa desde que:
𝜋𝜋 2 𝐷𝐷
𝜎𝜎𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚 ≥ 𝑓𝑓𝑦𝑦 (4.10)
𝑡𝑡𝑏𝑏 2
𝑏𝑏 𝐾𝐾𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐸𝐸
≤� (4.11)
𝑡𝑡 1,106 𝑓𝑓𝑦𝑦
Na prática, seria incômodo trabalhar com o diagrama não uniforme real de tensões, por isso Von
Karman introduziu o conceito de larguras efetivas, que foi amplamente aceito em diferentes
normais internacionais. Assim, pode-se encontrar uma largura virtual (largura efetiva) denominada
be menor do que a largura real b, tal que:
𝑏𝑏
𝑏𝑏𝑒𝑒 𝑓𝑓𝑦𝑦 = � 𝜎𝜎𝜎𝜎𝜎𝜎
0
Logo, a carga que leva ao colapso pode ser determinada como 𝑁𝑁 = 𝑏𝑏𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑡𝑡𝑓𝑓𝑦𝑦 . Cabe salientar que os
elementos com uma borda livre, como as abas de cantoneiras, possuem uma reserva pós-crítica
bem menor do que os elementos com duas bordas apoiadas.
Figura 4.19: Flambagem de placas e comportamento pós-crítico (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Figura 4.20: Variação da resistência de uma coluna birrotulada comprimida em função do índice
de esbeltez λ (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
A curva em linha cheia da Figura 4.20 (denominada curva de resistência à compressão com
flambagem, ou simplesmente curva de flambagem) representa o critério de resistência de uma
coluna, considerando os efeitos mencionados anteriormente. Nesta curva, podem ser observadas
três regiões:
Desta forma, as normas usualmente apresentam curvas de flambagem definidas com base em
resultados experimentais, evitando o trabalho de determinar a tensão no trecho inelástico.
Bjorhovde (1972) fez um amplo estudo de colunas submetidas a cargas centradas, cobrindo
diferentes formas, tipos de aço e processos de fabricação usados nos aços estruturais, o que levou
ao conceito de curvas múltiplas de flambagem, que era adotado na versão anterior na
NBR 8800/86.
𝑓𝑓
Em que 𝜒𝜒 = 𝑓𝑓𝑐𝑐 . A fim de permitir uma comparação entre as resistências de perfis com diferentes
𝑦𝑦
aços, a curva em linha cheia da Figura 4.20 é apresentada na norma Brasileira
ABNT NBR 8800:2008 com a relação fc/fy no eixo das ordenadas (eixo y), em função de um índice
de esbeltez normalizado ou reduzido ( λ0 ) no eixo das abscissas (eixo x):
λ K ⋅ r K ⋅ fy Ag ⋅ f y
λ0 = = = =
λ pl (π 2
⋅ E fy )
12
r π ⋅E
2
N cr
A força normal de compressão resistente de cálculo, Nc,Rd, de uma barra, considerando os estados
limites de flambagem por flexão, por torção ou flexo-torção e de flambagem local, deve ser
determinada pela expressão:
χ .Q. Ag . f y
N c , Rd = (4.12)
γ a1
Em que γa1 é o coeficiente de ponderação da resistência para compressão, igual a 1,10, χ é o fator
de redução associado à flambagem global, explicado no capítulo 2, Q é o coeficiente de flambagem
local, cujo valor deve ser obtido em 4.4.1c, Ag é a área bruta da seção transversal da barra e fy é a
resistência ao escoamento do aço.
0,877
- para λ0 > 1,5 : χ =
λ20
O índice de esbeltez reduzido, λo, para barras comprimidas conforme explicado, é dado por:
Q Ag f y
λo = (4.13)
Ne
Uma barra pode apresentar flambagem global por flexão, torção ou flexo-torção em virtude da
geometria de sua seção transversal, a saber:
A força normal de flambagem elástica, Ne, de um perfil com dupla simetria ou simétrico em relação
a um ponto é dada pelo menor entre os três:
π 2E Ix
N ex = (4.14)
( K x Lx ) 2
π 2E I y
N ey = (4.15)
(K y Ly ) 2
1 π 2 E Cw
N ez = 2 2
+ GJ (4.16)
ro ( K z Lz )
O raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de torção, ro, é dado por:
A força normal de flambagem elástica, Ne, de um perfil com seção monossimétrica, cujo eixo y é
o eixo de simetria, é dada por:
π 2E Ix
N ex = (4.18)
( K x Lx ) 2
N ey + N ez 4 N ey N ez [1 − ( yo / ro ) 2 ]
N eyz = 1 − 1 − (4.19)
2[1 − ( y o / ro ) 2 ] ( N ey + N ez ) 2
onde Ney e Nez são as forças normais de flambagem elástica conforme item anterior. Caso o eixo
x seja o eixo de simetria, basta substituir x por y em a) e y por x e yo por xo em b).
A força normal de flambagem elástica, Ne, de um perfil com seção assimétrica (sem nenhum eixo
de simetria) é dada pela menor das raízes da seguinte equação cúbica:
2 2
y
(N e − N ex )(N e − N ey )(N e − N ez ) − N (N e − N ey ) xo
2
e
− N e2 (N e − N ex ) o = 0 (4.20)
ro ro
Nesse caso, a força axial de flambagem elástica da cantoneira, Ne, é dada por:
π 2 E I x1
N ex = (4.21)
( K x1 Lx1 ) 2
Em que Ix1 é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo que passa pelo centro
geométrico e é paralelo à aba conectada e Kx1Lx1 é o comprimento de flambagem equivalente, dado
para os casos aplicáveis, como abaixo:
- Para cantoneiras de abas iguais ou de abas desiguais conectadas pela aba de maior largura, que
são barras individuais ou diagonais ou montantes de treliças planas com as barras adjacentes
conectadas do mesmo lado das chapas de nó ou das cordas:
Em que Lx1 é o comprimento da cantoneira, tomado entre os pontos de trabalho situados nos eixos
longitudinais das cordas da treliça, rx1 é o raio de giração da seção transversal em relação ao eixo
que passa pelo centro geométrico e é paralelo à aba conectada.
Nas cantoneiras de abas desiguais com relação entre as larguras das abas de até 1,7 e conectadas
na menor aba, o produto Kx1Lx1 não pode ser tomado inferior ao valor:
𝑟𝑟
- 0,95𝐿𝐿𝑥𝑥1 �𝑟𝑟 𝑥𝑥1 �
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑏𝑏 2
- dado nas alíneas anteriores, aumentado de 4 ��𝑏𝑏𝑒𝑒� − 1� 𝑟𝑟𝑥𝑥1
𝑠𝑠
Em que rmin é o raio de giração mínimo da cantoneira, be é a largura da maior aba da cantoneira e
bs é a largura da menor aba da cantoneira.
- Para cantoneiras de abas iguais ou de abas desiguais conectadas pela aba de maior largura, que
são diagonais ou montantes de treliças espaciais com as barras adjacentes conectadas do mesmo
lado das chapas de nó ou das cordas:
Nas cantoneiras de abas desiguais com relação entre as larguras das abas de até 1,7 e conectadas
na menor aba, o produto Kx1Lx1 não pode ser tomado inferior ao valor:
𝑟𝑟
- 0,82𝐿𝐿𝑥𝑥1 �𝑟𝑟 𝑥𝑥1 �
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑏𝑏 2
- dado nas alíneas anteriores, aumentado de 6 ��𝑏𝑏𝑒𝑒� − 1� 𝑟𝑟𝑥𝑥1
𝑠𝑠
- Cantoneiras simples com ligações diferentes das descritas acima, com relação entre as larguras
das abas maior que 1,7 ou com forças transversais, devem ser tratadas como barras submetidas à
combinação de força axial e momentos fletores.
- 1,00, quando ambas as extremidades da barra possuírem rotação em torno do eixo longitudinal
impedida e empenamento livre;
- 2,00, quando uma das extremidades da barra possuir rotação em torno do eixo longitudinal e
empenamento livres e, a outra extremidade, rotação e empenamento impedidos.
A NBR 8800/08 classifica os elementos das seções transversais, excetuando-se as tubulares, em:
Se houver apenas elementos AL, Q = Qs; se houver apenas AA, Q = Qa. Define-se borda não
vinculada, ou não enrijecida, o elemento (mesa, aba ou qualquer chapa que a componha) que tenha
extremidade livre paralela ao esforço.
O tratamento dado pela norma é calcular um coeficiente Q≤1,0 que será tanto menor quanto mais
a seção for propensa a flambar localmente. Quando a relação de esbeltez dos elementos da seção
b b
não superar os valores dados na Tabela 4.3, considera-se a seção livre de flambagem
t t lim
b b
local. Quando > deve-se calcular Q, que é dado por:
t t lim
Q = Qs .Qa (4.22)
Em que Qs é o fator de redução que leva em conta a flambagem local dos elementos AL e Qa é o
fator de redução que leva em conta a flambagem local dos elementos AA.
Os valores de Qs a serem usados são a seguir. Se existirem dois ou mais elementos AL com fatores
de redução Qs diferentes, deve-se adotar o menor destes fatores.
b fy E b E
Qs = 1,340 − 0,76 , para 0,45 < ≤ 0,91
t E fy t fy
0,53 E b E
Qs = 2
, para > 0,91
b t fy
fy
t
b fy E b E
Qs = 1,415 − 0,74 , para 0,56 < ≤ 1,03
t E fy t fy
0,69 E b E
Qs = 2
, para > 1,03
b t fy
fy
t
b fy E b E
Qs = 1,415 − 0,65 , para 0,64 < ≤ 1,17
t E fy t fy
0,90 E k c b E
Qs = 2
, para > 1,17
b t fy
fy
t
4
kc = , sendo 0,35 ≤ k c ≤ 0,763
h tw
b fy E b E
Qs = 1,908 − 1,22 , para 0,75 < ≤ 1,03
t E fy t fy
0,69 E b E
Qs = 2
, para > 1,03
b t fy
fy
t
Em que, ca é um coeficiente, igual a 0,38 para mesas ou almas de seções tubulares retangulares e
0,34 para todos os outros elementos e σ é a tensão que pode atuar no elemento analisado, tomada
igual a:
σ = χf y (4.24)
Aef
Qa = (4.25)
Ag
Nas seções tubulares circulares, o coeficiente de flambagem local da parede é dado por:
D E
- Q = 1,00 para ≤ 0,11
t fy
0,038 E 2 E D E
- Q= + para 0,11 < ≤ 0,45
D t fy 3 fy t fy
Grupo
Descrição dos Exemplos com indicação de
(b/t)lim
Elementos bet
Almas de seções I, H, ou
U
Mesas ou almas de seção E
2 caixão 1,49
fy
Todos os demais
elementos que não
integram o Grupo 1
Abas de cantoneiras
simples ou múltiplas E
3 0,45
providas de chapas de fy
travejamento
Mesas de seções I, H, T ou
U laminadas
Abas de cantoneiras
ligadas continuamente ou
projetadas de seções I, H T E
4 0,56
ou U laminadas ou fy
soldadas
Chapas projetadas de
AL
seções I, H, T ou U
laminadas ou soldadas
E
Mesas de seções I, H T ou 0,64
5 fy
U soldadas
kc
E
6 Almas de seções T 0,75
fy
5 BARRAS FLETIDAS
5.1 Generalidades
Denominam-se barras fletidas (flexão simples) as barras submetidas a cargas transversais ao seu
eixo longitudinal, sujeitas a momento fletor e esforço cortante. Uma barra fletida na horizontal é
denominada viga.
As barras fletidas (flexão simples) são encontradas nas estruturas de aço principalmente em vigas
dos sistemas contraventados de edifícios com ligações rotuladas. Nos pórticos de edifícios com
ligações rígidas as vigas podem estar submetidas a esforços normais, junto com momento fletor,
caracterizando a flexotração ou a flexocompressão.
Os tipos de seções transversais mais adequados para o trabalho à flexão são aqueles com maior
inércia no plano da flexão, isto é, com as áreas mais afastadas da linha neutra (eixo x). O ideal,
portanto, é concentrar as áreas em duas chapas, uma superior e uma inferior, ligando-as por uma
chapa fina. Assim, pode-se concluir que as vigas em forma de I (Figura 5.1) são as mais funcionais,
devendo, entretanto, seu emprego obedecer às limitações de flambagem. As vigas com muita área
próxima ao eixo neutro, como, por exemplo, peças maciças de seção quadrada ou circular,
trabalham com menor eficiência na flexão, isto é, para o mesmo peso de viga, têm menor
capacidade de carga.
bf
(a) (b)
A resistência à flexão das vigas pode ser afetada pela flambagem local da mesa (FLM), pela
flambagem local da alma (FLA) e pela flambagem lateral com torção (FLT).
Na flambagem lateral com torção a viga perde seu equilíbrio no plano de flexão (normalmente o
plano vertical) e passa a apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção (Figura 5.2b). Para
evitar a flambagem de uma viga I, cuja rigidez à torção é muito pequena, é preciso prover
contenção lateral à viga.
