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Operações Estabelecedoras0

Jack Michael
Western Michigan University

Os dois primeiros livros sobre análise do comportamento (Skinner, 1938; Keller &
Schoenfeld, 1950) possuem capítulos inteiros a respeito de motivação. A próxima
geração de artigos e livros também possui capítulos sobre o assunto, mas a partir do
final dos anos 60 o assunto deixou de ser tratado na literatura analítico comportamental.
A falha ao lidar com esse assunto deixa uma lacuna no nosso entendimento sobre as
relações funcionais operantes. Uma solução parcial é reintroduzir o conceito de
operação estabelecedora, definida como evento ambiental, operação, ou estímulo
condicional que afeta o organismo alterando momentaneamente (a) a efetividade do
reforço de outros estímulos e (b) a freqüência da ocorrência de parte do repertório do
organismo relevante para aqueles eventos como conseqüências. Variáveis
discriminativas e motivacionais podem ser distinguidas por estarem relacionadas à
disponibilidade diferencial de uma forma efetiva de reforço, dado certo tipo de
comportamento e por se relacionarem à efetividade diferencial do reforço de certos
eventos ambientais, respectivamente. Outra importante distinção também pode ser
realizada entre operações estabelecedoras incondicionadas (OEIs), como privação de
comida e estímulos dolorosos, e operações estabelecedoras condicionadas (OECs) que
dependem da história de aprendizagem do organismo. Um tipo de OEC é um estímulo
que simplesmente foi emparelhado com uma OEI e como resultado adquire algumas
propriedades motivacionais daquela OEI. O estímulo de alerta num procedimento de
evitação é outro tipo importante de OEC tido como reflexiva, pois estabelece seu
próprio fim como forma de reforço e evoca o comportamento que acompanhou tal
encerramento. Outra OEC é intimamente relacionada ao conceito de reforço
condicionado condicional e se refere ao uma OEC transitiva, pois estabelece alguns
outros estímulos como forma de reforço efetivo e evoca o comportamento que produziu
tais estímulos. A multiplicidade de controle do comportamento humano é muito
comum, e frequentemente bastante complexa. O entendimento sobre as operações
estabelecedoras aprendidas e não aprendidas pode contribuir muito para nossa
habilidade de identificar e controlar os vários componentes dessa multideterminação.
Palavras-chave: operações estabelecedoras, motivação, controle múltiplo.
_____________________________________

No senso comum da psicologia, o que uma pessoa faz é geralmente pensado


como função de dois grandes fatores, conhecimento e motivação. Para que algum
comportamento específico ocorra (com exceção dos atos “involuntários” como os
reflexos), o organismo que se comporta deve “saber como” e também “querer” fazer.
Grande parte da teoria psicológica tradicional considera diferentes tipos de querer e o
modo como interagem com outras funções mentais; grande parte da psicologia aplicada
está preocupada em fazer com que as pessoas façam coisas que elas saibam como fazer,
mas não querem fazer. Motivação parece ser um assunto importante, apesar da noção
básica ter um papel pequeno na abordagem denominada análise do comportamento.
Na análise do comportamento aplicada ou modificação comportamental, o
conceito de reforço parece ter assumido grande parte da matéria que já foi considerada
uma parte do tópico de motivação. De certo modo essa substituição foi razoável. Com a
descoberta do papel do reforço na manutenção do comportamento – esquemas de
reforço intermitente - muitos exemplos de motivação insuficientes poderiam ser melhor
interpretados como exemplos de reforço contínuo insuficiente. A substituição também
foi atrativa porque os termos motivacionais mais comuns – vontades, necessidades,
drives, motivos – ocasionalmente se referem a entidades internas cuja existência e
aspectos essenciais eram inferidos do comportamento que se queria explicar.
Entretanto, a história de reforço não é um substituto completo para relações
funcionais motivadoras. Skinner (1938, cap 9 e 10, 1953, cap 9) distingue claramente
privação e saciação de outros tipos de variáveis ambientais e relaciona essas operações
ao tradicional conceito de drive, assim como Keller & Schoenfeld (1950, cap.9). O
tratamento dado por Skinner à estimulação aversiva (e.g., 1953, cap 11) é muito
semelhante ao modo como o assunto foi tratado na privação, Keller & Schoenfeld
classificam a estimulação aversiva como um dos drives (1950, cap. 9). Posteriormente,
o modo como o assunto foi tratado no comportamento verbal (1957, pp. 28-33, 212-
214), Skinner mais uma vez identifica a privação e a estimulação aversiva como
variáveis independentes que tem funções bem diferentes do reforço e controle de
estímulo.1
Os textos comportamentais subsequentes, de início, continuaram a apresentar um
capítulo separado sobre privação (e.g., Holland & Skinner, 1961; Lundin, 1961, 1969;
Millenson, 1967; Millenson & Leslie, 1979), entretanto alguns textos mais recentes
quase deixaram de abordar o assunto (e.g., Catania, 1979, 1984; Fantino & Logan,
1979; Mazur, 1986, 1990; Powers & Osborne, 1976). O manual de Honig (1966) e o de
Honig e Staddon (1977) contem um capítulo sobre motivação de Teitelbaum (1966,
1977) que diferem da maneira como o tema foi abordado anteriormente, mencionando
amplamente as relações entre variáveis psicológicas e comportamento. O manual de
Honig e Staddon também contém um capítulo de Collier, Hirsch, & Kanarek (1977), em
que o comportamento de se alimentar é analisado no contexto de sua significância
ecológica. Assim como em Teitelbaum, essa abordagem é muito diferente das
anteriores, e de certa forma, critica os pressupostos anteriores de Skinner sobre
motivação. Nem as análises psicológica e ecológica parecem ter sido incorporadas na
maneira como a motivação foi “negligenciada”.
Contudo, a presente situação, com variáveis motivacionais sendo tratadas como
história de reforço, privação e saciação, ou estimulação aversiva não é inteiramente
satisfatória.2 Variáveis com efeitos comportamentais similares aos da privação e
estimulação aversiva, e que também não podem ser facilmente classificadas, são mais
prováveis de serem ignoradas ou classificadas erroneamente (frequentemente como
estímulo discriminativo). A seguir, será realizada uma tentativa de abordar o tema de
forma mais minuciosa e sistemática do que é apresentada usualmente e que tenta
contornar as dificuldades encontradas.

