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MORGANA DA CRUZ

O GUIA
PRÁTICO DA
PROFESSORA
DO AEE
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 05

INTRODUÇÃO 13

CAPÍTULO 1: O AEE NA PERSPECTIVA


DA RESOLUÇÃO 04 DE 2009 16
O que é o AEE? 17
Qual a função do AEE? 18
Público alvo do AEE 18
Formação e atribuições do professor
do AEE 20
A sala de recurso multifuncional 22
A importância de conhecer a legislação
da Educação Especial e Inclusiva 23
Vou trabalhar no AEE, o que fazer
primeiro? 23

CAPÍTULO 2: QUAL O CAMINHO


A PERCORRER ATÉ O PRIMEIRO
ATENDIMENTO? 25
Documentos pertinentes no AEE 26
O modelo de cada documento 28
O que fazer no primeiro
atendimento? 32
CAPÍTULO 3: O PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO NO AEE. 34
A BNCC e as práticas pedagógicas
no AEE. 36
Como planejo os meus
atendimentos. 41
A importância da hora-atividade
no AEE. 45
Avaliação diagnóstica 45

CAPÍTULO 4: O LÚDICO, A ADAPTAÇÃO


CURRICULAR E O CURRÍCULO 48
FUNCIONAL NATURAL
A importância da valorização e do
respeito ao professor do AEE 50
Por que é importante conhecer as
deficiências? 51
A adaptação curricular como
estratégia de aprendizagem. 51
Conhecendo o Currículo Natural
Funcional 56

CAPÍTULO 5: FIZ O MEU ATENDIMENTO


O QUE DEVO FAZER DEPOIS? 68
A importância dos registros no AEE 68
O que observar no meu aluno? 69
Avaliação pedagógica no AEE 71
Relatórios pedagógicos para
profissionais 75

CONSIDERAÇÕES FINAIS 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
Olá, prazer…
Sou a Professora Morgana Silva da Cruz,
tenho 33 anos, sou casada e tenho um filho
de 2 anos e 3 meses. Moro em Urussanga,
Santa Catarina. Amo a natureza e estudar.
Sempre fui uma aluna nota 10 e muito
comprometida com meus estudos. No
trabalho, não é diferente. Sempre estou
em busca de conhecimento para poder
contribuir com meus alunos, professores e
famílias e agora, também com professores
que tem o mesmo objetivo que eu, evoluir
sempre.

Comecei a trabalhar aos 15 anos,


vendendo lingeries e lençóis. Aos 18 anos,
em 2008 comecei a trabalhar em uma
empresa como estagiária do setor do
Almoxarifado. Fui contratada após seis
meses de estágio para atuar no setor de
compras. Trabalhei até 2010 e neste
mesmo ano, iniciei a minha trajetória na
Educação. Tive o prazer de trabalhar por
4 anos em uma Escola Especial, uma
experiência que me trouxe muito
conhecimento, empatia e senso de
superação. Nas escolas regulares,
trabalhei como professora titular e
também como segunda professora.
05
No final de 2015, surgiu a oportunidade de
fazer um Concurso Público. Me inscrevi
para concorrer a uma vaga de professor
do AEE. Logo comecei a estudar e fiz a
prova em meados de janeiro de 2016. Tive
o prazer de ser aprovada em primeiro
lugar e assumir a vaga no dia 16 de
fevereiro de 2016. Como em todo serviço
novo, estava eu com frio na barriga de
conhecer a nova escola, mais ao mesmo
tempo com a sensação de alívio por poder
ter um trabalho fixo e, melhor ainda, fazer
o que me faz bem: trabalhar com a
Educação Inclusiva.

Nesta escola trabalhava todas as manhãs.


Minha sala era espaçosa porém,
desorganizada. Era um amontoado de
jogos e brinquedos feitos de materiais
reciclados e boa parte deles, eram muito
mal elaborados e sem clareza de qual a
sua utilidade. Aos poucos, fui começando a
organizar o ambiente, jogando para a
reciclagem àquilo que não fazia mais
sentido. Arrumei cada armário, anotando
o que tinha de recurso. Fiz muitos recursos
novos e bem feitos, para que tivessem
bastante durabilidade. Quando cheguei no
armário arquivo, tive a maior surpresa:

06
não havia documentos dos alunos
atendidos nos anos anteriores.

Sim, precisei começar do zero, pois era


como não houvesse alunos em
atendimentos nos anos anteriores. Precisei
reestruturar o meu AEE em todos os
aspectos: físico, pedagógico e técnico.
Comecei a estudar e a conversar com
professores que trabalhavam ou já haviam
trabalhado em Salas de recursos, li muitos
livros e fiz cursos diversos na área, que me
permitiram ir aperfeiçoando a minha
prática.
Foi fácil? Não. Por muitas vezes chorei
sozinha, até porque, sou a única
professora do AEE de minha escola. Na
rede, somos somente em duas.

Me sentia sozinha e sem com quem


partilhar as dificuldades que tinha. Mesmo
assim, continuei, errei muito e fui
corrigindo a minha prática e também, meu
modo de ser. Me tornei aquela mais
apaixonada do que nunca, pelo meu
trabalho e meu alunos. Respeitando e
amando cada um com suas
especificidades, entendo o modo de
aprender e interagir com seus pares e o
mundo. Sou aquela sonhadora que
07
acredita que podemos tornar nossas
escolas cada vez mais Inclusivas.

Em 2020, assim como todos, eu também


tive que enfrentar o medo do trabalho
online. A pandemia nos fez se reinventar
profissionalmente. Na ocasião, já no final
de abril, fui convidada pela secretária de
Educação do município na qual eu
trabalho, para fazer uma formação para
os estagiários de inclusão, logo aceitei e
organizei tudo. Foram 16 estagiários
inicialmente na formação, que acontecia
nas segundas e sextas-feiras as 8:00 da
manhã. Na segunda-feira, eu fazia a
explanação do tema inclusivo e lançava
uma tarefa que precisava ser entregue por
email. Na sexta-feira, era o dia do
feedback da tarefa dada e dúvidas que
surgiram durante a semana.

A formação foi um sucesso e ao final de


dois meses, veio o acréscimo de mais
estagiários, aumentando
consideravelmente o grupo a ser atendido
por mim. Éramos 93 em julho e todos com
muita ânsia por conhecimento e as
discussões ficavam cada vez mais cheias
de conteúdos. Fomos até o dia 13 de
novembro de 2020. Pois no dia 14, estava
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agendada a minha cesárea. Foi um misto
de sentimentos, pois meu coração era só
gratidão, pois era muito prazeroso
compartilhar meu conhecimento e minhas
vivências da Educação Especial e Inclusiva
com tantos jovens afoitos por me ouvir.

Foi neste momento que a minha mente se


abriu para novos horizontes, percebendo
que por meio da tecnologia eu poderia
construir uma rede de professores que
possuem os mesmos objetivos que eu: lutar
por uma educação mais empática e
inclusiva. Foi aí que eu percebi, que dessa
forma eu não estaria mais sozinha e que
eu teria muito para contribuir com os
professores. Passei a minha licença
maternidade estudando e lendo e
obviamente, cuidando do João Maurício.
No dia 10 de junho de 2021, já retornando
ao trabalho, recebo uma ligação de meu
pai, dizendo que não era para eu ir na
casa dele, pois ele havia acabado de sair
do laboratório e testado positivo para o
COVID, logo me deu uma tristeza e um
medo enorme.

