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Fisiologia Geral e Do Mivimento
Fisiologia Geral e Do Mivimento
E DO MOVIMENTO
PROFESSOR
Dr. Felipe Natali Almeida
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho,
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff,
Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção
de Relacionamento Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de
Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de projetos especiais Daniel F. Hey, Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Mara
Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva,
Designer Educacional Ana Claudia Salvadego e Nayara Valenciano, Revisão Textual Felipe Veiga
da Fonseca, Ilustração Bruno Cesar Pardinho Figueiredo, Gabriel Amaral Da Silva, Marcelo Yukio
Goto, Marta Sayuri Kakitani, Fotos Shutterstock.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autor
Em geral, uma boa parte da energia produzida ao longo de um dia por meio dos
processos aeróbios e anaeróbios tem por finalidade proporcionar a contração muscu-
lar, em especial quando estamos realizando algum exercício físico. Além de energia,
uma integração entre o sistema nervoso central e o músculo esquelético é necessária
para que a contração muscular venha a ocorrer e, na Unidade III, discutiremos os
passos dessa interação.
Na unidade IV, entramos em contato com os hormônios. Durante nossa dis-
cussão sobre o sistema endócrino (nome que damos ao sistema que compreende
os tecidos corporais envolvidos na liberação dos hormônios) observaremos o
papel dos principais hormônios produzidos pelo organismo humano, além de sua
relação com o exercício físico.
Finalizando, em nossa Unidade V, discutiremos sobre uma importante asso-
ciação: atividade física e o desenvolvimento da saúde. Devemos saber que saúde é
muito mais do que ausência de doença, e engloba um completo bem-estar físico,
emocional, mental e espiritual. A prática regular de exercícios físicos é um dos
elementos fundamentais para uma saúde plena. Além desta relação, também dis-
cutiremos sobre a prática de exercícios para populações especiais como diabéticos,
hipertensos, idosos entre outros.
Espero que você aproveite ao máximo este material, extraia o máximo de in-
formação possível, se dedique e estude para que em um futuro próximo tenhamos
profissionais diferenciados ingressando no mercado de trabalho.
Um abraço.
8
sum ário
UNIDADE IV
UNIDADE II
HORMÔNIOS E EXERCÍCIO FÍSICO
SISTEMAS FORNECEDORES DE OXIGÊNIO:
SISTEMA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO E SUA 114 Visão Geral do Sistema Endócrino
RELAÇÃO COM O EXERCÍCIO FÍSICO 118 Hormônios: Funções e sua Relação com o
50 Sistema Cardiovascular Exercício Físico
60 Funcionamento do Sistema Cardiovascular 128 Considerações finais
em Exercício 133 Referências
66 Sistema Respiratório 133 Gabarito
72 Respostas do Sistema Respiratório ao Exer-
cício Físico UNIDADE V
74 Considerações finais FISIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA VOLTADA PARA A SAÚDE
79 Referências 138 Atividade Física e Saúde
79 Gabarito 142 Exercícios Para Populações Especiais
154 Considerações finais
159 Referências
159 Gabarito
160 Conclusão geral
BIOENERGÉTICA E METABOLISMO
DO EXERCÍCIO FÍSICO: COMO O
CORPO OBTÉM ENERGIA?
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Demandas energéticas
• Substratos energéticos
• Bioenergética
• Metabolismo no exercício
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os elementos envolvidos no gasto
energético.
• Discutir sobre os diferentes tipos de substratos
energéticos.
• Entender o conceito de fosfato de alta energia.
• Abordar o conceito de bioenergética por meio da discussão
sobre a produção anaeróbia e aeróbia de ATP.
• Discutir o metabolismo energético mediante a interação do
uso das vias anaeróbias e aeróbias de ressíntese de ATP no
repouso e nas diferentes fases do exercício.
unidade
I
INTRODUÇÃO
O
lá, seja bem-vindo(a), caro(a) aluno(a). Trataremos nesta uni-
dade de um dos assuntos que nos dão a base para o entendi-
mento da fisiologia. Alguns conceitos abordados aqui já po-
dem ter sido apresentados inicialmente a você no módulo de
bases biológicas e deverão ser trazidos novamente à mente nesta unidade.
Iniciamos nosso estudo por meio de uma visão geral sobre as neces-
sidades energéticas para o funcionamento corporal e os substratos neces-
sários para isso, com os conteúdos abordados em nossas duas primeiras
subunidades (demandas energéticas e substratos energéticos). Em adição
à visão global do gasto energético, sabemos que milhares de reações bio-
químicas ocorrem em todo o corpo a todo o momento, sendo o conjunto
destas reações químicas denominadas de metabolismo. Dentro do gran-
de grupo “metabolismo”, como todas as células necessitam de energia,
não surpreende que as células sejam dotadas de vias bioquímicas capazes
de converter alimentos em uma forma de energia biologicamente utilizá-
vel, processo este chamado de bioenergética.
Sendo assim, para que possamos realizar nossas atividades cotidia-
nas, como se deslocar, escrever, digitar, pensar, assim como para reali-
zação de exercícios físicos, nossas células devem ser capazes de extrair
a energia contida nos alimentos. Sem essa capacidade de extração da
energia dos alimentos, limitaríamos nossa capacidade de resistir aos es-
forços e rapidamente teríamos que interromper as atividades, visto que
para contração muscular, as fibras musculares precisam de uma fonte de
energia contínua, sendo as reações envolvidas nesses processos descritas
no tópico 3 intitulado de “Bioenergética”. Seguido esse assunto, no tópico
4, realizamos uma abordagem voltada ao exercício físico, descrevendo as
particularidades da bioenergética neste contexto. Em suma, dada a im-
portância da produção de energia celular durante todas as atividades di-
árias e, em especial, para realização de exercício físico, torna-se essencial
um bom nível de conhecimento sobre esse assunto.
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Demandas Energéticas
Por que nos alimentamos? Você já se fez esta pergunta? 2. Manutenção de um meio interno equilibrado
De uma forma geral, nos alimentamos (Figura 1), pois (manter as funções vitais dentro de uma fai-
por meio desse ato obtemos, em primeiro lugar, mate- xa de normalidade compatível com a vida) e,
depois que as necessidades basais (para ma-
riais que nos ajudam a construir ou renovar elemen-
nutenção de funções vitais) são preenchidas,
tos do nosso corpo (como quando você se machuca e
a energia adicional pode ser canalizada para:
precisa produzir tecido para renovar a lesão ou quan-
• estoque (na forma do gordura corporal ou
do você treina e precisa de proteína para hipertrofia
glicogênio hepático e muscular) e/ou
muscular) e energia que possibilita ao corpo realizar 2
• usada como combustível para uma ativida-
tarefas (McARDLE; KATCH; KATCH, 2011): de extra como, por exemplo, um exercício
1. Construção do nosso corpo (crescimento dos físico, passear com o cachorro, lavar o car-
tecidos, ganho e massa muscular, renovação ro, entre outras atividades cotidianas.
das células, construção de organelas celulares
entre outros).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
- Dependente da fase do
Crescimento desenvolvimento do indivíduo
- Genética
- Idade
Taxa metabólica - Sexo
- Massa corporal magra
basal - Área de superfície
- Níveis hormonais
- Atividade do sistema nervoso
Figura 2 - Elementos do gasto energético diário
Fonte: adaptado de Maughan e Burke (2004).
Importante salientar que esses quatro elementos po- (MAUGHAN; BURKE, 2004). A Figura 2 também
dem ser influenciados, aumentando ou diminuin- apresenta os principais agentes influenciadores de
do sua participação no gasto energético diário total cada um deles.
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Substratos Energéticos
Como vimos, o corpo gasta energia para se manter principais, enquanto as proteínas têm um papel se-
funcionando (gasto energético diário) e durante o cundário na geração da energia utilizada, tanto em
processo de consumo alimentar, macro e micronu- repouso quanto em exercício (McARDLE; KATCH;
trientes devem fazer parte das refeições diárias e são KATCH, 2011 e MAUGHAN; BURKE, 2004).
de fundamental importância para que a homeostasia Para suprir a demanda por energia ao longo das
do corpo possa ser mantida. Carboidratos, gorduras 24 horas do dia, poucos são os substratos energéti-
e proteínas são os representantes dos macronutrien- cos que podem ser utilizados. Dentre os substratos
tes, elementos que entre outras funções são respon- energéticos temos os carboidratos, as gorduras e as
sáveis por produzir a energia a ser utilizada pelo cor- proteínas como seus representantes principais. Ini-
po. Carboidratos e gorduras são os macronutrientes ciaremos nosso estudo pelos carboidratos.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
CARBOIDRATOS
Os polissacarídeos são os carboidratos comple-
xos que contêm pelo menos três monossacarídeos
unidos. Eles podem ser moléculas pequenas (que
contêm três monossacarídeos) ou moléculas muito
amplas (que contêm centenas de monossacarídeos,
incluindo várias ramificações de sua cadeia linear).
Em geral, os polissacarídeos são classificados de
acordo com sua origem, sendo possível a origem
vegetal e a origem animal. As duas formas mais
comuns de polissacarídeos de origem vegetal são a
Figura 3 - Exemplos de carboidratos na alimentação cotidiana celulose e o amido. Os seres humanos não possuem
as enzimas utilizadas para digerirem a celulose e,
Os carboidratos (Figura 3) são compostos por áto- portanto, descartam a celulose como resíduo de
mos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Quando material fecal e não conseguem obter energia dela.
armazenados, fornecem ao corpo uma forma de Por outro lado, o amido (encontrado no milho, na
energia rapidamente disponibilizada, com 1g de batata, em grãos, entre outros) é facilmente dige-
carboidrato rendendo pouco mais de 4 kcal de rido pelos humanos e constitui uma fonte impor-
energia. São encontrados em três formas: 1) mo- tante de carboidratos da dieta alimentar. Depois
nossacarídeos, 2) dissacarídeos e 3) polissacarídeos de ingerido, o amido é quebrado para formar mo-
(DEVLIN, 2011). nossacarídeos (visto que no trato gastrointestinal
Os monossacarídeos são os açúcares mais sim- só conseguimos absorver carboidratos na forma de
ples e como exemplos temos a glicose (que muitos monossacarídeos) e pode ser usado imediatamente
conhecem pelo açúcar do sangue), a frutose (que como energia pelas células ou armazenado nestas
seria o açúcar contido nas frutas) e a galactose (o (não como amido, mas sim como glicogênio) para
açúcar contido no leite). Já os dissacarídeos são for- atender necessidades futuras de energia (McARD-
mados pela combinação de dois monossacarídeos. LE; KATCH; KATCH, 2011).
Entre eles temos com importância bioenergética O polissacarídeo armazenado no tecido animal
o açúcar de mesa, denominado quimicamente de é chamado de glicogênio, sintetizado nas células
sacarose, formado pela união de uma molécula de pela ligação de moléculas de glicose. Geralmen-
glicose e outra de frutose. Em adição, temos o dis- te, são moléculas amplas e ramificadas que podem
sacarídeo extraído do leite, a lactose, formado pela conter de centenas a milhares de moléculas de gli-
união de uma molécula de glicose com uma de ga- cose unidas. As células armazenam glicogênio como
lactose, e também a maltose, açúcar presente na cer- uma forma de suprir as necessidades de carboidra-
veja, nos cereais e em sementes em germinação, que tos como fonte de energia. Durante o exercício, por
é formada pela junção de duas moléculas de glicose exemplo, as células musculares quebram o glicogê-
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2011). nio em glicose (processo chamado de glicogenó-
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
lise) e usa esta glicose como fonte de energia para por três moléculas de ácidos graxos unidos a uma
a contração muscular. Esse processo também pode molécula de glicerol (que não é gordura, mas um
ocorrer no fígado (local de maior armazenamento tipo de álcool). Embora o maior sítio de armazena-
de glicogênio no corpo humano), porém a glicose é mento de triglicerídeos seja a célula adiposa, essas
liberada na circulação e disponibilizada para todos moléculas também são estocadas em muitos tipos
os tecidos (DEVLIN, 2011). celulares, incluindo o músculo esquelético (deno-
Importante salientar que apesar do corpo hu- minado de triacilglicerol intramuscular, geralmente
mano poder estocar glicose na forma de glicogênio presente em pequenas gotículas localizadas próxi-
tanto no músculo esquelético quanto no fígado, es- mas às mitocôndrias dessas células). Em situações
tas reservas são relativamente pequenas e podem de necessidade, os triglicerídeos podem ser que-
ser depletadas em poucas horas, como resultado de brados, por um processo denominado de lipólise,
um exercício prolongado, especialmente se estive- e seus componentes (ácidos graxos e glicerol) são
rem associadas a uma dieta pobre em carboidrato liberados e usados como substrato energético (o
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2011). glicerol só é utilizado como substrato após ser con-
vertido em glicose no fígado, por gliconeogênese).
