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PATOLOGIA CLÍNICA 01

COLETA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS


PARA EXAMES LABORATORIAIS
Introdução Embalagens:
A coleta, acondicionamento e transporte são - Primária: embalagem que mantém contato direto com
importantes para preservar a integridade e a amostra;
estabilidade da amostra, auxiliando no diagnóstico - Secundária: embalagem externa da amostra, que está
de anormalidades orgânicas e na identificação de em contato com a embalagem primária ou envoltório
agentes. intermediário, podendo conter uma ou mais embalagens
Fases do processo analítico de amostras: primárias;
1. Fase pré-analítica: - Terciária: embalagem externa da amostra, que está
- Colheita; em contato com a embalagem secundária, podendo
- Acondicionamento; conter uma ou mais embalagens secundárias. A
- Transporte. Fase pré-analítica:
embalagem terciária precisa conter todas as
+ Maior porcentagem de erros informações de rotulagem constantes na embalagem
2. Analítica: (70%);
secundária, diferindo apenas na descrição da
+ Variação cronobiológica;
- Processamento; + Espécie, gênero e idade; quantidade do produto.
- Identificação; + Atividade física;
- Laudo e estocagem. + Jejum e dieta;
+ Uso de medicamentos.

3. Pós-analítica:
- Estudos;
- Dados epidemiológicos.

Os exames laboratoriais tem por finalidade reduzir + Não colocar a amostra em contato direto com a fonte de refrigeração;
dúvidas/conclusão; + Não misturar tipos de amostras em um mesmo recipiente
intermediário;
O sucesso e confiabilidade dos exames dependem
do histórico/anamnese/colheita e dos elevados
Identificação:
princípios de correção técnica.
- Formulário para solicitação de exames:
+ Informações do animal;
Biossegurança + Histórico;
Conjunto de procedimentos capaz de eliminar ou + Proprietário;
minimizar riscos que comprometem a saúde + Material;
+ Data.
humana, animal e do meio ambiente ou a qualidade
dos trabalhos;
EPI´s: Amostras sanguíneas
Máscara Jaleco, avental Calçado fechado Luvas Sangue: 8% do peso corporal de um animal;
impermeável
Espécie animal Local de venopunção

Cão Cefálica, jugular e safena

Gato Cefálica, jugular e safena

Bovino Jugular, caudal e mamária


Procedimentos gerais
Os procedimentos de colheita, acondicionamento e
Equino Jugular
transporte variando de acordo com o tipo de
amostra e com o exame solicitado.
Ovinos e caprinos Jugular

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PATOLOGIA CLÍNICA 02

COLETA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS


PARA EXAMES LABORATORIAIS
- Grandes animais: esterno, costela e ílio;
Suínos Cava anterior, marginal da orelha - Pequenos animais: esterno.

Coelhos Marginal da orelha, cardíaca 1


2

Métodos para obter uma amostra de sangue: 3

- Agulha direta: útil e rápido;


+ Contraindicações: contaminação.

- Seringa: 3mL;
+ Evitar pressão negativa/hemólise.

Principal fator de alteração: Procedimento


- Hemólise: - Tranquilização*, tricotomia e
+ Vácuo exagerado na coleta; antissepsia;
+ Impacto do jato de sangue no recipiente; - Introduzir agulha até a
+ Material úmido, sujo ou contaminado; penetração do osso, retirar o
estilete da agulha e aspirar c/
+ Choques térmicos, manuseio e má qualidade.
seringa;
- Esfregaços do material
colhido e restante em tubo de
ensaio com EDTA 10%
Amastigotas de Leishmania sp. extra e
intracelulares em medula óssea de cão

Fluído ruminal
Diagnóstico de doenças subclínicas;
Realizar 2-8h após a alimentação;
Sonda ruminal:
- Bomba de dupla via;
- Comprimento mínimo de 2,3m;
Soro:
- Flexível e pesada.
- Amostra de sangue sem anticoagulante;
- Centrifugação 2.500 a 3.500 rpm;
Ruminocentese:
- Amostra protegida da luz;
- Área de 10x10cm no flanco esquerdo;
- Demora de processamento = comprometimento.
- 20cm caudal a última costela.

Amostra de medula óssea Urina


Exame citológico; A coleta varia de acordo com a espécie;
Distúrbios da hematopoese; Analisar possíveis doenças sistêmicas ou do trato
Material: geniturinário;
- Tricótomo, iodo, álcool, gaze; Coleta:
- Tranquilizante (ou anestesia local); - Micção natural: grandes animais;
- Agulha; - Estimulação a micção: massagem na região;
- EDTA 10%; - Cateterismo vesical: necessidade rápida de colheita/
- Seringa 10 ou 20 mL; urolitíases;
- Lâminas vidro e tubos de ensaio. - Cistocentese: animais de pequeno porte/baixo custo;
+ Cultura bacteriana e antibiograma.
Local de coleta:
- Cão e gato: crista ilíaca (1), fossa trocantérica do
fêmur (2) ou parte proximal do úmero (3). @_ruthmvet_
PATOLOGIA CLÍNICA 03

COLETA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS


PARA EXAMES LABORATORIAIS
Modo de coleta: Toracocentese
- Recipiente limpo (vidro ou plástico); Colheita de líquido pleural;
- Estéril (isolamento bacteriano); Terapêutico para pneumotórax;
- Primeira urina da manhã; Diferenciar tipo de fluido:
- Processada imediatamente; - Hipoproteinemia;
- 1 a 4°C até 12h (5 a 10mL); - Pleurite, neoplasia torácica;
- Conservantes: tolueno, timol e formalina. - Insuficiência cardíaca;
- Derrame de linfa, hemorragia intratorácica;
Paracentese abdominal
Material: mesmo utilizado na paracentese
Colheita de líquido peritoneal;
abdominal.
Diferenciar tipo de fluído:
Procedimento:
- Hipoproteinemia;
- Decúbito lateral esquerdo ou esternal;
- Peritonite;
- Anestesia local;
- Neoplasia peritoneal;
- Agulha longa ou cateter no 7º ou 8º;
- Insuficiência cardíaca;
- Bordo cranial da costela, abaixo da articulação
- Perfuração de vias digestivas, ruptura de bexiga;
costo-condral;
- Hemorragia intraperitoneal, derrame de linfático.
- Evitar deslocamento agulha;
- Aspirar lentamente 5 a 10 mL;
Material:
- Tubo com EDTA.
- Álcool (éter etílico), iodo, gaze, tricótomo;
- Seringa 10 mL;
Coleta de liquor
- Agulha hipodérmica ou cateter IV ou cânula c/ ponta
romba de 9 cm (equinos); Avaliação do cérebro e medula espinhal;
- Tubo ensaio c/ EDTA 10%; Doença neurológica confirmada ou suspeita;
- Anestésico local ou sedativo (se necessário). Cães, gatos, bovinos e ovinos;
Cisterna cerebelo-medular: ¨cisterna magna¨;
Volume da amostra: 5 a 10 mL. - Articulação atlanto-occipital.
Local:
- Linha branca, caudalmente à cartilagem xifóide; Volume:
- 2,5 a 5 cm (cão); - Aspirar lentamente ou por gotejamento (sem
- 25 cm (equinos); contaminação com sangue);
- 4 a 10 cm (bovinos). - 10-20 gotas (filhotes);
- 0,5-1mL (gato);
Aspecto levemente turvo; - 0,5-3mL (cão), 5mL (grandes animais).
Coleta de dois ou mais tubos;
Necessidade de dosagens bioquímicas; Tubo de ensaio com EDTA e refrigerar
Cultivo bacteriano. imediatamente.

Animal com suspeita de PIF

Local da punção Fotomigrografia da análise citológica


do líquido demonstrando neutrófilos (A) Representação esquemática do ponto de punção da cisterna
íntegros e hemácias ao fundo magna; (B) Radiografia de Alouatta guariba com agulha inserida na
@_ruthmvet_ cisterna magna.
PATOLOGIA CLÍNICA 04

COLETA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS


PARA EXAMES LABORATORIAIS
Material para exames microbiológicos Material para exames virológicos
Cuidados na colheita: Fase aguda da doença;
- Antes do uso de medicamentos; Início da enfermidade;
- Antissepsia (contaminação com flora normal); Animal vivo ou logo após a sua morte;
- Melhor local de colheita; Secreções, fezes e sangue;
- Usar recipientes adequados; Fragmentos de órgãos ou tecidos:
- Estágio da doença/escolha do material; - Conservação: refrigeração;
- Tempo após morte do animal; - Não é recomendável o congelamento;
- Quantidade suficiente de material. - Glicerina tamponada;
- Líquido de Bedson ou líquido de Vallée.
Realizar duplicata ou triplicata;
Obter informações da lesão; Envio imediato para o laboratório;
Coletar amostra representativa; Assegurar a sobrevivência e isolamento;
Rejeição da amostra: Swab: Stuart, Amies e Cary blair.
- Urinas coletadas há mais de 24 horas;
- Frascos não estéreis/ Swab seco; Material para exames parasitológicos
- Anaeróbias (inapropriadas). Endoparasitos:
- Mínimo de 20g de fezes;
Fragmentos dos órgãos; - Refrigerados;
Vísceras Não autolisados;
Refrigeração até 48h; Ectoparasitos/sarnas:
- Raspagem.
Swab;
Exame direto e cultura; Material para exames histopatológicos
Secreções diversas
Meio de cultura; Colhidas na necropsia/ não congelados;
Refrigeração.
Formol a 10%.

