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Fisioterapia para ruptura do

Ligamento do Joelho (LCA)

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A reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é considerado o 6º
procedimento cirúrgico ortopédico mais realizado nos EUA, com uma
estimativa de 2000 cirurgias por ano aproximadamente.

A fisioterapia é indicada para o tratamento em caso de ruptura do ligamento


cruzado anterior (LCA) sendo uma boa alternativa à cirurgia de reconstrução
deste ligamento.

O tratamento fisioterápico depende da idade e se existem outros problemas


no joelho, mas geralmente é feita com o uso de aparelhos, exercícios de
alongamento, mobilização articular e de fortalecimento dos músculos da coxa
anterior e posterior, principalmente, para garantir a estabilidade desta
articulação e o retorno das atividades diárias o mais rápido possível.

Como é o tratamento cirúrgico?

O tratamento cirúrgico é indicado principalmente para pacientes que possuem


instabilidade com presença de sintomas durante a realização de suas
atividades de vida diária e esportiva e que não apresentaram resultados
satisfatórios com o tratamento conservador. Esse procedimento tem como
objetivos:

● Permitir uma mobilização precoce do joelho;


● Reproduzir a anatomia do LCA nativo;
● Recuperar a cinemática normal do joelho;
● Restabelecer a estabilidade;
● Prevenir futuras lesões secundárias de suas estruturas.

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Atualmente sabe-se que a atuação da fisioterapia no pós operatório precisa
ser imediata, porém sua intervenção deve-se iniciar durante o fase de pré
operatório para trabalhar algumas questões como:

● Diminuição no padrão de marcha


● Preservar a força muscular dos membros inferiores
● Diminuir o processo álgico e edema
● Manter e ou aumentar a amplitude de movimento
● Ajudar na preparação psicológica do paciente para a cirurgia.

Essas medidas tem se mostrado bastante eficazes e garantem retorno


significativo e mais rápido para a funcionalidade do paciente.

Os exercícios de movimentação ativa devem ser executados o mais rápido


possível, imediatamente após a reconstrução para que seja prevenida a
aderência fibrosa da chanfradura intercondiliana. Estudos apontam que a
fisioterapia realizada de forma precocemente irá ajudar em uma melhor
cicatrização.

Quando começar a fisioterapia

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A fisioterapia pode iniciar no mesmo dia em que houve a ruptura do ligamento
do joelho e o tratamento deverá ser progressivo e realizado diariamente até
que o indivíduo que recupere completamente. As sessões podem durar de 45
minutos à 1 ou 2 horas, dependendo do tratamento escolhido pelo
fisioterapeuta e dos recursos disponíveis.
Para Thiago ​et al​, a atuação do fisioterapeuta deve-se iniciar sim no primeiro
dia de pós operatório, com promoção da analgesia, utilização de recursos
eletroterápicos como o TENS (Estimulação Elétrica Transcutânia), crioterapia
para diminuição do edema, exercícios isométricos dos músculos quadríceps e
isquiotibiais principalmente, utilização de FES (Estimulação Elétrica
Funcional) no quadríceps e exercícios de alongamentos para manter a ADM
de extensão.

Fases de reabilitação
A conduta e os seus objetivos irão variar de acordo com cada fase da
reabilitação segundo o protocolo de Kisner:
Fase de Proteção máxima
● Tem uma duração de 1 a 4 semanas;
● É a fase precoce do tratamento;

O paciente apresentará um quadro clínico de:


● Hemartrose pós operatória;
● Dor;
● Amplitude de movimento diminuída;
● Diminuição da contração voluntária do músculo quadríceps;
● Dependência para marcha;
● Uso de órtese como opção.

A fisioterapia terá como principais objetivos:


● Proteger o processo de regeneração tecidual;
● Prevenir a inibição reflexa dos músculos do membro operado;
● Prevenir o derrame articular;
● Diminuir o quadro álgico;
● Restabelecer ADM entre 0 a 125 graus;
● Trabalhar o controle da musculatura;
● Descarga parcial de peso;
● Estabelecer um programa de exercícios domiciliares.