No dia 13, domingo. Peguei o carro,


coloquei o João na cadeirinha e fui até na
frente da casa dos meus pais. Lembro
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como se fosse hoje, meu pai dizendo para
eu não entrar, pois tinha muito medo que
eu e o João pegasse o vírus. Meu pais se
debruçava na janela, e dizia que não
estava bem e que teria que ir no hospital,
logo me ofereci, ele não aceitou e foi
sozinho para o hospital, duas horas depois
a enfermeira ligou e avisou que ele ficaria
internado e que teríamos que levar roupas
e buscar o carro, assim fizemos. Tínhamos
notícias somente uma vez por dia e pela
enfermeira, tornando a aflição maior. No
dia 17 a noite meu pai teve que ser
entubado e no dia 18 às 15:30 horas deu
entrada na UTI. Nesse momento meu
mundo caiu no chão, as dúvidas e
incertezas me tomaram. Trabalhava e
minha cabeça estava bastante confusa e
pensativa.

Os próximos meses foram de muita


tristeza e resiliência, precisei por muitas
vezes me fazer forte e tinha comigo
sempre que eu precisa de alguma forma
partilhar o meu conhecimento. Comecei
2022, com a ideia de me reinventar
profissionalmente e foi nessa procura, que
encontrei a Sabrina e sua mentoria, não
pensei duas vezes. Logo comprei e iniciei o
curso. Foi no dia 19 de Fevereiro de 2022
10
que nasceu o perfil profissional
@morganadacruzz, que foi criado com o
intuito inicial de trabalhar a Educação
Inclusiva, aos poucos foi afunilando o
Nicho e hoje falo com muita alegria e
prazer para professores de AEE, segundo
professores, professores titulares,
coordenadores de inclusão. Inclusive, se
ainda não conhece o meu Instagram, já
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11
Gratidão a cada um de vocês, estamos
juntos para cada vez mais lutar pelos
direitos de aprendizagem da pessoa com
deficiência e por uma escola mais
Inclusiva! Recebam o meu carinho e
respeito, sentindo-se abraçados!

Com carinho,
Professora Morgana

Urussanga, SC 04 de fevereiro de 2023

12
INTRODUÇÃO
Falar em Inclusão vem em minha mente o
incluir de verdade em nossas escolas, o
aluno com deficiência, o aluno com
dificuldade ou transtorno de
aprendizagem, o aluno em vulnerabilidade
social, o negro, o indígena, o imigrante,
enfim todos os alunos que não se
encaixam em um padrão pré-construído
por uma sociedade que julga, humilha,
discrimina e mata.

O aluno com deficiência, assim como


tantos outros, necessitam ter seus direitos
respeitados e encontrar professores que
verdadeiramente os incluam em ações
pedagógicas significativas. Que os
considerem como alunos que querem
aprender e aprendem. Aprendem os
conteúdos curriculares, se expressam e
constroem coletivamente uma
aprendizagem cheia de desafios.
13
Não podemos aceitar nos dias de hoje
somente o “respeito”, o “aceitar” ou
“tolerar”, isso deve ser o mínimo,
precisamos ir além disso, planejando
ações pedagógicas que ensinem e incluam
verdadeiramente o nosso aluno. Não
podemos também aceitar, o discurso de
que “a escola não está preparada para
atender e entender a inclusão”. Como
assim? E quando estará preparada? A
partir do momento que todos se sentirem
responsáveis em consolidar a prática
pedagógica inclusiva e perceber a
inclusão como meio para alcançar uma
sociedade mais justa e tolerante.

Por isso, necessitamos de professores que


abracem a causa da inclusão. Da inclusão
que protege, acolhe e ensina, respeitando
a forma de aprender e acima de tudo, que
proponha formas diferenciadas de
ensinar. Nossos alunos não necessitam de
julgamento e muito menos de “pena”. A
inclusão já esteve mais distante de ser real,
não somente nas escolas mas também na
sociedade. Distante de ser ideal, pois
mesmo nas escolas há preconceito no
trabalho com a pessoa com deficiência.

14
O educador precisa se sentir parte do
processo inclusivo e torná-lo um momento
sempre natural, considerando o ser
humano antes da deficiência. Lembrar que
ali tem uma criança, adolescente ou
jovem, que necessita ser aceito e
compreendido na sua totalidade, que o
professor que ali está, acredite em suas
habilidades e potencialidades, garantindo
uma aprendizagem significativa. Portanto,
considero importante ter em mente que
todo ser humano aprende e tem direito a
aprender, então, proporcione um currículo
adaptado, recursos e atividades diversas.

Independente da vaga que você esteja,


seja na sala regular como segundo
professor (professor de apoio) ou no AEE,
faça a inclusão acontecer. Lute, defenda,
ame os nossos aluno, pois é por eles que
estamos trabalhando.

15
CAPÍTULO 1
O AEE NA PERSPECTIVA DA
RESOLUÇÃO 04 DE 2009
Para termos um trabalho de sucesso
precisamos termos conhecimento técnico e
embasado em legislações, visando atender
nossos alunos e familiares com qualidade
e eficiência, por isso, é importante
conhecer as legislações que permeiam o
trabalho na Educação Especial, na
educação Inclusiva e no AEE. Para o
trabalho no AEE, é de fundamental
importância conhecer a Resolução Nº 4,
DE 2 DE OUTUBRO DE 2009 que institui
Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na
Educação Básica, modalidade Educação
Especial.

Agora, vamos conhecer as entre linhas da


Resolução 4 de 2009:
16
O que é o AEE?
O AEE (Atendimento Educacional
Especializado) é um serviço da Educação
Especial ofertado na escola regular,
realizado em Sala de Recursos
Multifuncionais.

Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente,


na sala de recursos multifuncionais da
própria escola ou em outra escola de
ensino regular, no turno inverso da
escolarização, não sendo substitutivo às
classes comuns, podendo ser realizado,
também, em centro de Atendimento
Educacional Especializado da rede pública
ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos, conveniadas com a Secretaria
de Educação ou órgão equivalente dos
Estados, Distrito Federal ou dos
Municípios.

Art. 6º Em casos de Atendimento


Educacional Especializado em ambiente
hospitalar ou domiciliar, será ofertada aos
alunos, pelo respectivo sistema de ensino,
a Educação Especial de forma
complementar ou suplementar.

17
Qual a função do AEE?
Art. 2º O AEE tem como função
complementar ou suplementar a formação
do aluno por meio da disponibilização de
serviços, recursos de acessibilidade e
estratégias que eliminem as barreiras para
sua plena participação na sociedade e
desenvolvimento de sua aprendizagem.

Público alvo do AEE:


I – Alunos com deficiência: aqueles que
têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, intelectual, mental ou
sensorial.
II – Alunos com transtornos globais do
desenvolvimento: aqueles que apresentam
um quadro de alterações no
desenvolvimento neuropsicomotor,
comprometimento nas relações sociais, na
comunicação ou estereotipias motoras.
Incluem-se nessa definição alunos com
autismo clássico, síndrome de Asperger,
síndrome de Rett, transtorno
desintegrativo da infância (psicoses) e
transtornos invasivos sem outra
especificação.

18
III – Alunos com altas
habilidades/superdotação: aqueles que
apresentam um potencial elevado e
grande envolvimento com as áreas do
conhecimento humano, isoladas ou
combinadas: intelectual, liderança,
psicomotora, artes e criatividade.

Art. 7º Os alunos com altas


habilidades/superdotação terão suas
atividades de enriquecimento curricular
desenvolvidas no âmbito de escolas
públicas de ensino regular em interface
com os núcleos de atividades para altas
habilidades/superdotação e com as
instituições de ensino superior e institutos
voltados ao desenvolvimento e promoção
da pesquisa, das artes e dos esportes.