Punção; Material para exames toxicológicos


Pus e líquidos patológicos Antissepsia;
Tóxicos ou plantas;
Refrigeração.
Coleta de sangue, ramos, frutos, flores e exsicata;
Complementar os exames clínico-patológicos.
Material fúngico:
Acondicionamento e transporte
- Somente após suspensão de medicação antifúngica
(15 a 30 dias); Amostras devem ser acondicionadas, identificadas e
- Informações do paciente; com formulário de solicitação de exames fixados;
- Antissepsia; Condição de refrigeração: 4°C – ideal para a maioria
- Pelo: das amostras;
+ Assepsia; Tempo de armazenamento após a análise:
+ Lâmina dermatológica, bisturi; - Hematologia/Coagulação: 5 dias;
+ Debridação da lesão. - Urinálise/Parasitologia: 2 dias;
- Bacteriologia: até 3 dias (em meio de conservação);
- Tecidos e órgãos: - Bioquímica: 2-4 dias;
+ Duas regiões bem demarcadas; - Imunologia: 2 dias.
+ Temperatura ambiente por até 24h.

Alimentos:
- Prontos para consumo: embalagens fechadas;

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PATOLOGIA CLÍNICA 01

CONSIDERAÇÕES SOBRE INTERPRETAÇÃO DE DADOS


LABORATORIAIS E DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS
Evitando erros pré-analíticos - Uso:
Colheita da amostras: + Alguns testes bioquímicos;
+ Como interfere na coloração do esfregaço sanguíneo, não
- Animal em jejum pelo menos 8h antes da colheita;
é recomendado para hemograma;
- Frasco de colheita adequado;
+ Retarda a coagulação do sangue por apenas 8h.
- Anticoagulantes adequados;
- Volume adequado; Citrato de sódio:
- Manuseio da amostras: - Tampa azul;
+ Identificação adequada;
- Modo de ação:
+ Nome, número, data e hora da colheita.
+ Quelante de cálcio com a formação de sais
insolúveis.
- Método apropriado para a espécie;
- Qualidade dos instrumentos e equipamentos; - Uso:
- Qualidade dos reagentes; + Provas de coagulação;
- Qualidade da técnica laboratorial; + Tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial
- Programa de controle de qualidade. ativada.

Anticoagulantes Sem coagulantes:


- Tampa vermelha;
EDTA:
- Sangue deixado em repouso;
- Tampa roxa;
- Uso:
- Modo de ação:
+ Análises bioquímicas comuns.
+ Reage através de seus dois radicais ácidos com cálcio
plasmático;
+ Forma um quelato com os elementos alcalino-terrosos, Alterações nas amostras
tornando-se insolúvel. Hemólise:
- Lise dos eritrócitos;
- Uso: - Consequentemente liberação da hemoglobina;
+ Recomendado rotina hematológica; - Ocorre no sangue circulantes (in vivo) e durante ou
+ Não interfere na morfologia celular; após a colheita (in vitro);
+ Preserva por até 24h quando refrigerado adequadamente.
- Pode causar interferência na cor durante a utilização
da espectrofotometria;
- Preservação:
- Principal fator de alteração:
+ Volume celular;
+ Amostra agitada em excesso;
+ Características morfológicas em esfregaços.
+ Choques térmicos;
Fluoreto de sódio: + Temperaturas extremas;
- Tampa cinza; + Manipulação brusca.
- Modo de ação:
+ Quelante de cálcio, com a formação de
- Pode causar:
sais insolúveis. + Falso aumento na concentração da substância mensurada;
+ Resultado de concentrações ou de atividades enzimáticas
falsos;
- Uso:
+ Níveis diferentes entre metabólitos.
+ Impede a glicólise sanguínea pelos
eritrócitos - dosagem de glicemia;
Lipidemia:
Heparina: - Concentração de lipídeos no sangue;
- Tampa verde; - Causa:
- Modo de ação: + Visível turbidez do soro;
+ Atividade inibitória da trombina e + Opaco à luz transmitida.
tromboplastina.

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PATOLOGIA CLÍNICA 02

CONSIDERAÇÕES SOBRE INTERPRETAÇÃO DE DADOS


LABORATORIAIS E DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS
- Ocorre em animais que não estejam em jejum antes “Nem todos os perfis laboratoriais irão resultar em
da coleta e em síndromes hiperlipêmicas; um diagnóstico específico¨.
- Interferência na transmissão da luz; Combinação imprecisa de anormalidades:
+ Afetar os testes espectrofotométricos; - Análise das alterações sequenciais nos valores
+ Particularmente em sistemas líquidos ou cubetas; laboratoriais ao longo do tempo;
+ Aparente diluição de substâncias normais - concentrações
falsamente diminuída.
Reprodutibilidade das mensurações:
- Influencia outras expectativas;
Aumento das concentrações séricas de bilirrubina:
- Importante na interpretação de dados laboratoriais
- Soro;
sequenciais.
+ Coloração amarela mais escura do que o normal;
+ Afeta resultados espectrofotométricos.
Adquire-se experiência interpretativa a partir da
Substância interferentes: análise repetitiva de materiais de caso clínicos e
- Medicamentos e outras substâncias químicas; discussão de caso.

Abordagem na interpretação dos dados


Para identificar anormalidades é necessário
conhecer os valores esperados em animais
saudáveis;
Valores normais = valores de referência;
Intervalo de referência = diferença entre o menor e
o maior valor normal;
Conceitos na interpretação laboratorial:
- Sensibilidade:
+ Medida da frequência na qual o resultado do exame é
positivo, ou anormal, em animais com a respectiva
enfermidade;
+ Baixo poder de detecção do método podem surgir falsos
negativos;
+ Um teste com ¨alta sensibilidade¨ indica menos falsos
negativos;

- Precisão:
+ Oferecer resultados consistentes em sucessivas tentativas
e repetições de um mesmo exame;

- Especificidade:
+ Reagir positivamente, única e exclusivamente, em relação
a um determinado atributo e a nenhum outro.

Resultados isolados raramente são interpretáveis e


não específicos;
Diagnóstico definitivo: histórico + achados físicos +
outros procedimentos diagnósticos;
Resultados anormais = indicar quais tecidos e
órgãos estão sendo afetados;
“Nem toda anormalidade irá se enquadrar
perfeitamente em um processo patológico”;

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PATOLOGIA CLÍNICA 01

HEMATOPOESE, PRODUÇÃO, FUNÇÃO E DESTRUIÇÃO DAS


CÉLULAS DO SANGUE
Introdução - Saco vitelino:
Soro: é o plasma sanguíneo sem o fibrinogênio, + Ocorre por volta de duas semanas de gestação;
liberado após a coagulação do sangue; + Células mesodérmicas se agrupam no saco vitelínico do
Plasma sanguíneo: porção fluída do sangue não embrião em desenvolvimento;
coagulado. + Os grupamentos celulares do saco vitelínico têm potencial
para se diferenciar em células hematopoiéticas, chamadas de
Composição sanguínea - plasma: hemangioblastos;
- 90% de água; + As células mais periféricas se diferenciam em endotélio,
- 9% de proteínas (albumina, globulinas e proteínas da formando portanto vasos sanguíneos, enquanto as demais
coagulação); vão dar origem principalmente a eritroblastos primitivos
- 1% de compostos orgânicos (aminoácidos, vitaminas, (células precursoras das hemácias).
hormônios e glicose);
- Sais inorgânicos, íons e gases.

Composição sanguínea - células:


- Células vermelhas (eritrócitos);
- Células brancas (leucócitos);
- Plaquetas.

