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CURSO PREPARATÓRIO CPA 20

APOSTILA DO ALUNO
Curso Preparatório CPA20

CONSELHO NACIONAL Alessandro Roosevelt Silva


Titulares Ribeiro Ricardo da Costa Nunes
Márcio Lopes de Freitas João Francisco Adrien Fernandes
Ronaldo Ernesto Scucato Evaristo Lunz Gomes
Luiz Vicente Suzin Suplentes
Celso Ramos Régis Ary Célio de Oliveira
Ricardo Benedito Khouri Jeferson Adonias Smaniotto
Alberto Alves Silva de Oliveira Rogério Nagamine Costanzi L
Fernando Henrique Kohlmann Schwanke Luciana Maria Rocha Moreira
Thaisis Barboza de Souza Juliana Felício dos Santos
Dênio Aparecido Ramos
Carlos Felipe Alencastro F. de Carvalho DIRETORIA EXECUTIVA
João Edilson de Oliveira Superintendente
Suplentes Tânia Regina Zanella
Carlos André Santos de Oliveira Gerente Geral do SESCOOP
Leonardo Boesche Karla Tadeu Duarte de Oliveira
Remy Gorga Neto Gerente Geral da OCB
Malaquias Ancelmo de Oliveira Fabíola da Silva Nader Motta
Andréia Lúcia Araújo da Cruz de Carvalho
Fabiano Maluf Amui EQUIPE TÉCNICA
Roberta Carolina C.T. Rios Bosco Soares Débora Márcia Bruno Ingrisano
Alex Pereira Freitas Cláudia Chagas Moreno
Joel Amaral Júnior Detley Moreira Porto
Luizita Fonseca Leite Pina
Projeto Gráfico e Diagramação
CONSELHO FISCAL DOT Digital Group
Titulares
José Arilo Carneiro Pereira
André Pacelli Bezerra Viana

Endereço: Setor de Autarquias Sul - SAUS


Qd. 4 • Bloco “I” • Brasília-DF (Brasil)
Tel.: +55 (61) 3217-2119 • CEP 70070-936

Brasília, março/2022

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Sumário
Capítulo 1 - Sistema Financeiro Nacional e participantes do mercado............ 9

Funções básicas do SFN......................................................................................... 9


Estrutura do SFN.................................................................................................... 11
Conselho Monetário Nacional (CMN)............................................................................. 11
Banco central do Brasil (Bacen)..................................................................................... 13
Comissão de valores imobiliários (CVM)....................................................................... 15
Superintendência de seguros privados (Susep)......................................................... 17
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)...................... 18
Entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) – Resolução CMN n.
3.792..................................................................................................................................... 19
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima)................................................................................................................... 20
Código de certificação...................................................................................................... 22
Principais intermediários financeiros.................................................................. 28
Bancos múltiplos .............................................................................................................. 28
Bancos comerciais e de investimento.......................................................................... 29
Outros intermediários e auxiliares financeiros................................................... 31
B3 – Empresa de infraestrutura de negociação e pós-negociação de ativos...... 31
Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários:........................................... 32
Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários....................................... 34
Sistemas e câmaras de liquidação e custódia (clearing).......................................... 36
Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A.................................... 38
Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB)....................................................................... 39
Tipos de investidores............................................................................................. 41

Capítulo 2 - Compliance legal, ética e análise do perfil do investidor.............. 44

Risco de imagem (reputação) e risco legal.......................................................... 45


Controles internos.................................................................................................. 46

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Prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo


.................................................................................................................................. 48
Legislação e regulamentação ........................................................................................ 49
Caracterização do crime de lavagem de dinheiro...................................................... 51
Ações preventivas............................................................................................................. 53
Identificação e registros de operações......................................................................... 55
Responsabilidades administrativas e legais................................................................ 61
Coaf...................................................................................................................................... 61
Polícia ou MP....................................................................................................................... 61
Processo.............................................................................................................................. 61
Modelo de abordagem, baseada em risco.................................................................... 64
Indisponibilidade de bens, direitos e valores............................................................... 67
Normas e padrões éticos....................................................................................... 70
Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos
de Investimento...................................................................................................... 71
Regras gerais...................................................................................................................... 76
Análise do perfil do investidor............................................................................... 81
Metodologia de API............................................................................................................ 84
Suitability............................................................................................................................ 86
Dispensa de suitability..................................................................................................... 87
Finanças pessoais.................................................................................................. 89
Fluxo de caixa e situação financeira.............................................................................. 91
Balanço Patrimonial e Patrimônio Líquido................................................................... 92
Índices de endividamento............................................................................................... 93
Decisões do investidor na perspectiva de finanças comportamentais........... 95

Capítulo 3 - Princípios básicos de economia e finanças.................................... 99

Conceitos básicos de economia............................................................................ 99


Taxa de câmbio.................................................................................................................. 103
Taxa de juros....................................................................................................................... 106
Política monetária............................................................................................................. 113
Política fiscal....................................................................................................................... 117
Política cambial.................................................................................................................. 118

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Contas externas................................................................................................................. 119


Conceitos básicos de finanças.............................................................................. 122
Juros simples e juros compostos.................................................................................. 124
Custo de oportunidade..................................................................................................... 128
Taxa livre de risco.............................................................................................................. 130
Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)................................................................. 131
Retornos históricos e esperados................................................................................... 132

Capítulo 4 – Instrumentos de renda variável, renda fixa e derivativos............ 134

Captação de recursos por empresas............................................................................. 136


Instrumentos de renda variável............................................................................ 137
BDR e ADR........................................................................................................................... 141
AGO e AGE........................................................................................................................... 142
Remuneração dos acionistas.......................................................................................... 145
Oferta primária e secundária.......................................................................................... 150
Precificação........................................................................................................................ 151
Processos de desdobramento e grupamento de ações............................................ 153
Governança Corporativa.................................................................................................. 156
Clubes de investimento.................................................................................................... 161
Instrumentos de renda fixa................................................................................... 166
Títulos públicos federais.................................................................................................. 168
Títulos privados bancários............................................................................................... 176
Títulos corporativos.......................................................................................................... 184
Títulos do segmento agrícola.......................................................................................... 191
Títulos do segmento imobiliário..................................................................................... 195
Operações compromissadas........................................................................................... 198
Tributação para renda fixa............................................................................................... 200
Fundo Garantidor de Crédito (FGC)............................................................................... 202
Certificado de Operações Estruturadas........................................................................ 205
Derivativos.............................................................................................................. 207
Contratos a termo............................................................................................................. 209
Contratos futuro................................................................................................................ 213
Swap..................................................................................................................................... 214

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Opções................................................................................................................................. 216
Tributação em derivativos............................................................................................... 222
Ofertas públicas de valores imobiliários.............................................................. 223
Oferta Pública de Aquisições de Ações (OPA)............................................................. 223
Oferta Pública Inicial (IPO)............................................................................................... 224
Ofertas públicas subsequentes – follow-on................................................................ 226
Regras gerais de ofertas públicas.................................................................................. 227
Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Ofertas Públicas de e
Aquisição de Valores Mobiliários.................................................................................... 230

Capítulo 5 – Fundos de investimento.................................................................. 232

Aspectos gerais...................................................................................................... 233


Fundo de investimento e fundo de investimento em cotas..................................... 238
Fundo abertos e fundos fechados................................................................................. 239
Cota e transferência de titularidade.............................................................................. 241
Segregação de funções e responsabilidades.............................................................. 243
Assembleia Geral de Cotistas......................................................................................... 245
Instrumentos de divulgação .......................................................................................... 247
Direitos e obrigações dos cotistas................................................................................. 249
Administração.................................................................................................................... 250
Objetivo do fundo e política de investimentos............................................................ 254
Diferenciais dos fundos para o investidor.................................................................... 255
Dinâmica de aplicação e resgate................................................................................... 256
Taxas e formas de cobrança........................................................................................... 259
Principais estratégias de gestão.......................................................................... 262
Principais modalidades de fundos........................................................................ 270
Classificação CVM............................................................................................................. 270
Classificação Anbima (Autorregulação)........................................................................ 274
Limites por modalidades de ativos................................................................................ 275
Limites de concentração por emissor........................................................................... 277
Ativos negociados no exterior........................................................................................ 280
Fundos de crédito privado............................................................................................... 280
Outros fundos de investimento...................................................................................... 282

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Tributação em fundos............................................................................................ 286


Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)................................................................ 286
Imposto de Renda em fundos abertos.......................................................................... 287
Compensação de perdas................................................................................................. 291
Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de
Recursos de Terceiros ........................................................................................... 293
Documentos dos fundos.................................................................................................. 296
Apreçamento de ativos.................................................................................................... 298

Capítulo 6 – Previdência complementar aberta.................................................. 300

Previdência social x Previdência privada: avaliação da necessidade do cliente


.................................................................................................................................. 301
Previdência privada complementar............................................................................... 303
Principais produtos de previdência complementar aberta............................... 305
Características técnicas....................................................................................... 308
Idade de início de contribuição e idade de aposentadoria....................................... 308
Taxas.................................................................................................................................... 309
Portabilidade...................................................................................................................... 310
Transferência entre planos.............................................................................................. 312
Regimes de tributação........................................................................................... 313
Troca de regime tributário............................................................................................... 315
Utilização dos recursos de previdência............................................................... 316
Benefício ou renda............................................................................................................ 317

Capítulo 7 – Mensuração e gestão de performance e riscos............................. 321


Risco, retorno e diversificação............................................................................. 322
Variância e desvio padrão................................................................................................ 323
Covariância, coeficiente de correlação e coeficiente de determinação (R²) ........ 325
Distribuição normal........................................................................................................... 327
Risco de ativos........................................................................................................ 328
Ativos livres de risco e ativos com risco....................................................................... 329
Relação entre risco e retorno.......................................................................................... 330
Beta – β................................................................................................................................ 330
Risco absoluto e risco relativo........................................................................................ 332

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Principais riscos do investidor de renda fixa....................................................... 333


Risco em ações........................................................................................................ 334
Medidas de performance....................................................................................... 334
Índice de Sharpe (IS)......................................................................................................... 334
Índice de Treynor............................................................................................................... 336
Administração e gerenciamento de risco ........................................................... 337
Duration de Macaulay e duration modificada.............................................................. 337
Convexidade....................................................................................................................... 339
Imunização.......................................................................................................................... 339
Riscos de crédito.................................................................................................... 340
Risco de inadimplência e risco de insolvência............................................................ 341
Spread................................................................................................................................. 341
Risco-país ou risco soberano.......................................................................................... 342
Risco de contraparte........................................................................................................ 343
Risco de liquidação financeira........................................................................................ 343
Risco de mercado externo............................................................................................... 344
Gestão de riscos de carteira.................................................................................. 344
Value at risk (VaR)............................................................................................................. 344

Atualizado de acordo com o Programa Detalhado CPA 20 - Versão 10.5 - Vigente a partir de 01/01/2022.

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Capítulo 1 - Sistema
Financeiro Nacional
e participantes do
mercado

Como o próprio título sugere, nesse capítulo você vai conhecer o Sistema Financeiro Na-
cional (SFN) e os principais participantes de mercado. É importante saber que, na pro-
va, esse conteúdo tem uma proporção de 5 a 10%, abrangendo em média de três a seis
questões. Vamos começar, então, falando sobre as funções básicas do SFN. Acompanhe!

Funções básicas do SFN

O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto


de instituições que fazem a intermediação
financeira, realizada por meio da captação
de recursos de agentes superavitários
(aplicadores) e do repasse para agentes
deficitários (tomadores de crédito).

O SFN tem como funções básicas dois principais itens que englobam alguns pontos
importantes, elencados a seguir. Confira!

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2) Prestação de serviços
de gerenciamento
de recursos

• Sistema de pagamentos.
• Serviços de custódia.
• Meios de pagamento.
• Outros serviços de
intermediação financeira.

1) Intermediação
financeira
• Captação de recursos.
• Crédito.

Além de compreender as funções básicas do Sistema Financeiro Nacional, é impor-


tante que você saiba como se dá a organização desse conjunto de instituições, mos-
trada na tabela a seguir.

Agentes normativos Entidades supervisoras Entidades operadoras

São as instituições que


Trabalham para que os
ofertam serviços finan-
Determinam regras gerais integrantes do sistema
ceiros, no papel de in-
para o funcionamento financeiro sigam as regras
termediários (Bancos,
harmônico do sistema definidas pelos órgãos
Cooperativas de Crédito,
(Conselhos Nacionais). normativos (Banco Central,
Financeiras, Câmaras de
CVM, Susep).
Liquidação e Custódia).

E você já parou para pensar nos mercados que são impactados por essas instituições?
Nesse contexto, podemos elencar quatro importantes mercados de atuação do SFN.
Acompanhe!

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Mercado de crédito:
1 3 4
fornece recursos para
Mercado monetário: Mercado de capitais: Mercado cambial:
os consumidores e
empresas que desejam estabelece regras
estabelece o equilíbrio permite às empresas
obter empréstimos de negociação de
da liquidez no mercado, captar recursos de
para financiar suas moeda estrangeira.
por meio da oferta de terceiros e realizar
atividades.
moeda e de juros de a oferta de valores
curto prazo. mobiliários por meio de
ofertas públicas.

Estrutura do SFN
Conselho Monetário Nacional (CMN)

O Conselho Monetário Nacional, órgão máximo do SFN, é formado por três membros: o
Ministro da Economia, que o presidirá, o Presidente do Banco Central e o Secre-
tário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.

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Vamos conhecer as principais atribuições do CMN?

Regular as condições de Estabelecer as medidas de


constituição, funcionamento prevenção ou correção de
e fiscalização das instituições desequilíbrios econômicos,
financeiras, assim como coordenando as políticas
orientar a aplicação de monetária, creditícia,
recursos. orçamentária, fiscal e da dívida
pública, interna e externa.

Disciplinar todos os tipos de Definir a meta de inflação no


crédito. país.

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FIXANDO NA MEMÓRIA
Veja algumas dicas sobre o CMN.
CMN = M de Máximo, N de normativo.
Vale a pena memorizar os verbos de comando: RED
Regula
Estabelece
Define

Banco central do Brasil (Bacen)


O Bacen é o principal órgão executor do Sistema Financeiro Nacional e realiza três
principais ações: fiscaliza, executa e supervisiona. O infográfico a seguir mostra suas
principais atribuições. Acompanhe!

Fiscaliza as instituições financeiras,


autoriza o funcionamento e liquida F
extrajudicialmente.

Executa a Política Monetária,


E Creditícia e Cambial.
Determina a meta de taxa de juros
por meio do Comitê de Política
Monetária (Copom), que é constituído D
por seu presidente e seus diretores.

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Administra o Sistema de
Pagamentos Brasileiro e o meio Banco do governo administra as
circulante (emite papel-moeda A contas do Tesouro Nacional, mediante
e metálica, na Casa da Moeda). a compra e venda de títulos da dívida
pública interna e externa, chamado

Banco dos bancos recebe os reco-


B de open market, que é quando um
banco central negocia os títulos do
lhimentos compulsórios dos bancos (é
governo com o mercado.
uma parte de seus depósitos que não
pode ser emprestada) e fornece em-
préstimos de liquidez (redesconto, que B
é uma linha de crédito emergencial que
o Banco Central oferece aos bancos).

FIXANDO NA MEMÓRIA
Como você pode observar no infográfico anterior, as ini-
ciais das principais atribuições do Banco Central do Brasil
(Bacen) são FED ABB: Fiscaliza, Executa, Determina, Ad-
ministra, Banco do governo, Banco dos bancos.

ATENÇÃO
Vale lembrar que o Bacen é o principal órgão executor e
que o verbo autorizar, neste caso, é utilizado para colocar
em prática as normas determinadas pelo CMN, ou seja,
autoriza a constituição de uma instituição financeira ou a
liquida, conforme normatizado pelo CMN.

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Comissão de valores imobiliários (CVM)


A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia, voltada para o desenvol-
vimento do mercado de títulos e valores mobiliários (mercado de capitais).

Essa comissão trata de assuntos relacionados à bolsa, aos fundos de investimentos,


às ações e aos seus emissores (empresas de capital aberto), além de proteger os investi-
dores do mercado de capitais (prevenção a fraudes). Ela também é responsável por:

Promover Proteger os
medidas Estimular o interesses dos
incentivadoras funcionamento investidores Regular e
à formação de das bolsas de de valores fiscalizar as
poupança (não o valores e das mobiliários, companhias
produto, mas do instituições identificando abertas e os
verbo poupar) operadoras e monitorando fundos de
e sua aplicação no mercado de situações de investimento.
em valores capitais. fraudes ou
mobiliários. manipulação de
preços.

FIXANDO NA MEMÓRIA
CVM = Bolsa FA (Bolsa, Fundos e Ações)
Vale ressaltar que o verbo regular, apesar de ser verbo de
chefia, é utilizado na função de organizar, executar.

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Curso Preparatório CPA20

Após conhecer as funcionalidades da CVM, cabe a pergunta: o que é valor mobiliário?


De maneira resumida, definimos como valor imobiliário um ativo que pode valorizar ou
desvalorizar.

O site www.investidor.gov.br, por sua vez, define valores mobiliários como:

Quaisquer títulos ou contratos


de investimento coletivo, quando
ofertados publicamente, que gerem
direito de participação, de parceria
ou remuneração, inclusive resultante
da prestação de serviços, cujos
rendimentos advém do esforço do
empreendedor ou de terceiros.

Ações, debêntures, cotas de fundos,


notas comerciais, derivativos e outros
títulos, listados na Lei n. 6385/76.

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Superintendência de seguros privados (Susep)


Esse é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, pre-
vidência privada aberta, capitalização e resseguro. Trata-se de uma autarquia vincula-
da ao Ministério da Economia, subordinada ao Conselho Nacional de Seguros Privados.
Veja, na sequência, suas principais atribuições.

Fiscalizar a constituição, organização,


funcionamento e operação das Sociedades
Seguradoras, de Capitalização, Entidades de
Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na
qualidade de executora da política traçada pelo
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
Atuar no sentido de
proteger a captação de
poupança popular que
se efetua por meio das
operações de previdência
privada aberta e de
capitalização.

Zelar pela defesa


dos interesses

Susep dos consumidores


dos mercados
supervisionados e
pela estabilidade
dos mercados sob
sua jurisdição.

Zelar pela liquidez


e solvência das
sociedades que
integram o mercado.

Disciplinar e acompanhar os
investimentos daquelas entidades,
em especial os efetuados em bens
garantidores de provisões técnicas.

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É a Susep, também, que supervisiona as EAPC, entidades abertas de previdência


complementar, ou seguradoras, que emitem as apólices de previdência aberta.

Superintendência Nacional de Previdência Complementar


(Previc)
Você certamente já ouviu falar da Previc, não é verdade? Pois saiba que se trata de
uma entidade vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. A seguir, estão
descritas as suas principais atribuições. Confira!

Fiscalizar e
supervisionar as Autorizar a constituição Promover a mediação
entidades fechadas e o funcionamento e a conciliação dos
de previdência das EFPC, bem como participantes, assistidos,
complementar e a aplicação dos patrocinadores ou
executar políticas para respectivos estatutos e instituidores com os
o regime de previdência regulamentos. planos.
complementar.

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Curso Preparatório CPA20

FIXANDO NA MEMÓRIA
Não se esqueça de fazer as seguintes associações:
Susep: seguros e previdência privada aberta.
Previc: responsável por previdência fechada e fundos
de pensões.

Entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) –


Resolução CMN n. 3.792
EFPC é a operadora do(s) plano(s) de benefícios, constituída na forma de sociedade
civil ou a fundação sem fins lucrativos, que tenha por objeto operar plano de benefício
de caráter previdenciário. Tem as seguintes características:

É acessível apenas aos


Faz o controle e a avaliação de
funcionários de uma empresa
riscos.
ou grupo de empresas.

Nesses casos, os recursos podem ser alocados em renda fixa, renda variável, imóveis,
empréstimos e financiamentos a seus colaboradores ou associados. São exemplos de
EFPC: Boticário Prev e Fundo de Pensão dos Correios.

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FIXANDO NA MEMÓRIA
Vale a pena memorizar esses conceitos.
Susep e Previc: supervisoras.
EAPC e EFPC: operadoras.

Associação Brasileira das Entidades


dos Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima)

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Curso Preparatório CPA20

A Anbima representa as instituições financeiras que atuam no mercado financeiro e de


capitais. A adesão aos códigos é obrigatória para as instituições filiadas.

As demais entidades e Pessoas Físicas que não são associadas podem aderir aos
códigos, como, por exemplo, um profissional que deseja fazer o teste de Certificação
Profissional Anbima.

O papel da Anbima é:

Representar Autorregular Informar Educar

Promover o
diálogo e defender Definir as regras
Disponibilizar
os interesses de atuação no
Divulgar preços, programas de
dos associados mercado, por meio
índices, relatórios, certificação, cursos
para ampliar de códigos de
auxiliar o para educação
a atratividade autorregulação,
do mercado de acompanhamento continuada,
diretrizes,
capitais e estimular do mercado. educação
deliberações e
seu crescimento financeira.
pareceres.
sustentado.

O infográfico seguinte apresenta os objetivos da Anbima. Observe!

Concorrência Padronização
leal entre os de seus
participantes de procedimentos.
mercado.

Elevação dos padrões Maior qualidade e disponibilidade


fiduciários e promoção das de informações sobre produtos
melhores práticas do mercado. de investimento.

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Curso Preparatório CPA20

Código de certificação
A Anbima possui dois tipos de códigos de certificação: os códigos de autorregulação e
o Código Anbima de Melhores Práticas, voltado ao programa de certificação continua-
da. Vamos entender melhor cada um deles?

Os códigos de autorregulação são um conjunto de normas que regulam a atuação


de seus associados nos mercados financeiro e de capitais, estabelecendo as melhores
práticas a serem adotadas em cada um dos assuntos.

A adesão aos códigos é automática e


obrigatória para todas as instituições
participantes da Anbima.

Fonte: anbima.com.br

As instituições não participantes podem aderir aos códigos para obter benefícios,
como, por exemplo, a certificação de seus colaboradores. Logo, atente-se às defini-
ções a seguir.

Instituições participantes são as instituições


associadas à Anbima. Já as instituições
aderentes são as instituições que aderem aos
códigos de autorregulação e se vinculam à
associação por meio contratual, ficando sujeitas
às regras específicas da entidade.

Por outro lado, o Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para o Programa
de Certificação Continuada tem como principal objetivo estabelecer princípios e regras
para elevação e capacitação técnica dos profissionais das instituições participantes
que desempenham as atividades elegíveis, como:

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Curso Preparatório CPA20

• Distribuição de produtos de
investimento.

• Gestão de recursos de terceiros e/


ou fundos de investimento.

Você sabe quais instituições são beneficiadas pelo Código Anbima de Regulação e
suas certificações? Eles se destinam aos:

Bancos múltiplos Sociedades corretoras

Bancos comerciais Distribuidoras de títulos e valores mobiliários

Bancos de
Administradores Fiduciários
investimento

Bancos de
Gestores de Recursos de Terceiros
desenvolvimento

ATENÇÃO
É importante ressaltar que as certificações exigidas para
o desempenho das atividades elegíveis são obrigatórias
para todos os profissionais que realizam a distribuição de
produtos de investimento e/ou a gestão de recursos de
terceiros, independentemente do cargo que ocupam na
instituição participante (art. 22).

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Curso Preparatório CPA20

É preciso destacar, ainda, que esse código exige dois grandes grupos de obrigações,
mostrados a seguir. Confira!

Supervisão de seus profissionais


• Ter reputação ilibada.
• Cumprir suas obrigações.
• Estar certificado no desempenho das funções
exigidas.

Estabelecer e implementar
adequadamente os controles internos
• Identificar profissionais certificados, mantendo
base de dados na Anbima atualizada.
• Administrar o vencimento das certificações.
• Ter assinatura dos profissionais no Código de Ética
e assegurar que o cumpram em sua totalidade.
• Cuidar do aperfeiçoamento e atualização dos seus
funcionários.

Certificação profissional e público-alvo


A Anbima emite seis tipos de certificados, três certificações destinadas para a área
comercial e outras três voltadas para a gestão de recursos de terceiros. Prossiga com
sua leitura e conheça cada uma delas.

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Curso Preparatório CPA20

Certificações para área comercial

CPA 10: destinado aos profissionais de


instituições financeiras, com exceção dos
profissionais que atendem o público que exige
CPA 20.

CPA 20: destinado a profissionais que atendem


o varejo alta renda (não necessariamente
investidores qualificados), private, corporate e
investidores institucionais.

CEA: destinado a profissionais que assessoram


os gerentes de contas de investidores Pessoas
Físicas em investimentos, e podem indicar
produtos de investimento.

Certificações para gestão de recursos de


terceiros (gestores de fundos)

Certificação Anbima de Fundamentos em


Gestão (CFG): é uma certificação para a área
de gestão de recursos de terceiros. É pré-
requisito para a CGA e/ou a CGE A CFG não
é obrigatória para nenhuma função e nem
habilita o profissional a ser gestor.

Certificação de Gestores Anbima (CGA):


obrigatória para gestores de recursos de
terceiros (fundos e carteiras administradas).

Certificação de Gestores Anbima para


Fundos Estruturados (CGE): habilita
profissionais a atuarem com gestão de recursos
de terceiros em produtos estruturados.

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Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
As Instituições Participantes que descumprirem
os princípios e regras estabelecidos no Código de
Certificação (art. 54) “estarão sujeitas à imposição das
seguintes penalidades, observadas as disposições do
Código dos Processos:

I. Advertência.
II. Multa.
III. Desligamento do quadro associativo da Anbima.

Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de


produtos de investimentos
Esse código dispõe sobre as regras de distribuição de produtos e orientação ao in-
vestidor, de forma individual ou coletiva, em plataformas de atendimento, agências
bancárias, centrais de atendimento, canais digitais ou qualquer outro canal de contato
com o investidor, assim como todas as atividades acessórias necessárias, como infor-
mações relativas a investimentos, formação e manutenção de portfólios.

Enquanto o Código de
Administração de Recursos de
Terceiros (que será visto no módulo
sobre fundos) determina padrões
de conduta dos administradores
e operadores de fundos, o Código
de Distribuição tutela a relação do
distribuidor com o investidor.

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Curso Preparatório CPA20

Logo, o Código de Distribuição complementa as regras, principalmente com relação a:

Exigências institucionais
mínimas: política de Dever de verificar
investimentos, gestão Regras de publicidade e a adequação das
de riscos, plano de divulgação de produtos recomendações de
negócios e segurança de investimento. investimento ao perfil do
da informação. investidor (suitability).

Princípios, regras
e procedimentos
Dever de conhecer
para distribuição de
seu cliente (princípio
produtos e contratação
conheça seu cliente).
de terceiros.

ATENÇÃO
De acordo com o Código de Processos, “as instituições
participantes que descumprirem os princípios e regras
estabelecidos nos códigos estarão sujeitas à imposição
das seguintes penalidades:

I. Advertência.
II. Multa.
III. Proibição temporária do uso do Selo Anbima.
IV. Desligamento do quadro associativo da Anbima.

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Curso Preparatório CPA20

Principais intermediários financeiros

A partir de agora, vamos falar sobre os intermediários financeiros que abrangem vários
tipos de bancos, sociedades corretoras e distribuidoras de títulos, dentre outros e suas
características. Acompanhe!

Bancos múltiplos
Realizam operações de crédito, captação e outros serviços, por meio das
seguintes carteiras:

Comercial Crédito imobiliário

Investimentos Desenvolvimento (bancos públicos)

Crédito, financiamento
Arrendamento mercantil (leasing)
e investimento

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Curso Preparatório CPA20

DICA
Não se esqueça de que um banco só pode ser considerado
múltiplo, se tiver no mínimo duas carteiras, sendo uma
delas obrigatoriamente comercial ou investimento. Po-
dem ter um CNPJ por carteira, desde que façam balanço
consolidado.

Bancos comerciais e de investimento

Os bancos comerciais captam depósito à vista


e depósito a prazo, além de realizarem operações
de crédito, sendo que, em ambos os casos, só
eles podem atuar em curto e médio prazo.

Por outro lado, os bancos de investimento, por


sua vez, captam depósito a prazo, operações
de crédito de médio/longo prazo, operações
no mercado de capitais (por exemplo, ofertas
públicas de ações ou debêntures) e repasses
de recursos externos. Não têm conta corrente
(depósito à vista). Podem administrar e
distribuir fundos de investimento.

29
Curso Preparatório CPA20

Os bancos de investimentos são bancos privados que têm como especialidade realizar:

• operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da


atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de
recursos de terceiros;

• underwriting (colocação primária de títulos);

• negociação e distribuição de títulos e valores mobiliários;

• intermediação de câmbio;

• intermediação de derivativos.

DICA
Vale ressaltar que os bancos devem utilizar a expressão
“Banco” em sua denominação.

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Curso Preparatório CPA20

Outros intermediários e auxiliares


financeiros
B3 – Empresa de infraestrutura de negociação e pós-
negociação de ativos

Brasil, Bolsa e Balcão (B3 S/A) é uma empresa de infraestrutura para o mercado finan-
ceiro, criada em março de 2017, por meio da união da Bolsa de Mercadorias e Futuros
Bovespa (BM&FBovespa) e Câmara de Custódia de Títulos Privados (Cetip).

A B3 tem uma ampla oferta de produtos e


serviços, tais como: negociação de ações,
títulos de renda fixa, câmbio pronto e contratos
derivativos referenciados em ações, ativos
financeiros, índices, taxas, mercadorias,
moedas, entre outros.

31
Curso Preparatório CPA20

Ela tem, ainda, uma listagem de empresas e outros emissores de valores mobiliários,
depositária de ativos, empréstimo de títulos e licença de softwares. Outra caracterís-
tica que deve ser lembrada é que suas negociações são realizadas exclusivamente
por meio eletrônico.

Logo, suas principais atividades são:

Pós-negociação:
câmara de liquidação e custódia
Negociação: da B3 (clearing) realiza o
registro dos ativos, central
bolsa de valores, depositária, compensação,
oportunizando a contraparte garantidora da
compra e venda de realização das operações que
ativos. ocorrem em seu âmbito e
outras atividades, por meio da
Câmara Central Depositária de
Ativos.

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários:


Trata-se de uma Pessoa Jurídica que intermedeia a compra e venda de títulos finan-
ceiros para seus clientes, geralmente por meio de cobrança de taxa de corretagem ou
comissões. Sua constituição depende de autorização do Bacen, e o exercício de sua
atividade depende de autorização do CVM.

E quais seriam as funções desempenhadas por essas sociedades? Veja a seguir suas
principais atribuições.

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Curso Preparatório CPA20

Operam na bolsa de valores com compra, venda


e distribuição de títulos e valores mobiliários.

Administram carteiras e custódia de títulos


junto às clearing houses (câmaras de custódia),
além de gerenciar e organizar fundos e clubes
de investimento.

Intermedeiam operações de câmbio.

Emitem certificados de depósitos de ações.

33
Curso Preparatório CPA20

Realizam operações compromissadas e


operações de compra e venda de metais
preciosos no mercado físico ou financeiro.

Promovem/participam de lançamento
público de ações.

Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários


As distribuidoras não podiam operar diretamente em bolsas de valores, mas isso foi
alterado pela Decisão Conjunta Bacen-CVM n. 17, de 2 de março de 2009. A partir de
então, elas realizam praticamente as mesmas operações da corretora de títulos e va-
lores mobiliários.

ATENÇÃO
Cabe ressaltar que, para negociar ações na bolsa de
valores, é necessário ter uma conta em uma corretora ou
distribuidora de títulos e valores mobiliários.

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Curso Preparatório CPA20

Embora os investidores possam abrir contas e movimentá-las tanto em CTVM quanto


em DTVM, normalmente, as Pessoas Físicas negociam em corretoras e investidores insti-
tucionais movimentam por distribuidoras. Veja, a seguir, um exemplo dessa situação.

Uma Pessoa Física abre uma conta e negocia


por intermédio de uma corretora, que são
as instituições mais acessíveis à população
em geral.

Um fundo de investimento reúne recursos de


investidores para adquirir ativos no mercado, e,
para isso, pode fazer suas operações em bolsa
por meio de uma distribuidora.

Nesse cenário, elencamos estas como sendo as principais atividades das corretoras e
distribuidoras de títulos e valores mobiliários:

1 Comprar e vender títulos e valores mobiliários.

2 Operar em bolsas de mercado à vista, de mercadorias e de futuros.

Intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários


3
no mercado.

4 Administrar carteiras e custodiar títulos e valores mobiliários.

5 Exercer funções de agente fiduciário.

6 Organizar e administrar fundos e clubes de investimento.

Intermediar operações de compra e venda de moeda estrangeira


7
e operações de câmbio.

35
Curso Preparatório CPA20

8 Realizar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico.

9 Realizar operações compromissadas.

10 Receber depósitos de conta margem para negociação de derivativos.

Prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em


11
operações e atividades nos mercados financeiro e de capitais.

Sistemas e câmaras de liquidação e custódia (clearing)


Com o objetivo de mitigar o risco de liquidez, esses sistemas têm a atribuição de ga-
rantir a liquidação financeira dos contratos, assim como de realizar a custódia de ati-
vos, dando segurança ao investidor, tanto no aspecto de guarda dos ativos como na
mitigação dos riscos de liquidação.

O Selic é considerado um sistema especial de


liquidação de custódia, já que é o depositário
R$ central dos títulos da dívida pública federal
interna de emissão do Tesouro Nacional, por meio
de um sistema eletrônico que processa o registro
e a liquidação financeira das operações realizadas
com esses títulos, garantindo segurança,
agilidade e transparência aos negócios.

ATENÇÃO
Não se esqueça de que o sistema do Selic é gerido pelo
Bacen e operado em parceria com a Anbima, além de
ser responsável por processar a emissão, o resgate, o
pagamento dos juros e a custódia dos títulos públicos.

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Curso Preparatório CPA20

Os principais títulos do Selic são:

Tesouro Tesouro Tesouro IPCA+


Selic prefixado (NTN-B, NTN-B
(LFT): (LTN e NTN-F): Principal):
título público com títulos públicos títulos públicos
rentabilidade com taxas com rentabilidade
atrelada à taxa prefixadas. mista, sendo o
Selic Diária. IPCA mais uma
rentabilidade
prefixada.

DE OLHO NA PROVA
Para a prova, não se esqueça do ciclo dos títulos públicos.

Títulos públicos
Autoriza: CMN
Emite: Tesouro Nacional
Negocia: Bacen
Custodia: Selic

Os tipos de títulos serão abordados com mais profundidade no capítulo 6. Agora, nos
interessa apenas o papel da instituição custodiante.

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Curso Preparatório CPA20

Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A


A câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 é responsável pelo registro, a
compensação, a liquidação e o gerenciamento de risco de operações com derivativos
financeiros e de commodities, mercado de balcão (swaps, termo de moeda e opções
flexíveis), renda fixa privada, mercado à vista de ouro e operações de câmbio.

Para você compreender um pouco melhor, os


títulos privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, as
debêntures (renda fixa), ações e os derivativos
(renda variável) são alguns exemplos
englobados por essa câmara.

Nesse contexto, existem alguns benefícios para o investidor que merecem ser des-
tacados. Isso porque, além de proporcionar um ambiente seguro e confiável de nego-
ciação, a B3 atua como “contraparte”.

Mas o que isso quer dizer? Se uma


das partes não honrar com os seus
compromissos (entregar a ação ou depositar
o valor correspondente), a operação é
automaticamente realizada, transferindo a
titularidade do ativo na conta de custódia, se
houve a venda, ou o valor da conta da corretora,
se houve aquisição de ativos.

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Curso Preparatório CPA20

FIXANDO NA MEMÓRIA
Não se esqueça de sempre fazer as seguintes associações.

Selic: títulos públicos LTN, LFT, NTN-B, NTN-F.


Câmara B3: títulos privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, debên-
tures (renda fixa) e ações e derivativos (renda variável).

Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB)


Refere-se a um conjunto de entidades, regras, sistemas e mecanismos utilizados para
transferir recursos e liquidar operações financeiras entre empresas, órgãos governa-
mentais e Pessoas Físicas.

Esse sistema traz segurança e


agilidade, além da redução do
risco sistêmico. Isso estimula
as transferências on-line e
desestimula o uso de instrumentos
sujeitos a compensação.

O infográfico a seguir mostra algumas atividades realizadas pelo SPB. Confira!

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1. Compensação de cheques.

2. Compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito.

3. Compensação e liquidação de operações com títulos e valores mobiliários.

4. Compensação e liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias


e de futuros (B3) e outras entidades (exemplo: SOMA – matéria de CPA 20).

5. Transferência de fundos e de outros ativos financeiros por TED e DOC. O


valor mínimo de uma TED (transferência eletrônica) é R$ 0,01. O valor máximo
de um DOC (via compensação) é R$ 4.999,99.

ATENÇÃO
O SPB é terrível contra os riscos!

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Curso Preparatório CPA20

Tipos de investidores
Existem basicamente três tipos de investidores que você precisa conhecer: qualifica-
dos, profissionais e não residentes. Vamos conhecer cada um deles? Acompanhe!

• Investidores profissionais.
• PF ou PJ com mais de R$ 1 milhão e que,
adicionalmente, ateste por escrito sua condição
de investidor qualificado mediante termo
próprio.

• Consultores com certificação técnica ou


autorização da CVM para atuar como agente
autônomo de investimentos, com relação a
seus recursos.

• Clubes de investimento com investidores


Investidores qualificados qualificados.

Investidores profissionais

• Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco


Central do Brasil.

• Companhias seguradoras e sociedades de capitalização.

• Entidades abertas e fechadas de previdência complementar.

• Pessoas Naturais ou Jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor


superior a R$ 10 milhões que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de
investidor profissional mediante termo próprio.

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Curso Preparatório CPA20

• Fundos de investimento.

• Clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de


carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM.

• Agentes autônomos de investimento, admistradores de carteira, analistas e


consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos
próprios.

• Investidores não residentes (NR).

• São Pessoas Físicas ou Jurídicas, inclusive


fundos ou outras entidades de investimento
coletivo, com residência, sede ou domicílio no
exterior e que investem no Brasil. O investidor
não residente está sujeito a registro prévio
na CVM.
• A Resolução CMN n. 4.373/14 disciplina sobre
as aplicações dos INRs no Brasil, nos mercados
financeiro e de capitais do país. Ainda, de
acordo com o art. 4º do mesmo normativo,
esses investidores estão sujeitos a registro
prévio na CVM.
• A tributação de não residente é praticamente
Investidores não residentes
igual à do residente, com poucas exceções. Não
é tributado em operações realizadas em bolsa e
em títulos públicos.

42
Curso Preparatório CPA20

VÁ FUNDO
Para saber mais sobre a isenção de IR em títulos públicos
a não residentes, acesse a Lei n. 11.312, de 27 de junho de
2006. Basta clicar no link seguinte.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11312.htm

FIXANDO NA MEMÓRIA
Investidor qualificado: acima de R$ 1 milhão + termo.
Investidor profissional: acima de R$ 10 milhões + termo.
Investidor não residente: mora fora do país e investe no
Brasil.

Chegamos ao fim do primeiro capítulo, que falou sobre o Sistema Financeiro Nacional
e os principais participantes de mercado. Os assuntos vistos até aqui representam de
5 a 10% da prova, ou seja, de três a seis questões. Fique atento a todas as dicas e siga
em frente. Até o próximo capítulo!

43
Capítulo 2 -
Compliance legal, ética
e análise do perfil do
investidor

Este capítulo tem por objetivo demonstrar medidas regulatórias e éticas para o de-
sempenho da atividade de distribuição de produtos de investimento. Para tanto, va-
mos abordar os temas Compliance legal, ética e análise do perfil do investidor.

Para se ter ideia da importância desse conteúdo, ressaltamos que os assuntos abor-
dados aqui têm proporção de 15 a 20% na prova, ou seja, cerca de 9 a 15 questões são
baseadas nos temas que apresentaremos a partir de agora. Vamos começar?

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Curso Preparatório CPA20

Risco de imagem (reputação) e risco legal


Começamos, então, diferenciando risco de imagem e risco legal. Acompanhe!

O risco de imagem, ou reputação, é o impacto


negativo da opinião pública sobre determinada
instituição, em virtude de exposição a fatores que
afetam sua reputação, como, por exemplo, estar
envolvida em uma operação da polícia federal, ou
até mesmo em escândalos de corrupção.

O risco legal ou jurídico, por sua vez,


representa o risco de perdas devido à falta de
compliance (conformidade com a legislação).

É preciso pontuar que o risco legal pode ocorrer devido à impossibilidade de execução
dos termos de um contrato, incluindo os riscos de documentação insuficiente, falta de
poderes dos representantes da contraparte para assumir determinado compromisso,
desconhecimento de aspectos jurídicos relevantes, decisões desfavoráveis do Judi-
ciário, incapacidade para implementar uma cobrança ou executar uma garantia, falta
de amparo legal, dentre outros fatores.

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Curso Preparatório CPA20

Controles internos
Vamos falar agora sobre os controles internos previstos na Resolução CMN n. 2.554/98,
art. 1º. São regras de controle de informações financeiras, operacionais e gerenciais
para o cumprimento de normas legais aplicáveis, que devem ser implantados pela Dire-
toria da Instituição. Nesse contexto, precisamos enfatizar os seguintes tópicos:

Segregação de atividades
As disposições das normas devem prever
a segregação das atividades atribuídas
aos integrantes da instituição, de forma a
que seja evitado o conflito de interesses,
bem como meios de minimizar e monitorar
adequadamente áreas identificadas como de
potencial conflito da espécie.

