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A Linguagem de Ser e Tempo e o princípio da razão.

O Princípio do fundamento de 1956 que parece indicar um momento


dentro da tradição que foge às delimitações de uma abordagem ôntica
sobre a questão do sentido do ser: Heidegger cita textualmente um
místico, Ângelus Silesius, e afirma que “[...] nos agradaria chegar à
idéia de que à grande mística pertenceria a mais extrema agudeza e
profundidade de pensamento, esta é, com efeito, também a verdade.
Mestre Eckhart também o demonstra”. (MARÇAL, 2011, p.11).

Introdução:

Este projeto delimita questões referentes ao texto contendo preleções e uma conferência
de 1956 (Princípio da Razão) e visa realizar um comparativo com o parágrafo 64 de Ser
e Tempo a fim de elucidar a questão do princípio da filosofia. Deste modo, a linguagem
dos princípios como é colocada por Heidegger tem uma influência em Ângelus Silesius,
na medida em que ou ela é negativa e, portanto sem fundamento ou ela é positiva e
assim tem, de fato, fundamentos. Estes fundamentos aparentemente são os da linguagem
filosófica, ou seja, a filosofia funda a linguagem, e está em seus vários aspectos, desde
os gregos até a Filosofia Moderna, ora explícitos nestas aulas de Heidegger, ora
implícitos. As aulas de Heidegger, as razões de Heidegger ter escrito sobre temas da
filosofia Kantiana, o para lá de si próprio e o princípio da razão suficiente.

Este projeto visa responder duas questões: em que medida a linguagem de Ser e Tempo
de Heidegger teria ligação com “O Princípio da Razão”?

De acordo com Heidegger, o princípio da Razão tem qualquer fundamento (O princípio


da Razão, p.15). Mas se o objetivo é conhecer o princípio de tal fundamento, como
identificá-lo se é determinado ou indeterminado? Verifica-se que há semelhanças entre
a identidade e o incondicional de Kant. De qualquer forma, o projeto visa pesquisar o
seguinte problema a partir da linguagem de Ser e Tempo: como saber sobre a fundação
e o que atua nela, mas não tem condições dadas por ela em si?

Problemática:

Minha pergunta neste projeto é a seguinte: se para Kant, segundo Heidegger, o que
importa é a condição de possibilidade, e sendo o fundamento sempre uma condição:
como se resolve o problema da questão da fundação enquanto princípio? Afinal, a
razão, na medida em que se coloca como fundamento é origem do pensamento e da
razão neles mesmos? Se por outro lado houver somente o condicional como se expressa
o incondicional? O incondicional é semelhante a uma indeterminação fundamental?
Diante da infinidade de entidades, não se sabe neste projeto se é possível falar em
princípio. Quando Heidegger diz: "A forma negativa do princípio fala mais claramente
do que a afirmativa". Deve ser: cada entidade tem necessariamente uma base ".

Pergunto agora: existe uma unidade da fundação ou uma totalidade da fundação? Isto é,
o princípio teria de ser unidade e multiplicidade. Heidegger depois usa o incondicional
no sentido de elucidar o fundamento, mas por outro lado faz referência à propriedade,
diante disso, enfim, o que é próprio do fundamento? O que é adequado (adequatio) não
pode ser o princípio, pois está em todos os seres, todavia permanece indeterminado.
Então para Kant a razão também parece não ter fundamento, nem na coisa, nem na
experiência, nem na própria razão e pensamento. Suspeita-se que o tempo seja o
fundamento e o princípio de toda razão por meio do seu movimento, ou seja, todas as
estruturas estão em movimento e em seu constante entrelaçamento.

Este entrelaçamento se dá na multiplicidade de fundações, em fundamentos próximos,


fundamentos remotos, fundamentos finais, etc. Outra coisa, os fundamentos últimos
estão mais distantes ou mais próximos, já que há movimento no fundamento? Há aqui
indícios de um princípio fundamental pelo movimento, há também um jogo de palavras
entre o princípio próximo e o fundamento próximo. Contudo, se a base é móvel, o
princípio também o é.