- Fígado:
+ Ocorre entre a 4ª e a 6ª semana de vida intrauterina;
+ Migração das células originadas dos vasos em
desenvolvimento para o fígado fetal;
+ Acontece principalmente o desenvolvimento de hemácias,
granulócitos e monócitos, e surgem as primeiras células
linfoides e os primeiros megacariócitos;
+ Também ocorre produção de α-globulina, albumina e
fatores de coagulação, estoque de vitamina B12, folato e
Função: ferro.
- Hormonal;
- Regulação térmica; - Baço:
- Trocas gasosas; + Hematopoiese inicial;
- Defesa imunológica (leucócitos). + Produz linfócitos e plasmócitos;
+ Hemocaterese;
Hematopoese + Degrada hemoglobina;
Origem das células sanguíneas na medula óssea; + Estoca o ferro;
Sistema hematopoiético - renovação de células; + Remove corpúsculos e parasitas dos eritrócitos.

Locais da hematopoese:
- Timo:
+ Diferenciação das células precursoras;
0-2 meses: saco vitelino + Linfócitos T (Imunidade celular)
Fetos
2-7 meses: fígado e baço
- Linfonodos e folículos:
Lactantes medula óssea de praticamente todos os ossos + Produzem linfócitos;
+ Plasmócitos;
+ Síntese de anticorpo.
Medula óssea das vértebras, costelas, crânio,
Adultos
esterno, sacro, pelve e extremidade do fêmur

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PATOLOGIA CLÍNICA 02

HEMATOPOESE, PRODUÇÃO, FUNÇÃO E DESTRUIÇÃO DAS


CÉLULAS DO SANGUE
- Outros órgãos: - Reticulócitos: célula sem núcleo, com polirribossomos
+ Estômago: produz HCl - liberação de ferro e absorção de e caem na corrente sanguínea;
vitamina B12 - Hemácias: célula anucleada sem polirribossomos
+ Mucosa intestinal: absorção de vitamina B12, folato e presente na corrente sanguínea.
ferro. + São discos bicôncavos, 7 a 8 µm diâmetro, com 120 dias
+ Rins: produção de eritropoietina e trombopoietina, de vida e flexíveis;
degradam hemoglobina filtrada do ferro. + Variações fisiológicas de acordo com a idade, espécie e
altitude;
+ Função: transporte de oxigênio e gás carbônico por meio
Produção de células
da hemoglobina.
Microambiente adequado e fatores de crescimento + Distúrbios na produção de hemácias: hemorragias,
promovem a proliferação, diferenciação e apoptose diminuição da eritropoietina e estado hemolítico.
celular;
- Participam desse processo:
+ 18 diferentes interleucinas (IL);
+ Citocinas (interferon);
+ Estimuladores de colônias (CSF).

1. Eritropoiese:
O principal estímulo para a formação de hemácias é
Mamíferos Aves, anfíbios e répteis
a presença do hormônio eritropoietina, secretado
pelos rins em resposta à detecção da redução da
quantidade de oxigênio no sangue;
2. Leucopoiese:
O processo começa a partir de uma célula-tronco
2.1. Granulopoiese:
pluripotente, a qual dá origem a uma célula da
O mieloblasto é a célula mais imatura que está
linhagem mieloide;
destinada a se tornar um granulócito. A seguir essa
A célula mieloide passa por diversos estágios de
célula passa por diversos estágios de maturação:
maturação:

- Proeritroblastos: células relativamente grandes, que


apresentam um citoplasma basófilo e um único núcleo
celular, contendo cromatina arranjada de maneira
frouxa, além de um nucléolo visível;
- Eritroblastos basófilos: citoplasma intensamente
basófilo, possuem mais polissomos (locais de síntese de
hemoglobina) e não possuem nucléolos visíveis;
- Eritroblastos policromáticos: citoplasma possui áreas
basófilas e áreas acidófilas, redução no tamanho celular
e no número de polissomos;
- Eritroblastos ortocromáticos: redução do volume
celular, não possuem polissomos e são acidófilas. @_ruthmvet_
PATOLOGIA CLÍNICA 03

HEMATOPOESE, PRODUÇÃO, FUNÇÃO E DESTRUIÇÃO DAS


CÉLULAS DO SANGUE
- Mieloblastos: é uma célula contendo um núcleo - Os grânulos específicos dos
grande com um ou dois nucléolos, e um citoplasma eosinófilos contém catepsina e
basófilo contendo grânulos azurófilos; outras proteínas tóxicas que
- Promielócitos: célula menor, mais basófila, com atuam na destruição de
núcleo esférico ou indentado, e já contém grânulos parasitos.
específicos (neutrófilos, eosinófilos ou basófilos).
- Mielócitos: o citoplasma perde a sua basofilia e
adquire grande quantidade de grânulos específicos.
Basófilos:
+ Mielócitos neutrófilos;
+ Mielócitos basófilos; - Núcleo irregular e retorcido (¨S¨);
+ Mielócitos eosinófilos. - Possuem receptores para IgE (resposta alérgica);
- Os grânulos específicos contêm
- Metamielócitos: correspondem à próxima etapa do histamina e outros agentes
amadurecimento dos granulócitos, e possuem núcleos inflamatórios que promovem uma
com uma indentação profunda, indicando o início da resposta inflamatória nos locais de
lobulação característica das células maduras; lesão ou infecção.
- Granulócitos com núcleos em bastão: seus núcleos
possuírem o formato de um bastão;
+ Apenas os neutrófilos são normalmente caracterizados 2.2. Monocitopoiese:
nessa fase de bastonetes; Os monócitos são encontrados nos tecidos na forma
+ O núcleo dos neutrófilos é segmentado em 2 ou 3 lóbulos.
de macrófagos;
Os eosinófilos possuem um único núcleo riniforme, enquanto
São os maiores leucócitos circulantes (12 a 15 μm
os basófilos possuem núcleos bilobulados.
de diâmetro) e possuem forma variável;
Função:
Os granulócitos são caracterizados pela presença - Fagocitose de células mortas e
de dois tipos de grânulos que contêm proteínas: tumorais;
- Grânulos azurófilos: são corados pelos corantes - Processamento de antígenos;
básicos das misturas usuais (Giemsa, Wright), e contêm - Regulação da função celular;
enzimas lisossomais; - Participação em reações
- Grânulos específicos: contêm diferentes proteínas, inflamatórias.
conforme o tipo de granulócito (neutrófilos, eosinófilos
ou basófilos). 2.3. Linfopoiese:
Os linfócitos se originam a partir de células de
Neutrófilos: linhagem linfoide;
- Células muito importantes no combate a infecções - Linfoblasto: trata-se de uma célula relativamente
bacterianas. grande, arredondada, com citoplasma basófilo;
- Seus grânulos específicos são ricos em enzimas: - Prolinfócito: células de menores dimensões, com
+ Proteolíticas: atuam destruindo citoplasma basófilo que pode conter alguns grânulos
proteínas bacterianas; azurófilos.
+ Lisozima: ataca as paredes - Os prolinfócitos vão se diferenciar nos linfócitos
celulares;
circulantes.
+ Mieloperoxidase: gera espécimes de
oxigênio tóxico que destroem bactérias
invasoras. O processo de amadurecimento dos linfócitos
acontece no timo (linfócitos T) e na medula óssea
Eosinófilos: (linfócitos B);
- Possui muitos grânulos eosinofílicos; - Nos tecidos periféricos os linfócitos B se diferenciam
- Função: defesa contra parasitoses e participação em em plasmócitos.
processos alérgicos;
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PATOLOGIA CLÍNICA 04

HEMATOPOESE, PRODUÇÃO, FUNÇÃO E DESTRUIÇÃO DAS


CÉLULAS DO SANGUE
Megacarioblasto: célula com núcleo grande de
formato oval ou riniforme, numerosos nucléolos e
citoplasma intensamente basófilo;
Megacariócitos: células grandes, com núcleo
lobulado sem nucléolos. Seu citoplasma é menos
basófilo do que as suas precursoras, e contém
Linfócitos: numerosas granulações que darão origem aos
- Possuem funções diferentes, mas características cromômeros das plaquetas;
morfológicas semelhantes; Plaquetas: são os fragmentos citoplasmáticos dos
- Participam da defesa imunológica do organismo; megacariócitos.
+ Resposta humoral (imunoglobulinas);
+ Resposta citotóxica; Durante o processo de diferenciação dos
megacarioblastos em megacariócitos
- Possuem de 6 a 8 µm de ocorre a formação de numerosos
diâmetro, núcleo esférico e bem grânulos citoplasmáticos no complexo
corado (90%) e citoplasma de Golgi, que contém substâncias como
o fator de crescimento derivado das
escasso e periférico. plaquetas, o fator de von Willebrand e o
fator IV da coagulação sanguínea.
- Linfócito T:
+ Representam 65 a 80% dos linfócitos circulantes;
+ Originam-se precursor na medula óssea e no timo;
+ Linfócitos T4 ou auxiliares e linfócitos T8 ou citotóxicos. Demanda funcional das células sanguíneas e o tipo celular
+ Interação das células infectadas com os linfócitos T produzido pela medula
promovem a liberação de perforinas e grazimas, causando a
destruição das células infectadas.
Evento Tipo celular
- Linfócitos B:
+ Representam 5 a 15% dos linfócitos circulantes;  Baixo nível de O2 nos tecidos Eritrócitos
+ Imunoglobulina na membrana plasmática como receptores
de antígeno.
Presença de infecções e inflamações Neutrófilos
- Linfócitos NK:
+ Minoria de células linfoides;
Presença de alergias e parasitoses Eosinófilos
+ Destroem as células-alvo.