GORDURAS Dessa forma, a molécula de triglicerídeo inteira
pode ser usada como fonte de energia (McARDLE;
Embora as gorduras contenham os mesmos ele- KATCH; KATCH, 2011).
mentos químicos presentes nos carboidratos, a Os fosfolipídeos não são usados como fonte de
proporção carbono, oxigênio nas gorduras, é signi- energia (ao menos não como função primordial),
ficativamente maior do que aquela encontrada nos são lipídeos combinados a diferentes moléculas de
carboidratos. A gordura corporal armazenada é um ácido fosfórico, responsáveis por formarem todas
bom combustível para o exercício prolongado, pois as membranas celulares de todas as organelas das
as moléculas de gordura contêm cerca de 9 kcal de células. Já os esteroides apresentam como elemento
energia a cada 1g, mais do que o dobro do conteúdo principal o colesterol, um componente de todas as
de energia de carboidratos ou proteínas. As gordu- membranas biológicas juntamente com os fosfo-
ras são insolúveis em água e podem ser encontra- lipídeos, além de serem utilizados para síntese de
das tanto nos vegetais como nos animais. Em geral, todos os hormônios ditos “esteroides”, onde incluí-
podem ser classificadas em quatro grupos: 1) ácidos mos os hormônios sexuais (estrogênio, progestero-
graxos, 2) triglicerídeos, 3) fosfolipídeos e 4) esteroi- na e testosterona), os glicocorticoides (cortisol) e
des (NELSON; COX, 2014). os mineralocorticoides (aldosterona). As gorduras
Os ácidos graxos são o tipo primário de gordura nos alimentos são encontradas em diversas fontes,
usada pelas células (incluindo aqui as musculares) podendo ser consideradas nutricionalmente bené-
para obtenção de energia. São armazenados no cor- ficas ou maléficas (figura 4) (McARDLE; KATCH;
po na forma de triglicerídeos, que são compostos KATCH, 2011).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Nitrogênio Convertido em
Fezes perdido na carboidratos e
(C e N) urina ou suor gorduras
Como fonte de energia, as proteínas contêm cerca convertidas em glicose ou em algum intermediário
de 4 kcal por grama, mas devem ser quebradas em das vias metabólicas (processo de gliconeogênese)
aminoácidos para poderem ser utilizadas com este (MAUGHAN; BURKE, 2004).
propósito. Para fornecerem energia, ou deverão ser
SAIBA MAIS
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EDUCAÇÃO FÍSICA
A fonte de energia imediata para o funcionamento ATP e, ao desfazer estas ligações, a energia liberada
do corpo humano (incluindo aqui para a realização será utilizada pelas células (McARDLE; KATCH;
da contração muscular) é um composto de fosfa- KATCH, 2011).
to de alta energia, o trifosfato de adenosina (ATP). A estrutura do ATP consiste em três partes prin-
Embora o ATP não seja a única molécula transpor- cipais: (1) uma porção adenina, (2) uma porção ri-
tadora de energia na célula, é a mais importante. Na bose e (3) três fosfatos ligados (Figura 6). A forma-
ausência de ATP em quantidade suficiente, a maio- ção de ATP ocorre a partir da ligação do difosfato
ria das células morrem rapidamente. Basicamente, de adenosina (ADP) com o fosfato inorgânico (Pi) e
a energia obtida dos alimentos e dos reservatórios requer uma ampla quantidade de energia, sendo que
celulares serve para manutenção dos estoques celu- uma parte dessa energia é armazenada na ligação
lares de ATP. Isso ocorre pelo fato de uma parte da química que une essas moléculas. Quando a enzima
energia contida nas ligações químicas das molécu- ATP quebra essa ligação, a energia é liberada e pode
las dos substratos energéticos serem armazenadas ser usada para realização de trabalho (exemplo: con-
nas ligações químicas existentes entre os átomos do tração muscular) (NELSON; COX, 2014).
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Bioenergética
O termo bioenergética engloba as vias energéticas O método mais simples e, consequentemen-
envolvidas no processo de síntese de ATP a partir te, mais rápido para produzir ATP envolve a doa-
de substratos energéticos, posibilitando a constante ção da energia contida na PC ao ADP, para que ele
renovação dos estoques de ATP. possa se unir ao Pi e formar o ATP. Esta reação é
Vamos adotar como exemplo as células mus- catalisada pela enzima creatina quinase e consiste,
culares. As células musculares armazenam quan- primeiramente, na quebra da PC em creatina livre e
tidades limitadas de ATP. Assim, como o exercí- Pi e, posteriormente, a utilização da energia liberada
cio muscular requer um suprimento constante de desta quebra para unir o ADP com o Pi (Figura 7)
ATP para o fornecimento da energia necessária à (MAUGHAN; GLEESON; GREEENHAFF, 2000).
contração (para que esta atividade não seja inter-
rompida por falta de ATP), a célula deve ter vias
metabólicas capazes de produzir rapidamente
ATP. Estas vias de renovação de ATP são subdivi-
didas em vias anaeróbicas (que não usam o oxigê- Figura 7 - Reação enzimática de ressíntese do ATP a partir da fosfocreatina
Fonte: o autor.
nio) e vias aeróbicas (que usam o oxigênio), apre-
sentadas a seguir.
Esse sistema, chamado de sistema ATP-PC, fornece
PRODUÇÃO ANAERÓBIA DE ATP energia para contração muscular no início do exercí-
As vias anaeróbias para produção de ATP compre- cio prolongado e durante o exercício de alta intensida-
endem: 1) formação de ATP por quebra da fosfocre- de e curta duração (duração inferior a 30 segundos).
atina (PC) e 2) formação de ATP via degradação de Já para restaurarmos os estoques de fosfocreatina que
glicose ou glicogênio (glicólise anaeróbia). foram utilizados devemos gastar ATP, porém isso só
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EDUCAÇÃO FÍSICA
ocorrerá na fase de recuperação (ou seja, depois que Na glicólise, observa-se que as reações entre gli-
acabou o exercício). Em atletas, a importância do sis- cose/glicogênio e piruvato podem ser subdivididas
tema ATP-PC pode ser apreciada considerando-se o em duas fases distintas, uma fase de investimento de
exercício intenso e de curta duração, como uma cor- energia (primeiras cinco reações) e uma fase de ge-
rida de 50m-100m, uma prova de 50m de natação, ração de energia ou fase de lucro (últimas cinco re-
um salto, um levantamento de peso, um arremesso, ações). As cinco primeiras reações constituem a fase
ou seja, todas atividades que requeiram poucos se- de investimento de energia pelo fato de gastarmos
gundos para serem concluídas e, assim, necessitam duas moléculas de ATP para fosforilar os intermedi-
de um suprimento rápido de ATP (Figura 8) (MAU- ários dessa via tornando a molécula energeticamente
GHAN; GLEESON; GREEENHAFF, 2000). mais favorável. Já as últimas cinco reações da glicólise
representam a fase de geração de energia da glicóli-
Trabalho biológico
se na qual quatro moléculas de ATP são produzidas.
Mecânico
Químico Dessa forma, o ganho líquido da glicólise é igual a
Transporte
dois ATPs (Figura 9). A Figura 10 ilustra a glicólise
completa, com suas dez reações juntamente com a
ATPase
ATP ADP + Pi + Energia conversão do piruvato, último intermediário da gli-
cólise, em lactato. Note que a glicólise envolve a con-
creatinoquinase versão da glicose, que tem seis carbonos, em piruvato,
PCr + ADP Cr + ATP
que tem três carbonos. Por isso que cada molécula de
Figura 8 - Papel da hidrólise da creatina-fosfato na geração de trabalho glicose é capaz de formar duas moléculas de piruvato
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2011, p. 142).
(MAUGHAN; GLEESON; GREEENHAFF, 2000).
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
CH2OH
Uma pergunta que você deve estar O
H H H
fazendo seria: se o ATP já foi pro-
HO OH H OH
duzido, por que formar o lactato?
H OH
Sabemos que na via glicolítica, o Glicose
ATP
transportador de elétrons NAD+ 1 hexoquinase
ADP
(nicotinamida adenina dinucleo- Glicose 6-fosfato Glicogênio
fosforilase
tídeo) recebe elétrons e é reduzido
à sua forma NADH (nicotinamida 2 glicose-fosfato
isomerase
adenina dinucleotídeo reduzido)
frutose
(reação 6 da glicólise), que, neces- 6-fosfato
sariamente, deveria entrar na mito- ATP
3 fosfofrutoquinase
côndria e doar estes elétrons para a ADP
P H2C CH2 P
cadeia transportadora de elétrons, frutose 1,6-fosfato H HO
OH
processo este que só ocorre na pre- 4 Aldose
HO H
sença de oxigênio. Na ausência de
oxigênio, para que não haja o acú- triosefosfato
fosfato de
5 di-hidroxiacetona
isomerase
mulo de NADH no citoplasma das
3- fosfogliceraldeído 3- fosfogliceraldeído
células (que seria prejudicial/tóxico NAD+ 6 NAD+
para a célula), o piruvato aceita os NADH +
gliceraldeído 3- fosfato
NADH +
desidrogenase
elétrons, sendo convertido em lac- 1,3- difosfoglicerato 1,3- difosfoglicerato
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
A produção aeróbia de ATP ocorre dentro da mito- tadores de elétrons que serão enviados para a cadeia
côndria e envolve a interação de duas vias metabóli- transportadora de elétrons onde os doarão para os
cas cooperativas: 1) o ciclo do ácido cítrico (antigo componentes dessa via. O oxigênio não participa das
ciclo de Krebs) e 2) a cadeia transportadora de elé- reações do ciclo do ácido cítrico e é utilizado ape-
trons. A função primária do ciclo do ácido cítrico é nas na cadeia respiratória como o último aceptor
completar a oxidação de carboidratos, gorduras ou de elétrons, sendo convertido em H2O (Figura 12)
proteínas, usando o NAD+ e o FAD como transpor- (McARDLE; KATCH; KATCH, 2011).
Figura 12 - Integração das vias dos diferentes substratos energéticos no ciclo do ácido cítrico
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2011, p. 148).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Até aqui enfocamos o papel dos carboidratos na pro- Em relação às proteínas, conforme mencionado
dução de acetil-CoA para a entrada no ciclo do ácido anteriormente, elas não são consideradas uma fon-
cítrico, porém, como as gorduras podem ser utiliza- te de combustível importante durante o exercício,
das? Se nos lembrarmos do tópico “substratos ener- contribuindo para apenas 2-15% do combustível
géticos”, recordaremos que um dos tipos de gordura utilizado. As proteínas conseguem entrar nas vias
presente no nosso corpo é o triglicerídeo. Este, após bioenergéticas em diversos locais. Entretanto, a pri-
sofrer a ação de lipases (enzimas que quebram as meira etapa é a quebra da proteína em aminoáci-
ligações químicas existentes nos triglicerídeos), li- dos. Os eventos subsequentes dependem de quais
bera moléculas de ácido graxo e de glicerol. Os áci- aminoácidos estão envolvidos. Alguns aminoáci-
dos graxos, após passar por um conjunto de reações dos, por exemplo, podem ser convertidos em gli-
químicas (beta-oxidação), resultará em moléculas de cose ou piruvato, enquanto outros são convertidos
acetil-CoA que serão utilizadas tal qual o acetil-CoA em acetil-CoA, e outros, ainda, em intermediários
proveniente do piruvato (Figura 14) (DEVLIN, 2011). do ciclo do ácido cítrico (Figura 15) (MAUGHAN;
GLEESON; GREEENHAFF, 2000).
Em resumo, o ciclo do ácido cítrico completa a
oxidação dos carboidratos, gorduras ou proteínas,
produz CO2 e fornece elétrons que serão passados
pela cadeia de transporte de elétrons para forne-
cer energia destinada à produção aeróbia de ATP
(Figura 15). As enzimas catalisadoras das reações
do ciclo do ácido cítrico estão localizadas dentro
das mitocôndrias.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Exemplificando, este acúmulo de H+ no espaço De uma forma geral, cada elétron doado ao com-
intermembranas é similar à energia potencial da plexo I pelo NADH cria um gradiente eletroquímico
água armazenada em uma barragem de uma repre- suficiente para produção de aproximadamente 2,5
sa. Quando abrem-se as comportas e giram-se as moléculas de ATP, enquanto cada elétron doado ao
turbinas, a energia cinética da passagem da água complexo II pelo FADH2 cria um gradiente eletro-
através das turbinas é canalizada e convertida em químico suficiente para produção de aproximada-
energia elétrica. mente 1,5 moléculas de ATP (NELSON; COX, 2014).
