Você está na página 1de 8

Imunologia e envelhecimento

Imunologia e envelhecimento
Aging and immunology
Irina Ewers1, Luiz Vicente R izzo 2, Jorge Kalil Filho 3

RESUM O é explicado por especialistas em estudos demográficos


Denomina-s e imunos enes cência ao envelhecimento imunológico por meio da queda da taxa de fecundidade, aliada à
que es tá as s ociado ao progres s ivo declínio da função imune, queda da taxa de mortalidade, conseqüência do avanço
aumentando, as s im, a s us cetibilidade dos indivíduos para infecções , da Medicina que, além de combater as epidemias que
doenças auto-imunes e câncer, em média, após os 60 anos de idade. ceifavam vidas jovens, pôde controlar melhor doenças
Es s e declínio da função imune es tá as s ociado a alterações que crônicas e degenerativas. A expectativa de vida em 1940
podem ocorrer em qualquer etapa do des envolvimento da res pos ta
era de 40,5 anos; em 2007 é de 70,4 anos e em 2050 será
imune, pois s e trata de um proces s o complexo multifatorial que
envolve várias reorganizações e mudanças no des envolvimento
de 81,3 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de
regulatório, além de mudanças nas funções efetoras do s is tema Geografia e Estatística (IBGE 2007). A Imunologia é
imune, caracterizado por s er mais do que s imples mente um declínio uma ciência na qual as explicações dos fenômenos imu-
unidirecional de todas as funções . nológicos baseiam-se em observações experimentais e
em suas conclusões. A sua evolução como disciplina
Descritores: Sistema imunológico/fisiopatologia; Envelhecimento; experimental tem dependido de nossa capacidade em
Citocinas; Auto-imunidade; Linfócitos T reguladores; Apoptose manipular a função do sistema imune sob condições
controladas. Avanços nas técnicas de cultura celular, na
metodologia do DNA recombinante e na bioquímica
ABSTRACT
das proteínas fizeram com que a Imunologia passasse de
Immunos enes cence is the term to des cribe the changes
uma ciência descritiva a uma ciência na qual fenômenos
as s ociated w ith the progres s ive decreas e in immune function
s uch as increas ing in the s us ceptibility to infectious dis eas es ,
imunes diversos podem ser unidos coerentemente e ex-
autoimmunity and cancer of individuals after 60 years of age. plicados em termos estruturais e bioquímicos precisos.
This decreas e in immune function is as s ociated w ith changes that No sistema imune temos células e moléculas responsá-
can occur in each s tep of the triggering of an immune res pons e. veis pela proteção contra as doenças infecciosas; a essa
The proces s leading to this decay is multifactorial and complex proteção chamamos imunidade. À resposta coletiva
involving divers e changes and reorganization in the regulatory e coordenada à presença de substâncias estranhas no
pathw ays of the immune s ys tem, as w ell as changes in the
organismo tais como micróbios, macromoléculas (por
effectors functions rather than s imply a unidirectional decline in
exemplo, proteínas e polissacarídeos), denominamos
overall functions .
resposta imune. Mecanismos de defesa para infecções
Keyw ords: Immune system/physiopathology; Aging; Cytokines; estão também envolvidos na resposta à substâncias es-
Autoimmunity; T-Lymphocytes, Regulatory; Apoptosis tranhas não-infecciosas. Esses mesmos mecanismos são
capazes de causar lesão tecidual e, em algumas situa-
ções, doença (Imunopatologia). O declínio da função
INTRODUÇÃO imunológica, encontrado nos idosos, está associado a
A longevidade foi uma das grandes conquistas do sé- alterações que podem ocorrer em cada etapa do desen-
culo 20. O crescimento da população de terceira idade volvimento da resposta imune.

1
Pós-graduanda do Departamento de Clínica M édica, Divisão de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de M edicina da Universidade de São Paulo – FM USP – São Paulo (SP), Brasil.
2
Professor Titular de Imunologia do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas do Departamento de Clínica M édica da Divisão de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de
M edicina da Universidade de São Paulo – FM USP, São Paulo (SP), Brasil; Instituto de Investigação em Imunologia (III), Institutos do M ilênio – M TC, São Paulo (SP), Brasil.
3
Professor Titular de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de M edicina da Universidade de São Paulo – FM USP, São Paulo (SP), Brasil; Diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração –
INCOR, São Paulo (SP), Brasil; Coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia (III), Institutos do M ilênio – M CT, São Paulo (SP), Brasil.
Autor correspondente: Jorge Elias Kalil Filho – Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44 – 9º andar – bloco II – Cerqueira César – CEP 05403-000 – São Paulo (SP), Brasil – Tel.: 11 3069-5900 –
e-mail: jkalil@ usp.br