Plasmócitos: Perdas sanguíneas Plaquetas


- Originados dos linfócitos B maduros;
- Estão presentes em pequenas quantidades no sangue Presença de antígenos estranhos ao organismo Linfócitos T e B
e em maior quantidade na medula óssea, linfonodos e
baço;
- Síntese de imunoglobulinas.
Destruição de células
Desenvolvimento e manutenção da organização
multicelular através da interação entre células;
Morte celular:
- Necrose: injúrias letais que não podem ser reparadas;
+ Mudanças intracelular;
+ Degeneração;
2.4. Trombopoiese:
+ Liberação de substâncias intracelulares;
Processo de formação das plaquetas;
+ Interrupção da síntese proteica.

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PATOLOGIA CLÍNICA 05

HEMATOPOESE, PRODUÇÃO, FUNÇÃO E DESTRUIÇÃO DAS


CÉLULAS DO SANGUE
- Apoptose:
+ Morte fisiológica a partir do controle genético por Macrófago
Reutilizados na
Aminoácidos
mudanças bioquímicas e morfológicas; Globina síntese de proteínas
+ Importante no desenvolvimento e manutenção da
homeostase do indivíduo, na renovação dos tecidos e nos
Heme Ferro
processos patológicos. +
transferrina
Biliverdina
Ferro
Bilirrubina +
transferrina

Bilirrubina
Lesão
Recuperação
reversível

Condensação
Urobilinogênio
de cromatina Ferro
Tumefação do retículo
Bolhas na +
Figura endoplasmático e Estercobilina
de mielina mitocôndria membrana Globina
+
Bolhas na membrana Urobilina Vitamina B12
Fragmentação
+
Lesão celular Urina Eritropoietina
progressiva Fezes
Figura de
Decomposição da Corpo
mielina
membrana plasmática, apoptótico
organelas e núcleo;
vazamento de conteúdo

Inflamação
Fagocitose de
Densidades amorfas
Fagócito células apoptóticas
e fragmentos
- Destruição intravascular:
na mitocôndria
+ Cerca de 10% - lesões e fragmentações;
+ Intoxicações por veneno;
+ Hemólise intravascular.
Tempo de vida dos leucócitos:
- 4 a 8h: após a liberação na circulação;
- 4 a 5d: tecidos;
- Tempo de vida reduzido: infecção aguda;
- Semanas a meses: linfócitos.

Destruição dos eritrócitos:


- Fragmentos dos eritrócitos e hemólises;
- Causas:
+ Variações metabólicas e fisiológicas;
+ Choques mecânicos e deformações;

- Células velhas:
+ Possuem flexibilidade diminuída e ocorre uma circulação
falha;
+ Ocorre a lise (fagocitose) pelas células do retículo
endotelial do baço.

- Destruição extravascular (macrófagos):


+ Cerca de 90% - eritrócitos velhos;
+ Mais eficiente - reciclar células destruídas;
+ A partir de enzimas lisossomais e hemo-oxigenases;
+ Liberação de ferro e aminoácidos.

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PATOLOGIA CLÍNICA 03

HEMATOPOESE, PRODUÇÃO, FUNÇÃO E DESTRUIÇÃO DAS


CÉLULAS DO SANGUE
PATOLOGIA CLÍNICA 01

HEMOGRAMA

Hemograma: Coloração do plasma:


- É a avaliação das células sanguíneas;
- Utilizado para o diagnóstico da enfermidade, Cor Incolor: cão/gato/homem
prognóstico e monitoramento do paciente; normal Amarela: herbívoros (caroteno)
- Bastante solicitado pela sua praticidade e economia;
- Dividido em três partes:
Amarela: ictérico no cão/gato/homem
+ Eritrograma; Branca: fisiológico (lipemia pós-prandial)
+ Leucograma; Cor
patológico (diabetes, hipotireoidismo, outros
+ Plaquetograma. anormal
Vermelho: artefato de técnica (hemólise)
patológico (anemia hemolítica)

Avaliação do VG:
- Normal:
+ Hemácias = plasma;

Eritrograma Leucograma Plaquetograma


- Anemias:
+ Relativa - hemácias (++) < plasma (++++);
+ Absoluta - hemácias (+) < plasma (++);
Eritrograma
A partir do eritrograma é possível obter: - Policitemias:
- Número total de hemácias; + Relativa - hemácias (++) > plasma (+);
- Concentração de hemoglobina; + Absoluta - hemácias (+++) > plasma (++);
- Volume globular;
Aumento das hemácias circulantes
- VCM ; CHCM; RDW;
- Proteínas plasmáticas (g/dl);
Sangue concentrado Diminuição do plasma
- Reticulócitos;
- Morfologia celular.
Aumento do hematócrito

1. Hematócrito Redução das hemácias circulantes


Volume globular (VG);
Porcentagem de eritrócitos no sangue; Sangue hemodiluído Aumento do plasma
Utilizado método de centrifugação de capilar -
volume de células sedimentadas. Diminuição do hematócrito
A mensuração é feita de acordo com a régua - linha
onde marca a camada de hemácias;
2.Proteínas plasmáticas
Plasma obtido no hematócrito;
Uso do refratômetro;
- Princípio: o soluto refrata (ou desvia) a luz que passa
através do líquido em um grau proporcional a sua
Centrifugação
concentração.
Hematócrito

PPT alta: hemólise aguda ou crônica;


PPT baixa: hemorragias agudas ou crônica.

3.Fibrinogênio
Proteínas de fase aguda;
Diagnóstico de processos inflamatórios.

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PATOLOGIA CLÍNICA 02

HEMOGRAMA

4. Concentração de hemoglobina 6. Red Cell Distribution Width - RDW


Mensuração em g/dl; Amplitude de distribuição dos glóbulos vermelhos;
Amostra sanguínea diluída em agente químico; É um índice que indica a variação de tamanho entre
- Ocorre lise das hemácias e liberação de hemoglobina; as hemácias;
- Porcentagem de variação entre os tamanhos obtidos.
Hemoglobinometria:
- Absorbância de luz - concentração de hemoglobina; Serve para avaliar a distribuição das hemácias de
uma amostra em relação ao seu diâmetro,
Formação deficiente de hemoglobina: mostrando seu grau de heterogeneidade.
- Deficiência de ferro:
+ Ingestão deficiente; 7. Contagem de hemácias
+ Absorção anormal do ferro;
Valor de hemácias por microlitro;
Utiliza-se a câmara de Neubauer;
- Interferência na atividade normal:
+ Células macrofágicas (SRE);
Resultado x 10.000.

- Anormalidades renais - eritropoietina;

Globina Grupo heme

Ferro Molécula de
O2 Quadriculado para leitura de hemácias

8.Volume corpuscular médio - VCM


5.Concentração da hemoglobina corpuscular Ou volume globular médio (VGM);
média Tamanho das hemácias;
Concentração de hemoglobina globular média
(CHCM);
Mensura a concentração de hemoglobina em uma
hemácia; VCM aumentado: hemácias macrocíticas;
- Hemoglobina =1/3 do volume do hematócrito; VCM normal: hemácias normocíticas;
- Mamíferos = 33 a 38g/dl. VCM diminuído: hemácias microcíticas.

Fatores que afetam o Ht, Hb e contagem de


eritrócitos
CHCM aumentada: Anemia;
- Hemólise grave; Policitemia;
- Lipidemia (aumento de turbidez); Alterações na hidratação;
- Corpúsculos de Heinz; - Desidratação produz valores maiores;
- Anemia hemolítica imunomediada. - Hidratação excessiva valores menores.

CHCM diminuída:
- Anemia regenerativa;
- Deficiência grave de ferro.
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PATOLOGIA CLÍNICA 03

HEMOGRAMA

Morfologia - Esferócitos:
Morfologia normal: + Pequenas e esféricas;
+ Perda da palidez central;
- Coloração rósea devido a alta quantidade de Hb;
+ Coloração homogênea - cães;
- Coloração pálida na região central devido à forma
+ Anemia hemolítica imunomediadas
disco bicôncavo; e transfusão incompatível.
- Citoplasma = 1/3 de Hb e 2/3 de água.