Flambagem
local
(a)
Empenamento da
seção do apoio
(b)
Figura 5.2: Flambagem de uma viga biapoiada fletida, formada por perfil I: (a) flambagem local;
(b) flambagem lateral com torção (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
A resistência ao esforço cortante de uma viga pode ser reduzida pela ocorrência de flambagem da
chapa de alma sujeita às tensões cisalhantes.
Na Figura 5.3 são apresentados os tipos de perfis mais utilizados para vigas. Os perfis da Figura
5.3a, 5.3c e 5.3d são laminados. Os perfis W, de abas com espessura constante (Figura 5.3d), são
fabricados no Brasil com alturas até 610 mm.
Figura 5.3: Tipos usuais de perfis para vigas (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
As Figuras 5.3b, 5.3e e 5.3f mostram seções de vigas formadas por associação de perfis laminados
simples. A Figura 5.3g mostra um perfil I formado por chapas soldadas.
Para obras com grandes vãos usam-se vigas de alma cheia, fabricadas em seção I ou caixão. Até a
metade do século XX as vigas fabricadas eram rebitadas, ou seja, a ligação da alma com as mesas
era feita através de cantoneiras e rebites. Com o desenvolvimento da solda, as vigas rebitadas
tornaram-se antieconômicas, caindo em obsolescência.
As vigas têm por finalidade suportar cargas normais ao seu eixo longitudinal e os perfis mais
utilizados para vigas são os de seção I ou H (laminados ou soldados). Na maioria dos casos as
cargas são aplicadas no plano da alma do perfil, produzindo assim flexão em relação ao eixo de
maior momento de inércia do perfil (eixo x).
Na verificação dos estados limites últimos (ELU) de vigas sujeitas à flexão simples devem ser
determinadas a resistência de projeto ao momento fletor (Rdm) e a resistência de projeto ao esforço
cortante (Rdv) para compará-las com as respectivas solicitações de projeto nas seções críticas (Sdm
e Sdv), além da verificação da flambagem local (FLA e FLM) e da flambagem lateral com torção
(FLT).
Na prática, a maior parte das vigas são contidas lateralmente, pela laje ou outros dispositivos
(contenção lateral contínua). Neste caso, o estado limite da flambagem lateral com torção (FLT)
não precisa ser verificado.
Para os estados limites de serviço (ELS) de vigas sujeitas à flexão simples devem ser verificados
os deslocamentos máximos das vigas.
5.2.1 Plastificação
Na Figura 5.4 é mostrado o comportamento de uma viga de aço biapoiada sob carga distribuída
crescente, através da relação momento x curvatura da seção mais solicitada e dos diagramas de
tensões normais nesta seção.
σmax = fy
σmax = fy
σmax < fy
Figura 5.4: Viga biapoiada submetida a um carregamento crescente (Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009).
Admitindo que não há flambagem local (FLA e FLM) ou flambagem lateral com torção (FLT) da
viga, o comportamento será linear enquanto a tensão máxima for menor que a tensão de
escoamento do aço. A teoria de vigas (Euler-Bernoulli) postula que para uma barra de seção reta
com dois eixos de simetria (Figura 5.5 e 5.6), em regime elástico, submetida a momento fletor
atuante em um plano paralelo ao eixo longitudinal que contenha um dos eixos de simetria da seção,
as tensões normais podem ser calculadas por:
Em que σ é a tensão normal num ponto P, M é o momento fletor atuante na seção, y é a distância
do ponto P ao eixo x, ymax é a distância do centro de gravidade da seção transversal até a fibra
extrema (ymax = d/2), I é o momento de inércia da seção em torno do eixo de flexão e W = I/ymax é
o módulo elástico da seção, em torno do eixo de flexão.
Então, o momento que leva a peça ao limiar do escoamento (limite elástico) é dado por:
M y = W. f y (5.1)
σc
b
σP
P
x σc
d y
σP
P
y
M d
σt σt
Figura 5.5: Tensões normais em uma seção submetida a momento fletor.
εc = εy fy
L z
d
d
d 3
2 T
d
fy 6
b εt = εy
Note que agora foi utilizado o sub-índice y denotando escoamento (yield). O momento My
caracteriza o limite do comportamento elástico da peça, isto é, qualquer incremento no valor do
momento fletor vai provocar incremento não linear nas tensões. Para momentos atuantes de valores
iguais ou menores do que My as deformações são reversíveis, isto é, todas as fibras submetidas a
tensões maiores do que o limite elástico apresentarão deformações residuais uma vez cessada a
solicitação. Para momentos atuantes maiores do que My as deformações não desaparecem
totalmente após a descarga.
A Equação 5.1 mostra que uma seção submetida ao momento My tem, atuando em sua fibra mais
solicitada, a tensão de escoamento, ou seja, o alongamento dessa fibra é o alongamento εy. Se,
agora, é dado um incremento de deformação (giro) na seção, mais fibras vão atingir ou ultrapassar
o alongamento εy nas quais as tensões permanecem constantes no valor fy, de acordo com o
diagrama tensão-deformação idealizado, mostrado na Figura 5.7. Diz-se, então, que a seção está
se plastificando, pois as deformações das fibras que ultrapassam o limite de proporcionalidade não
são mais reversíveis.
σ
fy
εy ε
Figura 5.7: Diagrama tensão/deformação de material elasto-plástico ideal.
Como pode se perceber, o momento My não representa a capacidade resistente da viga à flexão, já
que é possível continuar aumentando carga, e consequentemente o momento da seção. À medida
que a deformação (giro da seção) aumenta, maior fica o patamar de tensões constantes (Figura
5.8c). No limite, quando as deformações longitudinais tendem a infinito, obtém-se um diagrama
de tensões como o da Figura 5.8d, dizendo-se que a seção está totalmente plastificada.
εc
εy Rc
LN zc
d
zt
Rt
εt
b fy fy
Sendo A = Ac+At a área da seção transversal retangular, a força resultante de tração vale Rt = Atfy
e a força resultante de compressão é igual a Rc = Acfy. Assim, fazendo o equilíbrio à translação:
Rc − Rt = 0 ⇒ Ac f y = At f y ∴ Ac = At = A / 2
Esta condição leva a conclusão de que a linha neutra plástica (LNP) é a linha que divide a seção
transversal em duas áreas iguais. Vale lembrar que a linha neutra elástica (LNE) é no centro de
Do equilíbrio a rotação:
M pl = Rc .z c + Rt .z t = f y ( A 2 z c + A 2 z t )
Em que zc e zt são os braços de alavanca internos. Notando que o termo entre paretênses é uma
propriedade geométrica da seção transversal, pode-se agrupar:
M pl = Z . f y (5.2)
Uma vez atingido o momento plástico Mpl, a seção não mais oferece resistência à rotação,
comportando-se como uma rótula, condição conhecida como rótula plástica. Em uma viga
simplesmente apoiada, a rótula plástica coloca a viga numa situação de instabilidade, conhecida
como mecanismo de colapso (Figura 5.9).
A adoção de um diagrama elásto-plástico ideal para o aço é uma aproximação. Para deformações
de valores até não muito maiores do que os da deformação de escoamento a aproximação é
adequada. Em determinados casos, a deformação das fibras mais afastadas pode ser muito grande,
acarretando a ruptura do material antes da plastificação total da seção. Por isso, a NBR 8800/08
limita o valor da relação entre o módulo plástico e o módulo elástico em 1,5.
Adicionalmente, considerando que as tensões residuais estão sempre presentes nos perfis
metálicos, causada, por exemplo, pelo resfriamento desuniforme das vigas laminadas ou soldadas,
o início do escoamento se dará em um valor inferior do que My, como pode ser visto na Figura
5.10. Pode ser visto que as tensões residuais antecipam o início do escoamento, entretanto, não
afetam o momento último da seção Mpl.
Mpl = Z.fy
φ
εy
Figura 5.10: Diagrama momento/rotação de uma seção de viga.
O momento residual é o momento que leva a fibra mais solicitada ao limite elástico, isto é, quando
a máxima tensão de compressão atinge o valor fy. É definido como:
M r = W .( f y − σ r ) (5.3)
A NBR-8800 estabelece que a tensão residual seja adotada σr = 0,3.fy que leva ao momento
residual:
M r = W .0,7. f y
Nem todas as seções são capazes de desenvolver tensões e deformações tais que atinjam o estado
de plastificação (Mpl), devido ao fenômeno de flambagem local. Seções de paredes grossas têm
bom desempenho, chegando à plastificação, enquanto que vigas de paredes finas podem sofrer
instabilidade local para baixas tensões normais de compressão na flexão.
• Seção compacta (λ ≤ λp): quando a seção pode atingir a plastificação total antes de
qualquer outra instabilidade, ou seja, alcançar o momento de plastificação Mpl , além
de exibir suficiente capacidade de rotação inelástica para configurar uma rótula
plástica;
• Seção semicompacta (λp < λ ≤ λr): quando a flambagem local ocorre após a seção ter
desenvolvido plastificação parcial, isto é, com um momento maior do que My, mas sem
apresentar significativa rotação;
• Seção esbelta (λr < λ): quando a flambagem local ocorre antes que seja atingido o
momento de início de plastificação My na seção.
Mn Seção compacta
Seção semi-
esbelta
Mpl
Seção
Mr esbelta
λ
0 λp λr
Figura 5.11: Momento resistente em função da esbeltez
Figura 5.12: Notações utilizadas para efeito de flambagem local sobre a resistência à flexão de
vigas I ou H com um ou dois eixos de simetria: (a) perfil laminado; (b) perfil soldado (Fonte:
Pfeil e Pfeil, 2009).
Os elementos comprimidos de um perfil podem estar em diferentes classes. O perfil como um todo
é classificado pelo caso mais desfavorável.
O problema de flambagem local na flexão também deve ser tratado como um problema de
flambagem de placa. As mesas dos perfis de seção abertas podem ser assimiladas a chapas com
uma borda apoiada e a outra livre e, as almas e as mesas de perfis caixão se assimilam a chapas
com as duas bordas apoiadas, definindo comportamentos diferentes, limitados pelos estados
limites de Flambagem local da mesa (FLM) e a Flambagem local da alma (FLA), respectivamente.
Diferentemente da compressão, na flexão uma parte da seção fica tracionada, o que garante maior
estabilidade na seção e permite determinar os parâmetros referentes à flambagem com menos rigor
do que foi considerado, não necessitando da análise particular introduzida com os efeitos devidos
à pequena espessura das chapas, fatores Qs e Qa.
As mesas dos perfis abertos, na flexão, são submetidas a tensões de compressão que se distribuem
ao longo da largura da chapa, uniformemente no inicio do carregamento e, com a continuação e
aumento do carregamento as tensões alteram a sua distribuição, concentrando-se próximo da
ligação com a alma, que é a região da seção com maior resistência à deformações.
O valor teórico do coeficiente K, para este caso, é 0,425, entretanto, as especificações costumam
adotar valores maiores, confirmados em ensaios. A NBR 8800/08 adota 0,76 a fim de levar em
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
85
conta a contribuição da alma à rigidez da mesa, conduzindo para a tensão crítica de flambagem
elástica da mesa:
𝐸𝐸
𝜎𝜎𝑐𝑐𝑐𝑐 = 0,69 (5.4)
𝜆𝜆2
𝐸𝐸
𝜆𝜆𝑟𝑟 = 0,83� (5.5)
𝑓𝑓𝑦𝑦 − 𝜎𝜎𝑟𝑟
A esbeltez para que não ocorra flambagem, é determinada considerando a chapa com o coeficiente
teórico, pois próximo da plastificação a contribuição da alma deve ser desprezada.
𝐸𝐸
𝜆𝜆𝑝𝑝 = 0,38� (5.6)
𝑓𝑓𝑦𝑦
As almas dos perfis metálicos são assumidas como chapas engastadas em suas bordas e submetidas
a tensões contidas no seu plano, com variação linear ao longo da altura, tracionando e comprimindo
metades alternadas da altura da chapa. Para esta situação de carregamento os valores para as
esbeltez limites entre a plastificação e a flambagem inelástica são determinados por meio da
mesma expressão de flambagem elástica de chapas. Os valores para o coeficiente k consideram o
engastamento das bordas da chapa e a influência das tensões residuais é desconsiderada. Para os
perfis laminados, são fornecidas:
𝐸𝐸 𝐸𝐸
𝜆𝜆𝑝𝑝 = 3,76�𝑓𝑓 e 𝜆𝜆𝑅𝑅 = 5,7�𝑓𝑓 (5.7)
𝑦𝑦 𝑦𝑦
Entretanto, para as almas não é considerada a flambagem elástica, pois quando ocorre o valor de
λ maiores que λr a viga é classificada como esbelta e o dimensionamento é particularizado. O
Anexo H da NBR 8800/08 é exclusivamente dedicado a este problema. Pode ser observado que as
seções esbeltas praticamente não ocorrem nos perfis laminados ou soldados fabricados em série e,
mesmo nos perfis soldados projetados, sua ocorrência não é comum.