32
EDUCAÇÃO FÍSICA
Então, por que o oxigênio é essencial à produ- de dois ATPs por molécula de glicose. Além disso,
ção aeróbia de ATP? O propósito da cadeia trans- quando o oxigênio está presente, as duas moléculas
portadora de elétrons é fazer os elétrons passarem de NADH produzidas na glicólise podem, então,
por uma série de proteínas ao longo dos complexos ser transportadas para dentro da mitocôndria e re-
que são reduzidas (quando recebem os elétrons) e sultar em mais cinco moléculas de ATP. Ainda no
oxidadas (quando passam esses elétrons adiante). Se processo de conversão de piruvato em acetil-CoA,
a última proteína desse processo não fosse capaz de forma-se mais um NADH para cada piruvato, to-
se oxidar, ou seja, não tivesse como passar o elétron talizando 2 NADHs (pois temos 2 piruvatos pro-
adiante, não seria possível que essa proteína recebes- venientes da glicose), levando a mais cinco molé-
se elétrons novamente e o processo seria interrom- culas de ATP formadas. Em adição, ao passar pelo
pido. Entretanto, na presença de oxigênio, o elétron ciclo do ácido cítrico, cada molécula de acetil-CoA
é doado a este. Ou seja, o oxigênio que respiramos forma três moléculas de NADH (como temos duas
permite dar continuidade à cadeia transportadora moléculas de acetil-CoA, teremos seis moléculas
de elétrons ao atuar como aceptor final de elétrons. de NADH formadas, totalizando quinze ATPs),
Essa molécula aceita dois elétrons, reduzindo-se e, uma de FADH2 (logo, teremos duas moléculas de
então, se liga a dois íons hidrogênio formando a mo- FADH2 formadas, resultando em três moléculas de
lécula de água (H2O) (DEVLIN, 2011). ATP) e um GTP (no caso, um para cada acetil-CoA,
totalizando duas moléculas de GTP que serão con-
CÁLCULO DO ATP AERÓBIO vertidas em duas moléculas de ATP). Ao final do
processo, teremos um montante de 32 moléculas
Hoje, é possível calcular a produção de ATP total de ATP para cada molécula de glicose oxidada, um
decorrente da quebra aeróbia de glicose. Lembre- valor 16 vezes maior do que o rendimento líquido
se que a produção líquida de ATP da glicólise era da glicólise por via anaeróbia.
33
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Metabolismo do Exercício
O exercício impõe um sério desafio às vias bioe- músculos esqueléticos, podendo aumentar o uso de
nergéticas da musculatura que trabalha. Durante o ATP por estes em até 200 vezes em relação ao utili-
exercício intenso, o gasto energético corporal total zado em repouso. Nesta etapa, iniciaremos com uma
pode aumentar 25 vezes acima do gasto observado discussão sobre as necessidades energéticas do cor-
em repouso, sendo a maior parte desse aumento po em repouso, seguida do estudo destas necessida-
usada no fornecimento de ATP para contração dos des após o início do exercício.
34
EDUCAÇÃO FÍSICA
VO2 (L • min-1)
as funções corporais é produzida por metabolismo 2
aeróbio. A isso sucede que níveis de lactato sanguí-
1
neo em repouso são estáveis e baixos, próximos a 1
mmol/L de sangue (MAUGHAN; GLEESON; GRE- -2
VO2 em pé
EENHAFF, 2000).
0,5
Como a mensuração do consumo de oxigênio é
um índice de produção aeróbia de ATP, a mensu-
-2 -2 0 1 2 3 4 5
ração do consumo de oxigênio em repouso fornece
Tempo (minutos)
uma estimativa da necessidade energética basal cor-
poral. Em repouso, a necessidade energética total de Figura 18 - Déficit de oxigênio
Fonte: Powers e Howley (2014, p. 69).
um indivíduo é relativamente baixa. Um jovem adul-
to de 70kg, por exemplo, consome cerca de 3,5ml
de oxigênio/kg de peso em um minuto (McARDLE;
KATCH; KATCH, 2011).
35
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
energéticos. Em outras palavras, a energia necessá- torne mais ativa (POWERS; HOWLEY, 2014).
ria ao exercício não é fornecida pela simples ativa- Os indivíduos treinados atingem o estado está-
ção de uma via bioenergética isolada, e sim por uma vel do VO2 mais rápido do que os indivíduos sem
mistura de vários sistemas metabólicos que atuam treinamento (Figura 19) e, como consequência,
com uma considerável sobreposição (McARDLE; apresentam um déficit de oxigênio menor. Qual a
KATCH; KATCH, 2011). explicação para essa diferença? Teoricamente, isso
O termo déficit de oxigênio é aplicado ao atra- decorre de adaptações cardiovasculares e/ou mus-
so do consumo de oxigênio que ocorre no início culares induzidas pelo treinamento de resistência.
do exercício. Especificamente, o déficit de oxigê- Em termos práticos, isso significa que a produção
nio é definido pela diferença entre o consumo de aeróbia de ATP está ativa antes do início do exercí-
O2 nos primeiros minutos de exercício e um perí- cio e acarreta uma produção menor de lactato e H+
odo equivalente após o estado estável ser alcançado no indivíduo treinado, em comparação ao indivíduo
(POWERS; HOWLEY, 2014). sem treinamento (McARDLE; KATCH; KATCH,
O que causa o atraso no consumo de oxigênio no 2011; POWERS; HOWLEY, 2014).
início do exercício? Existem duas hipóteses para tal.
Primeiro foi sugerido que, no início do exercício, o 20
15
uma parte do tempo é possível que não haja molé-
culas de oxigênio disponíveis para aceitar elétrons
ao final das cadeias de transporte de elétron. Nitida-
mente, se isso estiver correto, a taxa de fosforilação 10
oxidativa e, portanto, todo o consumo de oxigênio
corporal, seria restrito. A segunda hipótese sustenta
a ocorrência de um atraso, pois os estímulos para
fosforilação oxidativa demoram algum tempo para 5
Repouso
36
EDUCAÇÃO FÍSICA
(a)
3
RESPOSTAS METABÓLICAS
VO2 em estado estável
NA FASE DE RECUPERAÇÃO
2,5
DO EXERCÍCIO
Déficit de O2 O suprimento
de ATP aeróbio
2 Componente rápido
atende à demanda
Da mesma forma que a taxa meta-
bólica não aumenta instantanea- 1,5
VO2 (L • min-1)
mente com o início do exercício, ao
finalizar uma sessão de treinamento, 1
Componente lento
a taxa metabólica não cai instanta- VO2 em EPOC
0,5 repouso basal
neamente, mas continua alta por
algum tempo, variando esse tempo,
principalmente, pela intensidade do -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14
exercício realizado. Tempo (minutos)
VO2 mais
alto alcançavel
apontam que o EPOC poderia ser 2
tos após o exercício (POWERS; Figura 20 - Consumo de oxigênio pós-esforço. a) Alcançar o estado estável durante o exercício
resulta num EPOC curto. b) Não alcançar o estado estável durante o exercício resulta um
HOWLEY, 2014). EPOC prolongado.
Fonte: Powers e Howley (2014, p. 72).
37
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
A restauração das reservas de PC e de oxigênio no tizar que a transição do sistema ATP-PC para uma
músculo (O2 ligado à mioglobina) e no sangue (O2 maior dependência da glicólise durante o exercício
ligado à hemoglobina) é concluída em 2-3 minutos não constitui uma alteração abrupta e sim uma mu-
de recuperação e compreendem a parte rápida. Em dança gradual de uma via para outra (MAUGHAN;
adição, a temperatura corporal elevada, a gliconeo- GLEESON; GREEENHAFF, 2000).
gênese para converter lactato em glicose, os níveis Os eventos com duração superior a 45 segun-
elevados de adrenalina e noradrenalina e os valores dos usam uma combinação de todos os três sistemas
acima da normalidade de frequência cardíaca e fre- de energia (ATP-PC, glicólise anaeróbia e vias ae-
quência respiratória seriam os influenciadores da róbias). Em geral, o exercício intenso com duração
fase lenta do EPOC. aproximada de 60 segundos usa uma proporção de
produção de energia anaeróbia/aeróbia de 70%/30%,
REFLITA enquanto os eventos com duração de 2-3 minutos
empregam vias bioenergéticas anaeróbias e aeróbias
praticamente na mesma proporção (50%/50%), para
O que emagrece mais, alta intensidade e curta
duração ou baixa intensidade e longa dura- suprir o ATP necessário (MAUGHAN; GLEESON;
ção? Ambas as respostas são verdadeiras. GREEENHAFF, 2000).
Correto será escolher a que melhor se ade- Já a energia necessária à realização do exercício
quar ao indivíduo. Não existe receita pronta!
prolongado (duração superior a 10 minutos) é forne-
cida, primariamente, pelo metabolismo aeróbio. Um
consumo de oxigênio em estado estável geralmente
pode ser mantido durante o exercício submáximo,
RESPOSTAS METABÓLICAS AO EXERCÍ- de intensidade moderada. Entretanto, essa regra
CIO: INFLUÊNCIA DA DURAÇÃO E DA IN- apresenta duas exceções: 1) o exercício prolongado
TENSIDADE realizado em ambiente quente e úmido acarreta uma
tendência crescente de consumo de oxigênio, invia-
A energia usada para realizar um exercício de cur- bilizando a manutenção do estado estável, mesmo
ta duração e alta intensidade é fornecida primaria- que a taxa de trabalho seja constante; 2) o exercício
mente pelas vias metabólicas anaeróbias, porém se contínuo a uma taxa de trabalho relativamente alta
a produção de ATP é dominada pelo sistema ATP- (>75% VO2máx) ocasiona uma elevação lenta do
-PC ou pela glicólise, depende primeiramente da consumo de oxigênio com o passar do tempo. Nas
duração da atividade. Em geral, o sistema ATP-PC duas situações, o grande problema está na maior
pode suprir quase todas as necessidades de ATP produção de adrenalina e noradrenalina (visto que o
para realização de trabalho em eventos com duração bloqueio da ligação desses hormônios ao seu recep-
de 1-5 segundos. O exercício intenso com duração tor por fármacos possibilita a manutenção do estado
superior a 5 segundos começa a usar a capacidade estável) e no maior aumento da temperatura corpo-
de produção de ATP por glicólise. É preciso enfa- ral (POWERS; HOWLEY, 2014).
38
considerações finais
N
esta unidade, focamos no metabolismo energético e na síntese da
forma estocável de energia no corpo, o ATP. Abordamos assuntos
relacionados ao gasto energético diário, que remeteram grande im-
portância para quatro elementos básicos que envolvem tal condição e
falamos sobre alguns fatores que podem refletir em maior ou menor gasto ener-
gético diário, por influenciar direta ou indiretamente um destes quatro fatores.
Refletimos também sobre o papel dos diferentes substratos energéticos, além
de descrevermos com algum detalhe os sistemas básicos de geração de energia
por via anaeróbia e aeróbia, o que possibilita ao nosso corpo manter o processo
de contração muscular na presença ou na ausência de quantidades adequadas de
oxigênio, assim como a relação destes mecanismos com a intensidade do exercí-
cio e a possibilidade de mantê-los por um tempo maior ou menor (com os exer-
cícios anaeróbios durando menos tempo que os aeróbios).
Somado a estes quesitos, abordamos o papel de cada via metabólica nas di-
ferentes fases de uma sessão de exercício (déficit de oxigênio, exercício propria-
mente dito e recuperação pós-exercício), demonstrando o importante papel das
vias aeróbias durante o repouso, das vias anaeróbias durante a fase de transição
do repouso para o exercício e a permanência desta via para a ressíntese de ATP
até a exaustão em esforços de alta intensidade, ou a transição para as vias aeróbias
durante a realização de exercícios de longa duração. Além disso, ainda durante as
fases da sessão de exercício, visualizamos o papel das vias aeróbias durante a fase
de recuperação, em que o corpo consome muito oxigênio para restaurar elemen-
tos desgastados durante a sessão de treino.
Espero que você, caro(a) aluno(a), tenha extraído o máximo possível de in-
formação desta unidade, e nos vemos na próxima.
39
atividades de estudo
40
atividades de estudo
41
LEITURA
COMPLEMENTAR
42
material complementar
43
referências
gabarito
1. D
2. C
3. A
4. C
5. A
6. D
7. B
44
UNIDADE
II
SISTEMAS FORNECEDORES DE OXIGÊNIO:
SISTEMA CARDIOVASCULAR E
RESPIRATÓRIO E SUA RELAÇÃO
COM O EXERCÍCIO FÍSICO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema cardiovascular
• Funcionamento do sistema cardiovascular em exercício
• Sistema respiratório
• Resposta do sistema respiratório ao exercício físico
Objetivos de Aprendizagem
• Fornecer uma visão geral da estrutura e da função do
sistema cardiovascular.
• Discutir o funcionamento do sistema cardiovascular
durante o exercício físico.
• Entender a estrutura e função do sistema respiratório.
• Discutir as adaptações sofridas pelo sistema respiratório
em exercício.
unidade
II
INTRODUÇÃO
O
lá, seja bem-vindo(a) a esta segunda unidade de nosso livro
de Fisiologia geral e do movimento. Neste momento, após ter-
mos aprendido sobre a geração de energia pelo organismo em
nossa primeira unidade, trataremos de um outro importante
assunto: a obtenção de oxigênio pelos tecidos corporais. Para tanto, o sis-
tema cardiovascular e respiratório trabalham em sintonia para poderem
suprir as demandas corporais deste gás, nos possibilitando gerar energia
de forma aeróbia (conforme visto na unidade anterior), assim como para
eliminar efetivamente o gás carbônico, mantendo a homeostasia (equilí-
brio) corporal.