Política de segurança da informação


As disposições das normas devem prever a
existência de testes periódicos de segurança
para os sistemas de informações, em especial
para os mantidos em meio eletrônico.

As disposições dos controles internos devem ser acessíveis a todos os funcionários da


instituição, para assegurar que sejam conhecidas a respectiva função no processo e
as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização. Elas devem prever:

46
Curso Preparatório CPA20

A definição de responsabilidades dentro da instituição.

A segregação das atividades atribuídas aos integrantes


da instituição, de forma que seja evitado o conflito de
interesses e que haja meios de minimizar e monitorar
adequadamente áreas identificadas como de potencial
conflito da espécie.

Meios de identificar e avaliar fatores internos e


externos que possam afetar adversamente a
realização dos objetivos da instituição.

A existência de canais de comunicação que


assegurem aos funcionários, segundo o
correspondente nível de atuação, o acesso
a confiáveis, tempestivas e compreensíveis
informações consideradas relevantes para
suas tarefas e responsabilidades.

A contínua avaliação dos diversos riscos


associados às atividades da instituição.

O acompanhamento sistemático das atividades


desenvolvidas, de forma que se possa avaliar se os objetivos
da instituição estão sendo alcançados, se os limites
estabelecidos e as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo
cumpridos, bem como assegurar que quaisquer desvios
possam ser prontamente corrigidos.

A existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de


informações, em especial para os mantidos em meio eletrônico.

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Curso Preparatório CPA20

DICA
Fique atento ao conceito.
Barreira de informação: segregação de atividades ou de
recursos de terceiros dos recursos da Instituição.

Prevenção e combate à lavagem de


dinheiro e ao financiamento do terrorismo

Em 1988, a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção de Viena, na qual os


participantes se comprometeram a se esforçar para penalizar a conversão, transferência,
ocultação ou o encobrimento de bens provenientes de atividades ilícitas relacionadas a
crimes, inicialmente tráfico de drogas, terrorismo e corrupção e, depois, isso foi ampliado
para qualquer crime antecedente que levasse a uma vantagem financeira ilícita.

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Curso Preparatório CPA20

Legislação e regulamentação

FIXANDO NA MEMÓRIA
Lembre-se de sempre associar os seguintes termos.
Convenção de Viena: combate à lavagem de dinheiro.

A prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo é regu-


lamentada pela Lei n. 9.613/98, que foi alterada pela Lei n. 12. 683/12.

A Lei n. 13.810/19 e sua regulamentação, por


sua vez, fortaleceram o sistema de combate à
lavagem de dinheiro, estabelecendo sanções
como a indisponibilidade de ativos de pessoas
físicas e jurídicas. Essa lei foi complementada
pela Resolução n. 44, que estabelece os
procedimentos de aplicação da referida lei.

Nesse contexto, temos, ainda, as seguintes regulamentações:

Regulamenta os parâmetros para a aplicação das penalidades


administrativas da Lei de Lavagem de Dinheiro.
Circular n.
3.858/17 BCB

Dispõe sobre a política, os procedimentos e os controles


internos a serem adotados pelas instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil, visando à prevenção
Circular n. da utilização do sistema financeiro para a prática dos crimes
de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores.
3.978/20 BCB

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Curso Preparatório CPA20

Divulga relação de operações e situações que podem


configurar indícios de ocorrência dos crimes de “lavagem” ou
Carta Circular n. ocultação de bens, direitos e valores.
4.001/20

RESUMINDO
Regulamentação:
• Lei n. 9.613/98, alterada pela 12.683/12 – Lei de
Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Financiamento
do Terrorismo.
• Lei n. 13.810/19 – Sanções como indisponibilidade
de bens.
• Res. N. 44/20 BCB – Procedimentos da Lei n. 13.810.
• IN 50/21 CVM – Prevenção LD/FT no mercado de
valores mobiliários.
• Circular 3978/20 BCB – Política de LD, procedimentos
e controles internos e perfis de risco.

DE OLHO NA PROVA
Não se preocupe em guardar os números das leis, resoluções,
instruções e circulares, pois esses itens não costumam
ser cobrados na prova e, quando citados, acompanham a
regulamentação ou legislação a que se referem.

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Curso Preparatório CPA20

Caracterização do crime de lavagem de dinheiro


O crime de lavagem de dinheiro pode ser definido como o ato de ocultar ou dissimular
a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens,
direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de qualquer infração penal.

O processo de lavagem de dinheiro geralmente tem três etapas, mostradas a seguir.

Colocação
É a fase de ingresso do dinheiro no sistema econômico, onde o dinheiro
passa pelo caixa ou balcão dos bancos. Também é considerada como
colocação a compra de bens (compra em espécie de joias, obras de arte,
carros, imóveis etc.) ou instrumentos negociáveis (outras moedas), sem que
haja o depósito anterior, pois é a fase em que o recurso entra na economia.

Ocultação
Visa a dificultar o rastreamento, em caso de investigações, ou confundir
o rastreamento por meio de transferências e/ou aplicações múltiplas.
Pode-se utilizar empresas fictícias ou os famosos “laranjas”, pessoas
que emprestam ou alugam seus nomes para as movimentações, para a
colocação inicial, ou mesmo nas transferências.

Integração
Etapa em que o dinheiro volta à economia, agora com origem
aparentemente legítima. Por exemplo, ao vender um bem de alto valor,
o dinheiro retorna à economia.

E qual a penalidade para quem pratica esse tipo de crime?


Primeiro, há reclusão de três a dez anos e multa.

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Curso Preparatório CPA20

O crime é afiançável, ou seja, se houver prisão


anterior ao julgamento, o juiz pode estabelecer
fiança para que o acusado responda o processo
em liberdade, desde que não haja risco de fuga
e destruição de provas.

A lei, porém, estabelece as situações em que


os valores podem ser devolvidos ou se haverá
perda dos valores pagos por fiança.

Importantíssimo enfatizar que as mesmas penas são aplicáveis também aos agentes
que possibilitaram a ocorrência da lavagem de dinheiro em todo o seu ciclo.
Na prática, isso significa que incorre na mesma pena:

Tanto quem oculta ou dissimula Quanto quem utiliza, na atividade


a utilização de bens, direitos ou econômica ou financeira, bens,
valores provenientes de infração direitos ou valores provenientes
penal os converte em ativos lícitos, de infração penal ou for sócio de
comercializa ou os guarda. empresa que o faz.

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Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
A pena poderá ser reduzida de um a dois terços, ou ser
aplicada pena administrativa se o autor, coautor ou par-
ticipante colaborar espontaneamente com as autoridades
(delação premiada). Em contrapartida, a pena pode ser
aumentada de um a dois terços se praticada de forma
reiterada ou por organização criminosa.

Ações preventivas
Alguns cuidados podem ser tomados para que todas as ações sejam realizadas em
acordo com a legislação. Acompanhe!

O primeiro passo é levar em


consideração o princípio conheça
o seu cliente, que determina que
as instituições financeiras devem
manter cadastros atualizados com
o objetivo de verificar a procedência
dos valores, assim como acompanhar
as movimentações financeiras,
proporcionando a possibilidade de
identificação das suspeitas no crime de
lavagem de dinheiro.

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Curso Preparatório CPA20

Nesse sentido, fique atento a:

Função do cadastro: Implicações de Utilização de dados:


auxilia na identificação um cadastro os registros devem ser
da origem e destinação desatualizado: mantidos pelo prazo de
dos recursos. a análise da dez anos, dependendo
capacidade financeira das características dos
fica comprometida, documentos.
pois não há dados
suficientes para verificar
as movimentações
financeiras.

Além disso, as instituições devem manter registro de seus clientes que forem
pessoas politicamente expostas (PEPs).

Consideram-se pessoas expostas politicamente os


detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo
e Legislativo da União, de estados e municípios,
ministros, assessores, membros de tribunais,
procuradores-gerais, presidentes e tesoureiros
de partidos políticos, presidentes de entidades da
administração pública indireta estadual e distrital e os
presidentes de Tribunais de Justiça, Militares, de Contas
ou equivalente de estados e do Distrito Federal.

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Curso Preparatório CPA20

Além das PEPs, também devem ser


monitorados os seus familiares (parentes, na
linha direta, até o segundo grau, o cônjuge,
o companheiro, a companheira, o enteado e
a enteada), colaboradores diretos e Pessoas
Jurídicas de que façam parte.

Identificação e registros de operações

As instituições financeiras devem


manter registros de todas as
operações realizadas, dos produtos
e serviços contratados, inclusive
saques, depósitos, aportes,
pagamentos, recebimentos e
transferências de recursos.

Estão sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro Pessoas Físicas e Jurídicas que


exercem a gestão de recursos de terceiros, sendo entidades reguladas e supervisio-
nadas pelo Sistema Financeiro Nacional ou entidades não pertencentes ao SFN, mas
que respondem ao Coaf por movimentarem recursos de terceiros:

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Curso Preparatório CPA20

Os participantes do sistema financeiro nacional,


supervisionados pelo Bacen (Bancos, Cooperativas
Entidades reguladas de Crédito, financeiras, corretoras instituições de
e supervisionadas pagamentos, administradoras de consórcio, fintechs
etc.), CVM (bolsas, corretoras, administradores de fundos,
pelo Sistema consultores e auditores de valores mobiliários etc.) e
Financeiro Nacional demais entidades cujo funcionamento dependa de
autorização de órgão regulador dos mercados financeiro,
de câmbio, de capitais e de seguros.

Também têm a obrigatoriedade de manter registro


Entidades não das operações e comunicar ocorrências suspeitas
pertencentes ao as corretoras de imóveis, Pessoas Físicas e Jurídicas
que comercializam bens de alto valor, transporte altos
SFN, mas regulados valores, cartórios, representantes de atletas e artistas,
pelo COAF feiras, ou seja, gestão ou intermediação de recursos de
terceiros.

Veja a lista completa das Pessoas Físicas, Jurídicas e entidades que estão sujeitas à
lavagem de dinheiro, de acordo com a Lei 9.613 e suas respectivas atualizações.

Art. 9º. Sujeitam-se às obrigações referidas nos art. 10 e 11 as Pessoas Físicas e Jurí-
dicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou
acessória, cumulativamente ou não:

I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em


moeda nacional ou estrangeira;

II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou


instrumento cambial;

III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou


administração de títulos ou valores mobiliários.

56
Curso Preparatório CPA20

Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:

I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de nego-


ciação do mercado de balcão organizado;

II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência comple-


mentar ou de capitalização;

III – as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem


como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;

IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro


meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;

V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento


comercial (factoring) e as Empresas Simples de Crédito (ESC);

VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis,


imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição,
mediante sorteio ou método assemelhado;

VII – as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil


qualquer das atividades listadas, ainda que de forma eventual;

VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão


regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;

IX – as Pessoas Físicas ou Jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil


como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma repre-
sentem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas
neste artigo;

X – as Pessoas Físicas ou Jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária


ou compra e venda de imóveis;

XI – as Pessoas Físicas ou Jurídicas que comercializem joias, pedras e metais precio-


sos, objetos de arte e antiguidades;

57
Curso Preparatório CPA20

XII – as Pessoas Físicas ou Jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor,
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande
volume de recursos em espécie;

XIII – as juntas comerciais e os registros públicos;

XIV – as Pessoas Físicas ou Jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente,


serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou as-
sistência, de qualquer natureza, em operações:

a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou


participações societárias de qualquer natureza;

b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;

c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de


valores mobiliários;

d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza,


fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas;

e) financeiras, societárias ou imobiliárias;

f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a ativi-


dades desportivas ou artísticas profissionais;

XV – Pessoas Físicas ou Jurídicas que atuem na promoção, intermediação,


comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas,
artistas ou feiras, exposições ou eventos similares;

XVI – as empresas de transporte e guarda de valores;

XVII – as Pessoas Físicas ou Jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem
rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização;

XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por


meio de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.

58
Curso Preparatório CPA20

Obrigação de registro e comunicação

As Instituições devem manter


registros de todas as operações
realizadas, produtos e serviços
contratados, inclusive saques,
depósitos, aportes, pagamentos,
recebimentos e transferências
de recursos.

Se o cliente for Pessoa Jurídica, a identificação deverá abranger as Pessoas Físicas


autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários. Além disso, se atente às
seguintes informações:

As operações em espécie As operações acima de R$ 50


com valor superior a R$ 2 mil mil em espécie devem conter,
devem ser registradas interna- além do nome e CPF/CNPJ do
mente com dados do portador portador dos recursos e des-
e destinatário (nome, CPF/ tinatário, o tipo de operação,
CNPJ). valor, data, canal e origem dos
recursos.

59
Curso Preparatório CPA20

As instituições deverão comunicar ao Coaf as operações suspeitas de qualquer valor.

Como identificar uma operação suspeita? Basta ficar atento a esses quatro tipos de
operações listados a seguir. Confira!

1. Aquelas incompatíveis com a renda,


ocupação profissional e situação
patrimonial.

2. Aquelas com oscilações significativas


em volume ou frequência.

3. Aquelas sem fundamentação


econômica.

4. Aquelas com indício de burla a


procedimentos padrões.

ATENÇÃO
Com relação às transferências internacionais, elas
deverão ser previamente comunicadas à instituição fi-
nanceira, e se não tiver justificativa da origem dos fundos
envolvidos ou se forem incompatíveis com o cadastro,
deverão ser comunicados ao Coaf.

Por outro lado, as movimentações em espécie, como saques, pagamentos, recebi-


mentos e transferências de recursos, por meio de qualquer instrumento, contra paga-
mento em espécie, assim como também a solicitação de provisionamento de saques, em
espécie de valor igual ou superior a R$ 50 mil, são chamadas de comunicações automáti-
cas, pois não dependem de análise, e devem ser comunicadas indistintamente.

60
Curso Preparatório CPA20

DICA
As comunicações de boa-fé não acarretarão responsabili-
dade civil ou administrativa.

No caso de denúncias, veja como o Coaf procede.

Polícia ou MP
Caso a entidade que
Após receber No caso de indícios
tenha o dever de
as denúncias, o subsistentes de crime,
controle não o faça,
Coaf faz encaminha para a
responderá a um
averiguações polícia ou o Ministério
Processo Administrativo
preliminares. Público, para inquérito
Sancionador.
e posterior julgamento
do suspeito pela justiça
COAF comum ou federal. Processo

Vamos compreender melhor o que é o Coaf e como se dá seu processo administrativo?


Prossiga com sua leitura.

Responsabilidades administrativas e legais


O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) é a Unidade de Inteligência
Financeira (UIF), no Brasil, ou seja, é a entidade responsável por receber, examinar e
identificar as ocorrências suspeitas e aplicar penas administrativas.

61
Curso Preparatório CPA20

Sua missão é prevenir a utilização dos setores


econômicos para a lavagem de dinheiro e
financiamento do terrorismo, promovendo a
cooperação e o intercâmbio de informações
entre os setores público e privado.

O instrumento de supervisão do Coaf é


denominado Processo Administrativo
Sancionador (PAS), instaurado a fim
de apurar responsabilidades e, se
for o caso, aplicar penalidades por
infrações administrativas, praticadas
por Pessoas Físicas e Jurídicas
supervisionadas pelo Coaf. São
asseguradas às partes o direito à
ampla defesa e ao contraditório.

O processo é julgado na forma do Regimento Interno. Contra as decisões, pode ser apre-
sentado recurso ao Coaf e endereçado ao presidente do Conselho de Recursos do Siste-
ma Financeiro Nacional (CRSFN), órgão de segunda e última instância administrativa.

As pessoas sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro poderão receber as seguintes


penalidades (art. 12, Lei n. 9.613/98):

62
Curso Preparatório CPA20

II
Multa não superior:
• ao dobro do valor
da operação;
IV
Cassação ou
• ao dobro
suspensão da
do lucro que
autorização de
presumidamente
funcionamento.
acarretaria a
operação; III
I • ao valor de Inabilitação
R$ 20 milhões. temporária
Advertência.
até dez anos.

Existem as penalidades para quem pratica e para quem tem o dever de controlar o cri-
me de lavagem de dinheiro, como mostra o quadro a seguir. Observe!

Penalidades para quem pratica


• Reclusão de três a dez anos.
• Multa.
• Processo na justiça estadual ou federal.

Penalidades para quem tem o dever


de controlar
• Advertência.
• Multa.
• Inabilitação temporária.
• Cassação ou suspensão da autorização
de funcionamento.
• Processo Administrativo Sancionador.

63
Curso Preparatório CPA20

As autoridades policiais, Receita Federal e Ministério Público atuam conjuntamen-


te ao COAF no combate ao crime e recuperação do patrimônio, e podem compartilhar
dados sigilosos entre si.

Eles terão acesso, por exemplo, aos dados


cadastrais do investigado, como qualificação
pessoal, filiação e endereço, independentemente
de autorização judicial, mantidos pela
Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas,
instituições financeiras, provedores de internet e
administradoras de cartão de crédito.

E como será que as instituições lidam com esse tipo de crime? Prossiga com sua lei-
tura e conheça a política de prevenção a essas práticas.

Modelo de abordagem, baseada em risco


As instituições supervisionadas pelo Banco Central do Brasil devem implementar e
manter uma política de prevenção de práticas de lavagem de dinheiro e de financia-
mento do terrorismo. A política de prevenção de lavagem de dinheiro deve conter a
definição de:

Papéis e 2 Procedimentos de avaliação e análise prévia

responsabilidades. 1 de novos produtos e serviços, além de


utilização de novas tecnologias.

Verificação do cumprimento da política,


Avaliação interna 3 4
procedimentos e controles internos dela,
de risco.
4
assim como a identificação e a correção das
deficiências verificadas.
Promoção de cultura
Seleção e contratação de funcionários e
organizacional, contemplando
funcionários, parceiros e 6 de prestadores de serviços terceirizados,
tendo em vista o risco de lavagem de
prestadores de serviços
terceirizados. 5 dinheiro e de financiamento do terrorismo.

Capacitação dos funcionários


sobre o assunto.
7

64
Curso Preparatório CPA20

A instituição também deverá definir as diretrizes para a implementação de procedi-


mentos de:

Coleta, verificação, Registro de operações Comunicação de


validação e atualização e de serviços operações ao Conselho
de informações financeiros, além de de Controle de
cadastrais de monitoramento, seleção Atividades Financeiras
funcionários, parceiros e e análise de operações e (Coaf).
prestadores de serviços situações suspeitas.
terceirizados.

ATENÇÃO
Lembrando que as instituições devem indicar
formalmente ao Banco Central do Brasil um diretor
responsável pela PLD/FT.

Além disso, as instituições supervisionadas pelo BCB devem realizar avaliação inter-
na, com o objetivo de identificar e mensurar o risco de utilização de seus produtos e
serviços na prática da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo. A avalia-
ção interna deve considerar, no mínimo, os perfis de risco:

65
Curso Preparatório CPA20

Da instituição, incluindo o
Dos clientes. modelo de negócio e a área
geográfica de atuação.

Das operações, transações, Das atividades exercidas


dos produtos e serviços, pelos funcionários, parceiros
abrangendo todos os canais de e prestadores de serviços
distribuição e a utilização de terceirizados.
novas tecnologias.

A avaliação interna de risco deve ser revisada a cada dois anos, bem como quando
ocorrerem alterações significativas nos perfis de risco.

66
Curso Preparatório CPA20

Indisponibilidade de bens, direitos e valores

O Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas
(ONU) foi criado em 1945, no fim
da Segunda Guerra Mundial, com
o objetivo de manter a paz e a
segurança internacionais. É ele que
autoriza as sanções econômicas, o
envio de missões de paz e o uso da
força, quando necessário.

No Brasil, a Lei n. 13.810/19 dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por re-
soluções do Conselho de Segurança da ONU, como a indisponibilidade de ativos de
Pessoas Físicas, Jurídicas e de entidades investigadas ou acusadas de terrorismo, de
seu financiamento ou de atos a ele correlacionados. Temos ainda, a Resolução BCB n.
44/2020, que estabelece procedimentos para o cumprimento desta lei.

ATENÇÃO
Não podemos deixar de salientar que eventuais tentativas
de transferências de bens indisponíveis por suspeita de
terrorismo deverão ser comunicadas ao Ministério da
Justiça e Segurança Pública, aos órgãos reguladores ou
fiscalizadores e ao Coaf.

67
Curso Preparatório CPA20

Nesse contexto, as listas restritivas e o Grupo de Ação Financeira Internacional con-


tra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (GAFI) contribuem para
a identificação de operações suspeitas. Vamos entender do que se tratam esses dois
termos? Acompanhe!

Listas restritivas GAFI

O GAFI é uma entidade intergoverna-


São listas com a relação de pessoas e
mental estabelecida em 1989, liderada
entidades que tiveram alguma ligação
pela Unidade de Inteligência Financeira
ou suspeita de atos terroristas.
de cada país (no Brasil, pelo Coaf).

Elas foram criadas com o intuito de proi- As atividades do GAFI visam a esta-
bir, restringir ou constranger transações belecer padrões e promover a efetiva
financeiras, comerciais, de serviço ou implementação de leis, regulamentos e
de tecnologia envolvendo os setores ou medidas operacionais para combater a
pessoas das relações, podendo, inclusi- lavagem de dinheiro, o financiamento ao
ve, haver o congelamento de bens e ati- terrorismo e outras ameaças à integrida-
vos de um indivíduo ou entidade. de do sistema financeiro internacional.

Há diversas listas restritivas, nacionais


O GAFI tem uma lista de 40 recomenda-
e internacionais, e elas podem conter
ções sobre lavagem de dinheiro e nove
nomes de pessoas e entidades que su-
recomendações especiais para o com-
postamente tenham ligação com o ter-
bate do financiamento do terrorismo, que
rorismo, setores, atividades e tipos de
devem ser implementadas na legislação
transação proibidos, e até listar países
dos países.
que se encontram sob sanções.

De maneira geral, a Política de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD) e Finan-


ciamento do Terrorismo (FT) visam a firmar o compromisso da instituição com a
conformidade à legislação e às normas aplicáveis, observando elevados padrões éti-
cos na condução de seus negócios.

68
Curso Preparatório CPA20

Todas as instituições autorizadas


a funcionar pelo Banco Central do
Brasil devem implementar e manter
política formulada com base em
princípios e diretrizes que busquem
prevenir a sua utilização para as
práticas de lavagem de dinheiro e
de financiamento do terrorismo,
contendo procedimentos de
identificação, análise e prevenção
do assunto.

É importante dizer que setores obrigados à Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro,


instituições financeiras e atividades como seguradoras, transações de imóveis e bens
de luxo, precisam se certificar não apenas de que a atividade da instituição esteja
correta, mas também a de seus clientes e parceiros.

Por isso, é fundamental adotar o princípio conheça seu parceiro, que nada mais é
que a obrigação de conhecer o parceiro comercial, inclusive correspondentes no país

69
Curso Preparatório CPA20

e no exterior, com o objetivo de prevenir a realização de negócios com contrapartes


inidôneas ou suspeitas de envolvimento com atividades de lavagem de dinheiro ou
financiamento do terrorismo, bem como de assegurar que eles tenham procedimentos
adequados de PLD/FT, quando aplicáveis.

Nesse contexto, é fundamental se atentar ao cumprimento de normas e padrões éti-


cos, que são o assunto do nosso próximo tópico. Não deixe de conferir!

Normas e padrões éticos


Começando com o uso indevido de informações privilegiadas. Isso porque o uso de
informação em benefício próprio ou de terceiros, que não o detentor, ou de toda e
qualquer informação relevante fora do domínio público, que seja obtida no processo
de desempenho de qualquer atividade, acarreta processo administrativo.

Considerando esse cenário, vale a pena apresentar alguns conceitos, como insider
traders, front runners, confidencialidade e conflito de interesses, mostrados no info-
gráfico a seguir.

Insider trader é uma pessoa que tem informação


privilegiada sobre as companhias a utiliza em proveito
próprio ou de outro investidor.

Front runner é um operador que visualiza as ordens e


realiza operações antecipadamente para se beneficiar.

70
Curso Preparatório CPA20

Confidencialidade é a obrigatoriedade legal que as


instituições financeiras têm de conservar sigilo em todas as
operações ativas e passivas e em todos os serviços prestados.
A quebra de sigilo, fora das situações autorizadas na lei,
constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão,
de um a quatro anos, e multa.

Conflitos de interesse dizem respeito ao fato de que


o profissional deve evitar exercer atividades paralelas e
deve realizar suas próprias operações financeiras de forma
transparente e ética.

Código Anbima de Regulação e Melhores


Práticas para Distribuição de Produtos
de Investimento
O Código de Distribuição direciona a relação dos intermediários financeiros com os
investidores na comercialização de produtos de investimento, e tem a ética como
principal pilar. Antes, porém, de compreender seus objetivos, suas regras e seus prin-
cípios, veja a seguir as principais definições encontradas nesse documento. Esses
conceitos vão ajudar você a compreender melhor os próximos tópicos.

Conglomerado ou grupo econômico:


1 Conjunto de entidades controladoras diretas ou indiretas,
controladas, coligadas ou submetidas a controle comum.

71
Curso Preparatório CPA20

Distribuição de produtos de investimento:


2 (i) oferta de produtos de investimento de forma individual
ou coletiva, resultando ou não em aplicação de recursos,
assim como a aceitação de pedido de aplicação, por meio de
agências bancárias, plataformas de atendimento, centrais
de atendimento, canais digitais, ou qualquer outro canal
estabelecido para este fim; e (ii) atividades acessórias
prestadas aos investidores, como manutenção do portfólio
de investimentos e fornecimento de informações periódicas
acerca dos investimentos realizados.

Material publicitário:
3 Material sobre produtos de investimento (folder) ou sobre a
atividade de distribuição de produtos de investimento divul-
gado pelas instituições participantes por qualquer meio de
comunicação disponível, que seja destinado a investidores,
ou potenciais investidores, com o objetivo de estratégia co-
mercial e mercadológica.

Material técnico:
4 Material sobre produtos de investimento divulgado pelas ins-
tituições participantes por qualquer meio de comunicação
disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais
investidores com o objetivo de dar suporte técnico a uma
decisão de investimento.

72
Curso Preparatório CPA20

Produtos automáticos:
5 Aqueles que têm a funcionalidade de aplicação e resgate automá-
tico, conforme saldo disponível na conta corrente do investidor.

Produtos de investimento:
6 Valores mobiliários e ativos financeiros definidos pela Comis-
são de Valores Mobiliários e/ou pelo Banco Central do Brasil.

Regulação:
7 Normas legais e infralegais que abrangem a distribuição de
produtos de investimento.

Supervisão de mercados:
8 É o setor da Anbima responsável por supervisionar o aten-
dimento das normas do código e fazer relatórios e cartas de
recomendação às instituições participantes.

Termo de compromisso:
9 Instrumento pelo qual a instituição participante compromete-se
perante a Anbima a cessar e corrigir os atos que possam carac-
terizar indícios de irregularidades em face desse Código.

73
Curso Preparatório CPA20

Os códigos Anbima têm como objetivo uma série de fatores, como:

• Manutenção dos mais elevados


padrões éticos e a consagração da
institucionalização de práticas equitativas
no mercado financeiro e de capitais.

• Concorrência leal e padronização de


seus procedimentos e o estímulo ao
adequado funcionamento da distribuição
de produtos de investimento.

• Transparência no relacionamento
com os investidores, de acordo com o
canal utilizado e as características dos
investimentos.

• Qualificação das instituições e de seus


profissionais envolvidos na distribuição
de produtos de investimento.

Outro assunto muito abordado, quando discutimos sobre ética nas instituições, é a
definição dos princípios gerais de conduta. Isso porque as instituições e seus pro-
fissionais devem cumprir todas as suas obrigações com ética e diligência, com idonei-
dade moral e profissional, mantendo a confiança e o bom funcionamento do sistema.

Para que isso aconteça, é preciso se atentar às regras, procedimentos e controles da


instituição que devem ser efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus profis-
sionais, evitando conflitos de interesses e visando ao gerenciamento do risco.

Essa regulamentação deve ter uma estrutura


adequada ao porte de cada instituição, com
qualificação técnica, experiência, autonomia
e autoridade para questionar os riscos.
Além disso, deve haver segregação de
atividades, para evitar conflitos de interesses
e as responsabilidades também devem ser
segregadas.

74
Curso Preparatório CPA20

Cabe destacar que as atividades de controles internos e de compliance podem ser


desempenhadas dentro da mesma estrutura ou por unidade específica, sendo obriga-
tório, contudo, a indicação de um diretor responsável. Esse diretor deve ser exclusivo,
ou seja, não pode atuar na função de administração de recursos de terceiros, interme-
diação, distribuição ou consultoria de valores mobiliários.

O código de conduta e as normas da instituição devem, ainda, abordar com cautela e


responsabilidade os seguintes temas:

Segurança e sigilo das Publicidade Material publicitário


informações
Materiais adequados, São os materiais
Controle de informações com clareza e utilizados para divulgar
confidenciais, reservadas objetividade, o produto, e devem ter,
ou privilegiadas, minimizando em destaque, link ou
testes periódicos de incompreensões caminho direcionando
segurança e treinamento e privilegiando os investidores ou
para o tratamento informações potenciais investidores ao
de informações necessárias para a material técnico e site da
confidenciais. Também é tomada de decisão de instituição.
exigido que a instituição investidores. É vedada
financeira tenha regras a comparação com
específicas para a produtos diferentes.
proteção da base de
dados, regras de restrição
de uso de sistemas e
procedimentos para
caso de vazamento
de informações
confidenciais.

75
Curso Preparatório CPA20

Sobre o material técnico citado anteriormente, é necessário lembrar que ele deve pos-
suir as seguintes descrições:

1 Descrição do objetivo e/ou estratégia.

2 Público-alvo, quando destinado a investidores específicos.

3 Carência para resgate e prazo de operação.

4 Tributação aplicável.

5 Informações sobre os canais de atendimento.

6 Nome do emissor, quando aplicável.

7 Classificação do produto de investimento.

Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo,


8
no mínimo, os riscos de liquidez, de mercado e de crédito.

Além disso, devem ser acrescentados a esses materiais os avisos obrigatórios listados
em sequência.

A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de


1
resultados futuros.

2 A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.

3 O investimento em fundo não é garantido pelo FGC.

As informações dos materiais técnicos são baseadas em


4
simulações, e os resultados reais poderão ser diferentes.

Regras gerais
Destacaremos, a partir de agora, algumas regras gerais utilizadas pelas instituições
em seus regulamentos e códigos de conduta. É preciso frisar que é proibido induzir os
investidores a erro ao dar a entender que atuam como prestadores de serviço de con-
sultoria independente de valores mobiliários, de forma autônoma à atividade de distri-
buição de produtos de investimento.

76
Curso Preparatório CPA20

Divulgação de informações por meios eletrônicos


A divulgação de informações por meios eletrônicos deve ser disponibilizada no site da
instituição, com as seguintes informações do material técnico:

Descrição do Público-alvo, Carência


objetivo e/ou quando destinado para resgate
estratégia de a investidores e prazo de
investimento. específicos. operação.

Tributação Classificação
Nome do emissor,
aplicável. do produto de
quando aplicável.
investimento.

Descrição
resumida
dos principais
fatores de risco, Informações
incluindo, no sobre os canais
mínimo, os riscos de atendimento.
de liquidez,
de mercado e
de crédito.

Você se lembra de quando comentamos sobre o princípio conheça seu cliente?

77
Curso Preparatório CPA20

Utilizamos a sigla KYC, que provém da expressão em inglês know your customer, jus-
tamente para abordar a importância de as instituições financeiras conhecerem seus
investidores no início do relacionamento e durante o processo cadastral, identificando
a necessidade de visitas pessoais em suas residências, seus locais de trabalho e em
suas instalações comerciais.

As instituições participantes devem manter as


informações cadastrais atualizadas, de modo
a permitir que haja identificação, a qualquer
tempo, de cada um dos beneficiários finais,
bem como do registro atualizado de todas as
aplicações e resgates realizados em nome dos
investidores, quando aplicável.

Deve indicar os casos em que há necessidade de visitas, busca de informações por


diversos meios legais e atualização cadastral periódica.

Por fim, é preciso pontuar que as instituições participantes não podem recomendar
produtos de investimento, realizar operações ou prestar serviços sem que verifiquem a
adequação ao perfil do investidor.

78
Curso Preparatório CPA20

Não se esqueça de que a IF deve obter a coleta de informações, classificação de perfil,


classificação dos produtos de investimento, procedimento operacional e comunicação
com o investidor da adequação dos investimentos a seu perfil (suitability).

ATENÇÃO
O código impõe a obrigação de observância de suitability
para a classificação do perfil do investidor, a definição de
categoria do ativo, consideração dos riscos dos produtos e
definição de regras e procedimentos para a recomendação e
classificação de produtos de investimento.

Selo Anbima
Você já ouviu falar no selo Anbima e sabe para que ele serve? O selo Anbima demons-
tra o compromisso das instituições participantes em atender às disposições do Código
de Distribuição.

É preciso dizer, no entanto, que não representa a responsabilização pelas informações


constantes nos documentos divulgados pelas instituições participantes, ainda que
façam uso do selo Anbima, tampouco pela qualidade da prestação de suas atividades.

As instituições financeiras que possuem o selo Anbima devem manter em seus sites
as seguintes informações de fundos de investimento:

79
Curso Preparatório CPA20

1. Política de investimentos.
2. Classificação de risco do fundo.
3. Condições de aplicação, amortização (se for o
caso) e resgate (cotização).
4. Limites mínimos e máximos de investimento
e valores mínimos para movimentação e
permanência no fundo.
5. Taxa de administração, de performance e
demais taxas.
6. Rentabilidade, observado o disposto nas
regras de publicidade previstas nos anexos
do Código Anbima de Regulação e Melhores
Práticas para Administração de Recursos de
Terceiros, quando aplicável.
A presente instituição aderiu ao Código
ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas 7. Avisos obrigatórios, observado o disposto nas
para os Fundos de Investimento. regras de Publicidade previstas nos anexos do
Fonte: bnb.gov.br
Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas
para Administração de Recursos de Terceiros,
quando aplicável.
8. Referência ao local de acesso aos documentos
do fundo, com explicitação do canal destinado ao
atendimento a investidores.

As instituições participantes que descumprirem os princípios e regras estabelecidos


no Código de Distribuição estarão sujeitas à imposição das seguintes penalidades,
observadas as disposições do Código dos Processos:

Advertência Multa

Proibição temporária do Desligamento do quadro


uso do Selo Anbima associativo da Anbima

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Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Não se esqueça de que os códigos de autorregulação bus-
cam transparência, ética e proteção ao investidor.

VÁ FUNDO
Para saber mais, leia o Código de Distribuição, disponível
no site da Anbima.

https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/
distribuicao-de-produtos-de-investimento.htm

Análise do perfil do investidor


Vamos entender quais informações devem ser consideradas na análise do perfil do in-
vestidor? Acompanhe!

Devemos ter em mente que a Instrução Normativa CVM 30 dispõe sobre o dever de
verificação da adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente,
também constante no Código de distribuição de produtos de investimento.

A IN CVM 30 as instituições participantes devem implementar e manter, em documento


escrito, regras e procedimentos que possibilitem verificar a adequação dos produtos de
investimento ao perfil dos investidores (suitability). Esses documentos devem apresen-
tar, no mínimo:

81
Curso Preparatório CPA20

Coleta de informações: descrição detalhada do mecanismo de coleta


das informações junto ao investidor para definição de perfil.

Classificação do perfil: descrição detalhada dos critérios utilizados


para a classificação de perfil do investidor, e devem ser observadas as
características de classificação para cada perfil, conforme a Diretriz
Anbima de Suitability.

Classificação dos produtos de investimento: descrição detalhada dos


critérios utilizados para a classificação de cada produto de investimento.

Comunicação com o investidor: descrição detalhada dos meios,


forma e periodicidade de comunicação utilizada entre a instituição
participante e o investidor para:
• Divulgação do seu perfil de risco após coleta das informações.
• Divulgação referente ao desenquadramento identificado entre o
perfil do investidor e seus investimentos, a ser efetuada sempre que
verificado o desenquadramento.
• Procedimento operacional: descrição detalhada dos
procedimentos utilizados para a aferição periódica entre o perfil do
investidor e seus investimentos.
• Atualização do perfil do investidor: descrição detalhada dos
critérios utilizados para atualização do perfil do investidor, incluindo a
forma como a instituição dará ciência dessa atualização.
• Controles internos: descrição detalhada dos controles internos e
mecanismos adotados pela instituição participante para o processo
de suitability, com o objetivo de assegurar a efetividade dos
procedimentos estabelecidos pela instituição.

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Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Todas as informações citadas na tabela acima foram reti-
radas da IN CVM n. 539.

RESUMINDO
Lembre-se de que essa prática de análise de perfil do
investidor é chamada de suitability, e é obrigatória às
pessoas habilitadas a atuar como integrantes do sistema
de distribuição e os consultores de valores mobiliários.

Quanto aos prazos, a atualização do perfil do investidor deve ser aplicada em interva-
los não superiores a 24 meses, e os questionários devem ser guardados pelo prazo de
cinco anos, por meio físico ou eletrônico. Lembre-se de que a não observância da apli-
cação do API constitui falta grave à instituição financeira.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Para guardar os prazos do API, faça as seguintes asso-
ciações:
Vale: 2 anos.
Guarda: 5 anos.

83
Curso Preparatório CPA20

Metodologia de API
A metodologia de captação de informações para análise do perfil de investidor deve
considerar três itens:

Objetivos do cliente Situação financeira


Responda à pergunta: o produto, serviço Verifique se a situação financeira do
ou operação é adequado aos objetivos cliente é compatível com o produto,
de investimento do cliente? Para tanto, serviço ou a operação. Basta investigar:
analise: • O valor das receitas regulares
• O período em que o cliente deseja declaradas pelo cliente.
manter o investimento. • O valor e os ativos que compõem o
• As preferências declaradas do cliente patrimônio do cliente.
quanto à assunção de riscos. • A necessidade futura de recursos
• As finalidades do investimento. declarada pelo cliente.

Conhecimento
Avalie se o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos relacio-
nados ao produto, serviço ou à operação. Isso é importante para entender:
• Os tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem familiaridade.
•A natureza, o volume e a frequência das operações já realizadas pelo cliente no mercado
de valores mobiliários, bem como o período em que tais operações foram realizadas.
• A formação acadêmica e a experiência profissional do cliente (não se aplica a Pessoa Jurídica).

84
Curso Preparatório CPA20

Para traçar o perfil do investidor, é preciso levar em consideração se ele é conservador,


moderado ou arrojado (agressivo). O infográfico a seguir descreve esses três tipos de
investidores. Observe!

Conservador:
Moderado: Arrojado ou agressivo:
não aceita assumir
aceita assumir médios está disposto a correr
riscos no principal,
riscos no curto prazo grandes riscos para
prefere ganhar pouco,
para ganhar um obter ganhos maiores.
mas sem oscilações
pouco mais.
significativas.

Na análise e classificação das categorias de produtos devem ser considerados, no mínimo:

1 os riscos associados ao produto e seus ativos subjacentes.

2 o perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto.

3 a existência de garantias.

4 os prazos de carência.

ATENÇÃO
Vale a pena reforçar que as instituições participantes não
podem recomendar produtos de investimento, realizar
operações ou prestar serviços sem verificar se são ade-
quados ao perfil do investidor.

85
Curso Preparatório CPA20

Suitability

Como já mencionamos anteriormente, o código impõe a obrigação de observância de


suitability para a classificação do perfil do investidor, definição de categoria do ativo,
consideração dos riscos dos produtos e definição de regras e procedimentos para a
recomendação e classificação de produtos de investimento.

RESUMINDO
É vedado recomendar produtos ou serviços ao
cliente quando:
• o perfil do cliente não é compatível ao produto
ou serviço;
• não são obtidas as informações que permitam a
identificação do perfil do cliente;
• as informações relativas ao perfil do cliente não
estiverem atualizadas.

86
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E se o investidor se negar a responder ou não acatar a recomendação?


Nesses casos, o consultor deverá alertar ao investidor sobre os riscos e a adequação
ao perfil, e o investidor deve prestar declaração expressa de sua decisão.

Dispensa de suitability
Para que a adequação da recomendação ao perfil seja dispensada, deve-se observar as
regras da IN CVM 30, do Código de Distribuição e de outras normas complementares.

Mas atenção, pois isto não se aplica à IN CVM 30:

1. Investidores qualificados.

2. Pessoa Jurídica de direito público.

3. Investidor que tenha carteira administrada


por consultor ou entidade autorizado pela CVM.

4. Investidor que fez o API com seu consultor e


está implementando a estratégia.

Há restrições para o Código de Distribuição e Produtos. Portanto, é preciso destacar


os casos de não aplicação.

1. Código de Distribuição

• Pessoa Jurídica dos segmentos classificados


como middle e corporate.
• União, estados, municípios e Distrito Federal
(Pessoas Jurídicas de direito público).

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2. Produtos

• Depósito à vista (não é investimento).


• Caderneta de poupança (Código de
Distribuição, art. 3º.).
• CDB de resgate automático (similar a conta
corrente).
• Fundo de investimento renda fixa simples (IN
n. 555 CVM, art. 113, § 2).

DE OLHO NA PROVA
Vale lembrar que a legislação serve como referência, ou
seja, não é cobrada na prova.

E não há como falar sobre perfil do investidor sem mencionar risco e retorno, concor-
da? Isso porque o investidor deve avaliar o seu perfil e considerar a sua tolerância e
capacidade de correr riscos.

88
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Tolerância Capacidade de
a riscos correr riscos

Depende do objetivo e
Depende do perfil da situação específica,
do investidor. ciclo de vida e outras
questões que impactam
seu momento atual.