Concluindo, o perfil apresentará flambagem local elástica quando (λ > λ r ) , sendo Mn=Mcr. Para
(λ ≤ λ p ) ocorrerá plastificação e Mn=Mpl=Zfy. Por fim, ocorrerá flambagem inelástica para valores
de λ, intermediários entre λp e λr e os valores do momento resistente são obtidos por interpolação
linear:
𝜆𝜆 − 𝜆𝜆𝑝𝑝
𝑀𝑀𝑛𝑛 = �𝑀𝑀𝑝𝑝𝑝𝑝 − �𝑀𝑀𝑝𝑝𝑝𝑝 − 𝑀𝑀𝑟𝑟 � � (5.8)
𝜆𝜆𝑟𝑟 − 𝜆𝜆𝑝𝑝
Cabe salientar que a MRd, que é definido como o momento resistente de projeto, pode ser obtido
dividindo-se Mn pelo coeficiente de resistência MRd = Mn/γa1.
A norma NBR 8800/08 fornece os demais valores dos limites e das resistências para todas as
seções aplicáveis.
Uma barra reta submetida a momentos iguais (e positivos) em suas extremidades tem a parte,
acima do plano neutro, comprimida e a parte abaixo tracionada. As tensões de compressão variam
com a distância à linha neutra e têm uma resultante que atua a partir das seções onde estão
aplicados os momentos, comprimindo a parte superior da viga, da mesma maneira que uma coluna
sob a ação de uma força R. Esta força pode levar o talão comprimido a instabilidade geométrica
(flambagem) tal como ocorre em uma coluna, conforme mostrado na Figura 5.14.
Se o plano do momento fletor coincidir com o eixo de menor inércia da seção transversal da peça,
pode ocorrer flambagem em torno deste eixo, fazendo-se analogia com o comportamento de peças
sob compressão. Por outro lado, a parte inferior da viga é tracionada e tende a manter a linha reta.
Como as partes tracionada e comprimida são continuamente ligadas através da alma, o efeito
estabilizador oriundo da região tracionada faz com que a instabilidade seja caracterizada por um
deslocamento lateral acrescido de uma rotação. Este fenômeno é chamado de flambagem lateral
com torção, mostrado nas Figuras 5.13 e 5.14.
A flambagem lateral pode ser restritiva à resistência da haste. Pode ocorrer antes da ruína por
plastificação ou por flambagem local, fenômenos já estudados. O comportamento de uma viga
quanto à flambagem lateral depende de vários fatores:
carga na
viga
a) b)
Figura 5.14: Flambagem lateral: (a) posição inicial antes da flambagem, (b) posição deslocada
após a flambagem.
• Comprimento não contraventado: Para que haja flambagem lateral é necessário que a mesa possa
se deslocar transversalmente e girar em torno de seu eixo longitudinal. Peças com
contraventamento contínuo não estão sujeitas à flambagem lateral, como é o caso das vigas que
suportam lajes de concreto, ou qualquer piso ligado continuamente como chapas de aço, etc.
• Rigidez à torção da seção: Seções com grande rigidez à torção têm, obviamente, melhor
comportamento quanto à flambagem lateral.
A determinação da carga crítica de flambagem lateral com torção é feita estabelecendo o equilíbro
na configuração deformada para um par de momento atuando nas extremidades de uma viga
biaopiada (momento uniforme).
Figura 5.15: Flambagem lateral: equilíbrio na configuração deformada (Fonte: Sáles, 2009).
𝑑𝑑2 𝑣𝑣 𝑀𝑀𝑥𝑥 𝑀𝑀
2
=− =− (5.9)
𝑑𝑑𝑧𝑧 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑥𝑥 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑥𝑥
Derivando a última expressão uma vez em relação a z, obtém-se GIt ∅′′ − ECw ∅iv = Mu′′.
Substituindo:
𝑑𝑑4 ∅ 𝑑𝑑 2 ∅ 𝑀𝑀2 ∅
𝐸𝐸𝐶𝐶𝑤𝑤 − 𝐺𝐺𝐼𝐼𝑡𝑡 − =0 (5.12)
𝑑𝑑𝑧𝑧 4 𝑑𝑑𝑧𝑧 2 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦
Esta é a equação diferencial do problema de flambagem lateral com torção. A solução desta
equação é:
𝜋𝜋 𝜋𝜋 2
𝑀𝑀𝑐𝑐𝑐𝑐 = �𝐺𝐺𝐼𝐼𝑡𝑡 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦 + 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦 𝐸𝐸𝐶𝐶𝑤𝑤 � � (5.13)
𝐿𝐿𝑏𝑏 𝐿𝐿𝑏𝑏
𝜋𝜋𝜋𝜋𝐼𝐼𝑦𝑦
Eliminado os termos semelhantes, retirando da raiz a relação �𝐿𝐿 , substituindo G = 0,385E e
𝑏𝑏
simplificando para melhorar a apresentação, a equação pode ser reescrita na forma:
2
𝜋𝜋 2 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦 𝐶𝐶𝑤𝑤 𝐼𝐼𝑡𝑡 𝐿𝐿2𝑏𝑏
𝑀𝑀𝑐𝑐𝑐𝑐 = � �1 + 0,039 �
𝐿𝐿2𝑏𝑏 𝐼𝐼𝑦𝑦 𝐶𝐶𝑤𝑤
Em que Lb é o comprimento não contraventado da viga. Para se levar em conta situações em que
a viga possua momento fletor variável, a NBR 8800/08 introduz um fator de correção Cb:
ñ𝑢𝑢𝑢𝑢 𝑢𝑢𝑢𝑢
𝑀𝑀𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝐶𝐶𝑏𝑏 𝑀𝑀𝑐𝑐𝑐𝑐 (5.14)
Para a determinação do valor deste coeficiente foram desenvolvidas e aplicadas diversas fórmulas,
ajustadas por ensaios e muitas consagradas pelo uso, por este motivo, as normas técnicas
recomendam equações diferentes, mas que costumam conduzir a resultados bem semelhantes.
Mn Plastificação
Interpolar
entre Mpl e Mr
Mpl
Momento
Mr crítico
λ
0 λp λr
Figura 5.16: Relação esbeltez vs flambagem lateral com torção
Nesta expressão, Mr representa o momento residual, assim denominado por ser determinado como
o produto da tensão residual pelo módulo de resistência elástico à flexão do perfil, ou seja:
Mr = Wx(fy - σr)
Como a norma estabelece o valor das tensões residuais em 30% da tensão de escoamento, a
equação anterior pode ser simplificada para:
Mr = 0,7fyWx
Os valor de λr pode ser determinado igualando o momento crítico ao momento Mr. Por exemplo,
para determinar a expressão de λr em vigas de seção aberta e bi-simétricas:
Obtém-se:
𝜆𝜆 − 𝜆𝜆𝑝𝑝
𝑀𝑀𝑛𝑛 = �𝑀𝑀𝑝𝑝𝑝𝑝 − �𝑀𝑀𝑝𝑝𝑝𝑝 − 𝑀𝑀𝑟𝑟 � � (5.16)
𝜆𝜆𝑟𝑟 − 𝜆𝜆𝑝𝑝
Cabe salientar que a MRd, que é definido como o momento resistente de projeto, pode ser obtido
dividindo-se Mn pelo coeficiente de resistência MRd = Mn/γa1.
A teoria técnica de vigas fornece a seguinte expressão para determinar a tensão de cisalhamento
desenvolvida na flexão:
𝑉𝑉𝑄𝑄𝑠𝑠
𝜏𝜏 = (5.17)
𝑏𝑏𝑏𝑏
Para um Perfil I, as tensões de cisalhamento são praticamente absorvidas pela alma, em função da
2
significativa espessura inferior. Então, simplificadamente, pode-se fazer 𝐼𝐼 ≅ 2𝐴𝐴𝑓𝑓 (ℎ⁄2) =
𝐴𝐴𝑓𝑓 ℎ2 ⁄2 e 𝑀𝑀𝑠𝑠 ≅ 𝐴𝐴𝑓𝑓 ℎ⁄2 resultando:
𝑉𝑉𝐴𝐴𝑓𝑓 ℎ⁄2 𝑉𝑉 𝑉𝑉
𝜏𝜏 ≅ = = (5.18)
𝑡𝑡𝑤𝑤 𝐴𝐴𝑓𝑓 ℎ2 ⁄2 ℎ𝑡𝑡𝑤𝑤 𝐴𝐴𝑤𝑤
Portanto a tensão de cisalhamento pode ser assumida como atuando apenas na alma, com
distribuição uniforme ao longo da altura. A Figura 5.17 ilustra a distribuição da tensão de
cisalhamento em um viga I. As tensões na mesa podem ser explicadas através do conceito de fluxo
de cisalhamento em elementos formados por seções abertas de paredes finas, tratado em cursos de
y
tf
P t
y
d x
P’
b Diagrama de tensões
cisalhantes na alma
Diagrama de tensões
cisalhantes na mesa
Figura 5.17: Tensões de cisalhamento em um perfil I na mesa e na alma.
𝜋𝜋 2 𝐸𝐸 𝑡𝑡 2
𝜎𝜎𝑏𝑏 = 𝑘𝑘𝑣𝑣 � �
12(1 − 𝜈𝜈 2 ) 𝑏𝑏
Nestas equações, Vpl é o esforço cortante de plastificação, definido como Vpl = Awfvy. Lembrando
que, para cisalhamento puro, o critério da energia de distorção (ou de Von Mises) estabelece que
fvy = 0,6fy, logo Vpl = 0,6Awfy.
h d h d
tw
Para ocorrer flambagem elástica quando a tensão de escoamento não for ultrapassada pela soma
da tensão crítica com a tensão residual. Definindo a tensão limite de proporcionalidade como fvp =
fvy − fvr ≅ 0,8fvy :
𝜋𝜋 2 𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑘𝑘𝑣𝑣 𝐸𝐸
𝜆𝜆𝑟𝑟 = � ≅ 1,37�
12(1 − 0,32 )0,8(𝑓𝑓𝑦𝑦 /�3) 𝑓𝑓𝑦𝑦
Para λ<λr ocorre flambagem inelástica da placa. A tensão crítica neste intervalo, estabelecida
inelastico
experimentalmente é fv,cr ≅ �0,8fvy 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 . Substituindo, encontra-se:
𝑘𝑘𝑣𝑣 𝐸𝐸
𝜆𝜆𝑝𝑝 ≅ 1,10�
𝑓𝑓𝑦𝑦
Vn Plastificação
Flambagem
Inelástica
Vpl
0,8Vpl
Flambagem
Elástica
λ
0 λp λr
Figura 5.19: Flambagem de placa por cisalhamento.
O valor de kv das equações acima pode ser encontrado como, em que a é a distância entre
enrijecedores de alma, mostrada na Figura 5.20:
4tw a 6tw
Enrijecedor a
Figura 5.20: Enrijecedores de alma.
b E
≤ 0,56
t fy
I zz ≥ a.t w3 . j
Com
2,5
j= − 2 ≥ 0,5
(a / h )2
bs
z z
Izz=2(bs+tw)3/12
As condições usuais referentes ao estado limite de serviço (ELS) de deslocamento máximo das
vigas de edifícios são expressas por:
Em que δser representa os valores dos deslocamentos obtidos com base nas combinações de serviço
de ações e δlim representa os valores limites adotados, fornecidos na Tabela 5.1 abaixo.
Esses limites devem estar de acordo com a função prevista para a estrutura. Os limites são dados
normalmente como um percentual do vão da viga.
P
L/2
P P
a a
a P b
6.1 Generalidades
Os parafusos estruturais são compostos de uma haste rosqueada tendo de um lado uma cabeça
hexagonal ou quadrada e do outro uma porca, e, ainda, uma ou duas arruelas que podem ser de
formas variadas (Figura 6.1).
Cabeça
Arruela
Porca
Corpo
Pega Roscas
Figura 6.1: Componentes de parafuso estrutural com cabeça e porca hexagonais
Sob o ponto de vista da resistência mecânica, os parafusos podem ser classificados em comuns,
regidos pelas normas ASTM A307 ou ISO 898-1 classe 4.6, ou de alta resistência, regidos pelas
normas ASTM A 325, ASTM A 490, ISO 4016 Classe 8.8 e ISO 4016 Classe 10.9. Na Tabela 6.1
são fornecidos os valores mínimos da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura de
parafusos, de acordo com suas respectivas normas ou especificações, bem como os diâmetros nos
quais os mesmos podem ser encontrados.
Adicionalmente aos maiores valores de resistência mecânica, outra diferença importante entre os
parafusos comuns e de alta resistência, diz respeito ao procedimento de instalação. A instalação
de parafusos comuns não requer cuidados especiais. O instalador aperta o conector até sentir que
as partes conectadas estejam firmemente ligadas. Não há especificação de torque ou de esforço a
serem aplicados. Em contrapartida, os parafusos de alta resistência podem ser protendidos, isto é,
podem estar solicitados por um esforço de tração igual a 70% da resistência nominal à tração.