Além dos desafios impostos a estes dois sistemas durante o repou-
so, sabemos que durante o exercício temos um grande incremento da
demanda muscular por oxigênio, visto que a necessidade de geração de
energia (ATP) é muito maior quando estamos correndo, nadando, pe-
dalando, na academia, ou realizando qualquer outro exercício físico ao
comparar com o estado de repouso. Sabemos que durante o exercício
intenso, a demanda pode se tornar 15-25 vezes maior do que no repouso.
Diante disso, veremos ao longo desta unidade que o principal pro-
pósito do sistema cardiorrespiratório é distribuir quantidades adequadas
de oxigênio e eliminar os resíduos formados nos tecidos corporais. Além
disso, o sistema cardiovascular também atua transportando nutrientes e
ajuda a regular a temperatura, enquanto o sistema respiratório atua como
auxiliar no equilíbrio de ácidos e bases do corpo.
É importante lembrar que o sistema respiratório e cardiovascular atu-
am como uma “unidade conjunta”, visto que o sistema respiratório adi-
ciona oxigênio e remove dióxido de carbono no sangue, enquanto o siste-
ma cardiovascular é responsável pela distribuição do sangue oxigenado e
dos nutrientes aos tecidos, de acordo com suas necessidades.
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Sistema Cardiovascular
50
EDUCAÇÃO FÍSICA
Vamos começar a discutir as formas como o corpo las, que continuam se ramificando em vasos meno-
mantém o equilíbrio dos gases (em especial, man- res denominados de capilares. Estes são os meno-
tendo o fornecimento adequado de oxigênio e a re- res e mais numerosos vasos sanguíneos do corpo.
moção do gás carbônico), algo que requer o funcio- A partir deste ponto, o sangue passa a retornar em
namento em conjunto do sistema cardiovascular e sentido ao coração por meio do reagrupamento dos
respiratório. Neste primeiro momento, iniciaremos vasos capilares em vênulas. Conforme as vênulas se-
com uma visão geral do sistema cardiovascular em guem de volta ao coração, aumentam de tamanho
repouso e, posteriormente, analisaremos a forma e transformam-se em veias. As veias principais es-
como este sistema funciona em exercício. vaziam-se no coração (POWERS; HOWLEY, 2014).
51
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
No coração, o sangue move-se dos átrios para os ventrículos e, a partir disso, para
dentro das artérias. Para prevenir o movimento retrógrado do sangue, o coração
conta com quatro valvas, as atrioventriculares (que impedem o movimento retró-
grado do sangue do ventrículo de volta para os átrios), a valva semilunar aórtica
(que impede o retorno do sangue da aorta para o ventrículo esquerdo) e a valva
semilunar pulmonar (que impede o retorno de sangue das artérias pulmonares
para o ventrículo direito) (Figura 1) (POWERS; HOWLEY, 2014).
Veia cava
superior Artéria pulmonar
Veia pulmonar
Átrio direito
Átrio esquerdo
Valva tricúspide
Valva mitral
Valva pulmonar
Valva aórtica
Ventrículo direito
Septo Ventrículo esquerdo
Figura 1 - Visão simplificada do coração: observe aqui a localização das valvas entre os átrios e ventrículos e entre os
ventrículos e os grandes vasos
52
EDUCAÇÃO FÍSICA
53
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
54
EDUCAÇÃO FÍSICA
Átrio Átrio
esquerdo Artéria tibial
Pulmão direito Pulmão anterior
Artéria tibial
Ventrículo posterior
Ventrículo
direito esquerdo
Veias Artéria hepática
hepáticas
Veia porta Arco dorsal
Veia cava Canal
inferior alimentar
Rins
55
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
mento é chamado de diástole. Átrios e ventrículos Figura 4 - Tempo do ciclo cardíaco em repouso e exercício
se contraem e relaxam. A contração atrial ocorre Fonte: Powers e Howley (2014, p. 194).
56
EDUCAÇÃO FÍSICA
e uma redução em qualquer um destes levará a uma A regulação a curto prazo é realizada pelo sis-
queda na pressão arterial (HALL, 2012). tema nervoso simpático e, de uma forma resumida,
A pressão arterial pode ser estimada com o uso ocorre da seguinte maneira: uma queda na pressão
de um esfigmomanômetro. A pressão arterial nor- arterial (que pode ocorrer durante um quadro de
mal de um homem adulto é de 120/80 mmHg (milí- desidratação, por exemplo, devido à diminuição do
metros de mercúrio), enquanto a pressão de mulhe- volume sanguíneo associada) será sinalizada ao sis-
res tende a ser um pouco mais baixa (110/70mmHg). tema nervoso central que ativará o sistema nervo-
O número maior, em geral, refere-se à pressão arte- so simpático, aumentando a frequência cardíaca, a
rial sistólica, sendo a pressão gerada durante a sís- força de contração do coração (aumentando o vo-
tole ventricular. Durante o relaxamento ventricular lume de ejeção) e a resistência vascular periférica,
(diástole), a pressão arterial diminui e representa a resultando no aumento da pressão arterial. Já um
pressão arterial diastólica (geralmente o valor mais aumento na pressão arterial (resultante de um susto,
baixo) (POWERS; HOWLEY, 2014). ou durante o exercício, por exemplo) ao ser sinaliza-
do no sistema nervoso central, levará a um bloqueio
do sistema nervoso simpático, reduzindo a pressão
arterial. Em relação à regulação a longo prazo, ela
é dependente dos rins, que regulam a pressão ar-
terial controlando o volume sanguíneo (POWERS;
HOWLEY, 2014).
Quando estes mecanismos não são eficientes,
a pressão arterial pode permanecer cronicamente
alta (denominada hipertensão arterial), sendo ca-
racterizada, assim, com pressão arterial acima de
140/90mmHg. A hipertensão é classificada em uma
dentre duas categorias: 1) hipertensão primária ou
Ao longo de um dia, a pressão arterial não perma- essencial; 2) hipertensão secundária. A causa de hi-
nece igual, ou seja, ela apresenta oscilações de acor- pertensão primária é multifatorial, ou seja, existem
do com os eventos passados nas 24 horas. Sendo vários fatores cujos efeitos combinados produzem a
assim, como essas oscilações ocorrem? Conforme hipertensão. Constitui cerca de 90-95% de todos os
visto anteriormente, a pressão arterial é dependente casos relatados da doença. Já a hipertensão secun-
de cinco fatores e variações, em qualquer um deles dária resulta de alguns processos patológicos com-
resultará em modificações na pressão. Porém, esta provados e, portanto, é secundária a outra doença
pressão não pode permanecer alta ou baixa durante e, ao contrário da hipertensão primária que não
todo o tempo. Para tanto, apresentamos mecanis- apresenta resolução (apenas controle), a hipertensão
mos de regulação da pressão arterial, denominados secundária é “curada” a partir do momento que se
de mecanismos de regulação aguda (curto prazo) e trata da doença que levou ao seu desenvolvimento
de regulação a longo prazo. (McARDLE; KATCH; KATCH, 2011).
57
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Nodo atrioventricular
Atividade elétrica do coração Nodo
Não sei se você já reparou, mas você não precisa sinoatrial
enviar um sinal consciente para o coração contrair Feixe de His
e relaxar. Ele bate, acelera e desacelera sem o seu
ramo esquerdo
“consentimento”. Isso só é possível devido a um sis-
tema formado por células especializadas presente na
constituição do coração, responsável pela geração da
atividade elétrica que levará, ao final do processo, no
batimento cardíaco.
No coração normal, a atividade elétrica espontâ-
nea limita-se a uma região específica localizada no
Ramo direito
átrio direito chamada de nodo sinoatrial (nodo SA),
que atua como um marcapasso cardíaco. Quando o Fibras de Purkinje
nodo SA atinge o limiar de despolarização e dispara, Figura 5 - Sistema de condução elétrico do coração
58
EDUCAÇÃO FÍSICA
Débito cardíaco
O débito cardíaco é o produto da frequência cardí- rência da elevação da frequência cardíaca e/ou do
aca (FC) pelo volume sistólico (VS - quantidade de volume sistólico. A Tabela 1 apresenta valores de
sangue bombeada por batimento cardíaco). Desta débito cardíaco em repouso e exercício de pessoas
forma, o débito cardíaco pode aumentar em decor- sedentárias e treinadas.
Tabela 1 − Débito cardíaco: observe os valores de débito cardíaco entre indivíduos sedentário e treinados nas
condições repouso e exercício e identifique as variações na FC e VS entre eles
FC VS Q
Indivíduo
(batimentos/min) (mL/batimento) (L/min)
Repouso
Homem sem treinamento 72 x 70 = 5,00
Mulher sem treinamento 75 x 60 = 4,50
Homem treinado 50 x 100 = 5,00
Mulher treinada 55 x 80 = 4,40
Exercício máximo
Homem sem treinamento 200 x 110 = 22,0
Mulher sem treinamento 200 x 90 = 18,0
Homem treinado 190 x 180 = 34,2
Mulher treinada 190 x 125 = 23,8
Fonte: Powers e Howley (2014, p. 201).
Basicamente, quando pensamos no controle das variá- pais: 1) enchimento das câmaras ventriculares; 2)
veis que influenciam no débito cardíaco, sabemos que resistência à saída do sangue do coração; 3) força de
a frequência cardíaca é influenciada principalmente contração do coração. De uma forma geral, sabemos
pela atividade do sistema nervoso autônomo, no qual que quanto maior o enchimento ventricular e maior
a porção parassimpática resulta numa diminuição e a a força de contração, maior será o volume sistólico e
porção simpática leva ao seu aumento (HALL, 2012). quanto menor for a resistência à saída do sangue do
Já o volume sistólico depende de três fatores princi- coração, maior será o volume sistólico (HALL, 2012).
59
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Funcionamento do Sistema
Cardiovascular em Exercício
Agora que já conhecemos o funcionamento do sistema cardiovascular em re-
pouso, trataremos das alterações ocorridas no momento em que começamos
a nos exercitar, necessárias para suprir o organismo com a nova demanda de
oxigênio e energia.
60
EDUCAÇÃO FÍSICA
140 ~40%
40% V
VOO2máx
120 víduos treinados não ocorre este platô (POWERS;
100 HOWLEY, 2014).
80 O débito cardíaco máximo tende a diminuir de
25 50 75 100 modo linear tanto em homens quanto em mulheres
após os 30 anos de idade, e isto se deve principalmen-
25
Débito cardíaco
20
15 que ocorre com o avanço da idade (representado
10 pela fórmula de Karvonen = 220-idade) (McARDLE;
5
KATCH; KATCH, 2011).
25 50 75 100
150
O EXERCÍCIO
100
50
A diferença arteriovenosa de oxigênio representa
25 50 75 100
a quantidade de oxigênio captada de 100mL de
18 sangue pelos tecidos durante uma viagem pelo
Diferença de O2
arteriovenosa
(mL/100 mL)
61
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Para atender a demanda aumentada por oxigênio gastrointestinal (Figura 7). Durante um exercício
dos músculos esqueléticos durante o exercício, é ne- máximo, 80-85% do débito cardíaco total é destina-
cessário aumentar o fluxo sanguíneo para o músculo do ao músculo esquelético, sendo que em repouso
e, ao mesmo tempo, reduzir o fluxo sanguíneo para fica em torno de 15-20% (HALL, 2012).
os órgãos menos ativos, como fígado, rins e trato
62
EDUCAÇÃO FÍSICA
63
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
SAIBA MAIS
A morte súbita é definida como uma morte inesperada, natural e não violenta que ocorre nas primeiras
seis horas após o aparecimento dos sintomas. Podem ocorrer durante a realização do exercício físico
ou após a realização de exercício físico, dentro de um período de uma hora. Em geral, principalmente
quando relacionado ao exercício, é de origem cardiovascular, sendo em indivíduos com menos de 30
anos, geralmente resultante de um defeito genético e em pessoas com mais idade estão associadas
em sua maioria com doença aterosclerótica. Porém, sabe-se que a combinação de uma história médica
adequada com um exame médico completo realizado por um médico qualificado pode, geralmente,
identificar indivíduos com cardiopatia não detectada ou defeitos genéticos que os colocariam em risco
de terem morte súbita durante a prática de exercícios. Desta forma, reflita sobre o papel da avaliação
médica aos praticantes de atividade física regular e/ou em novos ingressantes, independente da idade.
