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Escola Superior de Enfermagem do Porto

ENFERMAGEM
História e personalidades

Paulo Parente
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A HISTÓRIA: PORQUÊ?

A importância dos estudos históricos


– A criação de uma memória coletiva.

– Contributo para a construção da identidade profissional.

– Desenvolvimento de uma consciência coletiva e de um sentido de


pertença – atores pró-ativos.

– Melhor compreensão do presente (a diacronia vs. a sincronia).

– Compreender os fenómenos no seu tempo… sem os julgar,


apenas, à luz do presente.

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In, Promover a vida, M-F Collière
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A HISTÓRIA: COMO?

A proximidade com a história da condição feminina


– Um saber e uma prática dominadas por mulheres.
– As relações de género como formas particulares de relações de
poder.

A origem da palavra enfermagem


– Do latim, FIRMUS (sólido, forte, resistente, firme) +
IN “não” (o que não tinha essa qualidade) = “Enfermo”.
– Vocábulo latino NUTRIRE - nutrir, amamentar e na palavra
nutrix- mãe que cria / ama que cria.
– A palavra nutrire abreviou-se para nursh – nurse - que
abarcava um número cada vez maior de funções relacionadas
com o cuidado de toda a humanidade.
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A HISTÓRIA: MARCO?

Antes Depois

Atividade Profissão
humana - Ofício

Não remunerada Remunerada

Cariz religioso
Conhecimentos
Conhecimentos científicos
empíricos

FLORENCE
NIGHTINGALE
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HISTÓRIA DA ENFERMAGEM: ETAPAS? (1)

Fim Império Romano


Ocidente
476 D.C.
Nascimento de
Cristo

Nascimento de
Hipócrates
460 A.C.

Superstição e
medicina empírica

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HISTÓRIA DA ENFERMAGEM : ETAPAS? (2)

Começo do movimento
Início do renascimento
das Cruzadas,
e da rebelião protestante,
1000
1500

Influências religiosas,
militares e seculares

1860

A ORIGEM DO CUIDADO

Conceito de ajuda nas sociedades primitivas


– A revolução Neolítica (a sedentarização) – origem da atividade
de cuidar?
– O conceito pré-histórico de ajuda sob o qual se configuram as
primeiras práticas de cuidado desenvolve-se numa base de
grupo, em que o homem se sente incapaz de subsistir dissociado
dos demais;
• A ajuda não decorre de uma base premeditada ou racional; é
antes um cuidado intuitivo.

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A ORIGEM DO CUIDADO

Cuidados de sobrevivência – As mulheres cuidadoras


– O cuidado tem origem nas atividades de alimentação e de
conservação, relacionadas com a sobrevivência.
– A divisão de tarefas. As responsabilidades das mulheres:
– As crianças; o parto; a prole;
– A recolha de vegetais (seleção, preparação…);
– A manutenção do fogo.
– A observação, a aprendizagem e a transmissão de
conhecimentos – a importância deste saber empírico determina o
valor social do cuidado.
– A prática de cuidados identifica-se com a mulher (e assim
permanecerá até ao final da idade média).
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A ORIGEM DO CUIDADO

Os primórdios da institucionalização
– As primeiras civilizações – os primeiros documentos (papiros)
– Mundo mágico–religioso
– Influência das superstições e do sobrenatural: espíritos,
demónios, preces e sacrifícios
– Cuidados domésticos: administrar drogas; aplicar unguentos;
higiene;
– Realizados pelos serventes / escravos
– Cuidados institucionais: feridos; trepanações
– Realizados por aqueles a quem tinha sido outorgada essa
permissão

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A ORIGEM DO CUIDADO

Os primeiros conhecimentos
Hipócrates (460 a 377(?) A.C.)
− A medicina hipocrática – O início da medicina “científica”
− Observação clínica;
− Saber técnico: anatomofisiologia; dietética; patologia;
terapêutica; cirurgia…
− A doença consiste num desarranjo físico.
− Causa física das doenças. O tratamento (primeiro, não
prejudicar, e só depois purgar).
− Juramento hipocrático (princípios éticos).