Nas estruturas metálicas em geral permite-se aperto normal, exceto nas seguintes situações:
Para os casos não citados acima, as ligações podem ser feitas com parafusos de alta resistência
sem protensão inicial ou com parafusos comuns.
635 825 16 ≤ d ≤ 24 ½ ≤ db ≤ 1
ASTM A325
560 725 24 < d ≤ 36 1 < db ≤ 1 ½
ISO 4016 Classe 8.8 640 800 12 ≤ db ≤ 36 -
O aperto normal pode ser obtido por alguns impactos de uma chave de impacto ou pelo esforço
máximo de um operário usando uma chave normal, garantindo sempre firme contato entre as partes
ligadas. Parafusos montados sem controle de protensão inicial devem ser claramente indicados nos
desenhos de projeto, fabricação e montagem.
Quando o aperto normal não for permitido, os parafusos devem ser montados de forma a
desenvolver uma força de protensão mínima (70% da força de ruptura à tração), adequada a cada
diâmetro e tipo de parafuso usado, como indicado na Tabela 2. O aperto deve ser aplicado,
basicamente, por uma chave de impacto ou uma chave manual. Adicionalmente, o controle do
torque deve ser feito através de torquímetro ou pelo método da rotação da porca.
Quando for usado o método de aperto pela rotação da porca para aplicar a força de protensão
mínima especificada na Tabela 6.2, deve haver número suficiente de parafusos na condição de pré-
torque, de forma a garantir que as partes estejam em pleno contato. A condição de pré-torque é
definida como o aperto obtido após poucos impactos aplicados por uma chave de impacto, ou pelo
esforço máximo aplicado por um operário usando uma chave normal. Após esta operação inicial,
devem ser colocados parafusos nos furos restantes e tais parafusos também levados a condição de
pré-torque. Todos os parafusos da ligação deverão então receber um aperto adicional, através da
rotação aplicável da porca, como indicado na Tabela 6.3, devendo esta operação começar na parte
mais rígida da ligação e prosseguir em direção às bordas livres. Durante essa operação, a parte
oposta àquela em que se aplica a rotação não pode girar.
6.2.1 Tração
A resistência de cálculo de uma barra tracionada com extremidade rosqueada é o menor dos valores
obtidos com base no estado limite de escoamento da seção bruta e no estado limite de ruptura da
parte rosqueada. A resistência de cálculo para esse último estado limite, aplicável também a
parafusos tracionados, é:
Abe ⋅ f ub
Ft , Rd = (6.1)
γ a2
Torna-se prático elaborar tabelas de resistência para os vários diâmetros e especificações mais
comuns. Aplicando-se as equações apresentadas acima se obtêm a resistência à tração para os
parafusos ASTM A307, ASTM A325 e A490 nas Tabelas 6.4, 6.5 e 6.6.
6.2.2 Cisalhamento
Excentricidade
Superfície de
Pressão de contato
corte
na parede
Figura 6.2: Esforços de corte no conector.
Em ligações feitas com parafusos de alta resistência, caso não seja especificado o contrário, supõe-
se que o corte sempre se dê na região das roscas. Parafusos comuns não podem ser dimensionados
considerando-se que o corte se dê fora das roscas. A resistência de cálculo ao corte de um conector,
com corte nas roscas é dada por:
0,4 Ab f ub
Fv , Rd = (6.2)
γ a2
Em ligações com parafusos A325 e A490 quando se garantir que o plano de corte não passa pelas
roscas:
0,5 Ab f ub
Fv , Rd = (6.3)
γ a2
Cabe salientar que os valores das resistências características apresentados referem-se a apenas um
plano de corte. Da mesma forma, são construídas as Tabela 6.7, 6.8 e 6.9.
Tabela 6.8: Parafusos ASTM A325 - Resistência ao corte simples. Plano de corte através das
roscas.
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
101
Diâmetro Diâmetro Ap Fv,Rn Fv,Rd
Pol. cm cm2 kN kN
1/2” 1,27 1,27 41,78 30,95
5/8” 1,59 1,98 65,49 48,51
3/4” 1,91 2,86 94,50 70,00
7/8” 2,22 3,87 127,67 94,57
1 2,54 5,06 167,13 123,80
1 1/8” 2,86 6,42 186,21 137,93
1 1/4” 3,18 7,94 230,21 170,53
1 3/8” 3,49 9,56 277,28 205,39
1 1/2” 3,81 11,40 330,46 244,78
1 3/4” 4,45 15,54 450,80 333,93
2” 5,08 20,26 587,48 435,17
Tabela 6.9: Parafusos ASTM A490 - Resistência ao corte simples. Plano de corte através das
roscas.
Diâmetro Diâmetro Ap Fv,Rn Fv,Rd
Pol. cm cm2 kN kN
1/2” 1,27 1,27 52,42 38,83
5/8” 1,59 1,98 82,16 60,86
3/4” 1,91 2,86 118,56 87,82
7/8” 2,22 3,87 160,17 118,64
1 2,54 5,06 209,67 155,31
1 1/8” 2,86 6,42 265,83 196,91
1 1/4” 3,18 7,94 328,64 243,44
1 3/8” 3,49 9,56 395,84 293,22
1 1/2” 3,81 11,40 471,76 349,45
1 3/4” 4,45 15,54 643,56 476,71
2” 5,08 20,26 838,68 621,25
Tensões Parafuso
convencionais de
contato
db
t
t
A pressão de contato dos conectores com as paredes dos furos pode levar ao esmagamento do furo
ou do conector, ou ao rasgamento de uma das partes conectadas, caso o furo esteja muito próximo
de sua borda. Além disso, a NBR-8800 considera dois casos, quando a deformação do furo para
ações de serviço forem limitantes no projeto ou não.
1,2 f tf u 2,4d b⋅ tf u
Fc , Rd = ≤ (6.4)
γ a2 γ a2
1,5 f tf u 3,0d b⋅ tf u
Fc , Rd = ≤ (6.5)
γ a2 γ a2
No caso de uso de furos muito alongados na direção da força a resistência de cálculo será:
1,0 f tf u 2,0d b⋅ tf u
Fc , Rd = ≤ (6.6)
γ a2 γ a2
Para furos alargados e furos pouco ou muito alongados na direção da força, o Estado Limite Último
é dado por ligações por atrito, explicado a seguir. Adicionalmente, a resistência total de uma
ligação é igual à soma das resistências à pressão de contato calculadas para todos os furos.
Quando um parafuso ou barra rosqueada estiver sujeito à ação simultânea de tração e cisalhamento,
além das verificações para os dois esforços isolados, deverá ser atendida a equação de interação
abaixo ou, alternativamente, podem ser aplicadas as equações mostradas na Tabela 6.10.
2 2
Ft , Sd Fv , Sd
+ ≤ 1,0 (6.7)
F F
t , Rd v , Rd
Os parafusos de alta resistência, em função da protensão mínima, podem ser empregados de forma
a tirar proveito da força de atrito que se desenvolve entre as partes conectadas. Como as condições
de superfície variam pouco para as estruturas metálicas correntes, a NBR8800/08 oferece valores
de coeficiente de atrito padronizados.
Nas ligações com furos alargados e furos pouco alongados ou muito alongados com alongamentos
paralelos à direção da força aplicada, o deslizamento deve ser considerado estado-limite último.
Nas ligações com furos-padrão e furos pouco alongados ou muito alongados com alongamentos
transversais à direção da força aplicada, o deslizamento deve ser considerado estado-limite de
serviço
Parafusos de Alta γ a2
Resistência Ab . f ub
Ft , Sd ≤ − 1,5 ⋅ Fv , Sd (nota 2)
γ a2
Barras rosqueadas em Ab . f ub
Ft , Sd ≤ − 1,9 ⋅ Fv , Sd
geral γ a2
Notas: (1) Plano de corte passa pela rosca.
(2) Plano de corte não passa pela rosca.
Os valores do coeficiente de atrito são µ = 0,35 para superfícies laminadas, limpas, isentas de
óleos ou graxas. Sem pintura e para superfícies galvanizadas a quente com rugosidade aumentada
manualmente por meio de escova de aço, µ = 0,5 para superfícies jateadas sem pintura ou µ = 0,2
para superfícies galvanizadas a quente.
O fator C h devido ao tipo de furo é C h = 1,0 para furos padrão, C h = 0,85 para furos alargados
ou pouco alongados ou C h = 0,70 para furos muito alongados.
A distância entre centros de furos padrão, alargados ou alongados, não pode ser inferior a 2,7db,
de preferência 3db, sendo db o diâmetro nominal do parafuso ou barra rosqueada.
Além desse requisito, a distância livre entre as bordas de dois furos consecutivos não pode ser
inferior a db.
O espaçamento máximo entre parafusos que ligam uma chapa a um perfil ou a outra chapa, em
contato contínuo, deve ser determinado como a seguir.
a) em elementos não sujeitos a corrosão, pintados ou não, o espaçamento não pode exceder
24 vezes a espessura da parte ligada menos espessa, nem 300 mm;
b) para elementos de aço resistente à corrosão atmosférica, não pintados, o espaçamento não
pode exceder 14 vezes a espessura da parte ligada menos espessa, nem 180 mm.
A distância do centro de um furo padrão a qualquer borda de uma parte ligada não pode ser inferior
ao valor indicado na Tabela 6.11, na qual db é o diâmetro do parafuso ou barra rosqueada.
Para furo alargado ou alongado, a distância do centro de um furo a qualquer borda de uma parte
ligada não pode ser inferior ao valor indicado para furos padrão, dado na Tabela 11, acrescido de
βdd sendo dd o diâmetro do parafuso e β definido como a seguir:
Para qualquer borda de uma parte ligada, a distância do centro do parafuso (ou barra rosqueada)
mais próximo até essa borda não pode exceder 12 vezes a espessura da parte ligada considerada,
nem 150 mm.
Quando uma carga, que produz apenas corte nos conectores, é aplicada excentricamente na ligação
torna-se necessário estudar a distribuição das ações nos vários conectores. Para isso, será estudada
uma ligação com 3 parafusos, cujo resultado poderá ser facilmente expandido para um número
maior, com as hipóteses que:
P
Y e P/3 Y Y
C P P/3 C A
A
C A
X
= X
+ X
P/3 M=P.e
B B B
Como as partes ligadas são rígidas, a carga centrada será igualmente suportada por todos os
parafusos da ligação e os esforços terão direções paralelas à da carga P, conforme Figura 6.5. No
conector A (em todos os demais) tem-se o esforço
P
PA =
n
Px = P.senα
Py = P. cos α
Y
P PA
α
Py PA
C
Px PAx A
X
B
Figura 6.5: Decomposição da carga centrada em componentes ortogonais.
O momento puro deforma a ligação provocando uma rotação em torno do centro de gravidade.
Como supõe-se que as chapas sejam rígidas, cada furo será deslocado de um valor proporcional
ao seu raio vetor que é a deformação do conector, uma vez que os ângulos percorridos pelos raios
vetores são iguais, conforme Figura 6.6. Sendo linear a relação entre as deformações e os esforços,
tem-se que:
fA fB fC
= =
a b c
fC A
c a
C fA
b X
M
fB
B
Figura 6.6: Esforços nos parafusos para ação de momento puro.
As forças são ortogonais aos raios vetores e, então, o produto de cada força por seu respectivo raio
vetor é momento da força em relação ao c.g. Observando-se que a soma dos momentos dos
esforços atuantes nos parafusos deve ser igual ao momento M, tem-se:
M = f A .a + f B .b + f C .c
tem-se:
f A .b
fB =
a
f A .c
fC =
a
Substituindo vem:
M =
(
f A a2 + b2 + c2 )
a
I p = a 2 + b 2 + c 2 + ....
M .a
fA =
Ip
Y
A
fA
a fAy
ay fAx
ax X
Figura 6.7: Componentes cartesianas no parafuso A.
a 2 = a x2 + a y2
e analogamente,
b 2 = bx2 + b y2
c 2 = c x2 + c y2
I p = a 2 + b 2 + c 2 = a x2 + bx2 + c x2 + a y2 + b y2 + c y2
Com a definição:
I x = a y2 + b y2 + c y2 = ∑ yi2
I y = a x2 + bx2 + c x2 = ∑ xi2
Vem que
I p = Ix + Iy
f A f Ax f Ay
= =
a ay ax
σt
p
L.N.