64
EDUCAÇÃO FÍSICA
65
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Sistema Respiratório
66
EDUCAÇÃO FÍSICA
Seio frontal
Cavidade nasal
Palato mole
Palato duro
Faringe
Narinas Epiglote
Cavidade oral
Esôfago
Laringe Traqueia
Brônquio
67
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Número
Nome dos ramos de tubos
no ramo
Traqueia 1
a) Zona condutora b) Zona respiratória
de ramos
Número
Brônquios 2
Zona condutora
5 x 105 alveolares
Bronquíolos Alvéolo
terminais (8 milhões)
(60.000)
Ductos alveolares
Figura 9 - Subdivisão das vias aéreas em zona condutora e zona respiratória. Em a), visão geral e b), visão anatômica das estruturas envolvidas
Fonte: Powers e Howley (2014 , p. 222 ).
68
EDUCAÇÃO FÍSICA
69
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Figura 10 - Trocas gasosas existentes entre o sangue e os alvéolos pulmonares e entre o sangue e os tecidos corporais
Fonte: Powers e Howley (2014, p. 224).
70
EDUCAÇÃO FÍSICA
Dois gases de extrema importância para a manuten- Uma particularidade do transporte de oxigênio
ção do correto funcionamento corporal envolve o trata-se de quando o oxigênio encontra-se dentro
oxigênio e o gás carbônico. Porém, para que seus ní- do músculo. Ao passar pela membrana plasmática
veis estejam adequados e para que possam ser elimi- da célula, o oxigênio precisa se deslocar até a mito-
nados quando em excesso ou fornecidos aos tecidos côndria, organela celular que utiliza o mesmo para
que precisam deles, necessitam ser transportados no geração aeróbia de ATP. Este processo é realizado
sangue, sendo que cada qual apresenta mecanismos por uma proteína que possui estrutura semelhante
de transporte específicos descritos a seguir. à hemoglobina, chamada de mioglobina (POWERS;
HOWLEY, 2014).
Transporte de O2
O oxigênio é transportado na circulação sanguínea Transporte de CO2
de duas maneiras: a) difundido no plasma; b) ligado Assim como o oxigênio, o dióxido de carbono também
à hemoglobina. Cerca de 2% de todo o oxigênio cir- encontra-se livre no plasma (cerca de 3%). Em adição, o
culante, na condição de repouso, encontra-se livre na mesmo também pode ser transportado ligado à hemo-
circulação, enquanto 98% está ligado à hemoglobina, globina (cerca de 27%), porém seu principal mecanis-
que acelera o processo de deslocamento do oxigênio mo de transporte é na forma de bicarbonato, por meio
de uma região a outra no organismo. Porém, sabemos da reação da anidrase carbônica. Quando os níveis de
que para que a difusão ocorra, apenas o oxigênio livre CO2 estão elevados na circulação, a anidrase carbônica
no plasma tem a liberdade de realizar esta troca, ne- catalisa a reação de junção da H2O com o CO2 forman-
cessitando que ele se desligue da hemoglobina. Assim, do ácido carbônico, que rapidamente se dissocia em
sabe-se que alguns fatores diminuem a afinidade da bicarbonato e H+ (Figura 11) (HALL, 2012).
hemoglobina pelo oxigênio, sendo chamada de disso-
ciação da hemoglobina com o oxigênio (HALL, 2012).
Os fatores que influenciam esta ligação são: os ní-
veis de oxigênio livres na circulação, os níveis de CO2
presentes no corpo, o pH e a temperatura. Atualmen-
te, sabemos que níveis elevados de CO2, temperatura Figura 11 - Reação da anidrase carbônica
Fonte: Powers e Howley (2014, p. 233).
corporal aumentada, redução do pH e níveis baixos de
oxigênio circulante diminuem a afinidade da hemo-
globina pelo oxigênio, ficando mais fácil de ocorrer o Quando o sangue chega nos pulmões e os níveis de
desligamento destes dois componentes. O contrário é CO2 não são tão altos quanto nos tecidos, a reação
verdadeiro no que tange um aumento da afinidade da ocorre na forma inversa, liberando CO2 que será di-
hemoglobina pelo oxigênio (HALL, 2012). fundido para dentro dos alvéolos e será expirado.
71
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Agora que estudamos o funcionamento do sistema início do exercício e, em seguida, há uma elevação
respiratório em repouso, passaremos a verificar as mais lenta rumo a um valor de estado estável. Em adi-
adaptações ocorridas no sistema respiratório em ção, nesta fase também observamos um aumento da
exercício. quantidade de CO2 no sangue arterial e uma diminui-
ção nos níveis de O2, o que nos indica que o aumento
TRANSIÇÃO DO REPOUSO AO EXERCÍCIO na ventilação não é tão acelerado quanto necessário
neste início de exercício (isto é um dos fatores que
Durante um exercício submáximo, observa-se que explica a necessidade da realização de ressíntese
a ventilação expirada aumenta de forma abrupta no anaeróbia de ATP durante esta fase de exercício).
72
EDUCAÇÃO FÍSICA
73
considerações finais
O
lá aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade. Nesta segunda
unidade, trabalhamos dois sistemas de grande importância para o
bom funcionamento corporal: o sistema cardiovascular e o sistema
respiratório. Focamos principalmente na forma como o corpo obtém
o oxigênio e o distribui pelo organismo. Oxigênio este tão importante para a
realização das vias aeróbias de produção de energia. Além disso, também aborda-
mos a mecânica da remoção do gás carbônico do organismo, que em quantidades
elevadas é tóxico para o funcionamento corporal.
Ao longo desta unidade, realizamos, inicialmente, o estudo do funcionamen-
to do sistema cardiovascular em repouso, mediante o conhecimento dos elemen-
tos constituintes do sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos), a me-
cânica do batimento cardíaco por meio do entendimento do ciclo cardíaco e da
atividade elétrica do coração, revisamos o conceito de pressão arterial e os fatores
que a influenciam, assim como do débito cardíaco que é uma variável que reflete
o trabalho cardiovascular.
Posteriormente, passamos a analisar os efeitos do exercício físico sobre o sis-
tema cardiovascular. Em seguida, traçamos um paralelo com o sistema respira-
tório, mediante análise de seus elementos constituintes (vias aéreas superiores,
traquéia, brônquios, bronquíolos e alvéolos) e de seu funcionamento através da
subdivisão em três subtópicos: a ventilação pulmonar (tratando da forma como
o ar entra e sai dos pulmões), a difusão dos gases (forma como o oxigênio e o gás
carbônico passam através das membranas celulares) e o transporte dos gases no
sangue. Encerrando esta unidade, trabalhamos as adaptações sofridas pelo siste-
ma respiratório na condição de exercício.
Sendo assim, espero que você, caro(a) aluno(a), tenha extraído o máximo
possível de informação desta unidade, e nos vemos na próxima.
74
atividades de estudo
75
atividades de estudo
76
LEITURA
COMPLEMENTAR
77
material complementar
78
referências
gabarito
1. C
2. E
3. A
4. D
5. E
6. C
7. D
79
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
E A GERAÇÃO DO MOVIMENTO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• O sistema nervoso e o movimento
• Grandes vias motoras
• O músculo esquelético e sua relação com o movimento
humano
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o papel do sistema nervoso na geração do
movimento humano.
• Estudar as grandes vias nervosas envolvidas no movimento
humano (vias motoras).
• Determinar os mecanismos ocorridos no músculo
esquelético associados à geração do movimento.
unidade
III
INTRODUÇÃO
Olá, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade deste livro. Nesta unidade,
estudaremos a fisiologia do músculo esquelético e a sua relação com o
sistema nervoso e com os ossos para a geração do movimento, algo fun-
damental para a vida do ser humano.
O sistema nervoso fornece ao corpo um meio rápido de comunicação
interna, que nos permite coordenar a atividade de bilhões de células. As-
sim, a atividade neural é essencialmente importante para a manutenção
do bom funcionamento do organismo. Devido ao seu papel na geração
do movimento, apresentaremos no início desta unidade uma visão geral
do sistema nervoso, enfatizando seu papel no controle do movimento
voluntário. De uma forma geral, a aplicação efetiva da força durante a
realização de movimentos complexos aprendidos (saque no jogo de tê-
nis, lançamento de peso, balanceio no golfe, um lançamento num jogo
de futebol, entre outros) depende de uma série de padrões neuromus-
culares coordenados, e não apenas na força muscular. O circuito neural
no cérebro, na medula espinal e na periferia funcionam de uma maneira
bastante semelhante a uma rede sofisticada de computadores. Em respos-
ta às mudanças nos estímulos internos e externos, centenas de milhões
de bits de influxo sensorial são sincronizados automaticamente para o
processamento quase instantâneo por parte de mecanismos centrais de
controle neural. O influxo passa a ser devidamente organizado, orientado
e transmitido com extrema eficiência para os órgãos efetores, que são os
músculos esqueléticos.
Após o sinal chegar ao músculo esquelético, ele irá se contrair e, pelo
fato de estarem presos aos ossos por meio de um forte tecido conjuntivo,
os chamados tendões, teremos a movimentação articular.
Diante disso e considerando o papel dos músculos esqueléticos na de-
terminação do desempenho esportivo, um amplo conhecimento acerca
de estrutura e função musculares é importante para todos aqueles envol-
vidos com o movimento humano.
O Sistema Nervoso e o
Movimento
84
EDUCAÇÃO FÍSICA
Todas as funções do corpo humano são, ou po- De uma forma geral, o sistema nervoso é dividi-
dem ser, influenciadas pelo sistema nervoso. Os do em sistema nervoso central (SNC) e sistema ner-
nervos formam uma rede pela qual virtualmente voso periférico (SNP). O SNC consiste no encéfalo
todas as partes do corpo enviam e recebem im- e na medula espinal, enquanto o SNP é dividido em
pulsos elétricos. O encéfalo funciona como um uma porção sensitiva ou aferente e uma porção de
computador central que integra todas as infor- resposta ou eferente. A porção sensitiva/aferente é
mações que chegam, selecionando uma resposta responsável por enviar informações ao SNC sobre o
apropriada e, em seguida, instruindo as partes do que está ocorrendo dentro e fora do organismo. Já a
corpo envolvidas para que executem uma ação porção de resposta/eferente é responsável pelo envio
apropriada. Assim, o sistema nervoso forma uma de informações do SNC aos diversos tecidos, órgãos e
rede vital, permitindo a comunicação e a coor- sistemas do corpo em resposta aos sinais que chegam
denação da interação entre os diversos tecidos e por meio da divisão sensitiva. A porção eferente do
sistemas do corpo, assim como com o ambiente sistema nervoso periférico ainda é dividida em duas
externo (KENNEY et al., 2013). partes: o sistema nervoso autônomo (formado por
Por ser um sistema de grande complexidade, neurônios que têm por função controlar/comandar
não temos por objetivo nesta unidade nos aprofun- todas as partes do corpo que não é músculo esquelé-
darmos em cada elemento do sistema nervoso, mas tico) e o sistema nervoso motor (formado por neurô-
sim apenas discutir uma base geral, para que, em se- nios que têm por função controlar/comandar apenas
guida, possamos discutir o papel do sistema nervoso músculo esquelético) (HALL, 2011). Uma visão geral
na geração/controle do movimento humano. do sistema nervoso está apresentada na Figura 1.
Sistema Nervoso
85
86
EDUCAÇÃO FÍSICA
c. Trato rubroespinal: juntamente com o trato As vias eferentes motoras estabelecem ligação entre as
corticoespinal lateral, controla a motricidade estruturas suprassegmentares relacionadas com o con-
voluntária dos músculos distais dos mem- trole da motricidade e os efetuadores, ou seja, os múscu-
bros. Trata-se de uma via indireta que foi per- los estriados esqueléticos. Na Figura 2 observa-se uma
dendo sua importância ao longo da evolução,
síntese das conexões dessas estruturas, assim como de
para a via direta corticoespinal. Mas em casos
de lesão da via corticoespinal lateral, pode suas vias de projeção sobre o neurônio motor, propor-
exercer papel fundamental na recuperação cionando uma visão conjunta das principais vias que
do movimento das mãos. regulam a motricidade somática. Ele mostra as prin-
d. Trato tetoespinal: recebe fibras da retina e cipais conexões do cerebelo com suas projeções para
do córtex visual. Está envolvido em reflexos o córtex cerebral, via tálamo, e para o neurônio motor,
visuomotores, em que o corpo se orienta a via núcleo rubro, núcleos vestibulares e formação reti-
partir de estímulos visuais.
cular. Mostram também as conexões do corpo estriado
e. Tratos vestibuloespinais: são dois, os me-
e suas conexões com o córtex cerebral através do circui-
diais e os laterais, tendo por função levar
aos neurônios motores informações necessá- to córtico-estriado-talamo-cortical, e as projeções do
rias à manutenção do equilíbrio, além de se córtex cerebral sobre o neurônio motor, diretamente
projetar para a medula lombar ativando os por meio dos tratos corticoespinal e corticonuclear, ou
músculos extensores (antigravitacionais) das indiretamente, por meio das vias corticorubroespinal,
pernas. São feitos, assim, ajustes posturais,
corticoreticuloespinal e corticotetoespinal.
permitindo que seja mantido o equilíbrio
Entretanto, o fato mais importante que o esque-
mesmo após alterações súbitas do corpo no
espaço. Por exemplo, durante uma tropeçada, ma mostra é que, em última análise, todas as vias
por ação das fibras do trato vestibuloespinal, que influenciam a motricidade somática convergem
ocorre resposta reflexa extensora dos múscu- sobre o neurônio motor que, por sua vez, inerva a
los antigravitacionais para impedir a queda. musculatura esquelética. Sabe-se que um neurônio
f. Tratos reticuloespinais: promovem a ligação motor da coluna anterior da medula espinal do ho-
de várias áreas de formação reticular com
mem pode receber 1500 botões sinápticos, o que dá
os neurônios motores da medula. A essas
áreas chegam informações de setores muito uma ideia do grande número de fibras que atuam
diversos do sistema nervoso central, como o sobre ele, podendo ser excitatórias ou inibitórias.
cerebelo e o córtex pré-motor. Os tratos reti- Além dessas fibras, o neurônio motor recebe tam-
culoespinais são dois: o trato reticuloespinal bém fibras envolvidas nos reflexos integrados na
pontino, que aumenta os reflexos antigravita- medula. Assim, o neurônio motor constitui a via
cionais da medula, facilitando os extensores
motora final comum de todos os impulsos que agem
e a manutenção da postura ereta e atua man-
tendo o comprimento e a tensão muscular; e sobre os músculos estriados esqueléticos. Se ele dis-
o trato reticuloespinal bulbar, que tem o efei- para ou não um potencial de ação, vai depender do
to oposto, liberando os músculos antigravita- balanço entre os impulsos excitatórios e inibitórios
cionais do controle reflexo. que agem sobre ele (MACHADO; HAERTEL, 2014).
