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ILSI Fascículo-FIBRA-ALIMENTAR
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ILSI BRASIL
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Esta publicação foi possível graças ao apoio da Força-Tarefa de
Alimentos Fortificados e Suplementos, subordinada ao Comitê
de Nutrição e este ao Conselho Científico e de Administração
do ILSI Brasil.
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Autores:
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ÍNDICE
1. Introdução 9
6. Conceito de Prebiótico 28
13. Diretoria/Conselho 65
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1. INTRODUÇÃO
A fibra, como componente alimentar, teve longa trajetória desde sua primeira
definição, por volta de 1953, até a atual definição sugerida pela Codex Alimentarius
Commission (CAC, 2010). Até o início da década de 1970, eram conhecidas apenas
a celulose, a hemicelulose e a lignina, fração denominada de fibra bruta, importante
para o funcionamento intestinal e de valor energético nulo. Os primeiros processos
químicos para quantificação de polissacarídeos não amido (PNA) extraíam diferentes
frações de fibra a partir do controle do pH das soluções; nesse contexto, surgiram os
termos solúvel e insolúvel, mas, com o avanço do conhecimento, essa separação se
mostrou inadequada.
Em meados da mesma década, Trowell (1976) criou uma definição de natureza essencial-
mente nutricional, que foi utilizada por um longo tempo: “A fibra alimentar (FA) é
constituída principalmente de polissacarídeos não amido das plantas e lignina, que
são resistentes à hidrólise pelas enzimas digestivas humanas”. Essa definição passou
a incluir outros componentes, além dos que já compunham a fibra bruta.
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- polímeros de carboidratos obtidos de material cru por meio físico, químico ou enzimático
e que tenham comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana, de acordo
com evidências científicas propostas e aceitas por autoridades competentes;
Quando derivada de plantas, a FA pode incluir frações de lignina e/ou outros compostos associados aos polissacarídeos na parede celular. Esses
1
compostos também podem ser quantificados por método(s) específico(s) para FA. Entretanto, tais compostos não estão incluídos na definição de
FA se forem extraídos e reintroduzidos nos alimentos. Nota concluída na 31ª. reunião do CCNFSDU (CAC, 2009).
A decisão sobre a inclusão de carboidratos com 3 a 9 unidades monoméricas na definição de FA deve ser tomada pelas autoridades nacionais
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(CAC, 2008).
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3.1 Celulose
Esse polissacarídeo linear é composto por até 10 mil unidades de glicose por molécula,
ligadas por ligação β-1,4 e é o principal componente da parede celular dos vegetais,
por isso é considerada um componente estrutural; várias moléculas compactadas for-
mam longas fibras resistentes à digestão pelas enzimas do sistema digestório. Devido
à sua estrutura cristalina, é insolúvel tanto em meio alcalino quanto em água. Uma de
suas propriedades é a capacidade de retenção de água; cada grama de celulose pode
reter 0,4 g de água no intestino grosso. Embora essa quantidade seja considerada
modesta em relação a outros componentes mais viscosos, contribui para tornar o bolo
fecal mais pastoso, facilitando a evacuação.
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3.2 Hemicelulose
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3.3 β-glicanos
3.4 Pectinas
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3.6 Frutanos
Uma vez que o GOS possui ligações β-glicosídicas, apresenta resistência à hidrólise
pela β-amilase presente ao longo do trato gastrintestinal. Esta característica se deve
à especificidade da β-amilase pelas ligações β-glicosídicas, bem como pela reduzida
atividade da β-galactosidase presente nas microvilosidades da membrana do intestino
delgado. Ao mesmo tempo, os GOS são estáveis e apresentam alta resistência à di-
gestão ácida e à elevada temperatura (Sako, Matsumoto & Tanaka, 1999).
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3.8 Polidextrose
Segundo Asp (1994), “amido resistente (AR) é a soma de amido e produtos da de-
gradação de amido que não são absorvidos no intestino delgado de indivíduos
saudáveis”. A expressão “amido resistente” considera basicamente quatros tipos de
amido (Champ et al., 2003):
Ao longo dos últimos anos, vêm surgindo propostas de definições para o AR do tipo
5 (AR5). A proposta mais frequente classifica o complexo amilose-lipídio como AR5
(Lockyer & Nugent, 2017), sendo que tanto a amilose quanto as longas cadeias de
amilopectina formam complexos helicoidais com os ácidos graxos (Jane & Robyt,
1984; Ai, Hasjim & Jane, 2013). Estas estruturas dificultam a ação da alfa-amilase, e o
complexo amilose-lipídio também englobaria moléculas de amilopectina, restringindo
o entumescimento dos grânulos de amido e a hidrólise enzimática (Seneviratne &
Biliaderis, 1991; Hasjim et al., 2010).