Operações Estabelecedoras definidas em função de duas características

Uma operação estabelecedora – expressão utilizada pela primeira vez por


Keller & Schoenfeld (1950) e posteriormente por Millenson (1967) – é um
acontecimento ambiental, uma operação, ou condição de estimulação que afeta o
organismo alterando momentaneamente (a) a efetividade do reforço de outros estimulos
e (b) a frequência3 de ocorrência de parte do repertório comportamental do organismo
relacionada a esses estímulo como consequência.
O primeiro efeito pode ser chamado de estabelecimento reforçador e o segundo
de evocativo. Desta forma, a privação de comida é uma operação estabelecedora (OE)
que aumenta momentaneamente a efetividade da comida como forma de reforço. Mas a
privação de comida não estabelece, apenas, a comida como forma de reforço se o
organismo encontrar comida; ela também aumenta momentaneamente a frequência de
tipos de comportamento que foram reforçados previamente com comida. Em outras
palavras, qualquer comportamento que fora reforçado com comida anteriormente é
evocado. Esse efeito evocativo é, provavelmente, relacionado (a) ao efeito direto da OE
em tal comportamento, (b) um aumento da efetividade evocativa de todos SDs para os
comportamentos que foram seguidos de reforço por comida, e (c) um aumento da
frequência do comportamento que foi seguido de reforçadores condicionados cuja
efetividade dependa de privação de comida. A saciação de comida - consumo da comida
– é a operação estabelecedora agindo na direção oposta; atualmente é mais correto se
pensar em variáveis motivacionais como operações estabelecedoras ou abolidoras e
pensar seus efeitos evocativos como aumento ou redução na frequência4 momentânea
do tipo de comportamento relevante.
Ocasionalmente é realizada uma tentativa de interpretar o efeito evocativo de
uma OE como resultado dos estímulos produzidos pela privação (pontadas no estômago
boca e garganta seca) funcionando com estímulo discriminativo (SDs) para o
comportamento em questão (e.g., Staats, 1963, pp.111-112). Neste momento seria útil
realizar uma definição mais restritiva da relação discriminativa do que as que são
encontradas nos textos básicos e comparar essas relações com as operações
estabelecedoras.
Um SD é uma condição do estímulo que tem uma história de correlação com a
disponibilidade diferencial de uma forma efetiva de reforço, dado um tipo específico de
comportamento. Disponibilidade diferencial implica que tal consequência foi, de certa
forma, mais disponível na presença do que na ausência da condição de apresentação do
estímulo ou SD. Disponibilidades menores ou indisponibilidades na ausência da
condição de apresentação do estímulo implicam que o acontecimento indisponível teria
sido efetivo como reforço se tivesse sido apresentado. No que se refere a este ultimo
requisito, a maioria das variáveis motivacionais são classificadas erroneamente como
variáveis discriminativas. O procedimento normal para conceber um SD, assim como o
comportamento de pressão a barra de um rato sob controle de um estímulo auditivo no
contexto laboratorial, consiste em reforçar a pressão à barra na presença do estímulo, e
extinguir a resposta na ausência do estímulo - permitindo que a resposta seja emitida,
mas não reforçada. Entretanto, isso raramente ocorre, a extinção sempre acontece no
momento em que a indisponibilidade da consequência que teria sido efetiva como
reforço ocorre. A indisponibilidade de uma consequência inefetiva é um evento
comportamentalmente neutro. Isso não pode ser definido como extinção e nem contribui
para a correlação relativa à disponibilidade diferencial. Embora seja verdade que o
reforço de comida quando está indisponível na ausência do estimulo que chamamos de
pontada no estômago, não é o tipo de indisponibilidade que contribui para uma
correlação. Esse assunto também é de suma importância para o entendimento do papel
da estimulação aversiva como OE, que será discutido posteriormente.
Resumidamente, uma distinção útil pode ser feita: variáveis discriminativas
estão relacionadas à disponibilidade diferencial de uma forma efetiva de reforço dado
um tipo de particular de comportamento; variáveis motivacionais estão relacionadas a
efetividade do reforço diferencial de eventos ambientais.
Aparentemente, a maioria os eventos, operações ou estímulos que alteram a
efetividade do reforço de outros eventos, também alteram momentaneamente a
frequência de ocorrência de certo comportamento que foi seguido por estes eventos. O
porquê isso acontece, provavelmente, não é uma pergunta a ser respondida pela ciência
do comportamento, mas eventualmente pode vir a ser entendida em termos
neurofisiológicos ou da biologia evolucionária. Embora o efeito do estabelecimento
reforçador seja importante para identificar vários tipos de operações estabelecedoras e
distingui-las de outros tipos de variáveis, esse efeito evocativo das OEs que é mais
consistente com os conceitos de motivação do senso comum e aspectos motivacionais
tratados em outras teorias psicológicas. “Querer” algo pode ser mais facilmente definido
em termos da frequência momentânea do comportamento que normalmente obteve o
que fosse objeto do querer – o efeito evocativo da OE. Que o objeto do querer vá
funcionar como reforço mais efetivo quando e se for obtido – o efeito estabelecedor-
reforçador – não é uma interpretação comportamental conveniente de “querer”, porque
se refere a um evento no futuro em relação ao tempo em que o “querer” é observado.

Operações Estabelecedoras Incondicionadas (OEI)