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


S14 Ew ers I, Rizzo LV, Kalil Filho J

ALTERAÇÕES DA RESPOSTA IM UNE NO IDOSO possuem antígenos (CAA) para o receptor do linfóci-
Durante toda a vida do ser humano, seu sistema imu- to T no contexto de moléculas do complexo principal
nológico sofre continuamente mudanças morfológicas de histocompatibilidade (MHC). Assim, linfócitos T
e funcionais que atingem o pico da sua função imuno- CD4+ reconhecem antígenos apresentados em asso-
lógica na puberdade e um declínio gradual no enve- ciação com o MHC classe II e linfócitos T CD8+ re-
lhecimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) conhecem antígenos em associação com o MHC classe
considera idoso o indivíduo com idade superior a 65 I. A esse reconhecimento exclusivo dá-se o nome de
anos. Em seres humanos, a função imune parece estar restrição, isto é, os linfócitos T CD4+ têm restrição ao
alterada, de modo geral, em indivíduos após os 60 anos MHC classe II e os linfócitos CD8+ têm restrição ao
de idade. Sabe-se que há uma grande interação entre o MHC classe I.
sistema imune e o sistema nervoso e essa interação de- A ativação da proteína tirosinoquinase (PTK) e
sempenha papel na exacerbação de afecções de cunho a mobilização de cálcio intracelular são os primeiros
imunológico e na depressão das funções normais do sis- eventos bioquímicos que podem ser detectados após
tema imune (1). Aparentemente, indivíduos idosos estão essa ligação ao TCR . O LCK, um membro da família
ainda mais sujeitos a esses efeitos(2). Em idosos subme- das PTK, é crucial na transdução desse sinal, ele fosfo-
tidos a quadros de estresse emocional e/ou depressão rila as seqüências contendo tirosina do complexo CD3
observa-se maior incidência de infecções, de doenças e o dímero zeta. Z AP 70 é recrutada pelo dímero zeta
auto-imunes e de neoplasias(3). Já em indivíduos idosos e fosforilada pelo LCK. A Z AP 70 ativada fosforila
que não apresentam quadro depressivo ou estresse emo- o LAT, que é uma proteína para o recrutamento de
cional observa-se que o número de linfócitos T CD4+ múltiplos parceiros, incluindo proteínas adaptadoras
e CD8+ , respectivamente, pode estar diminuído (4-5). GADs, Grb2 e enzimas para o metabolismo de fosfo-
Além disso, a capacidade funcional dessas células fica lípide como PI3K e PLCy1. Posteriormente à ativação
alterada, como se evidencia pela baixa resposta ao estí- do TCR , surge um sinal essencial de células T (pri-
mulo com mitógenos, por exemplo, a fitohemaglutinina meiro sinal) que somente permite a proliferação e a
(PHA) e ao estímulo com IL -2(6-7). Essa diminuição na diferenciação na presença concomitante de um sinal
resposta se deve à deficiência e/ou diminuição na pro- secundário (segundo sinal) que é advindo por meio
dução de IL -2 por alterações ou defeitos na transdução da ligação com o CD28(9) . Na Figura 1 exemplificamos
de sinais mitogênicos vindos do receptor do linfócito T os eventos bioquímicos da sinalização no linfócito T a
(TCR ) (8). Essa alteração na sinalização pode ser a mais partir de uma apresentação peptídica pela célula que
importante causa do declínio da resposta imune celular apresenta antígenos.
mediada em idosos.
Eventos seqüenciais levam a uma sinalização perfei-
ta da célula T que se manifesta como ativação, diferen-
ciação, apoptose, anergia e desenvolvimento de funções
efetoras ou de memória. Todas essas manifestações são
moduladas por uma relativa proporção de subpopula-
ções de células T, de receptores co-estimulatórios, de
composição da membrana celular, de tipo de célula
apresentadora de antígeno ou de equilíbrio entre as
citocinas. Quando há uma ruptura nessa cascata de si-
nalização causada por mudanças fisiológicas como o en-
velhecimento, patológicas como o câncer ou ainda por
doenças auto-imunes, existe uma alteração da resposta
imune. Como os indivíduos idosos estão mais sujeitos a
essas alterações patológicas do sistema imune, somam-
se a isso alterações inerentes à idade, o que resulta em
um comprometimento importante das funções do siste-
ma imunológico. Figura 1. Fatores de ligação nuclear e de ativação de linfócitos T. Após
a apres entação de antígenos por um CAA profis s ional, com a ins erção
dos dois s inais neces s ários , o linfócito T s erá ativado por uma rede de
Linfócitos T e o envelhecimento proteínas intracelulares que traduzem os s inais recebidos pelos receptores
de membrana para o núcleo da célula e levam à expres s ão de um conjunto
As células T são ativadas pelo reconhecimento de de- de genes que res ulta primariamente na expres s ão de novos receptores e na
terminantes antigênicos apresentados pelas células que s ecreção de citocinas