Uma das mais polêmicas mudanças no


DSM 5- (O Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª
edição ou DSM-5 é um manual diagnóstico
e estatístico feito pela Associação
Americana de Psiquiatria para definir
como é feito o diagnóstico de transtornos
mentais.), é a inclusão da Síndrome de
Asperger e de todas as variantes do
Autismo em apenas uma classificação, que
passa a ter graus de severidade e não de
19
divisões. Essas variações são os chamados
Transtorno do Espectro Autista.

E o TDAH? Na lei 14254/21, de 30 de


novembro de 2021, é novíssima. Dispõe
sobre o acompanhamento integral para
educandos com dislexia ou Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade
(TDAH) ou outro transtorno de
aprendizagem. Porém em seu texto não
deixa claro se é público alvo do AEE. Quem
precisa fazer isso são os municípios
regulamentando a lei, criando assim
diretrizes para que ela se efetive. Por isso
se faz importante, observar as leis do
município e estado na qual você trabalha.

Formação e atribuições do
professor do AEE

Art. 12. Para atuação no AEE, o professor


deve ter formação inicial que o habilite
para o exercício da docência e formação
específica para a Educação Especial.

Art. 13. São atribuições do professor do


Atendimento Educacional Especializado

20
I – identificar, elaborar, produzir e
organizar serviços, recursos pedagógicos,
de acessibilidade e estratégias
considerando as necessidades específicas
dos alunos público-alvo da Educação
Especial;
II – elaborar e executar plano de
Atendimento Educacional Especializado,
avaliando a funcionalidade e a
aplicabilidade dos recursos pedagógicos e
de acessibilidade;
III – organizar o tipo e o número de
atendimentos aos alunos na sala de
recursos multifuncionais;
IV – acompanhar a funcionalidade e a
aplicabilidade dos recursos pedagógicos e
de acessibilidade na sala de aula comum
do ensino regular, bem como em outros
ambientes da escola;
V – estabelecer parcerias com as áreas
intersetoriais na elaboração de estratégias
e na disponibilização de recursos de
acessibilidade;
VI – orientar professores e famílias
sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo aluno;
VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva
de forma a ampliar habilidades funcionais
dos alunos, promovendo autonomia e
participação;
21
VIII – estabelecer articulação com os
professores da sala de aula comum,
visando à disponibilização dos serviços,
dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade e das estratégias que
promovem a participação dos alunos nas
atividades escolares.

A sala de recurso multifuncional

O Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de


2008 nos traz o que é a Sala de recurso
Multifuncional:

Art. 3º O Ministério da Educação prestará


apoio técnico e financeiro às seguintes
ações voltadas à oferta do atendimento
educacional especializado, entre outras
que atendam aos objetivos previstos neste
Decreto:

§ 1º As salas de recursos multifuncionais


são ambientes dotados de equipamentos,
mobiliários e materiais didáticos e
pedagógicos para a oferta do
atendimento educacional especializado.

22
A importância de conhecer
a legislação da Educação
Especial e Inclusiva
Como professor do AEE, é imprescindível
conhecer a legislação da Educação
Especial e Inclusiva. Conhecer e estudá-la
para atuar com segurança na orientação
de professores e famílias, com
embasamento técnico e teórico. O
conhecimento de leis também nos permite,
ampliar horizontes relacionados a prática
mais inclusiva, consciente da formação
cognitiva e social do aluno com
deficiência.

Vou trabalhar no AEE, o que


fazer primeiro?
Ao chegar em uma escola para assumir a
vaga no AEE, procure conversar com a
orientação ou direção da escola para
saber como era o funcionamento da sala
nos anos anteriores. Além disso, conheça a
sua sala e os recursos que você terá
disponível para seus atendimentos.
Passear pela escola, conhecendo os
espaços e as turmas. Dessa forma, o
23
professor já conhece os alunos típicos e
atípicos da unidades escolar.

É importante também, estudar e ler sobre


Educação Especial e Inclusiva, sobre o
Atendimento Educacional Especializado e
seus desafios, conhecer as legislações
sobre essas temáticas, garantindo ações
pautadas em conhecimento técnico e
pedagógico. Veja alguns documentos
importantes para serem estudados:

Política Nacional de Educação Especial


na Perspectiva da Educação Inclusiva/
2008;
Resolução 04/2009;
Lei Brasileira de Inclusão Nº
13.146/2015;
Coleção Saberes e práticas da Inclusão
(publicação do MEC)

24
CAPÍTULO 2
QUAL O CAMINHO
A PERCORRER ATÉ O
PRIMEIRO ATENDIMENTO?
Comece conhecendo os alunos que serão
atendidos no AEE. Para isso, vá até o
secretário escolar e peça a lista dos alunos
matriculados com deficiência. Com essa
lista, você verificará o arquivo da sala e o
que tem de documento de cada aluno
(fichas, laudos, avaliações), lendo cada um
com muita atenção.
Depois de ler esses documentos, chame
cada família em horário pré-agendado
para realizar a entrevista (anamnese). No
final da entrevista, converse com a família
ofertando um horário para o atendimento,
entregando a ficha de autorização e de
uso de imagem para serem assinadas.

25
Documentos pertinentes no AEE.
Veja quais são esses documentos que
precisamos construir no AEE e sua
importância:
Anamnese: Entrevista que tem por
objetivo, reunir dados do desenvolvimento
do aluno com deficiência na concepção,
durante e após a gestação;

Autorização: Para frequentar o AEE,


contendo dia ou dias da semana e o
horário, deve conter a assinatura dos pais
ou responsáveis;

Ficha de presença: ela tem por objetivo


registrar a frequência dos atendimentos,
além disso, cada atendimento o aluno
escreve o seu nome por completo,
memorizando a escrita dele. Aqui é
necessário estabelecer uma regra,
deixando claro para o responsável que
três faltas consecutivas sem justificativa,
pode perder a vaga no AEE e a mesma ser
disponibilizada para outro aluno.
Importante sensibilizar para a vinda no
atendimento e da importância de não
faltar. Faltar apenas quando necessário;

26
Ficha de desistência: Utilizada quando a
família ou o responsável não quer a vaga
no AEE ou possui muitas faltas sem
justificativa. (documento que protege o
professor e a escola);

Autorização do uso de imagem:


Importante os pais ou responsáveis
assinarem junto a autorização para
frequentar o AEE (utilizo essas imagens
apenas para uso escolar, nunca em redes
sociais);

Estudo de caso: São dados reunidos em


um relatório com informações relevantes
da vida escolar do educando com
deficiência;

Avaliação Diagnóstica: Tem por objetivo


registrar as habilidades e dificuldades do
aluno com deficiência;

PDI ou PEI: Plano de Desenvolvimento


Individual ou Plano Educacional Individual.
Tem por objetivo reunir os dados da
avaliação diagnóstica, registrar os
objetivos e habilidades e traças o plano de
intervenção;

27
Planejamento: Planejar as atividades e
jogos que serão utilizados em cada
atendimento;
Registro de observação dos atendimentos:
Todo atendimento deve ser registrado
como forma de percebermos os
progressos na aprendizagem, facilitando
assim, a construção da avaliação
descritiva Pedagógica do Educando;

Avaliação Descritiva: Reunir informações


acerca do processo evolutivo de cada
educando, podendo ser semestral ou até
mesmo anual;

O modelo de cada documento.