87
CÓRTEX CEREBRAL
organização de um movimento voluntário delicado,
Substância
negra imaginemos o caso de um cirurgião ocular prestes a
Ponte
Striatum fazer uma incisão na córnea de um paciente, o que
envolve movimentos precisos dos dedos da mão que
Tálamo Pallidum segura o bisturi. A intenção de realizar a incisão foi
C
E
feita na área pré-frontal com base nas informações
Núcleo
R
E Núcleo Formação
subtalâmico que ele tem sobre as características da incisão e sua
Tecto
B rubro reticular
E adequação às condições daquele paciente.
L
O Essas informações são transmitidas para as áreas
retícu
Tra
o-esp
spinhal
o
p
cto ha
inhal
ves
Núcleos
vestibulares
tíb Trac
ulo to cerebelar, o corpo estriado e a área motora suple-
l
-es
pin
hal mentar. Nessas áreas, é elaborado o programa motor
Neurônio motor
que define quais músculos serão contraídos, assim
Via motora
como o grau e a sequência temporal das contrações.
final comum
Músculo estriado
esquelético
O programa motor é, então, enviado à área moto-
ra primária, principal responsável pela execução do
movimento da mão. Desse modo, são ativados de-
Figura 2 - Integração de todos os tratos neurais que influenciam neurô- terminados neurônios corticais que, atuando sobre
nios motores
Fonte: Machado e Haertel (2000, p. 315). os neurônios motores, via trato corticoespinal, de-
terminam a contração na sequência adequada dos
ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO músculos responsáveis pelo movimento da mão. As-
VOLUNTÁRIO sim, o cirurgião pode executar os movimentos preci-
sos necessários à incisão na córnea. As vias mediais
Na organização do ato motor voluntário, distingue-se da medula são ativadas para ajustes posturais e da
uma etapa de preparação, que termina com a elabo- musculatura proximal, para aproximar o corpo do
ração do programa motor, e uma etapa de execução. cirurgião do alvo. Informações sobre as caracterís-
A primeira envolve áreas motoras de associação do ticas desses movimentos, detectados por receptores
córtex cerebral em interação com o cerebelo e o corpo proprioceptivos, são levados à zona intermédia do
estriado. A segunda envolve a área motora primária, cerebelo pelos tratos espinocerebelares. As informa-
a área pré-motora do córtex e suas ligações diretas e ções obtidas antes do movimento, ou durante, antes
indiretas com os neurônios motores. Como parte da de o bisturi tocar a córnea, permitem ajustes por an-
etapa de execução, temos também os mecanismos que teroalimentação. O cerebelo pode, então, comparar
permitem ao sistema nervoso central promover os ne- as características do movimento em andamento com
cessários ajustes e correções no movimento já iniciado. o programa motor e promover as correções neces-
Para que se tenha uma visão integrada do papel sárias por anteroalimentação, agindo sobre a área
dos diversos setores do sistema motor envolvidos na motora por meio da via interpósito-tálamo-cortical.
88
EDUCAÇÃO FÍSICA
Após tocar o alvo, informações sensoriais pro- que ela possa ser controlada automaticamente em
prioceptivas, originadas no segmento onde ocorre o nível medular. Experiências realizadas com ga-
movimento, ou seja, no exemplo na mão do cirur- tos, nos quais a medula e as raízes dorsais foram
gião, geram ajustes por retroalimentação quanto ao seccionadas, mostraram que os movimentos de
peso do bisturi e a força necessária ao procedimento. locomoção são mantidos mesmo nas condições
Ajustes posturais também são feitos por retroalimen- em que a substância cinzenta da medula perdeu
tação. O trato reticuloespinal pontinho o mantém todas as suas aferências sensoriais e supramedu-
na postura ereta imóvel, atuando sobre a muscula- lares. Surgiu, assim, o conceito amplamente con-
tura antigravitacional. Toda a informação gerada na firmado de que a locomoção depende de um cen-
execução do movimento será usada para melhorar tro situado na medula lombar, capaz de manter
a execução de movimentos futuros semelhantes, por o movimento automaticamente e sem qualquer
meio do aprendizado motor, a cargo principalmente aferência. Este centro contém circuitos neurais
do cerebelo (MACHADO; HAERTEL, 2014). com neurônios capazes de disparar potenciais de
ação espontaneamente, na ausência de quaisquer
LOCOMOÇÃO aferências (HALL, 2011).
Este centro, por sua vez, é comandado por ou-
tro centro locomotor situado no mesencéfalo, o
qual exerce sua ação pelos tratos reticuloespinais,
determinando o início, o fim e a velocidade da lo-
comoção. No homem, só muito raramente ocorrem
movimentos automáticos de marcha depois da sec-
ção da medula. Entretanto há evidências de que na
medula do homem existe também um centro que
permite a locomoção automática. Crianças exibem
a marcha reflexa logo após o nascimento, mesmo as
anencefálicas. Acredita-se que estes circuitos sejam
colocados sob controle supraespinal no primeiro
ano de vida, quando o córtex cerebral passa a con-
trolar o centro locomotor do mesencéfalo. O fato
de a locomoção humana ser bípede faz com que
Durante a locomoção, ocorrem movimentos al- os controles do equilíbrio e da marcha sejam mais
ternados de flexão e extensão das pernas. O ca- complicados e dependentes dos centros superiores
ráter rítmico e repetitivo da locomoção faz com (MACHADO; HAERTEL, 2014).
89
90
EDUCAÇÃO FÍSICA
Tendão
Fáscia
Osso
Músculo
Epimísio Fascículo
Perimísio
Endomisio
Fibras musculares
Axônio do
Sarcoleoma
Miofibrilas neurônio motor
Vaso sanguínio
Retículo Núcleo
sarcoplasmático
Filamentos
Os músculos individuais estão separados uns dos tro, a próxima camada de tecido conjuntivo é o pe-
outros e são mantidos na posição por um tecido rimísio, que circunda os feixes individuais de fibras
conjuntivo chamado fáscia. No músculo esquelético musculares (cada feixe individual é chamado de fas-
existem três camadas separadas de tecido conjun- cículo). Cada fibra muscular individual que compõe
tivo. A camada mais externa, que circunda todo o o fascículo é circundada por um tecido conjuntivo
músculo, é denominada epimísio. De fora para den- chamado de endomísio (KENNEY et al., 2014).
91
92
EDUCAÇÃO FÍSICA
93
Sarcolema
Miofibrilas
Tríade do retículo:
Cisternas terminais
Túbulo transverso Banda A
Banda I
Retículo sarcoplasmático
Linha Z
Mitocôndria
Núcleo
94
EDUCAÇÃO FÍSICA
JUNÇÃO NEUROMUSCULAR
Cada célula muscular esquelética está conectada a da fibra muscular. Isso causa um aumento na per-
uma ramificação da fibra nervosa (motoneurônio). meabilidade ao sódio na fibra muscular, resultando
O local onde o motoneurônio e a fibra muscular se em uma despolarização chamada potencial de placa
encontram é chamado de junção neuromuscular terminal, que se for forte o suficiente, constituirá o
(Figura 6) e é semelhante a um ponto de conexão en- sinal para iniciar o processo de contração muscular,
tre dois neurônios. A extremidade do motoneurônio processo este semelhante à sinapse química aprendi-
não está fisicamente em contato com a fibra muscu- do no módulo de “bases neuromotoras” (McARDLE
lar, mas sim separados por um espaço denomina- et al., 2015).
do de fenda neuromuscular. Quando um impulso Importante salientar que um motoneurônio
nervoso atinge a extremidade do neurônio motor, inervará várias fibras musculares e, a esse conjun-
o neurotransmissor acetilcolina é liberado, difunde- to de motoneurônio juntamente com todas as fibras
-se pela fenda sináptica (fenda neuromuscular) e se musculares inervadas por ele, damos o nome de uni-
liga a sítios de receptores existentes na membrana dade motora (McARDLE et al., 2015).
Mitocôndrias
Vesículas sinápticas
Fenda sináptica
Sarcolema pregueada
Placa motora
95
CONTRAÇÃO MUSCULAR
96
EDUCAÇÃO FÍSICA
97
CONTRAÇÃO RELAXAMENTO
1 Potencial de ação
muscular propagado Membrana plasmática muscular
Túbulo transverso
Retículo
Saco lateral
sarcoplasmático
Ca2+ Ca2+
Figura 8 - Primeira ilustração das etapas envolvidas na excitação, contração e no relaxamento muscular
Fonte: Powers e Howley (2014, p. 173).
98
EDUCAÇÃO FÍSICA
99
REFLITA
Figura 10 - Tipagem muscular: após o processo de biópsia muscular (A e B), as amostras serão preparadas para
marcação imunohistoquímica
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2011, p. 383).
100
EDUCAÇÃO FÍSICA
101
considerações finais
102
atividades de estudo
3. Sabemos que para controle dos movimentos das porções distais dos
membros temos como principal via motora o trato corticoespinal late-
ral. Entretanto outra via pode auxiliá-lo nesta função. Assinale a alternati-
va a seguir que melhor representa esta(s) via(s) alternativa(s).
a) Trato tetoespinal.
b) Trato rubroespinal.
c) Trato corticoespinal medial.
d) Trato corticonuclear.
e) Trato vestibuloespinal.
103
atividades de estudo
5. Para que a contração muscular possa ocorrer, nosso sistema nervoso deve
comandar a musculatura mediante a liberação de um neurotransmissor es-
pecífico, que iniciará a sequência de alterações necessárias para que o pro-
cesso de deslizamento das fibras ocorra. Sabendo disso, qual o neurotrans-
missor utilizado para transmissão da informação do motoneurônio
ao músculo esquelético?
a) Noradrenalina.
b) GABA.
c) Acetilcolina.
d) Glutamina.
e) Actina.
104
LEITURA
COMPLEMENTAR
105
LEITURA
COMPLEMENTAR
A imobilização consistia em fixar uma das pernas traseiras com o joelho fletido em
60-80 graus com pinos colocados através do fêmur e um deles através da tibia. A se-
guir, um aparelho gessado de secagem rápida prendia a perna. O reparo cirúrgico do
ligamento colateral medial esquerdo expunha o ligamento fazendo-se uma incisão
através de suas porções superficial e profunda ao longo da interlinha articular, porém
preservando o suprimento sanguíneo. Dois pontos de fio de aço inoxidável reinseriam
o ligamento em seu local de origem. As operações simuladas (sem cortar o ligamento)
incluíam a introdução de pinos, a incisão da pele, a exposição do ligamento e o fecha-
mento da ferida.
Os resultados deste estudo nos mostraram que a força do ligamento intacto do joelho
se relaciona ao nível de atividade física do animal, com a imobilização produzindo me-
nor nível de força (ou seja, a força de separação era menor) e 6 semanas de corrida em
uma esteira rolante produzindo o mais alto nível de força (ou seja, a força de separação
era maior). A força dos ligamentos reparados cirurgicamente dependia do intervalo
de tempo antes do sacrifício e da quantidade de atividade realizada pela perna expe-
rimental. A localização da separação também variava entre os ligamentos intactos e
reparados. Os ligamentos intactos se separavam de sua inserção tibial, enquanto os
ligamentos reparados cirurgicamente se separavam no local do reparo.
De uma forma geral, este estudo interessante indica que a atividade física, além de in-
duzir adaptações específicas das células musculares, aprimora profundamente a força
dos ligamentos. Esses achados importantes confirmaram que o tecido conjuntivo res-
ponde ao estresse mecânico do exercício.