- Dacriócitos:
+ Forma de lágrima;
A forma de disco côncavo do + Distúrbios mieloproliferativos,
eritrócito é eficiente para a troca mielofibrose ou artefato na cauda
de oxigênio e possibilita que a do esfregaço.
célula seja maleável à medida que
se movimenta por vasos com
diâmetro menor do que o seu.

- Eliptócitos e ovalócitos:
+ Elíptica e oval, respectivamente;
+ Distúrbios mieloproliferativos, mielofibrose.

- Poiquilocitose:
Alterações na forma: + Vários formatos no mesmo esfregaço.
- Acantócitos:
+ Espículas em formato de dedos;
+ Alterações na membrana celular
- colesterol e fosfolipídios; Tamanho
+ Hepatopatias, lipidose hepática Tamanho normal:
e hemangiossarcoma. - Célula grande em caninos;
- Caprinos = menor hemácia das espécies domésticas.

Alterações no tamanho:
- Esquizócitos:
- Anisocitose:
+ Fragmentos irregulares de He;
+ Hemácias de vários tamanhos;
+ Aparência angular; Quanto mais grave a
+ Anemias regenerativas;
+ Trauma intravascular. anemia, maior ocorrência
+ Comum - bovinos normais.

- Macrocitose:
- Equinócitos (He cremadas): + Aumento de volume e diâmetro;
+ Espículas arredondadas + Deficiências de vitamina B12 e ácido fólico, reticulocitose.
¨espinhosas¨;
+ Amostras velhas, hemólise - Microcitose:
aguda, acidentes ofídicos, doença + Diminuição de volume e diâmetro;
renal, quimioterapia e exercício + Deficiência de ferro.
excessivo;

- Leptócitos (células-alvo):
+ Aparência de olho de boi;
+ Excesso de membrana - Hb;
+ Hepatopatias, alterações
medulares, anemia hemolítica
auto-imune e excesso de EDTA.

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PATOLOGIA CLÍNICA 04

HEMOGRAMA

Coloração Alterações conformacionais


Alterações na coloração: Hemácias nucleadas:
- Hipocromasia: - Raras em animais domésticos;
+ Diminuição de hemoglobina; - Caso:
+ Anemias regenerativas e deficiência de ferro. + Toxemia, doenças mieloproliferativa, hemangiossarcoma,
intoxicação por chumbo e hepatopatias.
- Anulocromia:
+ Hipocromia extrema - imagem fantasma;
+ Anel estreito de hemoglobina - centro vazio. Inclusões eritrocitárias
Corpúsculos de Heinz:
- Policromasia ou policromatofilia: - Precipitados de hemoglobina oxidada;
+ Eritrócitos jovens liberados prematuramente; - Normal em gatos e animais esplenectomizados;
+ Hemácias cinza-azulada, maior que hemácias madura; - Algumas intoxicações em cães.
+ Anemias regenerativas.

Associados a medicamentos e
Em gatos está
substâncias oxidativas (cebola,
associado a
Distribuição de eritrócitos no esfregaço alho, paracetamol, proporfol,
diabetes, linfoma e
Auto- aglutinação: hipertireoidismo
vitamina K), comprometimento e
deformação de He e anemia grave
- Agregação de hemácias;
- Formação de pontes/anticorpos;
- Anemia hemolítica e transfusão incompatível.

Anel de Roleaux:
Corpúsculos de Howell-Jolly:
- Aglomeração em pilha de moedas;
- Restos nuclares;
- Cavalos e gatos sadios; grau leve em cães normais e
- Anemia regenerativa e esplenectomia.
raro em bovinos;
- Hiperproteinemia:
+ Doenças inflamatórias e neoplásicas;

- Anticoagulante.

Ponta de seta

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PATOLOGIA CLÍNICA 05

HEMOGRAMA

Grânulos siderócitos:
- Grânulos de ferro coráveis, presentes em
mitocôndrias e lisossomos;
- Síntese prejudicada da porção heme;
- São raros em animais domésticos;
- Associado a terapia por cloranfenicol.

Pontilhado basofílico:
- Agregação de ribossomos;
- Ruminantes = associado a eritrócitos imaturos;
- Cães e gatos = anemia altamente regenerativa;
- Sugestivo de intoxicação por chumbo.

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PATOLOGIA CLÍNICA 01

ANEMIA E POLICITEMIA

Anemia e policitemia são alterações eritrocitárias 1. Normocítica/normocrômica:


quantitativas; - VCM dentro do valor de referência;
- Anemia: redução da quantidade de eritrócitos; - CHCM dentro do valor de referência;
- Policitemia: aumento da quantidade de eritrócitos. - Possível falha na produção medular;
- Ex.:
+ Hipo/aplasia da medula óssea (tóxica, infecciosa,
Anemias mieloproliferativa;
Diminuição da quantidade de eritrócitos; + Doenças crônicas (IRC, hepatopatia crônica,
- Resulta na reduz da concentração de oxigênio no endocrinopatias, neoplasias malignas);
sangue. + Hemorragias ou hemólise (2-3 dias iniciais);
+ Deficiência inicial de ferro.
Sinais clínicos:
- Hipóxia; 2.Macrocítica/normocrômica:
- Dispneia e intolerância ao exercício; - VCM acima do valor de referência;
- Palidez das mucosas; - CHCM dentro do valor de referência;
- Aumento da frequência cardíaca e ausculta de - Resposta medular - hemácias grandes (jovens);
murmúrios (sopro sistólico); - Quantidade de hemoglobina normal;
- Aumento da frequência respiratória e depressão. - Ex.:
+ Deficiência de vitamina B12, ácido fólico, cobalto;
+ Anemias regenerativas menos graves;
Determinada por:
+ Doenças hepáticas e mieloproliferativas, FeLV;
- Volume globular (VG); + Erros - técnica, aglutinação de hemácias, EDTA por muito
- Concentração de hemoglobina; tempo;
- Contagem de eritrócitos. + Poodle pode ocorrer macrocitose sem anemia.

Classificação (massa total de eritrócitos): 3. Microcítica/hipocrômica:


- Relativa: expansão no volume plasmático; - VCM abaixo do valor de referência;
+ Redução de hemácias, hematócrito e hemoglobina; - CHCM abaixo do valor de referência;
+ Aumento do volume plasmático; - Hemácias menores e pequena quantidade de
+ Casos de fêmeas gestantes, neonatos e fluidoterapia. hemoglobina;
- Ex.:
- Absoluta: forma mais comum de anemia; + Deficiência de ferro (estágio avançado) - geralmente por
+ Redução de hemácias, hematócrito e hemoglobina; hemorragia crônica;
+ Casos de hemorragias, hemólise ou baixa eritropoiese. + Deficiência de cobre e de vitamina B6;
+ Inflamações crônicas;
Classificação morfológica: + Geralmente não regenerativas.

Tamanho (VCM) Coloração (CHCM) 4. Macrocítica/hipocrômica:


- VCM acima do valor de referência;
- CHCM abaixo do valor de referência.
Normocítica (normal) Normocrômica (normal) - Hemácias maiores do que o normal - circulação de
células imaturas
Macrocítica (maior) Hipercrômica (aumentada) - Geralmente é relatado metarrubrícitos - pode ser
indício de regeneração.
- Anemias regenerativas graves com reticulocitose.
Microcítica (menor) Hipocrômica (reduzida)
5. Normocítica/hipocrômica:
- Deficiência inicial de ferro;
- Deficiência de proteína.