28
29
30
31
O que fazer no
primeiro atendimento?
O primeiro dia de aula, o primeiro
atendimento sempre traz uma pontinha de
ansiedade, mesmo que você seja um
profissional experiente, pois cada turma ou
aluno são únicos. Por isso, neste primeiro
atendimento, faça o que estiver em seu
alcance para acolher bem o seu aluno. Ele
precisa se sentir bem e seguro. É o
momento, de estabelecer vínculo afetivo,
pautado no respeito e na empatia, fazer os
combinados, criando uma rotina visual.
Apresente a sala para o aluno e faça uma
proposta de atividade lúdica. O momento
é de cativar!
É importante dar oportunidade para o
aluno expressar seus gostos e adaptar isso
na rotina do atendimento, intercalando
entre o que o aluno gosta e o que é
necessário para a sua aprendizagem. Isso
se chama empatia, se colocar no lugar
dele, verificando o seu gosto para adaptar
nas atividades pedagógicas. Jogos são
ótimos para estabelecer vínculo afetivo e

32
conhecer o aluno, percebendo quais as
dificuldades e habilidades que precisam
serem estimuladas.

33
CAPÍTULO 3
O PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO NO AEE.
Com base nas dificuldades e
potencialidades em destaque na
Avaliação Diagnóstica você terá
subsídios para iniciar planejamento
pedagógico. É importante não deixar
passar nada e ser bastante cuidadoso no
levantamento das informações, para que
o planejamento seja o mais adequado à
realidade do aluno.

E aqui trago uma pergunta que sempre


chega no perfil. O planejamento do
professor do AEE é diferente do professor
da turma? A resposta é sim. O
planejamento do AEE é diferenciado
para tornar acessível o currículo escolar.

34
Sendo assim, o que deve ser feito é
identificar junto com o professor regular e
o seu planejamento, o que é importante
trabalhar com o aluno, quais habilidades é
importante estimular, respeitando assim,
seu tempo de aprendizagem. É por isso
que é tão importante a articulação de
todos os profissionais da educação.
Professor regente, Professor de Apoio,
Professor de Sala de Recursos, orientador,
diretor escolar. Cada um deles, dentro de
sua área de competência, terá
contribuições importantes para o
desenvolvimento do trabalho pedagógico.

Ao pensar no planejamento pedagógico


nossa preocupação principal deve ser
focar em organizar o espaço, o tempo, os
materiais, as atividades, as estratégias de
trabalho e, ainda, propor novas ações a
partir da reflexão do trabalho diário e do
que foi identificado.

O planejamento precisa ser flexível, com


possíveis aperfeiçoamentos das práticas
metodológicas e pedagógicas e da
autoanálise do seu trabalho. É importante
garantir que o aluno seja protagonista da
sua própria aprendizagem podendo falar,
ouvir, brincar, ler histórias, desenhar,
35
pintar, comer, criar e recriar, promovendo
o contato com o conhecimento. Ao
planejar, precisamos considerar os
conteúdos a serem ensinados e
estabelecidos na BNCC, conforme o ano
escolar.

O planejamento também proporciona


identificar as condições a eficácia das
estratégias educacionais, do espaço físico,
do horário e do calendário escolar.
Possibilita também a adoção, a execução,
a avaliação e o aperfeiçoamento das
demais diretrizes. E finalmente, a prática
educativa deve sempre estar carregada
de intencionalidade, pois é ela que produz
resultados educacionais satisfatórios.

A BNCC e as práticas
pedagógicas no AEE.
A Base Nacional Comum Curricular - BNCC
é o documento que determina os direitos
de aprendizagem de todo aluno que cursa
a Educação Básica no Brasil. Isso significa
que o aluno da educação especial também
deve ter acesso a esses direitos de
aprendizagem.

36
A Base apresenta uma lista de 10
Competências Gerais que devem ser
desenvolvidas com o objetivo de levar as
escolas a deixarem de ser apenas
transmissoras de conteúdo, mas que apoie
o estudante diante das questões que eles
vivenciam em áreas como: emocional,
cultural, tecnológica, socioambiental,
responsabilidades, criatividades, entre
outros.

Essas competências devem ser vistas pelo


professor como componentes que passam
todas as áreas de conhecimento e etapas
da educação. Devem serem aplicadas no
trabalho que é desenvolvido na educação
especial e não podem deixar de fazer
parte da rotina que é aplicada em nossos
AEEs.

A Base Nacional Comum Curricular - BNCC


é o documento que define os direitos de
aprendizagem de todo aluno que cursa a
Educação Básica no Brasil. Isso significa
que o aluno com deficiência também deve
ter acesso a esses direitos de
aprendizagem, por isso é importante fazer
referência a BNCC no nosso PDI.

37
Vamos as competências?

10 competências Gerais da BNCC

1. CONHECIMENTO: Valorizar e utilizar os


conhecimentos historicamente construídos
sobre o mundo físico, social, cultural e
digital para entender e explicar a
realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.

2. PENSAMENTO CIENTÍFICO, CRÍTICO E


CRIATIVO: Exercitar a curiosidade
intelectual e recorrer à abordagem
própria das ciências, incluindo a
investigação, a reflexão, a análise crítica,
a imaginação e a criatividade, para
investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas
e criar soluções (inclusive tecnológicas)
com base nos conhecimentos das
diferentes áreas.

3. REPERTÓRIO CULTURAL: Valorizar e


fruir as diversas manifestações artísticas
e culturais, das locais às mundiais, e
também participar de práticas
diversificadas da produção
artístico-cultural.
38
4. COMUNICAÇÃO: Utilizar diferentes
linguagens – verbal (oral ou
visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital – bem
como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para
se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em
diferentes contextos, além de produzir
sentidos que levem ao entendimento
mútuo.

5. CULTURA DIGITAL: Compreender,


utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais (incluindo as
escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva.

6. TRABALHO E PROJETO DE VIDA:


Valorizar a diversidade de saberes e
vivências culturais, apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias
do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao
39
seu projeto de vida, com liberdade,
autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

7. ARGUMENTAÇÃO: Argumentar com


base em fatos, dados e informações
confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.

8. AUTOCONHECIMENTO E
AUTOCUIDADO: Conhecer-se, apreciar-se
e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo- se na diversidade
humana e reconhecendo suas emoções e
as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas.

09. EMPATIA E COOPERAÇÃO: Exercitar a


empatia, o diálogo, a resolução de
conflitos e a cooperação, fazendo-se
respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade
40
de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, suas identidades, suas culturas e
suas potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.

10. RESPONSABILIDADE E CIDADANIA: Agir


pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência
e determinação, tomando decisões com
base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários.

Como planejo os
meus atendimentos.
E enquanto vamos organizando em nossa
hora-atividade as documentações dos
nossos alunos, precisamos ir fazendo
atendimentos e observações, mesmo não
tendo construído ainda o PDI. Pois os
atendimentos não podem parar e o nosso
aluno precisa continuar se desenvolvendo.

No Atendimento Educacional Especializado


atendemos o aluno individual ou no
máximo em três alunos, juntando alunos
com deficiências e dificuldades
semelhantes.

41
Com o planejamento não é diferente.
Podemos planejar um atendimento e ao
final dele analisarmos se esse atendimento
contempla um outro aluno.

E como planejamos um atendimento?

1º tenha em mente o tempo desse


atendimento.

2º tenha o cronograma de alunos em


mãos, conforme o dia da semana.

3º Planeje conforme os alunos atendidos


naquele dia;

Ex:
Segunda-feira
Matutino:
Pedro
Maria
João

Vespertino:
Joana
Nicolas

Então, planeje por dia, aluno por aluno.

42
Pedro
Autista nível 1 + TDAH- 5° ano
Entregue a ficha de presença para ser
assinada.

Proposta:

- 6 situações problemas envolvendo


multiplicação e divisão;
- Leitura do livro como se fosse dinheiro de
Ruth Rocha;

Objetivos:

- Estimular a leitura em voz alta, bem


como a interpretação das situações
problemas;
- Organizar o cálculo seguindo o conceito
do sistema de numeração decimal -
Unidade- dezena- centena;
- Construir a resposta por meio da
sistematização das ideias, considerando o
sistema de escrita e sua hipótese;
- Favorecer a oralidade por meio da
expressão da opinião diante do livro
proposto.