Na nota de rodapé 10 do § 64, Heidegger comenta um artigo sobre Kant com o qual
discorda e afirma que os problemas que ele vê ilustram a "falta de fundamento
ontológico (ou falta de base) do Problema do Sujeito / Eu desde a res cogitans de
Descartes ao conceito de Hegel de espírito. "

Mas aqui a "falta de fundamento" não é uma caracterização positiva, e sim, negativa,
mas sua maneira de dizer que a questão da constituição ontológica do Eu nem mesmo
foi colocada por nenhum filósofo antes dele.

Ele acusa a história da filosofia do sujeito de debater um problema (o que é o eu, como
ele se relaciona com as coisas?), mas não fornece bases ontológicas suficientes para
tornar esse problema compreensível de maneira adequada. Ele não está oferecendo um
relato positivo aqui.
O único lugar onde o termo "o incondicionado" - das Unbedingte - aparece é quando ele
cita esta nota de rodapé, que parece querer repetir Hegel ao afirmar que o não
condicionado pode ser acessado sem condicioná-lo por meio do uso das categorias
(kantianas) como um elemento mental que opera a junção para fixá-los sem racionalizá-
los (isto é, colocá-los nas condições da razão).

Kant diz que toda experiência possível deve obedecer a certas condições. No próprio
§64, Heidegger não fala sobre o incondicionado, mas elucida principalmente como seu
relato do Dasein fornece uma base para fazer o que Kant falhou em fazer, isto é,
explicar o modo de ser do acompanhamento da experiência por um sujeito. A Intuição
profunda dada pelos limites metafísicos axiomáticos, de acordo com Prolegômenos a
uma Metafísica Futura, somente para citar brevemente sobre os princípios:

Os seus princípios (a que pertencem não só os seus axiomas, mas


também os seus conceitos fundamentais) nunca devem, pois, ser
tirados da experiência: ele deve ser um conhecimento, não físico, mas
metafísico, isto é, que vai além da experiência. (KANT, ?,p.13).

Problemática:

O Primeiro Problema é se o termo mais adequado é “fundamento” ou “razão” para


grund, de acordo com o escopo das aulas e conferência reunidas neste livro. Com isso
trazer à luz o estado do problema, justifica-se isto pelo fato dos tradutores não estarem
de comum acordo dado o jogo de palavras que Heidegger faz em torno de todo o livro.

Todos os juízos estão no espaço, onde na síntese o extensivo é contraposto ao que


explica ou ao juízo explicante (sublinhado meu). Os princípios são esclarecidos, como
diz Heidegger aos que elucidam os seus princípios. Diríamos então como hipótese que a
leitura de Heidegger dos princípios parte de Kant, contudo não há evidências
suficientes, o projeto consiste, portanto, em buscar evidências que respaldem ou não O
princípio da Razão. Como apoio metodológico usarei o trabalho de Mafalda de Faria
Blanc, “O Fundamento em Heidegger”, em que a Dialética constante entre o problema e
a questão tenta elucidar as seguintes questões: primeiro sobre se é fundamento ou razão
e segundo o que seria uma frase-princípio constando então numa questão pertinente à
Filosofia da Linguagem.

O que é um princípio básico? Uma razão pode sempre ser a mesma? Uma razão
apropriada a tudo que dela deriva? Mas se é incondicionado por que há derivação? Por
que o sujeito, na própria consciência, não é o que está em representação? Mas apenas
em suas formas? Por exemplo, o Eu foi pensado por Descartes como aquilo que faz
derivar o pensamento e a existência, mas a existência requer um Eu. Por outro lado, esse
Eu é da consciência e não do pensamento, desse modo um representa o outro. Por isso, a
consciência deve opor-se em certa medida ao pensamento para que apareçam as formas
e, assim, ao se manifestar, a subsistência do sujeito não seja mais cartesiano. Ainda
assim, a dúvida hiperbólica que acompanha é em que cada passo o "eu pensante"?
Pergunto se Descartes ainda tem algum vestígio, mesmo na percepção e nos sentidos da
filosofia clássica, ou se ele já está incomodado com as teses de Hume? Sobre metafísica
e sua circunspecção.