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


Imunologia e envelhecimento S15

Células T virgens (naïve), isto é, aquelas que ain- efeitos didáticos, podemos classificar algumas das cito-
da não encontraram o antígeno de sua especificidade, cinas como pró-inflamatórias, derivadas principalmente
requerem a co-estimulação via engajamento da molé- de células da resposta imune inata e de células Th1 e
cula de superfície CD28 pelas moléculas da classe B7 Th17, tais como interferon-gama (IFN-γ), fator de ne-
(CD80 e CD86) na superfície da CAA para amplificar crose tumoral alfa (TNF-α), interleucinas (IL) IL -1,
a sinalização do TCR . Como contraste, nas células T IL -6, IL -12, e IL -18 ou podemos classificá-las como
efetoras ou nas de memória, a sinalização pode ocorrer antiinflamatórias, sintetizadas principalmente por Th2,
na ausência da co-estimulação do CD28. Atualmente, Th3 e família de células T regulatórias (TR EGs): fator
está bem estabelecido que o envelhecimento associa-se de transformação e crescimento beta (TGF-β), IL -10,
a um declínio na ativação e, conseqüentemente, na pro- e IL -5). Essas diferentes citocinas atuam em seus res-
liferação de células T com um declínio na expressão de pectivos receptores e esses receptores utilizam várias
CD28, mas não de TCR . Vários estudos demonstraram combinações de mediadores intracelulares para induzir
defeitos nos eventos precoces na cascata de sinalização suas funções, mormente os da família Janus de poteí-
de células T de idosos (primeiro sinal) (10-11). Esses defei- no quinases (JAKs) e as da família dos sinais ativadores
tos podem ser fosforilação da tirosina; mobilização do e tradutores de transcrição (STATs). A produção das
cálcio; ativação dos caminhos, com os termos em inglês, citocinas pró-inflamatórias IL -1, IL -6 e TNF-α está
mitogen actived protein kinase (MAPK) e c-Jun N-termi- aumentada nos idosos, refletindo uma alteração no pa-
nal kinase (JNK); translocação no núcleo, com o termo drão de regulação destas citocinas, que podem estar as-
em inglês nuclear factor of activated T-cells (NF-ATC); sociadas com os mecanismos desencadeadores de mui-
produção de IL -2 e proliferação de células T. Existe ain- tas das doenças típicas da idade como a aterosclerose,
da uma queda na porcentagem de linfócitos T CD8+ a demência e doenças auto-imunes(13). Uma perda do
que são CD28+ e, em média, o comprimento do telôme- equilíbrio entre as citocinas do padrão Th1 e Th2 tam-
ro é menor em linfócitos T CD28-, indicando que essas bém foi descrita (14) e essa perda pode ser responsável,
células sofreram um grande número de divisões celula- pelo menos em parte, pelo aumento da suscetibilidade
res. Esse tipo de proliferação pode ser responsável pelo desses indivíduos a infecções causados por vírus e por
acúmulo de populações oligoclonais CD28- em idosos. bactérias extracelulares. Esses defeitos na regulação da
Podemos notar que muitas dessas alterações ocorrem resposta imune também podem levar a um aumento das
em doenças auto-imunes, em especial, na artrite reu- doenças auto-imunes(7,15).
matóide e no lupus eritematoso sistêmico, incluindo o
aumento de auto-anticorpos, diminuição da diversidade
de células T virgens com aumento da oligoclonalidade, O ENVELHECIM ENTO E A AUTO-IM UNIDADE
aumento de células T de memória CD8+ CD28-, encur- A principal conseqüência da exposição crônica aos an-
tamento do telômero e alterações nos sinais de trans- tígenos parece ser a progressiva ativação de macrófa-
dução sem, contudo, observarmos, necessariamente, o gos e células relacionadas em muitos órgãos e tecidos
surgimento de tais doenças auto-imunes nos idosos. Por do organismo. Contudo, a contínua mudança antigêni-
essas razões, os níveis de expressão de CD28 podem até ca pode ser responsável pelo progressivo estado pró-
ser considerados marcadores de senilidade do sistema inflamatório existente; qual aparenta ser a principal
imune. característica do processo de envelhecimento. A indu-
ção e a manutenção de tolerância antígeno-específica
é crítica na prevenção de auto-imunidade, na proteção
Citocinas e o envelhecimento contra microorganismos e na manutenção do equilí-
As citocinas são os principais mediadores da resposta brio imune, mas, se por um lado, resulta na eficácia
imune e controlam diferentes funções celulares que com que o sistema imune atua, por outro, pode ser fon-
incluem proliferação, diferenciação, morte celular te de erros que resultam em respostas deletérias com
(apoptose ou necrose), sobrevivência e migração, seja a inconveniente destruição de tecidos sadios. Seja por
diretamente, por meio de eventos que se seguem ao en- uma resposta mal regulada a um patógeno, em proces-
gajamento de seus receptores específicos na superfície sos alérgicos ou de auto-imunidade, os mecanismos de
celular, ou indiretamente, pela indução da expressão controle da resposta imune podem falhar e voltar-se
de numerosos genes(12). Elas são sintetizadas tanto por contra o organismo que deveriam proteger. Recepto-
células do sistema imune como por células não imunes res específicos na superfície de linfócitos, interagindo
como o endotélio vascular, os adipócitos, os neurônios, com antígenos, induzem os linfócitos à ativação, o que
entre outras. Agem, geralmente, de maneira autócrina resulta na resposta imune específica, na inativação ou
ou parácrina e podem ser secretadas já em sua forma na eliminação, o que dá origem à tolerância imunoló-
ativa ou necessitarem de ativação extra-celular. Para gica, o antígeno também pode ser ignorado pelo linfó-