43
Outra exemplo de planejamento:

Cada professor deve definir qual melhor


modelo de planejamento se adapta, além
de definir se fará ele manuscrito em um
caderno ou digitado. O que importa
mesmo, é que seja planejado
atendimentos que venham ao encontro
das necessidades de aprendizagem dos
nossos alunos.

44
A importância da
hora- atividade no AEE.
Todo professor tem direito a
hora-atividade, assim é com o professor
da que trabalha com o Atendimento
Educacional Especializado, pois como
qualquer outro professor, ele precisa
planejar seus atendimentos, construir as
documentações para cada aluno e até os
recursos pedagógicos. A Lei que ampara a
hora-atividade de todo professor, a Lei
11.738/ 2008.

Avaliação diagnóstica.
A Avaliação Diagnóstica Inicial é um
instrumento importantíssimo para o início
do trabalho pedagógico. É através dela
que o professor terá condições
pedagógicas de levantar as necessidades
de aprendizagem do aluno. Não é um
instrumento para julgar o que o aluno não
sabe, mas para o professor ter um ponto
de partida para iniciar seu planejamento.

É a partir dela, por exemplo, que é possível


identificar o potencial, as habilidades e
também as limitações do aluno para que
45
seja possível elaborar a melhor estratégia
de acompanhamento e de
desenvolvimento educacional. Assim, o
professor vai ter subsídios para levá-lo aos
níveis mais elevados de ensino e garantir o
acesso de qualidade à educação.

Você vai encontrar a seguir uma sequência


de referências para a elaboração de uma
Avaliação Diagnóstica Inicial. Elas são
apenas um parâmetro, uma bússola para
uma melhor compreensão do
conhecimento escolar do aluno.

Essas são apenas sugestões que servirão


de norte para pensar em como propor a
avaliação diagnóstica inicial, mas você
pode acrescentar a elas outras
informações que forem necessárias. Esse é
o momento que o professor terá para
levantar, trabalhar e aprofundar no
conhecimento sobre o aluno, sobre suas
necessidades de adaptação, suas
limitações e suas potencialidades.

1. Funções Cognitivas: é a percepção,


atenção, memória, linguagem,
raciocínio lógico.

46
2. Funções Interpessoal/ Afetivo / Social:
autoimagem, autoestima, autonomia,
independência, sociabilidade.

A avaliação diagnóstica pode conter:

Identificação;
Escrita;
Leitura;
Raciocínio Lógico;
Percepção Visual.

47
CAPÍTULO 4
O LÚDICO, A ADAPTAÇÃO
CURRICULAR E O CURRÍCULO
FUNCIONAL NATURAL
Utilizar o lúdico como recurso pedagógico
no AEE é uma forma importante para
estabelecer e fortalecer vínculo com o
aluno, além de observar as habilidades
cognitivas e comportamental. Usar o
lúdico é uma forma divertida de ensinar
algo para alguém, fugindo das
metodologias tradicionais. Os jogos, as
histórias, as músicas e brincadeiras livres
contribuem para o estímulo do processo de
aprendizagem.
48
O lúdico tem sua origem na palavra
latina "ludus" que quer dizer "jogo”.
Se achasse confinado a sua origem,
o termo lúdico estaria se referindo
apenas ao jogar, ao brincar, ao
movimento espontâneo. O lúdico
passou a ser reconhecido como
traço essencial de psicofisiologia do
comportamento humano. De modo
que a definição deixou de ser o
simples sinônimo de jogo. As
implicações da necessidade lúdica
extrapolaram as demarcações do
brincar espontâneo.
(ALMEIDA, 2004, p.40)

A definição dada por Almeida nos leva


refletir sobre a grande importância do
lúdico no processo de aprendizagem,
como uma ação pedagógica intencional
do professor, encontrando o mesmo como
mediador deste processo, auxiliando o
educando na exploração de diferentes
formas, cores ou tamanhos.

O lúdico possibilita o estudo da relação do


ser humano com o mundo, integrando
estudos específicos na formação de sua
personalidade. Por meio da atividade
49
lúdica, o aluno forma conceitos, seleciona
ideias, estabelece relações lógicas e, o
mais importante, se socializa com o meio
na qual está inserida. A utilização do
lúdico como recurso didático deve ser
pensada e organizada pelo professor
passo a passo, considerando as
potencialidades e individualidade de cada
criança.

A importância da valorização e
do respeito ao professor do AEE
O respeito e a própria valorização do
professor do AEE começa por nós mesmos,
valorizando o nosso trabalho e fazendo o
melhor pelo nosso aluno. Por isso, falo
muito da importância do empoderamento,
baseado na construção de conhecimento
técnico e pedagógico.

A postura do professor fala muito sobre


ele. Não ser provedor de discórdia e fofoca
já é um grande passo para o
empoderamento. A fofoca na qual eu falo,
é o fato de falar de alunos e professores,
demonstrando a falta de ética. Outro
detalhe importante, é o cuidado com a
aparência, e não falo de vestir ou calçar

50
roupas de marcas, mas de manter-se com
a aparência que transmita seriedade e
profissionalismo.

Por que é importante


conhecer as deficiências?
Estudar as deficiências é fundamental
para conhecer as características e o
funcionamento da aprendizagem,
garantindo o manejo e o planejamento
mais focado em estratégias para evoluir
na aprendizagem do aluno com
deficiência.

A adaptação curricular como


estratégia de aprendizagem.
As adaptações curriculares estão
relacionadas às possibilidades
educacionais de atuar diante das
dificuldades de aprendizagem dos alunos.
Ela beneficia o desenvolvimento escolar do
aluno e permite que eles participem, em
conformidade com suas particularidades,
da maioria das atividades comuns a toda
a turma. A sala de aula é o principal lugar
onde acontece o processo de ensino

51
aprendizado.É nela também, que acontece
a convivência entre alunos e professores. É
por isso, que a escolarização não pode
acontecer aleatoriamente, mas deve ser
mediada por processos que envolvem
organização da rotina, dos métodos, das
estratégias e dos recursos pedagógicos
que vão garantir que o aprendizado
realmente vai acontecer. Por isso, em
algum momento serão necessárias
adaptações ao currículo regular para
torná-lo apropriado aos alunos da
Educação Especial.

Documentos que asseguram o direito a


adaptações curriculares

RESOL. CNE/CEB 02 DE 11/2001 - ART 8º III –


Flexibilizações e adaptações curriculares
que considerem o significado prático e
instrumental dos conteúdos básicos,
metodologias de ensino e recursos
didáticos diferenciados e processos de
avaliação adequados ao desenvolvimento
dos alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais, em consonância
com o projeto pedagógico da escola,
respeitada a frequência obrigatória.
LBI 13.146/2015 – ART. 28-

52
III- projeto pedagógico que institucionalize
o atendimento educacional especializado,
assim como os demais serviços e
adaptações razoáveis, para atender às
características dos estudantes com
deficiência e garantir o seu pleno acesso
ao currículo em condições de igualdade,
promovendo a conquista e o exercício de
sua autonomia;
V – adoção de medidas individualizadas e
coletivas em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social dos
estudantes
XV - acesso da pessoa com deficiência, em
igualdade de condições, a jogos e a
atividades recreativas, esportivas e de
lazer, no sistema escolar;
XVI - acessibilidade para todos os
estudantes, trabalhadores da educação e
demais integrantes da comunidade escolar
às edificações, aos ambientes e às
atividades concernentes a todas as
modalidades, etapas e níveis de ensino.
O Currículo adaptado inclui não só o aluno
com deficiência, mais também os alunos
com dificuldade ou transtorno de
aprendizagem, alunos em vulnerabilidade
social, o imigrante, entre outros. A
adaptação curricular é dividida em dois
grupos: grande porte e de pequeno porte.
53
Documentos que asseguram o direito
a adaptações curriculares

Grande porte são ajustes que necessitam


de aprovação técnica, política e
administrativa (financeiro para custear) do
município, estado ou do governo Federal
para serem colocadas em prática, como:
adequações no espaço físico da escola,
aquisição de móveis ou equipamentos
tecnológicos, número de alunos por turma.