Para todos organismos existem eventos, operações e condições de estímulos


cujos efeitos estabelecedores-reforçadores não são aprendidos. Elas dependem da
história de evolução da espécie e variam de espécie para espécie. Note que é o aspecto
não aprendido do efeito estabelecedor-reforçador que resulta na classificação de uma
OE como incondicionada. O comportamento evocado pela OE é frequentemente
aprendido. Dito de outra maneira, nós provavelmente nascemos com a capacidade para
o nosso comportamento seja mais reforçável por comida como resultado de privação de
comida e mais reforçável pela interrupção da dor como resultado de aplicação de dor,
embora tenhamos que aprender os comportamentos que são consequenciados por
comida e pela interrupção da dor, e são eles que serão evocados pelas OEs.
Privação e saciação. Algumas formas de privação e saciação atuam como
operações estabelecedoras incondicionadas (OEI) para humanos e certos mamíferos.
Comida, água, atividade e sono são coisas que os animais podem ser privados com
resultado estabelecedor-reforçador e efeitos evocativos. Consumo de água e comida,
entrar em atividade e dormir são operações que tem efeito contrário. Ingestão de sal,
transpiração e perda de sangue são operações que tem o mesmo efeito no
comportamento que a privação de água – a água se torna mais efetiva como reforço, e o
comportamento que foi reforçado com água se torna momentaneamente mais frequente.
Mudança de temperatura. Uma redução na temperatura da pele ou na
temperatura geral do corpo abaixo dos valores normais aumentam a efetividade do
reforço de uma mudança na direção oposta, e remotamente de objetos, lugares e roupas
quentes. Essas mudanças também aumentam momentaneamente a frequência do
comportamento que as acompanham. Um aumento acima dos valores normais é uma
OE que possui efeito estabelecedor-reforçador na direção oposta e evoca
comportamentos que tiveram efeito de reduzir a temperatura corporal. Essas OEs
também podem ser incluídas na categoria de estimulo aversivo, que inclui estímulos
dolorosos, embora seja mais fácil considerá-las separadamente, especialmente levando
em conta os problemas da estimulação aversiva como um termo genérico, como será
discutido posteriormente,
Variáveis relevantes para o reforço sexual. Para muitos mamíferos não-
humanos, mudanças hormonais nas fêmeas são acionadas pela passagem do tempo,
condições ambientais de luz, temperatura média diária, ou outros aspectos do ambiente
relacionados filogeneticamente à reprodução bem sucedida. Esses aspectos ambientais,
ou as próprias mudanças hormonais, podem ser considerados OEIs para tornar o contato
sexual com machos reforçador para as fêmeas, e simultaneamente causar a produção de
atrativos químicos (olfativos) que funcionam como OEs para os machos. As inúmeras
mudanças hormonais também podem eliciar (ou sensibilizar para facilitar a elação de
outros estímulos) certos comportamentos (e.g., a adoção de posturas sexualmente
receptivas) que tem função de OEIs ou de eliciadores incondicionados respondentes
(EIs)5 para o comportamento sexual de membros do sexo oposto. Sobreposto a essas
OEIs e EIs o efeito da privação também pode funcionar como OEI.
Nos humanos, a situação é bem mais complexa e não é bem compreendida. O
papel comportamental das mudanças hormonais na fêmea não está claro, assim como o
papel dos atrativos químicos na alteração comportamental masculina. Parece haver
efeitos da privação para ambos os sexos. Além disso, a estimulação tátil de áreas
erógenas do corpo aparentam funcionar como OEIs para tornar estímulos similares
ainda mais efetivos como reforço e evocar o comportamento que foi emitido no passado
quando foi realizada esta estimulação. Mas o possível papel da aprendizagem nessas
inúmeras relações não pode ser tomado como regra.
Estímulos dolorosos: fuga. A aplicação de estímulos dolorosos estabelece a
redução ou retirada deste estímulo como forma efetiva de reforço e evoca o
comportamento que alcançou essa redução ou retirada. O fato de esse estímulo doloroso
ser uma OEI ao invés de um Sd não é reconhecido claramente. Esse assunto pode ser
analisado mais facilmente tendo como referência o experimento de escapar do choque
no laboratório. A resposta que desliga o choque (frequentemente a pressão a barra) é
claramente evocada pela aplicação do choque, e também é, mais claramente, parte de
uma relação operante do que de uma relação respondente, pois foi aprendida tendo a
retirada do choque como reforço. Se a única relação operante evocativa conhecida fosse
o Sd, então a aplicação do choque pareceria um Sd; mas como o estímulo denominado
pontadas no estômago, não é correto classificá-lo como como uma variável
discriminativa pois sua ausência não é uma condição em que uma forma efetiva de
reforço estivesse indisponível para um tipo específico de comportamento.
Reiterando a afirmação, um SD é uma condição do estímulo que foi
correlacionada com a disponibilidade de um tipo de consequência, dado um tipo de
comportamento. A correlação relacionada à disponibilidade tem dois componentes: uma
consequência efetiva (aquela cuja OE opera sobre) que precisa ser consequenciada pela
resposta na presença do estímulo e a resposta que precisa ter ocorrido na ausência da
consequência (que teria sido um reforço efetivo caso tivesse sido obtido) na ausência do
estímulo. A correlação entre o estímulo doloroso e a disponibilidade da consequência é
falha no segundo elemento. Na ausência do choque, na há consequência efetiva que
poderia ter falhado em consequenciar a resposta, analogamente ao que ocorre na
extinção respondente que ocorre na ausência de um Sd. Na ausência do choque a
operação estabelecedora está ausente. O fato da pressão a barra não desligar um choque
que não existe é uma extinção respondente sem sentido e comportamentalmente neutra,
como a indisponibilidade de comida quando alguém está satisfeito. Pode-se contrastar
essa situação com a extinção quando o SD está ausente - o rato privado de comida
pressiona a barra, mas não recebe a comida – que teria sido um reforço efetivo naquele
momento, caso tivesse sido obtida. A ausência de choque é mais parecida com a
ausência de privação de comida do que com a ausência do Sd. Sem a presença do
choque, a interrupção do choque não é uma forma efetiva de reforço.
Observe que além do efeito evocativo da OE, a aplicação de um estímulo
doloroso também funciona como EI respondente ao eliciar a ativação de músculos lisos
e respostas glandulares, como aumentar o batimento cardíaco, dilatar as pupilas,
estimular a secreção adrenal, dentre outros; como um CI (condicionador
incondicionado) respondente ao condicionar essas repostas a outros estímulos presentes
no momento; como um SP (é conveniente utilizar o símbolo SR para reforço
incondicionado e Sr reforço condicionado, analogamente, SP é utilizado para punição
incondicionada e Sp para punição condicionada) em reduzir a frequência futura de
qualquer tipo de comportamento que a precede; possivelmente como um SD para
qualquer resposta que tenha sido correlacionada com a disponibilidade de alguma forma
de reforço além da redução da dor (e.g., pressionar a barra por comida), e possivelmente
como um respondente EC (eliciador condicionado), se a dor tiver sido emparelhada com
um CI (condicionador incondicionado) como comida, no caso em que a dor pode eliciar
salivação (isso funcionaria apenas com dores não muito intensas porque dor muito
intensa como uma EI provavelmente eliciaria atividades autonômicas incompatíveis
com salivação).
É possível que, geralmente, exista uma forte correlação entre essas inúmeras
funções. Talvez qualquer estímulo, cuja aplicação funcione como OEI pode evocar seu
próprio encerramento, também irá funcionar como EC e EI no que se refere a certos
músculos lisos e respostas glandulares (a síndrome da ativação, por exemplo), e também
funcionará como punição condicionada SP ao enfraquecer qualquer resposta que preceda
sua aplicação. Essas parecem ser as implicações de muito do uso atual do termo
estímulo aversivo, em que a função comportamental específica não é identificada. Ainda
não está claro como essas funções estão correlacionadas e nem como as vantagens da
utilização de termos genéricos deste tipo superam as desvantagem de tal grau de
especificidade. Está claro que algumas formas de utilização desses termos são
interpretações de expressões do senso comum para “sentimentos”, “estados de espírito”
dentre outros, a utilização indesejável é impulsionada pela falta de especificidade dos
termos. O mesmo problema ocorre quando “reforço” é utilizado sem uma implicar um
efeito fortalecedor no comportamento que o antecede, ao invés ser apenas um sinônimo
para “agradável” ou “desejável” como é escutado frequentemente “Isso é muito
reforçador!”
Para manter o termo reforço específico para sua função de fortalecimento e
ainda manter um termo genérico para acontecimentos positivos, poderia-se utilizar
apetitivo como oposto de aversivo. Utilizado desta forma, um estímulo ou condição
afetiva poderia ser aquela que elicia alguns músculos lisos e atividades das glândulas,
condicionam estímulos neutros que passam a eliciar respostas similares, aumentam a
frequência futura de determinado tipo de comportamento no seu procedimento de
aplicação (SR), suprime o comportamento que o remove sua (OEI), e reduz a frequência
futura do comportamento que precedo sua conclusão (SP). Essa utilização de apetite é
apresentada em alguns textos básicos, mas não parece ser utilizada na área de análise do
comportamento, possivelmente porque parece se referir primeiramente à alimentação.
Talvez a utilização de termos genéricos seja essencial para a linguagem
comportamental efetiva, ou talvez possa e deva ser evitada a favor de termos mais
específicos. Em qualquer caso, a utilização apropriada de estimulo aversivo é
frequentemente problemática, e apetite não parece ser compreendido, mas esse não é
local para fazer algo que não seja identificar essa dificuldade.
Reforço incondicionado. Muitos dos tratamentos comportamentais introdutórios
identificam mudanças comportamentais que funcionam como reforço na ausência de
qualquer história de aprendizado como reforçadores incondicionados (SRs). Eles são
contrapostos aos reforçadores condicionados (Srs), cuja efetividade de reforço depende
de prévia associação com reforços incondicionados. Operações estabelecedoras
incondicionadas são eventos ambientais, operações ou condições de estímulo, que
regulam momentaneamente a efetividade dos reforços incondicionados (e também a
efetividade momentânea dos reforçadores condicionados baseada nesses reforçadores
incondicionados). A OEI e o SR estão fortemente relacionados, mas seria um erro
considerar os termos sinônimos. Privação de comida é a OEI que regula a efetividade da
comida como SR. A lista de OEIs mencionada anteriormente implica numa lista
correspondente de reforçadores incondicionados
É possível que existam formas de reforço incondicionado que não estejam
relacionadas a nenhuma OEI especifica. Por exemplo, o comportamento infantil parece
ter sido reforçado por uma variedade de pequenas variações6 de estímulos (Finkelstein
& Ramey, 1977; Kalnins & Bruner, 1973; McKirdy & Rovee, 1978; Rovee & Fagen,
1976; Watson, 1967; Watson & Ramey, 1972) que não podem ser facilmente
relacionadas claramente a nenhuma OE. O conceito de motivação intrínseca, como
proposto por Deci and Ryan (1985, chap. 1and 2), sugere que “sinais de competência” e
“sinais de autodeterminação” sempre funcionam como forma efetiva de reforço
incondicionado, embora possam ser enfraquecidas temporariamente na presença de
outras OEIs e outras formas momentâneas de reforço. O que esses sinais podem
significar para o organismo não treinado não está claro, e as evidências atuais para tais
reforços são bem interpretadas no concito de Skinner de reforço condicionado
generalizado (1953, pp. 77-81). Contudo, o assunto é tratado de forma empírica, e sua
interpretação é condizente com a abordagem comportamental de motivação.7
Estimulação dolorosa. Agressão. Além de estabelecer sua redução como forma
de reforço e evocar o comportamento que produzira sua redução, a estimulação dolorosa
na presença de outro organismo evoca um comportamento agressivo contra ele. Skinner,
em Ciência e Comportamento Humano (1953), discute esse efeito em sua tentativa de
explicar as respostas que variam junto com a emoção. Ele identificou dois fundamentos
para tal covariação.
Respostas que variam juntas numa emoção ocorrem em parte
devido a consequência comum. A resposta que aumenta sua
força na raiva danifica objetos e machuca pessoas. Esse
processo é biologicamente útil quando um organismo compete
com outro ou peleja contra o mundo inanimado. O conjunto de
respostas que são definidas como raiva dependem em parte de
condicionamento. O comportamento que provoca danos é
reforçado na raiva e na sequência é controlado pelas condições
que controlam a raiva. (p. 163)