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A lignina é a única fibra estrutural que não é um polissacarídeo, mas está ligada à
hemicelulose na parede celular; é um polímero de fenilpropano, sintetizado a partir
de alguns álcoois, insolúvel em meio ácido e alcalino, não sendo digerido ou absor-
vido no intestino. Pode reter sais biliares e outros materiais orgânicos, bem como
retardar ou reduzir a absorção de nutrientes; é encontrada na camada externa dos
cereais integrais e no aipo (Anderson & Chen, 1979; Gray, 2006).
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los até o intestino grosso (Saura-Calixto, 2011). Entretanto, revisão elaborada por
Palafox-Carlos, Ayala-Zavala & González-Aguilar (2011) sinaliza uma possível redução
da biodisponibilidade de compostos antioxidantes por essa associação, o que deve
ser investigada em estudos in vivo.
4. CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DA FA
vs SOLUBILIDADE
Há alguns anos, a classificação fisiológica da FA, baseada na solubilidade do compo-
nente vem sendo considerada inadequada. No passado, as diferentes frações dos polis-
sacarídeos não amido eram extraídas quimicamente pelo controle do pH das soluções.
Nesse contexto, surgiram os termos “solúveis” e “insolúveis”, os quais forneciam uma
útil e simples categorização da fibra com diferentes propriedades fisiológicas, como
era o entendimento da época. Existiam as fibras que afetavam principalmente a absor-
ção de glicose e de lipídios; historicamente, essas fibras eram descritas como solúveis,
pois muitas delas eram viscosas e formavam géis no intestino delgado (ex.: pectinas e
β-glicanos). Em contraste, as fibras com elevada influência no funcionamento intestinal
eram referidas como insolúveis (exemplos: celulose e lignina).
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-Viscosidade: viscosas - pectinas, β-glicanos, algumas gomas (ex.: goma guar) e psyl-
lium, e não viscosas - polidextrose e lignina.
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A absorção de nutrientes é afetada pelo tempo e área de contato entre eles e o epitélio,
que, por sua vez, são influenciados pelo tempo de trânsito intestinal; a diminuição desse
tempo e o aumento do volume fecal permitem também menor contato de substâncias
tóxicas com a mucosa, em função da velocidade e da diluição (Davidson & McDonald,
1998; Dikeman & Fahey, 2006).
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ção dos níveis de glicose plasmática através da redução da resposta insulínica pós-pran-
dial (Mattes et al., 2005; Buttriss & Stokes, 2008; Karhunen et al., 2010). A FA pode, ainda,
afetar a fase cefálica e a gástrica, pela propriedade de formação de volume, enquanto a
viscosidade pode afetar tanto a fase gástrica quanto a intestinal; dessa forma, modifica
processos de ingestão, digestão e absorção, influenciando a saciação (satisfação que
se desenvolve durante a refeição, levando à interrupção desta) e a saciedade (estado
que inibe o consumo de nova refeição, consequência da alimentação anterior) (Slavin &
Green, 2007; Benelam, 2009). A ingestão de inulina ou AR (8 g e 5 g, respectivamente, 3
vezes/semana, por 6 semanas) por voluntários saudáveis, proporcionou mudanças posi-
tivas na liberação de hormônios gastrintestinais e na ingestão de energia. Ao final da
intervenção, ocorreu redução da liberação de grelina e insulina (hormônios relacionados
com a fome) e aumento de PYY (hormônio relacionado com a saciedade), em compara-
ção com o início da intervenção. Estes resultados estão diretamente relacionados com
a redução da ingestão energética (12% com inulina, e 14% com AR) em duas refeições
subsequentes (Giuntini et al., 2015a; Hoffmann-Sardá et al., 2016a). O AR também pro-
porcionou maior sensibilidade à insulina de jejum (Hoffmann-Sardá et al., 2016a).
Quanto maior a capacidade de retenção de água de uma fibra, maior será o peso das
fezes e menor o tempo de trânsito intestinal, o que pode provocar a menor absorção de
nutrientes e o menor aproveitamento energético. A motilidade do cólon e a aceleração
do trânsito intestinal podem ser explicadas de algumas formas. Com a fermentação, há
produção de gases e aumento de volume fecal, que distendem a parede da região e
estimulam a propulsão (Cummings & MacFarlane, 2002); a produção de ácidos graxos
de cadeia curta (AGCC) também estimula a contração do cólon. Outros fatores es-
tariam relacionados à superfície de partículas sólidas, que estimulariam receptores da
submucosa, levando a maior propulsão (FAO/WHO, 1998). O aumento do volume fecal
é uma consequência da retenção de água e da proliferação da microbiota decorren-
tes da fermentação da FA; a capacidade de retenção de água modifica a consistência
das fezes e aumenta a frequência das evacuações. Já a FA pouco fermentável e com
menor capacidade de retenção de água participa da manutenção da estrutura do bolo
fecal no cólon (FAO/WHO, 1998). Nesse sentido, a adição de fontes de FA em pessoas
com constipação intestinal é um recurso a ser utilizado. A adição de farinha de banana
verde, fonte de AR, 15 g/semana, durante 6 semanas, em refeições para pacientes
diabéticos com doença renal crônica, proporcionou significativa melhora no quadro
de constipação intestinal, que é crônica nesses pacientes (Gumbrevicius, 2016).