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


S16 Ew ers I, Rizzo LV, Kalil Filho J

cito, não havendo resposta imune. O desenvolvimento pressivos distintos, linfócitos TR E G CD 4+ CD 25+ ,
das moléculas de reconhecimento do sistema imune, célula T helper tipo 3 e célula TR E G tipo1. A Figura
receptores de linfócitos T (TCR ) e receptores de lin- 2 exemplifica a população de linfócitos T reguladores
fócitos B (BCR ), é de natureza aleatória e a possibi- e as citocinas que são secretadas com suas ações de
lidade de geração de receptores capazes de reconhe- estímulo e inibição.
cerem auto-antígenos e a possibilidade de causarem
danos é um risco inerente ao sistema. Definimos como
autotolerância a capacidade que o sistema imune tem
de distinguir entre antígenos estranhos ao sistema e
auto-antígenos; respondendo somente aos primeiros.
A autotolerância é mantida preservando-se a matura-
ção e a ativação de clones de linfócitos auto-reativos.
Por meio de mecanismos principais, é feito o controle
das possíveis respostas auto-imunes pelo sistema imu-
nológico, que a seguir denominados:
1. seleção clonal em órgãos linfóides primários (tole-
rância central): este é o processo que elimina lin-
fócito T com TCR potencialmente reativo no timo,
impedindo que o mesmo migre para os órgãos lin-
fóides periféricos;
2. inativação periférica de clones potencialmente au-
Figura 2. Rede de citocinas responsáveis pela diferenciação e ativação de
to-imunes;
células T efetoras e reguladoras. Citocinas secretadas por linfócitos e células
3. presença de sítios de privilégio imunológico: locais apresentadoras de antígeno influenciam o desenvolvimento das células
isolados do sistema imunológico nos quais os antíge- T por meio da expressão ou supressão de genes. Células T precursoras
podem, mediante diferentes estímulos, tornarem-se células Th1 ou Th17
nos contidos nesses compartimentos são protegidos
(não apresentada nesta figura) que secretam um padrão pró-inflamatório de
dos elementos do sistema imune por uma barreira citocinas IFN-gama, TNF- α, IL-2, entre outras. Mediante estímulos diferentes
órgão-sangue, como as barreiras hematorretiniana elas podem se desenvolver em células Th2 que secretam algumas citocinas
e hematoencefálica. Acredita-se que algumas carac- antiinflamatórias, mas que têm como principal função mediar a produção de IgE
e algumas subclasses de IgG. J á um outro conjunto de estímulos, resulta na
terísticas particulares do sistema nervoso central, geração de células com capacidade de diminuir a resposta imune (Th3, Tr1 e
da córnea, da retina, das cartilagens, do fígado, da outras TREGs) e que secretam citocinas com função supressora como o TGF-β
placenta, dos ovários, dos testículos, da próstata, da e a IL-10

câmara anterior do olho e do córtex da supra-renal,


possam criar um ambiente no qual a resposta imune
não se desenvolva da mesma maneira que em outras CÉLULAS DENDRÍTICAS E O ENVELHECIM ENTO
partes do organismo (15). As células apresentadoras de antígeno mais impor-
tantes são as células dendríticas (D Cs) que tem o
O reconhecimento de subpopulações de linfóci- papel fundamental de fazer a ponte entre a resposta
tos T é definido por diferenças no seu padrão de se- imune inata e a adquirida (16-19) . Ainda mais impor-
creção de citocinas e nas suas atividades indutoras e tante é o fato dessas células poderem induzir uma
efetoras, na mesma resposta imune. E ssa regulação potente resposta antígeno-específica e mediarem
é, em parte, antígeno-específica, uma vez que a ati- tolerância (20) . E ssas células estão localizadas em di-
vação da célula T depende do reconhecimento do versos pontos do organismo, notadamente naqueles
antígeno-alvo, e em parte, antígeno-inespecífica, pois em que a evolução determinou serem de maior expo-
é mediada por citocinas secretadas pelo linfócito T sição a microrganismos invasores. São responsáveis
que, no microambiente onde a resposta imune está se por iniciar e amplificar a resposta imune por meio de
processando, atuam em qualquer célula que expresse uma rede que inclui outras células apresentadoras de
o receptor apropriado, independentemente da espe- antígenos, de fagócitos e de células do endotélio vas-
cificidade antigênica. É possível, então, que linfócitos cular. Sob circunstâncias “não-infl amatórias” essas
T de fenótipos diferentes, ao reconhecerem o mesmo células mantêm-se imaturas e através de, entre outras
antígeno, possam manter-se mutuamente inibidos, o coisas, amostragem de antígenos oriundos de células
que impediria a sua expansão. E xistem linfócitos co- próprias em apoptose, induzem a tolerância perifé-
nhecidos como TR E G que têm a função única de re- rica nos auto-antígenos. E xistem diferentes popula-
gular a resposta imune, esta família é composta por ções de D Cs e suas interações com os diversos tipos
uma população de linfócitos T com mecanismos su- de linfócitos T ajudam a determinar (muitas vezes