M
d p M
σc
b b be = 2b
A ação do momento provoca tração nos conectores situados na parte superior da ligação e
comprime as partes conectadas na parte inferior, mas não exerce, obviamente, ação de compressão
nos parafusos. Dois enfoques distintos são possíveis aqui. Para o caso dos parafusos de alta
resistência, a tração de instalação (protensão) de 70% da resistência nominal de ruptura,
praticamente garante que as partes ligadas não podem ser separadas, pois o esforço a ser aplicado
no parafuso será supostamente menor do que o esforço de protensão. Assim sendo, pode-se
imaginar que se está diante de uma situação de flexão composta onde o esforço normal é a
resultante das cargas de protensão dos conectores, onde não pode haver tração pela condição
acima. Então, tratando-se o problema de forma linear, como uma viga de seção retangular igual à
área da seção de contato entre as partes ligadas, tem-se:
be .d 2
W=
6
M 6.M
σt = =
W be .d 2
Na verdade, não existe tal tensão, pois as superfícies não estão coladas. Todas as tensões são
suportadas pelos conectores. Então, os parafusos mais afastados da L.N. são os mais solicitados e
pode-se determinar o esforço de tração em cada um deles com a hipótese simplificadora de que a
tensão seja uniforme e igual ao valor máximo atuando em uma área da qual o conector seja o centro
de gravidade, conforme se vê na Figura 8c. A resultante das tensões na área marcada é
Ft = (be . p )
6.M
be .d 2
Ft 3.M . p
T= =
2 d2
Equação semelhante pode ser determinada para mais filas de parafusos. Generalizando para n filas,
tem-se:
6.M . p
T= (6.11)
n.d 2
O outro enfoque para o problema supõe que a ação sobre o conector supere o esforço de protensão
inicial e ocorra um descolamento entre as superfícies, caso atribuído a ligações com parafusos
comuns. Assim, tem-se que acima da L.N. há um descolamento onde os parafusos são o elemento
de ligação e abaixo existe um contato total entre as superfícies das partes conectadas, conforme
Figura 6.9.
σt
Região
a tracionada
c
p h
p
L N L N
c1
σc
be be be Região
comprimida
a) seção de b) seção após c) substituição d) diagrama de
projeto descolamento. dos parafusos. tensões normais.
Figura 6.9: Ligação com conectores tracionados com descolamento entre as partes conectadas.
Havendo descolamento entre as partes acima da LN, tem-se como seção efetiva a seção dos
parafusos, conforme a Figura 6.9b. Pode-se substituir as várias seções de parafusos por uma única
seção equivalente de forma retangular. Sendo p o passo entre parafusos de uma mesma fila,
determina-se a largura a do retângulo equivalente fazendo com que a área n.A b de uma mesma
linha de parafusos seja igual à área de uma parte do retângulo total, que é outro retângulo de altura
p e largura a. Assim, tem-se a largura do retângulo:
ECV 5255 – Estruturas Metálicas I (ECV/UFSC)
Profs. Leandro Fleck Fadel Miguel e Moacir H. Andrade Carqueja
110
n. Ab
a=
p
A LN tem que passar pelo c.g. da seção, o que significa que os momentos estáticos dos retângulos,
acima e abaixo da LN, tem que ser iguais. Com isso e a partir da condição geométrica de que a
soma das alturas igual à altura total, tem-se:
a.c = be .c1
d = c + c1
A partir das equações acima determina-se a posição da LN e pode-se calcular o valor do momento
de inércia, lembrando que é a soma dos momentos de inércia de dois retângulos em relação a eixo
que passa pela base:
a.c 3 be .c13
I= +
3 3
M
σt = c
I
Uma vez obtida a tensão na borda, pode-se usar de raciocínio semelhante ao caso anterior,
tomando-se a tensão como uniforme e igual à máxima atuando em toda a área do retângulo
equivalente que tem o conector no seu c.g. Mais ainda, observando-se que tal área é igual à área
dos parafusos pode-se aplicar a tensão diretamente ao conector obtendo-se o esforço de tração.
M
T = σ t . Ab = c. Ab (6.12)
I
A experiência mostra que na prática o valor de c1 varia entre 1/6 e 1/7 da altura. Então, pode-se
simplificar os cálculos adotando-se para c1 um valor igual a 1/7 da altura d, conforme sugere o
manual de detalhamento do AISC, segundo o qual, o erro cometido com este procedimento é
pequeno.
Nas ligações com conectores tracionados pode ocorrer acréscimo no esforço de tração aplicado ao
parafuso, por efeito de alavanca (prying action). Este efeito resulta da maneira como a chapa
conectada transfere o esforço ao parafuso. Inversamente, o esforço de tração no parafuso provoca
na chapa uma flexão que tende a deformá-la com uma configuração de balanços com cargas
concentradas (Figura 6.10a). Para chapas com pouca flexibilidade (espessas) a deformação será
pequena e nenhum efeito de alavanca será notado (Figura 6.10b).
2T 2T
T T T T
(a) (b)
Figura 6.10: Efeito de alavanca: (a) Flexão da chapa pela ação do parafuso tracionado e (b)
Chapa grossa.
Sob a ação de cargas de tração no conector a chapa se deforma apoiando-se na borda, formando
uma alavanca, daí o nome do efeito, e aumenta o esforço aplicado no parafuso, conforme pode ser
observado pelo equilíbrio de forças na Figura 6.11.
2T
Q Q
T+Q T+Q
Uma abordagem do problema é mostrada a seguir. Chamando de p (Figura 6.12) a largura tributária
de cada parafuso, tem-se:
A largura p será a soma das larguras efetivas de cada lado do parafuso. Na seção II-II, que é a
seção de engaste da chapa, tem-se:
p.t 2
Z=
4
p.t 2
W=
6
2T
b’ a’
a b
II I
Q Q
Q+T Q+T
b a Q
e2
II I
e1 Q+T
p
e1 MII
DMF
e2
a+b MI
Figura 6.12: Momentos nas chapas provocados por efeito de alavanca.
p.t 2 . f y p.t 2 . f y
M RII = M pl = 0,9 × 1,25 × =
6 5.33
A seção I-I situa-se num plano que passa pela face do parafuso, isto é, desloca-se d / 2 em direção
à seção II-II. A resistência de cálculo ao momento fletor da seção será:
( p − d ').t 2 . f y
M RI =
5,33
Tem-se, então:
M RI p − d'
= =δ
M RII p
ou
M RI = δ .M RII
A ruína será atingida quando se formarem rótulas plásticas em ambas as seções. O diagrama de
momentos fletores correspondente a esta configuração está apresentado na Figura 6.12. O valor
máximo para a carga Q depende do momento na seção I-I, isto é, o momento de cálculo
M dI ≤ δ .M RII
Definindo-se
M dI
q=
δ .M RII
ou seja, q ≤ 1,0
Tem-se que
T .b ′ − M RII
q= ≤ 1,0 (6.13)
δ .M RII
7 LIGAÇÕES SOLDADAS
7.1 Generalidades
A soldagem é o processo de união entre dois ou mais elementos metálicos, em que as propriedades
físicas e químicas são mantidas. Nesta operação, torna-se necessário adicionar um material à junta
para completar a união, sendo chamado material de adição ou metal solda.
Para os aços estruturais, o processo de soldagem mais aplicado é a chamada solda elétrica por arco
voltaico. Neste procedimento, a ação de um arco elétrico mantido entre a extremidade de um
eletrodo metálico revestido (metal solda) e a peça de trabalho produz uma grande concentração de
calor em um espaço muito concentrado fundindo o metal, a alma do eletrodo e seu revestimento
de fluxo, conforme Figura 7.1.
Existem diferentes tipos de soldagem por arco voltaico, como, por exemplo, a soldagem por
eletrodo revestido, arco submerso ou com proteção gasosa.
No processo de soldagem a eletrodo revestido, o eletrodo (metal solda), que é o responsável pela
manutenção do arco elétrico e pelo material de adição, possui um revestimento que ao queimar
produz uma atmosfera protetora que tem as funções de isolamento elétrico, isolamento térmico,
direcionamento do arco, ionização e proteção do metal fundido. O revestimento pode ainda
fornecer elementos de liga que podem ser úteis no processo de soldagem ou entrar na composição
química da junta.
Existem três tipos básicos de solda, definidos conforme a posição do material de solda em relação
ao material a soldar (metal base), são eles: entalhe, filete e tampão. A solda de filete representa
cerca de 80% das soldas utilizadas em estruturas metálicas.
- Solda de Entalhe: O principal uso é para conectar elementos que estão alinhados no mesmo plano,
conforme Figura 7.2. Quando a solda preenche completamente a espessura das partes que estão
Figura 7.2: Solda Tipo Entalhe em (a) com penetração total e em (b) com penetração parcial.
- Solda de Filete: Este tipo de soldagem (Figura 7.4) exige normalmente menor precisão, em
função da sobreposição das peças a serem ligadas, por isso são de mais fácil execução, econômicas
e adaptáveis. Estas razões fazem com que seja o tipo de solda mais frequente em estruturas
metálicas.
- Solda de tampão: A principal aplicação deste tipo de solda (Figura 7.5) se dá quando a dimensão
da conexão limita o comprimento necessário para soldas de filete, por exemplo. Os diâmetros e
dimensões da solda podem ser variados.
Figura 7.5: Solda de tampão circular (plug weld) e alongado (slot weld).
Os eletrodos são varas de aço-carbono ou aço de baixa liga, sendo o elemento que define a
resistência da solda. Os eletrodos com revestimento são designados por expressões do tipo E70XY,
que utiliza o seguinte critério de nomenclatura:
E – eletrodo
70 – indica resistência à ruptura da solda (em ksi)
X – posição de soldagem
Y – corrente do eletrodo e tipo de revestimento.
As posições de soldagem são identificadas comercialmente por números (ver Figura 7.6):
Eletrodos sem revestimentos (usados em soldas com arco submerso) recebem convenções
numéricas convencionais indicativas de resistência e outras propriedades, iniciadas pela letra F.
De acordo com a NBR 8800, são disponíveis três tipos de metal de solda, conforme a Tabela 7.1
abaixo.
Tabela 7.1: Resistência mínima à tração do metal da solda Metal da solda (MPa)
Metal da solda f w (MPa)
A resistência de uma ligação soldada deve ser maior do que seria se o material fosse contínuo com
a mesma área efetiva, isto é, o metal da solda deve ser mais resistente do que o metal base. Com
A resistência de cálculo, FRd, dada pela relação entre a resistência característica FRk e o coeficiente
de ponderação da resistência γ, dos diversos tipos de solda, está indicada na Tabela 7.2. Nesta
tabela, AMB é a área do metal base (produto do comprimento da solda pela espessura do metal base
menos espesso), Aw é a área efetiva da solda, fy é a menor resistência ao escoamento entre os metais
base da junta e fw a resistência mínima à tração do metal da solda, obtida da Tabela 1.
Como pode ser observado, dispensa-se a verificação da resistência da solda em alguns casos de
carregamento. Estes casos são mostrados na Figura 7.7.
A Figura 7.7c ilustra o caso de perfis soldados. Nesta situação, as soldas ligando os elementos
componentes dos perfis (mesas e almas), podem ser calculadas sem considerar as tensões de tração
ou de compressão nesses elementos, paralelas ao eixo da solda; devendo ser consideradas,
entretanto, as tensões de cisalhamento causadas pelas forças cortantes e os efeitos locais.
A área efetiva das soldas Aw deve ser calculada como o produto do comprimento efetivo da solda
pela espessura da garganta efetiva tw. A abordagem difere entre soldas de entalhe e filete.
Aw = t w . (7.1)
Para soldas de entalhe de penetração total e parcial, o comprimento efetivo da solda é igual ao seu
comprimento real, o qual deve ser igual à largura da parte ligada. A espessura da garganta efetiva
de uma solda de penetração total deve ser tomada igual à menor das espessuras das partes soldadas.
A espessura da garganta efetiva de uma solda de penetração parcial está indicada na Tabela 7.3.
P
Área efetiva
tw
d
Tensões na solda
P
Figura 7.8: Seção crítica da solda de filete
A Figura 7.9 mostra as dimensões da seção transversal do filete e da garganta, que é o menor
apótema do triângulo (altura). Para o caso mais comum em que as dimensões d1 e d2 são iguais,
pode-se aproximar para o valor t w = 0,7.d , que pode ser facilmente obtido. Assim, para solda de
filete, a área de solda Aw será o retângulo cujo comprimento é o comprimento do filete e a altura o
valor da garganta.
fy
τy = = 0,58. f y
3
tw d
d1
d
d2
d1
d2
Figura 7.9: Perna d e garganta tw da solda.
Penetração total7) Tração ou compressão normal à seção efetiva da solda Fw. Rd = AMB ⋅ f y γ a1 5) 6) 9)
A dimensão nominal (dimensão da perna) mínima de uma solda de filete é dada na Tabela 7.5, em
função da parte mais espessa soldada, exceto que, no caso de ligações entre mesa e alma de perfis
soldados e situações similares, tal dimensão não precisa ultrapassar a necessária para desenvolver
a resistência de cálculo da alma.
