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Módulo 6 – Caixa de Mudanças e Caixa de Transferência.

Caixa de Mudanças

Fundamental de Serviço 145 Mercedes-Benz Global Training


Função/Objetivo.

• Adequar o torque e rotação provenientes do motor de acordo com as


necessidades de operação do veículo;
• Possibilitar o funcionamento do motor com o veículo parado.
• Inverter o sentido de rotação da árvore de transmissão em relação ao motor
• Possibilitar o ponto morto

As caixas de mudanças manuais são constituídas basicamente por engrenagens de


rodas dentadas. Para variar o fator de multiplicação, transmite-se a força motriz
através de diferentes pares de engrenagens.

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Fundamental de Serviço 146 Mercedes-Benz Global Training


Conceito.

A caixa de mudanças também é chamada tecnicamente de dispositivo de mudança


de torque. Ela permite-nos selecionar maior velocidade com menos torque, ou
pouca velocidade com grande torque, de acordo com as necessidade do
movimento.

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O torque (medido em Nm) é o produto de uma força fornecida por uma alavanca.
Quanto maior a alavanca, maior será o torque (força).

1t 1t

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As engrenagens operam como alavancas, de tamanhos maiores ou menores.


Quanto maior a engrenagem movida, maior será o torque, embora esteja em
rotação mais lenta. = 1t

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Fundamental de Serviço 147 Mercedes-Benz Global Training


Conceito.

A rotação de duas engrenagens do mesmo tamanho, com os mesmo número de


dentes, será de velocidade e torque idênticos.

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Uma engrenagem de dez dentes trabalhando com outra com trinta dentes, terá que Torque = Torque
dar três voltas para que a de trinta dentes dê uma volta. Esta chama-se redução Velocidade = Velocidade
três-por-um. O torque de saída será três vezes maior, desprezando-se a perda por
atrito. Isto denomina-se torque um-por-três. 30
Ex.: Redução e Torque 3 voltas 1 volta 10
+ velocidade - velocidade
- torque + torque
3 1 (Redução)
1 3 (Torque)

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A engrenagem que aciona é chamada de “motora” e a outra “movida”. Sempre que Motora
a engrenagem motora for menor que a movida existirá uma redução de velocidade e
uma multiplicação de torque na engrenagem movida.

Movida

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Fundamental de Serviço 148 Mercedes-Benz Global Training


Relação de redução.

A relação de redução é o fator que determina torque e a rotação de saída em uma


transmissão por engrenagens. O cálculo da relação de redução é feito da seguinte
forma:
10 26

nr. de dentes da engrenagem movida


Relação de Redução =
nr. de dentes da engrenagem motora
30 13
Ou

Movida F2009x0258.jpg
R=
Motora

30 26
R= R=
10 13

R = 3:1 x R = 2:1 = Relação de Redução 6:1

Neste exemplo a rotação diminui seis vezes tendo o torque aumentado na mesma
proporção.

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Relação de redução.

força

força

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Velocidade
Velocidade
Torque

torque

Exemplo: Bicicleta

A marcha engatada está desmultiplicando duas vezes, ou seja, a saída na roda está com uma velocidade duas vezes maior do que na entrada
“pedal”.

44 dentes
As caixas de mudanças que tem suas
+ Velocidade marchas fazendo desmultiplicação,
tem o nome de Overdrive (rotação de
- Torque saída maior que a da entrada).
22 dentes Ex.: 8ª H = 0,83 : 1

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Componentes.

Garfo de engate

Anel sincronizador
Luva de engate
Árvore primária

Árvore secundária
Constantes
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Engrenagem reversora

Árvore intermediária

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Componentes/Funcionamento.

Dentes Retos.

Existem engrenagens de dentes retos e dentes helicoidais. As engrenagens de dentes


retos geralmente são usadas em marchas que não necessitam serem utilizadas em
períodos de longo engrenamento, primeira marcha (caixas antigas), crawler e marcha-à-ré,
pelo motivo de as mesmas quando engrenadas produzirem ruído continuo (retos).

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Dentes helicoidais.

As engrenagens de dentes helicoidais, assim chamadas por possuírem seus dentes em


forma de hélice, são as mais utilizadas na maioria das caixas de mudanças existentes.

Ao contrário das engrenagens de dentes retos, são aplicadas para marchas menos
reduzidas e por conseguinte de período de engrenamento mais longo, engrenamento esse
mais perfeito e de funcionamento silencioso.

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Fundamental de Serviço 152 Mercedes-Benz Global Training


Componentes/Funcionamento .

Convém esclarecer, que peças que transmitem movimento de torção leva o nome de “árvore”.