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


Imunologia e envelhecimento S17

sendo o fator mais importante) o caminho no qual CÉLULAS NATURAL KILLER (NK) NO ENVELHECIM ENTO
uma resposta imune irá trilhar. Inicialmente conheci- Além de sua atividade citotóxica elas também regulam a
das como D Cs mielóides e linfóides, D C1 e D C2, ou resposta imune pela produção de citocinas e quimocinas
mais convencionalmente, MD C e D C plasmocitóide que participam diretamente na eliminação de patógenos
(PD C). Cada uma dessas subpopulações regula de ou na atividade de outras células componentes da imu-
maneira diferente imunidade, tolerância, equilíbrio nidade. Há controvérsias quanto ao número de células
Th1/Th2/TR E G (21-22) . E xistem ainda as células den- NK no sangue de indivíduos idosos; enquanto certos
dríticas foliculares (FD C) que, durante o envelhe- estudos apontam para uma diminuição, outros estudos
cimento, parecem perder a capacidade de estimular apontam para a manutenção (24-25) e até aumento de nú-
linfócitos B. Além de terem menor capacidade de mero e atividade, medida indiretamente por marcadores
captação e retenção de imunocomplexos, a diminui-
de superfície CD16 e CD57(26). Alguns autores sugerem,
ção no número de receptores para a cadeia FC gama
então, que valores persistentemente baixos de número
de anticorpos (FcγR II) resulta em menor capacidade
e de atividade citotóxica de células NK em idosos não
em estimular a produção de novos centros germinati-
são uma constante e sim, marcadores de morbidade e
vos e, consequentemente, menor resposta humoral a
mortalidade nesse grupo de indivíduos(13). Somando-se
antígenos recém-encontrados(23) . E studos, principal-
a isso, sabe-se que a atividade NK está correlacionada
mente em camundongos e ratos, sugerem não haver
com níveis séricos de vitamina D, portanto, a qualidade
uma diminuição generalizada no número de D Cs do
da nutrição é fator importante nos idosos, assim como as
organismo. E ntretanto, alguns estudos demonstraram
atividades físicas e o controle hormonal(27). Logo, essas
diminuições numéricas em alguns órgãos ou tecidos,
variáveis também devem ser levadas em conta quando
como os linfonodos e a mucosa oral.
analisamos esse parâmetro imunológico no idoso.
Também há descrições de diminuições no número
de D Cs de origem mielóide no sangue em humanos,
assim como uma diminuição no número de D Cs ima- LINFÓCITOS B, NUTRIÇÃO, ATIVIDADE FÍSICA E
turas, o que ajudaria a explicar o aumento de auto-
ENVELHECIM ENTO
imunidade nessa faixa etária. H á trabalhos controver-
sos sobre a expressão das moléculas co-estimulatórias O envelhecimento está associado a mudanças qualitati-
CD 80 e CD 86. A maioria dá conta de um aumento vas e quantitativas na imunidade humoral. A diminuição
da expressão dessas, o que, pela sua maior interação no repertório de células B, exceto em uma subpopula-
com o ligante CTLA-4, associado à diminuição da ex- ção, pode desencadear uma leucemia crônica B que é
pressão de CD 28 discutida acima, poderia explicar a mais comum em idosos(13), pode desencadear também
perda de ativação e maior apoptose de linfócitos T mudanças nos mecanismos de mutação somática as-
naïve nesses indivíduos, comprometendo ainda mais sociados a afinidade dos anticorpos. Imunoglobulinas
a resposta primária. Na Figura 3 estão demonstradas IgG e IgA estão normalmente aumentadas enquanto
as vias de sinalização no linfócito T a partir do estí- IgM permanece inalterada. IgG1, IgG2 e IgG3 estão
mulo de uma célula apresentadora de antígenos e os significativamente aumentadas enquanto IgG4 não. É
caminhos que estas sinalizações podem levar. interessante notar que IgG1 e IgG3 estão relacionadas
com resposta humoral a vírus e bactérias; IgG2 e IgM a
respostas a polissacarídeo (cápsula e/ou parede bacte-
riana); IgG4 e IgE resposta a parasitas.
Defeitos na ativação celular também têm sido des-
critos como conseqüência do envelhecimento do sistema
imune. A enzima c-jun N-terminal quinase (JNK) que é
ativada quando linfócitos T são estimulados via seu re-
ceptor para antígeno (TCR) e, além disso pela molécula
CD28, que contribui para a produção de IL-2 pela fosfo-
rilação dos seus fatores de transcrição, tem sua atividade
diminuída em até duas vezes em camundongos idosos(28-
29)
. Um defeito na síntese de algumas metaloproteinases
Figura 3. Diferentes tipos de apresentação antigênica levam a diferentes
respostas nos linfócitos T. Assim, a apresentação na ausência de segundo de matriz extracelular (MMP) evidenciado pela “frouxi-
sinal (painel da esquerda) leva à anergia que é um importante mecanismo de dão” ao redor do reparo cirúrgico de deslocamento de
manutenção da tolerância aos antígenos próprios na periferia do organismo e bacia em pacientes idosos, sugere que as MMP podem
pode estar diminuída na terceira idade. A apresentação completa (painel do
meio) que leva à ativação e à apresentação de um super-antígeno que leva à estar diminuídas de forma sistêmica (30). Essas enzimas
eliminação dos clones respondedores (painel da direita) são importantes controladoras da resposta imune e mais

