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Estudo de Caso IAS 36

SOLUÇÃO PROPOSTA:

Inicialmente, é importante destacar que quando foi comprado, o veículo elétrico era recuperável. Se descontarmos
os 6 anos de fluxos de caixa, incluindo o valor residual ao final do sexto ano, chegaremos no seguinte valor de uso
a valor presente:

Custos
Receita Variáveis
(Taxa de das Outros Custos Fator de VP do FC
Entrega) Entregas atribuíveis desconto Líquido
Ano 1 1.750,00 668,85 175,18 0,8475 767,78
Ano 2 3.318,68 1.268,40 332,20 0,7182 1.233,90
Ano 3 4.329,67 1.654,80 394,00 0,6086 1.388,21
Ano 4 4.175,82 1.596,00 380,00 0,5158 1.134,64
Ano 5 4.571,43 1.747,20 416,00 0,4371 1.052,66
Ano 6 3.098,90 1.184,40 282,00 0,3704 604,73
Ano 6 (venda pelo
residual) 5.000,00 - - 0,3704 1.852,16
TOTAL 26.244,51 8.119,65 1.979,38 8.034,07

Por esses cálculos, podemos ver que o valor de uso presente é maior que o preço do bem. Portanto, o veículo
pode ser registrado ao seu custo de aquisição de R$7.936,00 sem problemas, pois é plenamente recuperável.

Entretanto, o cenário de um novo concorrente mudou essa realidade, trazendo claras evidências de uma potencial
necessidade de redução. O valor de mercado do veículo usado (1 ano de uso) é de R$6.377,00, já líquido da
comissão do vendedor.

Por sua vez, o veículo na contabilidade sofreu depreciação de seu custo original de aquisição. Como a vida útil é
de 6 anos e o valor residual ao final de 6 anos é de R$5.000, temos que a depreciação anual será:

R$7.936 – R$5.000
--------------------------- = R$489,33 (por ano)
6 anos

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Portanto, o valor líquido contábil após um ano de operação do veículo será seu custo de aquisição de R$7.936,00,
menos a depreciação de R$489,33, ou seja, temos um valor líquido contábil do veículo de R$7.446,67 em
31/12/X8. Como podemos perceber, esse valor é superior ao valor líquido de venda do veículo usado (R$6.377).
Portanto, ainda não podemos concluir pela necessidade de redução, não sem antes calcular o valor de uso.

Para tal, sabemos que as projeções revisadas indicaram valores menores de receitas por taxa de entrega, que
deduzidas dos custos e trazidos a valor presente pela taxa de desconto anual de 18%, indicaram o seguinte valor
presente de uso:

Custos
Receita Variáveis
(Taxa de das Outros Custos Fator de VP do FC
Entrega) Entregas atribuíveis desconto Líquido
Ano 2 2.765,57 1.268,40 332,20 0,8475 987,26
Ano 3 3.608,06 1.654,80 394,00 0,7182 1.119,84
Ano 4 3.479,85 1.596,00 380,00 0,6086 915,29
Ano 5 3.809,52 1.747,20 416,00 0,5158 849,16
Ano 6 2.582,42 1.184,40 282,00 0,4371 487,82
Valor residual 5.000,00 - - 0,4371 2.185,55
TOTAL 21.245,42 7.450,80 1.804,20 6.544,91

Portanto, dentre o valor líquido de venda (R$6.377,00) e o valor presente de uso (R$6.544,91), o maior é o valor
de uso, que comparado ao custo contábil líquido (R$7.446,67), faz com que seja necessária uma redução no valor
de R$901,76 (Valor Líquido Contábil – Valor de uso). O lançamento contábil dessa redução em 31/12/X8 é como
segue:

Débito – Despesa com redução ao valor recuperável de ativos R$901,76


Crédito – Imobilizado (Veículos) R$901,76

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Entretanto, como foi informado no caso, passado mais um ano, o concorrente saiu do mercado e, portanto, as
expectativas originais foram retomadas. Nesse sentido, o valor de uso pode ser calculado através do valor
presente dos 4 anos restantes de vida útil do veículo à taxa de 18% a.a., como segue:

Custos
Receita Variáveis
(Taxa de das Outros Custos Fator de VP do FC
Entrega) Entregas atribuíveis desconto Líquido
Ano 2 4.329,67 1.654,80 394,00 0,8475 1.932,94
Ano 3 4.175,82 1.596,00 380,00 0,7182 1.579,88
Ano 4 4.571,43 1.747,20 416,00 0,6086 1.465,72
Ano 5 3.098,90 1.184,40 282,00 0,5158 842,03
Valor residual 5.000,00 - - 0,5158 2.578,94
TOTAL 21.175,82 6.182,40 1.472,00 8.399,51

Por sua vez, o valor contábil deverá ter deduzida a depreciação de mais um ano, correspondente ao desgaste do
bem em X9. Em 01/01/X9, tínhamos um custo contábil líquido de R$6.544,91, isto é, já líquido da baixa por
impairment (R$901,76) e uma depreciação acumulada de R$489,33 (1 ano). Nesse contexto, temos um custo
contábil líquido a depreciar nos próximos 5 anos (vida útil residual) de R$6.544,91, isto é, o custo original deduzido
da depreciação acumulada de 1 ano e da baixa por redução ao valor recuperável contabilizada no final do ano.
Observem que esse montante tem que ser igual ao maior entre o valor de mercado e o valor de uso, dado que
fizemos uma redução ao valor recuperável.

Nesse cenário, onde temos uma nova base de custo a depreciar, a depreciação do segundo ano de “vida” do
veículo deverá ser calculada com base nesse valor líquido, o valor residual que não mudou e agora, o número de
anos remanescentes de vida útil do ativo, como demonstrado abaixo:

R$6.544,91 – R$5.000
------------------------------ = R$308,98 (por ano)
5 anos

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Nesse sentido, ao final de X9, o novo custo contábil líquido, já reconhecida a depreciação do segundo ano do
ativo no valor de R$308,98, será de R$6.235,93 (i.e. Custo Original – Redução ao Valor recuperável em X8 –
Depreciação em X8 – Depreciação em X9).

Esse montante é inferior ao valor de uso calculado na tabela acima. Portanto, não precisamos apurar o valor
líquido de venda do ativo, posto que o valor presente de uso já é superior ao valor contábil da unidade geradora
de caixa. Não há necessidade de redução adicional alguma, mesmo que o valor de venda fosse menor que o
custo contábil líquido, dado que se deve tomar o maior entre valor líquido de venda e valor de uso. Entretanto,
precisamos avaliar se não é necessário fazer o inverso, ou seja, reverter a baixa que fizemos em 31/12/X8.

Sabe-se que nas situações em que o valor recuperável supera o custo contábil líquido depois de ter sido
contabilizada uma baixa para redução ao valor recuperável, é possível reverter a baixa anteriormente
contabilizada até o limite do valor que o imobilizado teria caso aquela baixa não tivesse sido contabilizada.

Portanto, percebam que tivesse o custo original em 01/01/X8 de R$7.936,00 sido deduzido da depreciação
“normal” anual de R$489,33, por dois anos (X8 e X9), teríamos hipoteticamente um imobilizado de R$6.957,33,
caso a baixa por redução ao valor recuperável em função da concorrência nunca tivesse sido registrada.

Entretanto, nosso imobilizado percorreu caminho diferente. Ativou-se o custo de R$7.936,00, depreciou-se o
primeiro ano em R$489,33, registrou-se uma baixa por problemas de recuperabilidade de R$901,76 e registrou-se
uma depreciação para o segundo ano de R$308,98. Portanto, temos em 31/12/2009, antes de procedermos a
qualquer reversão de impairment, um imobilizado líquido de $6.235,93, que sabemos ser recuperável (o valor
presente indica recuperação de R$ 8.399,51). Agora sabemos que, não tivesse sido registrada nenhuma baixa no
passado, nosso imobilizado estaria na contabilidade por R$6.957,33, que também é recuperável (i.e. inferior ao
valor presente dos fluxos de caixa estimados no uso do veículo). Portanto, devemos reverter R$721,40 para
atingirmos esse montante de imobilizado líquido, que é o que teríamos se nenhuma baixa tivesse sido registrada e
é plenamente recuperável segundo as estimativas da Administração da EVERGREEN.

O lançamento contábil da reversão em 31/12/X9 é como segue:

Débito – Imobilizado (Veículos) R$721,40


Crédito – Reversão de despesa por redução ao valor recuperável R$721,40

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