Essa covariação tem como fundamento fatores ontogenéticos ou a história de


reforço. Fatores filogenéticos também podem estar envolvidos.
Alguns comportamentos envolvidos em uma emoção são
aparentemente incondicionados, entretanto, naquele caso os
grupos de respostas devem ser explicados nos termos das
consequências evolucionárias. Por exemplo, em algumas
espécies, morder, bater e arranhar parece ser fortalecido durante
a raiva mesmo antes de ter havido condicionamento. (pp.163-
164)

Por volta de 10 anos após a publicação de Ciência e Comportamento Humano,


Ulrich e Azrin (1962) reportaram vez sua descoberta do fenômeno que viria a ser
conhecido por agressão eliciada: a ocorrência sem história de aprendizagem de
mordidas, golpes e etc, como resultado de estimulação dolorosa, e sua ocorrência foi
encontrada em uma grande variedade de espécies. Assim, parece que um dos efeitos da
estimulação dolorosa é simplesmente eliciar o comportamento agressivo como uma
resposta incondicionada. Mas isso não está completamente claro, porque alguns ou
todos efeitos podem ser resultado da dor como uma OEI (ao invés de uma EI), em que a
dor aumenta a efetividade de algumas formas de reforço específicas daquela EI, como
sinais de dano a outro organismo ou o sentimento de um dente sendo pressionado contra
algo. O comportamento agressivo, então, seria um exemplo do que Skinner se referiu
posteriormente como uma combinação de contingências filogenéticas e ontogenéticas
(1974, pp. 45-50), em que a OE tem seu efeito establecedor-reforçador, o que leva a
uma rápida forma de modelar o comportamento apropriado. Esses vários mecanismos
não precisam ser mutuamente excludentes e existem evidencias consideráveis de
múltiplas procedências para esse tipo de comportamento.
Outras OE emocionais. A análise acima da estimulação dolorosa como uma OE
no que se refere ao comportamento agressivo, possivelmente pode se estender a outras
operações que produzem os chamados “comportamentos emocionais” ou “emoções”.
Em Ciência e comportamento humano (1953) Skinner descreve o aspecto operante da
emoção como uma predisposição, da seguinte forma:
O homem “raivoso” demonstra uma maior probabilidade de bater,
insultar ou machucar alguém e uma probabilidade menor de ajudar,
cuidar, consolar e fazer amor. O homem “apaixonado” demonstra uma
tendência aumentada de ajudar, cuidar, estar com e apresenta uma
tendência reduzida de machucar alguém. “Amedrontada” uma pessoa
tende a reduzir ou evitar contato com estímulos específicos – correndo,
fugindo, se escondendo, cobrindo seus olhos e orelhas; ao mesmo
tempo ele apresenta menor possibilidade de ir ao encontro desse
estímulo ou entrar em um território desconhecido. Esses são fatos úteis
e algo parecido com a classificação de Layman tem lugar na análise
científica. (p.162)