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CUIDADOS


Cristianismo - Idade média
– Influência das escrituras sagradas e do antigo testamento
– O poder de conceber a vida e de a retirar – a oração
– A caridade (cuidar dos enfermos e dos pobres), manifestação
de ajuda, como instrumento de salvação.
– O amor e o socorro aos pobres é essencial e uma virtude
cristã.
– Exaltação da pobreza – adoção voluntária como meio de
salvação, serviço ao próximo e caminho para a santidade;
– Humildade como atitude – ter um coração humilde;
consagrar a vida aos desafortunados;
– Os cuidados dirigem-se ao espirito. O corpo já não é o
princípio e o fim do cuidar mas uma instância de mediação para
cuidar do espírito. 12

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CUIDADOS

Cristianismo - Idade média


– Cuidados – (também) se institucionalizam, subordinados a um
conceito de ajuda vocacional-cristão-caritativo.
– Diaconias – obras da igreja para a distribuição de socorros aos
pobres, aos órfãos e cuidados aos enfermos, realizadas
com amor, sem constrangimento e em perfeita consonância com
o ensinamento de Cristo.
– As diaconisas (séc. IV)
• Marcela – cuidava dos enfermos no seu palácio; pioneira
estudos profanos (sob orientação de S. Jerónimo);
• Fabíola – primeiro hospital gratuito (em Roma)
• Paula – custeou um albergue (Belém) para peregrinos e
necessitados. Terá concebido a “Enfermagem” como arte
diferenciada de serviço aos pobres.
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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CUIDADOS

Cristianismo - Idade média


– As “mulheres consagradas” subordinam-se aos que detêm o
saber/poder na ordem vigente.
– Medidas contra as pestes
– Primeiras preocupações sanitárias
– As cruzadas – a influencia militar e secular

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CUIDADOS

Cristianismo - Idade média


– O aparecimento das ordens militares (séc. XI)
• Ordem dos hospitaleiros / Ordem dos Enfermeiros Militares
Ordens monásticas (sobretudo Franciscanos)
• Os mosteiros deviam ter um hospício para pobres e
enfermos
– Aparecimento de hospitais, hospícios, casa de caridade, asilo,
orfanato, hospedaria, casa dos pobres… (variedade de funções
que cumpria) – primeiros modelos de organização
• Aspirantes: mulheres que não podiam casar e cuja classe
social não lhes permitia aceder a outro modelo de vida
religiosa.
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Sec. XV - Misericórdias
– Criadas para minorar a pobreza decorrente das guerras, da
peste, da fome, da pobreza e da miséria
– Propunham-se praticar as catorze obras de misericórdia.

ESPIRITUAIS CORPORAIS
• Ensinar quem erra • Remir cativos e visitar os
• Dar um bom conselho presos
• Castigar com caridade os que • Curar os enfermos
erram • Cobrir os nus
• Consolar os tristes • Dar de comer aos famintos
desconsolados • Dar de beber aos que têm
• Perdoar a quem erra sede
• Sofrer as injúrias com • Dar pousada aos peregrinos
paciência e pobres
• Rogar pelos vivos e pelos • Enterrar os finados
mortos 16

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S. JOÃO DE DEUS (1495-1550)

1495 - Nasce a 8 de Março, em Montemor-


o-Novo e é-lhe dado o nome de João
Cidade

1540 - Em Granada aluga uma casa velha e


recolhe os mais necessitados que
encontra

Estabelece o compromisso de dedicação e carinho pelos


doentes, sem olhar ao facto de ser pobre ou rico, cristão
ou mouro, homem livre ou escravo.

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S. JOÃO DE DEUS (1495-1550)

Funda o Hospital de Lucena.


O Arcebispo de Tuy dá-lhe o nome de João de Deus.
Aquando de um incêndio no hospital salva vários
doentes - (Patrono dos bombeiros).

Trata os loucos como doentes e não como criminosos ou


possessos.
Separa os doentes por doenças
Dá valor há higiene - roupa branca

1550 - Morre no dia que completa 55 anos.

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S. JOÃO DE DEUS (1495-1550)

1555 - 18 novos irmãos criam a congregação religiosa que dá


continuidade à sua obra.
Ínclita geração dos filhos de S. João de Deus

1571 - O Papa Paulo V eleva a congregação a Ordem Hospitaleira


de S. João de Deus

1606 - Fundação da primeira casa hospital em Portugal -


Montemor-O-Novo.