Heidegger geralmente abre e fecha a consciência, mas ele faz isso com o pensamento?
Sobre o Eu da consciência, é necessário primeiro pensar através do Eu de alguma coisa.
Mas isso sendo a própria consciência, isto é, ela mesma, não a coisa em si, mas a
consciência em si. Porém, se o Eu permanece indeterminado, nesse algo, ele não se
revela imediatamente. E quanto ao seu conteúdo? E mais, se o conteúdo está dentro,
como posso dizer o eu-sou-do-mundo? É por isso que as representações são apenas
formas do a priori. A referência do Eu em relação a si mesmo cria um círculo, uma volta
de acordo com o modo e fundamento do pensamento. Mas o problema agora é o ser,
entre a consciência e o pensamento do Ser. Quando, porém, eles giram em relação a si
mesmos, dentro de uma referência, portanto é uma questão temporal. Contudo como
este giro é uma questão incorporada na linguagem e como ela se apropria do tempo para
tal intento. O objetivo é demonstrar, portanto, que como diz Heidegger: o fundamento
não é ele mesmo. No entanto, a fundação está desde o início na razão. Mas o sujeito da
razão ocupa os espaços das razões que aqui não podem ser mais indeterminados ou sem
conteúdo. Assim, necessariamente uma razão não pode ser sempre a mesma, pois ela
tem um espaço das razões onde as regras são feitas e elaboradas a fim de criar
fundamentos ainda que passageiros para a razão. Entretanto, como a linguagem é
fundada? Se for pelo tempo de que modo ela é articulada com o fim de se auto-
fundamentar?

Se perguntamo-nos pelo fundamento da razão ou das razões tentando inseri-los em um


espaço-tempo, também indagamo-nos sobre a tríade: consciência-pensamento-razão.
Quais as formas do Princípio relacionadas ao pensamento? Do mesmo modo: quais as
formas do Princípio relacionados à consciência? E daí pela razão? Por que o sujeito, na
própria consciência, não é o que está em representação? Mas apenas em suas formas?
Ver o páragrafo. 64. O Princípio foi pensado por Descartes como aquilo que faz derivar
o pensamento e a existência, isto é, o Eu. Por outro lado, esse Eu é da consciência e não
do pensamento, desse modo um representa o outro. Por isso, a consciência deve opor-se
em certa medida ao pensamento para que apareçam as formas e, assim, manifeste-se
como diz Heidegger, a subsistência do sujeito, que não é mais cartesiano. Ainda assim,
a dúvida hiperbólica que acompanha é em que cada passo o "eu pensante" em busca de
algum princípio, talvez do método? Se Descartes ainda tem algum vestígio, mesmo na
percepção e nos sentidos da filosofia clássica, ou se ele já está incomodado com as teses
de Hume? Sobre metafísica e sua circunspecção. Heidegger geralmente abre e fecha a
consciência, mas ele faz isso com o pensamento ou com a Linguagem em Ser e Tempo?
Sobre o Princípio da consciência, é necessário primeiro pensar através do Princípio de
alguma coisa. Mas isso sendo a própria consciência, isto é, ela mesma. Porém, se o
Princípio permanece indeterminado, nesse algo, ele não se revela imediatamente. E
quanto ao seu conteúdo? E mais, se o conteúdo está dentro, como posso dizer o
Princípio da Linguagem? É por isso que as representações são apenas formas do a
priori. A referência do Princípio em relação a si mesmo cria um círculo, uma volta de
acordo com o modo e fundamento do pensamento. Mas o problema agora é o ser, entre
a consciência e o pensamento do Ser. Quando, porém, eles giram em relação a si
mesmos, dentro de uma referência. O objetivo é demonstrar, portanto, que como diz
Heidegger: o fundamento não é ele mesmo. No entanto, a fundação está desde o início
na razão. Mas o sujeito da razão ocupa os espaços das razões que aqui não podem ser
mais indeterminados ou sem conteúdo.

Dobrar-se é sair de um ponto ao outro por meio de uma curva. Se Descartes propôs uma
hipérbole e depois disso Kant assim fará, embora de outro modo, o conteúdo seja do que
for é retirado de suas representações. Seriam os Princípios axiomas? Colocamos a esfera
da exterioridade à frente das diferenciações de expressões axiomáticas referentes ao
princípio da linguagem.