F2009x0265.jpg F2009x0266.jpg F2009x0267.jpg

Árvore Primária Árvore Intermediária Árvore Secundária

“Eixo” é aquele que somente suporta uma ou mais peças, móveis ou não.
Exemplo: Eixo dianteiro, eixo traseiro, etc.

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Funcionamento.

Na caixa de mudanças, as engrenagens estão colocadas sobre árvores, dentro de


uma caixa fechada, banhada a óleo. Na maioria dos tipos, a árvore secundária é
suportada na extremidade dianteira por um mancal piloto ou rolamento localizado
dentro da árvore primária e a extremidade posterior ligada à árvore de transmissão
por meio de uma junta universal.

A árvore intermediária comporta uma engrenagem denominada “Constante”, que


está constantemente engrenada com a engrenagem motora principal da árvore
primária. Possui ainda outras engrenagens fixas que estão engrenadas ao seu par F2009x0262.jpg
correspondente na árvore secundária , denominadas “loucas”. Assim denominadas
por que estão apoiadas na árvore secundária sobre rolamentos. Portanto não
transmitem movimento à árvore secundária. Ao acionar a alavanca seletora de
marchas, seleciona uma determinada marcha, cuja luva de engate se movimenta
até fixar a engrenagem daquela marcha na árvore secundária, movimentando-a com
a relação de engrenagens desejada. Esta operação poderá, ou não, ser auxiliada por
anéis sincronizadores que controlam a velocidade das engrenagens até se
igualarem, evitando assim o choque e possíveis danos aos dentes das mesmas.

As combinações possíveis de engrenagens e o mecanismo de mudanças estão


dispostos de tal modo que quando a alavanca seletora de marchas está na posição
“neutra”, ou “ponto-morto”, não há ligação entre a árvore de manivelas e a árvore
de transmissão. Isto permite que o motor continue funcionando mesmo com a
embreagem inoperante, sem que seja transmitida rotação alguma à árvore de
transmissão e ao diferencial.

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Funcionamento.

A caixa de mudanças também permite que o veículo se movimente para trás


intercalando uma terceira engrenagem, a intermediária de marcha-à-ré, suportada
livremente por um eixo menor. Isto faz a engrenagem da árvore secundária girar em
direção oposta àquela em que giraria normalmente.

Um orifício, fechado por um bujão, serve para esgotar o óleo lubrificante da caixa (2). F2009x0269.jpg
O orifício de enchimento (1), também fechado por um bujão, está geralmente
localizado de modo a determinar o nível correto do óleo. As superfícies ao redor do
bujão de enchimento devem sempre ser cuidadosamente limpas antes de retirar o
bujão. Falta de cuidado, poderá fazer com que impurezas abrasivas penetrem na
caixa e causem avarias nos dentes das engrenagens, mancais ou rolamentos.

A parte externa da caixa de mudanças deve ser inspecionada periodicamente, para


verificar se há vazamentos. Quando houver indícios de vazamentos, a causa deverá
ser eliminada, e o nível de óleo verificado e completado quando necessário.

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Fluxo de Força.

A representação do fluxo do torque em uma caixa de mudanças de cinco marchas à frente e uma ré.

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1ª Marcha 2ª Marcha 3ª Marcha

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4ª Marcha 5ª Marcha 6ª Marcha

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Engrenamento. Luva de engate
Engrenagem
Corpo de engate secundária
Existem diferentes tipos de caixas de mudanças manuais, cuja diferença consiste
no mecanismo de engrenamento das marchas.

Engrenamento com garras constantes


Árvore
secundária
Mediante o deslocamento da luva, consegue-se o engrenamento do corpo de
engate com a engrenagem secundária.

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Engrenamento com sincronização


Luva de
acoplamento Engrenagem
Na caixa de mudanças, o dispositivo de sincronização se encarrega de igualar o secundária
número de rotações da árvore primária com a rotação de cada marcha, sem a Cubo de
sincronização
necessidade da dupla embreagem.

Árvore
secundária
Ao mover a luva de acoplamento, a partir da posição em neutro, para a direita ou
esquerda, o anel sincronizador é pressionado contra a engrenagem. O atrito entre
Anel
ambos iguala suas rotações, facilitando o engrenamento. F2009x0274.jpg
sincronizador

Anel sincronizador

Luva de F2009x0275.jpg
acoplamento Corpo de acoplamento

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Grupo Planetário (GP).

Com o Grupo Planetário consegue-se um maior número de marchas, duplica as marchas da caixa de mudanças de quatro marchas, de tal modo
que se obtenha um total de oito marchas à frente, sem contudo aumentar proporcionalmente suas dimensões.