Fonte: adaptado de TIPTON et al. Influence of exercise on strength of medial collateral knee
ligaments of dogs. Am J Physiol 1970; 218:894.
106
material complementar
107
referências
gabarito
1. A
2. C
3. B
4. A
5. C
6. C
108
UNIDADE IV
HORMÔNIOS E EXERCÍCIO FÍSICO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Visão geral do sistema endócrino
• Hormônios: funções e sua relação com o exercício físico
Objetivos de Aprendizagem
• Conceituar sistema endócrino e hormônios.
• Conhecer as principais funções dos hormônios e sua
relação com o exercício físico.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
S
eja bem-vindo(a), aluno(a), para mais um unidade do livro de
Fisiologia geral e do movimento. Neste momento, trabalharemos
um assunto de grande importância para aqueles que buscam co-
nhecer o funcionamento do organismo humano e a forma como
ele se organiza e se regula. Estamos falando do estudo do sistema endó- Glândula adre
crino, sistema este que juntamente com o sistema nervoso é o responsável
por regular e coordenar o funcionamento do organismo humano.
Ao longo desta unidade, estudaremos os principais sistemas hormo-
nais que estão envolvidos em uma grande quantidade de funções, in-
cluindo o controle do fornecimento e do gasto de energia, controle do
crescimento corpóreo, controle da osmolaridade corporal, controle da
taxa de hidratação do corpo, regulação térmica, características sexuais
secundárias masculinas e femininas, controle de íons, regulação da res-
posta de luta ou fuga, resposta ao estresse entre outras.
De uma forma geral, sabemos que o sistema endócrino é caracteri-
Pâncreas
zado pela presença de células capazes de produzir e secretar substâncias
químicas (os chamados hormônios), que tem por finalidade atuar em
curtas ou longas distâncias em relação ao local onde foi secretada, com
o intuito de alterar o funcionamento da célula-alvo após sua ligação ao
receptor. Esta é uma definição mais atual sobre o que engloba este impor-
tante sistema e, ao longo do início da unidade, previamente a descrição
específica do papel de cada hormônio, nos aprofundaremos um pouco
mais nesta definição.
Bom, espero que aprecie esta unidade, pois ela é de suma importância
para todos que desejam trabalhar com corpo humano e com a grande
gama de pessoas envolvidas com prática de exercícios físicos, perguntas
sobre funções hormonais são constantes, independente do ambiente de
trabalho em que se está inserido.
Timo
enal Cérebro Testículo
SISTEMA
ENDÓCRINO
Ovário
114
EDUCAÇÃO FÍSICA
GLÂNDULAS ENDÓCRINAS
Figura 1 - Visão geral das glândulas endócrinas iniciais
115
116
EDUCAÇÃO FÍSICA
Autócrino Parácrino
De uma forma geral, a ligação do hormônio a um re-
ceptor segue um princípio chave-fechadura (Figura
4), ou seja, cada determinado hormônio apresentará
Células secretoras Células-alvo
adjacente um ou vários tipos de receptores que são específicos
Endócrino
ao hormônio em questão, impedindo que um hor-
mônio se ligue a receptores que não são específicos
Vasos sanguíneos a ele (AIRES, 2012).
Importância da insulina
Sinal extracelular
Receptor Células-alvo distantes Receptor de insulina
Canal de Glicose
RECEPTORES HORMONAIS
Glicose
Quando escutamos que um hormônio desenvolve
efeitos no organismo humano, tendemos a achar Figura 4 - Hormônios se ligam a seus receptores num conceito de cha-
que é o hormônio propriamente dito que realiza esta ve-fechadura
ação. Como exemplo, ao entrarmos em contato com
a informação que a insulina é responsável por redu- Esses receptores podem, de uma forma geral, ser sub-
zir a glicose do sangue, a imaginamos “pegando e divididos em receptores de membrana celular e em
lançando a glicose” para dentro das células. receptores intracelulares (localizados no citoplasma
A ação hormonal é desencadeada por meio de sua ou no núcleo celular) (Figura 5). Em geral, hormônios
ligação a receptores específicos de hormônios no órgão- capazes de atravessar a membrana plasmática (hormô-
-alvo, ou seja, é por meio da ligação do hormônio ao seu nios lipossolúveis) apresentam receptores intracelula-
receptor que se inicia uma cascata de eventos que cul- res. Em contrapartida, hormônios hidrossolúveis apre-
mina com a ação propriamente dita (MOLINA, 2007). sentam receptores de membrana (MOLINA, 2007).
Fazendo uma analogia, o hormônio é só a primeira
peça do dominó a cair em um efeito dominó (Figura 3). Molécula
lipofílica
Receptor
no citosol
Molécula lipofílica
ou lipofóbica Receptor
no núcleo
Receptor na superfície
da membrana celular
117
Hormônios:
Funções e sua Relação
com o Exercício Físico
Nesta seção, estudaremos as ações de hormônios es- uma grande quantidade de hormônios (descritos
pecíficos e sua relação com o exercício físico. adiante) e seu padrão de secreção hormonal é con-
trolado por hormônios estimuladores ou inibidores
HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS provenientes do hipotálamo que atingem a hipófise
por meio de um conjunto de vasos sanguíneos deno-
A hipófise é uma glândula localizada na base do cé- minado de sistema porta hipotálamo-hipofisário. Já
rebro, acoplada ao hipotálamo (Figura 6). A glân- a hipófise posterior, libera dois hormônios que são
dula possui dois lobos: o lobo anterior (ou adenohi- produzidos no corpo celular de neurônios localiza-
pófise), que é considerada uma glândula endócrina dos no hipotálamo e que se dirigem até os terminais
verdadeira e o lobo posterior (ou neurohipófise), axônicos localizados na chamada neurohipófise, em
que é o tecido nervoso que se projeta do hipotála- que são secretados na corrente sanguínea quando
mo. A hipófise anterior é responsável por secretar necessários (HALL, 2011).
118
EDUCAÇÃO FÍSICA
GLÂNDULA HIPÓFISE
A hipófise posterior é responsável pela secreção
GLÂNDULA
HIPÓFISE de dois hormônios, a ocitocina e o hormônio an-
tidiurético (ou vasopressina). A hipófise anterior
é responsável por secretar o hormônio adrenocor-
ticotrófico (ACTH), o hormônio tireoestimulante
HIPOTÁLAMO
(TSH), o hormônio folículo-estimulante (FSH), o
hormônio luteinizante (LH), o hormônio de cres-
HIPÓFISE
HIPÓFISE cimento (GH) e a prolactina (AIRES, 2012) (Figura
ANTERIOR
POSTERIOR 7). Iniciaremos o estudo da hipófise pelos hormô-
Figura 6 - Visão geral da hipófise nios da hipófise anterior.
HIPÓFISE
Córtex Seio
adrenal
Pele
Prolactina
Ocitocina
Rim
Gonadotrofinas
Osso
Ovário
Tireóide
Músculo Testítculo
119
120
EDUCAÇÃO FÍSICA
tida de prolactina induzida pelo exercício em atletas Sobre sua relação com o exercício físico, sabe-
de alto rendimento possa ser uma das explicações mos que a atividade física estimula um aumento na
da inibição da função ovariana e bloqueio do ciclo amplitude dos pulsos e na quantidade de hormônio
menstrual nestas mulheres (POWERS; HOWLEY, secretado em cada pulso. Somado a isto, estimula
2014). Em geral, sabe-se que mulheres que correm a liberação das isoformas de GH com meias-vidas
sem utilizar roupa íntima que dê apoio às mamas mais longa, prolongando a ação do GH sobre os te-
(por exemplo, top ou sutiã) acentuam esta produ- cidos-alvo. Aparentemente, esta secreção é direta-
ção, assim como o jejum e o consumo de alimentos mente proporcional à dificuldade relativa do esforço
gordurosos. Este aumento de prolactina também é físico. Dessa forma, beneficia o crescimento e remo-
observado nos homens (McARDLE et al., 2015). delagem do músculo, osso e cartilagem, além de oti-
mizar a mistura de combustíveis durante a atividade
Hormônio do crescimento (GH) física, reduzindo a captação de glicose (impedindo
O GH é um hormônio liberado pelos somatotropos uma queda acentuada na glicemia, preservando-a
na adenohipófise em pulsos, sendo mais pronun- para ser usada pelo sistema nervoso) e aumentando
ciado no período noturno, especialmente na fase o uso das gorduras (McARDLE et al. 2015).
de ondas lentas do sono. Sofre influência de fatores
estimuladores (GHRH, dopamina, catecolaminas, Ocitocina
aminoácidos, hormônio tireoidiano) e de fatores A mama em fase de lactação e o útero durante a gravi-
inibidores (somatostatina, IGF-1, glicose, ácidos dez constituem os dois principais órgãos-alvo dos efei-
graxos, cortisol) (HALL, 2011). tos fisiológicos da ocitocina. Na mama, durante a lac-
O GH induz efeitos fisiológicos sobre as células- tação, a ocitocina estimula a ejeção do leite por meio
-alvo diretamente por meio da ativação do receptor da produção da contração das células mioepiteliais
de GH ou indiretamente por meio da estimulação que revestem os alvéolos e ductos da glândula mamá-
da síntese e secreção do IGF-1. O principal efeito fi- ria. No útero gravídico, a ocitocina produz contrações
siológico do GH consiste em regular o crescimento, rítmicas para induzir o trabalho de parto e a regressão
estimulando condrogênese e o alargamento da placa do útero após o parto (AIRES, 2012). Os efeitos da ati-
epifisária, seguido da deposição de matriz óssea. Em vidade física sobre a ocitocina continua desconhecido.
adição, estimula a captação de aminoácidos e síntese
de proteínas musculares (efeito anabólico), lipólise, Hormônio antidiurético (ADH)
resistência à ação da insulina e manutenção da fun- O ducto coletor dos néfrons no rim constituem o
ção imune (MOLINA, 2007). principal alvo da ação do ADH. A permeabilidade
Já o IGF-I estimula a formação óssea e a reabsor- à água é relativamente baixa neste local, mas na pre-
ção óssea, captação de glicose no músculo, sobrevi- sença do ADH, aumenta-se grandemente a perme-
da dos neurônios e síntese de mielina. Atua ainda na abilidade (devido ao aumento na quantidade de ca-
inibição da degradação proteica e estímulo de sua nais de água nesta região) aumentando a reabsorção
síntese, além de estimular a síntese e inibir a degra- de líquidos com consequente diminuição no volume
dação de colágeno (MOLINA, 2007). urinário formado (MOLINA, 2007).
121
A atividade física proporciona um poderoso es- Suas ações fisiológicas envolvem uma grande gama
tímulo para a secreção de ADH. A maior liberação de tecidos. De uma forma geral, estimulam a termo-
de ADH, estimulada provavelmente pela transpira- gênese auxiliando na manutenção da temperatura
ção, ajuda a conservar os líquidos corporais, parti- corporal, estimula a formação de células adiposas,
cularmente durante a atividade física realizada em em excesso (como no caso do hipertireoidismo) esti-
um clima quente e com desidratação concomitan- mula a lipólise, aumenta a quantidade de receptores
te. Esse efeito do ADH, que consiste na conserva- de catecolaminas no organismo, tornando-o mais
ção de água, contribui para manutenção do volume suscetível à ação da adrenalina e noradrenalina (ele-
sanguíneo, preservando o trabalho cardiovascular vando a frequência cardíaca e a força de contração do
(McARDLE et al., 2015). coração, por exemplo), atua na remodelação óssea,
atua na eritropoese, é essencial para o crescimento e
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS desenvolvimento normal da criança, assim como do
desenvolvimento do sistema nervoso (AIRES, 2012).
A glândula tireoide fica localizada na parte ante- Durante a atividade física, os níveis sanguíneos
rior do pescoço, em frente a traqueia (Figura 8). É de T4 livre (tiroxina) aumentam em aproximada-
constituída por dois lobos (direito e esquerdo), co- mente 35% (McARDLE et al., 2015) e este incremen-
nectados por um istmo. Apresenta como principal to ocorre em decorrência de treinamento aeróbio,
elemento constituinte as células foliculares, que da- com o treinamento de força produzindo elevações
rão origem aos folículos produtores dos hormônios não significativas (POWERS; HOWLEY, 2014).
tireoidianos (triiodotironina, ou T3 e a tiroxina, ou Além dos hormônios tireoidianos, a tireoide
T4). O T4 é o principal produto sintetizado e secre- apresenta um conjunto de células denominadas de
tado pela tireoide, porém, por ser a forma inativa do células parafoliculares, envolvidas na produção de
hormônio, necessita sofrer uma ação hormonal para calcitonina, um hormônio que atua na regulação
conversão à forma ativa T3 (MOLINA, 2007). dos níveis de cálcio no sangue. De uma forma ge-
ral, a calcitonina age diminuindo a reabsorção ós-
sea e a absorção intestinal de cálcio com o intuito
de minimizar os níveis de cálcio circulantes (MO-
LINA, 2007). Evidências atuais sugerem que a cal-
citonina não aumenta como resultado do exercício
(POWERS; HOWLEY, 2014).