O investidor deve considerar a redução de riscos por meio da diversificação eficiente de


sua carteira, de acordo com os seus objetivos, perfil de investidor e horizonte de tempo.

Finanças pessoais
Vamos falar sobre finanças pessoais e planejamento financeiro? Você certamente já
ouviu dizer que o planejamento financeiro é o primeiro passo para estabelecer a situa-
ção financeira e patrimonial, individual ou familiar, não é mesmo? É válido acrescentar
que o orçamento é uma importante ferramenta para a obtenção dos objetivos, pois
permite controlar melhor o dinheiro e planejar o futuro com segurança e confiança.

89
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O orçamento é o primeiro passo do planejamento financeiro. Nessa fase, deve-se


identificar todos os rendimentos e todas as despesas previstos para o ano. Também
deve-se considerar rendas e gastos extras eventuais, enfim, quanto mais completa a
previsão, melhores resultados um planejamento tende a ter, pois é possível fazer ajus-
tes e reorganizá-lo de acordo com os objetivos.

Ao traçar um orçamento, não deixe de prever os itens listados no infográfico seguinte.

Receitas Despesas Investimentos Dívidas

Qual a É importante É indicado que Se houver,


estimativa de separar o orçamento especificar o valor
recebimento despesas de familiar preveja comprometido
mensal e manutenção uma parcela para com todas as
anual, entradas e consumo, os investimentos, dívidas, como
periódicas e assim como as não inferior empréstimos,
eventuais. despesas fixas e a 10%, para a financiamentos,
variáveis. formação de parcelamentos
reservas para no cartão de
emergências, crédito ou outros
aposentadoria e meios. Não é
projetos. recomendável
que as parcelas
das dívidas
ultrapassem 30%
da renda.

Além do orçamento, é importante fazer o acompanhamento das receitas e despesas


mensais, ou seja, do fluxo de caixa, e entender quais foram as reais entradas e saí-
das, para que seja possível realizar as devidas adequações e os ajustes necessários ao
que foi planejado, ou em frente a eventuais modificações de cenários.

90
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Fluxo de caixa e situação financeira


Você saberia definir o fluxo de caixa? Esse termo tão usado representa, efetivamente,
a entrada e saída de dinheiro. Enquanto o regime de competência é o período em que
uma receita ou despesa foi gerada, o regime de caixa significa quando realmente im-
pactou no saldo.

ATENÇÃO
Vale lembrar que nem sempre o recebimento das receitas
geradas ocorre durante o mês.

Isso porque pode haver


parcelamento, ou até mesmo
inadimplência. Da mesma forma,
as despesas realizadas em um
mês podem ter vencimento em
meses seguintes, devido a prazos
ou parcelamentos.

O descuido com o fluxo de caixa pode acarretar problemas financeiros, com o não re-
cebimento de receitas por trabalhos já realizados ou pelo acúmulo de despesas reali-
zadas a prazo.

91
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Imagine um consumidor que parcela a conta do


supermercado em três vezes. No mês seguinte,
ele terá a nova compra mais a parcela do mês
anterior, concorda? E essa atitude pode virar
uma bola de neve, com impactos significativos
na construção do patrimônio e na gestão das
finanças pessoais.

DICA
Por isso, é importante ter um valor de reserva, que possa
ser utilizado em eventuais desencaixes, sazonalidades, ou
mesmo em emergências. Lembre-se de que os recursos
em reserva de emergência devem ser aplicados em inves-
timentos com liquidez e baixo risco, por exemplo, investi-
mentos atrelados à taxa DI.

Balanço Patrimonial e Patrimônio Líquido


Para desenhar o Balanço Patrimonial de uma pessoa ou família, basta anotar todos os
bens e as dívidas. A diferença entre esses dois fatores é denominada Patrimônio Lí-
quido. Logo, um Balanço Patrimonial é composto por:

Ativos
Passivo
Valor de todos os
bens, calculados + Saldo de todas as
dívidas, formais
= Patrimônio
Líquido.
pelo seu valor
ou informais.
de mercado.

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De acordo com as técnicas de contabilidade, ao fazer um balanço, a soma dos ativos


deve ser igual à soma dos passivos. Para isso, o Patrimônio Líquido é classificado como
Passivo (obrigações), ou seja, se fosse uma empresa, seria o que a empresa deve para
o dono. A tabela seguinte mostra um exemplo de Balanço Patrimonial. Observe.

Ativos Passivos

Saldo em conta R$ 300,00 Dívidas parceladas R$ 800,00

Aplicação R$ 12.200,00 Empréstimo R$ 2.000,00

Carro R$ 30.000,00 Financiamento R$ 120.000,00

Casa R$ 200.000,00 Total R$ 122.800,00

Gado R$ 20.000,00 Patrimônio R$ 139.700,00

Total R$ 262.500,00 Total R$ 262.500,00

Índices de endividamento
O endividamento pode ser calculado tanto pelo índice de endividamento mensal
(comprometimento) quanto pelo índice ou grau de endividamento patrimonial (endi-
vidamento geral). Vamos entender melhor esses termos e ver como são calculados?
Acompanhe!

Índice de endividamento mensal Índice de endividamento patrimonial


(comprometimento) ou Endividamento geral

Representa o quanto da renda mensal


está comprometida com dívidas e Obtido por meio do cálculo das dívidas
parcelamentos. É utilizado no cálculo de totais dividido pelo total dos bens.
capacidade de pagamento.

Agora, veja como calculamos esses índices:

93
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Índice de endividamento
Índice de endividamento
patrimonial ou
mensal (comprometimento)
endividamento geral

1. Some todas as suas dívidas


1. Some o total das dívidas.
(parcelas mensais).

2. Calcule o seu salário mensal. 2. Some o total dos bens.

3. Divida o total das dívidas 3. Divida o total das dívidas


pelo salário. pelo total dos bens.

4. O resultado, multiplicado por


4. O resultado, multiplicado por
100 (para ser apresentado de
100 (percentual), é o índice de
forma percentual), é o índice de
endividamento patrimonial.
endividamento mensal.

ATENÇÃO
• Para que o índice de endividamento mensal seja
considerado administrável, é recomendado que não
ultrapasse 30% da renda.

• Se o grau de endividamento patrimonial (GE) for superior


a 100%, significa que o patrimônio não é suficiente para
pagar as dívidas, portanto, deverão ser geradas mais
receitas para esse fim.

O grau de endividamento, que muitas vezes traz graves problemas para o cidadão,
usurpando uma grande parte da fonte de renda, é um importante indicador do conhe-
cimento e das habilidades com finanças.

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A educação financeira é uma


forma de reduzir o endividamento
e melhorar a experiência em
investimentos financeiros. É
fundamental começar a investir
pequenos valores desde cedo, para
que esse hábito se forme.

Decisões do investidor na perspectiva


de finanças comportamentais
Os investidores nem sempre são racionais em suas decisões, são avessos ao risco, e
analisam seus investimentos individualmente, em vez de fazer uma análise consisten-
te considerando a equação risco x retorno.

As atitudes aparentemente racionais envolvem uma série de armadilhas do cérebro, cha-


mados de atalhos mentais, que influenciam as decisões dobre investimentos. Essas ar-
madilhas ocorrem inclusive com pessoas de alto conhecimento, porque estão instauradas
na psique, fazendo parte, portanto, das finanças comportamentais. Esses atalhos mentais
são chamados de heurísticas e ocasionam vieses de comportamentos.

Heurísticas são regras práticas ou atalhos


mentais que orientam o julgamento e a
avaliação dos investidores. Podem causar erros
nas decisões dos investidores, que também são
chamados de vieses.

95
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O infográfico a seguir apresenta os cinco tipos de heurísticas, mostrando como elas


podem influenciar decisões financeiras. Confira!

Disponibilidade

São as decisões influenciadas por ocorrências e eventos recentes na me-


mória do investidor. Por exemplo, pense em uma empresa que teve um es-
cândalo recente, e o fato gerou publicidade; então, o investidor não compra,
porque essa informação teve impacto negativo em sua decisão. Pode ser,
também, uma empresa que tenha exposição positiva na mídia, com altas ex-
pectativas. O fato foi impactante e ficou disponível na mente do investidor,
que compra o papel com base em suas memórias recentes.

Representatividade

São as decisões tomadas a partir de eventos passados. Por exemplo, o


investidor teve uma experiência ruim e criou aversão ao investimento. Ou,
então, tomou a decisão baseada nos históricos passados. Diz-se, neste
caso, que criou um estereótipo (crença de que tudo sempre ocorrerá da
mesma forma). Um outro exemplo é o investidor que compra ações de uma
empresa porque ela é sólida, grande e antiga, mas isso não quer dizer que
gere lucro ou que suas ações irão valorizar.

96
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Ancoragem

São as decisões tomadas com base em informações recebidas (de relatórios


ou analistas), como um preço-alvo. O investidor não toma decisão até che-
gar nesse patamar, mesmo que haja novas situações que mudem o cenário.
Por exemplo, um investidor compra uma ação do Itaú a R$ 8,40. Com base
em suas informações, decide vender se chegar a R$ 7,40 ou R$ 10,00, que,
na análise técnica, são chamados respectivamente de suporte e resistência
(ponto mais baixo e mais alto do gráfico), nos quais ele se ancora para tomar
as decisões. Mesmo que outros fatos influenciem o desempenho presente e
futuro do papel, ele não muda, porque ficou ancorado em uma expectativa.

Aversão à perda

Manutenção de investimentos não lucrativos e venda de investimentos com


ganho. É a relutância de o investidor realizar uma perda, pois espera recupe-
rar pelo menos o capital investido. Por exemplo, um investidor comprou uma
ação a R$ 40,00, e a ação começou a cair. Como acredita no papel, não a
vende. Mesmo quando continua caindo e está sem perspectivas, ele a man-
tém, para provar que estava certo e que voltará a subir. Se tiver duas ações,
uma registrando ganhos e outra registrando perdas, tende a vender a que já
teve ganhos e aguardar a outra a se recuperar.

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Efeitos de estruturação

Influenciam a decisão de investimento da forma como as alternativas ou o


problema são apresentados (framing). O indivíduo acredita nas informa-
ções recebidas, sem questioná-las. Exemplo: uma empresa vai fazer uma IPO
e faz uma apresentação de seus resultados, então, o investidor adquire os pa-
péis com base na apresentação comercial que foi feita.

Chegamos ao final de mais um capítulo. Parabéns por sua jornada até aqui!
Neste capítulo, você pôde compreender o que é compliance e entender a importância
da ética nas instituições. Viu, ainda, quais são e como analisar um perfil de investidor.
Esses conteúdos costumam aparecer com uma frequência de 15 a 25% nas provas, e
isso representa aproximadamente de 9 a 15 questões. Portanto, caso tenha alguma
dúvida, releia o material e fique atento a todas as dicas. Continue sua leitura e até o
próximo capítulo!

98
Capítulo 3 - Princípios
básicos de economia
e finanças

Entender conceitos básicos de economia e finanças, como, por exemplo, o querem di-
zer alguns indicadores e índices do mercado pode ajudar você a compreender melhor
o mercado financeiro, concorda? Após estudar o conteúdo desse capítulo, você con-
seguirá, por exemplo, interpretar o comportamento dos preços dos ativos.

Importante ressaltar que o conteúdo aqui apresentado representa cerca de 5 a 10% da


prova, isso quer dizer que há a possibilidade de cair de três a seis questões abordando
os assuntos que estudaremos a partir de agora. Pronto para começar?

Conceitos básicos de economia


Você já deve ter ouvido falar sobre o PIB, não é verdade? Mas o que significa essa sigla
e quais elementos compõem esse importante indicador?

99
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S_530317768

O PIB é o conjunto da produção final de bens e serviços realizada em território na-


cional, independentemente da nacionalidade dos agentes econômicos, em um deter-
minado período. O índice considera o valor dos bens e serviços finais, desconsiderando
a matéria-prima e as fases anteriores. Logo, se calcular o valor adicionado a cada fase,
de modo a não calcular a mesma coisa duas vezes, o resultado é o mesmo.

Os componentes do PIB sob a óptica da despesa são:

C I G X M NX

Consumo Investimentos Gastos Volume de Volume de Exportações


privado ou privados das públicos exportações. importações. líquidas.
das famílias. empresas. do governo
(impostos).

100
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FIXANDO NA MEMÓRIA
Para gravar: PIB é CIG NX.
Y= C + I + G + X – M (todos somam menos M)
ou
Y= C + I + G + NX (todos somam)

Você certamente já ouviu falar sobre inflação, certo? Ela representa uma elevação do
nível geral de preços, logo, os índices de inflação demonstram o comportamento da
variação dos preços dos bens e serviços. Nesse sentido, é importante que você co-
nheça outros dois índices, o IPCA e o IGP-M.

IPCA é a sigla para Índice nacional de preços


ao consumidor amplo, e seu cálculo considera
os produtos e serviços consumidos pelas
famílias com rendas de 1 a 40 salários-mínimos,
nas principais regiões metropolitanas do Brasil.

ATENÇÃO
O IPCA é calculado e divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é
utilizado como referência para acompanhar a meta
da inflação, definida pelo CMN, para que o Comitê
de Política Monetária (Copom) implemente a política
monetária com a definição da taxa básica de juros
Selic Meta.

101
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O IGP-M, Índice Geral de Preços do Mercado, por sua vez, é a média ponderada de
três outros índices:

Índice de Preços ao
IPA Produtor Amplo (peso
de 60% no índice).

Índice de Preços ao
Consumidor (peso
IGP-M IPC
de 30% no índice).

Índice Nacional de
INCC Construção Civil (peso
de 10% no índice).

ATENÇÃO
O IGP-M é calculado e divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), utilizando como base de cálculo as
variações medidas entre o dia 21 do mês anterior ao
dia 20 do mês de referência.

102
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FIXANDO NA MEMÓRIA
Não se esqueça das seguintes definições.

IPCA: índice oficial da inflação no Brasil. Mede o consumo de


determinada faixa de renda nas principais cidades do país.

IGPM: média ponderada (60-30-10) de três índices, na


qual o principal peso é atacado.

Taxa de câmbio
A taxa de câmbio nada mais é que a equivalência de uma moeda em relação a outra.
Nesse contexto, temos alguns conceitos importantes. Confira!

R$
$

PTAX SPOT

Cotação das moedas estrangeiras à vista,


Taxa média das taxas de câmbio em no momento da negociação, atualizada
relação ao real, na qual o Banco Central constantemente ao longo do dia.
consulta os dealers (instituições autoriza- A taxa de câmbio rege contratos de impor-
das a operar em câmbio, segundo critérios tação e exportação, derivativos e outros.
de volume de negócios e qualidade na Com isso, impacta diretamente o custo de
prestação de informações), em quatro mercadorias, o que prejudica o controle da
janelas de consulta ao longo de cada dia, e inflação, porque os produtos têm referên-
divulga a média ao final da quarta consul- cia em dólar (custo de matéria-prima,
ta. As moedas mais conhecidas e cotadas componentes, combustível, ou mesmo da
são dólar e euro. exportação, na qual o valor internacional é
referência para venda interna).

103
Curso Preparatório CPA20

E em que situações temos a taxa cambial valorizada ou desvalorizada?

Taxa cambial desvalorizada


Taxa cambial valorizada
Ocorre quando é necessária uma
maior quantidade da moeda local para Ocorre quando é necessária uma
comprar a moeda estrangeira. O dólar quantidade menor de moeda local
sobe, o real se desvaloriza, sempre na para adquirir uma moeda estrangeira.
perspectiva da moeda local. É bom O dólar cai, o real se valoriza, pois
para o exportador, porque haverá são necessários menos reais para
mais reais pela sua venda, e ruim para adquirir um dólar. Esse cenário é
o importador, que pagará mais pela ruim para o exportador, que receberá
aquisição de um produto. Também menos pela sua venda, e bom para o
dificulta o controle da inflação, pois há importador, que pagará mais barato
uma alta de preços em geral por causa pelos bens adquiridos. Facilita o
do aumento da moeda estrangeira (em controle da inflação, pois não há
especial o dólar, por ser a moeda de reflexos externos na formação
referência nacional). de preço.

104
Curso Preparatório CPA20

DICA
Por isso, é importante ter um valor de reserva, que possa
ser utilizado em eventuais desencaixes, sazonalidades, ou
mesmo em emergências. Lembre-se de que os recursos
em reserva de emergência devem ser aplicados em inves-
timentos com liquidez e baixo risco, por exemplo, investi-
mentos atrelados à taxa DI.

TAXA CAMBIAL

Desvaloriza Valoriza

Importador Ruim Bom

Exportador Bom Ruim

Controle de
Dificulta Facilita
inflação

Real (R$) Cai Sobe

Dólar ($) Sobe Cai

Impactos na taxa de câmbio


A taxa de câmbio é influenciada pela oferta e pela demanda da moeda de um país,
ocasionando alteração na cotação das moedas. Com isso, é impactada pelos itens

105
Curso Preparatório CPA20

elencados na sequência. Acompanhe com atenção.

Taxa de juros

Quando os juros de um país, principalmente se


for emergente, como o Brasil, estão baixos e
pouco atrativos, os investidores (que têm capital
especulativo) levam o dinheiro para outros países,
que apresentam menos riscos. Com muitas
pessoas comprando dólar, aumenta a demanda
pela moeda e seu preço sobe. Dólar sobe, taxa
cambial brasileira desvaloriza.

Inflação

Quando a inflação aumenta, a taxa cambial


desvaloriza. Imagine uma caneta sendo vendida
por US$ 1. Quando o dólar vale R$ 5,00, significa
que a caneta custa R$ 5,00, mas se a taxa
cambial desvalorizar, fazendo o dólar subir para
R$ 8,00, por exemplo, o preço da caneta no
Brasil vai subir, aumentando a inflação.

Balança de pagamentos
A balança de pagamentos é a relação de capital de um país com outros. Envolve ex-
portação e importações, serviços (como turismo), aquisição de bens e investimentos.
Quando a balança de pagamentos está positiva, ou seja, o país está vendendo mais do
que comprando, são mais dólares entrando no país.

106
Curso Preparatório CPA20

Muita oferta de uma moeda pressiona seu preço


para baixo, valorizando a taxa cambial local. Em
contrapartida, se a balança de pagamentos está
negativa e o país está comprando mais do que
vendendo, aumentará, consequentemente, a
demanda por dólar, o que sobe o seu preço e
desvaloriza a taxa cambial no Brasil.

Transações de investimentos especulativos

São operações estruturadas com moedas,


que podem aumentar a oferta ou demanda de
moeda estrangeira, impactando o preço.

Situações políticas

Você certamente sabe que as reformas fiscais, as


tendências de governo e outros fatores podem
melhorar ou piorar um cenário econômico.

107
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DICA
Por exemplo, se a situação estiver ruim, aumenta o risco e
há fuga de capital. A solução, nesse caso, é que as pes-
soas comprem dólares, o que gera aumento na demanda e
da moeda estrangeira. Lembrando que ocorrerá o inverso
se a situação for boa.

Cupom cambial

São os juros pagos acima da taxa cambial.


Exemplo: USD + 3% ao ano.

Copom

O Comitê de Política Monetária,


(Copom), é composto pelo Presidente
do Banco Central e seus diretores,
e tem o objetivo de estabelecer as
diretrizes da política monetária e
definir a taxa de juros básica da
economia. Logo, são necessárias
reuniões periódicas para definir a meta
para a taxa básica de juros.

108
Curso Preparatório CPA20

Os objetivos do Copom são:

Analisar o Relatório
de Inflação (IPCA).

Definir a meta
da taxa Selic.

Implementar
diretrizes de política
monetária.

O Copom analisa o IPCA para definir a Selic Meta. Definindo a meta da taxa de juros,
implementa um perfil de utilização de crédito (se estiver caro, usam pouco, se estiver
barato usam mais) ou investimentos (se a taxa está alta, deixam de consumir para
investir, se a taxa está baixa, preferem consumir a investir) e, consequentemente, de
consumo, impactando a inflação e complementando o ciclo contínuo.

ATENÇÃO
A taxa básica de juros é uma forma de o governo regular
a liquidez do mercado por meio da oferta e demanda
de liquidez.

O grande desafio de um país é crescer com a menor taxa de juros e inflação possível.

109
Curso Preparatório CPA20

Isso porque:

Com taxas altas Com taxas mais baixas


Os consumidores compram Com taxas mais baixas, os
menos (pelo custo do crédito consumidores aquecem a
ou porque preferem aplicar), economia, buscam mais
fazem menos empréstimos, empréstimos e compram mais,
reduzindo a inflação e aumentando o crescimento do
impactando negativamente o país e a inflação.
crescimento do país.

FIXANDO NA MEMÓRIA
CMN: meta da inflação.
Copom: Meta da taxa de juros (Selic Meta).

110
Curso Preparatório CPA20

Taxa Selic Meta

Divulgada pelo Copom, a taxa é expressa na


forma anual para 252 dias úteis e representa o
nível de taxa de juros que o governo considera
adequada para atingir a meta de inflação
definida pelo CMN. É um instrumento utilizado
para direcionar o mercado.

Taxa Selic Over ou Diária

É a taxa média ponderada pelo volume das


operações de financiamento por um dia,
lastreadas em títulos públicos federais e
registradas no sistema Selic (clearing de
títulos públicos). É expressa na forma anual
para 252 dias úteis, é a taxa efetivamente
praticada no mercado, que irá remunerar
os títulos indexados à taxa Selic, como, por
exemplo, o Tesouro Selic.

Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI)

São operações realizadas entre instituições


financeiras, com o objetivo de captar e aplicar
recursos. Isso ocorre pois, diariamente, há bancos
com excesso de recursos e outros com falta de
recursos, que realizam operações entre si.

111
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
O CDI não pode ser vendido a outros investidores e não
tem IR.

Taxa DI

É a taxa média do CDI, divulgada diariamente


pela B3, que faz a custódia dos contratos
privados. Tem como base as operações de de-
pósitos interfinanceiros, pactuadas por um dia
útil. Sua taxa é expressa ao ano, considerando
252 dias úteis.

Taxa referencial (TR)


Calculada a partir da média das taxas praticadas nos títulos do Tesouro Nacional –
Tesouro Prefixado, na modalidade vendida com desconto, antigamente chamadas de
Letras do Tesouro Nacional (LTN).

VÁ FUNDO
Você verá características do ativo Letras do Tesouro Na-
cional (LTN) no capítulo 6 desta apostila.

112
Curso Preparatório CPA20

A média das taxas praticadas nesses títulos dá


origem à Taxa Básica Financeira (TBF), quan-
do, então, aplica-se um redutor estipulado
pelo Bacen, resultando na TR, que é utilizada
no cálculo da poupança, FGTS, financiamentos
habitacionais e outros.

ATENÇÃO
Quando, em virtude do redutor, a taxa resultar em número
negativo, a TR será igual a zero.

FIXANDO NA MEMÓRIA
A TR é formada a partir da média dos títulos
públicos prefixados.

Política monetária
Política monetária é o nome dado ao controle da oferta da moeda e das taxas de ju-
ros de curto prazo que garanta a liquidez ideal de cada momento econômico, com o
objetivo de se obter crescimento econômico com a menor taxa de inflação possível.

113
Curso Preparatório CPA20

O Bacen é o responsável pela execução dessa


política para controle da liquidez, dos meios de
pagamento, dos juros e do crédito.

Você sabia que a política monetária pode ser restritiva ou expansiva e que ela está
diretamente ligada à taxa de desemprego do país? Para entender melhor, observe as
informações da tabela seguinte.

Política monetária restritiva Política monetária expansiva

O governo retira dinheiro do mercado, O governo coloca dinheiro na economia,


diminuindo a liquidez da economia, aumentando a quantidade de dinheiro
por meio da venda de títulos disponível, de liquidez da economia,
públicos (retira a liquidez porque os por meio da compra de títulos públicos,
recursos ficam investidos em títulos redução das taxas de redesconto ou
públicos), da elevação da taxa de diminuição do percentual de reserva
juros em redescontos ou da elevação compulsória. Com isso, a inflação e
do percentual exigido de reserva o PIB aumentam e o desemprego é
compulsória. Com menos recursos, a reduzido.
inflação cai, reduz o PIB e aumenta o
desemprego.

114
Curso Preparatório CPA20

Temos, ainda, alguns instrumentos que garantem a realização e o controle da polí-


tica monetária. São eles:

1 2 3
Redesconto
Open market Compulsório
Empréstimo de última
Compra e venda de Representa uma
instância concedido
títulos públicos, com parcela dos recursos
pelo Bacen, a título
o objetivo de regular a dos depósitos nos
de assistência
liquidez de mercado. bancos, que é
de liquidez para
É o mais utilizado e compulsoriamente
instituições financeiras
o mais eficaz, pois recolhida ao Bacen
que apresentem
age rapidamente na em moeda corrente ou
desequilíbrios em seu
economia. títulos públicos.
fluxo de caixa.

De maneira resumida, podemos diferenciar a política restritiva e expansionista da se-


guinte forma:

RESUMINDO
Política Política
O Bacen
restritiva expansionista
Título público Vende Compra
Compulsório Aumenta Reduz
Taxa de redesconto Aumenta Reduz
Meta taxa Selic Aumenta Reduz

115
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DICA
Observe que, se a inflação está alta, o Bacen precisa
aplicar política restritiva, por exemplo, irá vender títulos
públicos. Com isso, haverá menos liquidez no mercado, as
pessoas comprarão menos e a inflação vai cair. O mesmo
conceito serve para as demais estratégias, e o inverso
ocorre na política expansionista.

Sendo assim, é possível concluir que:

Juros altos Juros baixos


O crédito fica mais caro, as O crédito fica mais barato, as
pessoas consomem menos e a pessoas consomem mais e a
atividade econômica cai. atividade econômica aumenta.

116
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FIXANDO NA MEMÓRIA
Vale a pena fixar na memória essa relação entre juros
e inflação.

Causa Ação Consequência


Inflação alta Aumenta Inflação cai
os juros

Política fiscal
Política fiscal é o conjunto de medidas adotadas pelo governo para a arrecadação de
meios para pagar as contas do próprio governo. Portanto, quando a arrecadação é menor
do que os gastos do governo, por exemplo, é necessário que sejam emitidos títulos re-
presentativos da dívida pública (títulos públicos) para suprir a insuficiência de recursos.

O esquema seguinte mostra como são realizados os cálculos da política fiscal. Veja!

Despesas não Superávit/déficit primário


financeiras
Pagamento de juros
sobre a dívida pública
Receita
Impostos Superávit/déficit nominal

Nesse contexto, a política fiscal pode ser expansionista ou contracionista. Vamos en-
tender a diferença entre elas? Acompanhe!

117
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Política fiscal expansionista


A atividade econômica precisa de Política fiscal contracionista
estímulos: se os gastos do governo Nesse caso, a atividade econômica
aumentarem, por exemplo, folha de precisa ser reduzida, retirando
pagamento ou programas sociais, dinheiro da economia: reduzir
haverá mais recursos no mercado. Se gastos públicos e programas
os impostos reduzirem, haverá mais sociais, aumentar impostos.
recursos disponíveis também.

Política cambial
Os países podem ter os seguintes regimes de taxa de câmbio:

Arranjos sem moeda Controlado ou fixo


distinta O governo define a
Um país abdica de cotação da moeda,
sua própria moeda. também chamado
Exemplo: zona do euro. de âncora cambial.
Exemplo: China.

118
Curso Preparatório CPA20

Bandas cambiais Flutuante


O governo estipula O mercado define
um mínimo e um livremente a cotação das
máximo para as moedas, pela lei da oferta
taxas de câmbio. e demanda. Exemplo:
Estados Unidos.

Flutuante administrado (com intervenção)


No passado, era chamado de regime flutuante sujo. O mercado
livremente define a cotação das moedas, pela lei da oferta e
demanda. No entanto, em caso de desequilíbrio, o governo
intervém comprando ou vendendo a moeda para reestabelecer o
equilíbrio entre elas. Exemplo: Brasil.

Contas externas
Uma economia aberta necessita de um sistema para contabilizar os fluxos de produção e
renda, entradas e saídas de capitais e o comércio de bens e serviços com o exterior. Esses
fluxos são contabilizados em uma conta chamada balanço de pagamentos.

119
Curso Preparatório CPA20

Balanço de pagamentos é o registro das transações de um país com o resto do


mundo. No Brasil, o registro é feito em dólar americano, independentemente do país,
formado por três contas:

Conta corrente ou transações correntes

Formada pelas subcontas

Balança comercial: saldo de exportações menos importações.


Se positivo, há superávit; se negativo, déficit.

Conta de serviços e rendas: receitas e despesas com viagens


internacionais, fretes, seguros, aluguéis, serviços do governo,
pagamento ou recebimento de juros ou dividendos, exportação
ou importação de serviços.

Transferências unilaterais: remessas de recursos ou doações


entre residentes do país e residentes em outros países.

Conta de capitais

Registra o saldo entre as compras de ativos estrangeiros por


residentes no país e a venda de ativos brasileiros a estrangeiros.

Conta financeira

Ativos financeiros recebidos do exterior menos ativos financeiros


enviados ao exterior.
:

120
Curso Preparatório CPA20

DE OLHO NA PROVA
Em alguns conteúdos, o Balanço de Pagamentos é
apresentado com apenas duas contas: transações
correntes e conta de capitais. Nesse caso, a conta de
capitais engloba o capital físico e capital financeiro.

As reservas internacionais são reservas em ativos do Brasil em moeda estrangeira,


para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e para eventualidades como
crises cambiais. O Brasil, como vimos, adota o regime de câmbio flutuante, ou
seja, utiliza recursos das reservas internacionais para intervir no mercado de forma
administrada, com o intuito de conter avanços do dólar perante a moeda local, quando
necessário.

Essas reservas, administradas pelo


Banco Central, são compostas
principalmente por títulos, depósitos
em moedas (dólar, euro, libra
esterlina, iene, dólar canadense e
dólar australiano), direitos especiais
de saque junto ao Fundo Monetário
Internacional (FMI), depósitos no Banco
de Compensações Internacionais (BIS),
ouro, entre outros ativos.

A alocação das reservas internacionais é feita de acordo com as diretrizes de seguran-


ça, liquidez e rentabilidade, nessa ordem, sendo a política de investimentos definida
pela Diretoria Colegiada do Banco Central.

121
Curso Preparatório CPA20

Conceitos básicos de finanças

Após aprender princípios importantes sobre economia, veja alguns conceitos básicos
de finanças. Vamos começar com os índices de reajuste ou indexadores, cuja função
básica, dependendo do que se propõe, é corrigir a desvalorização da moeda. Nesse
contexto, temos as taxas nominal e real, diferenciadas a seguir. Veja!

Taxa nominal
É aquela visível aos participantes de uma tran-
sação, negociada nas aplicações e nos emprés-
timos, usada para atualizar um valor. Por exem-
plo, se um CDB tem uma taxa de 5%, esse é o
valor da taxa nominal, ou seja, a taxa que será
cadastrada no sistema.

122
Curso Preparatório CPA20

Taxa Real
Resultante da diferença entre a taxa de juros
nominal e a inflação do mesmo período por um
de seus índices (IPCA, IGP-M etc.).

A fórmula da taxa real, chamada de fórmula de Fisher, faz


a divisão da taxa nominal pela taxa de inflação, em vez de
subtrair. Isso faz com que o resultado seja um pouco diferente.
1 +Taxa nominal
Taxa real = -1 X
1 +Inflação

Veja esses dois exemplos:

Exemplo 1 Exemplo 2

Taxa nominal 5% e IPCA 2%. Taxa nominal 5% e IPCA -2%.


Se subtrair, a resposta seria 3. Se subtrair, 5 - (-2) = 7
Na fórmula: (1,05/1,02) - 1 . 100 = 2,94% Na fórmula: (1,05/0,98) - 1 . 100= 7,14%

FIXANDO NA MEMÓRIA
Inflação: um pouco menos.
Deflação: um pouco mais.

123
Curso Preparatório CPA20

Juros simples e juros compostos


Juros simples são um percentual de remuneração que incide sobre o capital inicial,
como mostra a fórmula seguinte. É sempre calculado tendo por base o valor do início
do investimento (capital).

J = VP x i x n

Lembre-se de que os juros simples são iguais


a valor presente vezes taxa linear, dividida por
100, vezes o tempo. Para saber o valor do saldo
total, é só somar com o capital.

J = VP x (1 + i) n – 1
VF = VP x (1 + i) n

Já os juros compostos incidem sobre capital


atualizado, ou seja, sobre o valor inicial + juros
de cada período. É exponencial, pois, em vez de
multiplicar, eleva-se ao tempo, com isso, tem-se
o capital atualizado pelos juros para o cálculo do
período seguinte.

Nesse caso, a taxa sempre tem de estar linear, ou seja, dividida por 100 = por cento, e
temos as seguintes variáveis:

J = juros, VP = valor presente, VF = valor futuro, i = taxa, n = prazo.

Acompanhe o exemplo a seguir e lembre-se da importância de prestar atenção às


orientações dadas ao investidor. Considerando o cenário a seguir, e se fosse possível
escolher, qual taxa traria maior retorno?

124
Curso Preparatório CPA20

Exemplo 6% ao mês

Ao dia Ao ano

Juros simples 0,2000% 72,00%

Juros compostos 0,1944% 101,2196%

Vamos analisar as opções:

Quando juros simples é maior

Quando a unidade de tempo requerida é menor do que a


unidade de tempo em que a taxa está expressa.
• Exemplo: o problema apresenta uma taxa ao mês e a
aplicação é para um dia (veja, no quadro, que a uma taxa de
6% ao mês, a taxa ao dia nos juros simples é 0,20%, maior
que no cálculo de juros compostos).

Quando juros compostos é maior

Quando a unidade de tempo requerida é maior do que a


unidade de tempo em que a taxa está expressa.
• Exemplo: a questão apresenta uma taxa ao mês e a
aplicação é para um ano (veja, no quadro, que a uma taxa
de 6% ao mês, a taxa ao ano nos juros compostos é 101,22%,
maior que no cálculo de juros simples).

125
Curso Preparatório CPA20

FIXANDO NA MEMÓRIA
Juros compostos:
Para trás, descapitaliza (perde).
Para frente, capitaliza (ganha).

Taxa de juros equivalentes versus taxa de juros proporcional

Diz-se que duas taxas são


equivalentes quando é utilizada a
capitalização composta e, se forem
aplicadas sobre um mesmo capital,
no mesmo tempo, chegam ao
mesmo resultado.
Exemplo: 2% ao mês é equivalente a
26,82% ao ano.

Em contrapartida, dizemos que duas taxas


são proporcionais quando é utilizado o regime
de capitalização simples. Basta multiplicar ou
dividir a taxa entre os períodos para se chegar
ao resultado.
Exemplo: 2% ao mês é proporcional a 24% ao ano.

126
Curso Preparatório CPA20

FIXANDO NA MEMÓRIA
SP = Simples/Proporcional, formam a sigla São Paulo.
CE = Composta/Equivalente, formam a sigla Ceará.

Outro conceito que devemos ter em mente são os fluxos de pagamentos e de caixa. Veja,
a seguir, os valores que compõem cada uma dessas ferramentas da gestão financeira.

1. Fluxo de pagamentos

• Valor Presente (VP): é o valor investido em uma aplicação na data


atual, ou o valor de um montante no futuro, descontado por alguma
taxa de juros (trazido a valor presente).

• Valor Futuro (FV): é o valor atual do investimento, acrescido dos


juros de determinado período (descontando os pagamentos no meio
desse período, se houver).

2. Fluxo de caixa
• Cupom: taxa de juros em um título de crédito que é paga durante
um período, geralmente semestral.

• Amortização: programação mensal, trimestral, semestral, anual


ou esporádica, no percentual previsto no título.

• Zero cupom: tipo de título que não paga juros durante o seu
prazo de duração. O rendimento total, acrescido do valor principal,
será pago no vencimento do título.

127
Curso Preparatório CPA20

Custo de oportunidade

Custo de oportunidade representa o quanto o


investidor ganharia em um investimento de baixo
risco, ou com “taxa livre de risco”, isto é, trata-
se de um rendimento considerado sem risco
pelo mercado, mesmo apresentando oscilações.
Temos como exemplo a Selic e o CDI.

Já a taxa interna de retorno ou TIR revela a


rentabilidade de um investimento, que, para
ser atrativo, tem de ser maior do que o custo de
oportunidade.

Alavancagem financeira é a utilização de


recursos de terceiros para maximizar os lucros
de uma operação. Os recursos próprios, ou
capital social, são recursos de sócios e exigem
remuneração por meio da geração de lucros.
Os recursos de terceiros são dívidas com
fornecedores, bancos e terceiros, usados no
conceito de alavancagem.

Nesse contexto, é preciso considerar o prazo médio ou duração da carteira, isto é,


o prazo médio ponderado do valor presente dos títulos de uma carteira de renda fixa,
descontados pela taxa de juros vigente, pelos seus respectivos prazos, a decorrer até
o vencimento.

128
Curso Preparatório CPA20

Saiba que é importante conhecer o prazo médio de uma carteira por dois motivos:

Uma carteira de
títulos de taxa
Ele determinará
maior ou menor
PRAZO prefixada está
exposta ao risco da
grau de exposição MÉDIO DE elevação da taxa
ao risco de
mercado. CARTEIRA de juros. A carteira
estará tanto mais
exposta a esse risco
quanto maior for o
prazo médio de seus
ativos.

DICA
As carteiras de prazo mais longo exibem maiores oscilações
de preço, justamente por serem mais arriscadas, portanto,
no longo prazo, tendem a apresentar maior rentabilidade.

129
Curso Preparatório CPA20

Taxa livre de risco

Os diversos ativos nos quais o investidor pode aplicar seu dinheiro têm risco, de forma
que o preço e as taxas oscilam de acordo com ocorrências diversas. Nesse cenário,
temos o risco de mercado que demonstra a volatilidade, a oscilação do preço de um
ativo. São taxas que acompanham o mercado e não possuem volatilidade.
Exemplo: Taxa DI e Taxa Selic.

Da mesma maneira, um ativo é considerado livre de risco quando representa o menor


risco de crédito ao seu investidor, além de possuir o maior nível de liquidez dentro de
uma economia, como, por exemplo:

Ativos livre de risco

No mundo Títulos do Tesouro Americano (Treasuries).

No Brasil Títulos públicos federais (menor risco de crédito e maior liquidez).

130
Curso Preparatório CPA20

FIXANDO NA MEMÓRIA
Ativo livre de risco: título público, refere-se a risco
de crédito.
Taxa livre de risco: taxa pós-fixada. Refere-se a risco
de mercado.

Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)

O custo médio ponderado ou Weighted Average


Cost of Capital (WACC) estuda a captação de
recursos financeiros de uma empresa para que
ela consiga operar, considerando os custos de
cada fonte:
• Capital próprio (emissão de ações).
• Capital de terceiros (emissão de títulos
de crédito).

O CMPC é o custo ponderado do capital de uma


empresa, considerando o retorno esperado dos
sócios no capital próprio e os custos de captação
no capital de terceiros (endividamento).

Portanto, quanto mais alto o CMPC, menos alavancada a empresa está, tem menos
dívidas e, consequentemente, tem mais recursos próprios. É preciso destacar ainda os
seguintes pontos:

131
Curso Preparatório CPA20

• Um alto CMPC significa pouca


dívida e alto capital próprio.
• CMPC baixo significa empresa com
alavancagem financeira.
• Quanto menos alavancada, a
estimativa de lucro da empresa
tende a ser maior, pois tem menos
custo em pagamento de juros.

Retornos históricos e esperados


A análise de um investimento considera uma série de fatores. Embora rentabilidade
passada não garanta rentabilidade futura, é comum o investidor desejar conhecer o
histórico do produto e projetar ganhos futuros. Para isso, ele deverá observar:

Retorno histórico ou observado

É o rendimento obtido no passado, isto é, o histórico de


rentabilidade de um investimento.

Retorno esperado

É o rendimento que se espera obter de um investimento,


sendo, portanto, uma projeção ou expectativa futura.

132
Curso Preparatório CPA20

Chegamos ao final do terceiro módulo do curso. Quanta coisa bacana você já apren-
deu até aqui, não é verdade? Neste capítulo por exemplo, você viu princípios básicos
de economia e finanças.

Esse conteúdo representa de 5 a 10% da prova, ou seja, uma possibilidade de encon-


trar de três a seis questões relacionadas a estes assuntos abordados. Portanto, caso
julgue necessário, releia os trechos em que sentiu maior dificuldade e aproveite todas
as dicas e macetes.

Até o próximo capítulo!

133
Capítulo 4 –
Instrumentos de renda
variável, renda fixa e
derivativos

Este capítulo será dividido em três partes: abordaremos assuntos ligados aos instru-
mentos de renda fixa, variável e, por fim, aos derivativos, citando os profissionais que
atuam nessa área, além de destacarmos os tipos de contratos e tributações utilizados.

Esse é um importante capítulo, pois aborda assuntos que costumam aparecer com
uma frequência de 17 a 25% na prova de CPA 20, isso corresponde a cerca de 11 a 15
questões. Então, vamos começar?

Boa leitura!

134
Curso Preparatório CPA20

G_484189127

Você sabia que podemos dividir os investimentos em dois grandes grupos? Eles po-
dem ser de renda fixa, que são promessas de pagamento, e, nesse caso, o investidor
empresta o seu dinheiro para o emissor de um título representativo da dívida.

O emissor pode ser o Governo (títulos públicos),


Bancos (Certificado de Depósito Bancário
– CDB, poupança, LCI/LCA), Empresas
(debêntures), Pessoas Físicas e Jurídicas
(Cédula de Crédito Bancário – CCB, Cédula de
Crédito Imobiliário – CCI).

Investimentos de renda fixa podem ser negociados no mercado primário ou no mercado


secundário, quando são vendidos para outros investidores antes de seu vencimento.