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


S18 Ew ers I, Rizzo LV, Kalil Filho J

um marcador das alterações vistas no sistema imune capacidade de alongar o DNA telomérico (38). A atividade
resultantes do envelhecimento. Como já mencionado da telomerase é particularmente evidente em tipos celu-
pontualmente acima, o estado nutricional tem um papel lares que dependem de replicação e de auto-renovação,
crucial na manutenção da função imune, independente como as células tronco ou os linfócitos ativados, contudo,
da idade do indivíduo. A qualidade da nutrição e a re- esse complexo enzimático tem a capacidade de diminuir,
alização de atividade física em muito podem contribuir mas não compensar completamente, a perda do telôme-
para a preservação da atividade do sistema imune (31-32). ro, com exceção para gametas e células tumorais. O siste-
O declínio em ambos os parâmetros específicos e não ma imune é, provavelmente, o principal exemplo de um
específicos da imunidade tem sido associado à desnutri- sistema celular dinâmico para o qual a manutenção da
ção e à deficiência de proteínas. Sendo esse declínio um atividade de telomerase é fundamental. A competência
fator contribuinte para o aumento da mortalidade em imunológica é dependente da expansão clonal de linfó-
idosos, especialmente quando relacionada ao câncer e a citos T e B antígeno-específicos e a perda de telômero
doenças infecciosas(33). Deficiências de alguns microele- pode contribuir para uma diminuição da função imune.
mentos e de vitaminas estão associadas ao decréscimo A renovação de linfócitos T é particularmente complexa,
na função imune (34). Vários desses micronutrientes, in- pois inclui atividade tímica e, esta atividade, decai pro-
cluindo anti-oxidantes, modulam fatores de transdução e gressivamente com o envelhecimento, apresentando-se
transcrição gênica, envolvendo células do sistema imune como um processo complexo e ainda relativamente obs-
e ou produção de citocinas. Um desses micrcoelemen- curo. Nos timócitos existe um alto grau de atividade da
tos, o zinco, tem papel importante na resposta humoral telomerase e o comprimento do telômero pode ser au-
pela restauração da atividade do hormônio timulina, que mentado ou mantido. O encurtamento do telômero tem
requer a sua presença para se expressar e, além disso, sido descrito em indivíduos com doenças inflamatórias
está envolvido na proliferação de timócitos. O zinco está crônicas, como, por exemplo, a artrite reumatóide, a es-
deficiente na maioria dos idosos, independente do esta- clerodermia, o lupus eritematoso sistêmico, a dermatite
do nutricional(35). Os indivíduos idosos que mantêm ati- atópica, entre outras. Estudos em pacientes com artrite
vidade física continuada apresentam níveis de linfócitos reumatóide demonstraram que o encurtamento do te-
T CD4 + e T CD8+ semelhantes aos de indivíduos mais lômero não é só encontrado em células T de memória,
jovens(36). Esses indivíduos também não apresentam de- mas também em células T naïve. Este fenômeno parece
feitos comuns de recrutamento de linfócitos para os sítios ser geneticamente determinado e associado ao haplótipo
infecciosos que são vistos em idosos sedentários(36). HLA-DR4 que é um dos principais marcadores de risco
para a artrite reumatóide. De outra maneira, constantes
infecções ou infecções crônicas também contribuem para
ASPECTOS M OLECULARES DO ENVELHECIM ENTO a erosão dos telômeros e, mais uma vez, se associam com
O sucesso e a longevidade de um organismo requerem um o envelhecimento, simplesmente, pela maior exposição.
equilíbrio nos recursos que mantenham e reparem as suas Entretanto, as razões pelas quais o encurtamento de te-
funções. Ao nível celular, mecanismos enzimáticos exis- lômeros pode levar à auto-imunidade em idosos não são
tem para prevenir e reparar danos mantendo a integrida- tão claras. Pode-se supor que, a despeito da diminuição
de genômica. No caso do sistema imune, esses mecanis- de repertório, assim como de fatores como IL-2 e fatores
mos são especialmente importantes na manutenção das co-estimuladores, o que ocorra é que as células poten-
células de memória (37). A opção da renovação de tecidos cialmente autopatogênicas, nesses indivíduos, mante-
por mitose celular traz o risco de doenças proliferativas e, nham-se suficientemente abaixo dos níveis de reconhe-
em casos extremos, de um crescimento celular descontro- cimento de auto-agressão do sistema, justamente por
lado que é característico de doenças malignas. Um meca- causa desses fatores e, assim, consigam causar uma lesão
nismo importante que limita o potencial proliferativo de inicial que se retroalimenta positivamente. Essas seriam
células é a erosão dos telômeros, estruturas de cromatina as causas, então, não a ausência de células reguladoras T
que encapam e protegem o final dos cromossomos(38). O ou NK, conforme sugerido acima (39).
resultado dessa erosão é instabilidade e morte celular.
Como o sistema imune é particularmente dinâmico e
contem elementos insubstituíveis (células de memória), M ORTE CELULAR POR APOPTOSE E O
esses eventos são particularmente importantes para sua ENVELHECIM ENTO
manutenção durante o envelhecimento (39). Todas as célu- A morte por apoptose desempenha um papel importan-
las do sistema imune são derivadas de células tronco he- te na embriogênese, na homeostase celular, na atrofia
matopoiéticas que podem dividir-se e diferenciar-se ao tecidual e na remoção de células tumorais ou danifica-
longo da vida. Possuem um alto nível de atividade da te- das. No sistema imune a apoptose tem um papel crucial
lomerase, um complexo enzimático multimolecular com na seleção do repertório de linfócitos T no timo, na de-