Tabela 7.4: Espessura mínima da garganta efetiva de uma solda de entalhe de penetração parcial
Menor espessura do metal base na Espessura mínima da garganta
junta (mm) efetiva (mm)
Abaixo de 6,35 e até 6,35 3
Acima de 6,35 até 12,5 5
Acima de 12,5 até 19 6
Acima de 19 até 37,5 8
Acima de 37,5 até 57 10
Acima de 57 até 152 13
Acima de 152 16
A dimensão nominal (dimensão da perna) máxima de uma solda de filete que pode ser usada ao
longo de bordas de partes soldadas é a seguinte (Figura 7.10):
a) ao longo de bordas de material com espessura inferior a 6,35 mm, não mais do que a
espessura do material;
b) ao longo de bordas de material com espessura igual ou superior a 6,35 mm, não mais do
que a espessura do material subtraída de 1,5 mm, a não ser que nos desenhos essa solda seja
indicada como reforçada durante a execução, de modo a obter a espessura total desejada da
garganta.
t1
t d
d
t2
Caso a) Caso b)
d sem limites
Atenção também deve ser dada aos comprimentos dos cordões, que não podem ser inferiores a
quatro vezes a dimensão da perna ou 40 mm. Caso isso não seja atendido o comprimento efetivo
para efeito de determinação da resistência de cálculo será 25% do comprimento executado (ou
projetado).
Filete longitudinal
Podem ser usadas soldas intermitentes de filete, dimensionadas para transmitir solicitações de
cálculo, quando a resistência de cálculo exigida for inferior a de uma solda contínua da menor
dimensão nominal permitida, e também para ligar elementos de barras compostas. O comprimento
efetivo de qualquer segmento de solda intermitente de filete não pode ser menor que 4 vezes a
dimensão nominal, nem menor que 40 mm. O uso de soldas intermitentes requer cuidados
especiais com flambagens locais e com corrosão.
O cobrimento mínimo, em ligações por superposição, deve ser igual a 5 vezes a espessura da parte
ligada menos espessa e não inferior a 25 mm. Chapas ou barras, ligadas por superposição apenas
com filetes transversais e sujeitas a solicitação axial, devem ter soldas de filete ao longo das
extremidades de ambas as partes, exceto quando a deformação das partes sobrepostas for
suficientemente contida de modo a evitar abertura da ligação por efeito das solicitações de cálculo.
Para solução do problema de carga excêntrica na ligação (Figura 7.12), supõe-se que as peças
ligadas sejam rígidas e que as soldas sejam elásticas. Uma carga excêntrica pode ser decomposta
em uma carga no c.g. da ligação e um momento que pode ser decomposto em um momento fletor
e um momento de torção.
ex ez
y
P
c.g. da solda
Figura 7.12: Ligação soldada em filetes com carga excêntrica.
Se o comprimento total da solda for , a carga P aplicada no c.g., vai produzir uma taxa de força
cortante
O momento em torno do eixo x (fletor) produz tensões normais e é sempre calculado a partir da
distância da carga ao plano da solda (excentricidade ez). O esforço P não é necessariamente
paralelo a um dos eixos principais de inércia da ligação, mas qualquer que seja sua direção ele
pode ser decomposto em duas forças paralelas aos eixos e superpor os efeitos. Obtém-se,
analogamente ao esforço cortante, uma taxa de força normal em um ponto genérico da solda:
M
qM = c (7.2)
I
O momento de inércia I pode ser obtido para uma espessura unitária do cordão de solda. Dessa
forma, qp e qm possuem unidade de força por unidade de distância e devem ser somadas
vetorialmente. A espessura da solda, então, é determinada como o mínimo valor que gera uma
resistência superior a este valor resultante.
O momento de torção é obtido a partir da distância da força P ao eixo normal ao plano da solda
que passa pelo c.g. (no caso da figura é a excentricidade ex). A tensão de cisalhamento devida ao
momento de torção (Figura 7.13) em um ponto genérico do cordão é:
T
qT = r (7.3)
Ip
y
p
α
α r qT
x
Da mesma forma, o momento polar de inércia Ip pode ser obtido para uma espessura unitária do
cordão de solda. Assim, qp e qT possuem unidade de força por unidade de distância e devem ser
somadas vetorialmente. A espessura da solda, então, é determinada como o mínimo valor que gera
uma resistência superior a este valor resultante.
Para os casos mais comuns de cordão de solda é comum o uso de tabelas (Tabela 7.6), que
apresenta o momento de inércia polar em relação ao centro de gravidade.
b
x
y
d
b
x
y
d
b
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Perfis laminados W e HP
y
tf
d d’
tw x
bf
y tf
d h
tw x
bf
300 x 149 149,2 190,0 300 16 250 25,0 300 30521 2035 12,67 2313 11259 751 7,7 1.141 350 2126953 16 6 287 239
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
350 x 89 89,1 113,5 350 8 325 12,5 350 27217 1555 15,49 1688 8934 511 8,87 771 51 2543610 41 14 146 121
350 x 93 92,9 118,4 350 9,5 325 12,5 350 27646 1580 15,28 1727 8935 511 8,69 773 55 2543610 34 14 149 124
350 x 108 107,9 137,4 350 8 318 16,0 350 33403 1909 15,59 2073 11435 653 9,12 985 101 3188642 40 10,9 162 135
350 x 112 111,6 142,2 350 9,5 318 16,0 350 33805 1932 15,42 2111 11436 653 8,97 987 105 3188642 33 10,9 164 137
350 x 119 119,2 151,8 350 12,5 318 16,0 350 34609 1978 15,1 2186 11439 654 8,68 992 117 3188642 25 10,9 172 144
350 x 128 127,6 162,6 350 9,5 312 19,0 350 38873 2221 15,46 2432 13579 776 9,14 1.171 170 3718797 33 9,2 183 152
350 x 135 135,0 172,0 350 12,5 312 19,0 350 39633 2265 15,18 2505 13582 776 8,89 1.176 182 3718797 25 9,2 189 158
350 x 144 143,6 182,9 350 16 312 19,0 350 40519 2315 14,88 2591 13588 776 8,62 1.184 205 3718797 20 9,2 201 167
350 x 153 153,0 194,9 350 12,5 305 22,4 350 45254 2586 15,24 2859 16012 915 9,06 1.384 284 4294659 24 7,8 213 178
350 x 161 161,4 205,6 350 16 305 22,4 350 46082 2633 14,97 2940 16017 915 8,83 1.392 307 4294659 19 7,8 222 185
350 x 175 175,1 223,0 350 16 300 25,0 350 49902 2852 14,96 3204 17875 1021 8,95 1.55 409 4717367 19 7 244 203
350 x 182 182,1 232,0 350 19 300 25,0 350 50577 2890 14,76 3271 17882 1022 8,78 1.558 439 4717367 16 7 253 211
450 x 209 209,1 266,4 450 16 405 22,4 450 101463 4509 19,52 4966 34034 1513 11,3 2.294 396 15550692 25 10 179 149
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
450 x 216 215,9 275,0 450 12,5 400 25,0 450 108385 4817 19,85 5281 37975 1688 11,75 2.547 496 17145264 32 9 186 155
450 x 227 226,9 289,0 450 16 400 25,0 450 110252 4900 19,53 5421 37982 1688 11,46 2.557 527 17145264 25 9 192 160
450 x 236 236,3 301,0 450 19 400 25,0 450 111852 4971 19,28 5541 37992 1689 11,23 2.567 566 17145264 21 9 199 166
450 x 280 280,2 357,0 450 19 387 31,5 450 133544 5935 19,34 6644 47863 2127 11,58 3.224 1033 20947287 20 7,1 236 197
450 x 291 290,6 370,2 450 22,4 387 31,5 450 135186 6008 19,11 6771 47877 2128 11,37 3.238 1095 20947287 17 7,1 244 203
450 x 321 320,9 408,8 450 19 375 37,5 450 152314 6770 19,3 7629 56975 2532 11,81 3.831 1676 24227325 20 6 277 231
450 x 331 330,9 421,5 450 22,4 375 37,5 450 153809 6836 19,1 7748 56988 2533 11,63 3.844 1737 24227325 17 6 284 236
500 x 172 171,5 218,5 500 12,5 468 16,0 500 104414 4177 21,86 4556 33341 1334 12,35 2.018 168 19521333 37 15,6 143 119
500 x 195 194,5 247,8 500 12,5 462 19,0 500 120226 4809 22,03 5237 39591 1584 12,64 2.393 260 22895099 37 13,2 150 125
500 x 207 207,2 263,9 500 16 462 19,0 500 123102 4924 21,6 5423 39599 1584 12,25 2.405 294 22895099 29 13,2 157 131
500 x 221 220,5 280,9 500 12,5 455 22,4 500 138161 5526 22,18 5996 46674 1867 12,89 2.818 406 26611872 36 11,2 161 134
500 x 233 233,0 296,8 500 16 455 22,4 500 140908 5636 21,79 6177 46682 1867 12,54 2.829 440 26611872 28 11,2 167 139
550 x 441 441,2 562,1 550 31,5 475 37,5 550 299480 10890 23,08 12347 104108 3786 13,61 5.79 2468 68280365 15 7,3 249 207
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
550 x 498 498,2 634,7 550 31,5 461 44,5 550 339231 12336 23,12 14046 123515 4491 13,95 6.845 3758 78827755 15 6,2 284 237
600 x 250 249,6 317,9 600 16 562 19,0 600 216146 7205 26,08 7887 68419 2281 14,67 3.456 354 57722931 35 15,8 144 120
600 x 281 280,7 357,6 600 16 555 22,4 600 248024 8267 26,34 8995 80659 2689 15,02 4.068 528 67258147 35 13,4 150 125
600 x 294 293,8 374,3 600 19 555 22,4 600 252298 8410 25,96 9226 80672 2689 14,68 4.082 582 67258147 29 13,4 155 129
600 x 305 304,6 388,0 600 16 550 25,0 600 270308 9010 26,39 9835 90019 3001 15,23 4.535 704 74390625 34 12 157 131
600 x 318 317,5 404,5 600 19 550 25,0 600 274468 9149 26,05 10062 90031 3001 14,92 4.55 757 74390625 29 12 162 135
600 x 332 332,2 423,2 600 22,4 550 25,0 600 279182 9306 25,68 10319 90052 3002 14,59 4.569 840 74390625 25 12 168 140
600 x 377 376,8 480,0 600 19 537 31,5 600 330248 11008 26,23 12114 113431 3781 15,37 5.718 1380 91625003 28 9,5 182 152
600 x 391 391,2 498,3 600 22,4 537 31,5 600 334635 11155 25,91 12360 113450 3782 15,09 5.737 1463 91625003 24 9,5 187 156
600 x 402 402,2 512,3 600 25 537 31,5 600 337991 11266 25,69 12547 113470 3782 14,88 5.754 1546 91625003 21 9,5 192 160
600 x 432 431,6 549,8 600 19 525 37,5 600 379396 12647 26,27 13965 135030 4501 15,67 6.797 2238 106787109 28 8 207 172
600 x 446 445,6 567,6 600 22,4 525 37,5 600 383496 12783 25,99 14200 135049 4502 15,42 6.816 2320 106787109 23 8 211 176