Em contrapartida, os investimentos de renda variável são ativos que não têm uma
remuneração determinada, mas uma expectativa de valorização. Dependem de
eventos do mercado e, com isso, se valorizam ou desvalorizam e distribuem seus
resultados e outros benefícios aos acionistas.

Veja, a seguir, exemplos desses dois tipos de investimentos.

135
Curso Preparatório CPA20

Renda fixa
Renda variável
Um título público com vencimento em
20 anos pode ser vendido a qualquer Como exemplo, temos as ações,
momento a outro investidor, por meio do que oferecem a seus detentores
Tesouro Direto. a participação societária das
Nos títulos de renda fixa há uma empresas que as emitem. Quando
remuneração determinada, que pode ser um investidor adquire ações,
taxa de juros (prefixada ou pós-fixada) se torna sócio da empresa. As
ou inflação (IPCA, IGP-M etc.). ações formam o capital social
da companhia, que, junto com
as demais contas (resultado,
reservas), formam o patrimônio
líquido dela.

Captação de recursos por empresas


As empresas precisam captar recursos que garantam seu funcionamento e a execu-
ção de seu planejamento. Quando têm a necessidade de captar recursos para seus
projetos, capital de giro, ou mesmo desencaixes, podem fazê-lo por meio de:

136
Curso Preparatório CPA20

2
1 3
Emissão de novas ações
Captação de recursos
Empréstimo em bancos por meio do aumento do Captação de capital de
capital social, impactando terceiros diretamente
Pode ocorrer através de
o Patrimônio Líquido. de investidores
linhas de crédito especiais
para capital de giro ou Nesse caso, aumentará Ocorre quando a
financiamentos, como o o capital dos sócios. As empresa busca capital
BNDES, ou outros créditos ações são ativos de renda de terceiros, emitindo
com um custo mais variável. títulos, como debêntures
elevado, como um crédito e notas promissórias,
rotativo, crédito parcelado que são instrumentos
ou outro. de renda fixa, com
taxas determinadas
contratualmente e os
colocando à venda
diretamente ou por meio
de corretoras.

137
Curso Preparatório CPA20

Instrumentos de renda variável


A partir de agora, vamos conhecer os principais conceitos relacionados à renda variá-
vel, importantes tanto para os investidores que precisam compor suas carteiras de in-
vestimentos quanto para as empresas, para ajudá-las na definição do financiamento
que pode otimizar a sua estrutura de capital e criar valor para seus acionistas.

Vamos começar com as ações, que são títulos emitidos por sociedades anônimas que
representam a propriedade de uma fração do capital social da companhia. Quem in-
veste em ações é proprietário de uma parte da sociedade anônima, tornando-se acio-
nista e participando de seus resultados.

ATENÇÃO
Uma ação é a menor parte do capital de uma sociedade
anônima. As ações são escriturais, comprovadas por
extratos, certificados ou recibos (Depositary Receipt – DR).

138
Curso Preparatório CPA20

Nesse contexto, temos a negociação


pública, que ocorre quando a
negociação dos ativos aos investidores
acontece por meio de mercados
organizados, como a bolsa de valores.
Outra forma, negociação privada
ocorreria diretamente entre o
interessado e o acionista da empresa,
sem passar pelo ambiente de bolsa.

Lembrando que, para a negociação pública no


mercado de valores mobiliários, é necessário o
registro na CVM.

Nesse ponto, é válido citarmos as companhias de capital aberto e fechado e as


negociações no mercado imobiliário.

VÁ FUNDO
De acordo com o art. 4º, da Lei n. 6.404:
“uma companhia é aberta ou fechada conforme os valores
mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos
à negociação no mercado de valores mobiliários”.
Para saber mais, acesse o link seguinte:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404com-
pilada.htm

139
Curso Preparatório CPA20

Sendo assim, podemos definir as companhias de capital aberto e fechado como:

S.A. de capital aberto


Qualquer pessoa pode ser sócia. S.A. de capital fechado
Suas ações são negociadas
A aquisição de capital pode ser
publicamente, em bolsa de valores
feita apenas mediante autorização
ou mercado de balcão organizado,
dos demais sócios em assembleia,
desde que atendidas as exigências
que geralmente são poucos.
da CVM. Temos, nesse caso,
pulverização de ações.

As ações podem ser classificadas ainda como ordinárias ou preferenciais nominativas.


A tabela a seguir mostra a diferença entre elas.

Ordinárias Nominativas ON
• Garantem o direito a voto nas assembleias de
acionistas, nas quais são tomadas as decisões
estratégicas da companhia.
• Na bolsa são identificadas com o número 3.
Exemplo: PETR3.

Preferenciais Nominativas PN
• Garantem a preferência no recebimento de
dividendos em relação às ordinárias.
• Recebem um percentual de no mínimo 10% a
mais de remuneração em relação às ordinárias,
mas não dão direito a voto.
• São identificadas na bolsa com os números
4, 5 ou 6, de acordo com a classe de direitos e
restrições. Exemplo: AZUL4.

140
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
É preciso acrescentar que as ações são chamadas
nominativas porque estão em nome do acionista e, caso
não haja resultados por três anos consecutivos, as ações
preferenciais adquirem o direito a voto até a regularização
da situação.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Atenção nessa dica para guardar a diferença entre as
ações ordinárias e preferenciais.
Ordinária: dá ordens (voto).
Preferencial: tem preferência no dinheiro (dividendos).

BDR e ADR
Os BDRs, ou Brazilian Depositary Receipt, são recibos de empresas não brasileiras ne-
gociadas no Brasil, que podem ser:

Não patrocinados Patrocinados

Acontece quando uma


instituição depositária, Ocorre quando as próprias
sem o envolvimento da empresas disponibilizam seus
companhia estrangeira, valores mobiliários para serem
lança a negociação desses negociados no Brasil.
certificados no Brasil.

141
Curso Preparatório CPA20

Já os ADRs, ou American Depositary Receipt, são recibos de ações de empresas


não americanas, como por exemplo, de empresas brasileiras, negociadas nos EUA. As
ações ficam custodiadas em um banco no Brasil e servem de lastro para as ADRs na
bolsa americana. Vale lembrar que os acionistas que adquirem ações na bolsa do país
de origem ou um ADR da empresa nos EUA têm os mesmos direitos.

RESUMINDO
ADR BDR
Recibos de
CONCEITO Recibos de empresas empresas não
não americanas brasileiras
negociados nos EUA. negociadas
no Brasil.

AGO e AGE
A Assembleia Geral Ordinária (AGO) deve acontecer anualmente, nos quatro pri-
meiros meses seguintes ao término do exercício social, com as seguintes atribuições:

• Analisar as contas do administrador


e deliberar sobre as demonstrações
financeiras por eles apresentadas.

• Deliberar sobre a destinação do lucro


líquido do exercício e a de dividendos.

• Aprovar a correção da expressão


monetária do capital social.

• Eleger os administradores e os
membros do Conselho Fiscal, quando
for o caso.

142
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Há também, a Assembleia Geral Extraordinária (AGE),
que trata de assuntos de interesse dos sócios, não
previstos na AGO, como por exemplo, alterações no
estatuto social.

Considerando esse contexto, vale enfatizar quais são os direitos dos acionistas,
elencados a seguir.

Voto
O acionista tem direito a votar na Assembleias:
uma ação ordinária corresponde a um voto. A
ação preferencial não tem direito a voto, com
exceção do caso de ficar três anos sem receber
dividendos.

Participação nos lucros


Os lucros serão divididos de acordo com a
quantidade e categoria de ações, conforme os
eventos constantes no próximo item.

143
Curso Preparatório CPA20

Participação no acervo em caso


de liquidação
Os acionistas participam do acervo final na
liquidação da empresa, como sócios são os
últimos na escala de recebimento.

Fiscalização
O acionista elege o Conselho Fiscal, responsável
por fiscalizar a companhia em seu nome.

Preferência de subscrição
Ocorre quando a empresa necessita de
recursos para financiar investimentos ou
modificar sua estrutura de capital e decide
lançar novas ações no mercado. O acionista tem
o direito de subscrever ações em quantidade
proporcional à já possuída.

Retirada da sociedade
O acionista tem o direito de vender livremente
suas ações, e, caso não possa fazê-lo, retirar-
se da sociedade mediante aprovação da
Assembleia Geral ou de demanda judicial.

144
Curso Preparatório CPA20

Sobre a preferência de subscrição é preciso deixar claro que, para incentivar o inves-
timento adicional nas novas ações, a empresa procura estabelecer um preço de emis-
são inferior à cotação em bolsa de valores. Se o acionista quiser, ele pode vender o seu
direito (bônus de subscrição). Logo, quem adquire um bônus de subscrição tem o
mesmo direito do acionista que o recebeu.

DICA
Lembre-se de que o direito de subscrição confere o
direito de comprar novas ações e manter sua participação
relativa no capital.

Remuneração dos acionistas


Quando se fala em investimentos e acionistas, logo surge questionamentos sobre
como se dá a remuneração desses profissionais. Podemos dizer, inicialmente, que ela
pode ocorrer de três maneiras: ganhos de capital, de lucros e por subscrição.

145
Curso Preparatório CPA20

Os ganhos de capital se referem à diferença positiva entre o preço de venda e o pre-


ço de compra de uma ação. Um acionista tem ganho de capital quando efetivamente
vende o ativo por um valor superior ao que pagou na compra, pois, enquanto não o
vender, poderá sofrer oscilações.

A remuneração por ganhos de lucros pode ocorrer devido a dividendos, bonificações


ou juros sobre o capital próprio. Vamos entender melhor cada uma delas? Acompanhe!

Dividendos
É a dos lucros da Companhia. É a única forma
de lucros que é obrigatória. O percentual do
lucro a ser distribuído como dividendos deve
estar previsto no Estatuto Social. Os dividendos
são distribuídos na conta corrente do acionista.

Bonificações
É uma forma de facultativa de lucros, na qual
são disponibilizadas, proporcionalmente ao
capital de cada acionista, novas ações, de
forma gratuita, aumentando o capital por
incorporação de reservas e lucros.

Juros sobre Capital Próprio


É uma forma de facultativa de lucros. Incide
15% de Imposto de Renda na fonte, ou seja, o
valor creditado em conta corrente é líquido de
IR. No entanto, a empresa, ao pagar juros sobre
o capital próprio, poderá contabilizar esse valor
como despesa, o que reduzirá a sua própria
base de cálculo para tributação.

146
Curso Preparatório CPA20

Para ganhos de lucros por dividendos, caso não haja previsão estatutária, será de
no mínimo 50% do lucro líquido (art. 202 da Lei n. 6.404). A lei também fala de que se
os estatutos forem omissos e a assembleia decidir incluir um percentual mínimo, ele
deverá ser de pelo menos 25% do lucro líquido.

ATENÇÃO
Em dividendos e bonificações, não há o IR para o investi-
dor, porque a empresa já tributou esse valor nos juros ao
capital, no entanto, quem paga o imposto é o investidor.

RESUMINDO
Juros ao
Dividendos Bonificação
capita

Obrigatoriedade Obrigatório Facultativo Facultativo

Imposto de
Não tem 15% na fonte Não tem
Renda

Pago na Pago na
Aumenta a
conta conta
Destinação quantidade de
corrente do corrente do
ações
acionista acionista

Nesse ponto, é preciso fazer um parêntese para mencionarmos as ações ex (dividen-


dos, juros, bonificações). Uma ação recebe esse nome quando está sendo negociada
sem os direitos da distribuição e lucros de anteriores, pois já foram provisionados em
nome do acionista anterior.

147
Curso Preparatório CPA20

O valor de mercado de uma ação é precificado de acordo com os resultados a distribuir


da empresa. Após a distribuição dos resultados, o valor das ações pode sofrer o im-
pacto desta distribuição. A empresa comunica que serão distribuídos dividendos para
os detentores das ações em uma certa data, os valores ficam provisionados até uma
data futura de efetivo pagamento. Nesse período, se as ações forem negociadas, terão
impacto em seu preço.

DICA
Ações ex são negociadas sem o direito dos dividendos,
juros ou bonificação já provisionados. Depois disso, esse
direito é restabelecido.

Por fim, temos a terceira forma de remuneração, a subscrição. Ela é uma operação
para o aumento do capital de uma empresa que já possui as ações à venda na bolsa, e
ocorre quando a empresa necessita de recursos para financiar investimentos ou mo-
dificar sua estrutura de capital e decide lançar novas ações no mercado. Possui, ainda,
as seguintes características:

148
Curso Preparatório CPA20

Para incentivar o Caso o investidor não


Para não haver prejuízo em
investimento adicional nas queira adquirir as novas
seu percentual total sobre
novas ações a empresa ações, poderá vender
o capital da sociedade,
procura estabelecer um o seu direito, que é
o acionista tem o direito
preço de aquisição para os formalizado como “direito
de adquirir ações em
acionistas inferior à cotação de subscrição”.
quantidade proporcional à
em bolsa de valores.
que possui.

E quais são os direitos dos acionistas na tomada de decisão de uma sociedade? O di-
reito de representação conta com dois tipos de acionistas: o controlador, que
possui 50% + 1 das ações ordinárias, e o minoritário, que tem o direito de voto. Eles
atuam da seguinte maneira:

Acionista minoritário
Acionista controlador
Tem o comando, pois cada ação Como sua opinião é minoritária,
dá direito a um voto. Pode haver não impactará o resultado. Possui
o direito de se manifestar e ser
blocos de controle, nos quais os
representado. Caso não concorde,
acionistas se reúnem para ter o
tem o direito de retirada da
controle decisório.
sociedade.

149
Curso Preparatório CPA20

Oferta primária e secundária

Oferta primária
Na oferta primária de ações (underwriting),
a empresa faz uma emissão de novas ações
para colocação junto ao público. Desta forma,
a empresa capta novos recursos, impactando a
relação capital próprio/capital de terceiros.

Oferta secundária
Em contrapartida, na oferta secundária de ações,
não ocorre emissão de novas ações, há apenas
a especificação das condições em que um
determinado lote de ações, pertencente a algum
acionista, que será colocado no mercado. Nesse
caso, um grande investidor pode fazer uma oferta
de um grande lote, o que é conhecido como
block trade (venda de um bloco de ações), o que
impacta significativamente o mercado.

FIXANDO NA MEMÓRIA
• Underwriting: subscrever, aumenta o capital.
• Blocktrade: venda de um grande bloco de ações para
outros investidores.

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Curso Preparatório CPA20

Precificação
Vamos abordar, a partir de agora, os aspectos relevantes na precificação de uma ação.
Para tanto, apresentaremos a seguir indicadores e análises que determinam o preço
de uma ação, um título ou ativo.

P/L: índice Preço/Lucro VE/EBITDA: Valor da empresa

• Indicador que avalia o prazo em • Earning Before Interest, Taxes,


anos para a recuperação do capital Depreciation and Amortization
investido, dada estimativa de lucro (EBITDA) indica o lucro antes de
por ação. juros, impostos, depreciações e
• PL: cotação da ação/lucro da amortizações.
ação, portanto, quanto menor,
melhor.

FIXANDO NA MEMÓRIA
A Interpretação correta para P/L e VE/EBITDA é:
quanto menor, melhor, pois é necessário menos tempo
para recuperar o valor investido.

151
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Quanto às análises, temos a técnica (ou grafista) e a fundamentalista. A técnica es-


tuda o comportamento do preço dos ativos no passado, considerando a premissa de
que os preços se movem em tendências. Tem um suporte, uma linha de tendência de
preço mínimo, e uma resistência, que é uma orientação de preço máximo, que, quan-
do rompidos, estabelecem uma nova tendência.

É indicado para investidores que objetivam o


curto prazo, comprando com o preço na baixa e
vendendo na alta (analisa o passado).

Por outro lado, a análise fundamentalista é uma forma de determinar o valor de um


título, concentrando-se em fatores que afetam o negócio de uma empresa e suas
perspectivas futuras, podemos dessa maneira classificá-la como uma análise econô-
mico-financeira e mercadológica.

A tendência é determinada por


fatores econômicos e pelo próprio
desempenho da empresa, por meio de
dados econômico-financeiros obtidos
pelo Balanço Geral, Relatório Anual ou
Informações Trimestrais, análise de
balanço e os projetos futuros (analisa
estado atual e futuro).

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A análise fundamentalista avalia a saúde financeira das empresas, projeta seus re-
sultados futuros e determina o preço justo para as suas ações, além de levar em conta
os fatores macro e microeconômicos (setoriais e empresariais), já que as empresas
não dependem só delas mesmas.

RESUMINDO
Análise técnica ou grafista: analisa o histórico, passado.
Análise fundamentalista: analisa o presente e o futuro.

Processos de desdobramento e grupamento de ações

As negociações em bolsa ocorrem, na sua maioria, em lotes. No Brasil, o lote padrão


é 100 ações. Existe o mercado fracionado, no qual inclui-se a letra “F” no código do
ativo, para negociar quantidades inferiores a um lote (de 1 a 99 ações). No entanto, o
mercado fracionário, por ter um volume menor, tem menos liquidez. Exemplo: PETR4F.

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Se uma ação tem um valor muito alto, pode


dificultar a negociação. Por outro lado, ações
com valores muito baixos podem trazer um
efeito psicológico negativo de que não têm
valor.

Para evitar sansões e restrições, há dois eventos que têm como objetivo aumentar a
liquidez de suas ações no mercado:

Inplit
Split
• É o grupamento de ações de
• É o desdobramento de
menor valor, reduzindo o número
ações que têm cotação em
de ações em circulação sem alterar
valores elevados. Com esse
o valor do Patrimônio Líquido.
procedimento, há um aumento
da quantidade de ações, sem • A bolsa brasileira tem a
que seja alterado o valor do recomendação de que as ações com
Patrimônio Líquido. valor de mercado abaixo de R$ 1,00,
chamadas penny stocks, que ficam
• É como se fosse trocada
por mais de 30 dias com cotação
uma nota de R$ 100,00 por dez
: abaixo desse valor, terão seis meses
notas de R$ 10,00, o valor total
para se reenquadrar ou agrupar.
continuaria o mesmo.
Caso contrário podem ter sansões,
inclusive ser retiradas da bolsa.

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Para compreender melhor a ideia do split, suponha que as ações da empresa XXX são
negociadas a R$ 300,00. Como o lote padrão é de 100 ações, é preciso R$ 30 mil para
se adquirir um lote de ações. Para melhorar a negociação, a empresa resolve fazer um
split, mostrado no infográfico seguinte.

12 ações

Split Ação de
R$300,00 R$ 25,00
cada

Como você pode observar, o split faz com que uma ação seja desdobrada em mais
ações, preservando o valor total e, com isso, melhorando sua liquidez. No exemplo an-
terior, a ação de R$ 300,00 foi fragmentada em 12 partes de R$ 25,00 cada.

Vale complementar que, no inplit, o grupamento das ações é uma alternativa viável,
visto que reduz a quantidade, mas o valor patrimonial total é mantido. É como se fos-
sem trocadas 100 moedas de R$ 1,00 por dez notas de R$ 10,00. O valor total conti-
nuaria o mesmo, o que mudaria é a quantidade de ativos em circulação.

10 notas

Inplit 100
moedas
R$ 10,00

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RESUMINDO
Desdobramentos e grupamento de ações:

Split
Ação Ação Inplit

Ação Ação
Ação Ação

Governança Corporativa
Sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas. São re-
comendações objetivas, que alinham os interesses com a finalidade de se preservar e
otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a
sua longevidade.

ATENÇÃO
A B3 instituiu princípios básicos para classificar as
empresas, de acordo com regras de governança,
como transparência, equidade, prestação de contas
e responsabilidade corporativa.

156
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De acordo com as regras de governança, as empresas são classificadas como:

Nível 2 (N2)
Novo mercado e Nível 1 (N1) Tradicionais

São segmentos
Empresas com a especiais de listagem
adoção de práticas de empresas, Possuem
de Governança para proporcionar menos regras
Corporativa um ambiente de de Governança
adicionais ao que negociação que Corporativa.
é exigido pela estimule o interesse
regulamentação dos investidores e
brasileira. a valorização das
companhias.

Com o novo mercado, a valorização e a liquidez das ações são influenciadas positi-
vamente pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas
e pela qualidade das informações prestadas pelas companhias. Há emissão de ações
ordinárias, apenas, tag-along de 100% para todos os acionistas.

Não podemos deixar de dizer que os modelos de


governança nível 1 (N1) e nível 2 (N2) oferecem
a seus acionistas melhorias nas práticas de
Governança Corporativa, ampliam os direitos
societários dos acionistas minoritários e
aumentam a transparência das companhias,
por meio da divulgação de maior volume de
informações e de melhor qualidade, facilitando
o acompanhamento de sua performance.

157
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Eventos de Governança Corporativa


Os principais eventos de Governança Corporativa são:

Trata-se da extensão do prêmio de controle, direito conferido a


acionistas minoritários em caso de alienação (venda) de ações
realizada pelos controladores da companhia. A alienação, direta
ou indireta, do controle de companhia aberta somente pode ser
contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o
Tag-along
adquirente se obrigue a fazer oferta pública de aquisição das
ações com direito a voto de propriedade dos demais acionistas
da companhia. Dessa forma, fica assegurado o preço no
mínimo igual a 80% do valor pago por ação com direito a voto,
integrante do bloco de controle.

É o período após a colocação primária das ações, durante o


qual os controladores (acionistas originais) não podem vender
suas ações. As empresas que se listarem no Novo Mercado
(NM) devem seguir a seguinte regra: até o sexto mês seguinte
à oferta inicial, os controladores não podem vender nenhuma
ação, e do sétimo mês até o final do primeiro ano após a
Lock-up period emissão, podem vender, no máximo, 40% de suas ações.
O objetivo do mecanismo de lock-up period é transmitir maior
segurança aos investidores, de que os empreendedores, ao
realizarem uma oferta de ações, não pretendem se desfazer das
ações da empresa, mas buscar sócios para financiar a expansão
de suas atividades.

Flutuação livre. Refere-se às ações que uma empresa


destina à livre negociação na bolsa de valores. Quanto
Free float maior o free float, maior a liquidez diária das ações de uma
empresa, pois há mais ações a negociar.

Câmara de É o foro mais adequado para resolver disputas societárias


ou relacionadas ao mercado de capitais. A CAM oferece
Arbitragem
um ambiente independente, sigiloso, ágil e econômico para
de Mercado a solução de controvérsias, pautado nas diretrizes da Lei
de Arbitragem.

O quadro a seguir mostra a classificação de acordo com a governança, mostrando re-

158
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sumidamente os principais fatores da Governança Corporativa. Observe!

Legislação
Lei n. 10.303 Nível 1 Nível 2
(Tradicional)

Tag-along 80% ON 80% ON 100% ON e PN 100% ON

Proporção
50% (para novas companhias) 100% ON
PN/ON

Free Float Não há 25%

Mínimo de cinco membros,


Mínimo três membros, eleitos
com mandato de dois anos.
Conselho de pela Assembleia Geral, com
É permitida a reeleição. 20%
Administração mandato não superior a três
dos conselheiros devem ser
anos. É permitida a reeleição.
independentes.

Câmara de
Arbitragem de Não Sim
Mercado

Lock-up period 100% 6 meses


(Apenas IPO) 60% 1 ano

Perceba, no quadro seguinte, quais são as principais diferenças entre os níveis:

1 2 3

Nível 2: cinco membros Novo mercado: somente


Nível 1: free float,
no conselho, câmara de ações ordinárias e lock-up
tag-along 80%.
arbitragem, tag-along 100%. period.

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Nesse contexto, é válido acrescentarmos os conceitos a seguir.

Circuit breaker
Circuit breaker, ou, em português, corte de
circuito, é um mecanismo de interrupção de
um pregão. Se a bolsa cair 10%, será paralisada
por 30 minutos. Se persistir a queda e cair 15%,
haverá 60 minutos de paralização.

Lote-padrão
Refere-se à quantidade de ações definida pela
bolsa de valores para facilitar as negociações.

Mercado Fracionado

99
Nome dado a negociações de 1 a 99 ações.
Acrescenta-se a letra F ao código da ação.
Ex.: B3SA3F

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Clubes de investimento

O clube de investimento é um condomínio


constituído por no mínimo 3 e no máximo 50
Pessoas Físicas, para aplicação de recursos
prioritariamente em ações. Caso os investidores
possuam algum vínculo empregatício ou
associativo, não haverá limitação de número
máximo de integrantes.

ATENÇÃO
O objetivo é juntar recursos para ganhar volume, diluindo
os custos de negociação. Em um clube de investimentos,
o investidor pode participar das decisões na escolha dos
ativos. Um único investidor não poderá concentrar mais
de 40% do Patrimônio Líquido.

Para clubes de investimentos, considere os valores a seguir.

Composição carteira Imposto de Renda

Mínimo de 67% em ações. O restante pode 15% no resgate, retido na fonte. Não há
estar em outros ativos, ou a totalidade isenção de IR para Pessoa Física. Não
em ações. incide IOF.

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Curso Preparatório CPA20

Os clubes de investimentos são


alternativas para pequenos investidores
que querem debater ideias para investir
em ações, ou então soluções para
grupos familiares que movimentam
grandes fortunas. Isso é vantajoso
pois, ao comprar diretamente ações,
têm-se em cada operação de troca de
ativo (vender um para comprar outro) a
incidência de Imposto de Renda, já em
um clube de investimentos as trocas de
ativos não são tributadas e o IR só será
devido se houver resgate.

Veja no quadro seguinte a diferença entre um fundo de ações e um clube


de investimentos.

Clube de
Fundo de ações
investimentos

Número de cotistas Ilimitado 3 a 50

Concentração de recursos por Máximo de 40% do


Não tem
cotista PL

Pode opinar na es-


Escolha dos ativos 67%
colha dos ativos

Percentual mínimo em ações 67% 67%

Tributação de IR 15% 15%

IOF Não tem Não tem

Isenção de IR para PF Não tem Não tem

162
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Tributação em renda variável

Para a negociação de ações, o investidor deve ter uma conta em corretora, na qual
realiza suas movimentações. Ao vender suas posições, precisa calcular e recolher o
Imposto de Renda, de acordo com as regras seguintes:

1 2 3
Regra 3
Regra 1 Regra 2 Com o objetivo de
O Imposto de Renda Se o investidor for controlar o Imposto de
será de 15% sobre Pessoa Física e Renda a pagar, que é
os ganhos líquidos vender até R$ 20 calculado e recolhido
(diferença entre o mil por mês, terá pelo investidor por meio
valor de compra e isenção de Imposto de DARF, será retida na
o valor de venda, de Renda. A regra fonte a alíquota de 0,005%
descontando não se aplica para sobre o valor da venda
as despesas de Pessoas Jurídicas. das ações, a título de
negociação), antecipação, valor que
calculado e recolhido poderá ser deduzido da
através de DARF, tributação total do DARF a
pelo próprio recolher, ou restituído na
Contribuinte. declaração anual de IRRF.

O Imposto de Renda deverá ser recolhido via DARF até o último dia do mês seguinte
ao fato gerador, e não há incidência de IOF.

Em day trade, ou seja, operações de compra e venda do mesmo ativo no mesmo dia,
o Imposto de Renda retido na fonte, a título de antecipação, será de 1% sobre o resul-
tado positivo diário (diferença entre o valor de compra e o valor de venda).

163
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
A tributação total de IR, nesse caso, será de 20% sobre os
ganhos, recolhidos mensalmente via DARF. Lembre-se de
que, em operações day trade, não há isenção de IR para
Pessoa Física.

RESUMINDO
O quadro abaixo mostra um resumo de tributação de IR.

Alíquota Alíquota
Operação Isenção
na fonte DARF

Pessoa
0,005% Física, se
Operações 15% sobre
sobre o valor vender até
tradicionais ganhos
da venda R$ 20 mil/
mês
1% sobre
20% sobre
Day trade o valor do Não tem
ganhos
ajuste diário
Clube de 15% sobre
Não tem Não tem
investimento rendimentos

Fundos de 15% sobre


Não tem Não tem
ações rendimentos

164
Curso Preparatório CPA20

Compensação de perdas e despesas


Você sabia que os prejuízos acumulados nas operações realizadas em bolsa de valo-
res podem ser deduzidos dos lucros auferidos em operações de mesma natureza? Ou
seja, operações à vista com operações à vista, day trade com day trade e fundos imo-
biliários negociados em bolsa com fundos imobiliários negociados em bolsa.

Não há prazo para a compensação das


operações realizadas em bolsa, desde que haja
o registro delas. Para que a compensação seja
feita em anos seguintes, o prejuízo deve ser
informado na declaração anual de IR.

VÁ FUNDO
As regras de Imposto sobre a Renda incidente sobre os
rendimentos e ganhos líquidos nos mercados financeiro e
de capitais encontram-se na IN RFB n. 1585/15.
Para acessar, clique no link:
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/
link.action?idAto=67494&visao=anotado

ATENÇÃO
Também poderão ser deduzidas da base de cálculo do IR
as despesas de corretagem, emolumentos e custódia.

165
Curso Preparatório CPA20

Encerramos todos os tópicos sobre os instrumentos variáveis. Prossiga com sua leitu-
ra para conhecer quais são os instrumentos utilizados para renda fixa.

Instrumentos de renda fixa


Os instrumentos de renda fixa são contratos que resultam em ativos financeiros para
um lado e passivos financeiros para o outro. Ou seja, quando um investidor faz uma
aplicação, ele empresta o seu dinheiro para o banco, que fica lhe devendo até o dia do
vencimento ou do resgate.

Logo, dizemos que títulos de crédito, ou títulos de emissão de dívida, são promessas
de pagamento, “empréstimos” que o investidor faz ao emissor.

A renda fixa pode ser:

Prefixada Pós-fixada

Ocorre quando o valor dos rendimentos é Nesse caso, a taxa é determinada


determinado no momento da aplicação, na aplicação. No entanto, o valor do
e o investidor já sabe o valor do vencimento só será conhecido no resgate,
vencimento. pois a taxa se forma durante o prazo.

166
Curso Preparatório CPA20

O infográfico a seguir mostra a definição dos principais conceitos dos instrumentos de


renda fixa. Acompanhe com atenção.

Data de emissão
Data de origem do título.

Valor nominal
É o valor de face do título.

PU
Data de origem do título.

Juros acruados
Valor da remuneração do título desde a data
de emissão até o momento atual.

Cupom
É o pagamento periódico de juros. Ajusta a
remuneração ao custo de oportunidade do mercado.

167
Curso Preparatório CPA20

Títulos zero cupom


Títulos que não possuem pagamentos
periódicos de juros.

Vencimento
Determinado na escritura, pode ser vencimento único
ou por séries. Debentures podem ser emitidas também
com vencimento apenas no caso de inadimplência, não
cumprimento de uma obrigação ou dissolução da CIA,
denominada debenture perpétua.

Amortizações
Pagamento de parte do capital antes do vencimento.

Aquisição facultativa (recompra)


Debêntures podem ser emitidas com cláusula de
recompra, desde que com valor igual ou menor.

Títulos públicos federais


Os títulos públicos são papéis de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional, com o ob-
jetivo de cobrir o déficit público da União e representa a dívida interna do Brasil. Por
ser emissão do governo, não contam com garantia do FGC e são considerados zero
risco de crédito, ou, na linguagem internacional, risk free, pois são considerados os
títulos mais seguros de um país.

168
Curso Preparatório CPA20

Os títulos são emitidos com taxas


atreladas ao IPCA, prefixadas ou
pós-fixadas, com prazos entre um
e 30 anos, e podem ser vendidos no
mercado secundário, o que garante
maior liquidez.

DICA
Além da rentabilidade definida em cada papel, os títulos
sofrem os impactos da marcação a mercado, ou seja, caso
a venda aconteça antes do vencimento, seu preço será o
valor que o mercado está disposto a pagar, considerando
as demais opções que possui, os riscos e oscilações.

Tipos de títulos públicos


Temos três tipos de títulos públicos: Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA.
Veja a seguir suas características e definições.

169
Curso Preparatório CPA20

Tesouro Selic
Antiga Letra Financeira do Tesouro (LFT), define
sua remuneração definida por meio da taxa
Selic Diária, acompanhando as oscilações do
mercado e, por isso, é considerado o título mais
conservador do mercado financeiro, razão pela
qual é indicado em cenários de alta da taxa de
juros, já que as acompanha.

Tesouro Prefixado

São títulos públicos com remuneração


prefixada, o que quer dizer que eles travam a
rentabilidade do papel, portanto, são indicados
em cenários de queda de taxa de juros.

O tesouro prefixado se subdivide com relação ao tempo de pagamento de juros em:

Tesouro prefixado
Antiga Letra do Tesouro Tesouro prefixado com
pagamentos semestrais
Nacional (LTN): a
remuneração é prefixada, Antiga Nota do Tesouro Nacional série
porém, o título é vendido com F (NTN-F): a remuneração é prefixada,
desconto, como se fosse uma porém, os pagamentos dos juros são
antecipação de recebível. semestrais (também chamado de cupom
semestral de juros), e o principal será pago
no vencimento.

Por fim, temos o Tesouro IPCA, que são títulos públicos com taxa mista, corrigidos
pelo IPCA mais uma taxa de juros prefixada, o que garante um ganho real, acima da
inflação, preservando o poder de compra. Neste caso, há duas modalidades:

170
Curso Preparatório CPA20

Tesouro IPCA+
Antiga NTN-B Principal, é
Tesouro IPCA+ com juros semestrais
corrigida por um cupom
de juros e o IPCA, nesta Antiga Nota do Tesouro Nacional série
modalidade, a remuneração B – NTN-B, será corrigido pelo IPCA mais
total, é pago no vencimento uma taxa de juros. Nesta modalidade,
(principal: juros no final). pagam-se os juros semestralmente
(cupom de juros).

Importante ressaltar que os títulos com cupom semestral, que são os pagamentos pe-
riódicos de juros, têm risco de reinvestimento, pois, como os rendimentos são pagos
em conta, deverão ser reinvestidos pelas novas condições de mercado.

RESUMINDO
Acompanhe o quadro seguinte, que apresenta as princi-
pais características dos títulos públicos:

Tesouro Tesouro
Prefixado Tesouro IPCA+
Título público
com juros IPCA+ com juros
Tesouro Tesouro semestrais semestrais
Selic Prefixado

NTN-B
Denominação Principal
LFT LTN NTN-F NTN-B
antiga NTN-B
Principal
Prefixada, IPCA+
Prefixada, IPCA+
Selic vendida juros
Rentabilidade com juros Juros
diária com semestrais
semestrais prefixados
desconto prefixados

171
Curso Preparatório CPA20

O Tesouro Nacional é o órgão central


responsável pela administração financeira do país
e por emitir títulos públicos após a autorização do
CMN e resgatá-los em seu vencimento.

O Banco Central, banco do governo, faz as


negociações dos títulos por meio de leilões.

Você sabia que os títulos públicos podem ser negociados por emissões diretas, para
a troca de perfil de dívida? Outras três maneiras de negociá-los são elencadas a se-
guir. Veja!

172
Curso Preparatório CPA20

Mercado primário
Leilões do Banco Central para colocação ou recompra de títulos por leilão formal,
dos quais participam todas as instituições financeiras, ou, ainda, por leilão
informal, chamado de go-around, participam apenas os dealers, instituições
financeiras legalmente autorizadas a atuar no mercado em nome do BCB.

Mercado secundário
É a troca de reservas bancárias mantidas em títulos públicos pelos bancos ou
negociações entre investidores, ou Tesouro Direto para Pessoas Físicas. Não há
geração de caixa para o governo, pois os títulos apenas trocam de mãos. Dá liquidez
ao mercado.

Tesouro direto
Trata-se de negociação de títulos públicos pela internet, para Pessoas Físicas.
O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional, desenvolvido em parceria
com a B3, para que as Pessoas Físicas pudessem negociar facilmente com títulos
públicos, democratizando o investimento e facilitando o acesso.

É preciso enfatizar que, para negociar títulos


públicos pelo Tesouro Direto, é necessário ter
uma conta em uma corretora ou banco para a
liquidação financeira e a custódia dos títulos.
O valor mínimo para as negociações é de 0,01
título, respeitado um mínimo de R$ 30,00.

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ATENÇÃO
Temos as emissões diretas para troca de perfil de dívida.

Quanto aos custos para o investidor, são cobradas duas taxas para se investir em
títulos públicos:

Taxa de custódia cobrada pela Taxa de custódia cobrada


instituição financeira: de livre pela B3: a partir de janeiro
negociação. Várias corretoras de 2022, a taxa de custódia
isentam o investidor dessa de títulos públicos, cobrada
taxa, que remunera o serviço pela B3, passou a ser 0,20%
de efetuar a custódia em nome ao ano, calculada diariamente
do investidor. sobre o saldo e recolhida
semestralmente.

DICA
Para investimentos abaixo de R$ 10 mil, não há cobrança
da taxa.

174
Curso Preparatório CPA20

A B3 fornece a infraestrutura necessária para as negociações do Tesouro Direto e


mantém estrutura de contas de custódia no Selic (depositário central de títulos públi-
cos), em nome dos agentes de custódia, para controle de titularidade, recebimento de
proventos e liquidação financeira deles, cobrando a taxa de custódia por esse serviço.

ATENÇÃO
É importante o investidor conhecer o seu perfil, os riscos
de mercado e as características de cada título, assim
como a adequação a seus objetivos antes de investir.

Os títulos públicos prefixados, ou que possuem uma parte da remuneração prefixada,


possuem risco de mercado com a oscilação de seus preços. Isso porque uma taxa
prefixada trava a rentabilidade até seu vencimento. Além disso:

Como o rendimento do título está travado


na taxa pactuada, caso os juros subam no
mercado, os lucros do título não acompanham
a alta.

Os títulos prefixados são marcados a


mercado, o que impacta a sua remuneração,
que é informada no extrato do investidor.

175
Curso Preparatório CPA20

VÁ FUNDO
Para saber mais, vale a pena ler sobre marcação a merca-
do, no capítulo 3.

DICA
O Tesouro prefixado e o Tesouro IPCA+ possuem risco de
oscilação. Em contrapartida, os títulos pós-fixados, como o
Tesouro Selic, não têm risco de oscilação, pois acompan-
ham o mercado. Se o mercado subir, o rendimento desses
títulos acompanha, se cair, ocorre da mesma forma.

Títulos privados bancários


São títulos emitidos por bancos para captação de recursos, com o objetivo de ser
fonte para o crédito (funding). A caderneta de poupança é o mais tradicional de
todos os investimentos e consiste em uma conta de depósito com crédito periódico
de rendimentos.

São títulos emitidos por bancos para captação


de recursos, com o objetivo de ser fonte para o
crédito (funding). A caderneta de poupança é
o mais tradicional de todos os investimentos e
consiste em uma conta de depósito com crédi-
to periódico de rendimentos.

176
Curso Preparatório CPA20

Em 12 de janeiro de 1861, Dom Pedro II


assinou o decreto criando a poupança na
Caixa Econômica Federal, para desenvolver as
economias das classes menos abastadas, o que
logo depois foi estendido a outras instituições
financeiras. O produto persiste ao longo do
tempo como o investimento mais popular do
Brasil.

Suas características são mostradas no infográfico a seguir. Confira!

1 Investimento acessível, que admite depósitos de pequenas quantias.

Rendimento definido por lei ou decreto do governo federal (é igual em


todas as instituições financeiras).
2
3 O rendimento é creditado na data de aniversário da conta.

Se o depósito ocorrer nos dias 29, 30 ou 31, o aniversário será dia 1 do


mês subsequente.
4
5 Se resgatar antes do aniversário, há perda de rendimentos. Com isso,
a base de cálculo é o menor saldo do período, porque o valor que
for resgatado antes do aniversário não será considerado no cálculo.
Mensalmente para Pessoas Físicas e Pessoas Jurídicas isentas ou
imunes, e trimestralmente para as demais Pessoas Jurídicas.

6
Se for Pessoa Física ou Pessoa Jurídica isenta, não há Imposto de Renda. Para
Pessoas Jurídicas, o cálculo do imposto segue a tabela decrescente de IR para
renda fixa. Como não há rendimentos antes de 30 dias, não há IOF.

177
Curso Preparatório CPA20

DICA
Como o rendimento é creditado na data de aniversário da
conta, o crédito ocorrerá:

Para Pessoas Físicas e Pessoas Jurídicas isentas ou


imunes (Pessoas Jurídicas sem fins lucrativos podem
Mensalmente ser imunes ou isentas. A imunidade é concedida pela
Constituição Federal, enquanto a isenção é concedida
pelas leis ordinárias. Exemplo: organizações religiosas,
partidos políticos, ONGs etc.).

Trimestralmente Para as demais Pessoas Jurídicas.

Os recursos captados em poupança, pela


instituição financeira, deverão ser destinados a
financiamentos de crédito rural ou imobiliário,
de acordo com o registro do produto no Banco
Central e autorização de captação.

Remuneração da poupança

Em 2012, com a queda da taxa básica de juros da


economia, a poupança começou a se destacar em
rentabilidade, pelo fato de ter sua maior parcela de
remuneração prefixada. Com isso, aumentou o risco
de os investimentos migrarem para a poupança de
forma desproporcional e atingirem outros emissores,
como o Tesouro Nacional com os títulos públicos.

178
Curso Preparatório CPA20

Para novos depósitos ou contas


Para os saldos anteriores, cujos
abertas a partir de 4 de maio de 2012:
depósitos foram efetuados até 3 de maio
de 2012:
• Quando a taxa Selic meta for
superior a 8,5% ao ano: a remuneração
• Pessoas Físicas e Jurídicas sem fins
continua TR + 0,5% ao mês, ou TR +
lucrativos: TR + 0,5% ao mês.
1,5% ao trimestre.
• Pessoas Jurídicas com fins lucrativos:
• Quando a taxa Selic meta for igual ou
TR + 1,5% ao trimestre.
inferior a 8,5% ao ano: a remuneração da
poupança é de 70% da Selic meta + TR
(mensal ou trimestral).