1690 - É canonizado pelo Papa Alexandre VIII

Atualidade - Existem mais de 200 casas hospitais espalhadas por


cerca de 40 países.
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S. JOÃO DE DEUS (1495-1550)

“A caridade sem limites é o guia da sua obra.”

“Como regras disciplinares para os seus colaboradores e discípulos


estabelece a vocação - chamamento interior, disposição para a
obediência e para a sujeição a trabalhos e penas, prática
ininterrupta da caridade, vida simples e limpa.”

Lema - Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem
sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos.

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ANTES DE FLORENCE NIGHTINGALE

Sec. XVI - início renascimento


– Espírito novo de reforma e reiniciação
– Desenvolvimento da anatomia
– Início da laicização dos hospitais
Cuidados não médicos prestados por pessoal
indiferenciado

Sec. XVII
– Aparecimento de instrumentos da prática médica
(termómetro…)
– Incremento da experimentação

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ANTES DE FLORENCE NIGHTINGALE

Sec. XVIII
– Consolidação da medicina (incorpora contributos do
racionalismo e experimentalismo)
– Asilos, recolhimentos e casas de regeneração de raparigas
– Higiene ainda paupérrima, porém começa a estruturar-se o
sistema sanitário
– A anterior divisão da igreja católica e protestante gera
desinteresse pelas obras de caridade, sobretudo por parte
dos católicos que viram as suas ordens dissolvidas nos países
protestantes

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ANTES DE FLORENCE NIGHTINGALE
Sec. XIX
– Revolução na medicina e na cirurgia
Desenvolvimento da microbiologia
A anestesia (éter e clorofórmio)
Assepsia e a antissepsia

– Expansão do sistema hospitalar devida a transformações


técnicas e sociais
– Institucionalização da medicina

“trabalho indiferenciado e associado ao trabalho


doméstico”
Cuidados aos doentes
Limpeza das enfermarias e meio envolvente

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ANTES DE FLORENCE NIGHTINGALE

Sec. XIX
– Grandes hospitais municipais nos países protestantes

“O cuidado do enfermo estava nas mãos de prostitutas


embriagadas, a quem se impunha a opção: ir para a
prisão ou servir no hospital. Muitas vezes eram
encontradas adormecidas debaixo das camas dos doentes
que tinham morrido e a quem tinham roubado a bebida”

– Complexificação administrativa e burocratização organizacional

Novas responsabilidades mais diferenciadas para os não


médicos

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FLORENCE NIGHTINGALE (1820 – 1910)

1820 - Nasce a 12 de Maio, em Florença, Itália.


Cresce em Derbyshire, Inglaterra.

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FLORENCE NIGHTINGALE (1820 – 1910)

1849 - Realiza estágio de enfermagem


(3 meses) em Kaiserwerth Institute,
na Alemanha

1854 - Guerra da Crimeia


Reduz mortalidade de 42% para 2%

1859 - Publica Notes on Hospital

1860 - Funda a primeira escola de enfermagem (laica)


Nightingale Home and Training School for Nurses
(St. Thomas’s Hospital - Londres)
Direção da escola da responsabilidade de uma enfermeira
Ensino metódico e não ocasional, através da prática
Seleção das candidatas, sob o ponto de vista físico,
moral, intelectual e de aptidão profissional
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FLORENCE NIGHTINGALE (1820 – 1910)

1907 - Atribuída a British Order of Merit


Primeira mulher a receber esta ordem atribuída pela rainha

1910 - Morre a 13 de Agosto

1915 - Monumento na Waterloo Place

1919 - É atribuído Diploma ao Curso de Enfermagem

Primeiro privilégio concedido pelo Parlamento a uma


corporação de mulheres

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FLORENCE NIGHTINGALE (1820 – 1910)

NOTA 1 - “Temos a tendência para pensar que a medicina cura.


Nada menos verdadeiro; a medicina é a cirurgia das funções, assim
como a verdadeira cirurgia é a cirurgia dos membros e dos órgãos.
A medicina e a cirurgia nada mais podem fazer senão eliminar
obstáculos; nenhuma delas cura, apenas a natureza pode fazê-lo.
(...) A tarefa da enfermagem, nestes dois casos, é proporcionar ao
doente as melhores condições para que a natureza possa agir sobre
ele.”