Com o GP aplicado (1º H), teremos a disposição a Ré, 1ª, 2ª, 3ª e 4ª marchas. Por outro lado quando não usamos a redução do GP (2º H),
teremos a disposição a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª marchas.

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1º H 2º H
Grupo de Grupo redutor
transmissão (GP)

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Grupo Planetário (GP).
Planetárias
Anular
O conjunto planetário pode ser utilizado em caixas de mudanças com a finalidade de
realizar reduções.

A relação de redução de um conjunto planetário quando a engrenagem solar for


motora, é:

nr. de dentes da solar + nr. de dentes da anular


R = nr. de dentes da solar
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Solar

Quando a luva de acoplamento mover para o lado da placa de bloqueio, através da


ação pneumática, a engrenagem anular estará travada, obtendo a redução do GP.

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Movendo-se a luva de acoplamento para o lado do suporte da anular, estaremos


fixando a anular e o suporte da planetárias, tornando rígido as peças e relação será
1:1.

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Fundamental de Serviço 159 Mercedes-Benz Global Training


Grupo de desmultiplicador (GV).

Os veículos comerciais leves, em geral necessitam apenas de cinco ou seis marchas,


as quais podem ser acomodadas sem problemas em uma caixa de mudanças normal.

Obedecendo a este princípio de construção, no caso de aumentar o número de


velocidades, o comprimento da árvore secundária deveria ser aumentado demais,
ficando assim submetida a enormes esforços de torção. Por este motivo, são
utilizadas engrenagens redutoras adicionais antes e depois da caixa de mudanças. O
grupo anterior (GV), permite a duplicação do número de marchas do veículo, dividindo
em duas marchas cada uma das posições da caixa de mudanças, isso é feito através GV Caixa de Mudanças Básica
do botão “split” que está na alavanca de mudanças.
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As caixas de mudanças com grupos anteriores, são utilizadas para se obter um grande
número de reduções com pequenos intervalos de diferença.

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1o par constante 2o par constante

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Grupo de desmultiplicador (GV).

Abaixo segue exemplo do fluxo de força da 1ª marcha utilizando o1º par e 2º par constantes.

1a marcha Lenta 1a marcha Rápida


Alavanca de mudanças Alavanca de mudanças

Botão do Split para cima


Botão do Split para baixo

F2009x0283.jpg F2009x0284.jpg

Lenta (Low) 1ª marcha Rápida (High) 1ªmarcha

F2009x0285.jpg F2009x0286.jpg

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Grupo de desmultiplicador (GV) e Grupo Planetário GP.

A caixa de mudanças com GV e GP caracteriza-se por um escalonamento mais progressivo.


Este conjunto possibilita 16 marchas à frente.

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Grupo
desmultiplicador Grupo de Grupo redutor
(GV) transmissão (GP)

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Caixa de Transferência

Fundamental de Serviço 163 Mercedes-Benz Global Training


Caixa de transferência.

A caixa de transferência distribui a força motriz respectivamente para os eixos


propulsores traseiros e dianteiros, proporcionando tração para as quatro rodas do
veículo e também proporciona ao veículo duas opções de marchas: normal e
reduzida

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Fundamental de Serviço 164 Mercedes-Benz Global Training


Componentes.

Luva de engate da
reduzida.
Árvore primária, recebe o
torque da caixa de
mudanças.

Árvore intermediária,
recebe o torque da árvore
primária e transfere para as
Árvore secundária dianteira, árvores secundárias.
recebe o torque da árvore
intermediária e transfere para a
árvore de transmissão do eixo
dianteiro. F2009x0288.jpg

Árvore secundária traseira,


recebe o torque da árvore
intermediária e transfere
Luva de engate da para a árvore de transmissão
tração dianteira. do eixo traseiro.

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Acionamento.

Interruptor de acionamento da caixa de transferência.

Estrada

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Marcha Normal (1).

A marcha normal é indicada para operação do veículo em vias de solo firme e


regular, principalmente em rodovias pavimentadas.

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Fundamental de Serviço 166 Mercedes-Benz Global Training


Acionamento.

Interruptor de acionamento da caixa de transferência.

Tração Reduzida

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Marcha reduzida com acionamento dianteiro (3).

A marcha reduzida é indicada para operação do veículo em condições fora-de-estrada,


tais como: terrenos de topografia acidentada, carreadores espalhadas em canaviais,
terrenos de pouca coexistência e também, para vencer subidas íngremes com o veículo
carregado.

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Fundamental de Serviço 167 Mercedes-Benz Global Training


Acionamento.

Interruptor de acionamento da caixa de transferência.

Tração Desligada

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Neutro (2).

Nessa posição - 2 - veículo não terá torque de saída para as rodas.

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Fundamental de Serviço 168 Mercedes-Benz Global Training

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