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


Imunologia e envelhecimento S19

leção de linfócitos T e B autoreativos, na regulação da 3. Guidi L, Tricerri A, Frasca D, Vangeli M , Errani AR, Bartoloni C.
Psychoneuroimmunology and aging. Gerontology. 1998;44(5):247-61.
memória imunológica e das células NK.
Durante o envelhecimento, existe uma linfopenia 4. Ptak W, Szczepanik M . [Immunogerontology--aging of the immune system
and its cause] Przegl Lek. 1998;55(7-8):397-9.
progressiva de células T, tanto CD4+ como CD8+ , cau-
5. Traill KN, Schönitzer D, Jürgens G, Böck G, Pfeilschifter R, Hilchenbach M , et al.
sada pelo decréscimo de precursores na medula óssea, Age-related changes in lymphocyte subset proportions, surface differentiation
pela redução do potencial proliferativo e/ou aumento da antigen density and plasma membrane fl uidity: application of the eurage
apoptose, que pode estar relacionada com um aumento senieur protocol admission criteria. M ech Ageing Dev. 1985;33(1):39-66.
na expressão de CD95 e aumento na produção de TNF- 6. Ferrero E, M anfredi A, Bianchi E, Schönheit A, Sabbadini M G, Rugarli C.
α ou, simplesmente, pelo aumento da susceptibilidade de Age-related changes in interleukin 2 responsiveness of resting and activated
human mononuclear cells. Haematologica. 1991;76(1):14-9.
CD4+ e CD8+ de idosos a apoptose induzida por esta
7. Amadori A, Zanovello P, Cozzi E, Ciminale V, Borghesan F, Fagiolo U, et al.
citocina. Não está claro, porém, se existe algum tipo de
Study of some early immunological parameters in aging humans. Gerontology.
impacto do aumento da apoptose de células T no repertó- 1988;34(5-6):277-83.
rio específico de linfócitos(40). Parece contra intuitivo que 8. Fülöp T Jr, Larbi A, Dupuis G, Paw elec G. Ageing, autoimmunity and arthritis:
um aumento na apoptose esteja temporalmente associa- Perturbations of TCR signal transduction pathw ays w ith ageing - a biochemical
do a um aumento nas doenças auto-imunes, entretanto, paradigm for the ageing immune system. Arthritis Res Ther. 2003;5(6):290-302.
duas hipóteses podem ser levantadas. A primeira seria 9. Frauw irth KA, Riley JL, Harris M H, Parry RV, Rathmell JC, Plas DR, et al. The CD28
um aumento preferencial na morte de células T regula- signaling pathw ay regulates glucose metabolism. Immunity. 2002;16(6):769-77.
doras, a segunda, a perda progressiva de linfócitos T que 10. M iller RA, Garcia G, Kirk CJ, Witkow ski JM . Early activation defects in T
lymphocytes from aged mice. Immunol Rev. 1997;160:79-90.
respondem contra antígenos nominais e que permitiria o
11. Paw elec G, Hirokaw a K, Fülöp T. Altered T cell signalling in ageing. M ech
desenvolvimento de clones auto reativos, pois abriria “es-
Ageing Dev. 2001;122(14):1613-37.
paço” na periferia para o desenvolvimento dessas células,
12. Fulop T, Larbi A, Douziech N, Levesque I, Varin A, Herbein G. Cytokine receptor
como é visto no modelo de timectomia neonatal em ca- signalling and aging. M ech Ageing Dev. 2006;127(6):526-37.
mundongos, que leva a auto-imunidade. O que é certo, 13. Franceschi C, M onti D, Barbieri D, Salvioli S, Grassilli E, Capri M , et al.
apenas, pelos dados disponíveis, é que há um aumento na Successful immunosenescence and the remodelling of immune responses
atividade apoptótica no sistema imune do idoso. w ith ageing. Nephrol Dial Transplant. 1996;11 Suppl 9:18-25.
14. Bonagura VR, Hatam L, DeVoti J, Zeng F, Steinberg BM . Recurrent respiratory
papillomatosis: altered CD8(+ ) T-cell subsets and T(H)1/T(H)2 cytokine
CONSIDERAÇÕES FINAIS imbalance. Clin Immunol. 1999;93(3):302-11.
15. Rizzo LV, Belfort Jr R. Ocular autoimmunity. In: Lahita RG, Chiorazzi N, Reeves
Em resumo, ainda que vários estudos tenham demons-
WH, editors. Textbook of the autoimmune diseases. Philadelphia: Lippincott
trado modificações importantes na resposta imune em Williams & Wi1kins; 2000. p.515.
pacientes idosos, alguns outros sugerem que essas altera- 16. Banchereau J, Steinman RM . Dendritic cells and the control of immunity.
ções indicam apenas imunosenescência e não são acom- Nature. 1998;392(6673):245-52.
panhadas pela perda de função. Parece-nos ainda que 17. Cella M , Sallusto F, Lanzavecchia A. Origin, maturation and antigen presenting
a resposta imune inata é menos sensível que a resposta function of dendritic cells. Curr Opin Immunol. 1997;9(1):10-6.
imune adquirida aos efeitos do envelhecimento. Portan- 18. Inaba K, M etlay JP, Crow ley M T, Steinman RM . Dendritic cells pulsed w ith
to, são necessários estudos mais detalhados e melhor con- protein antigens in vitro can prime antigen-specifi c, M HC-restricted T cells in
situ. J Exp M ed. 1990;172(2):631-40.
trolados com pacientes idosos para se determinar as reais
19. Banchereau J, Briere F, Caux C, Davoust J, Lebecque S, Liu YJ, et al.
conseqüências do envelhecimento sobre o sistema imu- Immunobiology of dendritic cells. Annu Rev Immunol. 2000;18: 767-811.
ne, quais são os marcadores dessas possíveis alterações
20. Steinman RM , Haw iger D, Nussenzw eig M C. Tolerogenic dendritic cells. Annu
e quem são os pacientes em risco de desenvolvê-las mais Rev Immunol. 2003;21:685-711.
rapidamente e de maneira mais proeminente. Enquanto 21. Kronin V, Fitzmaurice CJ, Caminschi I, Shortman K, Jackson DC, Brow n LE.
esses estudos não surgem, é importante considerar que Differential effect of CD8(+ ) and CD8(-) dendritic cells in the stimulation of
todo indivíduo acima de 60 anos tem seu sistema imune secondary CD4(+ ) T cells. Int Immunol. 2001;13(4):465-73.
sob suspeita e deve ser tratado de maneira a contemplar 22. Granucci F, Foti M , Ricciardi-Castagnoli P. Dendritic cell biology. Adv Immunol.
essa peculiaridade, minimizando o uso de intervenções 2005;88:193-233.