NOTA 2 - “conceptualiza a atividade numa perspetiva de total


dependência médica:
- nenhuma enfermeira deveria prestar serviços por iniciativa
própria;
- nenhuma deveria alimentar qualquer doente, dar-lhe remédios
ou lavá-lo sem ordem escrita do médico.”
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FLORENCE NIGHTINGALE (1820 – 1910)

“Houve quem dissesse que existiram três Florence Nightingale:


• A implacável e eficiente organizadora que derrotou generais
• A frágil inválida que do seu sofá impelia os governos relutantes a
reorganizar o serviço médico do exército.
• A senhora da lâmpada, visitadora dos doentes internados nessas
horríveis enfermarias - carinhosa, compassiva, possuidora de
grande sentido de vocação.”
Autor desconhecido

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ETHEL BEDFORD FENWICK (1857 – 1947)

− Lutou pelo reconhecimento do estatuto


profissional da enfermagem, pela
certificação da enfermagem e pela
acreditação do seu ensino.

− Defendia que a enfermagem era uma


profissão e não uma vocação, estando
neste, como noutros pontos, em clara
divergência com Florence Nightingale.

− Editora do Bristish Journal of Nursing

− Criou o International Council of Nurses (ICN) – 1899

− Lutou pela publicação Nurses Registration Act


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DEPOIS DE FLORENCE NIGHTINGALE

Cursos para enfermeiras


– Ensino teórico independente
• Prática de enfermagem
• Governo da casa
• Superintendência
– Duração de 1 ano
– Auxiliares de enfermagem e Visitadoras (1887)

Disseminação do modelo
– Em Inglaterra;
– Na Europa
– No mundo ocidental e nas colónias dos países europeus
– A relevância dos médicos no processo 31

MODELO BIOMÉDICO
Crenças e valores
– Os seres humanos são seres biológicos.

Objetivos
– A homeostasia biológica,
– A cura
– O controlo da doença
– A recuperação do traumatismo ou da doença

Conhecimentos necessários
– Ciências físicas e técnicas de reconhecimento dos sinais e
sintomas físicos
– (anatomia, fisiologia, bioquímica, farmacologia, patologia,
microbiologia...) 32

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PRIMEIRAS ESCOLAS EM PORTUGAL
1881 – Escola de Enfermeiros de Coimbra

Fundada a expensas próprias pelo Dr. Costa Simões,


administrador dos Hospitais da Universidade de Coimbra,
funcionou intermitentemente até 1916/1919, data da
criação da Escola de Enfermagem dos Hospitais da
Universidade.

1886 – Curso de Enfermeiros do Hospital de S. José


Encerrou em 1889 porque “os indivíduos aceites para os
hospitais eram, na maior parte, analfabetos” (Artur
Ravara).
1901 - criada a Escola Profissional de Enfermeiros -
primeira escola pública de enfermagem em Portugal - em
que a duração do curso ordinário era de 1 ano e o curso
completo 2 anos. 33

PRIMEIRAS ESCOLAS EM PORTUGAL

1886 - Escola de Enfermeiras no Hospital da Santa Casa da


Misericórdia do Porto

1890 - transforma-se na Escola Particular do Hospital Geral


de Santo António.
1896 - (15 de junho) é criado o Curso de Enfermeiros do
Hospital Geral de Santo António (dia da ESEP).

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1.ª METADE DO SEC. XX
PRÁTICAS DE ENFERMAGEM
– Entre os valores e as práticas tradicionais.
– Vocação orientada para uma atitude pessoal centrada no ideal de
servir
Servir o doente
Servir o médico
Servir o hospital
Fonte de gratificação pessoal e profissional

– Espírito de missão
Renúncia do matrimónio
Renúncia de si, do seu corpo - o uniforme

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1.ª METADE DO SEC. XX


PRÁTICAS DE ENFERMAGEM
– Valores morais baseados nos princípios religiosos do
cristianismo e na ordem militar
Obediência perante as hierarquias
Firmeza face aos subordinados

Dedicação
Bondade de caráter
Para o apoio moral a quem sofre

– Emergência de novos práticas técnicas baseadas no tratamento


das doenças
Cuidados ao doente - Higiene e conforto
Auxiliar do médico - Prescrições médicas
Cuidados de vigilância 36

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1.ª METADE DO SEC. XX
ESCOLAS DE ENFERMEIRAS
– Os hospitais são o espaço de ensino
– Importância dos valores morais e religiosos
Conduta moral irrepreensível no domínio social e pessoal
Em Portugal, mantem-se até 1974 a necessidade de os
candidatos apresentarem um certificado de bom
comportamento moral e cívico emitido pelo pároco.