Skinner não identifica especificamente o efeito estabelecedor-reforçador da OE


aqui, mas na passagem anterior isso fica bem claro. Obviamente, na medida em que se
inicia a discussão da “emoção total” (p.166), isso deve adicionar ao respondente os
efeitos EI e CI das operações emocionais, e nós devemos, também, adicionar os efeitos
possíveis das operações como reforço condicionado ou punição para o comportamento
que precede a ocorrência da operação, para um panorama completo da “emoção total”
(Skinner, 1953, p.166)
OEs e punição. Se as OEs tem efeitos sobre eventos que funcionam como
reforço, é razoável considerar que tenha efeito sobre a punição. Estimulação dolorosa
como punição funciona como sua própria OE, embora outras formas de punição,
particularmente aquelas que envolvem a remoção de eventos reforçadores, são
esperadas que funcionassem como punição (ou seja, irão reduzir a frequência futura do
tipo de comportamento que eles consequenciarem) apenas se esses eventos forem
efetivos como reforço ao mesmo tempo em que são removidos. Não é punição retirar a
comida de perto do organismo saciado de comida.
O efeito evocativo é mais complexo. Suposta a retirada da comida de um animal
privado de comida foi utilizada como forma de punição para alguns tipos particulares de
comportamento (que estava sendo reforçado de alguma outra maneira – por exemplo,
pelo acesso a estimulação sexual). Precisamos assumir que o efeito enfraquecedor
contínuo dessa história de punição seria percebido apenas quando o organismo estivesse
privado de comida. Essa relação não recebeu muita atenção teórica e experimental, mas
parece derivar naturalmente do conhecimento existente de reforço, punição e operações
estabelecedoras. (Note que essa relação faz a detecção do efeito da punição duplamente
complexa: O efeito da punição não será percebido a não ser que as OEs relevantes para
a manutenção reforçadora do comportamento e para o enfraquecimento da punição
estejam ocorrendo - no exemplo acima, a não ser que a estimulação sexual e comida
sejam ambas efetivas como reforço.)
Uma analogia respondente. Como descrito acima, uma OE é estritamente uma
relação evocativa operante, embora possa existir uma analogia respondente. Privação de
comida provavelmente aumenta a efetividade evocativa e alteradora de função da
comida como estímulo (que é uma EI e CI), assim como de um estímulo que tenha sido
correlacionado com a comida (como CEs e condicionadores condicionados [CCs]).
Relações similares podem existir para muitos dos reflexos incondicionados, que em
cada caso de evocação respondente, como evocação operante, deveriam ser
conceitualizadas como controladas conjuntamente pela OE e UE (ou CE).8
Operações Estabelecedoras Condicionadas (OECs)9
Formas normais de reforço condicionado não requerem uma OE especial para
sua efetividade, a OEI apropriada para o reforço incondicionado relevante é suficiente.
Em outras palavras, muitas formas de reforço aprendidas não requerem OEs aprendidas.
Entretanto, existem variáveis que alteram a efetividade do reforço de outros eventos,
mas apenas como resultado da história individual do organismo. Essas são as operações
estabelecedoras aprendidas ou condicionadas (OECs). Assim como as OEIs, elas
também alteram momentaneamente a frequência do tipo de comportamento que foi
reforçado (ou punido) por aqueles outros eventos. Existem, ao menos, três tipos de
OECs. Todas são estímulos que, anteriormente, eram neutros em termo motivacionais
em relação a outra OE ou a uma forma de reforço ou punição. São diferentes em termos
da natureza de sua relação com eventos ou condições comportamentalmente
significativas. A relação mais simples é a correlação no tempo, o evento neutro é
emparelhado ou precede sistematicamente a OEI (ou outra OEC). Como resultado desse
emparelhamento, o evento neutro adquire as características motivacionais da OEI com
quem foi emparelhada. Refiro-me a isso como OEC substituta10.
Uma relação mais complexa ocorre quando um estímulo precede alguma forma
de aversividade11 e esse estímulo é removido antes da ocorrência da aversividade, e essa
aversividade não ocorre. Essa relação é exemplificada pelo estímulo de alerta em um
procedimento de esquiva, e esse tipo de estímulo adquire a capacidade de estabelecer
seu próprio encerramento como forma efetiva de reforço condicionado e evoca qualquer
comportamento que tenha acompanhado seu encerramento. Na direção oposta, um
estímulo que precede, sistematicamente, alguma forma de gratificação, e aquele cujo
encerramento evite a ocorrência da gratificação, irá adquirir a capacidade de estabelecer
seu próprio encerramento como forma de punição condicionada e a suprimir qualquer
comportamento associado a esse encerramento. Em escritos anteriores (Michael, 1988)
me referi a eles como OEC de ameaça e uma OEC de promessa. Agora parece mais
razoável a referência a uma OEC que estabelece seu encerramento como forma de
reforço ou punição como OEC reflexiva, um termo que está mais relacionado ao efeito
desta OEC em alterar sua própria função. (Reflexivo aqui é utilizado em seu sentido
gramatical, e não se refere a reflexo. De certa forma, este uso é parecido, mas não
idêntico, ao uso matemático e lógico que ocorre no contexto de equivalência de
relações.)
Uma relação ainda mais complexa existe na correlação de um estímulo com a
correlação entre outro estímulo e uma forma de reforço incondicionado. O termo
reforço condicionado condicional se refere justamente a essa relação. O estímulo cuja
efetividade do reforço condicionado é dependente é uma OEC, que estabelece a
efetividade de outro evento como reforçador e evoca qualquer comportamento que
tenha produzido esse outro evento. Esse tipo de OEC pode ser chamada de transitiva,
em contraste com a OEC reflexiva. (Novamente, esse é o uso gramatical, como o do
verbo transitivo que é complementado pelo objeto direto.) Assim como na OEC
reflexiva, devem ser considerados os casos positivos e negativos. Com um punidor
condicionado condicional, o estímulo cuja efetividade depende da punição condicionada
é uma OEC, na qual estabelece a efetividade de outro vento como punição e suprime
qualquer comportamento que tem produzido este outro evento. Em um artigo escrito
anteriormente (Michael, 1988) eu sugeri o termo OEC de resposta bloqueada para esta
relação, porque muitos exemplos humanos eram caracterizados pela mudança de função
do estímulo que tinha a função de SD para uma resposta que não poderia ser emitida até
que algum objeto estivesse disponível, e então funcionar como uma OEC ao estabelecer
o objeto como reforço condicionado e evocar o comportamento que obteve tal objeto. O
exemplo da chave de fenda (descrito abaixo) apresenta esse padrão, mas algumas OECs
deste tipo são simplesmente um estímulo cuja efetividade reforçadora de outro estímulo
depende, embora não tenha a resposta bloqueada (como o exemplo não humano de
pressão a barra). Os três tipos de OEC serão considerados em detalhes.
OEC Substituta: Correlacionando um estímulo com uma OEI. O
desenvolvimento do EC (eliciador condicionado), Sr (reforçador condicionado) e Sp
(punidor condicionado) envolve o emparelhamento ou a correlação de um evento
neutro com um efetivo comportamentalmente efetivo como meio de propiciar ao evento
neutro algumas das propriedades comportamentais daquele que é efetivo. É razoável
supor que as propriedades de uma OE podem se desenvolver da mesma maneira. A
questão é, um estímulo que foi correlacionado com uma OEI poderia ser capaz de ter o
mesmo efeito reforçador-estabelecedor e evocativo que uma OEI? Os termos drives
aprendidos ou drives adquiridos aparecem com frequência na literatura recente sobre
aprendizagem. Um capítulo de Miller, intitulado “Drives que podem ser aprendidos e
Recompensas” foram incluídos no Manual de Psicologia Experimental de Stevens,
1951. Muita especulação a respeito do comportamento humano foi feita ao postular
inúmeras motivações aprendidas, mas como Miller assinalou, “o trabalho experimental
sobre drives aprendidos e recompensas é limitado, quase que exclusivamente, a (1)
medo como um drive passível de aprendizagem e redução do medo como uma
recompensa ou (2) drives e recompensas aprendidas baseadas em fome e comida”
(1951, pp. 435-436). Embora esteja embasada na linguagem de drives de estados
internos hipotéticos, o trabalho sobre medo como drives passíveis de aprendizagem é
focado primeiramente nas características motivacionais de estímulos de alerta em
situação de esquiva (a OEC reflexiva descrita em detalhes abaixo). O texto de Miller
sobre recompensa e drives aprendidos baseado em fome e comida (1951 pp. 454-462)
tratou extensivamente sobre o desenvolvimento e uso de recompensas aprendidas
(reforçadores condicionados), mas fez breves considerações sobre os drives. Após essa
publicação, foram realizadas algumas pesquisas sobre a possibilidade de se desenvolver
drives apetitivos em situações de laboratório. A questão era se estímulos
correlacionados com altos níveis e privação de comida produziram, por si só, um
aumento momentâneo na frequência do comportamento que foi reforçado por comida.
Eles também aumentariam, por si só, a efetividade de comida, água, dentre outros, como
forma de reforçamento? (É claro que essas questões poderiam ser levantadas apenas
sobre outras OEI, como água, sono, atividade, ou privação de sexo, mas a maioria das
pesquisas envolveram privação de comida.)
No primeiro experimento desse tipo, Calvon, Bicknell & Sperling (1953)
colocaram ratos em uma caixa com listras por 30 minutos por dia, durante um período
de 24 dias. Durante este treinamento, um grupo foi colocado na caixa enquanto estava
privado de comida por 22 horas, e o outro grupo foi colocado na caixa enquanto estava
privado por apenas uma hora. Após o treinamento, ambos os grupos tinham permissão
para comer na caixa listrada seguido de 11,5 horas de privação de comida; os ratos com
história de 22 horas de privação de comida comeram uma quantidade de comida
significativamente maior do que o grupo com 1 hora de privação. Houve várias
tentativas de replicar esses resultados durante vários anos, alguns foram bem sucedidos,
mas a maioria falhou em produzir resultados similares. Numa tentativa de compreender
