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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

Nome: Giulia Mestre Roasio, RE: 324970


Data: 03/12/2021
Disciplina: Psicologia Desenvolvimento III – Abordagem Comportamental
Nome da professora: Joice Romani
Trabalho: Fichamento de texto

Referência: RUBIO, A. R. Behaviorismo radical: uma revisão do conceito de


Self na obra de B. F. Skinner. In: BRANDÃO, M. Z. S.; CONTE, F. C. S.;
BRANDÃO, F. S.; INGBERMAN, Y. K.; DA SILVA, V. M. & OLIANE, S. M (Orgs.).
2004. Sobre comportamento e cognição, vol. 13. Contingências e
Metacontingências: Contextos Socioverbais e o Comportamento do Terapeuta, pp.
13-20. Santo André: ESETec.

O texto é dividido em 4 partes e busca analisar o conceito de self partindo do


entendimento da obra de B. F. Skinner. Na primeira parte, a autora discorre acerca
do surgimento do Behaviorismo Radical, iniciando com a definição do nome em
inglês, “behaviorism”, que faz referência ao estudo do comportamento, sendo
então o Behaviorismo o nome em português que define a filosofia do estudo do
comportamento. Depois, é feita a distinção entre Behaviorismo Metodológico e
Behaviorismo Radical, sendo que o primeiro foi fundado em 1913 por J. B. Watson
e define o comportamento como restrito ao observável por mais de duas pessoas.
Assim sendo, o nenhum evento privado era considerado como comportamento por
Watson, apenas os eventos públicos então eram suscetíveis a estudo. Ainda sobre
o Behaviorismo Metodológico, foi muito abordado por Watson o conceito de
estímulo e resposta, comportamento reflexo.

Com relação ao Behaviorismo Radical, foi fundado entre 1938 e 1945, por B. F.
Skinner, e levava em consideração o comportamento privado, em oposição ao
Behaviorismo Metodológico. Skinner desenvolveu o conceito de operante, que se

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refere a uma seleção dos comportamentos em acordo com suas consequências, e
também definiu o homem como fruto da filogênese, da ontogênese e da cultura.
A autora acrescenta, ainda, que para Skinner o homem não é livre, sendo seu
comportamento controlado pelo ambiente e por contingências de reforço.

Na segunda parte, a natureza dos eventos privados é abordada: segundo Skinner,


não ocorre uma relação de estímulo e resposta, mas sim uma interação geral de
Comportamento-Ambiente. Os eventos privados são acessíveis apenas através do
relato feito pelo indivíduo, após observar seu próprio corpo, caracterizando um
comportamento verbal. Este, por sua vez, necessita ser interpretado, o que requer
o estabelecimento de relações funcionais entre a probabilidade de um
comportamento conforme alterações contextuais ou em consequências.

Partindo para a terceira parte do texto, a autora faz referência ao conceito de self,
contextualizado no que se refere à Ciência do Comportamento, a qual descarta
hipóteses como a existência da mente como origem dos comportamentos. Citando
Skinner, Adriana Regina defende que, embora as causas do comportamento não
sejam explicadas através do interior do organismo, a genética e a experiência de
vida garantem que cada indivíduo seja único quanto à sua identidade. Para
Skinner, o self não se trata de um iniciador do comportamento, mas sim de um
repertório comportamental conforme um complexo organizado de contingências;
ou seja, considerando a teoria da evolução das espécies proposta por Darwin,
esses comportamentos que compõem o self seriam determinados por
contingências filogenéticas, ontogenéticas e também culturais.

Este modelo considera que, da mesma maneira que a seleção natural atua sobre
a definição de aspectos físicos das espécies em prol de sua sobrevivência, atua
também sobre aspectos comportamentais, caracterizando o primeiro nível de
seleção, a filogênese. Num segundo nível de seleção, a experiência individual
estabelece o condicionamento operante, que permite que o indivíduo desenvolva
características comportamentais particulares, adaptando-se a mudanças no
ambiente e às consequências imediatas do comportamento, garantindo também
sua sobrevivência e gerando individualidade e subjetividade, o que constitui a

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ontogênese. Com base no comportamento social e verbal, surge a cultura, a qual
permite a transmissão e acúmulo de conhecimento ao longo do tempo e do
espaço, constituindo também uma importante parcela do self e garantindo a
individualidade.

Para Skinner, há uma diferença entre pessoa e self, sendo que o primeiro termo
faz referência ao organismo em si, e o segundo engloba também eventos privados
e a visão que o indivíduo tem de si próprio. A autora aborda também o conceito de
auto-observação, que consiste no comportamento que permite a consciência
quanto às variáveis controladoras do próprio comportamento, caminhando em
direção ao autoconhecimento. Este, por sua vez, é importante na distinção entre o
privado e o público, e também no âmbito social, visto que através do
comportamento auto-descritivo o indivíduo é capaz de apresentar seu self aos
demais com quem interage, exprimindo sentimentos, sensações, pensamentos,
etc.

Na quarta e última parte, a autora apresenta as implicações clínicas diante da


formação do self. Citando Kolemberg & Tsai (1991-2001), discorre sobre os
estímulos que controlam a resposta verbal “EU”, diferenciando-os em 3 estágios: o
primeiro se trata da relação do indivíduo com um objeto que esteja presente; o
segundo, daquilo que emerge de unidades funcionais menores, como um desejo,
e o terceiro estágio faz referência a uma unidade ainda menor, submetida aos
eventos privados. No desenvolvimento do self, podem surgir alguns problemas,
como uma exposição maior da criança a eventos públicos do que a eventos
privados, o que poderia ter como consequência o desenvolvimento de alguém
inseguro, por exemplo. Na psicoterapia, é importante observar a resposta verbal
“EU” do paciente, de modo a observar as variáveis ambientais que controlam o
comportamento deste, conhecendo seu self e mudando-o de forma que seja capaz
de observar e resolver seus problemas.

Em conclusão, Adriana Regina finaliza reforçando a diferença da visão de Skinner


acerca do self com relação a outras abordagens da psicologia, destacando que,
para ele, o self não se trata da causa dos comportamentos e nem de uma entidade

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mental, mas sim de um conjunto de comportamentos que é produto da interação
entre o indivíduo e o ambiente. Além disso, o self é construído pelo meio social e
responsável pela individualidade.

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