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O manejo dos antecedentes

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A definição operacional de “modificação de comportamento” é definida como “[...] a
modificação de comportamento envolve a aplicação sistemática de princípios e técnicas
de aprendizagem para avaliar e desenvolver comportamentos privados e públicos dos
indivíduos, a fim de ajudá-los a funcionar melhor em sociedade” (MARTIN; PEAR, 2009, p.
11).

O comportamento é definido operacionalmente por "[...] qualquer atividade de um


organismo, seja muscular, glandular ou elétrica" (MARTIN; PEAR, 2009). Ou seja, tudo o
que um indivíduo faz e verbaliza. Eles são divididos em públicos (visíveis), são
comportamentos observáveis, passíveis de registro por qualquer indivíduo; e privados
(encobertos), neste caso são necessários recursos para conseguir observar o
comportamento alheio, uma vez que, esses comportamentos são por exemplo pensar e
sentir. Os dois tipos de comportamentos podem sofrer modificações comportamentais.

A “modificação do comportamento” é caracterizada por definir os comportamentos-


problema, mensurar os comportamentos, atuar na modificação dos comportamentos e
modificar o ambiente atual do indivíduo.

De acordo com Martin e Pear (2009, p.9) a definição operacional de “ambiente” faz
referência “[...] às pessoas, objetos e eventos correntemente presentes ao redor de um
indivíduo, que afetam seus receptores sensoriais e que podem afetar seu
comportamento”.

Para entender a função de um comportamento é importante fazer uma avaliação funcional


experimental (análise funcional) do comportamento, com o objetivo identificar as variáveis
que estão controlando os comportamentos-alvo para fazer a modificação do
comportamento.

Na tabela abaixo é estruturado o comportamento (criança faz a birra, chora e grita), o


antecedente (ela está em um supermercado e vê uma bolacha) e a consequência (mãe
compra a bolacha para a criança). Dessa forma, a mãe utilizou do reforçamento positivo
(oferecendo a bolacha para a criança), e a modificação desse comportamento precisa
ocorrer nos fatores antecedentes e nas consequências.

O manejo dos antecedentes está relacionado com a modificação dos


antecedentes de um comportamento. Ou seja, é necessário se atentar a:

Características físicas do ambiente;


Organização (ou se existe uma desorganização);

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Indivíduos presentes e o que faziam;
Comportamentos imediatamente anteriores ao comportamento-problema;
Alteração na rotina diária.

Algumas formas de trabalhar com esses antecedentes é ensinando regras,


porém elas só serão eficazes quando:

Objetiva-se uma mudança rápida de comportamento;


As consequências têm um intervalo de tempo maior;
Os reforçadores naturais são intermitentes (ou seja, não ocorrem de forma
contínua);
O comportamento ocasiona uma punição grave e imediata.

Outra maneira de trabalhar com o controle dos antecedentes seria estabelecer


objetivos, porém eles só serão eficazes quando:

Os objetivos são específicos e realistas;


Relacionados ao aprendizado e incluem critérios de proficiência;
Estabelecem as circunstâncias em que deve ocorrer;
Os objetivos são públicos;
Estipulam um prazo;
Estão associados com feedback (descrição do comportamento daquela criança);
Quando envolve comprometimento do indivíduo (ou seja, o indivíduo só irá se
comportar de determinada maneira, se ele estiver motivado, e para ter a motivação
é necessário que haja um item reforçador potente).

Outras formas de realizar o manejo de antecedentes:

Dar um modelo do comportamento desejável (fornecido pelos pais, colegas,


professores);
Oferecer ajuda física com esvanecimento de dicas (a criança não pode ficar
dependente de dicas);
Induzir uma situação: reorganização do ambiente, mudança do local da atividade,
mudança de pessoas e troca do momento da atividade.

Vale lembrar que, as operações motivacionais são eventos que: “alteram


temporariamente a eficácia das consequências, como reforçadores ou punições (um efeito
de alteração de valor)”. E, “Influenciam comportamentos que normalmente levam a tais
reforçadores ou punições (um efeito de alteração de comportamento) (Laraway, Snycerski,
Michael e Poling, 2003)”.

De acordo com Martin e Pear (2009, p.280-282), infere-se a existência de dois tipos de
OM: as condicionadas e as incondicionadas.

As operações motivacionais incondicionadas (OMI) - inato: OM estabelecedora


incondicionada (OMEI): que é a “[...] privação de água, de sono, de atividade, de oxigênio
e de estimulação sexual (e a saciedade em relação a cada um desses itens é uma OMSI)” -
OM supressora incondicionada.

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Enquanto as operações motivacionais estabelecedoras condicionadas (OMEC): é
caracterizada por ser “[...] um motivador que aumenta momentaneamente o valor de um
reforçador condicionado e que aumenta a probabilidade de ocorrência de um
comportamento que, no passado, levou a tal reforçador”.

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Referências
FALEIROS, T. C.; HUBNER, M. M. C. Efeito do reforçamento diferencial de resposta verbal
referente à leitura sobre a duração da resposta de ler. Rev. bras. ter. comport. cogn.,
São Paulo, v. 9, n. 2, p. 307-316, dez. 2007.

MARTIN, G.; PEAR, J. Modificação de comportamento: o que é e como fazer. 8. ed. São
Paulo: Roca, 2009.

MOREIRA, F. R.; VERMES, J. S. Extinção operante e suas implicações: uma análise do uso
em um episódio do programa Supernanny. Perspectivas em análise do
comportamento, v. 6, n. 2, p. 99-118, 2015.

SELLA, A. C.; RIBEIRO, D. M. Análise do comportamento aplicada ao transtorno do


espectro autista. 1. ed. Curitiba: Appris, 2018.

SILVA GUIMARÃES, Mariane Sarmento et al. Treino de cuidadores para manejo de


comportamentos inadequados de crianças com transtorno do espectro do autismo.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 20, n. 3, p. 40-53,
2018

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