A capacidade de associação da fibra aos ácidos biliares é uma ação local, mas que pode
promover efeitos na absorção de lipídios e no metabolismo do colesterol. Um dos me-
canismos propostos para a hipocolesterolemia é que, com a excreção de moléculas
de colesterol através dos ácidos biliares nas fezes, há a necessidade de aumento de
síntese desses ácidos a partir do colesterol presente na circulação; outro mecanismo
atua pela redução de síntese de colesterol, a partir da elevação do propionato, um
dos AGCC produzidos pela fermentação da FA no intestino grosso (Anderson & Chen,
1979; Anderson et al., 2009). Tanto a FA fermentável como a não fermentável têm efeito
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Populações com dieta rica em carboidratos e FA, como caçadores da região de Hadza,
Tanzânia, têm elevada biodiversidade da microbiota intestinal em comparação com
italianos de centros urbanos (Schnorr et al., 2014). Em contraste, consumidores de dieta
rica em gordura e sacarose por longo período têm grande redução na biodiversidade
da microbiota (Sonnenburg & Sonnenburg, 2014). Sonnenburg et al. (2016) alertam so-
bre o efeito deletério das dietas sem FA sobre a microbiota intestinal e com a pos-
sibilidade de extinção de componentes da microbiota nas gerações futuras. Como
muitas doenças estão ligadas a uma microbiota que recebe pouca FA (dieta ocidental)
e o alvo terapêutico é a microbiota, pode ser necessário fazer uma reprogramação da
microbiota, que envolve tanto o consumo de dieta rica em FA bem como a reposição
dos gêneros que não estão presentes na dieta ocidental.
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Figura 2. Mecanismo de ação dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), produzidos
pela microbiota.
A fermentação da fibra alimentar (FA) leva à produção de AGCC por várias vias bioquímicas. O tamanho das
letras simboliza a proporção de AGCC presentes. No intestino grosso distal, os AGCC podem entrar nas
células por difusão ou transporte mediado por transportadores SLC5A8 e atuam como fonte de energia ou
como inibidor de histonas deacetilases (HDAC). O acetato ou propionato no lúmen são reconhecidos pelos
receptores GPR41 e GPR43, proporcionando a liberação de Peptídio YY (PYY) e Glucagon like peptide (GLP-
1), os quais afetam a saciedade e o trânsito intestinal. O butirato luminal exerce efeitos anti-inflamatórios via
GPR109A e inibição de HDAC. O propionato pode ser convertido em glicose pela gliconeogênese intestinal
(IGN), proporcionando a saciedade e diminuição da produção de glicose hepática. Os AGCC também po-
dem atuar em outros locais do intestino, como sistema nervoso entérico (ENS), estimulando a motilidade
e a atividade secretora, ou nas células imunes na lâmina própria, reduzindo a inflamação e a tumorgênese.
Pequenas quantidades de AGCC (principalmente acetato e possivelmente propionato) atingem a circulação
e podem também afetar diretamente o tecido adiposo, o cérebro e o fígado, induzindo efeitos metabólicos
benéficos gerais. Setas sólidas indicam a ação direta de cada AGCC, e setas tracejadas do intestino repre-
sentam efeitos indiretos.
Fonte: Koh et al. (2016), com autorização.
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Estudos in vitro têm indicado que a pectina pode estimular crescimento de Bifidobac-
terium e Lactobacillus, bem como a redução de bactérias patogênicas como Shigella,
Salmonella, Klebsiella, Enterobacter, Proteus e Citrobacter (Lattimer & Haub, 2010).
Outro efeito dos AGCC é a utilização do butirato como fonte preferencial de energia
pelos colonócitos. Esse ácido graxo determina a atividade metabólica e o crescimento
das células, representando o fator primário protetor para os distúrbios do cólon (Gray,
2006; Roberfroid et al., 2010). Os frutanos provenientes de cebola apresentam alta fer-
mentabilidade tanto in vitro como in vivo (Pascoal et al., 2013); a fermentação resultou
em significativo efeito trófico no ceco de ratos, com 98% das mitoses ocorrendo na
região basal das criptas (dados não publicados).
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6. CONCEITO DE PREBIÓTICO
O conceito de prebiótico vem sendo atualizado desde sua criação (Quadro 2). Inicial-
mente, a proposta de seletividade da microbiota e do crescimento, composição e/ou
atividade de bactérias eram condições recorrentes, e o substrato ideal seriam, basica-
mente, alguns tipos de carboidratos.
