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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS


QUÍMICA

SOFIA GONZAGA DE ANDRADE

GASOLINA

Lavras, 2023
1. INTRODUÇÃO:

No início do século XIX, teve início a exploração do petróleo como fonte de energia,
inicialmente focada no desenvolvimento de óleo iluminante e lubrificantes. A compreensão
do potencial da gasolina como combustível surgiu no mesmo século, após a perfuração do
primeiro poço de petróleo em 1859 nos EUA.

A gasolina se destacou devido à sua alta densidade energética. Com o crescimento


exponencial da indústria automobilística, a demanda por gasolina aumentou, impulsionando
melhorias em sua composição para obter um desempenho mais eficaz. No entanto, a gasolina
demonstrou impactos ambientais negativos, o que incentivou a busca por alternativas mais
limpas, como veículos elétricos e combustíveis renováveis.

2. COMO LIDAR COM RESÍDUOS CARBONÁCEOS QUE NÃO PASSARAM


PELO PROCESSO DE COMBUSTÃO COMPLETA

Carvalho (2009) afirma que, dentre as várias formas de degradação ambiental, a poluição do
ar atmosférico é uma das que acarreta mais prejuízos à civilização, afetando não somente a
saúde humana, mas também os ecossistemas, o patrimônio histórico-cultural e o clima.
Considera-se poluente atmosférico qualquer substância presente no ar que, devido à sua
concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao
bem-estar público, danoso às estruturas, à fauna, à flora ou ainda prejudicial à segurança, ao
uso da propriedade e às atividades normais da comunidade.

Assim, percebe-se a importância de gerir os resíduos carbonáceos resultantes de processos de


combustão incompleta, como os provenientes do uso de gasolina. Esta questão representa uma
preocupação crucial para a preservação do meio ambiente e da saúde pública. A gasolina,
enquanto combustível derivado do petróleo, quando não queimada de maneira completa, pode
liberar uma variedade de compostos prejudiciais ao ar e, outrossim, ao solo.
De acordo com Azeredo e Rodrigues (2003), o Brasil experimentou significativos avanços
desde o final da década de 80 no que concerne ao controle das emissões de gases poluentes e
partículas provenientes de veículos automotores. Isso se deve, primordialmente, à
implementação do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores
(PROCONVE), instituído pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). No
entanto, é imperativo ressaltar que ainda se fazem necessárias alterações substanciais, haja
vista que, apesar das melhorias implementadas, persiste a presença significativa de poluentes.

No que se refere aos resíduos já gerados, a reciclagem se configura como uma solução viável.
Materiais como plásticos, metais e outros elementos derivados da gasolina podem ser
devidamente coletados e reciclados, minimizando sua acumulação em aterros sanitários e a
poluição associada.

A educação desempenha um papel-chave na gestão adequada dos resíduos carbonáceos.


Informar a população sobre os riscos ambientais e de saúde associados à queima incompleta
da gasolina pode incentivá-la a adotar práticas mais conscientes e a apoiar políticas de
controle da poluição.

Além disso, é fundamental que governos e organizações desenvolvam e implementem


regulamentações rigorosas para o controle das emissões veiculares, fomentando tecnologias
mais limpas e promovendo a fiscalização das indústrias. A aplicação eficaz dessas normas
ajudará a reduzir a quantidade de resíduos carbonáceos gerados pela gasolina.

Por fim, a pesquisa e o desenvolvimento contínuos de tecnologias de captura e


armazenamento de carbono podem se revelar cruciais para mitigar os impactos da combustão
incompleta. Investir em inovações que possibilitem a coleta e a utilização desses resíduos de
maneira sustentável pode ser uma abordagem promissora para enfrentar esse desafio.

3. O QUE FAZER COM COMPONENTES DO MOTOR VEICULAR?

O controle dos componentes nitrogenados gerados na combustão é crucial para a eficiência do


motor e, principalmente, para reduzir os impactos ambientais das emissões de óxidos de
nitrogênio (NOx). Esses óxidos são subprodutos da queima em alta temperatura,
principalmente em motores de combustão interna.

De acordo com Mendes (2004) para mitigar as emissões de NOx, há diversas estratégias e
tecnologias disponíveis. Uma abordagem comum é o uso de catalisadores, como os
catalisadores de redução seletiva (SCR), que convertem óxidos de nitrogênio em gases
inofensivos por meio de reações químicas com agentes redutores, como a ureia.

Além disso, avanços tecnológicos nos motores, como a injeção precisa de ar e combustível
em momentos específicos do ciclo de combustão, podem otimizar a queima e minimizar a
formação de óxidos de nitrogênio.
A manutenção adequada do motor é essencial para garantir seu desempenho e minimizar a
formação de componentes nitrogenados prejudiciais. A troca regular de óleo, filtros de ar e
combustível, juntamente com ajustes periódicos, são medidas preventivas cruciais para
manter um funcionamento eficiente e reduzir as emissões nocivas.

Outra estratégia promissora é a pesquisa constante e o desenvolvimento de combustíveis mais


limpos e tecnologias de pós-tratamento. A exploração de alternativas ao petróleo, como
combustíveis sintéticos e biocombustíveis, pode reduzir significativamente a pegada de
carbono e as emissões de óxidos de nitrogênio.