essa linha de pesquisa, Cravens & Renner (1970) identificaram vários problemas
metodológicos com a maioria das pesquisas, e concluíram que os resultados eram
essencialmente ininterpretáveis.
Mineka (1975) sugeriu que estímulos olfativos e gustativos são mais apropriados
como eliciadores condicionados para um drive de fome que os estímulos visuais que
foram utilizados na maioria dos estudos anteriores. Ela conduziu uma série de
experimentos comparando uma série de estímulos visuais e gustativos, com resultados
favoráveis quando este último era utilizado, mas falhou em replicar esses resultados em
experimentos subsequentes, e, por fim, concluiu que o fenômeno pode não existir.
Mineka também fez observações interessantes sobre a possibilidade biológica da
inutilidade de tais drives de apetite, em que comer mais do que é apropriado para
determinado nível de privação, simplesmente por estar com fome naquela condição
particular de estímulo apresentada anteriormente, não seria uma vantagem a longo prazo
para a sobrevivência do organismo.
Não foram realizadas muitas pesquisas deste tipo desde os relatos de Mineka
(1975), mas seria prematuro excluir a possibilidade desta OEC ter como base de uma
evidência empírica incerta ou um valor negativo hipotético de sobrevivência. OEIs de
privação e saciação são construídas demoradamente, e não é fácil para um estímulo se
tornar correlato com valores extremos com tais procedimentos. OEIs com surgimento
mais rápido, entretanto, são frequentemente emparelhadas com estímulos relativamente
únicos e espera-se que adquiram propriedades de OEC. Será que os estímulos
corelacionados com reduções na temperatura, por exemplo, apresentam efeitos de OEC
similar aos efeitos da redução de temperatura por si só? Na presença de tais estímulos, o
calor seria mais reforçador do que a adequação para as temperaturas atuais, e o
comportamento que foi produziu tal calor seria mais frequente do que poderia ser para a
temperatura atual?
Repare que esta questão não trata da possibilidade de eliciação condicionada,
reforço condicionado ou punição. É sabido que um estímulo neutro (ex. um som)
emparelhado com frio (mão submergida em água gelada) irá eliciar respostas dos
devidos músculos lisos (vasoconstrição periférica) quando for apresentado sozinho.
Também está relativamente claro que a aplicação de estímulos gelados funcionam como
punição (SP) para qualquer resposta que o precede, assim como para qualquer estímulo
correlacionado com tal aplicação (Sp). Nenhuma dessas funções (EC, Sp) são sinônimas,
entretanto, com o efeito evocativo operante de uma OE, sua ocorrência possa sempre ser
uma boa base para predizer o efeito OEC, que poderia ser baseada nos mesmos
processos psicológicos. Desconheço qualquer pesquisa que trate diretamente da
existência do efeito de um efeito evocativo de uma OEC baseada no emparelhamento
com mudanças de temperatura, mas a possibilidade vale a pena ser considerada.
Juntamente com motivação sexual, OEs para comportamento agressivo, e outras
OEs emocionais, o assunto ainda não tratado em termos específicos da OEC, e devido a
sua distinção da EC, Sr e Sp não foram enfatizados previamente. Existem evidências de
que um estímulo correlacionado com uma estimulação dolorosa aumenta a frequência
de comportamentos agressivos quando apresentados sozinhos (Farris, Gideon & Ulrich,
1970), mas não é claro se está funcionando como OEC, EC, ou ambos. O desenho
experimental básico é bastante simples: Correlacione uma situação de estímulo neutro
com uma OEI, então verifique se o aumento da efetividade reforçadora da consequência
relevante para a OEI ocorre por si só e aumenta momentaneamente a frequência do
comportamento que foi desenvolvido pelo reforço daquela consequência. A efetividade
do reforço não é algo facilmente quantificável, mas o efeito evocativo deve ser fácil de
ser mensurado e sua presença deve ser uma evidência suficiente para a OEC. Deve-se, é
claro, utilizar o comportamento que é aprendido claramente como operante de origem
para prevenir confusão da OEC com a EC. Assim, com estímulos dolorosos e
comportamento agressivo, se o potencial da OEC evoca algumas respostas arbitrárias
(como a pressão a barra) que foi desenvolvido pelo reforço com acesso a outro
organismo para atacá-lo, então está funcionando mais como OEC do que como EC, pois
não existe EC para tal comportamento. O assunto não seria esclarecido se o
comportamento estudado fosse bater, morder e outros, pois eles podem ser eliciados
pela estimulação dolorosa como EI. Analogamente, com a motivação sexual, se o
estímulo que era neutro anteriormente tivesse evocado uma resposta arbitrária (como
pressão a barra) que tivesse sido reforçada com o acesso a estimulação sexual, ela estará
funcionando mais como OEC do que EC, mas isso não ficaria claro se o comportamento
era estimulação pélvica, que pode ter sido eliciada por um EI.
A possibilidade de se desenvolver uma OEC substituta baseada em estímulos
dolorosos como OEI para o comportamento de fuga deve ser cautelosamente distinguida
do próximo tipo de OEC (a ser discutida abaixo). A questão é se a correlação de um
estímulo neutro com um estímulo doloroso vai aumentar a efetividade da redução da dor
como forma de reforço e evocar o comportamento que foi reforçado com a redução da
dor. Não fica claro o que significa o aumento da efetividade da redução da dor quando
não há dor, embora tal estímulo na presença de uma dor amena pode causar uma leve
redução da dor (juntamente com a redução da OEC) o que seria mais provável de
ocorrer se fosse uma dor mais severa. Seria menos difícil mensurar o quanto tal
estímulo evocou a resposta de fuga da dor na ausência da dor. No experimento clássico
de fuga do choque, tudo o que precisa ser feito é o procedimento de aplicar um choque
com um estímulo de alerta e verificar se a resposta de fuga do choque tem a frequência
aumentada pela aplicação de um estímulo de alerta. Repare que não é o procedimento
clássico de fuga e esquiva. Como descrito abaixo, não há dúvida que um estímulo que,
sistematicamente, precede a aplicação de um segundo estímulo aversivo que irá evocar
o comportamento que encerra o primeiro estímulo e deste modo evitará a aplicação da
dor. A questão é se o estímulo de alerta vai evocar a resposta que encerra a dor, mesmo
que a dor ainda não esteja presente, e mesmo que tal resposta não tenha prevenido a
aplicação da dor.
A situação pode ser esclarecida pela referência a um tipo de experimento de
esquiva incomum, em que as respostas de fuga e esquiva ocorrem com diferentes
topografias. Imagine um rato em um procedimento em que a pressão a barra encerra o
choque e girar uma roda encerra o estímulo de alerta e evita o choque. A OEC a que no
referimos seria demonstrada se os estímulos de alerta evocassem a pressão a barra; a
OEC que será discutida abaixo seria demonstrada se o estímulo de alerta houvesse
evocado o giro da roda. A ocorrência de tal comportamento poderia ter outras
interpretações, apesar de ser possível de excluí-las com o desenho experimental
apropriado. Este processo, assim como os descritos acima, parece intuitivamente
plausível, mas a pesquisa relacionada diretamente a OEC ainda não foi realizada.
OEC reflexiva: Correlacionando um estímulo com aversão ou gratificação. Em
determinados12 procedimentos tradicionais de esquiva, um intervalo entre as tentativas é
seguido da aplicação de um estímulo de alerta inicialmente neutro, que é seguido, por
sua vez, pela aplicação de um estímulo doloroso – normalmente um choque elétrico.
Algumas respostas arbitrárias (isto é, aquelas que não fazem parte o repertório
filogenético de fugir da dor) encerram a estimulação dolorosa e iniciam o intervalo entre
as tentativas. A mesma resposta, caso ocorra durante o estímulo de alerta, encerra
aquele estímulo e inicia o intervalo entre as tentativas, evitando, assim, o choque. Como
resultado da exposição a este procedimento, alguns organismos adquirem um repertório
que consistem em emitir as respostas significativas durante a maioria das emissões do
estímulo de alerta.
Ao retomar a análise do papel do choque para a resposta de fuga, cujo reforço é
o encerramento do choque. O estímulo de alerta tem uma função parecida, exceto pela
sua capacidade de estabelecer seu próprio encerramento como forma e reforço que tem
procedência ontogenética – devido à própria história do indivíduo envolvendo a
correlação da presença de um estímulo de alerta com a aplicação de uma estimulação
dolorosa. Em outras palavras, o estímulo de alerta como OEC evoca a chamada resposta
de fuga. Em nenhum dos casos o estímulo é correlacionado com a disponibilidade das
respostas consequentes, menos ainda com sua efetividade reforçadora.
Em termos gerais, qualquer estímulo que seja positivamente correlacionado com
a aplicação de uma estimulação aversiva se torna uma OEC, em que sua remoção
funcionará com reforço e vai evocar qualquer comportamento que foi seguido desse
reforço. Mas esse arranjo de relações funcionais não é limitado a estímulos aversivos
como forma de aversão (ou até a aversão, como será visto posteriormente). É sabido
que organismos podem aprender a evitar formas de mudança de estímulo que não sejam
a aplicação de dor. Estímulos que sinalizam uma baixa frequência de apresentação de
comida, aumento de esforço, um aumento da taxa de resposta requerida, aumento do
atraso da alimentação, dentre outros, irão evocar o comportamento que encerra esse
estímulo. Esses eventos têm em comum uma forma de aversão, e os estímulos
correlacionados positivamente com tais eventos são frequentemente chamados
estímulos aversivos condicionados, sem especificar qualquer função comportamental
particular. É possível que esses estímulos funcionem geralmente como OEC ao evocar o
comportamento que os encerra, como punição condicionada (Sp) para qualquer
comportamento que antecede sua aplicação, e como eliciadores condicionados (EC)
para músculos lisos e respostas glandulares do mesmo tipo que são produzidas por
estímulos dolorosos. E, obviamente, a remoção de tais estímulos funcionará como
reforço (Sr) para qualquer comportamento que antecede sua remoção. Como
mencionado acima, a conexão com o termo estímulo aversivo, possui vantagens e
desvantagens em relação a termos coletivos, e em qualquer caso sua disponibilidade não