Certificado de depósito bancário


São títulos emitidos por bancos para captação de recursos (depósitos a prazo). A re-
muneração pode ser pós-fixada (TR, CDI ou Selic) ou prefixada, sendo emitidos com
período de carência ou com liquidez diária.

Os CDBs têm data de vencimento, mas podem


ser resgatados com antecedência, caso haja a
cláusula de resgate antecipado, o que ocorre na
maioria das situações.

179
Curso Preparatório CPA20

Se houver resgate durante o período de carência, haverá perda dos rendimentos.


No vencimento, o valor corrigido tem a retenção do Imposto de Renda e é creditado
na conta corrente do investidor. Caso decida permanecer com o valor aplicado, é
necessário solicitar um novo CDB.

Uma de suas vantagens é que, após


a carência, poderá ser realizado o
resgate com rendimentos, ou seja,
o investidor não tem marcação a
mercado. E uma vez que o resgate é
realizado no mercado primário, o valor
do saque é o saldo, descontando os
impostos. Se o título fosse negociado
no mercado secundário, para outro
investidor, por exemplo, teria de se
verificar quanto esse outro investidor
estaria disposto a pagar, havendo a
possibilidade de ser negociado com
ágio ou deságio.

Não podemos deixar de acrescentar que, em épocas de instabilidade econômica, o


CDB é um dos produtos mais utilizados, justamente por fornecer essa segurança ao
investidor. Nesse caso, o Imposto de Renda será cobrado de acordo com o prazo, com
base em uma tabela decrescente de renda fixa, e haverá IOF no caso de resgate em
até 29 dias.

E quanto aos riscos? Eles existem e estão listados a seguir. Veja!

180
Curso Preparatório CPA20

1
Risco de crédito
Têm cobertura do FGC
até o limite de R$ 250 mil 2
por CPF/CNPJ, de acordo
com as regras. Risco de liquidez 3
Após a carência, têm
liquidez diária. Risco de mercado
Risco de oscilação de
taxas de juros.

RESUMINDO
Vamos reforçar alguns conceitos sobre o CDB:

Vencimento: prazo do título.


O título pode ter um vencimento longo com cláusula de
vencimento antecipado.

Carência: período em que, se houver resgate antecipado,


não haverá rendimentos.

DPGE
O Depósito a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Crédito (DPGE) é
um título de renda fixa (depósito a prazo) criado para auxiliar instituições financeiras –
bancos comerciais, múltiplos, de desenvolvimento, de investimento, além de socieda-
des de crédito, financiamento e investimentos e caixas econômicas – de porte peque-
no e médio a captar recursos.

181
Curso Preparatório CPA20

Destinado a investidores Pessoa Física


e Jurídica, confere ao seu detentor
um direito de crédito contra o emissor.
A garantia do FGC é de até R$ 40
milhões, e a remuneração pode ser
prefixada ou pós-fixada.

É importante lembrar que o prazo de resgate é determinado no momento da


contratação, mas não pode ser inferior a seis meses nem superior a 36 meses, além
de não ser possível resgatar antecipada ou parcialmente.

Letras financeiras
São títulos emitidos por instituições financeiras, que consistem em promessas de pa-
gamento, como se fossem uma espécie de debêntures. As letras podem ser emitidas
por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, sociedades de cré-
dito, financiamento e investimento, caixas econômicas, companhias hipotecárias ou
sociedades de crédito imobiliário.

182
Curso Preparatório CPA20

Foram instituídas como uma


forma de funding às instituições
financeiras, para que elas possam
realizar suas operações de crédito
com prazos maiores.

As letras financeiras possuem as seguintes características:

Prazo mínimo de 24 meses, sendo vedado o


resgate total ou parcial antes do vencimento.
Podem ter pagamento periódico de juros
(cupom) em intervalos de no mínimo 180 dias.

Remuneração ocorre com taxas de juros


prefixadas ou pós-fixadas.

183
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
As letras financeiras são regulamentadas pela Resolução
n. 4.733/19, e, apesar de serem emitidas por instituições
financeiras, não têm garantia de FGC e não compõem a
exigência de compulsório dos bancos.

DICA
As Letras de Crédito do Agronegócio e as Letras de Crédi-
to Imobiliário também são títulos privados bancários, e
serão tratadas nos itens que falam sobre os títulos do
segmento agrícola e os títulos do segmento imobiliário.

Títulos corporativos
Algumas empresas emitem títulos para captação de recursos. Essas emissões podem
acontecer por debêntures ou emissões privadas.

Debêntures são papéis de renda fixa de médio e


longo prazo, emitidos por sociedades anônimas
não-financeiras (capital aberto ou fechado)
para captação de recursos para projetos da
companhia, de prazos médios a longos.

184
Curso Preparatório CPA20

Importante ressaltar que apenas as companhias abertas com registro na CVM poderão
realizar emissões públicas, ou seja, vender para o público em geral por meio da bolsa
de valores. Já as emissões privadas, que não envolvem colocação pública e são
destinadas a um grupo restrito de investidores, não precisam do registro na CVM.

Para que uma empresa possa emitir


debêntures, é necessário contratar
um agente fiduciário que é
responsável por proteger os direitos
e os interesses dos debenturistas,
fiscalizando e administrando bens
de terceiros.

Não se esqueça de que o principal documento


legal da emissão de debêntures é a escritura
de emissão, na qual constam todas as
informações do título de dívida.

Ela tem vencimento definido na escritura e pode conter cláusula de vencimento ante-
cipado. Além disso, as taxas podem ser prefixadas ou pós-fixadas, definidas em taxas
de juros, índices de inflação ou mistas.

Quanto à classificação, temos:

185
Curso Preparatório CPA20

Debêntures Haverá Imposto de Renda para todas as classes de investidores.

São debêntures emitidas por empresas de infraestrutura, isentas


de Imposto de Renda para Pessoa Física. O produto foi instituído
Debêntures pelo governo em 2011, definindo os setores que podem emitir:
incentivadas logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomuni-
cações, radiodifusão, saneamento básico, irrigação. As Pessoas
Jurídicas são tributadas em 15% (Lei n. 12.431/11).

As debêntures podem ser classificadas em conversível ou simples ou conversível em


ações (DCA). O infográfico seguinte mostra a diferença entre elas. Observe!

Debênture não conversível Debênture conversível em ações (DCA)


ou simples O debenturista tem o direito de receber
O capital é resgatado em o capital em dinheiro ou em ações
dinheiro no vencimento. da companhia. Existe a modalidade
de debênture permutável, na qual a
escritura prevê a permuta por ações das
companhias listadas no documento.

O Imposto de Renda em debêntures segue a tabela decrescente de renda fixa, que


veremos no final deste capítulo, com exceção da debênture incentivada para investi-
dor Pessoa Física, o qual tem isenção de IR, e Pessoa Jurídica, que é tributada em 15%
nessa modalidade.

186
Curso Preparatório CPA20

RESUMINDO
Quadro resumo de debêntures

Tipo de
Característica IR
debênture
Resgatável no
De acordo com o prazo:
Simples vencimento em
22,5% a 15%.
dinheiro.
Resgatável em
Conversível dinheiro ou troca De acordo com o prazo:
em ações por ações no 22,5% a 15%.
vencimento.
PF: Zero
Emitida por
PJ: De acordo com o
Incentivada empresa de
prazo de permanência:
infraestrutura.
22,5% a 15%.

O vencimento das debêntures está descrito em suas escrituras, sendo que, normal-
mente, são de longo prazo. Também há as chamadas debêntures perpétuas, ou
seja, sem data de vencimento, que, após seu lançamento, poderão ser negociadas
apenas no mercado secundário.

Veja, na sequência, as garantias das debêntures.

Real
Representada por bens do ativo da sociedade
emitente, devidamente registrados para esse fim,
ou, ainda, por bens de terceiros (interveniente
garantidor). O contrato deve ser registrado no órgão
competente, e o bem fica indisponível, impedindo
a alienação a terceiros. Exemplo: contrato com
garantia real de imóveis deve ser registrado no
cartório de registro de imóveis.

187
Curso Preparatório CPA20

Flutuante
Representada por bens e direitos do
ativo líquido da sociedade emitente, sem
identificação específica deles. Nesse caso, o
emissor (empresa) pode vender seus bens, se
quiser. No caso de inadimplência do emissor,
o debenturista buscará as garantias dentre os
bens do emissor que estiverem disponíveis.

Quirografária
Não tem as vantagens dos dois tipos anteriores,
sendo que nenhum ativo da empresa é
reservado para ser penhorado. Equivale a um
credor por duplicata.

Subordinada
A debênture não goza de garantia e, em caso
de liquidação da companhia, o debenturista
preterirá apenas aos acionistas no ativo
remanescente. Como possui menos garantias,
geralmente apresenta uma remuneração maior.

188
Curso Preparatório CPA20

Riscos em debêntures
Os riscos em debêntures podem ocorrer das seguintes maneiras:

Risco de liquidez
Se não houver
cláusula que preveja,
a debenture não
Risco de crédito poderá ser resgatada Risco de mercado
antecipadamente.
As debêntures são Poderá ter oscilação
Caso contrário, só
emitidas por empresas nas taxas de juros e
poderá ser resgatada
Sociedades Anônimas, em seus preços, em
no vencimento. No
não possuem virtude da marcação a
entanto, o debenturista
garantia de FGC. O mercado, caso sejam
poderá vender seus
risco de crédito está vendidas no mercado
títulos no mercado
relacionado à solvência secundário antes de
secundário, o que
dos emissores. seu vencimento.
melhora a liquidez, mas
somente se o emissor
for uma companhia
de capital aberto, para
colocação pública.

O infográfico a seguir mostra algumas cláusulas que favorecem o credor ou investidor.


Acompanhe!

189
Curso Preparatório CPA20

Escritura
É o documento que dá origem às debêntures,
com todas as cláusulas, incluindo condições,
vencimento, remuneração e garantias.

Covenant
Sistema de garantias indiretas, exigências
de prática de gestão. Exemplo: limite de
endividamento.

Cross default

Quando o emissor deixa de pagar uma dívida, todas


as outras se consideram vencidas (provisionadas).
Visa a proteger as garantias de cada título.

Vencimento antecipado

Quando o emissor deixa de pagar uma dívida, todas as outras


se consideram vencidas (provisionadas). Visa a proteger as
garantias de cada título.

Nota promissória ou commercial papers


Trata-se de um título de crédito de curto prazo emitido pelas empresas não financei-
ras, para colocação pública ou privada, que confere, ao investidor, direito de crédito
contra a emitente. Não apresenta garantias reais, o que ressalta a importância da aná-
lise de crédito do emissor.

Prazo: máximo de 360 dias. Geralmente,


são emitidas por prazo superior a 30
dias, constante na instrução anterior, no
entanto a Instrução Normativa vigente, IN
566/15 CVM, não as restringe.

Remuneração: prefixada, vendida com


desconto ou pós-fixada/DI.

190
Curso Preparatório CPA20

Títulos do segmento agrícola


Os títulos do segmento agrícola não têm Imposto de Renda se o investidor for
Pessoa Física.

LCA

Vamos começar falando sobre um título já


mencionado anteriormente, a LCA, ou Letra de
Crédito do Agronegócio. É um título de crédito
emitido por instituições financeiras públicas ou
privadas (bancos comerciais, bancos múltiplos
com carteira de crédito imobiliário, CEF,
sociedades de crédito imobiliário, associações
de poupança e empréstimo, companhias
hipotecárias, cooperativas de crédito e demais
espécies de instituições expressamente
autorizadas pelo Banco Central do Brasil), com
o objetivo de obter recursos para financiar o
setor agrícola.

O investidor adquire o produto de emissão da


instituição financeira, ou seja, o risco de crédito
se restringe a ela. Têm a garantia do Fundo
Garantidor de Crédito (FGC) e é importante
lembrar que a instituição financeira, neste caso,
deve ser registrada na B3, tendo como lastro
um título de crédito do agronegócio, que serve
como garantia adicional do investimento.

191
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Vale a pena reforçar que Pessoa Física fica isenta ao
pagamento de Imposto de Renda para. Já para Pessoa
Jurídica, o IR será cobrado de acordo com a tabela
decrescente de Imposto de Renda para renda fixa, que
veremos mais adiante.
• O prazo mínimo depende do indexador que possui (para
a taxa DI, que é a mais utilizada, o prazo é de 90 dias).
• Não há IOF.

CRA

O Certificado de Recebíveis do Agronegócio


(CRA) são títulos de crédito emitidos por
securitizadoras, com lastro em recebíveis
do agronegócio. Os Certificados podem ser
vendidos para o público em geral, no entanto,
são mais comuns os instrumentos destinados a
investidores qualificados.

As companhias securitizadoras são


instituições não financeiras constituídas sob a
forma de sociedade por ações, com a finalidade
de aquisição e securitização de créditos e a
emissão de certificados de recebíveis, podendo
emitir outros títulos de crédito, realizar
negócios e prestar serviços compatíveis com as
suas atividades.

192
Curso Preparatório CPA20

CPR

A Cédula de Produtor Rural (CPR) é um título


por meio do qual o emitente produtor rural
(PF, PJ ou cooperativa de produção) vende
antecipadamente mercadoria e se compromete
a entregar em data futura. Uma instituição
financeira garante o título por aval ou seguro
para negociá-la no mercado. O investimento
não tem Imposto de Renda para o investidor PF.

O infográfico seguinte mostra algumas características desse título. Confira!

Negociação CPR física CPR financeira


O produtor rural O produtor rural
Mercado de balcão
entrega o produto. entrega o equivalente
ou bolsa.
em dinheiro.

193
Curso Preparatório CPA20

CDCA

O Certificado de Direitos Creditórios


do Agronegócio é um título de crédito
vinculado a direitos creditórios originários de
negócios realizados entre produtores rurais
(ou suas cooperativas) e terceiros, inclusive
financiamentos ou empréstimos.

É emitido exclusivamente por cooperativas de


produtores rurais e outras Pessoas Jurídicas
que exerçam atividades de comercialização,
beneficiamento ou industrialização de
produtos e insumos agropecuários ou de
máquinas e implementos utilizados na
produção agropecuária.

É preciso ressaltar que ele pode ser distribuído por meio de oferta pública (Bolsa de
valores) e tem as características elencadas a seguir.

Lastro
Esse ativo é também utilizado como
lastro para as operações com LCA. Isenção
Se o credor for Pessoa Física, terá
isenção de IR.

194
Curso Preparatório CPA20

RESUMINDO
Fique atento ao quadro a seguir, que traz um resumo das
informações sobre isenção de Imposto de Renda para
Pessoas Físicas. Veja!

Títulos do SEGMENTO AGRÍCOLA


isenção de IR para PF

Título Definição

Depósito a prazo emitido por instituições


LCA financeiras, lastro em crédito do
agronegócio.

Título de crédito emitido pelo agricultor ou


CPR
cooperativa de produção.

Título de crédito emitido por cooperativa


CDCA
ou PJ que comercializa commodities agro.

Título de renda fixa emitido por


CRA securitizadora, tendo como base créditos
de agronegócio.

Títulos do segmento imobiliário


Os títulos do segmento imobiliário, assim como os títulos do segmento agrícola, ofe-
recem isenção de Imposto de Renda para os investidores Pessoa Física. Temos 3 tipos
de títulos que atendem a esse setor.

195
Curso Preparatório CPA20

Vamos começar falando das LCI ou Letras de


Crédito Imobiliário, que é um título de renda
fixa, similar ao LCA, porém com lastro em
créditos imobiliários, garantidos por hipoteca
ou alienação fiduciária de bem imóvel.

Eles têm emissão exclusiva de instituições financeiras públicas ou privadas autoriza-


das pelo Banco Central, são garantidas pelo FGC. Há similaridade com a LCA, já que
também oferece isenção de Imposto de Renda para Pessoa Física.

ATENÇÃO
Na LCI, o IR será cobrado para Pessoa Jurídica, de acordo
com a tabela decrescente de impostos de renda – IR para
renda fixa. Lembrando que, assim como na LCA, neste
caso, não há IOF.

DICA
LCA e LCI são emitidas por instituições financeiras
autorizadas pelo BCB. Podem ser negociadas na própria
instituição financeira ou por meio de distribuidores
(corretora, cooperativa de crédito).

196
Curso Preparatório CPA20

Nesse contexto, temos ainda o CCI e o CRI, cujas características são apresentadas no
quadro seguinte. Acompanhe!

Contrato de Crédito imobiliário (CCI)


Com pagamento parcelado, é utilizado em
financiamentos imobiliários e pode ser negociada
no mercado, independe de autorização do
devedor. É utilizada como lastro em LCI, CRI e
outros instrumentos que necessitam de lastro
de créditos imobiliários e caso o investidor seja
Pessoa Física, será isento de IR.

Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI)


Títulos de renda fixa emitidos por securitizadora,
que têm como lastro títulos de crédito adquiridos
de incorporadores ou bancos, com o direito
de receber os pagamentos de financiamentos
imobiliários feitos pelos seus clientes. O CRI
não cobra IR para Pessoa Física e não fornece
garantia de FGC.

197
Curso Preparatório CPA20

RESUMINDO
Quadro resumo de isenção de Imposto de Renda para
Pessoas Físicas:
Títulos do Segmento Imobiliário
isenção de IR para PF

Título O que é

Depósito a prazo emitido por banco, lastro


LCI
em crédito imobiliário.

Título de renda fixa emitido por securitizadora,


CRI
tendo como base créditos imobiliários.

Título de crédito emitido por clientes


CCI bancários representativos de
financiamentos imobiliários.

Operações compromissadas
São operações de financiamento com lastro em títulos públicos ou privados, também
denominado como “venda de títulos com compromisso de recompra, conjugado com
o compromisso de revenda assumido pelo comprador”.

ATENÇÃO
Se o lastro for de títulos públicos, assumem status do
próprio título garantia da operação, para composição de
carteiras de fundos de investimento.

198
Curso Preparatório CPA20

Para a operação compromissada, é preciso


que uma das partes contratantes seja
banco múltiplo, banco comercial, banco de
investimento, banco de desenvolvimento,
sociedade de crédito, financiamento e
investimento, sociedade corretora de títulos
e valores mobiliários, sociedade distribuidora
de títulos e valores mobiliários ou a Caixa
Econômica Federal, habilitado para a
realização dessas operações.

A legislação determina que, além dos títulos públicos federais, outros títulos podem
ser utilizados como lastro:

1 2 3 4
Títulos públicos Certificados Certificados Letras
federais, estaduais de recebíveis de depósito hipotecárias.
ou municipais. imobiliários (CRI). bancário (CDB).

5 6
Letras de crédito Debêntures.
imobiliário (LCI).

ATENÇÃO
É importante destacar que operações com lastro em
títulos públicos são custodiadas no Selic, dando
origem à taxa Selic Over, e operações com lastro em
títulos privados são custodiadas na B3. Se forem entre
instituições financeiras, sob a forma jurídica de CDI, dão
origem à taxa DI.

199
Curso Preparatório CPA20

Tributação para renda fixa


Você verá, a partir de agora, as tributações que incidem sobre as operações financei-
ras que operam com renda fixa. Começaremos falando do IOF ou Imposto sobre Ope-
rações Financeiras. Acompanhe!

Inicialmente, é preciso dizer que, como mostra a tabela seguinte, se houver resgate
em até 29 dias, os fundos sem carência serão tributados com IOF em 1% ao dia sobre
o saldo, limitado a um percentual sobre rendimentos de acordo com a tabela decres-
cente de IOF, que segue uma sequência de redução na unidade 6-3-0, iniciando em
96% e chegando a 0% em 30 dias.

IOF até 29 dias – Percentual sobre rendimentos

1 96% 11 63% 21 30%

2 93% 12 60% 22 26%

3 90% 13 56% 23 23%

4 86% 14 53% 24 20%

5 83% 15 50% 25 16%

6 80% 16 46% 26 13%

7 76% 17 43% 27 10%

8 73% 18 40% 28 6%

9 70% 19 36% 29 3%

10 66% 20 33% 30 0%

200
Curso Preparatório CPA20

É preciso enfatizar que no Imposto de Renda são tributados os rendimentos de renda


fixa e o swap, com base na seguinte tabela:

Prazo Alíquota sobre rendimentos

Até 180 dias: 22,50%

De 181 a 360 dias: 20,00%

De 361 a 720 dias: 17,50%

721 dias ou mais: 15,00%

Nesse cenário, é importante destacar as informações a seguir. Confira!

Base de cálculo: rendimento, já descontado o


IOF, quando houver.

Responsável pelo recolhimento: PJ que


efetua o pagamento dos rendimentos. Incide no
resgate.

Isenções para PF: poupança, LCI, LCA, CRI,


CRA, CPR, CCI.

Por fim, ressaltamos que o regime de tributação é definitivo para Pessoa Física e
Pessoas Jurídicas optantes pelo Simples. Já as Pessoas Jurídicas tributadas pelo lu-
cro real ou presumido, devem informar os investimentos, rendimentos e impostos pa-
gos em seu balanço.

201
Curso Preparatório CPA20

Fundo Garantidor de Crédito (FGC)

O Fundo Garantidor de Crédito é uma


associação civil, sem fins lucrativos,
e de direito privado, que administra
um mecanismo de proteção aos
correntistas, poupadores e investidores
das instituições financeiras
participantes, garantindo depósitos
até o limite de R$ 250 mil por CPF ou
CNPJ, por instituição financeira ou
conglomerado financeiro, no caso de
liquidação financeira das instituições.

O infográfico a seguir mostra as particularidades do FGC. Confira!

Para manter
Se houver contas Se houver mais Cada investidor tem
o FGC, as
conjuntas, o de uma conta, um teto para utilização
instituições
limite é por soma-se os de R$ 1 milhão, para
financeiras
conta, dividido valores até o cada período de quatro
participantes
pelo número de limite de R$ anos, contados a partir
contribuem
titulares. 250 mil por CPF do primeiro uso, por
mensalmente
ou CNPJ. CPF ou CNPJ. Após
com um
quatro anos, o teto é
percentual sobre
restabelecido.
seus depósitos.

202
Curso Preparatório CPA20

O FGC também age de maneira preventiva em todo o sistema bancário e financeiro,


para evitar as situações dramáticas em que ocorre a utilização da garantia e seus ob-
jetivos são: proteger o pequeno poupador, promover a estabilidade do sistema finan-
ceiro e evitar crise bancária sistêmica.

Os valores cobertos pelo FGC são:

Depósitos a prazo (CDB, LCI, LCA, LC,


poupança).

Depósitos à vista (conta corrente e conta salário).

ATENÇÃO
O FGC possui uma garantia especial para DPG, cuja
cobertura é até R$ 40 milhões.

203
Curso Preparatório CPA20

Em contrapartida, o FGC não cobre:

• Títulos públicos (emitidos pelo governo).

• Debentures, notas promissórias e ações (emitidos por empresas).

• Fundos de investimento (o administrador apenas administra os recursos, os


ativos são de propriedade dos cotistas).

• Produtos específicos, como Letras Financeiras e COE.

• Produtos de outros emissores (CRA, CRI, CCI, CCB etc.).

O Sistema de Crédito Cooperativo não possuía


cobertura até 2013, quando, por meio da
Resolução CMN n. 4.284/12 foi constituído
o FGCoop, destinado a cobrir depósitos de
cooperativas de crédito. A adesão de todas as
cooperativas singulares de crédito captadoras
de depósitos e dos bancos cooperativos
é compulsória.

204
Curso Preparatório CPA20

Certificado de Operações Estruturadas


O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um instrumento flexível, a
versão brasileira das notas estruturadas, muito populares na Europa e nos Estados
Unidos. Isso porque mescla elementos de renda fixa e renda variável no cálculo de
sua remuneração, e pode ser estruturado com base em cenários de ganhos e perdas
selecionadas de acordo com o perfil de cada investidor.

O COE é emitido por bancos e registrado


na clearing da B3, e o seu rendimento
pode estar atrelado a diversos ativos ou
indicadores, por exemplo:

1. Moedas, como euro e dólar.


2. Juros e índices de inflação.
3. Ações de empresas nacionais
e estrangeiras.
4. Índices de renda fixa e renda
variável.
5. Commodities, como metais
preciosos, petróleo, agrícolas e outros.

A emissão desse instrumento poderá ser feita em duas modalidades:

205
Curso Preparatório CPA20

Valor nominal protegido Valor nominal em risco


Com garantia do valor principal Há possibilidade de perda até o
investido. limite do capital investido.

Nos dois casos, deve ser observada a regra de suitability, ou seja, o investimento deve
ser adequado ao perfil do investidor.

É obrigatório, nesses casos, fazer o Documento


de Informações Essenciais (DIE), com as
regras de funcionamento, pagamentos e
riscos incorridos, informações completas,
advertências, condições de resgate, recompra,
direitos e deveres.

DICA
Os bancos que utilizam o COE devem preparar um
material publicitário consistente, com linguagem clara
e moderada sobre informações e riscos, informando o
tipo de COE (se tem capital protegido ou não), além de
direcionar para a leitura do DIE.

206
Curso Preparatório CPA20

Com relação à tributação, ela ocorre no resgate, respeitando a tabela de renda fixa,
decrescente de acordo com o prazo de permanência, mesmo que se refira a ativos de
renda variável. O infográfico traz mais características da tributação dessa associação.

Cenário de
Vencimento do
Indexador ganhos e perdas
investimento
local ou no vencimento,
em data
internacional. conhecidos desde o
predeterminada.
início da operação.

Pagamentos no Tributação de
Perfil do investidor
vencimento ou acordo com tabela
deve ser compatível
periódicos, de acordo regressiva de
com o produto.
com a contratação. renda fixa.

Encerramos aqui o tópico sobre instrumentos de renda fixa. Espero que tenha com-
preendido todo esse conteúdo tão importante. Mas continue sua leitura, pois ainda
não encerramos o assunto do capítulo 4. Veremos, na sequência, os mercados deriva-
tivos. Siga em frente e bons estudos!

Derivativos
Mercados derivativos são aqueles cuja formação de preços deriva dos preços do mer-
cado à vista. Eles permitem compra e venda antecipada, reduzem a incerteza do mer-
cado, eliminando o risco de oscilação de preço.

207
Curso Preparatório CPA20

S_1165055244

É importante destacar também que seu fluxo de caixa é transferido para o futuro,
e alguns derivativos exigem depósito de margem, que podem ser títulos públicos
ou fianças.

Quanto aos direitos e obrigações em


derivativos, não podemos deixar de ressaltar
que os contratos de termo, futuro e swap se
caracterizam por atribuir a ambas as partes
(comprador e vendedor) compromissos idênticos,
ou seja, o comprador tem obrigação de comprar.

Já o contrato de opção é um contrato assimétrico, já que:

Atribui a uma das partes E à outra parte, somente a obrigação


somente o direito (comprador) (vendedor)

208
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Importante ressaltar que o comprador da opção (call ou
put) tem seu prejuízo limitado ao valor do prêmio que paga
para adquirir o direito.

O mercado derivativo possui, ainda, algumas estratégias de proteção, alavancagem e


posicionamento, mostradas na tabela seguinte. Acompanhe!

Reduz a exposição a riscos de preço e impede


Hedge a realização de lucros potencialmente maiores.
Chamamos de hedger, o agente que faz hedge.

Posições de risco superior ao patrimônio do


fundo. Quando o risco assumido é de apenas
uma parte dos Posições de risco superior ao
patrimônio do fundo. Quando o risco assumi-
Alavancagem do é de apenas uma parte dos investimentos,
chama-se posicionamento. Especulador é o
investidor que assume os riscos. investimentos,
chama-se posicionamento. Especulador é o
investidor que assume os riscos.

Busca vantagens financeiras nas distorções de


preços dos ativos, monitora o mercado para
Arbitragem
buscar lucros com baixo risco. Arbitrador é o
investidor que busca esses ganhos.

Contratos a termo
Ocorre quando uma das partes se compromete a comprar, e a outra a vender um ati-
vo, por um preço específico, em uma data predeterminada. Não há fluxo de capital ini-
cial e não há ajustes diários (como ocorre nos contratos futuros), isso ocorre somente
no vencimento.

209
Curso Preparatório CPA20

A liquidação acontece com a entrega do


objeto do contrato (ou o seu equivalente
em dinheiro pelo preço de mercado)
e o pagamento, no vencimento, ou
antecipadamente, pelo comprador se
houver essa cláusula no contrato.

Se o contrato for negociado em bolsa, exige


conta margem como garantia, ao passo que, se
for negociado em balcão, não há exigência de
conta margem.

Para que você compreenda melhor, leia com atenção o exemplo a seguir.

<Imagem em cima e texto embaixo>

210
Curso Preparatório CPA20

Dois investidores fizeram o contrato a termo para três meses de uma commodity de
1.000 sacas do produto, pelo valor de R$ 90,00 cada. Neste caso, um vende o produto,
e outro o compra.

1. O contrato foi negociado na B3, e prevê liquidação financeira, ou seja,


quem vendeu o produto, em vez de entregar o bem físico ao outro, entregará o
valor equivalente em dinheiro, pela cotação do dia.

2. Se tiver produto físico, comercializa o produto em uma cerealista e envia o


dinheiro para a liquidação do contrato. Se não tiver o produto, entrega o valor
equivalente à cotação do dia.

Diante dessas informações, temos dois cenários para analisar. Veja!

Cenário A Cenário B

• A commodity tem preço de mercado de R$


70,00 no dia da liquidação. • A commodity tem preço de mercado de R$
120,00 no dia da liquidação.
• O vendedor entrega a mercadoria por R$
90,00, tem R$ 20,00 de lucro por saca, e • O vendedor entrega a mercadoria por R$
obteve R$ 20 mil no contrato de 1.000 sacas. 90,00, tem R$ 30,00 de prejuízo por saca.

• O comprador vai pagar R$ 90,00 por saca, e, • O vendedor perdeu R$ 30 mil no contrato, e
no mercado, está R$ 70,00, logo, ele terá um o comprador obteve o mesmo valor de lucro.
prejuízo de R$ 20 mil.

Observe que os lucros ou prejuízos estão atrelados aos preços de mercado, ou seja,
não são um valor fixo.

ATENÇÃO
Na B3, a liquidação dos contratos é financeira: entrega-se
ou recebe, em vez do objeto, o equivalente em dinheiro,
fazendo apenas a liquidação entre a diferença do valor
do contrato pelo valor de mercado do dia, debitando a
diferença para uma parte e creditando para a outra.

211
Curso Preparatório CPA20

Contratos de balcão sem entrega física

Os contratos de balcão sem entrega física


ou NDF, do inglês non deliverable forward,
também chamados de contrato a termo de
moeda sem entrega física, são um derivativo
operado em mercado de balcão, que tem como
objeto a taxa de câmbio de uma determinada
moeda estrangeira, em data futura, por um
preço predefinido.

A operação permite proteção contra oscilações


de moeda, sendo adequada principalmente
para empresas exportadoras, importadoras
e companhias com ativos e/ou passivos em
moeda estrangeira.

A liquidação financeira, neste caso, se dá pela diferença entre o valor do contrato e a


cotação de referência na data do vencimento. Para entender melhor, acompanhe o
próximo exemplo.

Se no vencimento o dólar Se o preço no mercado


no mercado estiver R$ estiver R$ 6,00, o
Comprador e vendedor
4,50, o comprador pagará comprador pagará R$
acertam um contrato
o valor do contrato, R$ 5,00 no contrato, com
de US$ 10 mil com
5,00. Ou seja, o vendedor lucro. E o vendedor, por
vencimento daqui a
entregará pelo preço sua vez, entregará a R$
quatro meses, a um preço
<Infográfico> ajustado, com lucro de R$ 5,00, com prejuízo de R$
de R$ 5,00 por dólar.
0,50 por dólar. 1,00 por dólar.

212
Curso Preparatório CPA20

Após observar esse exemplo, podemos concluir que esse tipo de negociação é similar
a uma aposta, de forma que um investidor tem uma vantagem e o outro, uma desvan-
tagem.

Contratos futuro
Nesse tipo de contrato, as partes se comprometem a comprar ou vender certa quan-
tidade de um ativo por um preço estipulado para a liquidação em data futura. É seme-
lhante ao contrato a termo, mas com uma diferença, que é a liquidação do contrato.
Isso porque, enquanto no mercado a termo os desembolsos ocorrem somente no ven-
cimento do contrato, no mercado futuro, os compromissos são ajustados diariamente.

Todos os dias, quando há alterações de preços


dos contratos, realiza-se a liquidação das
diferenças do dia, com perdas de um e ganhos
de outro.

É preciso ressaltar que os contratos futuros são negociados somente em bolsa e têm
as seguintes características:

1. Padronização

A B3 determina o ativo objeto, o tamanho e a data de vencimento.

2. Liquidez

É realizado em bolsa (as partes não se conhecem) e pode ser


liquidado a qualquer momento, por meio de operação inversa.

213
Curso Preparatório CPA20

3. Margem de garantia

É requerida caução, com base na natureza de cada ativo. Tanto o


comprador como o vendedor devem cumprir o depósito de margem,
que pode ser constituída em dinheiro, títulos públicos ou privados,
ações, carta de fiança, seguro de crédito e certificado de ouro.

4. Ajuste diário

Liquidações a débito e crédito em conta, segundo seu preço de mercado,


para evitar o acúmulo de prejuízos e dar mais clareza aos riscos.

DICA
A principal diferença entre os contratos a termo e
futuros é com relação ao ajuste diário, que só existe no
contrato futuro.

Swap
É um contrato particular entre duas partes, que estabelece a troca de uma
rentabilidade futura por outra, com acerto da diferença a pagar ou a receber no
vencimento do contrato.

214
Curso Preparatório CPA20

FIXANDO NA MEMÓRIA
Swap é um termo em inglês, que significa troca, permuta.
Logo, não há fluxo de caixa nos contratos de swap.

São operações de balcão, registradas na B3,


em cujo vencimento é feito o acerto pela
diferença a pagar e a receber sobre um valor
que foi instituído como referência por ocasião
da aplicação.

Acompanhe o exemplo a seguir para compreender como funciona o swap.

Um investidor faz um contrato de swap com seu banco de DI x dólar sobre um valor
de referência de R$ 1 milhão. Nesse caso, temos dois possíveis cenários, mostrados a
seguir. Veja!

Cenário A Cenário B

CDI rendeu 3%, e o dólar desvalorizou


O CDI rendeu 3%, e o dólar valorizou 10%. 5%. Debita R$ 30 mil, credita R$ 50 mil
Debita R$ 30 mil, credita R$ 100 mil. negativos. Ao realizar a conta, mais com
Liquida pela diferença: lucro de R$ 70 mil. menos fica menos, e o resultado será um
prejuízo de R$ 80 mil.

Embora o swap pertença ao grupo de renda variável (é derivativo), a incidência do IR


segue a regra das operações de renda fixa (de 22,50% a 15% de acordo com o prazo).

215
Curso Preparatório CPA20

Opções
Nesse tipo de contrato, uma das partes tem apenas o direito (o comprador), e a outra
parte tem só a obrigação (o vendedor). Para compreender melhor o contrato de op-
ção, é importante conhecer os conceitos mostrados no infográfico a seguir. Confira!

1. Vendedor da opção: lançador.

2. Opção de compra: call.

3. Comprador da opção: titular.

4. Opção de venda: put.

5. Prêmio: preço da opção.

6. Virar pó: gíria para perda do investimento.

7. Ativo objeto: mercadoria ou ativo financeiro objeto do


contrato.

8. Preço de exercício (strike price): preço pelo qual o ativo


objeto será comprado ou vendido quando for exercido.

9. Opção americana: pode ser exercida a qualquer


momento até o dia de vencimento.

10. Opção europeia: só pode ser exercida na


data de vencimento.

216
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Quem escolhe é o titular: ao pagar para comprar a opção,
paga-se o prêmio, para ter o direito de exercer ou não.

O lançador é o investidor que vende a opção, sendo, portanto, a contraparte da nego-


ciação. Assim sendo, entenda a relação entre o lançador, titular, considerando as op-
ções de compra call e put mostradas na tabela seguinte. Confira!

O titular (detentor do
O lançador (contraparte)
direito)

Recebe o prêmio e se obriga Paga o prêmio para ter o


Opção de compra (call)
a vender pelo strike. direito de comprar pelo strike.

Recebe o prêmio e se obriga Paga o prêmio para ter o


Opção de venda (put)
a comprar pelo strike. direito de vender pelo strike.

Agora, vamos apresentar as estratégias de compra e venda para opção de compra call
e put. Acompanhe com atenção.
Opção de compra (call)

Estratégia de compra (titular)


Potencial elevação do preço do ativo objeto. O
titular paga um prêmio e adquire o direito de
comprar o ativo-objeto pelo preço de exercício:
acredita que o preço à vista no vencimento
deve superar o preço de exercício.

217
de CPA20
Curso Preparatório CPA20

Estratégia de venda (lançador)


Possibilidade de queda do preço do ativo
objeto. O vendedor (lançador) recebe um prêmio
e assume a obrigação de vender o ativo-objeto
pelo preço de exercício: acredita que o preço à
vista deve ficar abaixo do preço de exercício e,
com isso, garante um rendimento.

Opção de venda (put)

Estratégia de compra (titular)


Quando usar: perspectiva de queda do preço
do ativo objeto. Operação: o comprador (titular)
paga um prêmio e adquire o direito de vender o
ativo-objeto pelo preço de exercício – acredita
que o preço à vista no vencimento deve estar
abaixo do preço de exercício.

Estratégia de venda (lançador)


Quando usar: quando tem perspectiva de
elevação do preço do ativo objeto. Operação: o
vendedor (lançador) recebe um prêmio e assume
a obrigação de comprar o ativo-objeto pelo
preço de exercício – acredita que o preço à vista
no vencimento deve ficar acima do preço de
exercício e, com isso, garante um rendimento.

218
Curso de CPA20
Curso Preparatório

DICA
Opção é apostar.
Você acredita que irá subir ou cair? Quem compra acredita
no inverso de quem vende. Um ganha. Um perde.

Nesse cenário, é preciso frisar que o lançador


da call (que tem a obrigação de vender) pode
operar “a coberto”, quando possui o ativo, ou
“a descoberto”, quando não possui o ativo, e
deverá apresentar depósito de margem para
garantia. Já o titular da put (que tem o direito
de vender) não tem necessidade de depósito,
pois tem apenas o direito, não a obrigação.

O titular, ao exercer sua opção, irá considerar o preço do strike e o preço no mercado,
para considerar se vale ou não a pena exercer a opção.

Suas escolhas recebem as seguintes


denominações:
• In The Money (ITM): quando vale a pena
exercer
• At The Money (ATM): Caso o preço da
opção seja igual ao mercado, e, neste caso,
torna-se indiferente exercer ou não.
• Out The Money (OTM): quando não
compensa exercer.

219
Curso Preparatório CPA20

Como analisar os gráficos de um contrato de opção? Separamos algumas dicas que o


ajudarão a compreender melhor cada uma das possibilidades. Confira!

Long call – comprar uma opção de Long call


compra call
Um investidor usa a estratégia long call Ganho
quando acredita que o preço de mercado Strike
fica maior do que o strike. Se o preço de Perda
mercado for inferior ao strike, o titular não
a executará e perderá o prêmio pago.

Short call – vender uma opção de


compra call
Um investidor usa a estratégia short call Short call
quando acredita que o mercado vai cair,
ficando menor do que o strike, quando, Ganho
então, o titular não o exerce. Seu ganho
Strike
é o prêmio. Se o mercado subir, o titular Perda
irá exercer, e o lançador deverá vender
pelo strike, e, se for a descoberto, deverá
comprar pelo valor de mercado e entregar
pelo strike, demonstrando a área de perda.

Long put – Comprar uma opção de


venda put Long put

Um investidor usa a estratégia long put


quando acredita que o preço de mercado fica Ganho
menor do que o strike, pois garante um preço Strike
de venda. Se o preço de mercado for superior Perda
ao strike, ele não irá exercê-la, e terá como
perda o que pagou de prêmio.

220
Curso Preparatório CPA20

Short put – vender uma opção de


venda put
Short put
Um investidor usa a estratégia short put
quando acredita que o preço de mercado Ganho
fica maior do que o strike, pois aí o titular
não a exercerá e ele ganha o prêmio. Se Strike
o preço de mercado for inferior ao strike, Perda
o lançador perderá o valor entre o valor
de mercado e o strike, pois será obrigado
a comprar a um preço X e, no mercado, o
valor estará menor.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Fique atento a essas dicas de memorização.

Começa na parte de baixo do gráfico:


É titular (se joga para comprar).

O gráfico começa na parte de cima


do gráfico:
É o lançador (lança para cima).

Vai para a frente:


Call, quem compra vai para a frente,
opção de compra.

Vai para a trás:


put, quem vende vai para trás,
opção de venda.

221
Curso Preparatório CPA20

Tributação em derivativos
A regra de tributação utilizada para derivativos (contratos a termo, futuros e op-
ções) é de cobrança de Imposto de Renda sobre 15% sobre ganhos, apurados mensal-
mente e pagos até o último dia do mês subsequente pelo contribuinte.

A base de cálculo, neste caso, considera os


ganhos líquidos.

IR na fonte: antecipação de 0,005% sobre o


valor financeiro da operação.

O swap segue a tabela de IR de renda fixa


(22,50% a 15% de acordo com o prazo).

Devemos destacar ainda, a compensação de perdas para cálculo de IR. Isso porque, para
fins de apuração e pagamento de Imposto de Renda sobre ganhos líquidos auferidos, as
perdas decorrentes de operações de derivativos (exceto swap) podem ser compensadas.