A primeira definição proposta por Gibson e Roberfroid (1995) foi: “Prebióticos são in-
gredientes alimentares que não são digeridos e que afetam de maneira benéfica o
hospedeiro por estimularem seletivamente o crescimento e/ou a atividade de uma ou
de um número limitado de bactérias do colón”. Com o surgimento dos prebióticos, os
frutanos e todo tipo de FA passaram a ser considerados como componentes que apre-
sentavam efeito prebiótico. Em 2004, foram estabelecidos critérios para a classificação
dos ingredientes como prebióticos: 1 - ser resistente à acidez gástrica, à hidrólise por
enzimas de mamíferos e à absorção gastrintestinal; 2 - ser fermentado pela microbiota
colônica; 3 - estimular seletivamente o crescimento e/ou atividade de bactérias bené-
ficas. Segundo Gibson et al. (2004), eram considerados prebióticos: inulina; fruto-oli-
gossacarídeo (FOS); galacto-oligossacarídeo (GOS) e lactulose. Uma revisão sobre pre-
bióticos, elaborada por Roberfroid et al. (2010), mostra que os produtos que causam
modificação seletiva na composição e/ou atividade da microbiota do trato gastrintesti-
nal podem proporcionar efeitos benéficos no cólon e no compartimento extraintestinal
ou contribuir para a redução do risco de doenças do intestino ou sistêmicas.
Em 2008, a FAO (2008) divulgou uma definição, mais abrangente, excluindo tanto a
seletividade das bactérias quanto a necessidade de fermentação de compostos pela
microbiota do intestino.
Ingredientes
Autor/Ano Características principais Definição considerados
prebióticos
Seletividade da microbiota Ingrediente não digerível que
Crescimento e/ou atividade de afeta a saúde do hospedeiro pela
Gibson &
bactérias estimulação seletiva do FOS
Roberfroid, 1995
Ação no cólon crescimento e/ou atividade de
Ação na saúde do hospedeiro uma ou de um número limitado de
Seletividade da microbiota Substâncias não digeríveis que FOS
proporcionam efeitos fisiológicos
Crescimento ou atividade de bactérias GOS
Reid et al., 2003 benéficos no hospedeiro pela
Inclui outros locais de ação estimulação seletiva do
Lactulose
Efeitos fisiológicos benéficos crescimento ou atividade de um
Seletividade da microbiota Ingrediente seletivamente Inulina
Composição e/ou atividade de fermentado que permite
FOS
bactérias específicas mudanças na
Gibson et al., 2004
Ação em todo trato gastrintestinal composição e/ou atividade da GOS
Ação na saúde e bem-estar do microbiota intestinal, o que
Lactulose
hospedeiro confere bem-estar e saúde ao
Igual ao anterior, mas apenas dois Ingredientes seletivamente Inulina
Roberfroid, 2007 oligossacarídeos cumprem os critérios fermentados que permitem
GOS
de classificação de prebióticos específicas mudanças na
Exclui seletividade da microbiota Inulina
Exclui limite de ação, não restringindo
FOS
ao trato gastrintestinal
Substitui a casualidade pela
GOS
associação
Composto não disponível do SOS
alimento que confere benefício XOS
FAO, 2008 Exclui a necessidade de fermentação para a saúde do hospedeiro IMO
ou metabolização pela microbiota do associado com a modulação da Lactulose
intestino, não fazendo distinção de microbiota Pirodextrinas
compostos que modulam a Fibra alimentar
microbiota intestinal unicamente por Amido resistente
ação inibitória Outros
oligossacarídeos
não disponíveis
Especifica que é do alimento Ingrediente alimentar Inulina
Seletividade da microbiota seletivamente fermentado que FOS
Composição e/ou atividade da altera a composição e/ou
GOS
Gibson et al., 2010 microbiota intestinal atividade da microbiota
Ação na saúde do hospedeiro gastrintestinal, conferindo Lactulose
benefícios para a saúde do Inclui lista de
hospedeiro candidatos
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Ingredientes
Autor/Ano Características principais Definição considerados
prebióticos
Mantém a seletividade
Seletividade da microbiota
da microbiota Ingrediente não digerível que
(mas não se restringe aos lactobacilos FOS
e bifidobactérias)
Considera a metabolização pela
GOS
microbiota
Modulação e/ou atividade da Oligossacarídeos
Substrato que é seletivamente
microbiota gastrintestinal do leite humano
utilizado pelos micro-organismos
Gibson et al., 2017 Não se restringe aos carboidratos Candidatos:
do hospedeiro, proporcionando
Efeitos fisiológicos benéficos MOS
benefícios para saúde
Não se restringe ao uso oral XOS
Pode ser usada para animais Polifenóis
Ácido linoleico
conjugado
Ácidos graxos poli-
insaturados
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O efeito benéfico do prebiótico na saúde deve ser comprovado, para o uso pretendido
no hospedeiro-alvo, por meio de estudos controlados que avaliem a modulação da
microbiota e a ação dos metabólitos produzidos. Os efeitos dos prebióticos na saúde
estão evoluindo, mas até o momento incluem: benefícios para o trato gastrintestinal
(exemplos: inibição de agentes patogênicos, estimulação imune); cardiometabólicos
(exemplos: redução dos níveis de lipídios no sangue, efeitos sobre a resistência à insu-
lina); saúde mental (exemplos: metabólitos que influenciam a função cerebral, energia
e cognição); saúde do osso (exemplo: biodisponibilidade de mineral), entre outros.