torna óbvia a necessidade de termos mais específicos. Referente à OEC, o caso pode ser
apresentado mais claramente a seguir: qualquer condição de estímulo cuja presença ou
ausência tenha sido positivamente correlacionada com a presença ou ausência de
qualquer forma de aversão irá funcionar como uma OEC ao estabelecer o seu
encerramento como reforço efetivo e ao evocar qualquer comportamento que tenha sido
reforçado.
Pode ser útil repetir o argumento contra o fato de tal estímulo ser considerado
um estímulo discriminativo. Uma relação discriminativa envolve a correlação da
disponibilidade de um tipo de consequência, dado um tipo de comportamento. A
correlação com disponibilidade tem dois componentes: Uma consequência efetiva
(aquela cuja OE estava atuando) deve ter sido seguida da resposta na presença do
estímulo, e a resposta precisa ter ocorrido sem consequência (que teria sido efetiva
como reforço se houvesse ocorrido) na ausência do estímulo. A correlação entre o
estímulo de alerta e a disponibilidade da consequência falha no segundo componente.
Na ausência do estímulo de alerta não existe consequência efetiva que poderia ter
falhado em seguir a resposta que acontece na resposta de extinção que ocorre na
ausência de um SD. O fato da resposta de esquiva não desativar o estímulo de alerta que
não está presente não é de forma alguma extinção respondente, embora também não seja
um evento comportamentalmente neutro, como a indisponibilidade de comida para um
organismo saciado de comida.
Agora considere um estimulo que seja positivamente correlacionado com
alguma forma de gratificação. Tal estímulo, claramente, funciona como reforçador
condicionado (Sr) para qualquer resposta que preceda sua ocorrência, mas não é a
relação funcional que está sendo considerada. Seu efeito de OEC consiste em estabeleer
sua própria retirada como punição efetiva e suprimindo (como oposto de “evocando”)
qualquer comportamento que tenha sido punido. A relação é bem plausível, embora eu
desconheça qualquer pesquisa relevante relacionada ao tema. Estímulos que são
negativamente correlacionados com alguma forma de aversão (sinais de segurança) tem
o mesmo status que aqueles correlacionados positivamente com alguma previsão de
melhora. É esperado que sua aplicação estabeleça sua remoção como forma de punição
suprima qualquer comportamento que tenha sido punido. Igualmente, embora na direção
oposta, espera-se que um estímulo que tenha sido negativamente correlacionado com
uma gratificação estabeleça sua remoção como reforço e evoque o comportamento que
tenha sido seguido por tal reforço. Nenhuma das relações mencionadas foram
verificadas diretamente por pesquisa, mas parecem estar de acordo com o conhecimento
existente.
Existe um requisito adicional importante envolvido nas histórias de correlação
discutidas acima, é essencial que o estímulo não só tenha precedido a aversão ou a
gratificação, mas também que a remoção do estímulo tenha precedido sistematicamente
a gratificação ou a aversão. Se a remoção do estímulo não previne gratificação ou a
aversão não existe correlação (D’Amato, Fazzaro & Etkin, 1968; veja também Fantino
& Logan, 1979, pp – 273 – 275).
OEC Transitiva: Reforço e punição condicionada condicional. Quando uma
condição de estímulo (S1) é correlacionada com a correlação entre outro estímulo (S2) e
alguma forma de aversão (ou gratificação), a presença de S1 estabelece a efetividade
reforçadora (ou punidora) de S2 e evoca (ou suprime) o comportamento que foi seguido
daquele reforço ou punição. Novamente, essa relação não foi pesquisada diretamente,
mas pode ser extraída facilmente de conceitos e pesquisas. Muitas (provavelmente a
maioria) das formas de reforço condicionado ou punição condicionada, são
condicionadas por outras condições de estímulos. Às vezes, essa noção se refere a dizer
que a efetividade reforçadora condicional é dependente de um “contexto”.
Imagine um animal privado de comida em um ambiente em possa sempre
produzir um ruído de 10s ao apertar uma barra Estímulos visuais distintos são
relacionados à relação do estímulo sonoro com a comida. Na presença de uma luz
vermelha, o ruído sonoro de 10s termina com a entrega da comida. Na ausência de luz
vermelha, o ruído sonoro de 10s termina sem entrega de nenhuma comida. Essa é a
situação em que o estímulo auditivo funciona como reforçador condicionado, mas é
condicionado a cor da luz. Assim a aplicação do ruído não é efetiva como reforço até
que a luz vermelha apareça. Quando ela aparece, com um animal bem treinado, a
pressão a barra é evocada. Qual é o reforço para a pressão à barra? Obviamente a
emissão do ruído. Como a luz vermelha evoca a pressão a barra? Não como um Sd,
porque não está correlacionada com a disponibilidade do ruído – O ruído é
disponibilizado independentemente da condição da luz, mas não é uma forma efetiva de
reforço na ausência de luz vermelha. Ele evoca a pressão a barra como OEC, uma
mudança de estímulo que altera a efetividade do reforço – o valor – do ruído evoca o
comportamento que o produz. Apenas na presença da luz vermelha o ruído foi
emparelhado ou correlacionado com comida, então apenas com a luz vermelha acesa
existe uma forma efetiva de reforço condicionado. A relação básica ainda é aquela
correlação, embora seja de um modelo mais complexo. A correlação do ruído com
comida é correlacionada por si mesma com a cor da luz.
Houve inúmeras tentativas de demonstrar esse tipo de OEC com não-humanos
(Alling, 1991; McPherson & Osborne, 1986, 1988). Os experimentos tem em comum o
seguinte arranjo. Uma condição de estímulo, S1, pode ser produzida na ausência e na
presença de outra condição de estímulo, S2. A O surgimento do primeiro estímulo
precede sistematicamente a comida como reforço na presença de S2, mas não na
ausência. Em outras palavras, a aplicação de S1deveria funcionar como reforço
condicionado, mas é condicionado a presença de S2; sendo assim é uma forma de
reforço condicionado condicional. O estímulo cuja efetividade reforçadora é condicional
é a suposta OEC. Pombos aprendem a parar de produzir S1exceto na presença de S2,
mas nos experimentos citados anteriormente não foi possível excluir a possibilidade de
S2 apenas funcionar como primeiro estímulo discriminativo em uma cadeia de duas
respostas.
O primeiro elemento em uma cadeia evocado por um SD é frequentemente uma
OEC deste tipo. Considere um rato em uma câmara cujo estímulo auditivo é relatado
com um Sd para a disponibilidade de comida ao pressionar a barra. Mas a barra não
pode ser pressionada até que seja localizada, então o estímulo auditivo evoca o
comportamento visual de busca, que é reforçado por ver a barra. Entretanto, o estímulo
auditivo não é relacionado com a disponibilidade deste reforço, e sim com seu valor.
(Assim que a barra é vista, os outros elementos da cadeia – aproximação, toque, pressão
– são controlados por uma sucessão de Sds, mas o primeiro elemento não. Do mesmo
modo, em uma situação de evitação, o estímulo de alerta evoca a resposta evitativa
como uma OEC reflexiva, mas se isso requer a localização de um dispositivo, o
comportamento visual de procura é evocado pelo estímulo de alerta como uma OEC
transitiva, que é correlacionada com o valor de enxergar a barra, não com a
disponibilidade de sua visão.
Esse tipo de OEC é encontrada em muitos exemplos humanos. Um trabalhador
está desmontando um equipamento. Seu assistente lhe entrega as ferramenta assim que
ele solicita. Durante a desmontagem, ele encontra uma parafuso de fenda que deve ser
removido e solicita a chave de fenda. A visão do parafuso de fenda evocou a solicitação,
cujo reforço foi receber a chave de fenda. Para se referir ao parafuso como Sd,
entretanto, surge a mesma dificuldade de antes. O estímulo não havia sido
correlacionado diferencialmente com solicitações bem sucedidas – chaves de fenda não
estão mais disponíveis quando parafusos estão presentes do que quando estão ausentes,
embora sejam mais valiosos. Parafusos de fenda deveriam ser considerados OEC para a
solicitação, não um Sd. Aqui um parafuso é como a luz vermelha. Na sua presença,
chaves de fenda foram correlacionadas com desmontagens bem sucedidas e, portanto,
são valiosas.
Outro exemplo humano comum é um estímulo relacionado a alguma forma de
perigo, na evocação do comportamento de se proteger. Um vigia noturno patrulhando
uma área escuta um barulho suspeito e aperta um botão em seu rádio que causa a
resposta de outro vigia de responder o rádio e perguntar se alguma ajuda é necessária. O
barulho suspeito não é um Sd cuja presença torna a ajuda mais disponível, apenas mais
valiosa. Repare que esse efeito do sinal de perigo não é produzir o eu encerramento e
nem aumentar o valor de outro evento.
Esse tipo de análise parece ser necessária independente da direção da primeira
ou da corelação, independente do fato do evento final ser algo gratificante ou aversivo.
Para considerar mais um exemplo, tornemos o ruído um estímulo negativamente
correlacionado com algum evento aversivo, em outras palavras, o ruído seria um sinal
de segurança, mas essa correlação só seria efetiva quando a luz vermelha estivesse
acesa. Sob outras condições de estímulos, o ruído não apresenta correlação com
qualquer condição aversiva. Agora tornemos a pressão a barra a resposta a ser emitida,
mantida por uma orça de reforço independente, que no passado encerrava o ruído; e
assim a luz vermelha encerrava a segurança, uma forma de punição condicionada para a
pressão da barra. É claro que a pressão a barra também encerra o ruído quando a luz
vermelha não está acesa, mas nesse caso não é uma punição, porque na ausência da luz
vermelha o ruído não está correlacionado com alguma condição aversiva. É esperado
que quando a luz vermelha estiver acesa e o ruído ativado, qualquer tendência de
pressionar a barra seria “suprimida”. A luz vermelha funciona como OEC para causar a
desativação o ruído ao funcionar como punição efetiva e a suprimir qualquer
comportamento que tenha sido punido. Essas relações de ordens superiores podem não
ter um papel maior em experimentos típicos com não-humanos porque eles requerem
suas histórias abrangentes. Contudo, isso seria esperado no repertório de espécies de
vida longa em seus ambientes naturais, e certamente daqueles humanos.