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PATOLOGIA CLÍNICA 02

ANEMIA E POLICITEMIA

Classificação quanto a resposta eritróide da medula + Ingestão inadequada de ferro;


óssea:
1. Regenerativa: - Comum em cães, menos frequente em ruminantes e
- Reticulocitose, anisocitose e policromasia; rara em equinos e gatos.
- Corpúsculos de Howell-Jolly;
- Sinais de regeneração em 48 a 96h; Anemia hemorrágica aguda:
- Geralmente em casos de anemias macrocíticas - Hematócrito normal inicialmente e, em algumas
normocrômicas e macrocíticas hipocrômicas. horas, diminui;
- Ex.: - Surgimento de eritrócitos policromáticos em 72h;
+ Traumas, úlceras do TGI, neoplasias, cirurgias, pós- - Morfologia normal, exceto em hemangiossarcoma.
cirurgias, coagulopatias, intoxicação por varfarina e
samambaia; Diminuição na produção eritrocitária:
+ Sangramento localizado ou generalizado. - Hipoplasia ou aplasia da medula óssea;
- Redução dos precursores da eritropoiese.
2. Não regenerativa:
- Ausência de eritrócitos imaturos na circulação: Anemia hemolítica:
- Em casos de anemia normocítica/normocrômica - Destruição de eritrócitos intra ou extravascular;
(varia nas deficiências nutricionais); - Causas:
- Hipoplasia ou aplasia medular; + Bactérias - Leptospira sp., Clostridium perfringens e
- Neutropenia e trombocitopenia; Clostridium hemolyticum;
- Ex.: + Eritroparasitas - riquétsias (Anaplasma sp., Mycoplasma
+ Distúrbios mieloproliferativos (eritroleucemia, mielose sp.) e protozoários (Babesia sp., Trypanossoma sp.);
eritrêmica, mielofibrose); + Medicamentos ou plantas - fenotiazínicos (equinos),
+ Infecções (parvoviroses, leucemia viral felina, erliquiose, cebola (bovinos, equinos, ovinos, caninos), azul de metileno
anemia infecciosa equina); (caninos, felinos), acetaminofen (felinos), couve (caninos),
+ Processos inflamatórios crônicos; cobre (suinos, ovinos, bezerros), sementes mamona
+ Insuficiência renal crônica; (bovinos);
+ Quimioterápicos, samambaia, cloranfenicol, fenilbutazona,
chumbo, estrógenos; - Anemia hemolítica imunomediada:
+ Hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo, hiperestrogenismo; + Alterações na membrana das hemácias ou deposição de
+ Deficiência de ferro, vit. B12, folato, proteína e cobalto. Ag na superfície - lise intra e/ou extravascular.
+ Auto-imune ou induzidas por drogas.

Erliquiose:
Avaliação do paciente anêmico:
Pancitopenia :
- Histórico, anamnese e exame físico;
- Destruição imunomediada e anemia aplásica;
Trombocitopenia:
- Hemograma;
- Diminuição da meia-vida das plaquetas; - Exames complementares: reticulócitos, mielograma,
- Destruição do sistema imunológico; bioquímico hepático e renal, urinálise,
- Cascata de coagulação/resposta inflamatória. coproparasitológico).

Policitemias
Anemia hemorrágica crônica:
Aumento da quantidade de eritrócitos;
- Perda de sangue;
Fisiopatologia:
- Sinais de regeneração após 48-96h;
- Aumento do volume sanguíneo e da viscosidade
- Não há hipovolemia;
sanguínea;
- Em casos de:
- Diminuição do fluxo sanguíneo e do transporte de O2.
+ Parasitismo, úlceras TGI, neoplasias, deficiência de
vitamina K e coagulopaticas;
+ Neonatos;
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PATOLOGIA CLÍNICA 03

ANEMIA E POLICITEMIA

Sinais clínicos:
- Cefaleia, zumbidos, tontura, sensação de cabeça
cheia, tendência de sangramento.

Classificação:
1. Policitemia absoluta: hematócrito 60%;
- Primária = verdadeira;
+ Aumento absoluto da massa de eritrócitos, contagem de
leucócitos e de plaquetas;
+ Desordem mieloproliferativa;

- Secundária =
+ Aumento da taxa de eritropoietina;
+ Grandes altitudes, doenças cardíaca e pulmonar crônica,
hidronefrose, cistos renais e tumores.

2. Policitemia relativa:
- Redução do volume de plasma = hemoconcentração;
- Aumento do hematócrito;
- Casos de desidratação (vômitos, diarreia e poliúria).

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PATOLOGIA CLÍNICA 01

LEUCOGRAMA

Pesquisa alterações quantitativas e/ou morfológicas Interpretação da resposta leucocitária


das séries leucocitárias. Leucocitose:
Feito a partir de: - Fisiológica = resposta a adrenalina - compartimento
- Contagem global de leucócitos; marginal;
- Contagens diferenciais ¨número relativo e absoluto¨; + Neutrófilos;
- Alterações morfológicas = esfregaço. + Animais jovens;
+ Distúrbios emocionais e físicos;
Leucócitos: grupo mais heterogêneo de células do + Corticosteroides ou estresse.
sangue - tanto morfológico quanto fisiológico.
- Reativa = resposta às doenças;
- Agrunolócitos: linfócitos e monócitos;
+ Neutrófilos e linfócitos.

- Proliferativa (autônoma): mudança neoplásica da


célula pluripotencial;
+ Leucemias.

Leucopenia:
- Granulócitos: eosinófilos, basófilos e neutrófilos. - Muitos animais apresentam neutropenia e linfopenia
+ Neutropenia = infecções bacterianas;
+ Linfopenia = infecções virais.

Neutrófilos
Participam da resposta inflamatória;
Quimiotaxia positiva aos locais de inflamação;
Contagem total de leucócitos: Fagocitose de organismos e outros materiais
estranhos;
Neutrofilia:
- Elevação do número de neutrófilos circulantes;
- Em casos de:
+ Inflamação, processos infecciosos;
X 50 + Resposta à excitação (liberação de adrenalina);
+ Resposta ao estresse.

- Classificação:
+ Desvio à direita = aumento da concentração de
neutrófilos hipersegmentados;
-> Presença no sangue circulante de vários neutrófilos
Diferencial leucocitário:
hipersegmentados;
- Exame do esfregaço sanguíneo; -> Corticosteroides e deficiência de vitamina B12.
- Contagem percentual de 100 leucócitos;
- Contagem em torres; + Desvio à esquerda = aumento da concentração de
- Técnica padrão = homogeneidade dos resultados; neutrófilos imaturos.
+ Esfregaço com sangue mal homogeneizado = -> Desvio à esquerda regenerativo = população ordenada
desuniformidade na distribuição dos leucócitos na lâmina. (maduras > imaturas) - resposta adequada à inflamação;
-> Desvio à esquerda degenerativo = população
- Usar dados absolutos = multiplicação dos desordenada (imaturas > maduras) - resposta inadequada à
percentuais parciais pelo número total de leucócitos. inflamação.
- Resultado é expresso em número relativo (%) e
absoluto (/mm3).
@_ruthmvet_
PATOLOGIA CLÍNICA 02

LEUCOGRAMA

Desvio à esquerda Desvio à direita Linfócitos


Diversidade de subpopulações linfocitárias;
- Linfócitos B (imunidade humoral);
- Linfócitos T (imunidade celular);
- Células natural killer - NT.

Pró-mielócitos Mielócitos Metamielócitos Bastonetes Segmentados


Não são distinguidas no esfregaço;
Produzidas pelos tecidos linfoides.
Neutropenia:
- Diminuição do número de neutrófilos circulantes; Linfocitose:
- Em casos de: - Leucemia linfocítica;
+ Consumo massivo por lesão inflamatória; - Erliquiose crônica;
+ Destruição imunomediada (circulantes e em maturação na - Vírus da leucemia bovina (leucose);
medula; - Estimulação antigênica (vacinação, doenças virais).
+ Lesões às células-tronco;
+ Vírus; Linfopenia:
+ Químicos e medicamentos. - Resposta a corticosteroides;
- Hiperadrenocorticismo;
Alterações tóxicas nos neutrófilos: - Doenças virais.
- Produção acelerada;
- Função normal;
- Organelas aumentadas; Monócitos
+ Basofilia citoplasmática; Participam da resposta inflamatória;
+ Corpúsculos de Dohle; Considerados células intermediárias de um
+ Vacuolização citoplasmática; processo contínuo de maturação;
+ Hipersegmentação do neutrófilo. Podem fagocitar bactérias, leveduras, protozoários,
células e partículas estranhas;
Degeneração de neutrófilos:
- Neutrófilos de amostras biológicas (não sangue); Monocitose:
- Amostras citopatológicas; - Respostas inflamatórias crônicas e agudas;
- Ambiente insalubre (degeneração rápida); - Hipercortisolemia (cães):
+ Ex.: Bactérias na pele;
- Leucemia monocítica;
- Necrose.
- Amostras de sangue = analisadas 12h ou mais após a
coleta.
Monocitopenia:
- Sem significado clínico relevante.
Equilíbrio da dinâmica que determina a quantidade
de neutrófilos no sangue:
Eosinófilos
Contém proteínas que se ligam e promovem danos
à membrana dos parasitas;

Eosinofilia:
- Reações inflamatórias alérgicas;
- Parasitismo;
- Hipersensibilidade;
- Síndromes asmáticas;
- Hipoadrenocorticismo.

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PATOLOGIA CLÍNICA 03

LEUCOGRAMA

Eosinopenia:
- Resposta ao estresse (corticosteroides);
- Hiperadrenocorticismo;
- Inflamações;
- Processos infecciosos agudos.

Basófilos
Interpretação da basofilia não é clara;
Processos alérgicos - frequentemente acompanha
eosinofilia.

Padrões de interpretação do leucograma


Leucocitose:
- Inflamatória = desvio à esquerda, toxicidade;
- Estresse = neutrofilia, linfopenia, eosinopenia,
monocitose;
- Fisiológica = “sobe” tudo.