Pequeno porte são adaptações feitas no


currículo que são de responsabilidade do
professor. Tais adaptações tem por
objetivo garantir que o aluno com
deficiência aprenda o conteúdo previsto
para a turma na qual está inserido, como:
adaptações de atividades e jogos,
trabalhos em dupla ou equipe.

Veja um exemplo:

54
E não esqueça: ADAPTAR O CONTEÚDO
NÃO É DIFÍCIL, É TRABALHOSO!

55
Conhecendo o Currículo
Natural Funcional

De acordo com LeBlanc (1992),


um currículo desenhado para
desenvolver ao máximo as potencialidades
de uma pessoa portadora de necessidades
educativas especiais deveria ser um
conjunto dos objetivos a ensinar e
procedimentos de como ensinar.

Todo currículo deveria responder a três


perguntas básicas:

O Que Ensinar? OBJETIVOS


Para Que Ensinar? PRINCÍPIOS
NORTEADORES, FILOSOFIA
Como Ensinar? PROCEDIMENTOS
Tal currículo deveria ser também,
funcional, natural e divertido.

FUNCIONAL - no sentido de que as


habilidades (objetivos) que serão
ensinadas tenham função para a vida, que
possam ser utilizadas de imediato ou num
futuro próximo. O aluno poderá utilizar as
atividades aprendidas em sua própria vida
ou para contribuir em sua família ou
comunidade. Assim, não deveria ensinar,
56
despendendo energia do aluno para
aprender coisas que não têm significado
para a sua vida.

Como determinar o que é funcional?


Depende de diferentes fatores. Aquela
habilidade que pode ser considerada
funcional numa determinada comunidade,
poderá não ser em outra. Portanto, ao
eleger-se os objetivos funcionais para
ensinar, é necessário ter em mente aquilo
que a pessoa portadora de deficiência
necessita aprender para ser exitosa e
aceitável em seu meio, como qualquer
outra dessa mesma comunidade.

Um exemplo: Uma família de um jovem


portador de autismo de dezesseis anos,
cujo pai estava sempre sendo transferido
de um ponto do país a outro por questões
de trabalho elegeu, junto com a equipe de
professores, como habilidade necessária
para seu filho, aprender a comportar-se
em aeroportos e aviões. Para o jovem em
questão, ‘’aprender a portar-se bem em
aeroportos e aviões’’ representava uma
habilidade funcional. Para outro jovem de
dezesseis anos, de outra comunidade, que
não necessite tal habilidade de imediato
ou a médio prazo, ela não será funcional.
57
Em qualquer momento da vida, o jovem da
segunda hipótese poderia vir a necessitar
aprender essa habilidade que, nesse
momento, passaria a ser funcional para
ele.

Habilidades funcionais seriam, portanto,


todas as habilidades necessárias para
viver a vida de uma forma exitosa.
Incluem-se neste conjunto desde as
habilidades mais básicas até as
acadêmicas, como ler e escrever.
Habilidades como, por exemplo, identificar
cores, a princípio não nos parecem
funcionais, uma vez que na vida
dificilmente vamos dizer ‘’Aquele pote azul
tem açúcar’’. Diríamos tão somente:
‘’Aquele pote tem açúcar’’. Uma habilidade
como esta entretanto, pode tornar-se
necessária à vida do aluno, pode passar a
ter uma função para ele. Se este aluno vai
trabalhar numa loja de roupas e passa a
ter como tarefa organizar as roupas por
cores ou distribuí-las aos departamentos,
conforme as cores lhe sejam solicitadas,
nesse momento identificar cores passa a
ser funcional para esse aluno. É hora de
ensiná-lo.

58
Um ponto importante é que quando algo
tem sentido para nós, quando temos
necessidade de aprendê-lo para logo o
colocarmos em prática, aprendemos com
mais facilidade. Não é diferente para
nossos alunos. Quando falamos em
habilidades que tenham utilidade para a
vida, pode-se fazer a equivocada
interpretação de que falamos tão somente
de atividades de vida diária (AVDs), como
tomar banho, fazer higiene após o uso do
vaso sanitário, escovar dentes, comer
adequadamente, etc. Contudo, a proposta
trazida pelo Currículo Funcional Natural é
muito mais ampla. Trata-se de toda e
qualquer habilidade que uma pessoa
necessitará para ter êxito na vida, estar
melhor adaptada e ser mais aceitável em
seu meio. Nesta perspectiva, as
habilidades que comporão o currículo são
irrestritas.

Temos que ter em mente O QUÊ vamos


ensinar a nossos alunos. A pergunta
necessária é: Terá alguma utilidade para
sua vida? Se a resposta for negativa,
melhor buscarmos outra habilidade para
ensinar.

59
NATURAL - está relacionado ao ato de
ensinar. Às situações de ensino, materiais
selecionados e procedimentos utilizados,
bem como à lógica na execução das
atividades. O professor deveria encontrar
oportunidades de ensino que sejam
naturais, evitando situações artificiais. Por
exemplo, um aluno chega a escola às oito
horas com seu rosto lavado e dentes
escovados. A professora, porém, tem em
seu planejamento que às oito e meia
deverá ensinar a escovar dentes e assim
procede. Deveríamos nos perguntar: Qual
seria o momento mais natural para
ensiná-lo a escovar os dentes?
Logicamente após o lanche. Essa seria a
situação natural. Ele irá vivenciá-la muitas
outras vezes na vida e, por conseguinte,
generalizará o que aprendeu pela
possibilidade de relacionar com uma
situação real vivenciada.

Os materiais são parte importante dentro


dessa lógica. Eles deverão ser os mesmos
que usualmente as pessoas utilizam para a
mesma situação. Nunca esquecerei uma
professora que conheci certa vez. Ela me
mostrava o material que utilizava para
ensinar seus alunos especiais a darem laço
no tênis. Ela tinha um tênis de
60
aproximadamente quarenta centímetros
de largura todo feito de isopor!
Conversamos e perguntei-lhe como havia
ensinado a seus filhos a dar laço no tênis.
Respondeu-me que lhes ensinava quando
estavam preparando-se para irem a
escola ou para passear. Nesse momento,
tinham o tênis nos pés.

Havia, portanto, uma lógica, além do


material utilizado ser natural, real. Por
que, então ensinarmos as pessoas
especiais de outra maneira? Buscar um
enfoque natural para ensinar, significa
procurar caminhos mais naturais possíveis
para fazê-lo. Podemos ensinar o nome e
contar, utilizando formas naturais de
fazê-lo.

Natural também diz respeito à idade.


Deveríamos buscar trabalhar com adultos
utilizando materiais e situações destinados
a adultos, e com crianças, materiais
próprios para crianças. Assim não
apresentaríamos aos adultos jogos
infantis, nem os colocaríamos em situações
onde devam portar-se como crianças.