Além dos carboidratos não disponíveis, outros compostos podem ser considerados
prebióticos. Compostos com comprovação suficiente de efeitos positivos sobre o
hospedeiro: fruto-oligossacarídeos (FOS), galacto-oligossacarídeos (GOS) e oligos-
sacarídeos do leite humano (HMO). Candidatos: manano-oligossacarídeos (MOS), xilo-
oligossacarídeos (XOS), polifenóis, ácido linoleico conjugado (CLA) e ácidos graxos
poli-insaturados. Os prebióticos utilizados atualmente são administrados por via oral –
essa definição contempla a administração direta em outros locais do corpo, desde que
estes sejam colonizados por micro-organismos, como trato vaginal e pele e pode ser
aplicada tanto para humanos como para animais. Os autores ressaltam que os prebióti-
cos têm potencial para melhorar a saúde humana e animal e reduzir o risco de doenças
mediadas pela aberração da microbiota (Gibson et al. 2017).
Dessa forma, o conceito de prebiótico ainda não está totalmente estabelecido em bases
internacionais, devendo este ser amplamente discutido tanto por razões científicas como
pelo perfil de necessidades do agronegócio e de agências reguladoras, visando melhorar
as alegações (claims) de saúde, rotulagem de alimentos, recomendações nutricionais e
informação ao consumidor, segundo Sanders et al. (2011). Adicionalmente, a indefinição
sobre quais compostos podem ser considerados ou não prebióticos tem consequências
no comércio global (Katsnelson, 2016).
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A WHO (2017) reforça que o reduzido consumo de frutas e vegetais está associado
à saúde deficiente e ao aumento do risco de uma doença crônica não transmissível
(DCNT). Cerca de 5,2 milhões de mortes no mundo, em 2013, foram atribuídas a este
reduzido consumo. A inclusão de frutas e vegetais, como parte da alimentação diária
pode reduzir o risco de algumas DCNT, como as cardiovasculares e certos tipos de
câncer. Embora limitadas, mais evidências sugerem que as frutas e vegetais, quando
consumidas como parte da dieta saudável, com reduzido conteúdo de gordura, açú-
cares e sal/sódio, podem também evitar o ganho de peso e reduzir o risco de obesi-
dade. Adicionalmente, frutas e vegetais são fontes ricas de vitaminas, minerais e FA e
contêm uma série de compostos não nutrientes benéficos, como esteróis de plantas,
flavonoides e outros antioxidantes, e o consumo de diversas variedades ajuda a garan-
tir uma adequada ingestão destes compostos.
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Com relação às DCV, provavelmente a FA diminui seu risco quando aliada a outros
fatores, como atividade física, consumo de frutas e hortaliças e controle de ingestão
lipídica (Liu et al., 2002; Pereira et al., 2004; Oh et al., 2005). Liu et al. (2002), em es-
tudo prospectivo por seis anos com cerca de 40 mil mulheres, utilizando questionário
semiquantitativo de frequência alimentar, concluíram que a alta ingestão de FA está
relacionada à redução de DCV e infarto do miocárdio. Os autores recomendam que o
aumento de consumo de cereais integrais, frutas e vegetais, em geral, é uma medida
primária para a redução de risco. Na análise de dez estudos do tipo coorte, realizados
nos Estados Unidos e Europa (5.249 casos de doença cardíaca coronariana e 2.011
mortes por essa doença entre mais de 95 mil homens e 245 mil mulheres), concluiu-
se que, para cada 10 g/dia de ingestão de fibra de cereais integrais e frutas, houve
redução de 14% para risco de DCV e de 27% para mortalidade (Pereira et al., 2004).
Os mecanismos mais aceitos para essa função protetora da FA seriam a hipocolesterolemia
e a hipoinsulinemia. A hipocolesterolemia pode ser decorrente da adsorção dos ácidos
biliares pela fibra ou inibição da biossíntese de colesterol no fígado devido aos AGCC,
principalmente o propionato (Pins & Kaur, 2006; Anderson et al., 2009). Deve-se lembrar
também que uma dieta com maior quantidade de FA tem menor densidade energé-
tica, predispondo menos à obesidade, que também é fator de risco coronariano. A FA
ainda favorece fatores antitrombolíticos e status antioxidante.
Anderson et al. (2009) avaliaram dados de inúmeros estudos relacionando o risco rela-
tivo de desenvolvimento de algumas DCNT e a ingestão de FA. Em sete estudos do
tipo coorte, totalizando 158 mil indivíduos, constatou-se que houve prevalência 29%
menor de desenvolvimento de DCV entre os que tinham alta ingestão de FA, em com-
paração com indivíduos com menor ingestão; no caso de acidente vascular cerebral, a
prevalência foi 26% menor em quatro estudos com 134 mil indivíduos que apresenta-
ram alta ingestão de cereais integrais ou de FA.