Padrão agudo:
- Fase neutrofílica =
+ Leucocitose;
+ Neutrofilia;
+ Desvio à esquerda;
+ Eosinopenia, linfopenia e monocitopenia.

- Fase monocítica:
+ Diminuição da leucocitose;
+ Diminuição da neutrofilia;
+ Diminuição do desvio à esquerda;
+ Reaparecimento dos eosinófilos;
+ Linfócitos diminuídos ou no intervalo;
+ Aumento dos monócitos.

- Fase linfocítica:
+ Desaparecimento da leucocitose;
+ Neutrófilos no intervalo;
+ Desaparecimento do desvio à esquerda;
+ Aumento dos linfócitos;
+ Aumento dos eosinófilos;
+ Monócitos no intervalo ou aumentado.

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PATOLOGIA CLÍNICA 01

HEMOSTASIA

Hemostasia é a cessação do sangramento - 4.Exposição do tecido subendotelial;


resposta efetiva à injúria vascular; 5.Ligação entre as plaquetas e o colágeno tecidual -
Ocorre o controle da hemorragia e da dissolução do fator de von Willebrand;
coágulo; 6.Ligação do FvW a receptores da membrana das
Eventos fisiológicos e bioquímicos: plaquetas;
- Dinâmica do fluxo sanguíneo; 7.Liberação de substâncias vasoativas e agregantes;
- Componentes do endotélio vascular; 8.Manutenção da vasoconstrição nos próximos
- Fatores de coagulação; minutos;
- Plaquetas; 9.Amplificação da adesão e agregação plaquetária.
- Mecanismos fibrinolíticos.

Objetivos:
- Minimizar a perda de sangue;
- Promover a reparação tecidual.

Trombopoiese:
- Precursores: megacarioblasto;
- Megacariócitos: núcleo multilobular, grande,
irregular, sem nucléolos e com acúmulo de cromatina,
citoplasma preenchido por grânulos basofílicos.
- Plaquetas: fragmentos do citoplasma do
megacariócito.
Hemostasia secundária
Ocorre a formação de complexos macromoleculares
de fibrina - coagulação de proteínas na superfície
do tampão hemostático primário;
Fatores de coagulação:
- Sintetizados no fígado;
- Participam em reações altamente específicas;
- Designados por números romanos =

Etapas da hemostasia Fatores de coagulação


Lesão vascular Células endoteliais I - fibrinogênio IX - componente tromboplastina do
II - protrombina plasma (PTC)
Hemostasia primária Plaquetas III - tromboplastina tecidual X - fator Stuart-Prower
IV - cálcio XI - antecedente da tromboplastina
V - fator lábil, Ac-globulina do plasma
Coagulação Fatores de coagulação
VII - proconvertina XII - fator Hageman
VII - fator anti-hemolítico XIII - fator estabilizante de fibrina
Fibrinólise Enzimas tromboplastinogênio (AHF) (FSF)

Regeneração tecidual Cascata de coagulação - sistema intrínseco:


- Via que se inicia pelo contato do sangue com o
colágeno;
Hemostasia primária - Fatores essenciais para a formação do coágulo =
1. Interação entre as paredes do vaso lesado e as + XII, XI, IX e VII;
plaquetas; + Fosfolipídios de plaquetas;
2. Plug (tampão) hemostático primário; + Íons de cálcio;
+ Interação = pré-calicreína, cininogênio, fatores XI e XII.
3. Vasoconstrição imediatamente após a lesão.
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PATOLOGIA CLÍNICA 02

HEMOSTASIA

Cascata de coagulação - sistema extrínseco: Anormalidades quantitativas


- O fator VII é ativado em presença de substâncias nos Trombocitopenia:
líquidos teciduais. - Deficiência na produção;
- Destruição;
VIA INTRÍNSECA VIA EXTRÍNSECA
- Consumo de plaquetas;
Plaquetas
VIIIa X VII - Sequestro ou distribuição anormal;
XII XIIa
VIIa - Perda de plaquetas.
XI XIa Fator tecidual exposto

IX IXa Xa Anormalidades quanlitativas


II IIa Fibrinogênio Ocorrem por falhas de mecanismo de adesão, de
VIA COMUM Protrombina Trombina
liberação de substância e de agregação plaquetária;
Congênitas ou adquiridas;
COÁGULO XIIIa XIII
ESTÁVEL Associadas a drogas medicamentosas, Erlichia sp.,
Fibrina
transfusões incompatíveis, alterações congênitas
(Doença de von Willebrand);
Coagulopatias hereditárias:
- Deficiência ou defeito nos fatores de coagulação;
- Problemas de conteúdo genético;
Hemostasia terciária
- Raça (diátese hemorrágica);
Após 48 a 72 horas da formação do coágulo, as
- Animais jovens;
células endoteliais se regeneram e secretam
- Hemofilia A;
enzimas que destroem o coágulo.
- Hemofilia B = fator IX.
Plasmina: principal mecanismo de fibrinólise;
- Formada a partir do plasminogênio por meio de
Coagulopatias adquiridas:
substâncias liberadas pelo tecido lesado;
- Deficiência de vitamina K =
- Possui ação sobre a fibrina;
+ Formação de várias proteínas de coagulação (II, VII, IX,
- Gera fragmentos denominados Produtos de X) são dependentes da vitamina K;
Degradação da Fibrina (PDFs); + Associada a ingestão de rodenticidas anticoagulantes,
deficiência de sais biliares e doença hepática.

Defeitos de hemostasia
Coagulação Intravascular Disseminada
Os defeitos podem ter origem em qualquer uma das
fases, desde fenômenos hemorrágicos quanto a Ocorre trombose intravascular difusa pela excessiva
trombócitos. ativação de coagulação;
Utilização de fatores no processo trombótico;
Defeitos vasculares, alterações
Doença secundária;
Hemostasia primária quantitativas ou qualitativas das Causas:
plaquetas - Ativação do sistema intrínseco (Viremia, toxinas);
- Ativação do sistema extrínseco;
Deficiência adquirida ou hereditária na + Aumento de tromboplastina tecidual - trauma, hemólise
Hemostasia secundária síntese dos fatores de coagulação, síntese intravascular.
(coagulação) defeituosa dos fatores, consumo
excessivo

Acidentes ofídicos
Hemostasia terciária Estímulos excessivos, liberação de Ação anticoagulante, proteolítica e vasculotóxica.
(fibrinólise) substâncias ativadoras da coagulação

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PATOLOGIA CLÍNICA 03

HEMOSTASIA

Avaliação do paciente
Tempo de sangramento:
- Hemostasia primária ou secundária;

Idade:
- Congênita?

Exposição a drogas:
- Fígado, medula óssea, plaquetas;

Buscar doenças que possam levar à hemorragia;


- Imunomediadas;
- Insuficiência hepática;
- CID (septicemias, viroses);
- Ectoparasitas (Ehrlichia sp.).

Testes laboratoriais
Hemostasia primária:
- Contagem de plaquetas = trombocitopenia ou
trombocitose;
- Avaliação no esfregaço = macroplaquetas, agregados
- Tempo de sangramento = integridade vascular e
função plaquetária.

Hemostasia secundária:
- Tempo de coagulação =
+ Eficácia da hemostasia plaquetária capilar;
+ Faz uma pequena incisão e profunda em uma área limpa,
começa a contar o tempo. Limpa a área a cada 30 segundos
com papel filtro sem encostar na pele e o tempo total será
marcado quando o sangramento parar;
+ Valores normais de 2 a 5min;
+ Aumentado = defeito na parede dos vasos, nas plaquetas
resultante de trombocitopenia ou plaquetas normais, doença
hepática severa, uremia e síndrome de von Willebrands.

- Fibrinogênio =
+ Único fator de coagulação que pode ser medido
diretamente por meio da refratometria, após aquecimento a
56C por 3 minutos.

- Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) =


avalia a via intrínseca da coagulação;

- Tempo de protrombina (TP).

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PATOLOGIA CLÍNICA 01

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA E REAÇÕES CRUZADAS

Uso terapêutico Bovinos:


Aumento na capacidade de transporte de oxigênio; - Tipos A, B, C, F, J, L, M, R, S, T e Z;
Melhora na hemostasia; - Grupo B possui mais de 60 antígenos.
Corrige a hipoproteinemia e hipovolemia;
Reposição de imunidade passiva em neonatos que Ovinos e caprinos:
não receberam colostro. - Tipos A, B, C, D, M, R e X;
- Sistema B tem mais de 52 fatores.
Indicação
Anemia; Transfusão sanguínea na clínica de grande animais:
Hemorragias; Após a coleta do doador, o sangue - Medida terapêutica emergencial com efeito limitado e
transitório;
Coagulopatias; pode ser transfundido imediatamente
ou fracionado em hemocomponentes. - Tempo de vida das hemácias transfundidas é bastante curto
Hipoproteinemia.
(2-5 dias).