ATENÇÃO
Essas compensações ocorrem sempre no próprio mês, ou
nos meses subsequentes, em outras operações realizadas
nos mercados à vista, de opções, futuro e a termo, exceto
no caso de perdas em operações do tipo day trade,
que somente poderão ser compensadas com ganhos
auferidos em operações da mesma espécie.

222
Curso Preparatório CPA20

Ofertas públicas de valores imobiliários


Oferta pública é o processo de colocação, junto ao público, de títulos e valores mobi-
liários para venda.

Distribuição pública se refere à venda,


promessa de venda, oferta à venda ou
subscrição, subscrição de valores mobiliários,
de qualquer forma pública (listas, e-mails, sites,
empregados ou representantes, agência etc.).
São intermediadas por bancos de investimento,
corretoras ou distribuidoras.

Oferta Pública de Aquisições de Ações (OPA)


Ocorre quando um acionista pretende comprar o controle ou todas as ações de uma
companhia listada na bolsa de valores. O objetivo pode ser o controle sobre o negócio
ou, se a companhia quiser, fechar o capital.

223
Curso Preparatório CPA20

As OPAs podem ser obrigatórias ou voluntárias, como indicado na tabela a seguir.

OPAs obrigatórias OPAs voluntárias

São expressamente previstas na Lei n.


6.404/76, e ocorre no cancelamento
de registro de companhia aberta (para São realizadas sem que nenhuma norma
converter em companhia de capital específica tenha obrigado a sua realização
fechado), de aumento de participação (ocorre por vontade da companhia). A lei
de acionista controlador que impeça prevê a OPA por aquisição de controle
a liquidez de mercado das ações acionário.
remanescentes e ainda no caso de
alienação (venda) do controle acionário.

Oferta Pública Inicial (IPO)


Initial Public Offering, ou simplesmente IPO, ocorre quando a companhia decide abrir o
capital e negociar suas ações em bolsa pela primeira vez. A companhia torna-se, en-
tão, de capital aberto e vende suas ações diretamente aos compradores.

Para esse lançamento, a companhia contrata


uma empresa de due diligence, que faz uma
diligência para essa avaliação criteriosa, divide
o seu valor total em frações (que serão as
ações) e as oferece na bolsa de valores.

ATENÇÃO
O termo “inicial” vem de “primeira vez na bolsa”, não
necessariamente no mercado primário.

224
Curso Preparatório CPA20

A IPO pode ocorrer no mercado primário, quando a empresa decide aumentar o seu ca-
pital e emitir novas ações, ou no mercado secundário, quando um ou mais acionistas
cedem suas ações para a negociação pública, vendendo-as a outros investidores.

As corretoras enviam e-mail a seus clientes,


avisando do evento, e quem tem interesse
responde com o valor e a quantidade que está
disposto a comprar.

As reservas de ações têm um período definido na escritura de lançamento das


ações, como, por exemplo, “para efetuar sua reserva, responda o e-mail até xx/xx/xx”.

O investidor, ao dar a ordem de compra, poderá fixar ou não limites de preços a ela, por
meio das ordens limitada e de mercado, quais sejam:

Ordem limitada Ordem a mercado

O investidor define um preço máximo


a que está disposto a comprar o ativo. O investidor envia a reserva de ações em
Caso o preço de mercado fique acima do que aceita pagar o preço definido pelo
preço definido pelo investidor, ela não mercado, qualquer que seja ele.
será executada.

Caso a demanda por ações seja superior à quantidade ofertada pela empresa, poderá
ser emitido um lote suplementar (green shoe) de até 15%, nas mesmas condições
originais. Se a demanda for ainda maior, será feito rateio, ou seja, os pedidos de com-
pra serão limitados.

225
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Por fim, é preciso destacar que a taxa de corretagem da
operação, por ocasião da IPO, é paga pela empresa que
está abrindo o seu capital.

Ofertas públicas subsequentes – follow-on


Ocorre quando a empresa já tem o capital aberto e já realizou a sua primeira oferta,
mas a empresa quer fazer novos lançamentos para chamada de capital.

Tem objetivo de captar mais recursos para


investir em projetos.

As novas ações, neste caso, podem ser ofertadas para qualquer interessado, ou só
para um grupo específico de investidores ou acionistas.

226
Curso Preparatório CPA20

Regras gerais de ofertas públicas


De modo geral, as ofertas públicas podem ser primárias ou secundárias.

Secundária
Primária (underwriting)
Não envolvem a emissão de novos títulos,
Quando a empresa vende caracterizando a venda de ações já
novos títulos, e os recursos existentes (em poder dos sócios que querem
dessa venda vão para o caixa desinvestir ou reduzir a sua participação
da empresa. no negócio), e os recursos vão para os
vendedores, não para o caixa da empresa
(block trade).

Nesse ponto, é preciso reforçar que toda oferta pública deve ser registrada na CVM,
com exceção de emissão de empresas de pequeno porte e de microempresas. Temos
sete tipos de agentes de ofertas públicas, elencados na sequência. Acompanhe!

Coordenador: coordena e lidera todo o processo. Poderá haver


mais de um banco coordenador, mas, neste caso, apenas um será
designado como líder.

Escriturador: é responsável por manter atualizada a escrituração


dos títulos em nome dos respectivos titulares.

Mandatário: é responsável pela confirmação financeira de todos


os pagamentos e pelas movimentações realizados pelo emissor.

227
Curso Preparatório CPA20

Liquidante: é a instituição financeira responsável por prestar


serviços da liquidação financeira das operações, nos venci-
mentos, das operações registradas no SDT e no SND. Ela é
responsável, também, por realizar o pagamento das taxas relati-
vas ao uso de sistemas.

Depositário: presta os serviços de registro e custódia dos títulos.

Agente fiduciário: representa os interesses dos debenturistas,


assim como os representa em uma eventual execução
por inadimplência.

Formador de mercado (market maker): é uma Pessoa Jurídica,


cadastrada na B3, que se compromete a manter ofertas de compra e
venda de forma regular e contínua durante a sessão de negociação.

O formador de marcado busca fomentar a liquidez dos valores mobiliários, facilitando


os negócios e mitigando movimentos artificiais nos preços dos produtos.

Pode exercer sua atividade de forma autônoma


ou contratado pelo emissor dos valores
mobiliários, por empresas controladoras,
controladas ou coligadas do emissor, ou por
quaisquer detentores de valores mobiliários que
tenham interesse em formar o mercado para
papéis de sua titularidade.

228
Curso Preparatório CPA20

DICA
O nome da função representa sempre o que faz o
profissional, ou seja:

Liquidante liquida
Escriturador escritura
Depositário deposita

Perceba que para cada regime há um tipo de colocação, como mostra a tabela seguinte.

Oferta com O coordenador assume o compromisso de colocação dos títulos


garantia firme no mercado. Se não vender, deve adquiri-los em seu nome
(straight) (analogia a uma rifa de formatura, se não vender, assume).

Também chamado de esforços restritos, é responsável pelo


Melhores esforços
esforço da colocação. Caso não venda os títulos, ocorre a
(best efforts)
devolução ao emissor.

Mista (stand-by) É uma combinação das duas colocações.

O infográfico a seguir mostra os termos utilizados em uma oferta pública. Confira!

Agência de rating: a classificação de risco do emissor é uma importante


ferramenta de avaliação dos ativos. Por não haver FGC em valores mobiliários, a
classificação de risco é uma garantia indireta (covenant), pois demonstra a saúde
financeira do emissor.

Due dilligence: diligência prévia. Avaliação da empresa para precificação no


lançamento de ações.

Road show: apresentação feita aos investidores durante o esforço de colocação.


Oferece ao investidor uma visão geral da companhia.

229
Curso Preparatório CPA20

Bookbuilding: construção de lista. Processo de levantamento dos interessados


e das condições que o atraem para adquirir a oferta pública, cujo objetivo é a
formação de preços, além de confirmação de condições do objeto a ser ofertado.

Green shoe: é a possibilidade de lançar um lote suplementar de ações, quando a


demanda for maior, de até 15%, com as mesmas condições do lote inicial, desde
que isso esteja previsto no prospecto.

Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para


Ofertas Públicas de e Aquisição de Valores Mobiliários
Esse código visa a estabelecer princípios e regras que devem ser observados pelas
instituições participantes nas ofertas públicas de valores mobiliários, incluindo
os programas de com a finalidade de propiciar a transparência e o adequado
funcionamento do mercado.

Os princípios gerais de liberdade de iniciativa,


livre concorrência, ética, respeito à legislação e
concorrência leal são comuns a todos os códigos.

Os principais documentos da oferta pública são:

230
Curso Preparatório CPA20

Prospecto da oferta: deve conter duas


informações – sobre o emissor e sobre os valores
mobiliários, objeto da oferta e suas condições.

Formulário de referência: documento com


os principais dados da oferta e as práticas
de Governança Corporativa, análise da
administração sobre demonstrações financeiras,
políticas de responsabilidade social, pendências
judiciais e demais informações relevantes.

Não se esqueça de que é mandatório o selo da Anbima, acompanhado de texto obri-


gatório, que comprove a adequação ao código.

Chegamos ao fim do quarto capítulo, que tratou sobre os instrumentos de renda variá-
vel, renda fixa e derivativos. Quanto conteúdo vimos até aqui, concorda? Em caso de
dúvida, releia o conteúdo e fique atento a todas as dicas apresentadas.

Vale a pena reforçar que o conteúdo visto neste capítulo tem peso de 17 a 25% na
prova, ou seja, existe a possibilidade de cair cerca de 11 a 15 questões sobre os temas
abordados.

Continue conosco e bons estudos!

231
Capítulo 5 – Fundos
de investimento

Neste capítulo, vamos apresentar os tipos de fundos de investimentos e suas funcio-


nalidades. Você vai descobrir, por exemplo, o que é um fundo de investimento em co-
tas e como é feita a transferência de titularidade para fundos abertos e fechados. Mui-
ta informação não é verdade? Mas vamos com calma!

232
Curso Preparatório CPA20

Antes de começarmos, vale reforçar que esse capítulo aborda assuntos que costu-
mam aparecer com uma frequência de 18 a 25% na prova de CPA 20, isso significa
cerca de 11 a 15 questões. Siga em frente e boa leitura!

Aspectos gerais
Primeiramente, é preciso compreender o conceito de fundo de investimentos. Para
isso, acompanhe as informações do esquema seguinte.

Um fundo de investimento é um condomínio que


reúne recursos de um conjunto de investidores, com
o objetivo de realizar investimentos financeiros dos
recursos de seus participantes.

Os cotistas são os titulares (proprietários) das cotas


dos fundos de investimento.

Um fundo pode ter um único investidor, quando então


é chamado de fundo exclusivo, ou vários investidores,
onde o número de participantes é ilimitado.

Logo, podemos dizer que um fundo de investimento se caracteriza por ser uma prestação
de serviços sob regime de melhores esforços, ou seja, a instituição financeira que admi-
nistra o fundo cobra uma taxa de administração dos recursos dos investidores, de acordo
com a política de investimentos de cada fundo, como mostrado no esquema seguinte.

233
Curso Preparatório CPA20

Ações
Fundos de
investimento CDB

Títulos públicos
Debêntures

ATENÇÃO
Os fundos de investimentos não contam com nenhuma
garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), da Anbima,
CVM ou do administrador. Se ocorrer de o administrador
entrar em liquidação financeira (como se fosse uma falência),
os cotistas farão uma assembleia para trocá-lo, por isso não
há necessidade da garantia do FGC.

Eventuais perdas que o fundo possa ter são


de responsabilidade do cotista (investidor),
porque o fundo tem uma personalidade
jurídica, e o cotista, ao aplicar, se torna “sócio
do negócio”. O que o investidor deve observar,
nesse cenário, é o regulamento do fundo, em
especial a sua classificação de risco e a política
de investimentos.

234
Curso Preparatório CPA20

Não se esqueça de que o investimento por meio


de fundos dilui os custos de administração
da carteira entre os participantes, o que é um
benefício importante.

ATENÇÃO
A Anbima é uma entidade de apoio e autorregulação que
possui a função de receber os documentos, analisar e cer-
tificar se está de acordo com as regras e enquadramentos,
o que não representa uma garantia do investimento.

Você sabia que o Patrimônio Líquido de um fundo representa o recurso total nele
investido? Esse recurso tem origem na soma dos saldos individuais dos investidores,
que se torna um único montante para investir no mercado, de acordo com os objeti-
vos constantes em cada regulamento.

Um fundo precisa da autorização da CVM para


funcionar, pois cabe a ela a regulação e
fiscalização dos fundos de investimento,
buscando a proteção do investidor. A Instrução
CVM n. 555 dispõe sobre a constituição, a
administração, o funcionamento e a divulgação
de informações dos fundos de investimento.

235
Curso Preparatório CPA20

Da Anbima Do administrador
Auxiliar na construção, O envio dos documentos do
modernização e no fundo à Anbima para avaliação
aperfeiçoamento da legislação prévia e conferência de adesão
de fundos de investimento, às normas. Após a conferência
além de influenciar e dar da Anbima, o administrador
suporte à indústria de fundos enviará a documentação à
para explorar adequadamente CVM, para buscar a autorização
as oportunidades de de funcionamento e captação
crescimento, melhorando de recursos.
constantemente seus pilares.

Ainda pensando nos conceitos básicos, explicaremos, na sequência, do que se trata a


propriedade dos ativos dos fundos de investimento. Confira!

Os ativos que compõem um fundo de


investimento são de propriedade dos cotistas.
Neste caso, o administrador recebe uma
taxa pela administração dos recursos e, para
caracterizar a propriedade dos ativos, cada
fundo tem um CNPJ, com exceção dos fundos
imobiliários.

236
Curso Preparatório CPA20

Isso ocorre pois os fundos de investimento


imobiliário (FII) têm características diferentes
dos demais fundos, pois a propriedade
fiduciária dos ativos é do administrador. Ou seja,
os recursos captados são reunidos e investidos
em imóveis ou títulos, não há segregação de
recursos, portanto, há risco de crédito se o
administrador for liquidado.

Nesse ponto, é válido tratarmos sobre o que chamamos de chinese wall, ou barreira
de informação, que nada mais é do que a exigência de segregação entre os recursos
da instituição e os recursos de terceiros.

O objetivo dessa barreira é evitar conflito de


interesse, por meio da segregação financeira e
administrativa entre a tesouraria do banco e o
Patrimônio Líquido de cada fundo de investimento.

Com isso, o dinheiro dos cotistas não se mistura


com os recursos captados pela instituição
financeira e é destinado exclusivamente ao
objetivo do fundo.

Por exemplo, o dinheiro que uma instituição


financeira capta em CDB, ou RDC, na
cooperativa, pode ser emprestado a outros
clientes/associados. Assim, a instituição
financeira ganha um spread (ganho financeiro
entre custo de captação de recursos e
rendimento desse empréstimo).

237
Curso Preparatório CPA20

Já o dinheiro captado para um fundo de


investimento deverá comprar papéis de acordo
com a política de investimento. Já imaginou
se os valores ficassem misturados, como seria
possível verificar qual rentabilidade é de que
fonte, se é da instituição ou do fundo? Por isso,
a barreira de informação é obrigatória, para
segregar e evitar conflitos.

VÁ FUNDO
Vale ressaltar que falaremos sobre CDB no capítulo 6
da apostila.

Fundo de investimento e fundo de investimento em cotas


O fundo de investimento (FI) pode investir em ativos livremente, escolhendo direta-
mente seus papéis, como títulos públicos, CDBs, ações, debêntures, dentre outros. Por
outro lado, os fundos de investimento em cotas (FIC):

Possuem, em sua política de investimento, a obrigatoriedade de comprar


no mínimo 95% de seu Patrimônio Líquido, em cotas de outros fundos de
investimento, assim, os outros 5% são de livre administração.

238
Curso Preparatório CPA20

Em vez de escolher diretamente os papéis no mercado para a composição


de sua carteira, o fundo adquire cotas de fundos, sendo permitido comprar
cotas de um único FI ou de vários FIs.

Nesse formato, a taxa de administração do fundo não é fixa. Ela pode


ser prevista com uma banda (exemplo: taxa de administração de 1,2% a
2,2%), porque em sua cobrança irá considerar a taxa de administração
dos fundos dos quais se comprará as cotas, mais a taxa de administração
do próprio fundo (exemplificando: poderia ser a taxa de administração
dos fundos que adquire as cotas entre 1% e 2% mais 0,2% de sua taxa).

Fundo abertos e fundos fechados


Veja a seguir as características dos fundos abertos e fechados.

Fundo aberto
Admite movimentações a qualquer momento
(aplicação e resgate). O número de cotas é variável,
sendo que aumenta com as aplicações e diminui com
os resgates e o come-cotas (que veremos no item
tributação em fundos).

Fundo fechado
Nesse tipo de fundo, a aquisição de cotas é limitada
por um prazo, na abertura do fundo, para o início de
suas atividades. Depois disso, os fundos começam
a operar e não recebem novos aportes. Alguns
fundos fechados não têm período de resgate. Como
exemplo de fundo fechado, temos fundo de direitos
creditórios, no qual, se o investidor quiser o seu
dinheiro, poderá vender suas cotas no mercado
secundário, para outro investidor.

239
Curso Preparatório CPA20

Para ilustrar esses conceitos, imagine o seguinte cenário:

Para construir uma casa, é preciso recurso


para adquirir os materiais de construção e
construir o imóvel. Se, após o bem ficar pronto,
o investidor quiser seu dinheiro de volta, não
poderá destruir a casa e vender o material
utilizado.

Para reaver seu dinheiro, ele poderá vender o


imóvel para outra pessoa, o que é chamado de
mercado secundário. Neste caso, o dinheiro não
voltou à origem, contudo, o bem trocou de mãos.

ATENÇÃO
Importante dizer que os fundos fechados podem vender
suas cotas na bolsa de valores, como se fossem ações.
Por exemplo, em um fundo imobiliário, no qual, mesmo
com valores pequenos, um investidor pode ter uma fração
de um imóvel e receber os aluguéis e a valorização pro-
porcionais ao valor investido.

O fechamento dos fundos para resgates e aplicações acontece quando o admi-


nistrador de um fundo o fecha para novas aplicações ou resgates, visando a proteger
seus interesses ou os de seus cotistas. Observe, na sequência, a diferença entre essas
duas modalidades.

240
Curso Preparatório CPA20

O fundo fecha para novas aplicações


Quando, por exemplo, o aumento do patrimônio
inviabilizar alguma estratégia de gestão,
quando houver previsão de liquidação do
fundo ou quando não houver mais interesse
na captação de novos investimentos. Também
pode ocorrer em fundos fechados que têm um
período estipulado para aquisição de cotas.

O fundo fecha para resgates


Quando se tratar de uma possibilidade prevista
no regulamento, para casos de extrema
instabilidade do mercado e calamidades. Outra
possibilidade é a previsão no regulamento de
fundos fechados, quando o cotista poderá
vender suas cotas no mercado secundário.

Cota e transferência de titularidade

Cota é um valor mobiliário, que corresponde


à fração do Patrimônio Líquido do fundo,
regulado e fiscalizado pela CVM.

Quando um fundo inicia suas atividades, uma cota vale R$ 1,00. Após isso, diariamen-
te, terá impacto da valorização ou desvalorização dos ativos que o compõem, junto
com as despesas do fundo que são debitadas (deduzidas) do Patrimônio Líquido dele.

241
Curso Preparatório CPA20

Patrimônio líquido
Cota =
Quantidade de cotas

O valor diário da cota é calculado dividindo o valor


do Patrimônio Líquido pela quantidade de cotas.

Observando a fórmula, é possível perceber que o valor da cota é impactado pelas


despesas e pelos rendimentos diariamente, uma vez que o Patrimônio Líquido é com-
posto pelo valor dos ativos marcados diariamente a mercado menos as despesas do
fundo. Logo, podemos concluir que:

Valor dos ativos – Despesas do fundo


Valor diário da cota =
Número de cotas

É preciso dizer, ainda, que o número de cotas é impactado por três fatores, mostrados
no infográfico a seguir. Confira!

Novo aporte: quando um investidor


1 faz um aporte, ele adquire cotas,
aumentando a quantidade.

Resgate de cotas: a quantidade


2 de cotas diminui com o resgate.

Pagamento de Imposto de Renda: são resgatadas


cotas (evento chamado de come-cotas) para o
3 pagamento semestral de Imposto de Renda nos
fundos de investimento, com exceção dos fundos de
ações e fundos fechados, que não têm o come-cotas.

242
Curso Preparatório CPA20

Quanto à transferência de titularidade, elas se dão de diferentes maneiras, de acordo


com o tipo de fundo. Acompanhe!

Fundos fechados
As cotas de fundos fechados podem ser
vendidas para terceiros (mercado secundário),
havendo a troca da titularidade. A formalização
implica a assinatura de um termo de cessão e
transferência, ou em bolsa, quando isso já é
previamente autorizado.

Fundos abertos
Normalmente, há aplicação e resgate, no
entanto, a transferência de cotas é permitida
nos seguintes casos: decisão judicial ou arbitral,
operações de cessão fiduciária, execução de
garantia, sucessão universal, dissolução de
sociedade conjugal ou união estável por via
judicial ou escritura pública que disponha
sobre a partilha de bens e a transferência de
administração dos bens.

Segregação de funções e responsabilidades


Assim como os recursos devem ser segregados, há também a exigência de segre-
gação de funções. Logo, a Pessoa Jurídica pode ser a mesma nas diversas funções,
mas, na organização interna, pessoas distintas devem desempenhar os diferentes pa-
péis, mostrados no infográfico seguinte. Veja!

243
Curso Preparatório CPA20

1 Administrador – Responde por toda a parte administrativa do fundo. É o


representante legal dos investidores, que responde civil e criminalmente
pela gestão, pela supervisão, pelo acompanhamento e pelas informações
do fundo. Responde à CVM e ao mercado. Faz a marcação a mercado a
partir das informações enviadas pelo custodiante, somando o valor dos
ativos e deduzindo as despesas a provisionar. Divulga a rentabilidade dos
fundos e dá publicidade às informações.

Gestor – É o responsável pela escolha e negociação dos ativos que


2 compõem a carteira, de acordo com a política de investimento. Quando
um investidor adquire cotas, o gestor compra papéis no mercado para
valorizar o PL. Quando um investidor resgata do fundo, o gestor deverá
vender ativos para pagar o resgate.

3 Distribuidor – É o responsável pelo contato com os cotistas, pelo


cadastro e pela atualização cadastral, pela análise de perfil do
investidor, pela guarda do termo de adesão e pelos demais documentos.
Realiza as aplicações e os resgates junto ao administrador, por conta e
ordem do investidor.

Custodiante – É o responsável pela “guarda” dos ativos do fundo, nas


4 respectivas câmaras de liquidação e custódia. Responde pelos dados e
envio de informações dos fundos para os gestores e administradores.

5 Auditor independente: Audita anualmente as demonstrações


financeiras dos fundos e notas explicativas.

244
Curso Preparatório CPA20

Assembleia Geral de Cotistas


A Assembleia Geral de Cotistas é a reunião dos cotistas para deliberarem sobre as-
suntos referentes ao fundo.

A convocação é obrigatória a todos os cotistas,


deve ser realizada com pelo menos dez dias
de antecedência e a assembleia deve ocorrer
em até 120 dias (primeiro quadrimestre) após o
término do exercício social do fundo.

Quem pode convocar a assembleia:

• o administrador;
• o gestor;
• o custodiante;
• o cotista ou grupo de cotistas
que detenham no mínimo, 5% do
total das cotas.

A assembleia delibera sobre as demonstrações contábeis apresentadas pelo adminis-


trador, além de decidir sobre:

245
Curso Preparatório CPA20

1 2 3 4
A substituição do A fusão, O aumento da taxa A alteração
administrador, incorporação, cisão, de administração, da política de
gestor ou transformação da taxa de investimento do
custodiante ou liquidação do performance ou fundo.
do fundo. fundo. das taxas máximas
de custódia.

5 6 7
A emissão de A amortização A alteração do
novas cotas, no e o resgate regulamento.
fundo fechado. compulsório de
cotas, caso não
estejam previstos
no regulamento.

Em contrapartida, os seguintes itens não precisam de Assembleia Geral:

• Redução da taxa de administração.


• Atualização de dados cadastrais do
administrador ou dos demais prestadores de
serviços.
• Exigências legais ou de regulamentação.

246
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Vale ressaltar que as alterações devem ser informadas
imediatamente aos cotistas e à CVM.

Instrumentos de divulgação
O regulamento é um documento completo, registrado em cartório, que dá vida jurídi-
ca ao fundo, sendo, portanto, obrigatório a todos os fundos.

DICA
Cada fundo tem um CNPJ, já que tecnicamente é uma
empresa, e, com isso, seus cotistas (sócios) possuem
direitos e obrigações.

Esse regulamento pode ser alterado com


a Assembleia de Cotistas, com exceção de
redução da taxa de administração, alterações
cadastrais dos prestadores de serviços ou
exigências legais. Esses ajustes podem ser
realizados pelo administrador, sem assembleia,
mas devem ser comunicados imediatamente à
CVM e aos cotistas.

Além do regulamento, existem outros instrumentos pelos quais são realizadas as divulga-
ções das políticas de investimento e rentabilidade, elencados no infográfico a seguir.

247
Curso Preparatório CPA20

É o documento que contém as informações


Formulário de informações
relevantes do fundo de investimento. É um
complementares
resumo do regulamento, que mostra a política
de investimento e as principais regras do fundo.

É o documento de poucas páginas,


Lâmina de informações com informações essenciais, política de
essenciais investimento, regras de aplicação e resgate
e rentabilidade.

É o documento que apresenta as informações


periódicas do fundo, rentabilidade mensal
dos últimos 12 meses e rentabilidade anual,
Demonstração de além das despesas que são debitadas
desempenho do fundo do patrimônio do fundo e reduzem a
rentabilidade. Traz também comparativos para
facilitar as análises.

Um fundo de investimento adquire ativos


Composição da para rentabilizar os recursos de seus cotistas.
carteira Esses ativos podem ser de várias classes, de
emissores públicos ou privados, nacionais ou
de outros países.

Nesse caso, o gestor deve respeitar os limites da política de investimentos, ao adquirir


os papéis, e, na ocorrência de eventuais desenquadramentos, os cotistas poderão ser
notificados e isso pode causar sanções ao fundo.

É importante frisar que alguns limites devem


ser respeitados para enquadramento legal,
como de composição, diversificação de carteira
e concentração de risco, que são definidos nas
diferentes classes de fundos de investimento.

248
Curso Preparatório CPA20

Por fim, é necessário enfatizar que o ingresso ao fundo se dá mediante a assinatura


dos seguintes termos:

Termo de adesão e ciência de risco


Atesta que o investidor está ciente da política
de investimentos e riscos do fundo. O termo
de adesão é obrigatório a todos os fundos de
investimento, com exceção do fundo simples.

Termo de ciência de risco de crédito privado


Informações adicionais no termo de adesão
e ciência de riscos quando o fundo tiver, em
sua política de investimentos, a previsão de
investir mais de 50% do Patrimônio Líquido em
créditos privados.

Direitos e obrigações dos cotistas


Ao investir em um fundo, o cotista adquire cotas, se tornando uma espécie de “sócio” do
fundo, assina o termo de adesão, ou seja, adere às regras, e concorda com o regulamen-
to e adquire os mesmos direitos e deveres dos demais cotistas, independentemente
da quantidade de cotas que possui. Nesse sentido, os deveres dos cotistas são:

1 Atestar que tem ciência dos


riscos e termos do regulamento.

2
Aportar recursos em caso de PL
negativo do fundo.

3 Pagar taxa de administração


e outras despesas do fundo.

Observar as recomendações de
prazo mínimo e riscos. 4
249
Curso Preparatório CPA20

5 Comparecer às assembleias.

Fornecer dados cadastrais e


documentações atualizados. 7

Administração
Agora que você já conhece os direitos e deveres dos cotistas, vamos falar sobre o ad-
ministrador? Ele tem poderes para praticar os atos necessários ao funcionamento do
fundo e é encarregado da constituição do fundo, além de prestar informações à CVM e
contratar terceiros, pelos quais se torna responsável.

Em contrapartida, o administrador
tem, como direitos, receber a
remuneração pactuada, cobrar as
obrigações do cotista e exercer
suas atividades de acordo com o
regulamento.

Quanto às obrigações do administrador, podemos citar:

250
Curso Preparatório CPA20

Fornecer o regulamento e a
lâmina a todos os cotistas.

Diligenciar para que toda a documentação


e os registros do fundo sejam mantidos
atualizados e em perfeita ordem.

Manter o serviço de atendimento ao cotista.

Fiscalizar os serviços dos prestadores


de serviços.

Observar as disposições dos normativos


que regulamentam o mercado.

Adotar políticas e procedimentos para que a composição da carteira e


a liquidez estejam de acordo com o previsto no regulamento.

É vedado ao administrador realizar atos de


liberalidade que prejudiquem o fundo ou que
contrariem seu regulamento.

É importante dizer que os administradores dos


fundos de investimento devem divulgar infor-
mações para os cotistas, à CVM e às entidades
do mercado, como, por exemplo, a Anbima.

Assim, o administrador deve divulgar periodicamente as seguintes informações.

251
Curso Preparatório CPA20

Diariamente
O valor da cota e o desempenho do fundo no site.

Mensalmente
O extrato mensal, composição da carteira
e remeter à CVM o balancete e a composição
da carteira.

Anualmente
A demonstração do desempenho do fundo
para os cotistas, assim como enviar à CVM
as demonstrações contábeis com parecer do
auditor independente.

Além disso, o administrador deve informar aos cotistas e à CVM todos os fatos rele-
vantes ocorridos ou relacionados ao fundo, que possam impactar o valor das cotas ou
a decisão do cotista de adquirir, vender ou manter suas cotas.

Os fatos relevantes devem ser mantidos nos sites


do administrador e do distribuidor, a fim de que
sejam divulgados eletronicamente aos cotistas.

Nesse contexto, é preciso se atentar para algumas regras gerais sobre divulgação
de informações apresentadas no infográfico seguinte. Acompanhe!

252
Curso Preparatório CPA20

As informações As regras de
Todas as do fundo não divulgação
informações do podem prometer se aplicam
fundo devem garantia de à lâmina e a
ser escritas em resultados qualquer outro
linguagem simples, futuros ou material de
clara, objetiva e ausência de risco divulgação do
concisa. para o investidor. fundo.

1 3 5

2 4 6
As informações A divulgação Informações
divulgadas pelo de informações devem vir
administrador, sobre o fundo acompanhadas
relativas ao deve ser ampla, da indicação de
fundo, devem equitativa e suas fontes.
ser verdadeiras, simultânea
completas, para todos os
consistentes e não cotistas.
induzir o investidor
a erro.

ATENÇÃO
Caso as informações divulgadas apresentem incorreções
que possam induzir o investidor a erros de avaliação, a
CVM pode exigir a exclusão da divulgação da informação
ou a veiculação, com igual destaque e por meio do mesmo
meio que foi utilizado para divulgar a informação original,
de retificações e esclarecimentos.

253
Curso Preparatório CPA20

Objetivo do fundo e política de investimentos

A política de investimento abrange


todos os critérios que vão nortear os
investimentos de um fundo. Nela, são Já o objetivo de um fundo retrata o desejo
definidos o objetivo do fundo, os tipos de alcançar resultados ao investidor e a
de papéis, mercados em que o fundo meta de rentabilidade que servirá como
pode aplicar, os percentuais mínimos e parâmetro para o fundo trabalhar.
máximos em cada papel e quais os riscos
a que o fundo está exposto.

Ela indica como os objetivos serão Ele que determina o tipo de gestão com
alcançados, detalhando os mercados de relação ao seu risco, pois, quanto maior a
atuação, ou seja, quais papéis, mercados, rentabilidade almejada, maior o risco dos
limites, percentuais e qual o risco ao qual ativos, uma vez que risco e retorno são
o fundo será exposto. proporcionais.

254
Curso Preparatório CPA20

Diferenciais dos fundos para o investidor


Quando pensamos no porquê de um investidor aplicar nos fundos de investimento,
devemos destacar quatro diferenciais que podem nos ajudar a solucionar essa ques-
tão. São eles:

Acessibilidade ao mercado financeiro: o fundo de investimento


permite ao investidor o acesso a mercados diferentes, mais
complexos e com mais possibilidades, o que pode lhe trazer
vantagens a que, individualmente, ele talvez não tivesse acesso.

Diversificação: o investimento em condomínio permite


diversificar. Por exemplo, se um investidor tem R$ 1.000,00,
conseguirá investir em um ou poucos investimentos. Caso se
junte com outros investidores, via fundos, poderá ter diversos
papéis em sua carteira. Considere um fundo de renda fixa, que
pode investir em títulos públicos e privados, atrelados a juros
ou inflação. Cada título poderá ter características diferentes
de risco, liquidez e rentabilidade e, investindo no fundo, o
investidor terá cotas do todo, ou seja, uma fatia de cada um dos
ativos do fundo.

Profissionalização: possibilita ter os investimentos


administrados profissionalmente, sem que o investidor tenha
de dominar a utilização de instrumental sofisticado de análise.

Riscos dos ativos individuais versus riscos da carteira:


se considerarmos os valores de ativos individualmente no
investimento, eles apresentam riscos maiores do que se forem
correlacionados em uma carteira.

Para ilustrar os diferenciais do fundo de investimento, basta imaginar que:

255
Curso Preparatório CPA20

Fundos de investimento Investimento único

0,10% Perde
de perd
a
100%

Se você fizer um único investimento de R$ 100 mil e, por exemplo, houver inadimplên-
cia do emissor, a perda é total. Por outro lado, se considerarmos esse título dentro de
um fundo, com Patrimônio Líquido de R$ 100 milhões, caso haja a inadimplência, ela
representará apenas 0,10% de perda.

Dinâmica de aplicação e resgate


Ao aplicar em um fundo, o valor deverá ser convertido em quantidade de cotas pelo
valor correspondente, assim como a quantidade de cotas será convertida em reais,
por ocasião do resgate.

Imagine, por exemplo, que você compre 20


caixas de leite a R$ 5,00 cada, gastando,
portanto, R$ 100,00. Se ao final de dois meses
você for vender suas 20 caixas de leite por R$
5,50 cada, você receberá R$ 110,00, concorda?
O mesmo acontece em fundos: o investidor
compra cotas do fundo pelo valor de cada cota.

Cabe ressaltar que o valor da cota para a conversão em quantidade de cotas, ou a


operação inversa por ocasião do resgate, respeitará o prazo de cotização, ou seja,
qual a cotação a ser utilizada para realizar a conversão de dinheiro em ativo na aplica-
ção e de ativo em dinheiro no resgate.

256
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Fique atento à definição de prazo de cotização:
É o prazo, a partir da aplicação ou pedido de resgate, para
conversão do valor investido em quantidade de cotas ou
das cotas em dinheiro.

Na aplicação, o prazo de cotização poderá ser:

D + 0 (valor da cota do dia da aplicação).


D + 1 (valor da cota do dia seguinte à aplicação).

No resgate, o prazo para a conversão de cotas será estabelecido de acordo com o


regulamento do fundo, pois, como não há delimitador na legislação, o valor do resgate
será conhecido após a quantidade de dias prevista em regulamento para a cotização.

ATENÇÃO
Importante lembrar que, dentro do prazo de cotização,
todas as oscilações, sejam positivas ou negativas, incidem
sobre o valor da cota.

257
Curso Preparatório CPA20

Outro aspecto a considerar é se o valor da cota será de abertura ou de fechamento. A


tabela seguinte explica do que se trata cada um desses tipos de cotas. Confira!

Cota de abertura

Calculada no início do dia (considerando o Patrimônio


Líquido do dia anterior + CDI de um dia), ela é usada em
fundos conservadores de renda fixa.

Cota de fechamento

Apurada no encerramento do dia, reflete mais fielmente


o Patrimônio Líquido do fundo. Obrigatória para fundos
de ações, cambial, multimercado e FIEX, que são
fundos com maior risco e maiores oscilações.

Acompanhe o exemplo a seguir, que ilustra os conceitos de cota de abertura e fecha-


mento. Acompanhe com atenção.

Suponha que, no exemplo Isso significa dizer que, se no


anterior, da compra do leite por final do dia seguinte, a caixa de
R$ 5,00 a unidade, o armazém leite estiver R$ 5,56, você só
diz que você poderá comprar o conseguirá 18 caixas de leite, em
produto, mas que a cotação da vez das 20 do exemplo anterior.
caixa será o valor do final do dia Lembrando que se o valor da
seguinte, ou seja, considerando cota tivesse caído, a lógica seria
D1 cota de fechamento. a mesma, seria possível comprar
mais litros de leite.

258
Curso Preparatório CPA20

Agora, digamos que você


Nesse caso, você só saberia
vai revender este leite,
o valor do resgate ao final
transformando o produto em
do quinto dia. É importante
dinheiro novamente. Ao pedir
ressaltar que o regulamento
o “resgate”, você descobre que
deve deixar claro se são dias
o “regulamento do exemplo”,
úteis ou corridos.
prevê a cotização no resgate de
D5 cota de fechamento.

Dito isso, é importante pontuar que prazo de liquidação financeira é o tempo que
demora para o dinheiro (do resgate) ser creditado na conta do investidor. O mais co-
mum é o pagamento das cotas em D0 (mesmo dia do pedido) ou D+1 (dia seguinte à
conversão das cotas).

Entretanto, A CVM admite que o prazo de


pagamento do resgate seja processado em
até cinco dias úteis, ou seja, após converter
as cotas, tem até cinco dias para pagar ao
investidor (lembrando que isso deve constar no
regulamento).

Taxas e formas de cobrança


As taxas e as despesas do fundo são descontadas diariamente, logo, a rentabilidade
divulgada dos fundos já deve considerar essas deduções e, dessa forma, ela será lí-
quida de taxas, porém, sempre será bruta de impostos, como veremos adiante.

259
Curso Preparatório CPA20

A taxa de administração é a
remuneração do administrador,
cobrada pelo gerenciamento
do fundo, expressa ao ano e
provisionada diariamente. Ou seja,
impacta diariamente o valor da cota,
e é recolhida mensalmente.

Isso acontece porque a base de cálculo é o patrimônio líquido diário, logo, mesmo
se houver rentabilidade negativa, ela será cobrada, pois o rendimento foi negativo,
mas o saldo, que é a base de cálculo, foi positivo. É possível concluir, então, que quan-
to maior a taxa de administração, maior o impacto no resultado do fundo, como mos-
tra o exemplo na sequência.

1 2 3
Levando em consideração
Um fundo DI tem taxa que o fundo adquiriu papéis
de administração A rentabilidade que renderam 100% do DI,
de 1% ao ano e do DI, o qual é o considerando apenas a taxa
PL médio em um benchmark do de administração (R$ 10 mil
determinado ano de referido fundo, sobre os R$ 40 mil), e sem ter
R$ 1. milhão, e a taxa rendeu 4% no em conta outras despesas
de administração ano, sobre o PL do fundo, a rentabilidade foi
cobrada no ano foi de diário, R$ 40 mil. reduzida em 25%, sobrando
R$ 10 mil (1%). 75% do DI para o fundo.

260
Curso Preparatório CPA20

Em contrapartida, temos a taxa de


performance, que incide sobre a rentabilidade
que exceder a meta, que será um benchmark
definido na política de investimentos do fundo.
A meta, neste caso, deve ser no mínimo 100%
do benchmark, o que é chamado de linha
d’água, pois somente a partir de então é que
incide a cobrança.

A taxa de performance tem periodicidade semestral,


mas é provisionada ou revertida diariamente.

Isso se dá porque ela é cobrada sobre o que ultrapassar a meta, logo, quando a ultra-
passa, provisiona, e, caso fique abaixo da meta, é revertida. É importante lembrar que,
no fim do semestre, ela é recolhida e o cálculo se inicia novamente.

ATENÇÃO
A taxa de performance só pode ser cobrada em fundos
ativos, que visam a superar seu benchmark.

Temos, ainda, as taxas de carregamento, de entrada e de saída, definidas na sequência.

261
Curso Preparatório CPA20

Taxa de carregamento Taxa de entrada Taxa de saída

Incide sobre o valor de cada


Já a de saída pode
contribuição, é a importância A taxa de entrada é
incidir, em alguns
destinada a atender às cobrada sobre cada
planos, sobre o valor do
despesas administrativas e depósito.
resgate, descontados os
de comercialização do plano.
rendimentos.

RESUMINDO
TAXAS DOS FUNDOS

Taxa Taxa Taxa de


Taxa de saída
administração performance entrada

Provisão Diária Bom Diária


Por evento Por evento
Recolhimento Bom Mensal Semestral

Base de Dificulta PL O que excede


o benchmark Depósitos Capital
cálculo (saldo)

Expressa em: Ao ano Percentual Percentual Percentual

Principais estratégias de gestão


Nessa segunda parte do conteúdo, veremos as principais estratégias de gestão para
fundos de investimentos. Iniciamos com fundos com gestão ativa e passiva. Siga em
frente e boa leitura.

262
Curso Preparatório CPA20

Os fundos com gestão ativa visam a superar


um índice de referência, pois como sabemos,
para melhorar a rentabilidade, é necessário
assumir mais riscos. Logo, as estratégias de
posicionamento e alavancagem são utilizadas
para auxiliar na tomada de decisões, para, por
exemplo, adquirir títulos com pouca liquidez ou
de emissores com baixo rating.