que possam comprometer ainda mais as funções efetoras 23. Aydar Y, Balogh P, Tew JG, Szakal AK. Follicular dendritic cells in aging, a “ bottle-
neck” in the humoral immune response. Ageing Res Rev. 2004;3(1):15-29.
e ou reguladoras da sua resposta imune.
24. Lighthart B, Kim J. Simulation of Airborne M icrobial Droplet Transport. Appl
Environ M icrobiol. 1989;55(9):2349-2355.

REFERÊNCIAS 25. Ligthart GJ, Corberand JX, Geertzen HG, Meinders AE, Knook DL, Hijmans W.
Necessity of the assessment of health status in human immunogerontological
1. M cEw en BS. Physiology and neurobiology of stress and adaptation: central studies: evaluation of the SENIEUR protocol. Mech Ageing Dev. 1990;55(1):89-105.
role of the brain. Physiol Rev. 2007;87(3):873-904. 26. Sansoni P, Cossarizza A, Brianti V, Fagnoni F, Snelli G, M onti D, et al. Lymphocyte
2. Graham JE, Christian LM , Kiecolt-Glaser JK. Stress, age, and immune function: subsets and natural killer cell activity in healthy old people and centenarians.
tow ard a lifespan approach. J Behav M ed. 2006;29(4):389-400. Blood. 1993;82(9):2767-73.

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20


S20 Ew ers I, Rizzo LV, Kalil Filho J

27. Borrego F, Alonso M C, Galiani M D, Carracedo J, Ramirez R, Ostos B, et al. 34. M ariani E, Ravaglia G, M eneghetti A, Tarozzi A, Forti P, M aioli F, et al. Natural
phenotypic markers and IL2 response in NK cells from elderly people. Exp immunity and bone and muscle remodelling hormones in the elderly. M ech
Gerontol. 1999;34(2):253-65. Ageing Dev. 1998;102(2-3):279-92.
28. Kirk CJ, Freilich AM, Miller RA. Age-related decline in activation of JNK by TCR- and 35. M cEachern M J, Krauskopf A, Blackburn EH. Telomeres and their control. Annu
CD28-mediated signals in murine T-lymphocytes. Cell Immunol. 1999;197(2):75-82. Rev Genet. 2000;34:331-358.
29. Kirk CJ, M iller RA. Age-sensitive and -insensitive pathw ays leading to JNK 36. Bruunsgaard H, Jensen M S, Schjerling P, Halkjaer-Kristensen J, Ogaw a K,
activation in mouse CD4(+ ) T-cells. Cell Immunol. 1999;197(2):83-90. Skinhøj P, et al. Exercise induces recruitment of lymphocytes w ith an activated
30. Li TF, Santavirta S, Virtanen I, Könönen M , Takagi M , Konttinen YT. Increased phenotype and short telomeres in young and elderly humans. Life Sci.
expression of EM M PRIN in the tissue around loosened hip prostheses. Acta 1999;65(24):2623-33.
Orthop Scand. 1999;70(5):446-51. 37. M cDonald HR. Diagnostic and therapeutic challenges. Retina. 1999;19(6):
31. Han SN, M eydani SN. Vitamin E and infectious diseases in the aged. Proc Nutr 558-62.
Soc. 1999 ;58(3):697-705. 38. Gilson E, Géli V. How telomeres are replicated. Nat Rev M ol Cell Biol.
32. Shor-Posner G, Campa A, Zhang G, Persaud N, Baum M K. Obesity and immune 2007;8(10):825-38.
function in the M iami HIV-1 infected drug abusers study. J Am Diet Assoc. 39. Goronzy JJ, Fujii H, Weyand CM . Telomeres, immune aging and autoimmunity.
1999;99(12):1512. Exp Gerontol. 2006;41(3):246-51.
33. Krause D, M astro AM , Handte G, Smiciklas-Wright H, M iles M P, Ahluw alia 40. De M artinis M , Franceschi C, M onti D, Ginaldi L. Apoptosis remodeling in
N. Immune function did not decline w ith aging in apparently healthy, w ell- immunosenescence: implications for strategies to delay ageing. Curr M ed
nourished w omen. M ech Ageing Dev. 1999;112(1):43-57. Chem. 2007;14(13):1389-97.

einstein. 2008; 6 (Supl 1):S13-S20

Você também pode gostar