Tipos sanguíneos Seleção de doadores


As hemácias possuem receptores próprios - Doador canino ideal:
glicoproteínas ou glicolipídeos - que formam os - Entre 2 a 8 anos de idade;
grupos sanguíneos. - Peso acima de 25-30Kg;
Reações transfusionais hemolíticas imuno- - Machos e fêmeas;
mediadas: - Exame clínico, hemograma e pesquisa de
- Formação de anticorpos anti-hemácias no receptor hemoparasitas dentro da normalidade;
contra hemácias do doador; - Doação de 15ml/Kg no intervalo de 6 semanas.
- Ocorrência natural em gatos;
- Após sensibilização em transfusões sanguíneas em Doador felino ideal:
cães. - Entre 2 a 5 anos de idade;
- Peso acima entre 5 a 7Kg;
Cães: - Perfil bioquímico completo;
- Antígeno Eritrocitário Canino (AEC); - Testados para: dirofilariose, micoplasmose, FeLV e
- Tipos 1 (1.1, 1.2, 1.3), 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. FIV;
- Vacinados contra rinotraqueíte, calicivirus,
Transfusão de sangue doador AEC 1.1 panleucopenia, Clamydia e raiva;
Paciente com AEC 4 - Doação de 10 a 12ml/Kg a cada 21 dias ou 45 a 60ml
Formação de aloanticorpos anti-AEC 1.1 a cada 6 semanas.
Diminuição da sobrevida das hemácias transfundidas
Doador equino ideal:
- Saudáveis, com hemograma normal e negativos para
Gatos:
Anemia Infecciosa Equina;
- Tipos A, B e AB;
- Doação (adulto) de 6 a 8L no intervalo de 2 a 4
- Altos títulos de anticorpos naturais;
semanas.
+ Reação hemolítica aguda;
+ AB não possuem anticorpos contra os tipos A e B.
Doador bovino ideal:
- Aumento de gatos de raças - tendência de aumentar - Doação de 8 a 14ml/Kg;
reações transfusionais imunomediadas. - Muito difícil transfusão compatível.

Equinos e asininos:
- A, C, D, K, P, Q e U;
- Mais de 30 antígenos;
- Tipos sanguíneos variam de acordo com as raças.
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PATOLOGIA CLÍNICA 02

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA E REAÇÕES CRUZADAS

Coleta do sangue Plasma fresco congelado:


Bolsa próprias com anticoagulantes; - Plasma colhido, separado e armazenado a -18C até
- Anticoagulantes: 1ml para 7ml de sangue; 8h após a coleta;
+ Citrato fosfato dextrose adenina (CPDA-1); - Proteção dos fatores de coagulação V e VII;
+ Citrato ácido dextrose (ACD);
+ Citrato de sódio;
+ Heparina. Cálculo do volume a ser transfundido de sangue total ou papa de
hemácias:
Utilizar agulha de calibre grosso, equipo e frasco coletor Volume (mL) = Fator x Peso do paciente x (Ht% pretendido - Ht% paciente)
Ht% doador
ou bolsa plástica à vácuo;
Cuidados:
- Jejum de 12h (evitar rouleaux);
- Pressão local da venopunção após a doação (2 a 5min); Transfusão sanguínea
- Observar o animal por 15 a 30min. Componentes sanguíneos:
- Devem ser aquecidos com uso de aparelhos
Após a punção e o estabelecimento do fluxo: calibrados e apropriados;
- Bolsa deve ser movimentada suavemente; + Evita destruição dos fatores de coagulação, precipitação
- Garrote deve ser mantido; de fibrinogênio e de proteínas plasmáticas e destruição da
- Tempo de colheita não ultrapassar 15min; capacidade de carrear oxigênio.
- Armazenamento do sangue total por 35 dias à 1 a 6C no
freezer ou geladeira exclusivos. Administração:
- Veia cefálica, veia safena ou veia jugular;
- Utilizar equipos próprios com filtro;
Sangue total e seus componentes - Nunca usar Ringer com lactato, glicose e soluções
Sangue fresco total: hipotônicas - coágulos e lise de eritrócitos.
- Colhido há no máx. 8h;
- Contém hemácias, leucócitos, plaquetas, todos os Tempo de transfusão:
fatores de coagulação e proteínas plasmáticas; - Período máximo de 4h;
- Utilizado diretamente ou separados os componentes - Períodos mais longos aumentam em até 70% o risco
sanguíneos (centrifugação). de contaminação bacteriana da bolsa exposta e leva a
perda funcional dos elementos sanguíneos.
Hemácias: - Sangue administrado rapidamente causa salivação,
- Refrigeradas (2 a 6C); vômito e fasciculações musculares.
- Viável por 20 dias;
- Indicado para hemorragia crônica e eritropoiese Velocidade de administração - cães e gatos:
ineficiente e hemólise; - 0,25 a 0,50ml/Kg/30min;
- Vantagem: - 4 a 5ml/Kg/h caso não haja alterações;
+ Repõem a mesma quantidade de hemácias contida na
- 10 a 15ml/Kg/h em animais desidratados;
bolsa, porém com menor volume;
- 1 a 2ml/Kg/h em cardiopatas e nefropatas;
+ Pacientes cardiopatas e nefropatas.
- 22ml/Kg/h em hemorragias severas.
Concentração de plaquetas:
- Duração de 5 dias em temperatura ambiente;
Reações transfusionais
- Indicado para pacientes trombocitopênicos e com Severidade dose-dependente;
sangramentos contínuos. Reconhecimento precoce para evitar complicações;
- Permite transfusão de grandes quantidades de Paciente cuidadosamente monitorado (30min);
plaquetas sem a transfusão simultânea de eritrócitos. - Suspeitar de reações adversas;
- Sinais de febre leve ou de hipersensibilidade;
- Transfusão deve ser interrompida.

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PATOLOGIA CLÍNICA 03

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA E REAÇÕES CRUZADAS

Hemólise ou febre alta: - Ressuspender as hemácias em uma solução de 3 a


- Reação hemolítica imunomediada aguda ou 5%;
contaminação bacteriana; - 5 gotas para 1 ml de NaCl;
- Interromper a transfusão imediatamente; - Preparar 4 Tubos (A; B; C; D);
- Enviar a bolsa de sangue para cultura bacteriológica; - Adicionar 4 gotas (100 µl) de plasma e 2 gotas (50
- Avaliar a função renal do paciente; µl) da suspenção de hemácias.
- Tratá-lo para choque (fluidoterapia intensiva).
Tubo A: Prova maior - plasma de receptor + hemácias do doador
Reação hemolítica imunomediada aguda: Tubo B: Prova menor - plasma do doador + hemácias do receptor
Tubo C: controle do receptor - plasma do receptor + hemácias do receptor
- Reação transfusional mais severa;
Tubo D: controle do doador - plasma do doador + hemácias do doador
- Alta taxa de mortalidade (em gatos 100%);
- Evitada por tipificação sanguínea ou prova de reação
cruzada. - Homogeneizar e incubar 15 min. - Temp. ambiente;
- Centrifugar por 15 a 30 segundos;
- Examinar o sobrenadante (hemólise);
Testes sanguíneos - Transferir pequena quantidade para lâmina;
Tipagem sanguínea:
- Analisar macro e microscopia presença ou ausência
- Utilizado para verificar potenciais doadores e tipificar
de aglutinação.
o receptor;
- Ensaios de aglutinação com base em cartões:
+ Procedimento simples e com resultados em menos de 2
min;
+ Antissoro liofilizado em poços de reação;
+ Misturar 1 gota de diluente com 1 de sangue total;
+ Homogeneizar e observar formação de aglutinação.

- Cartucho imunocromatográfico:
+ Cartucho plástico;
+ Realizado em 2 min;
+ Utiliza-se 10uL de sangue e duas gotas de solução diluente
para o teste;
+ Os eritrócitos positivos para os antígenos em questão
impregnam na fita, formando uma linha.

Prova de reação cruzada simplificada:


- Duas gotas do plasma do receptor e uma gota do
sangue do doador;
- Observar macroscopicamente quanto a formação de
aglutinação (1min);

Prova de reação cruzada por aglutinação:


- Coletar sangue em tubo EDTA do receptor e do
doador;
- Centrifugar para separar o plasma das hemácias;
- Remover o plasma de cada amostra com pipeta e
transferir para tubo limpo;
- Lavar hemácias (3x) com salina tamponada;
- Centrifugar em cada lavagem (5 min.).

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