DIVERTIDO - Segundo LeBlanc, o ato de


aprender deveria ser reforçador em si
61
mesmo. Aprender deveria ser um prazer.
Nessa medida, as aulas enfadonhas estão
proibidas. O aluno deve gostar de fazer a
atividade proposta. Em outras palavras,
deve desejar estar envolvido. Deve querer
aprender.

Se o aluno não está se divertindo como o


que está fazendo, há uma grande
probabilidade de não querer permanecer
no ambiente de trabalho. Como já foi dito,
se a atividade é divertida, é mais fácil ao
aluno engajar-se nela. Assim, a
probabilidade de manifestação de
condutas inadequadas torna-se muito
menor. A atividade deve ser igualmente
divertida para o professor. Com seu
entusiasmo, ele terá maior possibilidade
de envolver a turma, além de não sentir-
se, ele mesmo, enfadado. Através de
atividades divertidas, os alunos poderão
aprender muitas habilidades e para o
professor será um prazer ensiná-las.

PRINCÍPIOS NORTEADORES

a) A Pessoa como centro: A filosofia que


orienta todas as ações dos profissionais e
familiares envolvidos no trabalho do CFN
tem como máxima o respeito à pessoa
62
portadora de necessidades educativas
especiais. Entendemos que a pessoa com
habilidades diferentes, conforme nomeia
Judith LeBlanc, deve ser tratada como
qualquer outra pessoa gostaria de ser.
Esse trato é chamado ‘’Trato de Pessoa’’
ou ‘’Trato Amigo’’. É definido pela máxima:
‘’Não devo fazer com os outros, aquilo que
não gostaria que fizessem a mim’’.

b) Concentração nas habilidades: Quando


falamos de concentração nas habilidades,
estamos dizendo: concentre sua
ação/atenção naquilo que a pessoa
portadora de deficiência pode fazer,
naquilo que ela faz bem. Que os
comportamentos inapropriados passem a
ser o fundo e as habilidades passem a ser
figura que detém a nossa atenção.
Quando nos concentramos nas habilidades
nossa tarefa de educar torna-se menos
árdua, uma vez que nosso olhar está
voltado para as possibilidades.

c) Todos podem aprender, visualizando


situações de ensino: “As maiores
dificuldades não estão na aprendizagem,
mas no ensino”. As pessoas portadoras de
deficiências podem aprender muitas
coisas, porém, o professor necessita
63
analisar qual a melhor forma de ensinar,
quais os melhores procedimentos, os
melhores materiais.

d) A participação da família no processo


de aprendizagem: A filosofia do CFN vê a
participação da família no processo
educacional da pessoa especial como
peça fundamental para o avanço da
mesma. LeBlanc (1990) atribui à família
70% do trabalho a ser desenvolvido e 30%
aos profissionais. É uma questão simples
se pensarmos que a maior parte do tempo
a pessoa especial esta com a família.
Mayo e LeBlanc (1990) consideram os pais
os melhores professores para seus filhos.

PROCEDIMENTOS: COMO ENSINAR?

O CFN está proposto como um conjunto


de habilidades a serem ensinadas e
procedimentos de ensino a serem
implementados pelo professor.

A partir do texto “Currículo para


comportamentos adequados e aquisição
máxima de habilidades” (LeBlanc, 1998),
são apontados dos procedimentos básicos
para que ocorra a aprendizagem:

64
1- O educador deve ensinar com
entusiasmo e motivação.
2- O tom de voz e a linguagem usada com
o aluno devem ser o mais natural possível,
sem gritos e tons muito altos.
3- As habilidades do aluno devem ser mais
enfatizadas que suas fraquezas. O “não”
deve ser pouco usado.
4- A atenção do aluno deve ser garantida
antes de ser dada uma ordem ou fazer um
pedido.
5- As ordens dadas devem ser claras.
6- As ordens dadas devem ser apenas
aquelas indispensáveis.
7- As ordens não devem ser repetidas mais
de duas vezes.
8- Deve ser dado um tempo suficiente
para a resposta do aluno.
9- O educador deve manter-se calmo.
10- O educador deve brincar e interagir
como um amigo com seu aluno.
11- Elogios devem ser descritivos, quando
necessário.
12- Ajudas físicas devem ser evitadas, de
forma a dar ao aluno a oportunidade de
fazer sozinho.
13- Os interesses do aluno devem ser
aproveitados para ensino de novas
habilidades.

65
Um currículo funcional natural é composto
de uma filosofia que norteie as práticas
educacionais, objetivos e procedimentos
de ensino que facilitem a apropriação, por
parte do aluno, daquilo que é ensinado. O
currículo também deve ser passível de
constante avaliação possibilitando ao
educador a análise constante do processo
de ensino-aprendizagem de modo que
possa perceber os avanços do aluno como
também os entraves que se apresentem. A
avaliação constante do processo de
ensinar conduz o professor a julgar a
eficácia dos procedimentos que vinha
utilizando os quais, talvez, necessitem ser
modificados.

E o que são habilidades?

Habilidades são características de um


indivíduo hábil. Ou, em outras palavras,
são aptidões. Quando alguém é capaz de
realizar uma tarefa bem feita, dizemos
que essa pessoa é habilidosa. Esse
adjetivo, por sua vez, remete a outras
qualidades, como inteligência, agilidade
e destreza.
As habilidades são determinadas
conforme a necessidade do que precisa
ser feito.
66
E como podemos pensar no currículo
funcional se temos a BNCC?

Nós enquanto professores do AEE,


precisamos definir prioridades do currículo
escolar do aluno, seguindo a BNCC, além
de priorizar aquilo que é funcional.
Podemos trabalhar de três a quatro
objetivos, intercalando entre objetivos da
BNCC e objetivos definidos pelo professor,
pré-estabelecidos no PDI. Por isso, a
importância de conhecer o aluno e suas
necessidades, estabelecendo o que é
pertinente ser aprendido por ele a curto e
médio prazo.

67
CAPÍTULO 5
FIZ O MEU ATENDIMENTO O
QUE DEVO FAZER DEPOIS?

Esse momento, é a oportunidade que o


professor tem de fazer o registro do que
aconteceu no atendimento, como o aluno
reagiu frente ao que foi proposto, se
realizou com autonomia. É importante não
esquecer de fazer sempre ao final de cada
atendimento, para não correr o risco de
esquecer algo importante

A importância dos
registros no AEE

O registro das observações é uma


ferramenta que auxiliará, posteriormente,
a construção da avaliação pedagógica

68
do AEE. A avaliação pedagógica deve ser
feita semestralmente ou anualmente.

Os registros devem ser feitos a cada


atendimento, sem deixar passar, para que
não haja esquecimento de detalhes
pertinentes. Recomendo que o
atendimento seja de uma hora, sendo 50
minutos para o atendimento e 10 minutos
para fazer o registro. Anote sempre a
essência do atendimento, aquilo que você
observou que foi mais relevante, tanto na
aprendizagem, quanto no comportamento.

O que observar no meu aluno?

Trago aqui as habilidades que devem


serem observadas no aluno, tanto na sala
de AEE quanto nos demais espaços da
Unidade escolar: sala de aula, pátio,
educação física, recreio, analisando como
manifesta as habilidades descritas.

COGNITIVO: Referem-se ao uso das


funções executivas, como: atenção,
concentração, memória, controle inibitório,
controle de impulsos, controle de
comportamentos, criatividade, resoluções
de problemas;
69
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:
Descrever detalhadamente como o aluno
faz uso e como se expressa em relação à
leitura e escrita, bem como qual é o apoio
dado ao mesmo nestas atividades.
Observar qual o nível de escrita, fluência
leitora, autonomia para a escrita,
compreensão do que foi lido.