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A conduta terapêutica será a seguinte:
1. 1º ao 14º dia
● PRICE – gelo, compressão, elevação e uso de órtese se necessário;
● Realização de treinamento de marcha com muletas e apoio de peso de
25 a 50%;
● Movimentação passiva e ativo-assistida;
● Mobilização patelar – Maitland grau I e II;
● Exercícios isométricos leves principalmente da musculatura de
quadríceps, isquiotibiais e adutores;
● Levantamento de perna com o joelho extendido;
● Exercícios de bombeamento.

2. ​2ª a 4ª semanas
● Dar continuidade com o protocolo da primeira fase;
● Aumentar a descarga de peso para 75% ao peso total;
● Iniciar os exercícios de agachamento em cadeia cinética fechada,
panturrilha e levantamento do antepé em ortostatismo;
● Série de Nicholas;
● Iniciar exercícios com resistência para a musculatura de posteriores da
coxa;
● Iniciar a extensão de joelho em cadeia cinética aberta – trabalhando em
uma ADM de 90 a 40º;
● Trabalhar estabilização de tronco e pelve;
● Iniciar programa de treinamento aeróbico.
● Fase de proteção moderada
● Tem uma duração de 5 a 10 semanas;
● É subdivida em tratamento precoce e tratamento tardio.

O paciente apresentará nessa fase um quadro clínico com as seguintes


características:
● – Processo álgico controlado;
● – Derrame articular controlado;
● – Diminuição da instabilidade articular;
● – ADM praticamente completa;
● – Força muscular de regular para boa;
● – Maior controle muscular de sua articulação;
● – Marcha independente.

Possui como objetivos:


● Promover a ADM completa e sem presença de dor;
● Promover a força muscular de boa para normal;

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● Promover o controle dinâmico da articulação;
● Melhorar a deambulação normalizando o padrão de marcha;
● Normalizar a funcionalidade do paciente, retornando o mesmo para as
AVDs;
● Aderi-lo à um programa de exercícios domiciliares.

Seu tratamento irá consistir em:


1.​ ​Tratamento precoce:5 a 6 semanas
● Treinamento com exercícios isométricos em diversos ângulos;
● Progressão do fortalecimento da musculatura em cadeia cinética
fechada;
● Alongamentos da musculatura dos membros inferiores;
● Treinamento de resistência;
● Treinamento proprioceptivo;
● Exercícios funcionais.

2. ​Tratamento tardio: 7 a 10 semanas


● Continuação do protocolo anterior;
● Evolução dos exercícios de fortalecimento, resistência e alongamento
muscular – inserção de exercícios de PNF;
● Evolução do treinamento de propriocepção – exercícios no step,
exercícios em superfícies instáveis e trave de equilíbrio;
● Inserção de caminhada evoluindo para a corrida;
● Inserção de exercícios pliométricos – pular, saltar.
● Fase de proteção mínima
● Possui uma duração de 11 a 24 semanas;

O quadro clínico do paciente terá como características:


● Ausência de dor;
● Ausência de edema;
● Ausência de instabilidade;
● Força muscular estará de boa a normal;
● Funcionalidade sem restrições das AVDs.

Os objetivos da fisioterapia serão:


● Promover o aumento da força muscular;
● Potencializar o treino;
● Promover aumento da resistência à fadiga;
● Promover a melhora do controle neuromuscular e a estabilidade
dinâmica.

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A conduta será:
● Continuação do aumento da flexibilidade da musculatura dos membros
inferiores;
● Inserção de exercícios isocinéticos;
● Evolução dos exercícios em cadeia cinética fechada;
● Evolução do treinamento pliométrico;
● Evolução do treinamento proprioceptivo;
● Progressão dos exercícios de agilidade;
● Treinamento funcional específica ao trabalho ou esporte praticado;
● Progressão do programa de corrida.
● Fase de retorno à atividade
● Deverá ser iniciada seis meses após a reconstrução;

Terá como objetivo:


● Aumentar a força muscular;
● Aumentar a potência;
● Aumentar à resistência;
● Recuperar totalmente a funcionalidade no nível mais alto possível;
● Transferir para uma atividade de manutenção dos ganhos.