A conscientização dos usuários de veículos também é fundamental. Educar os motoristas


sobre a importância de práticas de direção responsável, como evitar acelerações bruscas e
manter velocidades consistentes, pode contribuir para a redução das emissões de NOx.

4. O CHUMBO NA GASOLINA

No século XX, o chumbo foi introduzido na gasolina como um aditivo com o propósito de
combater a detonação em motores de combustão interna, que operavam com elevadas taxas de
compressão, ocasionando ruídos excessivos e danos aos propulsores. O tetraetila de chumbo
atuava como um antidetonante e lubrificante para as válvulas dos motores. Entretanto, a
exposição ao chumbo ou a compostos que o contenham pode resultar em sérios danos à saúde
e, em casos extremos, levar ao óbito (KLASSEN, 1991).

Conscientes desses malefícios à saúde e ao meio ambiente decorrentes do uso do chumbo, sua
utilização foi proibida, levando à busca de aditivos alternativos mais seguros, como
compostos de oxigênio e etanol, com o intuito de manter o desempenho dos motores sem
prejudicar a saúde e o ambiente.

No Brasil, a Lei 2389/99 proibiu o uso de chumbo tetraetila na gasolina (CUMPRA-SE,


2004); no entanto, esse composto já não estava sendo utilizado desde 1993, visto que
comprometia o funcionamento dos motores dos veículos quando associado à porcentagem de
álcool obrigatória, estabelecida pela Lei nº 7823/93 (NEDER & COTTA, 1999).

5. NÚMERO DE OCTANOS

O número de octanos, também denominado índice de octano ou octanagem, constitui uma


métrica que evidencia a qualidade antidetonante de um combustível utilizado em motores de
combustão interna, tais como os presentes em veículos automotores. Esta medida reveste-se
de importância crucial para assegurar o desempenho eficiente e seguro dos motores movidos a
combustão.

A detonação, também reconhecida como batida de pino ou "knocking", representa um


fenômeno indesejado que se manifesta no interior do motor quando o combustível inflama-se
de maneira descontrolada antes do momento apropriado no ciclo de combustão. Tal situação
pode acarretar danos substanciais ao motor, reduzir a eficiência do combustível e resultar em
perda de potência.

O número de octanos é equiparado a uma mistura de hidrocarbonetos, predominantemente


isoctano (de elevada qualidade antidetonante) e heptano (de qualidade antidetonante inferior).
O isoctano é considerado o padrão de referência para alta qualidade antidetonante, recebendo
uma pontuação de 100, ao passo que o heptano representa o padrão de baixa qualidade,
avaliado com um índice de 0.

Os combustíveis contemporâneos, tais como a gasolina, configuram-se como uma complexa


mescla de hidrocarbonetos e aditivos, sendo seus números de octanos uma representação da
proporção de isoctano na mistura que compartilha propriedades antidetonantes similares.
Portanto, quanto maior o número de octanos, maior a resistência do combustível à detonação.

Os fabricantes de motores delineiam as exigências de octanagem para seus veículos,


frequentemente expressas na forma de dois números, como 87 octanos ou 91 octanos.
Motores de alta compressão, com taxas de compressão mais elevadas, demandam
combustíveis de maior octanagem para prevenir a detonação prematura.

6. CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que é crucial gerir os resíduos carbonáceos da combustão incompleta,


especialmente os da gasolina, para preservar o meio ambiente e a saúde pública.
Regulamentações como o PROCONVE no Brasil ajudam a combater as emissões poluentes,
mas é essencial continuar melhorando. A educação, a promoção de tecnologias limpas e a
conscientização são fundamentais.

No caso dos óxidos de nitrogênio (NOx) dos motores, tecnologias como os catalisadores de
redução seletiva (SCR) são promissoras. Eliminar o chumbo da gasolina, conforme a Lei
2389/99 no Brasil, exemplifica a necessidade de adaptação para equilibrar desempenho
veicular e preservação ambiental. Em suma, lidar com esses resíduos exige uma abordagem
integrada, unindo regulamentações eficazes, conscientização, avanços tecnológicos e pesquisa
para enfrentar os desafios ambientais e de saúde.

7. BIBLIOGRAFIA
AZEREDO, R. N.; RODRIGUES, R. A. Atuação da Metrologia Legal no Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial – INMETRO. Diretoria de Metrologia Legal – DIMEL. Divisão de
Metrologia na Saúde, Segurança e Meio Ambiente –
DISMA. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2003
CARVALHO M. B. F. Poluição Atmosférica E Mudanças Climáticas. 2009. Disponível em:
<http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2009/relatorio/dir/mariana_carvalho.pdf>.
Acesso em: 04 de setembro de 2023
Cepetro: http://www.cepetro.unicamp.br/petroleo/index_petroleo.html. Acesso em 03 de
setembro de 2023
MENDES. Avaliação de programas de controle de poluição atmosférica por veículos leves no
Brasil. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro 2004.
KLAASSEN, Curtis D. Metais Pesados e seus Antagonistas. In: GILMAN, A. Goodman et al.
As bases farmacológicas da terapêutica. 8.Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
p.1061- 1065.

NEDER, A. V. F.; COTTA, T. A. R. G. Redução dos riscos de exposição ambiental e


ocupacional ao chumbo. Projeto MMA/ OPAS. Relatório da 1ª etapa. Brasília, maio 1999

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