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Anderson et al. (2009) ponderam que há evidentes dados de ensaios biológicos com
animais e voluntários, além de dados epidemiológicos, indicando clara associação en-
tre perda de peso e elevada ingestão de FA, em função do retardo do esvaziamento
gástrico, do aumento da saciedade e dos hormônios relacionados a ela; em quatro
estudos coortes com 116 mil indivíduos, a ingestão de FA reduziu em cerca de 30%
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Avaliação sobre o efeito do consumo de cereal integral ou FA, realizada por Ye et al.
(2012), envolveu 45 estudos prospectivos do tipo coorte e 21 ensaios de intervenção
randomizados (com participantes saudáveis ou apresentando um ou mais fatores de
risco para DT2 e DCV, acompanhamento por 8 a 13 anos). Comparando dados de in-
divíduos que consumiam ao redor de 48 a 80 g de cereal integral/dia com os que não
tinham hábito de ingerir cereais integrais ou FA, o ganho de peso foi menor (1,27 vs
1,64 kg; P = 0,001; respectivamente) e foi observada redução de risco de 26% para DT2
e 21% para DCV. Os autores sugerem que uma ingestão de pelo menos 48 g/dia de
cereal integral ajuda na manutenção do peso e reduz o risco de DCV.
Em função da participação dos cereais integrais (CI) em muitas dietas ao redor do mun-
do, o interesse sobre seus efeitos na saúde tem aumentado muito (Jacobs et al., 1998;
Jacobs, Andersen & Blomhoff, 2007). A elevada ingestão de CI tem sido associada a um
menor risco de diabetes do tipo 2 (Aune et al., 2013), doença cardiovascular e ganho de
peso (Ye et al., 2012). Entretanto, alguns autores salientam que as recomendações
para a ingestão de CI geralmente não eram claras em relação à quantidade ou
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aos tipos de alimentos integrais que devem ser consumidos para reduzir o risco
de DCNT e de mortalidade (Aune et al., 2016b; Li et al., 2016). Segundo Chen et
al. (2016), o potencial do CI na diminuição do risco de mortalidade, em diversos estu-
dos prospectivos, foi relatado de forma inadequada, apesar da riqueza de resultados.
Dessa forma, novas meta-análises, envolvendo estudos dose resposta de CI e risco de
DCNT foram realizadas.
Com base em 13 estudos sobre mortalidade total (104.061 mortes), 12 por CVD (26.352
óbitos) e 8 por câncer (34.797 mortes), foi realizada meta-análise por Chen et al. (2016).
Para análise dose-resposta, os dados dos trabalhos que apresentavam o consumo por
produtos integrais foram convertidos na quantidade total de CI. Para cada 50 g/dia
adicional na ingestão de CI foi associada uma redução de 22% no risco de mortalidade
por todas as causas, 30% por DCV e 18% por câncer. Adicionalmente, as curvas de as-
sociações por mortalidade total e CVD apareceram mais íngremes nas faixas inferiores
de ingestão (35 g/dia) do que nas faixas mais altas. Os autores consideram que os
resultados observados suportam a recomendação de aumento do consumo de CI
visando a melhoria da saúde pública.
37
Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
Foi indicada a não linearidade em várias análises dose-resposta, com reduções um pou-
co mais íngremes no risco em níveis mais baixos de ingestão na maioria das análises.
No entanto, reduções mais acentuadas no risco de doença cardíaca coronariana e de
mortalidade por câncer total, doenças respiratórias e por todas as causas não cardio-
vasculares e não cancerígenas foram observadas com ingestão de até 210-225 g/dia
(sete a sete e meia porções/por dia) de CI, para a maior parte dos dados. Estes resul-
tados embasam orientações nutricionais que recomendam o aumento do consumo de
CI para reduzir o risco de DCNT e mortalidade prematura.
Meta-análise realizada por Aune et al. (2013) avaliou o efeito dose resposta da ingestão
de CI e refinados sobre o risco de diabetes do tipo 2 (DT2), o qual envolveu dezesseis
estudos prospectivos do tipo coorte. O risco relativo resumido de ingestão de 3 por-
ções/dia foi de 0,68 (IC 95%: 0,58-0,81; I2 –variação total entre estudos – = 82%; n = 10)
para CI (90 g) e 0,95 (IC 95%: 0,88-1,04; I2 = 53%; n = 6) para refinados. Para consumo
maior que 90 g de CI, não houve mais diminuição de risco para DT2. Foram observadas
associações inversas para subtipos de CI (incluindo pão integral, cereais integrais,
farelo de trigo e arroz integral) e risco de DT2, apesar desses resultados terem sido
baseados em poucos estudos, enquanto que o arroz branco foi associado a um risco
aumentado para DT2. Os autores recomendam a substituição dos cereais refinados por
integrais e sugerem que, pelo menos, 2 porções/dia (60 g) de cereais integrais devem
ser consumidas para garantir redução de risco de DT2.