Pode ocasionar eventuais perdas patrimoniais


aos cotistas. Exemplo: títulos privados de
maior risco de mercado, ativos de baixo rating,
duration (prazo médio) mais longa, ações
de segunda ou terceira linha (de empresas
menores ou menos conhecidas), derivativos.

Por outro lado, temos os fundos com gestão passiva, também chamados de fundos
indexadores, em que o gestor tem menos liberdade na escolha de ativos, pois o ob-
jetivo é acompanhar o benchmark. Dessa forma, ele escolherá apenas os ativos que
fazem parte da carteira do indexador. Os indexadores acompanham, por exemplo:

Renda fixa Renda variável

CDI, Selic, IGPM, dentre outros Ibovespa, IBRX, dentre outros

Nesse contexto, cabem os seguintes questionamentos:

263
Curso Preparatório CPA20

• Se um fundo passivo compra papéis


atrelados a um índice, eles não
deveriam render a mesma coisa?

• Por que um fundo DI, muitas vezes,


rende menos do que o DI, que é seu
benchmark, se ele compra papéis
dessa classe?

Isso ocorre devido aos eventos listados no infográfico seguinte.

Preço de compra e venda: Custos: a taxa de administração e


o preço de aquisição ou outras despesas são descontadas
alienação de um título pode ter do saldo, incidem sobre o PL e, com
ágio ou deságio, e esse valor isso, impactam a rentabilidade.
impactará a rentabilidade.

Composição da carteira: uma


carteira pode ter ativos diferentes
em sua composição, como
Marcação a mercado: os ativos diferentes riscos de crédito,
diariamente são marcados a mercado, prazo e aderência. Além disso, há
pelo preço que seriam negociados se um percentual que não precisa
fossem vendidos no mercado, o que pode necessariamente estar vinculado
acarretar uma diferença de rentabilidade, ao indexador.
em comparação ao indicador.

264
Curso Preparatório CPA20

Para ilustrar o preço de compra e venda, suponha que um investidor solicitou resgate,
e para pagá-lo o gestor do fundo vendeu um título de R$ 1.000,00 por R$ 990,00 por
causa do risco de instabilidade econômica em um determinado momento, que depois
se normalizou. Esses R$ 10,00 são prejuízo do fundo e nesse caso afeta a rentabilida-
de de todos os cotistas.

Principais mercados
Vamos falar sobre mercados para fundos de investimentos? Que tal começarmos pe-
los juros prefixados e pós-fixados? Acompanhe, na sequência, suas características e
quando sua utilização é indicada.

Um título possui a Como os fundos são Consequentemente,


rentabilidade prefixada obrigados a fazer o quando as taxas de
quando é carregado até apreçamento de ativos juros no mercado
seu vencimento e, caso ou marcação a mercado, sobem, o valor dos
precise vender antes, quando os juros caem, títulos cai, pela
o valor dos títulos aplicação do deságio,
seu preço será o valor
prefixados sobe, dando
negociado no mercado para compensar a
mais rentabilidade
naquele dia. rentabilidade nominal.
ao fundo.

Nesse caso, é preciso levar em consideração o risco de o emissor falir (risco de crédi-
to), e o risco de liquidez dos títulos da carteira, sem esquecer que os juros prefixados
são indicados em cenário de queda, porque “travam” a rentabilidade.

265
Curso Preparatório CPA20

Os juros pós-fixados, por sua vez, têm taxas


que acompanham o mercado, oferecendo
menos oscilações, por isso, são considerados
mais conservadores. Essa modalidade
praticamente não sente os efeitos da marcação
a mercado, porque acompanha os seus
indexadores.

No entanto, é necessário sempre observar, juntamente com o risco de mercado, que


neste caso é baixo, os riscos de crédito e liquidez, lembrando que os juros pós-fixados
são indicados em cenário de alta da taxa básica de juros no mercado.

O câmbio também representa um mercado


para os fundos de investimentos, uma vez que
o risco cambial está presente na oscilação dos
preços de uma moeda.

DICA
Imagine, por exemplo, que uma moeda estrangeira seja
cotada a R$ 3,00 e, um ano depois, seu valor seja R$ 6,00.
Neste caso, os investimentos atrelados à moeda subiram
100% no período.

266
Curso Preparatório CPA20

A inflação também representa um mercado


para os fundos de investimento. Isso porque
alguns títulos podem estar atrelados aos
indicadores de inflação (IPCA e IGP-M) e,
geralmente, pagam uma taxa adicional, que é
uma taxa prefixada adicional e garante uma
remuneração acima da inflação.

ATENÇÃO
Esses títulos, por serem mistos, têm dois riscos: risco da
taxa de juros prefixada, que compõe a remuneração, e
risco de oscilações do indexador de inflação.

Temos, ainda, as ações como exemplo de mercado para os fundos de investimentos.


Isso porque, elas são participações na sociedade de uma empresa, que podem valori-
zar ou desvalorizar.

Além disso, ações podem distribuir


lucros e proporcionar direitos,
como, por exemplo, subscrições de
novas emissões como vantagens
adicionais. Com relação ao risco de
desvalorização ou resultado negativo,
eles devem ser avaliados de acordo
com a análise da empresa e as
condições de mercado.

267
Curso Preparatório CPA20

Nesse cenário, é preciso destacar os índices de comparação (benchmarks) tanto para


fundos de renda fixa quanto para renda variável. Vamos começar falando sobre os
principais benchmarks de renda fixa, que estão elencados e definidos no infográfico a
seguir. Confira!

Taxa DI
Selic IPCA
Taxa praticada
Taxa de juros nos certificados Índice oficial da
calculada a partir de depósito inflação do país,
de operações interfinanceiros, utilizado pelo
compromissadas é o principal Copom para a
com lastro em benchmark no análise da meta
títulos públicos. mercado de de inflação.
renda fixa.

IGP-M IMA Geral

Índice Geral Índice de


de Preços do Mercado Anbima,
Mercado, é a que mede o
média ponderada desempenho dos
dos índices IPA, títulos públicos
IPC e INCC. por seus preços a
mercado.

ATENÇÃO
Importante ressaltar que o IMA Geral possui sub índices
de acordo com o tipo de taxa de cada classe:
• IRF-M: desempenho dos títulos pré-fixados.
• IMA-B: desempenho dos títulos indexados ao IPCA.
• IMA-S: desempenho do Tesouro Selic.

268
Curso Preparatório CPA20

Quanto aos benchmarks de renda variável, podemos destacar os três itens a seguir.

Índice Brasil (IBrx) Índice de


Índice Bovespa
(Ibovespa) É revisado de quatro Sustentabilidade
em quatro meses, Empresarial (ISE)
É revisado de quatro
considera os últimos Mede a performance
em quatro meses,
doze meses e peso de das empresas listadas
considera os últimos
cada ação no índice na bolsa de valores
doze meses e o peso
é ponderado pelo sob o aspecto da
de cada ação no
valor de mercado das sustentabilidade
índice depende de sua
ações disponíveis à corporativa, baseada
liquidez. Os índices
negociação. Representa em eficiência
de negociabilidade
as 100 ações com mais econômica, equilíbrio
somados devem
liquidez, que devem ter ambiental, justiça
representar 85% do
sido negociadas em pelo social e governança
valor acumulado
menos 95% dos pregões corporativa. É
de todos os índices
do período. desenvolvido pela FGV
individuais e devem ter
sido negociadas em e B3.
mais de 95% do total
de pregões do período.

269
Curso Preparatório CPA20

Principais modalidades de fundos


Chegamos à terceira parte do capítulo e, a partir de agora, vamos abordar as principais
modalidades de fundos de investimentos. Começaremos pela classificação CVM. Siga
em frente e boa leitura!

Classificação CVM

Em 1° de outubro de 2015, entrou em vigor


a Instrução CVM n. 555, que dispõe sobre a
constituição, a administração, o funcionamento
e a divulgação de informações dos fundos de
investimento, com as alterações inseridas pelas
Instruções CVM n. 563 e 564.

A instrução normativa classifica os fundos,


com o objetivo de facilitar o entendimento dos
mercados, os riscos e as estratégias, além de
auxiliar na escolha do investidor.

Os fundos de investimento são classificados, a partir de então, em:

1
Renda fixa
Fundos que buscam retorno por meio de investimentos em ativos de
renda fixa. No mínimo 80% dos papéis da carteira devem estar atrelados à
taxa de juros (pré ou pós-fixada) ou ao índice de preços (IPCA, IGP-M etc.).

270
Curso Preparatório CPA20

2 Fundo de ações
Fundos que têm, no mínimo, 67% de sua carteira em ações negociadas
em bolsa de valores, bônus ou recibos de subscrição e certificados de
depósito de ações.

3 Fundos cambiais
A classificação agrega os fundos que aplicam pelo menos 80% da carteira
em ativos (de qualquer risco de crédito), relacionados diretamente ou
sintetizados, via derivativos, a uma moeda estrangeira.

4 Fundos multimercados
Fundos com políticas de investimento que envolvem vários fatores de risco,
sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial (“mui-
tos mercados”). Têm a flexibilidade de gestão para escolher o melhor mo-
mento de alocar os ativos.

DICA
É preciso acrescentar que o risco dos fundos cambiais
está relacionado tanto à variação da moeda quanto ao
cupom cambial, que é a taxa de juros agregada dos títu-
los. Exemplo: na carteira de um fundo cambial, há títulos
que pagam variação cambial + 2% ao ano. O risco está na
variação cambial e na marcação a mercado da taxa pre-
fixada que compõe o rendimento.

A tabela seguinte mostra as subclassificações da CVM. Observe!

271
Curso Preparatório CPA20

Características
Características Risco da
Classe Subclassificação de gestão
das classes subclassificação
e risco

100% baixo
Prazo médio dos risco de crédito,
títulos: 60 dias, mercado
Curto Prazo o mais longo não e liquidez.
pode ultrapassar Derivativos
375 dias. apenas para
hedge.

No mínimo 95% 80% baixo risco


do PL atrelado de crédito,
Referenciado
ao indicador de mercado e
referência. liquidez.

No mínimo
95% em títulos
95% baixo risco
públicos ou
de crédito,
Simples privados de
Mínimo de 80% mercado e
baixo risco. Não
Renda em taxa de liquidez.
precisa termo de
fixa juros ou índice adesão nem API.
de preços.
Visa a superar o
seu indicador de
O regulamento
referência. Seus
definirá o
Ativo ativos podem ter
percentual de
duração baixa,
risco.
média, longa ou
livre.

Mínimo de 80%
em títulos da Risco cambial e
Dívida externa
dívida externa risco do país.
do Brasil.

Maior risco de
Mais de 50% dos
crédito. Risco
Crédito privado ativos em crédi-
de mercado e
to privado.
liquidez.

272
Curso Preparatório CPA20

Ações de riscos
diversos, de Risco de
Mercado de
acordo com mercado e
acesso
sua política de liquidez.
investimentos.

Visa a
Risco de
acompanhar um
mercado é
Indexado benchmark de
Mínimo de 67% menor.
renda variável.
Ações em ações e
similares.
Estratégias
variadas para
superar seu
benchmark,
Risco de
como ações
Ativos mercado e
boas pagadoras
liquidez.
de dividendos,
setoriais,
pequenas
empresas, etc.

Mínimo de 80% Mínimo de 80% Risco cambial e


Cambial em moeda Cambial em moeda do cupom/taxa
estrangeira. estrangeira. de juros.

Objetivo de
Sem Risco moderado
maiores ganhos,
Multi- concentração, a alto de crédito,
Ativos de acordo com
mercado diversos mercado e
os riscos e as
mercados. liquidez.
estratégias.

Investem no Risco de crédito,


Todas as Investimentos no mínimo 40% do mercado e
classes exterior PL em ativos no liquidez. Risco
exterior. de câmbio.

O fundo de renda fixa simples tem algumas peculiaridades, por exemplo, são vedadas
as seguintes condutas:

273
Curso Preparatório CPA20

1 3
A cobrança de taxa 2 A concentração em
de performance. A realização de créditos privados.
investimentos
no exterior.

5 4
Qualquer transformação ou A transformação do fundo
mudança de classificação do fundo. em fundo fechado.

ATENÇÃO
Além disso, é importante frisar que o fundo simples é
dispensado da assinatura do termo de adesão e do preen-
chimento do API (art. 113 da IN n. 555 CVM).

Classificação Anbima (Autorregulação)


A Anbima, por meio do Código de Autorregulação, classifica os fundos em três níveis,
que são mostrados a seguir.

274
Curso Preparatório CPA20

Regulação Autorregulação

1. Classe de ativos 2. Tipo de gestão e riscos 3. Estratégias

Nível 1 Nível 2 Nível 3


• Renda fixa • Indexados • Conforme a estratégia
• Ações • Ativos
• Multimercados • Inv. Exterior
• Cambial

Fonte: Cartilha Anbima Nova Classificação de Fundos, 2015.

Como você pode observar, no primeiro nível, os fundos estão agrupados por classe de
ativos e é utilizada a mesma classificação da CVM (regulação CVM). No segundo nível,
(autorregulação Anbima), os fundos das classes se subdividem conforme o tipo de
gestão e riscos e podem ser resumidos em fundos indexados (passivos), fundos ativos
e fundos de investimento no exterior.

É preciso pontuar que no terceiro nível mostrado no infográfico, o nível de autorregulação


traz as estratégias que cada fundo poderá utilizar. Enquadram-se aqui, por exemplo:

Fundos soberanos Fundos dinâmicos Fundos setoriais

Com estratégia de investir Que utilizam estratégias Que investem em ativos de


apenas em títulos públicos. mais arrojadas. um setor específico.

Limites por modalidades de ativos


Os fundos de investimento podem aplicar em diversos mercados e, na maioria dos casos,
não há limitações por emissor, ou seja, um fundo de investimento pode concentrar em até
100% em uma única modalidade de ativos. As limitações ocorrem apenas em:

275
Curso Preparatório CPA20

Cotas de fundos – se não for FIC


Se um fundo não é um FIC, ele poderá adquirir
apenas 20% de cotas de outros FI. Incluem-
FIC se na limitação todos os demais fundos,
como fundos de índices, fundos de direitos
creditórios e outros fundos estruturados.

Certificados de recebíveis imobiliários


Certificados emitidos por empresas
securitizadoras, lastreadas em crédito imobiliário.

RESUMINDO
Vale a pena reforçar os conceitos seguintes.
• FIC – Fundo de investimento em cotas.
• FI – Fundo de investimento.
• Um FIC deve comprar no mínimo 95% de cotas de
um ou vários FIs, essa é sua essência.

O quadro a seguir apresenta os limites por modalidades de ativos. Confira!

276
Curso Preparatório CPA20

Tipo de ativo % Máximo do PL

Cotas de FI ou CRI 20%

Títulos públicos Ilimitado

Ouro Ilimitado

Títulos emitidos por instituição


Ilimitado
financeira

Títulos emitidos por instituição


Ilimitado
não financeira

Derivativos Ilimitado

Observando o quadro, é possível concluir, por exemplo, que um fundo pode comprar
até 100% de seu PL em CDBs, porém, não pode ultrapassar o limite de 20% de cada
banco emissor, ou seja, deve comprar CDB de diversos bancos.

Limites de concentração por emissor

Definir limites de concentração por emissor


é uma forma de reduzir o risco por emissor.
Isso porque a concentração de ativos em um
mesmo emissor aumenta o risco da carteira,
pois, se houver inadimplência (se o emissor
falir), haverá perdas para o fundo.

Para administrar esse risco, há um limite máximo de ativos por emissor, de acordo
com a sua característica, conforme é apresentado na sequência.

277
Curso Preparatório CPA20

União Federal
Máximo de 100% do PL do fundo pode estar
aplicado em títulos públicos, porque a União é
considerada zero risco de crédito.

Instituições financeiras
Máximo de 20% do PL pode ser aplicado em
títulos de emissão de instituições financeiras,
inclusive do próprio administrador, gestor ou de
empresas a ele coligadas, como CDB, LCA, LCI.

Instituições não financeiras


de capital aberto
O fundo pode comprar até 10% do PL do
fundo em papéis de emissão de empresas não
financeiras de capital aberto, como debêntures
e notas promissórias.

Instituições não financeiras de capital


fechado ou Pessoa Física
Um fundo pode investir até 5% do PL em um
emissor que seja PJ de capital fechado ou
Pessoa Física. É importante destacar o papel
da instituição não financeira de capital fechado
ou da Pessoa Física que podem, por exemplo,
com os seus fundos, comprar no mercado
secundário Cédula de Produtor Rural (CPR),
Cédula de Créditos Bancários (CCB) de PJ ou
PF e outros papéis, possibilitando o aumento
de sua rentabilidade.

278
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Você sabia que, quando um país não paga suas dívidas e
entra em moratória, o país todo sofre? Isso ocorre pois,
devido à inadimplência, ele deixa de pagar todos os de-
tentores de seus papéis, como investidores individuais e
fundos de investimento ou bancos, que compram esses
títulos para rentabilizar suas carteiras.

Por fim, destacamos que os limites de concentração por emissor são:

Emissor % Máximo do PL

União federal (Tesouro Nacional) 100%

Ações de uma única empresa 100%

Instituições financeiras (inclusive o próprio


20%
administrador) – LCA, LCI, CDB

Instituições não financeiras de capital


10%
aberto – debêntures, notas promissórias

Instituições não financeiras de capital


5%
fechado e Pessoa Física – CCB, CCI, CPR

279
Curso Preparatório CPA20

Ativos negociados no exterior


Os fundos de investimento podem comprar ativos no Brasil ou no exterior. No entanto,
a compra de ativos internacionais tem algumas limitações de percentuais. Veja!

FI exterior ou FIEX
Os fundos de Demais fundos Investidor qualificado
investimentos no
exterior, ou fundos Podem adquirir até 20% O limite para
de investimento da de seu PL em ativos fundos destinados
dívida externa, podem no exterior, desde que exclusivamente
investir até 100% de seu isso seja previsto em a investidores
Patrimônio Líquido em regulamento e eles sejam qualificados é de 40%
ativos no exterior. negociados em bolsa. do PL.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Quadro limites de exposição em ativos no exterior

TIPO DE ATIVO % MÁXIMO DO PL

Fundos de investimento no
100%
exterior e FIEX

Fundos em geral 20%

Fundos para investidor


40%
qualificado

280
Curso Preparatório CPA20

Fundos de crédito privado

Além das regras de concentração por


modalidade e emissor, a CVM também
definiu um aviso adicional para os
fundos de investimento (com exceção
dos fundos de ações) que tenham mais
de 50% de seus ativos em risco de
crédito privado, ou seja, que não sejam
de emissão da União federal.

O fundo de investimento classificado como curto prazo, referenciado, renda fixa, cam-
bial e multimercado que realizar aplicações em quaisquer ativos ou modalidades ope-
racionais de responsabilidade de Pessoas Físicas ou Jurídicas de direito privado que,
em seu conjunto, exceda o percentual de 50% de seu Patrimônio Líquido, deverá ob-
servar as seguintes regras, cumulativamente àquelas previstas para sua classe:

Na denominação do fundo,
1 deverá constar a expressão
“crédito privado”.

O regulamento e o material de venda do


fundo deverão apresentar, com destaque,
2 um alerta de que o fundo está sujeito
a risco de perda substancial de seu
Patrimônio Líquido.

O ingresso no fundo será condicionado à


assinatura de termo de ciência dos riscos
3 inerentes à composição da carteira do fundo,
e é proibida a utilização de sistema eletrônico
para esse fim.

281
Curso Preparatório CPA20

Outros fundos de investimento


Vamos conhecer agora, outros fundos de investimentos, com suas particularidades,
regras e tributações. Acompanhe!

Fundos de crédito imobiliário (FII)


Os fundos de crédito imobiliário são fundos fechados que captam recursos para o
desenvolvimento de empreendimentos imobiliários ou imóveis prontos e não tem per-
sonalidade jurídica própria. Logo, a instituição financeira que o administra fica como
proprietária fiduciária dos bens integrantes de seu patrimônio, mas que não se comu-
nicam com os seus próprios.

De acordo com a Lei n. 8.668/93, os fundos


de investimento imobiliário serão geridos
por instituição administradora autorizada pela
Comissão de Valores Mobiliários, que deverá ser
exclusivamente banco múltiplo com carteira
de investimento ou com carteira de crédito
imobiliário, banco de investimento, sociedade
de crédito imobiliário, sociedade corretora ou
sociedade distribuidora de títulos e valores
mobiliários, ou outras entidades legalmente
equiparadas.

Lembrando que, o patrimônio do fundo imobiliário será constituído pelos bens e di-
reitos adquiridos pela instituição administradora, em caráter fiduciário. Outro ponto
importante que merece destaque é a tributação (IR), que nesse caso, é diferenciada
(mas somente para os investidores Pessoas Físicas), respeitando as regras a seguir.

282
Curso Preparatório CPA20

20% sobre ganhos na


venda de cotas.

Isento de IR sobre rendimentos periódicos


(dividendos, aluguéis) para Pessoa Física se:
• Tiver no mínimo 50 cotistas.
• As cotas forem negociadas em
bolsa ou balcão organizado.
• Possuírem menos de 10% do PL.

Já os FIDC, fundos de investimento em direitos creditórios (fundo de recebíveis), que


são representados pelos fundos abertos ou fechados, são destinados a investidores
qualificados e devem investir no mínimo de 50% do PL em direitos creditórios.

Os direitos creditórios vêm dos créditos que


uma empresa tem a receber, como duplicatas,
cheques, contratos de aluguel e outros.

Os créditos originados de operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial,


industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento mercantil e de prestação de ser-
viços podem ser transformados em cotas de FIDC.

Este fundo tem duas modalidades de cotas:

283
Curso Preparatório CPA20

Cotas seniores
Têm prioridade no recebimento, todas com os mesmos direitos.

FIDC
Cotas subordinadas
São diversas subclasses, com prioridade de recebimento entre elas.

Fundo de investimento em participações (FIP)


O FIP é caracterizado por adquirir ações, debêntures ou outros títulos de emissão das
companhias, e é destinado a investidores qualificados. É vedado ao administrador,
nesse caso, aplicar recursos no exterior, adquirir imóveis e comprar ações de sua pró-
pria emissão.

É um fundo fechado que participa do processo


decisório das empresas mediante indicação de
conselheiro ou caso sejam adquiridas ações
ordinárias.

A participação do fundo no processo decisório


da companhia investida pode ocorrer:
1. Pela detenção de ações que integrem o
respectivo bloco de controle.
2. Pela celebração de acordo de acionistas.
3. Pela celebração de ajustes de natureza
diversa ou pela adoção de um procedimento
que assegure ao fundo a efetiva influência na
definição de sua política estratégica e na sua
gestão.

284
Curso Preparatório CPA20

ETF ou fundo de investimento em índice de mercado


O fundo de índices (do inglês, exchange traded fund, ou ETF) é um fundo de investi-
mento que pode ser comprado ou vendido em bolsa ou no mercado de balcão organi-
zado na B3, como se fosse uma ação. Cada cota de ETF reflete a performance de um
determinado índice de referência de um setor da economia.

Quem aplica em um ETF passa a deter uma


parcela de todas as ações que compõem
o índice de referência, sem ter de comprar
separadamente os papéis de cada empresa.
Como o investimento é diversificado, não está
direcionado para uma única empresa, diluindo o
risco de concentração.

Temos, por fim, os fundos restritos e exclusivos, definidos na tabela a seguir.

Fundos restritos ou reservados


Fundos constituídos para receber aplicações
de um grupo determinado de investidores, que
tenham entre si vínculo familiar ou societário,
ou pertençam a um mesmo grupo econômico
ou condição. Exemplo: fundos para operadoras
de planos de saúde.

Fundos exclusivos
Destinados a um único investidor, que deverá
ser investidor profissional. Dispensa a lâmina, o
termo de adesão e a marcação a mercado.

285
Curso Preparatório CPA20

Tributação em fundos
O último assunto que discutiremos nesse capítulo é sobre os tipos de tributação pre-
sente nos fundos de investimentos. Siga em frente e boa leitura!

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

O IOF é um imposto federal que incide sobre transações


• IOF em fundos,
financeiras. O fundo de ações não tem IOF e, nos demais fundos,
exceto fundo de
caso haja resgate em até 29 dias, haverá IOF, de acordo com
ações.
uma tabela decrescente, em um percentual sobre rendimentos,
reduzindo a unidade na sequência 6-3-0, iniciando de 96% e • Percentual sobre
chegando a 0% em 30 dias, conforme mostrado na tabela a os rendimentos.
seguir. Observe!

Dia % Dia % Dia %


1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 26%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 10%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%

286
Curso Preparatório CPA20

Imposto de Renda em fundos abertos


Vamos falar agora, sobre a incidência de Imposto de Renda sobre os fundos de ações
e fundos de curto e longo prazo. Acompanhe!

Fundos de ações Fundos de curto e longo prazo

Os fundos de ações têm em sua carteira


mais de 67% do PL em ações e serão
Os fundos de curto e longo prazo também
tributados apenas no resgate, uma vez
são classificados como fundos abertos,
que não há o recolhimento semestral
sua tributação é semestral e, por isso, são
(come-cotas).
tributados na fonte no último dia útil de
maio e novembro, ou caso haja resgate,
A alíquota, neste caso, será sempre
o que ocorrer primeiro. Deve contar
de 15%, e independe do prazo do
com a menor alíquota possível em sua
investimento. Lembrando que ele é retido
classificação.
pelo administrador do fundo por ocasião
do resgate.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Vale a pena guardar na memória as seguintes informações
para fundos de curto e longo prazo:

Para os pagamentos semestrais de impostos à Recei-


ta Federal, haverá resgate de cotas, o que é chamado
de come-cotas.

Esse imposto é recolhido a título de antecipação, e


será compensado do IR devido por ocasião do resgate.

287
Curso Preparatório CPA20

Com relação aos prazos médios praticados para os fundos de curto e longo prazo,
considere as informações a seguir.

Fundo de curto prazo


Deve ser igual ou inferior a 365 dias e, no recolhimento semestral,
a alíquota será de 20% sobre o rendimento do período.

Fundo de longo prazo


Deve ser maior do que 365 dias e, no recolhimento semestral, a
alíquota será de 15% sobre o rendimento do período.

ATENÇÃO
São dois tipos de fundo curto prazo:
• Os fundos classificados na CVM como de curto pra-
zo têm prazo médio de 60 dias e estão relacionados
ao risco da carteira.

• Os fundos classificados na Receita Federal como


de curto prazo devem ter prazo médio igual ou infe-
rior a 365 dias e estão relacionados ao pagamento
de Imposto de Renda.

288
Curso Preparatório CPA20

RESUMINDO
IR FUNDOS

Inversamente
Prazo Alíquota
proporcional

Curto prazo 20% Curto = Maior

Longo prazo 15% Longo = Menor

Sobre a tributação no resgate, é importante destacar que, neste caso, o IR será calcu-
lado desde o início da aplicação até o dia do saque, considerando o prazo de perma-
nência do recurso. No entanto, os valores recolhidos no come-cotas, a título de ante-
cipação, deverão ser descontados do imposto devido.

FUNDOS DE CURTO PRAZO


FUNDO DE LONGO PRAZO
(Prazo médio igual ou inferior a 365
(Prazo médio superior a 365 dias)
dias)

Prazo de Prazo de
Alíquota Alíquota
permanência permanência

Até 180 dias 22,5% Até 180 dias 22,5%

A partir de 181 dias 20% De 181 a 360 dias 20%

De 361 a 720 dias 17,5%

A partir de 721 dias 15%

Come-cotas 20% Come-cotas 15%

289
Curso Preparatório CPA20

Observando a tabela, podemos concluir que o fundo de curto prazo possui duas faixas
de percentuais de Imposto de Renda sobre o rendimento, enquanto o fundo de longo
prazo possui quatro faixas de percentuais (idênticas à tabela de IR de renda fixa).

Se o valor devido no resgate, calculado pela


alíquota do tempo de permanência for maior
do que o valor retido em virtude da alíquota
do come-cotas semestral, o investidor paga
a diferença, que será retida na fonte pelo
administrador.

Acompanhe os exemplos a seguir, que visam a ilustrar a tributação utilizada nos fun-
dos de curto e longo prazo.

Exemplo 1

Suponha que um fundo de curto prazo retém


semestralmente 20% do rendimento a título de IR, e que
um investidor decide resgatá-lo em 150 dias. Logo, a
alíquota devida será 22,50%, e o cálculo do imposto deve
considerar desde o início da aplicação e, então, descontar
os 20% já retidos semestralmente, pagando a diferença.

Exemplo 2

Um investidor aplica em um fundo longo praz e o resgata após três anos, no dia 15 de
julho. Vamos compreender como se dá a tributação nessa situação. Confira!

Você se lembra que comentamos anteriormente que no último dia útil de maio e no-
vembro há a retenção do IR na fonte, por meio do come-cotas, na menor alíquota pos-
sível? Temos, portanto, de trabalhar com as seguintes informações:

290
Curso Preparatório CPA20

3
Ele precisará pagar, porém, o IR da última
retenção (último dia útil de maio) até a data do
resgate (15 de julho).

2
O investimento ficou aplicado por três
anos e, por isso, o investidor não tem
diferença a pagar pelo período retido.

1
Como se trata de um fundo de
longo prazo, a retenção é de 15%.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Fique atento aos conceitos seguintes:
Alíquota come-cotas: considera o prazo médio da carteira.
Alíquota de resgate: considera o prazo de permanência
da aplicação.

Compensação de perdas
As perdas apuradas no resgate de quotas de fundos de investimento poderão ser
compensadas com rendimentos auferidos em resgates ou em incidências posteriores,
nos seguintes casos:

291
Curso Preparatório CPA20

1. No mesmo ou em outro fundo de investimento.


2. Desde que administrado pela mesma
Pessoa Jurídica.
3. Desde que sujeitos à mesma classificação
tributária:
• Fundos de curto prazo compensam com
fundos de curto prazo.
• Fundos de longo prazo compensam com
fundos de longo prazo.
• Fundos de ações compensam com
fundos de ações.

ATENÇÃO
Vale lembrar que há um entendimento da Receita Federal
de que é possível compensar produtos de diferentes
administradores comercializados em uma única
intermediadora ou corretora.

A instituição administradora deve manter um sistema de controle e registro em


meio magnético, que permita a identificação, em relação a cada quotista, dos
valores compensáveis.

Se um fundo teve retenção semestral de


come-cotas, e quando for resgatar, o saldo es-
tiver menor que o capital investido, o investidor
poderá compensar a perda em ganhos futuros.

292
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Quando houver resgate total de cotas com perda, o valor
dessa perda deve permanecer registrado e passível de
compensação até o final do ano-calendário seguinte ao
do resgate.

Código Anbima de Regulação e Melhores


Práticas para Administração de
Recursos de Terceiros
Esse código tem por objetivo estabelecer princípios e regras para a administração de
recursos de terceiros, visando a promover, principalmente:

A manutenção dos mais elevados


padrões éticos e a consagração A padronização
da institucionalização de práticas A concorrência de seus
equitativas no mercado financeiro e leal. procedimentos.
de capitais.

A elevação dos padrões A maior qualidade e disponibilidade


fiduciários e a promoção das de informações, especialmente por
melhores práticas de mercado. meio do envio de dados, à Anbima, das
instituições participantes.

293
Curso Preparatório CPA20

O código se destina às instituições que


desempenham o exercício profissional de
administração fiduciária, gestão de recursos de
terceiros e gestão de patrimônio financeiro de
fundos de investimento.

O código não se sobrepõe à regulação vigente,


ainda que venham a ser editadas normas
posteriores (ou seja, em caso de divergência,
vale a legislação).

Sobre os princípios gerais do código Anbima, podemos dizer que as instituições e seus
profissionais devem cumprir todas as suas obrigações com ética e diligência, idoneidade
moral e profissional, mantendo a confiança e o bom funcionamento do sistema.

ATENÇÃO
Se a instituição participante ou aderente não tiver regras
e procedimentos ou caso eles não sejam implementados,
ou tenham sido implementados inadequadamente, a
instituição descumprirá o código.

Os termos elencados a seguir, estão relacionados ao Código Anbima de Regulação e


Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros, e é importante que
você os compreenda. Portanto, leia com atenção as definições a seguir.

294
Curso Preparatório CPA20

1 Controles internos: controles efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus


profissionais, evitando conflitos de interesses, visando ao gerenciamento do risco.

2 Estrutura de compliance: adequada ao porte de cada instituição, com qualificação


técnica, experiência, autonomia e autoridade para questionar os riscos.

Segregação de atividades: para evitar conflitos de interesses, deve-se manter a


3 segregação de responsabilidades, com pessoas diferentes exercendo cada papel.

Segurança e sigilo de informações: controle de informações confidenciais,


4 reservadas ou privilegiadas, testes periódicos de segurança e treinamento para
o tratamento de informações confidenciais.

Selo Anbima: demonstra o compromisso das instituições participantes em atender


5 às disposições do Código de Administração de Recursos de Terceiros. A Anbima não
se responsabiliza pelas informações ou pela qualidade da prestação de serviços.

Obrigações gerais Gestor de Recursos


Obrigações gerais
do administrador de Terceiros
do administrador
fiduciário
fiduciário O gestor é responsável
Elaboração de pelas decisões
Deve ser exercida
documentos, supervisão de investimento,
por profissional
de regras, limites de manutenção e
habilitado (ter CGA,
operação e prestação desinvestimento de
ou Certificação de
de serviços de terceiros acordo com a política de
Gestor Anbima) e ser
e gestão do risco de investimento de cada
autorizada pela CVM.
liquidez. fundo.

295
Curso Preparatório CPA20

Documentos dos fundos


Os fundos devem ser classificados de acordo com a Instrução Normativa n. 555, nos
três níveis, de acordo com a classe, o tipo de gestão e a estratégia. Para o registro na
Anbima e a autorização de funcionamento da CVM, o administrador deverá apresentar:

I Regulamento do Fundo 555.

II Compravante de pagamento da taxa de registro.

Os documentos relacionados à publicidade, ao material publicitário, ao material técni-


co e ao histórico de rentabilidade devem seguir as seguintes regras:

Publicidade dos fundos


Deve haver materiais adequados, que minimizem as
incompreensões e privilegiem as informações necessárias para a
tomada de decisão de investidores.

Material publicitário
Deve incluir destaque, link ou caminho que direcione os investidores
ou potenciais investidores ao material técnico sobre o fundo.

Material técnico
Deve apresentar a descrição do objetivo e/ou estratégia, público-
alvo (quando destinado a investidores específicos), carência
para resgate e prazo de operação, além de tributação aplicável e
informações sobre os canais de atendimento.

296
Curso Preparatório CPA20

Histórico da rentabilidade
A rentabilidade deve ser divulgada com as seguintes informações:
mês atual, mês anterior, ano atual, 12 meses e anos anteriores.
Também deve ser divulgado o benchmark do fundo.

Caso o fundo faça referência a histórico de rentabilidade e tenha outras taxas, o in-
vestidor deverá ser informado, por meio dos seguintes avisos obrigatórios.

A rentabilidade obtida no passado não representa


1
garantia de resultados futuros.

A rentabilidade divulgada não é líquida de


2
impostos.

3 O investimento no fundo não é garantido pelo FGC.

A rentabilidade não é líquida das taxas de entrada


4
e saída.

5 Os riscos do fundo.

As informações do material técnico são baseadas


6 em simulações, e os resultados reais poderão ser
significativamente diferentes.

7 As datas de alterações na classificação do fundo.

297
Curso Preparatório CPA20

Uma orientação indicando para o investidor ler a


8 lâmina de informações essenciais, se houver, e o
regulamento antes de investir.

Apreçamento de ativos
Apreçamento dos ativos, também chamado de marcação a mercado, consiste em
precificar os ativos dos fundos de investimento, pelos respectivos preços negociados
no mercado (marcação a mercado).

O apreçamento tem como principal objetivo


evitar a transferência de riquezas entre os
investidores dos fundos e dar transparência
aos riscos.

A exceção da obrigatoriedade da marcação


a mercado é o fundo exclusivo, pois tem
apenas um cotista. Se o objetivo da marcação
a mercado é evitar a transferência de ativos
entre os cotistas, registrando o preço diário,
se houver apenas um cotista, não é necessário
realizar o procedimento. No entanto, poderá ser
realizado apenas para se ter mais clareza sobre
os riscos da carteira.

Este foi nosso último tópico do capítulo 5, ou seja, você está de parabéns por concluir
mais essa etapa dos seus estudos para a certificação CPA 20.

298
Curso Preparatório CPA20

Neste capítulo, você conheceu as características dos fundos de investimento e seu


funcionamento. Viu também quais são os tipos de fundos de investimentos, bem
como a tributação e a regulamentação que incidem sobre cada um.

Por fim, você aprendeu o conteúdo da IN 555 n. CVM e o Código Anbima de Regulação
e Melhores Práticas para Administração de Recurso de Terceiros.

Antes de encerrarmos, é preciso ressaltar que todo conteúdo visto neste capítulo re-
presenta de 18 a 25% da prova, ou seja, possivelmente de 11 a 15 questões relaciona-
das aos assuntos estudados neste trecho da apostila.

Continue sua leitura e bons estudos!

299
Capítulo 6 – Previdência
complementar aberta

Neste capítulo, você vai conhecer noções básicas sobre previdência privada em com-
plementação à previdência oficial, e o processo de avaliação dos planos, de acordo
com as necessidades e objetivos dos contribuintes.

Esse conteúdo tem uma relevância de 5 a 10% na prova, assim, existe a possibilida-
de de três a seis questões que abordem os temas que discutiremos a partir de agora.
Portanto, prossiga com sua leitura com calma e atenção.

Pronto para começar? O primeiro assunto que apresentaremos é a diferenciação das


previdências social e privada, com foco na avaliação da necessidade do cliente.

Acompanhe!

300
Curso Preparatório CPA20

Previdência social x Previdência privada:


avaliação da necessidade do cliente

O cidadão, ao longo de sua vida, objetiva construir


um futuro com segurança financeira, para, após um
período de trabalho, viver de renda ou dos benefícios
conquistados ao longo do tempo. Para isso, ele pode
optar por um ou mais dos regimes previdenciários.

A previdência oficial, que abrange dois grandes grupos:

1 Regime próprios de previdência social (RPPS)


Destinado a servidores públicos municipais, estaduais ou
da União, segregados por ente administrativo. Neste caso, a
instituição pode optar por destinar os recolhimentos próprios
e de seus participantes para um regime próprio, com gestão
específica, a fim de que os servidores vinculados possam
usufruir das coberturas de forma diferenciada dos demais.

2 Regime Geral de Previdência Social (RGPS)


Destinado ao público em geral, administrado pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), tem o objetivo de proporcionar
meios de subsistência aos trabalhadores e suas famílias após
determinada idade ou tempo de contribuição, ou em caso de
morte ou invalidez.

301
Curso Preparatório CPA20

DICA
A partir dos 16 anos, é possível contribuir para o INSS, para
proteção previdenciária.

Os recursos do RGPS são originais dos recolhimentos do empregado e do empre-


gador ao e dos demais contribuintes (autônomos, estudantes, pessoas do lar etc.), do
Cofins, da contribuição sobre o lucro líquido das empresas (CSLL), do percentual de
loterias, das apostas e de outros valores.

Todos os trabalhadores que fazem parte


do sistema formal de empregos no país
contribuem para o INSS. Profissionais liberais,
estudantes, donas de casa e outros também
podem contribuir, para que possam ter os
benefícios.

ATENÇÃO
No caso de empregados pelo regime de CLT, o recolhimen-
to do INSS é obrigatório e realizado pelo empregador, que
retém uma parte do empregado e a complementa.

O sistema previdenciário brasileiro adota o regime de caixa ou repartição simples,


ou seja, os ativos contribuem para pagar os inativos.

302
Curso Preparatório CPA20

Os cálculos têm uma fórmula complexa e sofrem alterações


periódicas, o que aumenta a necessidade de se ter outras
formas de renda para o período da aposentadoria.

Previdência privada complementar


A previdência privada complementar, por sua vez, se subdivide em:

1
Previdência complementar
aberta
Previdência complementar
Qualquer investidor pode adquirir fechada
um produto de previdência, e
Destinado a funcionários de uma
as mais utilizadas são o PGBL
mesma empresa ou associados
e VGBL, objetos de estudo
de uma organização. São
deste capítulo. As operadoras,
administradas pelas entidades
que emitem as apólices de
fechadas de previdência
previdência, são as entidades
complementar (EFPC),
abertas de previdência
supervisionadas pela Previc.
complementar (EAPC),
supervisionadas pela Susep.

DE OLHO NA PROVA
Na prova para certificação CPA 10, o conteúdo aborda
apenas a previdência complementar aberta, na CPA
20, porém, é preciso estar atento aos dois tipos de
previdência privada complementar.

303
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Cabe destacar que só poderá utilizar o PGBL como
benefício fiscal (dedução) na declaração de IR o indivíduo
que também contribui para os regimes oficiais de previ-
dência social (RGPS/INSS ou RPPS).

Pelo modelo de cálculo do benefício no Brasil e


o aumento da longevidade, aliados à redução
da taxa de natalidade do país, a previdência
social nem sempre atende às necessidades
dos cidadãos, principalmente da parcela que
se apresenta com renda acima de um salário-
mínimo. Por isso, é necessário planejar e executar
alternativas complementares de renda.

Logo, os motivos que impactam a necessidade de se ter um plano de


previdência são:

1 Provável renda menor, por ocasião da aposentadoria, em virtude da


metodologia de cálculo e teto.

2 Não existência ou insuficiência de outros rendimentos, como


aluguéis, royalties, lucros de empresas.

