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Sobrecarregadas e cobradas por resultados: O


desafio das médias lideranças
⋮ 06/09/2023

Desafios e reflexões na gestão contemporânea


Fernando Ladeira – VP da Falconi para soluções de Gestão de Pessoas

As médias lideranças nas empresas estão à beira do colapso. Não há pesquisas


ou dados que confirmem isso, mas elas realmente estão. E, pensando bem,
acredito que nem precise de estatísticas para fazer essa afirmação. A minha
convicção advém das conversas que tenho com executivos da área de gestão.

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Esse fenômeno não é novo, mas foi acelerado pela pandemia de Covid-19, assim
como diversos outros fenômenos relacionados ao mundo do trabalho. As razões
são variadas, mas destaco duas que, certamente, são as mais relevantes: a
primeira refere-se à velocidade e ao volume de mudanças; a segunda concerne ao
relacionamento desses profissionais com as lideranças seniores e seus
respectivos times.

O primeiro fator é exógeno e comum a todos, variando conforme o segmento e


indústria, sendo gerenciável até um certo ponto. De fato, a forma como as
empresas reagem às mudanças diz muito sobre elas. Flexibilidade e agilidade nos
processos e na tomada de decisões são essenciais para o sucesso e a
sobrevivência das organizações em um mundo em constante transformação.

O segundo fator relaciona-se com a interação dessa média liderança com os


níveis superior e inferior da “hierarquia”. Está vinculado às gerações que se
sobrepõem nessas posições, mas vai além. E, atualmente, a responsabilidade
pela entrega de resultados repousa majoritariamente na média gerência.

Recentemente, um artigo da BBC trouxe à tona essa realidade, classificando


esses profissionais como aqueles pressionados pela liderança para cumprir metas
de negócios, enquanto, ao mesmo tempo, lidam com subordinados que podem ter
expectativas e necessidades distintas. “Esses gerentes intermediários enfrentam
pressão tanto de executivos quanto de colegas de nível mais baixo, sentindo-se,
muitas vezes, impotentes e mal preparados para atender às demandas de todos”,
salientou a publicação britânica.

No que tange à “hierarquia”, os níveis superiores enfrentam um período que


demanda ambidestria: como garantir resultados a curto prazo e transformar o
negócio simultaneamente? Se observarmos as discussões entre executivos, 80%
do tempo é dedicado à transformação, ao futuro. Então, os segundos e terceiros
“níveis” acabam por assumir o ônus – muitas vezes, sem o suporte e patrocínio
necessários.

Por outro lado, os times sob a gestão dessas médias lideranças, por uma série de
razões, trazem à tona reflexões sobre equilíbrio entre vida e trabalho. Isso vai
além de uma simples questão geracional. O tradicional modelo de vida,
segmentado em estudo, trabalho e descanso, não se sustenta para uma

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população que viverá mais de 90 anos, seja financeira ou psicologicamente.
Recomendo a leitura de “The 100 Year Life”.

Lazer, estudo e trabalho começam a coexistir em proporções variadas,


mesclando-se. Isso significa que a ideia de “trabalhar até a exaustão” para depois
“descansar” já não se aplica mais. E muitas empresas ainda não compreendem ou
não sabem como lidar com essa nova realidade, rotulando-a pejorativamente de
“mimimi”. Não é mero “mimimi”, e enfrentar fenômenos globais de comportamento
requer adaptação, não resistência.

Nesse contexto, a média gerência é pressionada a entregar resultados


consistentes e sustentáveis em um mundo em fluxo contínuo. Qual o resultado
disso? Um colapso iminente. Qual a solução? Admito que ainda não tenho a
resposta definitiva. Mas, sem dúvida, passará pelo cuidado, atenção e capacitação
contínua desse grupo.

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