SOCIOEMOCIONAIS: São habilidades de


autoconsciência, autogestão, consciência
social, habilidades de relacionamento e
tomada de decisão responsável.
Autoestima, empatia, autoconhecimento,
confiança, respeito, inteligência emocional,
resiliência.

PSICOMOTORAS: Referem-se a
habilidades de coordenação motora
global (ampla), coordenação motora
fina, lateralidade, organização
espaço-temporal e esquema corporal.

ORALIDADE: Escutar, falar, ler e escrever


são quatro habilidades básicas que nos
permitem agir socialmente no uso da
língua.

70
AUTONOMIA: Referem-se às habilidades
para fazer escolhas, tomar iniciativa,
cumprir planejamentos, atender aos
próprios interesses, cumprir tarefas,
resolver conflitos, defender-se,
explicar-se e solicitar ajuda.

Avaliação pedagógica no AEE


Avaliação deve considerar o
desenvolvimento do aluno enquanto o
processo de construção do conhecimento
acontece, e ainda, avaliar continuamente
os avanços e progressos alcançados. Ao
tornar contínuo o processo de avaliação,
o professor será capaz de acompanhar o
desenvolvimento e assim reavaliar a rota
de aprendizagem caso o aluno apresente
sinais de que não está avançando. Isso
porque, à medida que os alunos vão
desenvolvendo a aprendizagem, surgem
progressos, dificuldades e obstáculos não
previstos e a observação contínua
consegue ajustar o processo de
aprendizagem.

A prática de avaliar e reavaliar impede


que o não aprendizado do aluno só seja
detectado ao final de longos períodos,
71
inviabilizando a intervenção e contribuindo
para aumentar os índices de retenção e
reprovação.

O que posso considerar como avaliação

Dilação do tempo destinado à avaliação;


Uso de materiais concretos ou recursos
pedagógicos que facilitam o raciocínio;
Uso de recursos tecnológicos (lupa
eletrônica, calculadora, gravador,
computadores com softwares leitores de
telas, etc.);
Uso de recursos humanos (ledor ou
intérprete de Libras);
Adaptações na forma da avaliação
(ampliação da fonte, uso de desenhos, ou
pictogramas, provas em Braille ou em
outros meios de comunicação);
Adaptações no conteúdo da avaliação ou
até mesmo supressão de conteúdos
conforme a necessidade especial do aluno.

Mesmo o modelo mais tradicional de


avaliação pode ser usado se
considerarmos que ele pode ser adaptado
à necessidade do aluno.
Os tipos de avaliação na sala regular para
o aluno da inclusão são diversos,
avaliações orais, escritas, trabalhos e
72
observações. Já no AEE, considero a
observação e o registro como forma de
avaliação mais assertiva para o nosso
aluno com deficiência

AUTOAVALIAÇÃO E
AVALIAÇÃO COMPARTILHADA

Ouvir, quando for possível, o próprio aluno


e os seus colegas sobre as suas facilidades
e dificuldades na aprendizagem, propicia
ao professor refletir sobre o processo
de ensino.

Compartilhar suas considerações com a


família e até mesmo com outros
profissionais que ofertam o atendimento
traz ao professor a possibilidade de
conhecer a opinião de atores externos ao
processo que somada ao parecer dos
profissionais da educação, ajuda a
construir um processo educacional mais
próximo à realidade e necessidade dos
alunos.

AVALIAÇÃO DESCRITIVA

O relatório , parecer ou avaliação


descritiva consiste em um método de
avaliação da aprendizagem do aluno,
73
tendo em vista o desempenho apresentado
nas atividades de um determinado período
— bimestre, trimestre, semestre ou anual.

É importante lembrar que a comparação


do desempenho sempre é feita
considerando o estado inicial e seu estado
ao final do período estabelecido, em
outras palavras, como ele chegou e o que
ele alcançou.

Importante: Não entregue o resultado


alcançado pelo aluno apenas através de
uma nota ou conceito. Apresente para o
aluno e/ou familiar o desempenho que foi
alcançado e o quanto ele é capaz de
avançar. Mostre o que a nota alcançada
representa e qual foi a estratégia e
atividades desenvolvidas que o levaram
àquele resultado. Acompanhe o modelo
que utilizo:

74
Relatórios pedagógicos
para profissionais.

O relatório pedagógico dirigido para um


profissional, seja ele da educação ou da
saúde deve ter descrito nele questões
pedagógicas do processo de
aprendizagem do educando e
comportamentais. Deixando de fácil
entendimento como o aluno é.

Avaliações e relatórios precisam serem


claros e escritos respeitando a norma
ortográfica. É imprescindível passar por
mais de dois profissionais lendo o texto,
para garantir que chegue a família ou
75
outros profissionais, um texto que cumpra
o papel de descrever o aluno, garantindo a
reflexão e análise sobre sua aprendizagem
e seu comportamento.

76
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estar concluindo este e-book me traz uma
sensação de dever cumprido, pois sei que
de alguma forma estarei auxiliando você
com o meu conhecimento e a minha
prática. Procurei trazer esclarecimentos
em diversos aspectos importantes no AEE,
de forma clara e objetiva aquilo que
muitas vezes é visto como difícil.

Tratei de temas assertivos para qualificar


e facilitar a prática. Procurei escrever de
uma forma que respondessem muitas das
dúvidas dos professores que chegam até
no meu perfil, alegando que nunca
trabalharam no AEE, estão iniciando ou
até mesmo, trabalham a mais tempo e
possuem muitas dúvidas. É importante
dizer, que estar na sala de recurso me
possibilitou um crescimento profissional e
pessoal de uma forma bastante exitosa.
77
A construção desse processo foi cheia de
desafios, resiliência e muito estudo, para
criar e recriar o meu AEE, tudo testado e
aprovado por mim, que trabalho desde
2016 na sala. Quero reafirmar para você e
que fique na sua memória QUE TODO SER
HUMANO APRENDE E TEM DIREITO A
APRENDER. Partindo desse pressuposto,
teremos um caminho mais leve e sem
tantas cobranças, respeitando o tempo, a
forma e o espaço que cada aluno com
deficiência necessita para aprender.

Deixo também, um questionamento para


você refletir: eu faço a diferença na vida
do meu aluno com deficiência? Eu
proponho atividades que venham ao
encontro com o seu processo de
aprendizagem? Analise e responda com
todo o seu coração. Seja verdadeiro
consigo mesmo, pois só assim, as práticas
se tornaram mais inclusivas.

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INFORMAÇÕES DO CURSO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M.T.P. Jogos divertidos e


brinquedos criativos. Petrópolis: Vozes,
2004.

BRASIL. Ministério da Educação.


Parâmetros Curriculares Nacionais –
Adaptações Curriculares, Estratégias
para a educação de alunos com
necessidades educacionais especiais.
Brasília: MEC, 2003;

_________. Ministério da Educação.


Secretaria de Educação Especial.
Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica.
Secretaria de Educação Especial -
MEC/SEESP, 2001.

______. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil. Lei nº 13.146,
Brasília, 06 de julho de 2015.
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.


Câmara de Educação Básica. Resolução
CNE/CEB 2/2001. Diário Oficial da
União, Brasília, 11 de setembro de 2001.

SEESP/MEC. Saberes e práticas da


inclusão: avaliação para identificação
das necessidades educacionais
especiais. [2. ed.] / coordenação geral. -
Brasília: MEC, Secretaria de Educação
Especial, 2006. 92 p. (Série: Saberes e
práticas da inclusão).

Suplino, Maryse. Currículo funcional


natural: guia prático para a educação
na área do autismo e deficiência mental
- Brasília: Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, Coordenadoria
Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência; Maceió:
ASSISTA, 2005.

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