O quadro clínico será ainda melhor nesta fase:


● Ausência de instabilidade;
● Membro contralateral com funcionalidade muscular de 70%;
● Ausência de sintomas de instabilidade, dor ou edema.

A conduta aplicada deverá conter:


● Progressão dos exercícios de fortalecimento e aumento da flexibilidade;
● Avanço nos exercícios de agilidade;
● Avanço dos exercícios de corrida;
● Inserção de exercícios específicos para a atividade praticada pelo
paciente;
● Avaliação da necessidade do uso de órtese durante o esporte ou trabalho
executado.

De uma forma geral, os protocolos tem uma duração média de


aproximadamente 9 meses, esse é o tempo estipulado para que o paciente
possa retornar as suas atividades diárias e ou práticas esportivas.

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Como é feita a fisioterapia para o joelho

Depois de avaliar o joelho e observar os exames de ressonância magnética,


se a pessoa possuir, o fisioterapeuta poderá determinar como será o
tratamento, que deve ser sempre individualizado para ir de encontro às
necessidades que a pessoa apresenta.

No entanto, alguns recursos que podem ser indicados são:

● Bicicleta ergométrica​ por 10 a 15 minutos para manter o


condicionamento cardiovascular;
● Uso de compressas de gelo​, que pode ser aplicada durante o
repouso, com a perna elevada;
● Eletroterapia ​com ultrassom ou TENS para alívio da dor e facilitar
a recuperação do ligamento;
● Mobilização da patela​;
● Exercícios para conseguir dobrar o joelho​ que inicialmente
devem ser realizados com ajuda do fisioterapeuta;

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● Exercícios de isometria​ para fortalecer toda a coxa e a parte
posterior da coxa;
● Exercícios de fortalecimento ​dos músculos da coxa (abdutores e
adutores de quadril, extensão e flexão do joelho, agachamentos,
exercícios no leg press e agachamento num pé só);
● Alongamentos ​que inicialmente devem ser realizados com ajuda
do fisioterapeuta, mas que depois poderão ser controlados pela
própria pessoa.

Depois que a pessoa for capaz de não sentir dor e já for possível realizar os
exercícios sem grandes restrições, pode-se colocar pesinhos e aumentar o
número de repetições. Normalmente é indicado fazer 3 séries de 6 a 8
repetições de cada exercício, mas depois pode-se aumentar a dificuldade do
exercício adicionando peso e aumentando o número de repetições.

Tipos de tratamento para LCA

O tratamento com base em protocolos irão permitir de forma mais rápida uma
descarga de peso e aumento da amplitude de movimento, contudo não se possui
um padrão certo para a utilização de um protocolo de reabilitação devido a várias
questões ainda em discussão, como por exemplo, quando se deve usar exercícios
de cadeia cinética fechada e exercícios de cadeia cinética aberta.

Alano ​et al,​ aponta em seu estudo que o treinamento proprioceptivo, a


eletroterapia, crioterapia e os exercícios de cadeia cinética fechada são
bastantes utilizados em protocolos de um programa de reabilitação de LCA.
Porém a hidroterapia foi apontada como a mais eficiente que outros métodos.

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A hidroterapia é uma opção de tratamento que pode ser utilizada mesmo com
presença de dor, inflamação, retração, espasmo da musculatura, limitação de
movimento e até mesmo por ser um ambiente de fácil controle e adequação
para a restauração da funcionalidade.

Os benefícios da fisioterapia aquática pode ser explicado de acordo com os


princípios físicos e termodinâmicos da água, destacando-se entre eles:

● O empuxo que proporciona a flutuação do indivíduo;


● A pressão hidrostática que a água exerce sobre o corpo em todas as
direções;
● A resistência entre as moléculas de água de cria uma resistência ao
movimento, contribuindo assim para o ganho de força muscular.