– Seleção com base no modelo ideológico de enfermeira e não na


aptidão ou competência
– Ensino centrado no modelo biomédico
– Valorização crescente da técnica e, posteriormente, dos
cuidados técnicos
– Conhecimentos teóricos centrados na doença complementados
pelos conhecimentos práticos centrados na técnica 37

FINAL DA 1.ª METADE DO SEC. XX

REFORMA 1942
– «graves deficiências»: a aprendizagem «confiada ao simples
tirocínio prático ou à improvisação de boas vontades»;
– Escolas a trabalharem «longe de uma ação educativa e
exemplificadora eficiente»;
– Ausência de coordenação entre as escolas que permitisse
uniformizar a formação.
– MODELO – Escola Artur Ravara - Lisboa

1947
– Hierarquia na profissão: Enfermeira e Auxiliar de enfermagem
• «55% da atividade das enfermeiras não tinha caráter
profissional específico e podia ser confiada a enfermeiras
práticas».
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FINAL DA 1.ª METADE DO SEC. XX

ESCOLAS DE ENFERMAGEM
– “O único país da Europa que ainda mantém enfermagem masculina
é Portugal
– Ora a enfermagem masculina é coisa que já se não entende hoje”
– “A lei que não quer as enfermeiras casadas é justa e inteligente:
justa porque quem quiser ser enfermeira não pode ter
família de cuidado obrigatório;
inteligente porque se constitui uma possibilidade de vida para
as raparigas que não queiram e, sobretudo, para as que não
consigam casar-se”.
(um Diretor de Escola)

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2.ª METADE DO SEC. XX

Surgem
– Novas conhecimentos no âmbito da biologia

– Contributos das ciências sociais e humanas

– Desenvolvimento de tecnologias de ponta

– Multiplicação das especializações

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2.ª METADE DO SEC. XX

No final dos anos 50, a OMS preconizava:


– As escolas de enfermagem devem ser autónomas e
independentes dos hospitais.

– Os recursos humanos devem ser suficientes para assegurar,


tanto o ensino nas escolas, como nas instituições de saúde.

– As alunas não deverão funcionar como mão-de-obra à


disposição dos hospitais, através de estágios prolongados.

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2.ª METADE DO SEC. XX

Escolas de enfermagem
– Os modelos centrados na doença
Conhecimentos teóricos centrados na doença -
conhecimentos médicos
Sobrevalorizam-se as técnicas relacionadas com as
prescrições, com os exames e as provas de diagnóstico

– Os modelos orientados para a pessoa e centrados na relação


interpessoal
Conhecimentos teóricos baseados nas ciências sociais e
humanas (Carl Rogers, etc.)
Os saberes descentram-se das patologias e passam a
valorizar o Homem

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2.ª METADE DO SEC. XX

Escolas de enfermagem
– Surgem os planos de cuidados / processo de enfermagem

Conhecimentos sobre instrumentos de recolha e métodos de


tratamento de dados
Reconhecimento da importância das metodologias de
investigação.

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2.ª METADE DO SEC. XX


ESCOLAS DE ENFERMAGEM
– 1952 - A reforma do ensino da enfermagem em Portugal
(decretos 38 884 e 38 885)
– Disciplina e organiza o ensino da enfermagem nas escolas
oficiais (públicas);
– Não obstante continuar a ser encarada como uma profissão
essencialmente vocacional, considera-se fundamental
melhorar a preparação técnica dos enfermeiros e elevar o
seu nível social e profissional

- Curso de Enfermagem Geral – 3 anos (ingresso com


1.º ciclo liceal)
- Curso de Auxiliar de Enfermagem – 18 meses
(ingresso com instrução primária) –
- Curso Complementar – 1 ano (ingresso 2.º ciclo liceal
+ CEG + 3 anos de experiência profissional) 44