Com ingestão de 90 g/dia (3 porções) de CI, podem ocorrer: 1 - redução de risco, tanto
de incidência como de mortalidade, de doença cardíaca coronariana, DCV, câncer to-
tal, e também por todas as causas; 2 - redução de risco de câncer colorretal; 3 - redução
de risco de mortalidade por doenças respiratórias, diabetes, doenças infecciosas e to-
38
Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
das as causas que não DCV e não cancerígenas. A ingestão de até 210-225 g/dia de CI
promove reduções ainda maiores para risco de desenvolvimento de doença cardíaca
coronariana, além do menor risco de mortalidade por câncer total, doenças respira-
tórias e por todas as causas não cardiovasculares e não cancerígenas.
Uma análise do tipo coorte de doze estudos avaliou a ingestão de FA, entre 1993 e
2000, da população americana adulta, sendo 424.410 homens e 544.984 mulheres. Foi
possível observar que a ingestão média era de 16,7 g/dia para homens e de 15,6 g/
dia para mulheres. Considerando que a recomendação de ingestão adequada (IA) é
de 14 g/ 4.200 kJ (1.000 kcal), ou uma média de 36 g/dia para homens e 28 g/dia para
mulheres, a ingestão de FA representava 50% da recomendação nos Estados Unidos
(Anderson et al., 2009). Essa baixa ingestão também foi verificada com dados de 23.168
homens e mulheres com mais de 20 anos de idade, participantes da National Health
and Nutrition Examination Survey 1999-2010. A ingestão de FA foi de 15,7-17,0 g, com
algumas diferenças de origem racial. Os americanos hispânicos (18,8 g) consumiram
mais fibra do que os brancos não hispânicos (16,3 g) e os negros não hispânicos (13,1
g) (Grooms et al., 2014).
O Brasil, pela sua extensão territorial, é um país com características peculiares, apre-
sentando hábitos alimentares regionais. Poucas são as informações sobre consumo ali-
mentar nacional, e os dados existentes podem não refletir o real perfil de ingestão de
FA da população brasileira. Avaliações sobre ingestão de FA em três estudos nos anos
2000 observaram uma ingestão média de 8,9 g/dia em 38 mulheres adultas (Mello et
al., 2010), 12,5 g/dia em 48 idosos de 65 a 89 anos (Salcedo & Kitahara, 2004) e de 15,5
g/dia (mediana – 2º. tercil) de 787 descendentes de japoneses residentes em Bauru/SP
(Sartorelli et al., 2005). Em estudo de avaliação de consumo alimentar realizado com
1.222 pessoas (22-63 anos) em Florianópolis/SC, as mulheres apresentaram ingestão
média de 16,5 g/dia, e os homens, 18,6 g/dia, quantidade também abaixo do recomen-
dado (Wagner et al., 2017).
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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
No início dos anos 2000, Menezes, Giuntini & Lajolo (2001) realizaram uma estimativa
de ingestão de FA calculada com base nos dados de aquisição de alimentos de pes-
quisas da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas décadas
de 1970, 80 e 90, utilizando dados de FA em alimentos brasileiros disponíveis na Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos - USP (www.fcf.usp.br/tbca) (TBCA, 2017). Foi
possível observar que a estimativa de ingestão de FA pela população brasileira caiu
sensivelmente nas refeições feitas em domicílio, de 19,3 g/dia (1970) e 16,0 g/dia (1980)
para 12,4 g/dia (1990) (Tabela 1).
Para a década de 2000, foram feitas duas estimativas, calculadas sobre os dados de
aquisição de alimentos das Pesquisas de Orçamento Familiar (POF) 2002/2003 (Brasil,
2004) e POF 2008/2009 (Brasil, 2010). Observa-se que as refeições feitas em domicílio
ofereciam, para cada membro da família, 15,4 g/dia e 12,5 g/dia de FA, respectiva-
mente (Tabela 1). Dessa forma, a modesta elevação encontrada no início dos anos 2000
não se manteve ao longo da década.
Fonte: Menezes, Giuntini & Lajolo (2001); Menezes & Giuntini (2008).
É interessante frisar que três alimentos – feijão, pão francês e arroz – respondem por
mais de 60% do total da FA disponibilizada dentro do domicílio para a população
brasileira em todas as décadas estudadas. Desses alimentos, somente o feijão é fon-
te expressiva de FA, mas o pão e o arroz, em função da regularidade e quantidade
consumida, fornecem significativas quantidades de FA. Entre 1975 e 2009, o arroz po-
lido teve redução de 54% na quantidade anual per capita disponível para consumo
no domicílio, passando de 32 kg/ano em 1975 para 15 kg/ano em 2009; o feijão teve
sua aquisição anual reduzida em 49% e o pão francês em 29%. Como esses alimentos
tiveram seu consumo reduzido ao longo das décadas, isso acarreta menor ingestão
de carboidratos totais fornecidas por esses alimentos e, consequentemente, de FA
(Tabela 1). Fontes tradicionais de FA, como hortaliças e frutas, tinham e ainda têm con-
sumo reduzido no Brasil, e são representados basicamente por tomate, cebola, alface,
repolho, banana e laranja.