300 x 113 113 143,9 300 12,5 255 22,4 250 23433 1562 12,76 1758 5837 467 6,37 710 205,4 1123817 20 5,6 252 210
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
350 x 73 73,3 93,4 350 9,5 325 12,5 250 20524 1173 14,82 1306 3258 261 5,91 398 42,2 926971 34 10 155 129
350 x 87 86,5 110,2 350 9,5 318 16 250 24874 1421 15,02 1576 4169 334 6,15 507 77,8 1162042 33 7,8 169 141
350 x 98 97,8 124,6 350 9,5 312 19 250 28454 1626 15,11 1803 4950 396 6,3 601 123,8 1355247 33 6,6 187 156
350 x 105 105,2 134 350 12,5 312 19 250 29213 1669 14,77 1876 4953 396 6,08 606 135,9 1355247 25 6,6 196 163
350 x 118 117,8 150,1 350 12,5 305 22,4 250 33169 1895 14,87 2125 5838 467 6,24 712 208,7 1565109 24 5,6 219 182
350 x 128 127,6 162,5 350 12,5 300 25 250 35885 2051 14,86 2313 6515 521 6,33 793 281,6 1719157 24 5 240 200
350 x 136 135,8 173 350 16 300 25 250 36673 2096 14,56 2391 6521 522 6,14 800 304,8 1719157 19 5 252 210
400 x 82 82,4 105 400 8 375 12,5 300 31680 1584 17,37 1734 5627 375 7,32 569 45,7 2111572 47 12 142 118
400 x 87 86,8 110,6 400 9,5 375 12,5 300 32339 1617 17,1 1787 5628 375 7,13 571 50,1 2111572 39 12 146 121
400 x 103 102,8 131 400 9,5 368 16 300 39355 1968 17,33 2165 7203 480 7,42 728 92,9 2654208 39 9,4 156 130
400 x 116 116,5 148,4 400 9,5 362 19 300 45161 2258 17,44 2483 8553 570 7,59 863 148,1 3102816 38 7,9 169 141
400 x 125 125,1 159,3 400 12,5 362 19 300 46347 2317 17,06 2581 8556 570 7,33 869 162 3102816 29 7,9 176 147
500 x 204 204,5 260,5 500 19 450 25 350 113230 4529 20,85 5118 17890 1022 8,29 1572 473,2 10076742 24 7 191 159
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
500 x 217 216,5 275,8 500 22,4 450 25 350 115812 4632 20,49 5290 17907 1023 8,06 1588 542,5 10076742 20 7 202 169
500 x 238 238,2 303,5 500 19 437 31,5 350 134391 5376 21,04 6072 22534 1288 8,62 1969 836,4 12351583 23 5,6 220 183
500 x 250 249,9 318,4 500 22,4 437 31,5 350 136755 5470 20,72 6235 22550 1289 8,42 1984 904,8 12351583 20 5,6 229 191
500 x 259 258,9 329,8 500 25 437 31,5 350 138564 5543 20,5 6359 22566 1289 8,27 1998 973,3 12351583 17 5,6 238 198
500 x 281 280,8 357,7 500 22,4 425 37,5 350 155013 6201 20,82 7082 26837 1534 8,66 2350 1403,7 14330048 19 4,7 261 218
500 x 317 316,8 403,6 500 22,4 411 44,5 350 175049 7002 20,83 8040 31837 1819 8,88 2777 2226,8 16494140 18 3,9 306 255
550 x 184 183,6 233,9 550 16 512 19 400 125087 4549 23,13 5084 20284 1014 9,31 1553 255,4 14286024 32 10,5 156 130
550 x 204 204,1 260 550 16 505 22,4 400 142463 5180 23,41 5747 23911 1196 9,59 1824 371,8 16627476 32 8,9 163 135
550 x 220 219,8 280 550 16 500 25 400 154583 5621 23,5 6250 26684 1334 9,76 2032 488,3 18375000 31 8 171 142
550 x 232 231,6 295 550 19 500 25 400 157708 5735 23,12 6438 26695 1335 9,51 2045 536,7 18375000 26 8 177 148
550 x 245 244,9 312 550 22,4 500 25 400 161250 5864 22,73 6650 26713 1336 9,25 2063 613,4 18375000 22 8 187 156
550 x 270 270,4 344,5 550 19 487 31,5 400 187867 6832 23,35 7660 33628 1681 9,88 2564 952 22582749 26 6,3 201 167
650 x 252 252 321 650 16 600 25 450 248644 7651 27,83 8471 37989 1688 10,88 2570 554,1 37078857 38 9 156 130
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
650 x 266 266,1 339 650 19 600 25 450 254044 7817 27,38 8741 38003 1689 10,59 2585 611,6 37078857 32 9 161 134
650 x 282 282,1 359,4 650 22,4 600 25 450 260164 8005 26,91 9047 38025 1690 10,29 2607 702,9 37078857 27 9 169 141
650 x 310 310,1 395 650 19 587 31,5 450 303386 9335 27,71 10404 47874 2128 11,01 3242 1079,1 45752651 31 7,1 177 147
650 x 326 325,8 415 650 22,4 587 31,5 450 309117 9511 27,29 10697 47896 2129 10,74 3263 1169,4 45752651 26 7,1 183 153
650 x 351 350,7 446,8 650 19 575 37,5 450 347034 10678 27,87 11906 56986 2533 11,29 3849 1722,1 53415802 30 6 197 165
650 x 366 366 466,3 650 22,4 575 37,5 450 352421 10844 27,49 12187 57007 2534 11,06 3869 1811,5 53415802 26 6 203 169
650 x 413 413,1 526,2 650 22,4 561 44,5 450 400707 12329 27,6 13888 67637 3006 11,34 4576 2870,5 61946191 25 5,1 231 193
650 x 461 461,2 587,5 650 25 550 50 450 440599 13557 27,39 15391 76009 3378 11,37 5148 4062,5 68343750 22 4,5 260 217
700 x 214 214,1 272,8 700 12,5 662 19 500 250564 7159 30,31 7839 39594 1584 12,05 2401 273 45893016 53 13,2 137 114
700 x 232 232,3 295,9 700 16 662 19 500 259026 7401 29,59 8222 39606 1584 11,57 2417 321,6 45893016 41 13,2 143 119
700 x 278 277,9 354 700 16 650 25 500 321513 9186 30,14 10128 52106 2084 12,13 3167 613 59326172 41 10 150 125
700 x 293 293,2 373,5 700 19 650 25 500 328378 9382 29,65 10444 52120 2085 11,81 3184 675,2 59326172 34 10 155 129
9
900 x 422 421,5 537 900 19 837 31,5 600 805962 17910 38,74 19742 11344 3782 14,53 5746 1448,8 213841853 44 9,5 148 124
8
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
950 x 368 368,2 469 950 16 900 25 650 792565 16686 41,11 18271 114458 3522 15,62 5339 803,4 244766683 56 13 136 113
950 x 389 389,4 496 950 19 900 25 650 810790 17069 40,43 18879 114479 3522 15,19 5362 888,6 244766683 47 13 139 116
950 x 433 432,8 551,4 950 16 887 31,5 650 957066 20149 41,66 21953 144208 4437 16,17 6711 1479,8 304086894 55 10,3 142 118
950 x 454 453,7 578 950 19 887 31,5 650 974513 20516 41,06 22543 144229 4438 15,8 6734 1564,4 304086894 47 10,3 145 121
1000 x 394 394,1 502 1000 16 950 25 700 946296 18926 43,42 20673 142949 4084 16,87 6186 862,3 339650391 59 14 134 112
1000 x 416 416,4 530,5 1000 19 950 25 700 967730 19355 42,71 21349 142971 4085 16,42 6211 952,1 339650391 50 14 137 114
1000 x 464 463,9 590,9 1000 16 937 31,5 700 1.00E+06 22884 44 24867 180107 5146 17,46 7777 1590,8 422272386 59 11,1 139 116
1000 x 486 485,9 619 1000 19 937 31,5 700 1.00E+06 23295 43,38 25526 180129 5147 17,06 7802 1680 422272386 49 11,1 142 118
300 x 37 37,3 47,5 300 4,75 281 9,5 180 8096 540 13,06 591 924 103 4,41 155 11,3 194815 59 9,5 141 117
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
300 x 46 45,6 58,1 300 4,75 275 12,5 180 10128 675 13,2 737 1215 135 4,57 204 24,5 251068 58 7,2 154 129
350 x 26 26,4 33,6 350 4,75 337 6,3 140 6884 393 14,31 438 288 41 2,93 64 3,6 85089 71 11,1 137 114
350 x 30 30,1 38,3 350 4,75 334 8 140 8026 459 14,48 516 366 52 3,09 80 6 106983 70 8,8 138 115
350 x 33 33,2 42,3 350 4,75 331 9,5 140 9148 523 14,71 583 435 62 3,21 95 9,2 125930 70 7,4 140 116
350 x 28 28,4 36,2 350 4,75 337 6,3 160 7651 437 14,54 481 430 54 3,45 83 3,9 127013 71 12,7 134 112
350 x 33 32,6 41,5 350 4,75 334 8 160 8962 512 14,7 570 546 68 3,63 104 6,7 159695 70 10 136 113
350 x 36 36,2 46,1 350 4,75 331 9,5 160 10249 586 14,91 648 649 81 3,75 123 10,4 187978 70 8,4 138 115
350 x 30 30,4 38,7 350 4,75 337 6,3 180 8418 481 14,75 525 613 68 3,98 104 4,2 180845 71 14,3 132 110
350 x 35 35,1 44,7 350 4,75 334 8 180 9898 566 14,88 625 778 86 4,17 131 7,4 227378 70 11,3 134 112
350 x 39 39,2 49,9 350 4,75 331 9,5 180 11351 649 15,08 712 924 103 4,3 156 11,5 267648 70 9,5 136 114
350 x 38 37,6 47,9 350 4,75 334 8 200 10834 619 15,04 680 1067 107 4,72 162 8 311904 70 12,5 133 111
350 x 42 42,2 53,7 350 4,75 331 9,5 200 12453 712 15,23 777 1267 127 4,86 192 12,6 367144 70 10,5 135 112
450 x 70 70,1 89,3 450 6,3 425 12,5 250 33946 1509 19,5 1652 3256 260 6,04 395 36,2 1557668 67 10 136 114
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
450 x 83 83,4 106,3 450 6,3 418 16 250 41523 1845 19,76 2011 4168 333 6,26 504 71,9 1962042 66 7,8 144 120
450 x 95 95 121 450 6,3 412 19 250 47818 2125 19,88 2315 4949 396 6,4 598 117,9 2297825 65 6,6 154 129
500 x 61 61,1 77,8 500 6,3 481 9,5 250 34416 1377 21,03 1529 2475 198 5,64 302 18,4 1488026 76 13,2 133 111
500 x 73 72,5 92,4 500 6,3 475 12,5 250 42768 1711 21,51 1879 3256 260 5,94 395 36,6 1934052 75 10 134 112
500 x 86 86 109,5 500 6,3 468 16 250 52250 2090 21,84 2281 4168 333 6,17 505 72,3 2440167 74 7,8 140 117
500 x 97 97,4 124,1 500 6,3 462 19 250 60154 2406 22,02 2621 4949 396 6,31 598 118,3 2861887 73 6,6 147 123
550 x 64 63,6 81 550 6,3 531 9,5 250 42556 1547 22,92 1728 2475 198 5,53 302 18,8 1806857 84 13,2 133 111
550 x 75 75 95,6 550 6,3 525 12,5 250 52747 1918 23,49 2114 3256 260 5,84 396 37 2351125 83 10 133 111
550 x 88 88,4 112,6 550 6,3 518 16 250 64345 2340 23,9 2559 4168 333 6,08 505 72,7 2970375 82 7,8 137 114
550 x 100 99,9 127,3 550 6,3 512 19 250 74041 2692 24,12 2935 4949 396 6,24 599 118,7 3487799 81 6,6 142 119
600 x 81 81,2 103,5 600 8 581 9,5 300 62768 2092 24,63 2358 4277 285 6,43 437 27,2 3726627 73 15,8 135 112
600 x 95 95 121 600 8 575 12,5 300 77401 2580 25,29 2864 5627 375 6,82 572 49,1 4853760 72 12 134 112
750 x 157 156,8 199,8 750 8 705 22,4 320 213953 5705 32,72 6209 12236 765 7,83 1158 252,2 16190941 88 7,1 137 114
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
750 x 170 169,6 216 750 8 700 25 320 233200 6219 32,86 6780 13656 854 7,95 1291 345,7 17941333 88 6,4 141 117
800 x 111 111,5 142 800 8 775 12,5 320 155074 3877 33,05 4351 6830 427 6,94 652 55,1 10584000 97 12,8 133 111
800 x 129 128,6 163,8 800 8 768 16 320 187573 4689 33,84 5194 8741 546 7,31 831 100,8 13427365 96 10 132 110