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2.ª METADE DO SEC. XX
– 1954 – Escola de Enfermagem Dr. Assis Vaz (Escola de
Enfermagem do Hospital de São João)
– Abordagem do homem são e das etapas do desenvolvimento
– Formação de profissionais para atuar a três níveis:
• Preventivo / Curativo / Reabilitação
Concretizados em Portugal através da Reforma do ensino de
enfermagem de 1965 (Decreto n.º 46 448)
- Curso de Enfermagem Geral - 3 Anos (ingresso com 2.º
ciclo liceal)
- Cursos de especialização: partos; enfermagem psiquiátrica;
enfermagem de saúde pública.
- Curso Auxiliar de Enfermagem – 18 meses (ingresso com 1.º
ciclo liceal)
- Curso de Auxiliar de Parteira
- Curso de Enfermagem Complementar (ingresso 3.º ciclo
liceal+CEG + 3 anos de experiência profissional) - Curso de
ensino e administração 45

2.ª METADE DO SEC. XX

– 1967 – (Decreto 48 166 – a enfermagem passa a ter três


carreiras: saúde pública; hospitalar e ensino
Práticas de enfermagem
– A especialização médica liberta novas tarefas para os
enfermeiros
– O exercício da profissão ainda acompanha o trabalho médico
– Os enfermeiros oscilam entre a técnica e o contacto humano.
– O tecnicismo (pela via do modelo biomédico) como base para a
afirmação da profissão
– Reencontrar o sentido do contacto aos doentes como resposta
às necessidades dos doentes (não meramente técnicas)
– 1983 – Criação de três escolas pós-básicas para lecionarem cursos
de especialização – Escola de Enfermagem Pós Básica do Porto 46

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Três décadas na história de enfermagem portuguesa
1975 Extinção do Curso de Auxiliares de Enfermagem

1981 Unificação da Carreira de Enfermagem


Integração do ensino de enfermagem no Ensino
1988
Superior Politécnico
Mestrado em ciências de enfermagem – Universidade
1991
Católica (Faculdade de Ciências Humanas de Lisboa

1996 Regulamento do Exercício Profissional de Enfermagem


(REPE)
Estatuto da Ordem dos Enfermeiros
1998
e Código Deontológico dos Enfermeiros
1999 Criação do Curso de Licenciatura em Enfermagem

2002
Primeiro Doutoramento em Ciências de Enfermagem,
obtido numa Universidade Portuguesa: ICBAS UP

2004
Criação da 1.ª Unidade de investigação em
enfermagem financiada pela FCT - ESEnfCoimbra 47

Bibliografia
• COLLIÈRE, M-F – Promover a vida. Da prática das mulheres de virtude aos
cuidados de enfermagem. Lisboa: Lidel e SEP, 2000.
• BARRATT, Elaine – revista Nursing. Ed. Portuguesa, n.º 38.Março 1991.
• CARNEIRO, Marinha do Nascimento Fernandes – Ajudar a Nascer – Parteiras,
Saberes Obstétricos, e Modelos de Formação (séc. XV – 1974). Porto:
Editora da Universidade do Porto, 2008.
• DONAHUE, M.P. - Historia de la enfermería. Barcelona: Ed. Doyma, 1987.
• FREITAS, Marília Viterbo –revista Enfermagem, n.º 12. Jan/Jun 1989.
• ICN (diretivas) revista Nursing. Ed. Portuguesa, n.º 18, 19. Julho, Agosto
1989.
• LOPES, L. – Um olhar sobre o ombro. Enfermagem em Portugal (1881-1998).
Loures: Lusociência, 2003
• NUNES, Lucília – Um Olhar Sobre o Ombro: Enfermagem em Portugal (1881 –
1998).Loures: Lusociência, 2003.
• SALGUEIRO, Nídia–revista Nursing. Ed. Portuguesa, n.º 76.Maio 1994.
• SOARES, Maria Isabel – Da Blusa de Brim à Touca Branca: Contributo para a
História do Ensino de Enfermagem em Portugal 1880-1950. Lisboa: Educa,
1997.
• SUBTIL; Carlos Louzada – A Saúde Púbica e os Enfermeiros: Entre o vintismo
e a regeneração (1821-1852). Porto, Universidade Católica Editora, 2016.
• VIEIRA, M – Ser Enfermeiro. Da Compaixão à Proficiência. Lisboa:
Universidade Católica Editora, 2007. 48

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