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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
Resultados similares foram observados por Sardinha et al. (2014) ao avaliarem dados
da POF 2008/2009, onde a disponibilidade média per capita de FA foi de 7,6 g/4.200
kJ (1.000 kcal), e as principais fontes de FA foram feijão, pão, arroz, frutas, verduras e
farinha de mandioca. O mesmo já havia sido evidenciado por Mattos & Martins (2000)
em inquérito alimentar junto à população adulta de uma região metropolitana de São
Paulo.
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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
cárneos, óleos e gorduras. Entre os alimentos que contêm FA, verifica-se um discreto
aumento no consumo de aveia, frutas de clima temperado (principalmente uva) e pães
industrializados, mas não tão significativo para interferir no perfil de ingestão desse
componente.
O que se observa é que a dieta da população brasileira, em relação à FA, está distante,
conforme preconizado pela WHO (2015), de uma dieta saudável, a qual “deve conter:
frutas, vegetais, leguminosas, nozes, cereais integrais, pelo menos 400 g de frutas e
vegetais por dia”.
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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
9. ALEGAÇÕES DE PROPRIEDADES
FUNCIONAIS OU DE SAÚDE
Em dezembro de 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (Brasil, 2016)
atualizou o texto sobre Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e/ou de
Saúde. O início do texto está abaixo relatado na íntegra:
- “Este alimento contém β-glicanos (fibra alimentar), que pode auxiliar na redução da
absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equili-
brada, baixa em gorduras saturadas e hábitos de vida saudáveis”;
43
Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
- FA, dextrina resistente, goma guar e polidextrose: a porção do produto pronto para
consumo deve fornecer no mínimo 2,5 g de FA ou do composto e na tabela de infor-
mação nutricional (logo abaixo da FA) deve conter o nome e a quantidade (g) de FA
ou do componente. Para dextrina resistente, há também exigência de consumo diário
– o uso do ingrediente não deve ultrapassar 30 g na recomendação diária do produto
pronto para consumo, conforme indicação do fabricante;
- FOS e inulina: uma vez que a recomendação de consumo diário do produto pronto
para consumo forneça no mínimo 5,0 g de FOS ou inulina, a porção deve fornecer no
mínimo 2,5 g de FOS ou inulina, e na tabela de informação nutricional (logo abaixo da
FA) deve constar o nome e a quantidade (g) do componente. O uso do ingrediente
não deve ultrapassar 30 g na recomendação diária do produto pronto para consumo,
conforme indicação do fabricante;
- β-glicanos: a alegação pode ser aprovada somente para farelo de aveia, aveia em
flocos e farinha de aveia. Na tabela de informação nutricional (logo abaixo da FA) deve
constar a quantidade (g) de β-glicanos. Também deve constar a seguinte frase de ad-
vertência em destaque e negrito no rótulo dos produtos: “Pessoas com níveis elevados
de colesterol devem procurar orientação médica”;
-Psyllium: a porção diária do produto pronto para consumo deve fornecer no mínimo
3,0 g de psyllium.
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1. Métodos gerais que quantificam a FA sem incluir a fração de baixo peso molecular
(unidades monoméricas ≤ 9):
2. Métodos gerais que quantificam tanto a fração de alto (unidades monoméricas > 9)
e de baixo peso molecular (unidades monoméricas ≤ 9):
3
Quantificação com perda de inulina, AR, polidextrose e maltodextrinas resistentes.
4
Quantificação com perda de AR.
45
Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
4. Outros métodos:
Cada usuário deve consultar a descrição das matrizes utilizadas no estudo colaborativo
de cada método analítico oficial da AOAC internacional para garantir a correta escolha
do método a ser empregado.
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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
48
Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
A ingestão média atual de FA no Brasil não atinge 50% das recomendações preconiza-
das, que é de 25 g/dia; assim, esforços devem estar voltados para aumentar a ingestão
desse componente pela população brasileira.
Com as novas tecnologias existentes será possível elucidar mecanismos envolvidos nas
complexas interações entre dieta, microbiota intestinal e características do hospedeiro.
Espera-se, em médio prazo, que os efeitos fisiológicos proporcionados pela ingestão
de FA possam ser mais bem explicados e aplicados para a população como um todo,
proporcionando adequada longevidade e qualidade de vida.
49
Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil
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13. DIRETORIA/CONSELHO
Diretoria e Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil
Board of Directors and Board of Trustees of ILSI Brazil
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AJINOMOTO
AMWAY
BASF
DANONE
DSM
HERBALIFE
PFIZER
VIGOR
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