3 Gastos adicionais com saúde, viagens e outros.

304
Curso Preparatório CPA20

Principais produtos de previdência


complementar aberta

O PGBL, Plano Gerador de Benefício Livre,


é a modalidade ideal para quem declara o
Imposto de Renda pelo formulário completo,
pois as contribuições ou aportes do ano
poderão ser abatidos da base de cálculo da
declaração anual de IR, até o limite máximo
de 12% da renda bruta anual tributável,
desde que o participante também seja
contribuinte da previdência social (INSS).

ATENÇÃO
Quando houver o resgate do recurso, será tributado o
valor total do resgate (capital + rendimentos).

O VGBL, por sua vez, é, segundo a Susep, um seguro de vida individual, que tem por
objetivo pagar uma indenização ao segurado, sob a forma de renda ou pagamento
único, em função de sua sobrevivência ao período de diferimento contratado.

305
Curso Preparatório CPA20

Ele é amplamente utilizado como um veículo de


previdência complementar, indicado para quem
declara o IR pelo formulário simplificado, é isento
ou já atingiu o limite máximo de benefício fiscal.

Apesar de tecnicamente não ser um plano de


previdência, é reconhecido pelo seu uso como tal.

Os depósitos em VGBL não podem ser utilizados como benefício fiscal para deduções
na declaração do Imposto de Renda, visto que, em sua personalidade jurídica, não é um
plano de previdência, mas uma espécie de seguro utilizado para situações específicas,
como no caso de o investidor que faz a declaração de IR no formulário simplificado e, por
não usar deduções, faz uma previdência complementar sem ser penalizado no resgate.

ATENÇÃO
Ao resgatar o VGBL ou transformá-lo em renda, o Imposto
de Renda incidirá somente sobre os rendimentos.

306
Curso Preparatório CPA20

RESUMINDO
Quadro resumo de produtos de previdência:

PGBL VGBL
Indicado para declaração Declaração simplificada de IR, ou
completa de IR acima dos 12% da renda bruta
Pode abater até 12% da
Não deduz da declaração anual de IR
renda bruta
No resgate o valor total No resgate apenas o rendimento
é tributado é tributado

E qual produto é melhor para o planejamento sucessório? A resposta a essa questão


é que depende do caso e, para compreender melhor, acompanhe as informações do
infográfico a seguir.

1 2 3
Acima de 12% Em caso de óbito
Até 12% Para declarações Os recursos recebidos
Se os depósitos simplificadas, ou acima pelos beneficiários serão
puderem ser dos 12% da renda tributados de acordo com
aproveitados na tributável, o VGBL tem regras específicas de
declaração completa, mais vantagem, porque, sucessão, considerando o
até 12% da renda por ocasião do resgate, Imposto de Renda da tabela
bruta, o PGBL é uma a base de cálculo do de IR aderida no plano e o
opção relevante até PGBL é o valor total, e, Imposto de Transmissão de
esse valor. no VGBL, é o valor do Bens (que pode ser diferente
rendimento. por estado).

307
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Cabe lembrar que, no seguro de vida, por ser verba de na-
tureza indenizatória, não há Imposto de Renda.

Características técnicas
Idade de início de contribuição e idade de aposentadoria

Não há uma idade limite para o início das


contribuições, os produtos de previdência são
utilizados para juntar recursos, inclusive para
crianças recém-nascidas. Caso o menor titular
de uma previdência privada seja dependente
na declaração de IR, os recursos aportados em
PGBL em seu nome poderão ser deduzidos da
base de cálculo do declarante.

Da mesma maneira, não há uma idade mínima


ou limite para aposentadoria, isso porque
o contribuinte fará a opção para o início do
recebimento do benefício, de acordo com seus
objetivos e o montante acumulado.

308
Curso Preparatório CPA20

Com relação ao valor das contribuições e


o valor do benefício, o investidor define os
valores das contribuições, pois está constituindo
uma reserva. Quando for utilizar o benefício, a
seguradora irá compor o valor de acordo com o
montante, a tábua atuarial (expectativa de vida) e
as garantias contratadas.

Taxas
Você certamente já parou para pensar sobre quais taxas são praticadas pela previdên-
cia, não é verdade? Temos dois tipos de taxas: a de administração e a de carregamento.

A taxa de administração é expressa em


percentual ao ano, provisionada diariamente,
recolhida mensalmente e incide sobre o
Patrimônio Líquido (saldo). Portanto, quanto
maior a taxa de administração, mais impacto
terá sobre os valores acumulados, já que é
descontada do Patrimônio Líquido diariamente.

A taxa de carregamento, por sua vez, incide sobre o capital e pode ser antecipada
ou postergada, como mostra o infográfico seguinte.

309
Curso Preparatório CPA20

De entrada
De saída
Também conhecida como
taxa de ingresso, ela é É postecipada, porque incide
antecipada, porque incide no resgate. Pode incidir
na entrada da reserva, e é em alguns planos, deve ser
prevista no regulamento. Ela prevista no regulamento, e
incide sobre o valor de cada é calculada sobre o capital,
contribuição ou aporte e, no resgate, descontando os
quanto maior a taxa, menor rendimentos do período.
será o aporte no fundo.

Portabilidade
Na fase de acumulação, é possível mudar de instituição ou de tipo de fundo de previ-
dência, evento chamado de portabilidade. Vale lembrar que quando os recursos são
transferidos por portabilidade, não há incidência de Imposto de Renda, uma vez que
não há resgate. Nesse sentido, temos dois tipos de portabilidade. Confira!

Portabilidade interna
É a possibilidade de se trocar
Portabilidade externa o tipo de fundo em virtude das
A possibilidade de transferir o características da política de
saldo para outro administrador. investimento, lembrando que
Ocorre quando o investidor cada fundo de previdência possui
encontra uma solução mais características próprias de
adequada aos seus objetivos, mercado de acesso (renda fixa,
por preço, condições ou ações, multimercados) e custos
relacionamento. específicos, como as taxas de
administração e carregamento.

310
Curso Preparatório CPA20

Os recursos captados em produtos de previdência privada são aplicados em um fun-


do de investimento especialmente constituído (FIE), que são fundos exclusivos
nos quais o cotista é a entidade aberta de previdência complementar ou a seguradora.

Apesar da regulação e mecanismos


de segurança e reservas técnicas
exigidas pelos órgãos de supervisão,
o investidor deve avaliar o risco da
seguradora, pois, apesar de cada
FIE ter um CNPJ próprio, é um fundo
exclusivo onde a seguradora é a
investidora, ou seja, os ativos do
fundo são de sua propriedade.

Por outro lado, quando o investidor transforma as reservas em renda, o risco da se-
guradora aumenta, pois ela assume a responsabilidade pelo pagamento do recurso, e
sua solidez se torna mais importante ainda. Temos, portanto, a seguinte relação:

Investidor Seguradora FIE

Nesse contexto, um investidor pode, por exemplo:

Ele descobre, porém, Ao completar o montante de


Ter um PGBL
que, na mesma recursos necessários para o
cujos recursos
instituição, há um aporte inicial do produto com
estão aplicados
fundo de previdência menor custo, o investidor pode
no fundo A, que
B com a taxa de solicitar uma portabilidade
tem por custo
administração de interna, com isso, terá menos
uma taxa de
0,50%, mas com um impacto em sua rentabilidade,
administração
valor inicial maior melhorando seus resultados.
de 1%.
de aporte.

311
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
A portabilidade, interna ou externa, poderá ser realizada
mantendo uma carência mínima de 60 dias. Nessa situação,
o regime tributário e as datas dos depósitos são mantidos.

Transferência entre planos


A transferência entre planos de previdência deve respeitar a modalidade do plano, sen-
do permitido realizar a portabilidade apenas de PGBL para PGBL e de VGBL para VGBL.

PGBL VGBL

PGBL VGBL

Assim, não é permitido a troca de PGBL para VGBL ou vice-versa, porque o PGBL, em
seus aportes, é dedutível do Imposto de Renda, mas, no resgate, o IR será calculado
sobre o valor total. Já no VGBL, não há a possibilidade de dedução legal, no entanto, o
IR no resgate será apenas sobre os rendimentos.

Se a troca fosse permitida, poderia trazer dupla


vantagem em prejuízo do fisco, concorda? Isso
porque poderia ser feito o aporte em PGBL,
utilizando o valor depositado para abatimento
na base de cálculo da declaração de IR, e, ao
transferir para o VGBL, os recursos seriam
levados para a modalidade que, no resgate,
tributa apenas os rendimentos.

312
Curso Preparatório CPA20

Logo, para evitar burlar a Fazenda pública, essa troca de modalidade é proibida. A tro-
ca de VGBL para PGBL também não é permitida, para evitar prejuízos ao investidor,
pois, nos aportes em VGBL, não há a vantagem da dedução legal e, no PGBL, o IR é
calculado sobre o valor total do resgate.

Regimes de tributação
Os regimes de tributação contam com a tabela progressiva e regressiva. Continue sua
leitura e descubra quando é mais indicado utilizar uma ou outra, descobrindo, tam-
bém, suas características.

A tabela progressiva incidirá na alíquota de IR


de 15% na fonte, independentemente do prazo
do investimento, por ocasião do resgate. Mas,
na declaração anual de IR, o investidor deverá
fazer o ajuste (por isso, é progressiva) de acordo
com a renda obtida no ano.

Isso significa que, se o investidor, ao somar as rendas tributáveis que teve no decorrer
do ano com a base tributável da previdência resgatada (valor total se PGBL e rendi-
mentos se VGBL), deverá se atentar às seguintes informações:

1. Se o montante for um valor que possui a alíquota zerada


ou menor do que 15% (que já foi retido na fonte), ele terá
restituição em sua declaração.

2. Se a alíquota na declaração anual for 15% permanece igual,


não haverá imposto a restituir e nem a pagar.

3. Se a sua alíquota devida ficar acima de 15%, terá que pagar


a diferença por meio de DARF.

313
Curso Preparatório CPA20

DICA
Importante destacar que tabela progressiva é indicada
para quem planeja ter renda equivalente ao que seria
tributado em alíquota inferior a 10% (considerando as
faixas de renda para alíquota zero ou 7,5%), ou caso vá
resgatar no curto prazo.

RESUMINDO
Tabela progressiva

Imposto de Renda na fonte 15%


Ajuste na declaração de IR de 0 a 27,5%

Em contrapartida, temos a tabela regressiva, em que a alíquota do imposto será cal-


culada de acordo com o prazo de permanência do recurso. Sendo assim, quanto maior
o tempo de investimento, menor a alíquota do IR.

Começa em 35%, se o resgate ocorrer em até


dois anos, e vai reduzindo 5% a cada dois anos,
até chegar a uma alíquota mínima de 10%, no
prazo superior a 10 anos.

314
Curso Preparatório CPA20

É definitiva, ou seja, não haverá ajuste na declaração de Imposto de Renda. O resga-


te deve ser informado no item Renda de Tributação Exclusiva.

Até 2 anos 35%


2 anos
30% A tabela regressiva é indicada para os
e 1 dia
investidores que desejam ter renda anual
Até 4 anos 25% equivalente a valores que, na declaração
4 anos anual, tenham tributação acima de 10% e
20%
e 1 dia para saques no longo prazo, e ambas as
15% condições devem ser concomitantes.
6 anos
Acima de 10%
10 anos

Lembrando que, no caso de sucessão, as alíquotas 35% e 30% são reduzidas para
25%, sendo essa a alíquota máxima aos herdeiros ou beneficiários.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Não se esqueça de que, em ambos os regimes, incide IR:
PGBL: IR sobre valor de resgate.
VGBL: IR sobre valor dos rendimentos.

Troca de regime tributário


Se a escolha do regime tributário na adesão ao plano foi a tabela regressiva, ela será defi-
nitiva, não há a possibilidade de trocar de tabela. Por outro lado, se a opção inicial foi pela
tabela progressiva, é possível a troca para a tabela regressiva, frisando que a contagem do
prazo para a redução de alíquota passa a contar a partir da data da nova opção.

315
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Dependendo da escolha inicial sobre o tipo de regime
tributário, é possível fazer a transferência apenas uma
vez (progressivo para regressivo), visto que a tabela
regressiva é definitiva, ou seja, não poderá ser trocada
para a progressiva em nenhuma hipótese.

Utilização dos recursos de previdência


Antes de falarmos sobre os resgates, é preciso apresentar alguns conceitos relaciona-
dos ao período de contribuição, que são mostrados a seguir.

Período de diferimento ou acumulação


Data de início das contribuições até a
data prevista para o início do pagamento
do benefício.

Período de cobertura ou recebimento


do benefício
Ocorre quando o contribuinte opta por começar
a receber seu benefício sob forma de renda,
após atingir o montante desejado.

Quanto aos resgates, é possível realizá-lo durante o período de acumulação, respeitando


eventuais regras de carência de resgate dos planos, mostradas no infográfico a seguir.

316
Curso Preparatório CPA20

Resgate programado
Resgate parcial Os resgates podem
Apenas uma parte ser programados, com
Resgate total dos recursos são carência de 60 dias
O saldo total do resgatados. Deve-se entre cada resgate.
plano é resgatado. observar a carência Essa é a carência
mínima de 60 dias mínima entre as
entre os resgates. movimentações em
planos de previdência.

Benefício ou renda
O participante poderá transformar o montante acumulado em uma das modalidades
de renda, descritas na tabela a seguir.

Renda mensal Renda mensal com


Pagamento único Renda vitalícia
temporária prazo certo

É uma renda paga


até o falecimento
do participante.
Calcula o valor para
Se ele viver por
pagamento em Prazo definido que
um longo tempo, a
A seguradora um prazo definido, cessa com o fim do
seguradora se obriga
realiza um exclusivamente ao prazo.
a pagar até o final.
pagamento contribuinte. Se o participante
Se ocorrer o óbito,
único ao titular, O benefício cessa falecer antes,
independentemente
calculado com com o falecimento as parcelas
do tempo de
base no saldo do titular, ou o remanescentes
utilização, o
acumulado. fim do tempo são destinadas aos
benefício cessa,
contratado, o que beneficiários.
pois o montante
ocorrer primeiro.
acumulado foi
trocado pela renda
vitalícia.

317
Curso Preparatório CPA20

A renda vitalícia tem algumas particularidades, como mostra o infográfico a seguir.


Acompanhe!

Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido


Garante um prazo de pagamento aos beneficiários, caso ocorra o óbito antes
do prazo mínimo contratado. É uma garantia de tempo mínimo de recebimento.

Renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado


Em caso de óbito, o valor será pago ao beneficiário indicado enquanto este viver.
Ocorrendo o óbito do beneficiário, cessa o benefício. Difere da situação anterior,
pois, nesta opção, o benefício só cessa com a morte do titular e do beneficiário.

Renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos


filhos menores
É uma renda vitalícia ao participante, e, caso haja o óbito, um percentual
contratado na proposta é revertido vitaliciamente ao cônjuge, e no óbito
deste, é reversível aos beneficiários até a maioridade. Caso haja o óbito do
beneficiário, o benefício cessa.

ATENÇÃO
O valor do benefício é calculado pelo montante,
considerando a expectativa de vida (tábua atuarial) e
as garantias contratadas, pois aumentam a obrigação
da seguradora e, consequentemente, reduzem o valor
mensal do benefício.

Por fim, é preciso acrescentar os conceitos de tábua atuarial, ou biométrica e pecúlio.

318
Curso Preparatório CPA20

Tábua atuarial ou biométrica é uma expectativa de sobrevida dos brasileiros que


aderiram a planos de previdência complementar. É utilizada para o cálculo dos benefí-
cios de renda mensal.

Já o pecúlio, por sua vez, refere-se à contratação de uma cobertura de risco que ga-
rante, em caso de sinistro, um pagamento aos beneficiários, assemelhando-se a um
seguro de vida. Temos, nesse sentido, dois tipos de pecúlio: por morte ou invalidez,
como mostra o infográfico a seguir.

Pecúlio por invalidez


Pecúlio por morte
É um benefício contratado
É um benefício contratado sob a
sob a forma de pagamento
forma de pagamento único ao(s)
único ao próprio participante,
beneficiário(s) indicado(s), em
em decorrência de invalidez
caso de morte do participante,
total e permanente, ocorrida
ocorrida durante o período de
durante o período de
cobertura, e após cumprido
cobertura, e após cumprido
eventual período de carência.
eventual período de carência.

319
Curso Preparatório CPA20

Encerramos aqui mais um capítulo do Curso Preparatório CPA 20. Quanto conteúdo já
vimos até aqui não é verdade? Nesse capítulo, por exemplo, você aprendeu sobre os
tipos de previdência, benefícios e portabilidade de instituição ou fundo de previdência.

Você viu, ainda, o que é um PGBL e VGBL e qual a idade ideal para contribuição e apo-
sentadoria. Lembre-se de que, apesar de mais curtinho, esse capítulo é muito impor-
tante já que representa de 5 a 10% da prova, ou seja, cerca de três a seis questões.

Continue conosco e até o próximo capítulo.

Bons estudos!

320
Capítulo 7 –
Mensuração e gestão
de performance e
riscos

Neste capítulo, você vai conhecer os indicadores de risco e de performance para a análise
de investimentos e a formação de carteira compatível aos objetivos do investidor.

Este conteúdo tem uma relevância de 10 a 20% na prova, assim, uma possibilidade de
6 a 12 questões sobre os temas que discutiremos a partir de agora. Portanto, siga em
frente com sua leitura e fique atento a todas as definições e exemplos que serão apre-
sentados.

Vamos começar? Nosso primeiro tópico vai abordar o tema retorno e diversificação.

Acompanhe!

321
Curso Preparatório CPA20

Risco, retorno e diversificação


Primeiramente, é preciso frisar alguns conceitos básicos, como, por exemplo, o que é
média, moda e mediana.

Média Moda Mediana

Quando colocamos uma


É o valor que ocorre com série de números em
mais frequência em uma ordem, a mediana é o
É a soma dos algarismos,
sequência de dados. número do meio.
dividindo-se pela sua
É possível ter apenas uma Se a amostra for par, a
quantidade.
moda (unimodal), ou mais mediana é o resultado
de uma moda (multimodal). da média dos dois
números centrais.

Por exemplo, quando


Essa sequência: 3, 5, 2, 3,
somamos os números 3, 5,
8, 3 quando colocada em
2, 3, 8, 3, temos o número Por exemplo, nesta
ordem, fica desta maneira:
24 como resultado. sequência: 3, 5, 2, 3, 8, 3.
2, 3, 3, 3, 5, 8.
Para calcular a média, No caso, o número que
Como a amostra é par e os
basta dividir pelo número mais aparece é o 3,
números do meio são 3 e
de fatores, no caso, por 6. portanto, a moda, neste
3, a mediana é o resultado
caso, é 3.
da média entre eles, ou
Logo, a média, nesse
seja, 3.
caso, é 4.

322
Curso Preparatório CPA20

Variância e desvio padrão


Variância é uma medida de dispersão que verifica a distância entre os valores da sua
média e serve para calcular o desvio padrão.

n ₂
-
Sua fórmula é: ∑ (xi- x)

∑=2
i=1

n- 1

DE OLHO NA PROVA
Não se preocupe com as fórmulas, elas estão presentes
neste conteúdo apenas a título de conhecimento, pois, na
prova, o cálculo não é exigido.

O desvio padrão é a raiz quadrada da variância, cuja fórmula é:

N
-

∑ (x -x)
i=1
S= N -1

Para calcular o desvio padrão, basta seguir a tabela, em que consideramos como
exemplo, a sequência 3, 5, 2, 3, 8, 3.

323
Curso Preparatório CPA20

Calcule a média.
Passo 1
Média = 4

Faça a diferença de cada item da média.


Passo 2
Exemplo: (3 - 4); (5 - 4) e assim por diante.

Passo 3 Realize o quadrado das diferenças.


Exemplo: (3 - 4)2 ; (5 - 4)2... e repita com todos os fatores.

Passo 4 Some todos os fatores do item anterior.


Exemplo: (3 - 4)2 + (5 - 4)2...

Divida por N - 1 (Achou a variância).


Exemplo:

(3 - 4)2 + (5 - 4)2 + (2 - 4)2 + (3 - 4)2 + (8 - 4)2 + (3 - 4)2


Passo 5
6-1
1 + 1 + 4 + 1 + 16 + 1
= 4,80
5

Encontre a raiz quadrada do número obtido no passo anterior.


Passo 6
Exemplo: raiz quadrada de 4,8 é 2,19.

Nesse exemplo, temos variância igual a 4,8 e o desvio padrão de 2,19. Como interpretar
esse resultado? Lembre-se de que, quanto maior o desvio padrão, maior o risco.

324
Curso Preparatório CPA20

Covariância, coeficiente de correlação e coeficiente de


determinação (R²)
Esses três indicadores (covariância, correlação e R2) têm interpretação semelhante:
quanto um ativo se move em relação ao movimento do outro. Nesse contexto, é preci-
so destacar algumas definições. Acompanhe!

01. Covariância 02. Negativa 03. Positiva 04. Zero


É uma medida Dois ativos Variam na mesma Os ativos não
que avalia a tendem a andar direção. Se um se relacionam.
relação entre em direções sobe, o outro
ativos, como opostas. Se um sobe também.
um se comporta tende a subir,
quando o o outro tende
outro oscila. a cair.

É preciso conceituarmos, ainda, a correlação. Ela mede a dependência entre as va-


riáveis, e seus valores variam entre -1 e 1, como mostrado na tabela abaixo. Na sua fór-
mula, é só dividir a covariância pelo risco de ambos.

сov(X,Y)
ΡX,Y = σ σ
X Y

Há correlação contrária perfeita. Se um


-1
aumentar, o outro diminui.

0 Não há correlação.

O desempenho de um afeta o outro na


1
mesma proporção.

325
Curso Preparatório CPA20

Veja, na sequência, como interpretar a correlação (entre -1 e 1).

Zero
Positivo Negativo
Não é possível
Duas variáveis oscilam Duas variáveis oscilam determinar o grau de
no mesmo sentido. em direções opostas. diversificação entre as
variáveis.

ATENÇÃO
Quanto mais próximo de 1, menor a diversificação (ativos
com 100% de relação entre eles).

Nesse sentido, o coeficiente de determinação (R²) é uma medida de ajustamento (re-


gressão linear), em relação aos valores observados. Ou seja, ele mede quanto a variação
de um ativo é explicada pela variação de outro, e quanto deriva de fatores aleatórios.

326
Curso Preparatório CPA20

Esse coeficiente mostra quanto o


comportamento de uma variável explica a outra
em percentual, e seu valor é igual a correlação
ao quadrado.

O R² varia entre 0 e 1, indicando, em


percentagem, o quanto o modelo consegue
explicar os valores observados.

FIXANDO NA MEMÓRIA
Coeficiente de determinação R2 (entre 0 e 1):
1: pode ser 100% explicado.
0: pode ser 0% explicado.

Distribuição normal
A distribuição normal explica a probabilidade de um evento ocorrer.

Fonte da imagem: edisciplinas.usp.br

327
Curso Preparatório CPA20

Para você compreender melhor, vamos considerar o seguinte exemplo: um fundo tem
rendimento médio de 2%, e seu desvio padrão é 0,50%. Veja as possibilidades:

Calculando um desvio padrão:


2 - 0,50 = 1,50 e 2 + 0,50 = 2,50
Resposta para 1 desvio: há 68% de probabilidade de
haver rendimento entre 1,50 e 2,50%.

Calculando dois desvios:


2 – (2 x 0,50) = 1,00 e 2 + (2 x 0,50) = 3,00
Resposta para dois desvios: há 95% de probabilidade
de haver rendimento entre 1,00 e 3,00.

Calculando três desvios:


2 - (3 x 0,50) = 0,50 e 2 + (3 x 0,50) = 3,50
Resposta para três desvios: há 99% de probabilidade
de haver rendimento entre 0,50 e 3,50.

Risco de ativos
Risco é a possibilidade de se obter rentabilidade diferente da esperada e/ou obter
perda parcial ou total do capital investido.

328
Curso Preparatório CPA20

Uma parte da variação nos preços dos ativos se dá por motivos próprios a eles, es-
pecialmente em ações, de acordo com o seu setor de atividades, novas tecnologias,
questões ambientais etc. Assim, os preços se movimentam de forma e intensidade
diferente em função desses motivos específicos.

A diversificação consiste em combinar ativos


para reduzir o risco específico da carteira, o que
resultará em redução do risco total, em virtude
das combinações realizadas.

Ativos livres de risco e ativos com risco

Ativo livre de risco é o ativo


considerado sem risco pelo mercado.
No Brasil, o título público federal é
considerado sem risco de crédito,
ou default, ou seja, se o governo não
honrasse seus compromissos, haveria
moratória do país.

Em contrapartida, os ativos com risco de crédito (default) apresentam o risco de o


devedor não honrar suas obrigações. Nesse caso, o investidor exige maior prêmio (re-
muneração) para operações com maior risco (prêmio de risco).

329
Curso Preparatório CPA20

Relação entre risco e retorno


Risco e retorno são proporcionais, portanto, quanto maior a probabilidade de retorno,
maior será o risco do investimento, e vice-versa. Nesse contexto, o princípio da
dominância entre ativos representa a escolha de um ativo, considerando a relação
risco/retorno.

O investidor escolherá a melhor


relação em conformidade com seu
perfil. Seu desejo é alto retorno e
baixo risco, mas essa opção quase
nunca está disponível, então,
terá de priorizar o baixo risco em
detrimento da rentabilidade, ou a
rentabilidade em detrimento do
baixo risco.

RESUMINDO
Relação risco e retorno:

Risco baixo Risco alto


Retorno alto Retorno alto
Risco baixo Risco alto
Retorno baixo Retorno baixo

Beta – β
Beta mede a sensibilidade de determinada ação ou carteira de ações ao risco siste-
mático, que é representado por um índice de referência (benchmark), o Ibovespa.

330
Curso Preparatório CPA20

Essa medida compara o retorno da ação


em relação ao mercado, refletindo o
comportamento passado de uma ação em
relação ao Ibovespa, e é recomendável um
período mínimo de um ano. Seu cálculo é a
covariância de um ativo e seu benchmark
dividido pela sua variância.

DE OLHO NA PROVA
Cabe reforçar que cálculos não caem na prova, citamos
aqui apenas para seu conhecimento.

O infográfico a seguir mostra como devemos interpretar os valores de beta. Confira!

O beta agressivo (> 1)


Impacta tanto o movimento positivo quanto o negativo e tem maior
sensibilidade ao movimento do Ibovespa. Se o Ibovespa cair, ele cai
mais, e, se o Ibovespa subir, ele sobe mais.

O beta neutro (= 1)
Acompanha a mesma variação do Ibovespa, então, o ativo ou a carteira
de ativos tem o mesmo risco que a carteira de mercado.

O beta defensivo (< 1)


Impacta o ativo em menor proporção. O ativo ou carteira de ativos têm menos
risco do que a carteira de mercado, e o ativo se caracteriza por ser defensivo. Se
o Ibovespa cair, ele cai menos, e, se o Ibovespa subir, ele sobe menos, também.

331
Curso Preparatório CPA20

Caso o investidor tenha o objetivo de obter retorno próximo ao Ibovespa ou outro indi-
cador de renda variável, deverá adquirir as ações que façam parte do índice, ou as que
tenham o coeficiente beta próximo de 1.

ATENÇÃO
O coeficiente β é usado para medir o risco não diversi-
ficável de uma carteira ou um ativo.

RESUMINDO
Como analisar um β:
• B = 1 – neutro, tende a render o benchmark.
• B > 1 – a ação tem a expectativa de valorização
superior ao índice de mercado.
• B < 1 – a ação é menos arriscada, oscilará menos do
que o benchmark.

Risco absoluto e risco relativo


Na sequência, apresentamos as definições de risco absoluto e risco relativo. Confira!

332
Curso Preparatório CPA20

Risco absoluto: não comparado a benchmark,


exposto em percentual, ou valor, e não expressa
comparação.

Risco relativo: comparado a um benchmark,


facilita a avaliação de um ativo, pois compara
a rentabilidade com o desempenho de um
indicador de mercado similar.

Principais riscos do investidor de


renda fixa
Os principais riscos do investidor de renda fixa são:

Risco de crédito
É a probabilidade de o devedor não honrar seus
compromissos, também chamado de risco de
emissor. Pode ocorrer a inadimplência, que pode ser
temporária, ou a insolvência, quando o emissor não
possui capacidade de liquidação de suas obrigações.

Risco de liquidez
Refere-se à dificuldade de transformar um ativo em
dinheiro, por um preço justo. Um investidor pode ter
que se desfazer de um ativo por um preço menor
do que ele vale, por haver poucos compradores
interessados.

Risco de mercado
Diz respeito às oscilações nas taxas de juros ou
no preço de um ativo. São as oscilações de um
investimento e podem ser mensuradas por meio
do desvio padrão.

333
Curso Preparatório CPA20

Risco em ações
Em ações, não há o risco de crédito, porque o acionista não é credor, é dono. Esse ris-
co é do negócio, e não pode ser cobrado de terceiros. Veja, a seguir, os tipos de risco e
as suas subdivisões.

Risco de liquidez
Decorre da dificuldade de
se encontrar comprador
quando for vender o ativo.

Risco em a) Específico ou não sistemático


ações A variação decorre em função
do setor da economia; pode ser
Risco de mercado gerenciado e reduzido.
São as oscilações de preços
dos ativos. Em renda
variável, se subdivide em: b) Sistemático
Provém de fatores macroeconômicos,
como, por exemplo, mudanças
radicais na política econômica,
crises financeiras em países
economicamente importantes,
guerras etc. Não pode ser gerenciado.

Medidas de performance
Os índices mostrados a seguir servem para medir a performance de um investimento.
Leia com atenção suas descrições, forma de interpretação e utilização.

Índice de Sharpe (IS)


Mede a relação entre o retorno excedente obtido pela carteira de investimento, ou
seja, seu retorno acima do retorno do ativo livre de risco, e a volatilidade da carteira
(desvio padrão).

334
Curso Preparatório CPA20

É utilizado na avaliação de fundos com gestão


ativa, para avaliar se o rendimento adicional
compensa o risco incorrido e mede o risco total
da carteira, pois utiliza o desvio padrão em seu
cálculo, como mostrado na fórmula seguinte.

Analisando essa fórmula, podemos inferir que, quanto maior o índice, melhor
a relação entre risco e retorno.

R A - rƒ
Ra: Retorno do ativo
IS = σ A
Rf: Risk free
σ A: desvio padrão

ATENÇÃO
É importante dizer que não deve ser utilizado se negativo,
pois isso significa que rende menos do que o ativo livre de
risco, ou seja, não faz sentido investir em algo com menos
rendimento e mais risco.

DICA
Ao analisar os riscos, é possível concluir que esse inves-
timento rende menos do que o título público e tem mais
risco. Então, não vale a pena, é melhor deixar o dinheiro
aplicado em títulos públicos.

335
Curso Preparatório CPA20

Agora, observe a tabela abaixo e responda: qual fundo possui a melhor relação re-
torno/risco?

Fundos Retorno excedente Risco Índice de Sharpe

a 2 2 1,00

b 4 3 1,33

c 6 5 1,20

Analisando os dados dessa tabela, podemos concluir que o fundo B tem a melhor rela-
ção retorno/risco, já que tem índice de Sharpe maior.

Índice de Treynor
O índice de Treynor é uma medida do retorno adicional em relação a um ativo livre de
risco (risk free), descontando seu risco não diversificável (sistemático), o índice beta.

Treynor =
rP - rƒ
βP

Analisando a fórmula acima, entendemos que quanto maior o índice, melhor a relação
entre risco e retorno.

FIXANDO NA MEMÓRIA
O Sharpe e o Treynor são similares, a diferença é:
• Sharpe usa o risco total (desvio padrão).
• Treynor o risco sistemático (beta).

336
Curso Preparatório CPA20

Administração e gerenciamento de risco


Para administrar e gerenciar o risco de um investimento, temos alguns medidores im-
portantes que serão mostrados na sequência. Acompanhe!

Duration de Macaulay e duration modificada

Duration de Macaulay mede a sensibilidade


de uma carteira à oscilação da taxa de juros.
Considera tanto o pagamento do principal como
os pagamentos periódicos.

ATENÇÃO
Uma carteira com pagamento periódico de juros tem
duration menor do que uma carteira com o mesmo prazo,
mas com pagamentos de juros no final.

Duration modificada, por sua vez, expressa o


valor da mudança no preço de títulos de renda
fixa, em resposta a pequenas mudanças nas
taxas de juros de mercado.

337
Curso Preparatório CPA20

Quando ocorre uma elevação na taxa de juros


no mercado, o preço do título cai, e vice-versa.
Sua fórmula é usada para determinar o efeito
que 100 pontos bases, ou 1% de alteração na
taxa de juros de mercado, terão sobre o preço
de um título.

Exemplo:

Suponha que um título com valor de mercado de R$ 1.000,00, duration de


Macaulay de cinco anos e taxa de juros de 10%. Qual seria a duration modificada?
Para calcular isso, utilizamos seguinte fórmula:

DMOD = Duration DMOD = 5/1,10


1+i DMOD = 4,54

Podemos dizer que, a cada 1% de oscilação de mercado, espera-se


que o título se mova 4,54% (valorização ou desvalorização com a
marcação a mercado – sinal inverso). Isso significa que:
• Se a taxa de mercado subir 1%, o valor do título cairá 4,54%.
• Se a taxa de mercado cair 1%, o valor do título subirá 4,54.

Logo, podemos concluir que a duration modificada mede a sensibilidade no valor


do título (quanto vai alterar aplicando-se ágio ou deságio), em sentido contrário, para
cada 1% de alteração de taxa no mercado.

338
Curso Preparatório CPA20

ATENÇÃO
Caso as oscilações não sejam lineares, deve-se comple-
mentar a análise com a convexidade.

Convexidade
Dois ativos podem ter a mesma duration e mesma taxa, no entanto, podem se com-
portar de maneira diferente ante a alterações de taxas de juros no mercado.

Título A
Baixa convexidade

Título B A convexidade mede o


Preço

Alta convexidade comportamento entre o preço


Duration de um ativo e a oscilação dos
(Linha tangente) prêmios de risco, e quanto maior
P* Preço estimado
a sua curvatura, mais protegido
estará das oscilações.

Y*
Yield
Fonte da imagem: TC School

Imunização
É um processo em que se busca igualar as condições de prazo e risco de posições
ativas com as posições passivas.

339
Curso Preparatório CPA20

Por exemplo, um investidor possui


uma obrigação em dólar e, por isso,
busca obter uma entrada no mesmo
prazo e na mesma taxa.

Riscos de crédito
Na mensuração do risco de crédito de um título, é importante avaliar a possibili-
dade de inadimplência do emissor, pois isso vai refletir na precificação (quanto maior
o risco, maior a rentabilidade exigida). Nesse caso, é preciso se atentar aos critérios
listados no infográfico a seguir.

Aspectos qualitativos e quantitativos


Histórico do emissor, o seu grau de endividamento (alavancagem), a estrutura
de capital próprio e a capacidade de geração de caixa (receita menos despesa).

Fatores de mercado
Ciclo econômico da empresa, sazonalidades e outros fatores específicos
do segmento.

340
Curso Preparatório CPA20

Rating
Opinião atualizada sobre a qualidade de crédito de um emissor com relação a
uma obrigação financeira específica ou a uma classe de obrigações financeiras.
Analisa a pontualidade dos pagamentos de suas obrigações.

Risco de inadimplência e risco de insolvência


Os riscos de inadimplência e de insolvência ocorrem:

Inadimplência
Ocorre com o não pagamento de uma obrigação
na data do vencimento. No entanto, pode ser
uma questão pontual de deficiência de caixa.

Insolvência
Ocorre quando o devedor ou emissor do título
não tiver condições de liquidar sua obrigação.
Neste caso, seus passivos são maiores que os
ativos, e a geração de renda é insuficiente para
quitar os compromissos.

Spread

É o retorno adicional que o investidor deseja


receber pelo risco de crédito assumido. Ou seja,
só aceita um título com maior risco se houver
um spread que compense esse risco.

341
Curso Preparatório CPA20

Risco-país ou risco soberano


É medido por uma empresa especializada, que divulga uma nota de risco para o país, o
que afeta tanto os títulos públicos quanto os títulos dos emissores nacionais.

O Risco-Brasil é uma opinião que busca avaliar,


de forma objetiva, o risco de crédito a que
investidores estrangeiros estão submetidos
quando investem no país. No mercado, o
indicador diário mais utilizado é o EMBI+Br.

ATENÇÃO
O EMBI+, do inglês Emerging Markets Bond Index Plus,
calculado pelo Banco J.P. Morgan Chase, é um índice
ponderado composto por instrumentos de dívida exter-
na, negociados e denominados em dólar, de governos de
países emergentes.

Ele mede o prêmio médio de uma carteira hipotética, constituída por papéis emitidos pelo
Brasil no exterior (de natureza soberana e privada), frente ao rendimento dos títulos do te-
souro norte-americano de prazo comparável (que são considerados livres de risco).

O Risco-Brasil é divulgado sob a forma de pontos-base (basis point, ou bps), por exemplo:

342
Curso Preparatório CPA20

• Taxa de rendimento do título brasileiro = 5,40%.


• Taxa de rendimento do título americano = 3,10%.
• Risco-Brasil = 2,30% ou 230 pontos base (1% equivale
a 100 pontos-base).

Risco de contraparte
É o risco de uma das partes envolvidas no negócio não cumprir o acordo.

Para reduzir esse risco, os ativos negociados na


bolsa de valores têm a garantia de contraparte,
pois a bolsa assume a responsabilidade de
efetivar a negociação.

Risco de liquidação financeira


É o risco de um título não ser liquidado em seu vencimento.

O registro em clearing, as câmaras de


liquidação e custódia, mitigam esse risco.

343
Curso Preparatório CPA20

Risco de mercado externo

São eventos internacionais que afetam a


economia do país, como oscilações na taxa de
câmbio, mudanças no cenário macroeconômico
mundial, riscos geopolíticos específicos de cada
país investido, questões legais, regulatórias e
tributárias específicas de um país.

Gestão de riscos de carteira


Value at risk (VaR)
VaR é a perda potencial que a carteira poderá sofrer em condições consideradas
normais de mercado em um determinado período.

Por exemplo, uma carteira com VaR diário de


R$ 1 milhão, com 99% de intervalo de confiança:
existe apenas 1% de chance de essa carteira ter
uma perda diária superior a R$ 1.000.000.

O cálculo do VaR depende das quatro variáveis elencadas no infográfico seguinte.

Confira!

344
Curso Preparatório CPA20

Definição do intervalo de O valor da carteira em


confiança, geralmente, termos monetários
95% ou 99%. marcada a mercado.

Um período histórico de
Definição do período de preços, suficientemente
observação das perdas longo e representativo, do
(o mais comum é o diário). comportamento de preços
daquele ativo.

As limitações do VaR são:

Sua metodologia pressupõe que o risco futuro


1
pode ter como parâmetro dados históricos.

Recomendável que seja utilizado em situações


2 consideradas normais, em termos de volatilidade
de mercado.

Mesmo com a utilização de níveis de confiança


altos, como, por exemplo, 99%, podem dar a
falsa sensação de segurança pois pode haver
3
situações de extrema vulnerabilidade de
mercado, imprevisíveis, independentemente da
metodologia utilizada.

Não deve servir de parâmetro em uma situação


4
extrema de risco.

345
Curso Preparatório CPA20

O stress test (caudas longas) avalia os piores cenários para estimar potenciais per-
das em cenários de anormalidade de mercado. É complemento do VaR para medir as
perdas quando o grau de confiança (por exemplo, 95%) é ultrapassado.

FIXANDO NA MEMÓRIA
E se o limite de confiança for ultrapassado?
Se o 5% ou 1% acontecer? Stress test!

Já o stop loss é utilizado para parar perdas,


pois trata-se de uma trava de segurança
quando atinge a perda que o investidor está
disposto a aceitar. É utilizada quando os limites
do VaR são ultrapassados, para diminuir a
exposição a riscos.

Temos, ainda, como aliado da gestão de riscos a validação do modelo (backtesting),


uma ferramenta que analisa se o modelo utilizado está refletindo as perdas que efeti-
vamente ocorreram em determinado período.

O backtesting indica se o modelo precisa de


eventuais ajustes.

346
Curso Preparatório CPA20

O tracking error, também utilizado na gestão de riscos, é o desvio padrão dos retor-
nos excedentes (retorno do fundo - retorno do indexador) em relação à média desses
retornos.

ATENÇÃO
O tracking error é utilizado para avaliar carteiras de gestão
passiva, e quanto mais próximo seu valor estiver de
zero, melhor.

Por fim, temos o erro quadrático médio, cujo


valor ideal é igual a zero. O cálculo é feito por
meio da obtenção da raiz quadrada da soma do
quadrado das diferenças entre os retornos do
fundo e do benchmark.

FIXANDO NA MEMÓRIA
EQM: mede a distância entre o benchmark e a
rentabilidade do fundo.
Erro: quanto mais próximo de zero, melhor.

347
Curso Preparatório CPA20

Chegamos ao final do nosso último capítulo. Parabéns por ter concluído com sucesso
esta jornada! Este certamente é um importante investimento em sua carreira, seu fu-
turo e conhecimento.

E quanta coisa bacana vimos até aqui, não é verdade? Passamos por sete capítulos,
cada um deles com relevância na prova, para certificação CPA 20, para a qual você
está se preparando. O conteúdo visto no capítulo 7, por exemplo, tem peso de 10% a
20% na prova, ou seja, chances de haver de 6 a 12 questões relacionadas aos temas
estudados apenas neste capítulo.

Sugiro que, caso tenha ficado alguma dúvida, retorne e leia os pontos em que teve
maior dificuldade. Fique atento também às dicas e macetes que disponibilizamos ao
longo de toda apostila.

Bons estudos e até a próxima!

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