Implicações Gerais

A motivação como tópico de análise do comportamento pode ser reintroduzida


levando-se em conta essas variáveis – operações estabelecedoras – que alteram
momentaneamente a efetividade de outros eventos como reforço (e punição) e
simultaneamente alteram a frequência daqueles tipos de comportamentos que foram
seguidos por aquele reforço (ou punição). Uma distinção clara é possível entre variáveis
motivacionais e discriminativas nos termos das suas relações com a efetividade do
reforço de um evento ou de sua disponibilidade. A aplicação desta distinção é crítica
para a interpretação correta de alguns efeitos da estimulação dolorosa. Quando aplicada
a relações funcionais aprendidas, essa distinção permite a classificação de um número
significativo de relações discriminativas, como operações estabelecedoras
condicionadas, ampliar o entendimento do assunto motivação juntamente com a análise
do comportamento e facilitar identificações úteis de inúmeros fatores envolvidos na
multideterminação do controle do comportamento humano.
0
Texto traduzido para fins de estudo pelo Psicólogo Clínico e Mestrando em Ciências do
Comportamento Eduardo Buani Santos CRP - 01/21024
1
Da forma como é tratado, o assunto emoção é intimamente relacionado com motivação, assim
como nos capítulos adjacentes (cap. 11 em Skinner, 1938; cap. 10 em Keller & Schoenfeld,
1950; cap.10 em Skinner, 1953) ou como parde de um grupo de variáveis dependentes
relacionadas.
2
O fator de ajuste de Kantor (1959, p. 14) inclui variáveis motivacionais, mas até recentemente
essse conceito não foi muito utilizado dentro da comunidade comportamentalista (mas verifique
Morris, Higging & Bickel, 1982, especialmente a pág. 161 e 167 para uma posição
contraditória).
3
Nesse contexto, frequência o número e resposta por unidade de tempo e frequência relativa, a
proporção de oportunidades de resposta em que a resposta ocorreu. Utilizado desta forma é
possível evitar termos controversos com força de resposta e probabilidade de resposta.
4
Uma alteração momentânea ou atual na frequência e todos comportamentos que foram
seguidos de um tipo específico de reforço deve ser diferenciado da mudança na frequência
futura de um tipo específico de comportamento que precede um tipo específico de reforço.
Alterações na frequência futura definem relações alteradoras de função (reforço, punição,
extinção), enquanto alterações nas frequências atuais definem relações evocativas (os efeitos de
estímulos discriminativos e vários tipos de operações estabelecedoras). Para o tratamento
detalhado dessa diferença, para relações operantes e respondentes, veja Michael (1938). Nesse
artigo, efeitos alteradores de função são mencionados como alteradores de repertório.
5
O termo estímulo incondicionado, na realidade, se refere a duas funções bem diferentes, para
as quais seria conveniente tê-los separados em duas funções diferentes. No arranjo Pavloviano,
por exemplo, a comida elicia a salivação quando colocada na boca, e também altera a função de
outros estímulos presentes no momento (e.g. um som), então no futuro, quando aqueles
estímulos forem apresentados, eles também eliciarão a salivação. Pode-se dizer que a comida
funciona como um eliciador incondicionado (EI) e como um condicionador incondicionado
(CI). Para mais detalhes dessa distinção e os termos relacionados, veja Michael (1938).
6
Agradeço a Henry Shlinger por me lembrar deste ponto e direcionar minha atenção às
referências mencionadas.
7
Para uma análise comportamental detalhada do tópico de motivação intrínseca, veja Bernstein
(1990) e Dickinson (1989).
8
Agradeço a Michael Commons por mostrar a possível relevância do conceito de OE para as
relações respondentes.
9
Em Michael (1982), eu sugeri o termo estímulo estabelecedor e o símbolo SE para uma relação
motivacional aprendida, sendo que operação estabelecedora (OE) se referia a relação não
aprendida. Aparentemente, operação estabelecedora condicionada (OEC) soa melhor devido ao
contraste com operação estabelecedora incondiconada (OEI). Essa abordagem também torna
operação estabelecedora (OE) um termo útil para as relações motivacionais gerais, sem
especificar sua procedência.
10
O termo substituta foi sugestão de Michael Urbach.
11
Utilizei o termo aversividade para me referir a qualquer alteração de estímulo que pode
funcionar como punição para o comportamento que o precede. Eu evito o termo punição porque
no contexto de descrição da OEC não me refiro ao aumento da frequência futura de qualquer
comportamento. Analogamente, utilizo gratificação para a alteração que pode funcionar como
reforço para o comportamento que o precede, mas não me refiro ao aumento futuro da
frequência de qualquer comportamento nesse contexto. O termo estímulo aversivo seria
apropriado, exceto para a utilização geral de termos genéricos, como mencionei anteriormente.
Aversividade deveria ser considerado um termo para utilização corriqueira e não um termo
técnico.
12
O termo distinto surgiu para que esse tipo de procedimento possa ser distinguido de um
procedimento de esquiva sem estímulos exteroceptivos programados que não fosse o próprio
choque. Isso também implica que o estímulo de alerta é um estímulo discriminativo para a
reposta de esquiva, mas o ponto principal da presente seção contradiz essa prática, assim
devemos desenvolver um novo nome para esse tipo de procedimento. Algumas vezes esse
procedimento é chamado de esquiva sem o estímulo de alerta e então é diferenciado de esquiva
com estímulo de alerta. O que pode ser mais conveniente do que distinto, mas isso implica o
efeito do estímulo no organismo – alerta ao organismo – e seria recomendável que os termos
para os procedimentos não propusessem suas funções comportamentais.

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