Desse modo, Heidegger parte da análise dos fundamentos mesmo sem demonstrar que
não existe um fundamento uniforme, já que depois dos gregos as articulações do
suprasensível ocorrem não na doação de sentido, mas na compreensão da ordenação
interna do tempo e de sua infinitude, portanto, é parte do infinito, visto que existe no
mundo (espaço-tempo) onde assumimos que o Eu está, portanto, no infinito, esse Eu do
infinito seria uma forma?

Pergunta-se, então, depois dessas considerações, se a razão for infinita, ou seja, não ter
um princípio delimitado o Eu da razão também será infinito? Deste modo, o Eu não se
destituindo do tempo, mas pelo contrário desdobrando-se atua no espaço de outras
razões ao entrar em contato com a realidade dos outros.

Como o espaço interior, há um espaço para colocar o conteúdo onde este é intuído por
uma exterioridade da razão, deste modo a propósito da linguagem hermética, tida como
fechada não teríamos o que Heidegger chama de “pesquisa dos princípios”. Ao que
parece não consta em Heidegger a pergunta como posterior ao ver fenomênico, ao
contrário, a pergunta, é o início do pressuposto exatamente como quem vê previamente
(HEIDEGGER, 2011, p.49). Porém, aqui a hipótese, é a seguinte: este início é um
princípio de uma série de pressuposições, isto é, o princípio da razão sempre a ser
respondido após com: “referência retroativa e projetiva” (HEIDEGGER, 2011, p.49).
Portanto, este projeto quer precisamente investigar que tipo de linguagem é esta de Ser e
Tempo, enquanto uma referência faz retroceder esta mesma se projeta, então cada
referência tem três direções, a dela mesma que depende do sentido da anterior e da
posterior. Ora, acerca desta pesquisa por princípios, segundo Fausto Castilho, compõe-
se o seguinte quadro: Perguntante (Frager – Dasein), Perguntável (Befragtes – Seiende),
Perguntando (Gefragtes – Sein), Perguntado (Erfragte – Sinn). (Nota de Rodapé – Nota
do Tradutor).

No mais das vezes o Dasein não é ele mesmo, pois a consciência atua ou como antes ou
depois, existindo um todo estrutural, ou seja, múltiplas estruturas, quando falo do eu:
expresso o si-mesmo da razão sobre ele? Como pode existir o Eu em si mesmo se ele
sempre está entrelaçado?

Todavia de acordo com a subsistência(?) é sempre consistente com o ser-si-mesmo do


sujeito, sendo quê este sujeito enquanto “consciência em si” não é uma representação e,
portanto, é o sujeito lógico, o de comportamento lógico, de ligar. (HEIDEGGER, 2011,
p.871). Este sujeito lógico atua como Eidos, já que o conceito de sujeito de Kant é
inadequado para Heidegger, pois em penso algo permanece indeterminado
semelhantemente em Descartes onde: Eu penso, logo existo. O Eu, assim poderá ser o
princípio da razão e do fundamento?
Diante do Princípio das Estruturas fundamentais ou da razão tem que se considerar a
inércia imediata em que transita, nem sempre ele acompanha as representações devido
às formas dentre os outros princípios, especialmente o da imobilidade infinita
progressiva, o que acarreta uma rigidez na linguagem de Ser e Tempo. Onde cada frase
tem o seu oposto e o seu complemento concomitantemente: há o relativo, o cíclico, o
plano, o esférico, etc. Mas o Princípio movimenta-se diante da pergunta expressa pelo
Ser? Ou ela é a pergunta mais de princípio e ao mesmo tempo a mais concreta?
(HEIDEGGER, 2011, p.51). É possível haver uma experiência de um princípio exterior
diante do movimento da pergunta? Não basta reconhecer o Princípio, faz-se necessário
atravessá-lo, suas dimensões, como etapas, fases, passos. O Dar-se da pergunta leva ao
que Heidegger resolveu chamar em Princípio da Razão de: Frase princípio, portanto o
dar-se desta frase poderia ser o princípio, isto é, anterior à própria referência?

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