Treinamento proprioceptivo
​ treinamento proprioceptivo possui uma forte indicação devido a
O
perda de informação proprioceptiva no joelho após a lesão do LCA, por isso é
necessário que se reprograme a ação proprioceptiva do joelho. O método de
aplicação da reeducação proprioceptiva é baseada em quatro fatores:
1. Exercícios com estímulos especiais – utilizam equipamentos simples para
produzir os estímulos;
2. Progressividade e a dificuldade dos exercícios – exercícios mais simples
aos mais difíceis de caráter repetitivo;
3. Habilidade – capacidade que o paciente possui em executar os
exercícios e evoluir para os que exigem maior complexibilidade;
4. Avaliação proprioceptiva – avaliação do nível de propriocepção do
paciente

Conclusão

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De forma resumida podemos concluir que a atuação da fisioterapia é de extrema
importância tanto no período pré operatório, quanto no período pós operatório. Os
protocolos devem ser utilizados como uma base para a execução do plano de
tratamento, adaptando e respeitando de acordo com a individualidade de cada
paciente.

Quanto tempo dura o tratamento


O número de sessões necessárias depende do estado geral de saúde da
pessoa, idade e adesão ao tratamento, mas geralmente adultos jovens e
adolescentes com boa saúde, e que fazem as sessões de fisioterapia, pelo
menos, 3 vezes por semana, se recuperam em torno de 30 sessões, mas isso
não é uma regra e pode ser necessário mais tempo para a recuperação
completa.

Somente o fisioterapeuta que está direcionando o tratamento poderá indicar


aproximadamente quanto tempo de tratamento será necessário, mas durante
as sessões, o fisioterapeuta poderá reavaliar o indivíduo continuamente para
verificar os resultados e, assim, poder alterar ou acrescentar outras técnicas
fisioterápicas, que cumpram melhor o objetivo pretendido.

Quando voltar à academia ou esportes

O retorno à academia ou à prática de esportes pode demorar mais algumas


semanas, porque quando se pratica algum tipo de esporte como corrida,
futebol, muay-thai, handebol ou basquetebol, ainda é necessário um
tratamento final, direcionado para melhorar a capacidade de movimentação
durante esse tipo de treino.

Nesse caso o tratamento deve ser feito basicamente com exercícios na cama
elástica, bosu e outros como,corrida carioca, que consiste numa corrida
lateral cruzando as pernas, corrida com mudanças bruscas de direção, cortes
e giros. O fisioterapeuta poderá indicar pessoalmente o melhor momento para
voltar a correr devagar, tipo trote, ou quando poderá voltar à musculação
dependendo da limitação dos movimentos e se existe alguma dor.

Essa última fase dos exercícios são importantes para todas as pessoas, mas
especialmente em caso de praticantes de atividade física porque ajudam nos
ajustes finais e recuperação completa da lesão e também da confiança da
pessoa em retorno ao esporte, porque se a pessoa voltar mas ainda não se

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sentir segura, poderá acontecer uma nova lesão neste ligamento ou em outra
estrutura.

Referências
LAURINO, Cristiano F. Atualização em ortopedia e traumatologia do esporte. Office Editora
e Publicidade Ltda;
OLIVEIRA, Ivana A et al. Reabilitação Fisioterapêutica na Lesão do Ligamento Cruzado
Anterior. Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais –
Faculdade Ávila;
SANTOS, Thiago H. Protocolos de tratamento fisioterapêutico no pós operatório de
reconstrução do ligamento cruzado anterior em atletas profissionais: Revisão de literatura.
Revista Científica FacMais, Volume. VII, Número 3. Ano 2016/2º Semestre;
KISNER, C.; Colby, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. Ed. Manole,
São Paulo, 1998;
FERREIRA, Alano A et al. A hidroterapia na reabilitação da lesão do ligamento cruzado
anterior: revisão bibliográfica. Revista Amazônia Science & Health. 2014 jul/set;2(3):44-49;
CLARETE, Tania et al. Reeducação proprioceptiva nas lesões do ligamento cruzado
anterior do joelho. Rev Bras Ortop — Vol. 29, Nº 5 — Maio, 1994​;

Com ajuda daqui

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