800 x 143 143,3 182,6 800 8 762 19 320 214961 5374 34,31 5910 10380 649 7,54 985 159,7 15823202 95 8,4 133 111
800 x 160 160 203,8 800 8 755 22,4 320 246374 6159 34,77 6714 12237 765 7,75 1159 253 18492653 94 7,1 135 113
800 x 173 172,7 220 800 8 750 25 320 268458 6711 34,93 7325 13657 854 7,88 1292 346,6 20501333 94 6,4 139 115
850 x 120 120,5 153,5 850 8 825 12,5 350 190878 4491 35,26 5025 8936 511 7,63 779 59,9 15662913 103 14 132 110
850 x 139 139,3 177,4 850 8 818 16 350 231269 5442 36,11 6009 11437 654 8,03 993 109,8 19881309 102 10,9 131 109
850 x 155 155,4 198 850 8 812 19 350 265344 6243 36,61 6845 13581 776 8,28 1177 174,2 23439511 102 9,2 131 110
850 x 174 173,6 221,2 850 8 805 22,4 350 304467 7164 37,1 7784 16010 915 8,51 1385 276,4 27408286 101 7,8 133 111
850 x 188 187,6 239 850 8 800 25 350 331998 7812 37,27 8499 17868 1021 8,65 1544 378,7 30397705 100 7 136 113
900 x 124 123,6 157,5 900 8 875 12,5 350 216973 4822 37,12 5414 8936 511 7,53 780 60,7 17588938 109 14 132 110
1100 x 235 235,3 299,8 1100 9,5 1050 25 400 669562 12174 47,26 13368 26674 1334 9,43 2024 447,4 77041667 111 8 132 110
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
1200 x 200 200,2 255 1200 9,5 1168 16 450 630844 10514 49,74 11765 24308 1080 9,76 1646 156,7 85162752 123 14,1 131 109
1200 x 221 220,9 281,4 1200 9,5 1162 19 450 720523 12009 50,6 13304 28865 1283 10,13 1950 239,5 100618930 122 11,8 130 108
1200 x 244 244,4 311,3 1200 9,5 1155 22,4 450 823984 13733 51,45 15039 34028 1512 10,46 2294 370,8 117942387 122 10 129 108
1200 x 262 262,4 334,3 1200 9,5 1150 25 450 897121 14952 51,8 16360 37977 1688 10,66 2557 502,3 131051514 121 9 130 108
1200 x 307 307,3 391,5 1200 9,5 1137 31,5 450 1084322 18072 52,63 19634 47849 2127 11,06 3215 971,1 163303047 120 7,1 132 110
1300 x 237 237,5 302,5 1300 12,5 1268 16 450 805914 12399 51,62 14269 24321 1081 8,97 1670 206,5 100155852 101 14,1 137 114
1300 x 258 258,1 328,8 1300 12,5 1262 19 450 910929 14014 52,64 15930 28877 1283 9,37 1973 289,2 118379952 101 11,8 135 113
1300 x 281 281,4 358,5 1300 12,5 1255 22,4 450 1032190 15880 53,66 17800 34040 1513 9,74 2317 420,4 138823863 100 10 134 111
1300 x 299 299,3 381,3 1300 12,5 1250 25 450 1117982 17200 54,15 19227 37989 1688 9,98 2580 551,8 154307373 100 9 134 111
1300 x 344 343,9 438,1 1300 12,5 1237 31,5 450 1337847 20582 55,26 22763 47861 2127 10,45 3238 1020,3 192449947 99 7,1 135 112
1400 x 260 259,8 331 1400 12,5 1368 16 500 1032894 14756 55,86 16920 33356 1334 10,04 2053 226,6 159621333 109 15,6 136 113
1400 x 283 282,8 360,3 1400 12,5 1362 19 500 1169143 16702 56,96 18917 39606 1584 10,48 2428 318,5 188729474 109 13,2 134 112
1700 x 358 358,2 456,3 1700 12,5 1650 25 500 2221576 26136 69,78 29445 52110 2084 10,69 3189 629,9 365315755 132 10 133 111
BITOLA Massa EIXO X - X EIXO Y - Y Esbeltez λr
Área d tw h tf bf It Cw
mm x kg/m Linear Ix Wx rx Zx Iy Wy ry Zy Alma - Aba - MR250 AR350
λw λf
Kg/m cm2 mm mm mm mm mm cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm3 cm cm3 cm4 cm6 d'/tw bf/2tf
1700 x 408 407,9 519,6 1700 12,5 1637 31,5 500 2649532 31171 71,41 34653 65652 2626 11,24 4001 1150,5 456732322 131 7,9 132 110
1700 x 454 453,8 578,1 1700 12,5 1625 37,5 500 3038582 35748 72,5 39424 78151 3126 11,63 4751 1866 539825439 130 6,7 132 110
1700 x 507 507,4 646,4 1700 12,5 1611 44,5 500 3485268 41003 73,43 44945 92735 3709 11,98 5625 3045,2 635209745 129 5,6 134 112
1800 x 348 348,1 443,4 1800 12,5 1755 22,4 500 2340384 26004 72,65 29534 46695 1868 10,26 2869 490,4 368650539 140 11,2 134 112
1800 x 368 368 468,8 1800 12,5 1750 25 500 2527539 28084 73,43 31758 52112 2084 10,54 3193 636,4 410237630 140 10 133 111
1800 x 418 417,7 532,1 1800 12,5 1737 31,5 500 3009158 33435 75,2 37283 65653 2626 11,11 4005 1157 513120604 139 7,9 132 110
1800 x 464 463,6 590,6 1800 12,5 1725 37,5 500 3447378 38304 76,4 42346 78153 3126 11,5 4755 1872,6 606719971 138 6,7 132 110
1800 x 517 517,2 658,9 1800 12,5 1711 44,5 500 3950984 43900 77,44 48208 92736 3709 11,86 5629 3051,7 714266777 137 5,6 133 111
1800 x 465 465,4 592,9 1800 16 1737 31,5 500 3162016 35134 73,03 39923 65684 2627 10,53 4049 1283,3 513120604 109 7,9 136 113
1800 x 511 511 651 1800 16 1725 37,5 500 3597089 39968 74,33 44949 78184 3127 10,96 4798 1998,5 606719971 108 6,7 136 113
1800 x 564 564,3 718,8 1800 16 1711 44,5 500 4097080 45523 75,5 50770 92767 3711 11,36 5672 3177,1 714266777 107 5,6 137 114
1900 x 429 428,6 546 1900 16 1850 25 500 3041613 32017 74,64 37128 52146 2086 9,77 3243 776,8 457763672 116 10 138 115
Perfis I Série S
y tf
h
x
tw
bf
Perfis cantoneira
xg
h
to
x yg
min
Série Polegada
Peso rz
h h t t Área Ix=Iy Wx=Wy rx=ry xg
Nominal mín.
pol mm kg/m pol mm cm² cm4 cm³ cm cm cm
1/2” 12,70 0,55 1/8” 3,18 0,70 0,10 0,11 0,37 0,25 0,43
5/8” 15,88 0,71 1/8” 3,18 0,90 0,20 0,19 0,47 0,32 0,51
3/4” 19,05 0,87 1/8” 3,18 1,11 0,36 0,27 0,57 0,38 0,59
7/8” 22,20 1,04 1/8” 3,18 1,32 0,58 0,38 0,66 0,46 0,66
1” 25,40 1,19 1/8” 3,18 1,48 0,83 0,49 0,79 0,48 0,76
1,73 3/16” 4,76 2,19 1,25 0,66 0,76 0,48 0,81
2,22 1/4” 6,35 2,84 1,66 0,98 0,76 0,48 0,86
1.1/4” 31,75 1,50 1/8” 3,18 1,93 1,67 0,82 0,97 0,64 0,89
2,20 3/16” 4,76 2,77 2,50 1,15 0,97 0,61 0,97
2,86 1/4” 6,35 3,62 3,33 1,47 0,94 0,61 1,02
1.1/2” 38,10 1,83 1/8” 3,18 2,32 3,33 1,15 1,17 0,76 1,07
2,68 3/16” 4,76 3,42 4,58 1,64 1,17 0,74 1,12
3,48 1/4” 6,35 4,45 5,83 2,13 1,15 0,74 1,19
1.3/4” 44,45 2,14 1/8” 3,18 2,71 5,41 1,64 1,40 0,89 1,22
3,15 3/16” 4,76 4,00 7,50 2,30 1,37 0,89 1,30
4,12 1/4” 6,35 5,22 9,57 3,13 1,35 0,86 1,35
2” 50,80 2,46 1/8” 3,18 3,10 7,91 2,13 1,60 1,02 1,40
3,63 3/16” 4,76 4,58 11,70 3,13 1,58 1,02 1,45
4,74 1/4” 6,35 6,06 14,60 4,10 1,55 0,99 1,50
5,83 5/16” 7,94 7,42 17,50 4,91 1,53 0,99 1,55
6,99 3/8” 9,52 8,76 20,00 5,73 1,50 0,99 1,63
2.1/2” 63,50 4,57 3/16” 4,76 5,80 23,00 4,91 1,98 1,24 1,75
6,10 1/4” 6,35 7,67 29,00 6,40 1,96 1,24 1,83
7,44 5/16” 7,94 9,48 35,00 7,87 1,93 1,24 1,88
8,78 3/8” 9,52 11,16 41,00 9,35 1,91 1,22 1,93
3” 76,20 5,52 3/16” 4,76 7,03 40,00 7,21 2,39 1,50 2,08
7,29 1/4” 6,35 9,29 50,00 9,50 2,36 1,50 2,13
9,07 5/16” 7,94 11,48 62,00 11,60 2,34 1,50 2,21
10,71 3/8” 9,52 13,61 75,00 13,60 2,31 1,47 2,26
14,00 1/2” 2,70 17,74 91,00 18,00 2,29 1,47 2,36
3.1/2” 88,90 8,56 1/4” 6,35 10,90 83,70 13,00 2,77 1,76 2,46
10,59 5/16” 7,94 13,50 102,00 16,00 2,75 1,75 2,52
12,58 3/8” 9,52 16,00 121,00 19,20 2,75 1,75 2,58
4” 101,60 9,81 1/4” 6,35 12,51 125,00 16,40 3,17 2,00 2,77
12,19 5/16” 7,94 15,48 154,00 21,30 3,15 2,00 2,84
14,57 3/8” 9,52 18,45 183,00 24,60 3,12 2,00 2,90
16,80 7/16” 11,11 21,35 208,00 29,50 3,12 1,98 2,95
19,03 1/2” 12,70 24,19 233,00 32,80 3,10 1,98 3,00
5” 127,00 12,34 1/4” 6,35 15,73 251,63 27,09 4,00 2,53 3,41
15,31 5/16” 7,94 19,50 308,00 33,40 3,97 2,53 3,47
18,30 3/8” 9,52 23,29 362,00 39,50 3,94 2,51 3,53
24,10 1/2” 1,27 30,64 470,00 52,50 3,91 2,49 3,63
29,80 5/8” 15,88 37,80 566,00 64,00 3,86 2,46 3,76
23,52 7/16” 11,11 26,96 416,68 45,71 3,93 2,50 3,58
Série Métrica
Perfis U
h
x
to
tf
xg
h to b Área Ix Wx ix Iy Wy iy xg
Perfil
mm mm mm cm² cm4 cm² cm cm4 cm³ cm cm
3"x 6,1 76,2 4,32 35,8 7,78 68,9 18,1 2,98 8,2 3,32 1,03 1,11
3"x 7,4 76,2 6,55 38,0 9,48 77,2 20,3 2,85 10,3 3,82 1,04 1,11
3"x 8,9 76,2 0,04 40,5 11,4 86,3 22,7 2,75 12,7 4,39 1,06 1,16
4"x 8,0 101,6 4,57 40,1 10,1 159,5 31,4 3,97 13,1 4,61 1,14 1,16
4"x 9,3 101,6 6,27 41,8 11,9 174,4 34,3 3,84 15,5 5,10 1,14 1,15
4"x 10,8 101,6 8,13 43,7 13,7 190,6 37,5 3,73 18,0 5,61 1,15 1,17
6"x 12,2 152,4 5,08 48,8 15,5 546 71,7 5,94 28,8 8,06 1,36 1,30
6"x 15,6 152,4 7,98 51,7 19,9 632 82,9 5,63 36,0 9,24 1,34 1,27
6"x 19,4 152,4 11,1 54,8 24,7 724 95,0 5,42 43,9 10,5 1,33 1,31
6"x 23,1 152,4 14,2 57,9 29,4 815 107,0 5,27 52,4 11,9 1,33 1,38
8"x 17,1 203,2 5,59 57,4 21,8 1356 133,4 7,89 54,9 12,8 1,59 1,45
8"x 20,5 203,2 7,70 59,5 26,1 1503 147,9 7,60 63,6 14,0 1,56 1,41
8"x 24,2 203,2 10,0 61,8 30,8 1667 164,0 7,35 72,9 15,3 1,54 1,40
8"x 27,9 203,2 12,4 64,2 35,6 1830 180,1 7,17 82,5 16,6 1,52 1,44
8"x 31,6 203,2 14,7 66,5 40,3 1990 196,2 7,03 92,6 17,9 1,52 1,49
10"x 22,7 254,0 6,10 66,0 29,0 2800 221 9,84 95,1 19,0 1,81 1,61
10"x 29,8 254,0 9,63 69,6 37,9 3290 259 9,31 117,0 21,6 1,76 1,54
10"x 37,2 254,0 13,4 73,3 47,4 3800 299 8,95 139,7 24,3 1,72 1,57
10"x 44,7 254,0 17,1 77,0 56,9 4310 339 8,70 164,2 27,1 1,70 1,65
10"x 52,1 254,0 20,8 80,8 66,4 4820 379 8,52 191,7 30,4 1,70 1,76
12"x 30,7 304,8 7,11 74,7 39,1 5370 352 11,7 161,1 28,3 2,03 1,77
12"x 37,2 302,8 9,83 77,4 47,4 6010 394 11,3 186,1 30,9 1,98 1,71
12"x 44,7 304,8 13,0 80,5 56,9 6750 443 10,9 214 33,7 1,94 1,71
12"x 52,1 304,8 16,1 83,6 66,4 7480 491 10,6 242 36,7 1,91 1,76
12"x 59,6 304,8 19,2 86,7 75,9 8210 539 10,4 273 39,8 1,90 1,83
15"x 50,4 381,0 10,2 86,4 64,2 13100 688 14,3 338 51,0 2,30 2,00
15"x 52,1 381,0 10,7 86,9 66,4 13360 701 14,2 347 51,8 2,29 1,99
15"x 59,5 381,0 13,2 89,4 75,8 14510 762 13,8 387 55,2 2,25 1,98
15"x 67,0 381,0 15,7 91,9 85,3 15650 822 13,5 421 58,5 2,22 1,99
15"x 74,4 381,0 18,2 94,4 94,8 16800 882 13,3 460 62,0 2,20 2,03
15"x 81,9 381,0 20,7 96,9 104,3 17950 942 13,1 498 66,5 2,18 2,21