PARATORMÔNIO
122
EDUCAÇÃO FÍSICA
CORTISOL
regulação baseia-se nas interações entre o parator- O cortisol é um hormônio esteroide, ou seja, deriva-
mônio das glândulas paratireoides, a vitamina D da do do colesterol, sintetizado e secretado pelas glân-
dieta e a calcitonina (da glândula tireoide) descrita dulas suprarrenais (ou adrenais) (Figura 10). Esta
anteriormente (HALL, 2011). glândula é de extrema importância, visto que sua
As glândulas paratireoides são glândulas do ta- região central (conhecida como medula da suprar-
manho de uma ervilha, localizadas nos pólos su- renal) é responsável pela síntese e secreção da adre-
perior e inferior das bordas posteriores dos lobos nalina e sua região mais externa (córtex da suprar-
laterais da glândula tireoide (Figura 9). O parator- renal) é dividida em 3 porções: a zona glomerulosa
mônio, hormônio liberado por estas glândulas, tem (responsável pela secreção da aldosterona), a zona
por função estimular a reabsorção óssea e libera- fasciculada (responsável pela produção de cortisol)
ção de cálcio na circulação. No rim, o paratormô- e a zona reticular (responsável pela produção de an-
nio promove a reabsorção de cálcio e a excreção de drogênios fracos, como a epiandrosterona e a dei-
fosfato inorgânico na urina e a ativação da vitamina droepiandrosterona) (HALL, 2011).
D (MOLINA, 2007). O paratormônio aumenta du-
glândula adrenal
rante exercícios intensos e prolongados (POWERS;
HOWLEY, 2014).
A vitamina D ativa apresenta efeitos muito seme-
lhante ao do paratormônio, aumentando a absorção
intestinal e a reabsorção renal de cálcio, além da re-
absorção óssea, sendo que todos estes efeitos levam
ao aumento do cálcio plasmático (AIRES, 2012).
123
ção a seus efeitos hemodinâmicos, temos que eles chamamos de sistema renina-angiotensina-aldostero-
mantêm a integridade vascular e a reatividade, man- na, que auxilia na retenção de sódio e, indiretamente,
têm a responsividade aos efeitos pressores das cate- de água durante o exercício (McARDLE et al., 2015).
colaminas e mantêm o volume hídrico. Já os efeitos
sobre o sistema imunológico, observamos uma ação ADRENALINA
anti-inflamatória aliada a uma diminuição da ativi-
dade do sistema imune (MOLINA, 2007). A adrenalina é um hormônio secretado pela região
Sobre a relação do cortisol com o exercício físico, central da glândula adrenal conhecida como medula
sabemos que o turnover do cortisol (taxa de renova- da suprarrenal. É de fundamental importância visto
ção, a diferença entre a produção e a remoção) exibe que potencializa a resposta do sistema nervoso sim-
uma considerável variabilidade com a intensidade pático em nosso corpo. Dentre suas ações, podemos
do exercício, o nível de aptidão, o estado nutricional citar o aumento da frequência cardíaca e da força de
e até mesmo o ritmo circadiano. A maior parte da contração do coração, dilatação da pupila, broncodila-
pesquisa vigente demonstra aumento da produção tação, aumento na produção de calor, lipólise, glicoge-
do cortisol com a intensidade do exercício, o que nólise, relaxamento da musculatura lisa do intestino,
acelera a lipólise, a cetogênese e a proteólise. Em bexiga e útero, aumento na produção de suor, maior
relação ao volume de treino, observa-se níveis ex- atividade cerebral e estado de alerta (AIRES, 2012).
tremamente altos de cortisol após uma maratona. Por ser um hormônio fundamental para prepa-
Até mesmo treinos moderados com duração mais rar o organismo para respostas de “luta ou fuga” e
prolongada elevam os níveis de cortisol. Importante pelo fato de o exercício se enquadrar em atividades
salientar que este estado de hipercortisolismo per- que simulem este estado, os estudos demonstram
manece por até 2 horas após a interrupção da sessão um incremento nos níveis de adrenalina, assim
de exercício (McARDLE et al., 2015). como nos níveis de noradrenalina (seu correspon-
dente liberado pelo sistema nervoso) em resposta
ALDOSTERONA diretamente proporcional à duração e intensidade
dos exercícios. Seus efeitos principais, que potencia-
Como dito anteriormente, a aldosterona é um dos lizam a realização do exercício físico, englobam re-
hormônios secretados pela glândula suprarrenal, distribuição de fluxo sanguíneo, potencialização do
mais especificamente na zona glomerulosa. Sua prin- trabalho cardíaco (aumentando frequência cardíaca
cipal função fisiológica consiste no estímulo para re- e força de contração cardíaca) e a mobilização dos
absorção renal de sódio (e indiretamente de água) substratos energéticos (McARDLE et al., 2015).
associado à excreção renal de potássio (HALL, 2011).
Durante o exercício, em resposta à maior ati- INSULINA
vidade do sistema nervoso simpático, nota-se uma
constrição das arteríolas aferentes renais, resultando A insulina é um hormônio proteico produzido por
na ativação de um sistema hormonal que culmina no um tipo celular específico do pâncreas (Figura 11)
incremento dos níveis de aldosterona. A este sistema chamado de células beta. Liberada principalmente
124
EDUCAÇÃO FÍSICA
em resposta ao aumento nos níveis glicêmicos, têm Por ser um hormônio com características ana-
como principal função remover o excesso de glicose bólicas e o exercício físico ser uma atividade tipica-
do sangue e mantê-la em níveis consideradas ade- mente catabólica, os estudos comprovam o que era
quados. Porém, seus efeitos metabólicos vão muito esperado, ou seja, níveis de insulina inversamente
além de apenas remover a glicose da corrente san- proporcionais em relação à intensidade do esforço.
guínea. De uma forma geral, sabemos que a insulina Sendo assim, conforme incrementamos duração e
é um hormônio anabólico, ou seja, estimula todas as intensidade do exercício, notamos uma queda nos
vias de síntese e estoque de substratos energéticos níveis circulantes de insulina. Em parte, essa supres-
no organismo e inibe praticamente todas as vias de são na secreção de insulina é explicada pela ativi-
degradação de substratos (MOLINA, 2007). dade inibidora exercida pelo sistema nervoso sim-
pático nas células beta pancreáticas e também pelos
níveis reduzidos na glicose circulante (McARDLE et
al., 2015).
GLUCAGON
125
TESTOSTERONA
A testosterona é o principal hormônio esteroide an- Observa-se que a testosterona incrementa seus ní-
drogênico. Sintetizada principalmente pelas células veis durante a realização do exercício (seja resis-
de Leydig nos testículos (Figura 12) apresenta ações tido ou aeróbio) mantendo-se elevado por até 30
diretas ou moduladas pela sua conversão à diidrotes- minutos durante a recuperação. Esses incrementos
tosterona. Dentre essas funções, temos o direciona- são maiores quanto mais destreinado for o indiví-
mento sexual embrionário, atividade secretora pós- duo, sendo que uma adaptação associada à melhora
-púbere, crescimento puberal da laringe e mudança do condicionamento envolve incrementos cada vez
da voz, efeitos anabólicos sobre o músculo e ossos, menores nos níveis de testosterona durante os exer-
eritropoiese, estimulação da espermatogênese e libi- cícios (McARDLE et al., 2015). Este padrão de in-
do. Também é responsável pelo crescimento penia- cremento ocorre tanto em homens quanto em mu-
no, calvície, desenvolvimento de pelos púbicos e axi- lheres, porém em valores absolutos diminuídos nas
lares e atividade da glândula sebácea (AIRES, 2012). mulheres (visto que elas apresentam níveis de testos-
terona cerca de 10 vezes menores do que os homens
(McARDLE et al., 2015).
ESTROGÊNIO
126
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
127
considerações finais
C
hegamos ao final de mais uma unidade na qual nos aprofundamos
no universo dos hormônios. Inicialmente, entramos em contato com
a parte conceitual e introdutória do tema, esclarecendo conceitos im-
portantes para uma boa base de estudo do sistema endócrino. Nesta
primeira parte, chamo a atenção novamente para algo que trouxe na seção “refli-
ta” e envolve o conceito de esteroides. Há muito, a palavra esteroide vem sendo
adotada como sinônimo para tratar todas as substâncias que simulam os efeitos
anabólicos da testosterona. O conceito correto da palavra esteroide trata de hor-
mônios que derivam quimicamente do colesterol e não “substância que hipertro-
fia”. Vários são os esteroides presentes em nosso organismo e somente um deles,
a testosterona, leva à hipertrofia. Portanto, cuidado no emprego desta palavra.
Num segundo momento, discutimos isoladamente os principais hormônios
presentes no organismo, seguindo uma sequência de raciocínio que englobou os
locais de produção no corpo humano, suas principais funções e sua relação com
o exercício físico. Grande parte dos hormônios apontados neste material sofrem
influência do exercício físico. Lembrem-se que não esgotamos o assunto, muita
informação existe em literatura sobre a relação entre hormônios e exercício fí-
sico. Porém, este módulo servirá para atrair sua atenção e te proporcionar um
conhecimento de base sobre o tópico.
Conforme abordado na introdução da unidade, o estudo dos hormônios é
algo muito atrativo e muitas dúvidas os cercam, sendo que independente da área
de atuação do profissional de educação física, os conceitos sobre hormônios de-
verão receber especial atenção e serão indagados pelo público-alvo do profissio-
nal. Portanto, espero ter atraído a atenção de vocês e que tenham aproveitado a
oportunidade.
128
atividades de estudo
129
atividades de estudo
130
LEITURA
COMPLEMENTAR
Um excesso de hormônio do crescimento (GH) duran- O que esta administração leva? Aparentemente, os estu-
te a infância está ligado ao gigantismo, enquanto a dos têm apontado para:
secreção inadequada desse hormônio causa nanismo.
a. Adultos normais exibiram aumento de massa cor-
Essa última condição exige a administração de GH (jun-
poral magra, mas isso se deve mais à retenção de
tamente com demais hormônios promotores do cres-
água do que a um aumento na massa muscular;
cimento) durante os anos de crescimento, para que
a criança readquira sua posição normal no gráfico do b. Há mínimos ganhos em massa corporal magra e
crescimento. Já em adultos deficientes em GH, doses em força nos homens quando o GH é utilizado com
terapêuticas do hormônio provocam aumentos na oxi- o treinamento de resistência, em comparação com
o uso exclusivo do treinamento de resistência;
dação das gorduras, aumento no VO2 máx e na força
e melhoram a composição corporal, reduzindo o per- c. Há diversos eventos adversos nos casos de uso de
centual de gordura e aumentando a massa muscular. GH, e esses eventos dependem da dose. Os even-
Originalmente o GH era obtido a partir da extração de tos adversos são: supressão do eixo GH/IGF, re-
hipófise de cadáveres (algo difícil e dispendioso), mas tenção de água e edema, dores articulares e mus-
atualmente podemos contar com GH recombinante. culares, bem como maior risco ligado à aplicação
Caso ocorra um excesso de GH durante a vida adulta, das injeções.
ocorrerá uma condição conhecida como acromegalia. O Além disso, estudos têm apontado que apesar de efeitos
GH adicional na vida adulta não afetará o crescimento na benéficos, em idosos saudáveis constatou-se um núme-
altura, pois já se fecharam as placas de crescimento epi- ro maior de efeitos adversos do que de benefícios, tendo
fisárias nas extremidades dos ossos longos. Infelizmen- sido recomendado que o GH não fosse usado como tera-
te, o GH em excesso causa deformidades permanentes, pia antienvelhecimento.
conforme pode ser observado em um espessamento dos Portanto, apesar de ser consenso em muitos centros de
ossos da face, mãos e pés. Até recentemente, a causa treinamento do papel benéfico do GH para performance,
habitual de acromegalia era um tumor de hipófise ante- mais estudos devem ser realizados para tratar da relação
rior que resultava em excesso de secreção de GH. Atual- benefícios versus malefícios de seu uso indiscriminado.
mente, este não é mais o caso. Em um impulso de tirar Fonte: adaptado de Powers e Howley (2014).
vantagem dos efeitos anabólicos do GH, adultos jovens
com níveis normais desse hormônio estão injetando o
GH humano, combinado a outros hormônios.
131
material complementar
132
referências
Referências on-line:
1
Em: <https://www.slideshare.net/felipecavalcante33/fisio-endcrino?ref=>. Acesso: 03 jul. 2017.
gabarito
1. D
2. D
3. A
4. B
5. E
133
FISIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA
VOLTADA PARA A SAÚDE
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Atividade física e saúde
• Exercícios para populações especiais
Objetivos de Aprendizagem
• Entender o conceito de atividade física voltada para saúde.
• Explanar sobre a prática de exercícios físicos para
populações especiais.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Atividade Física
e Saúde
138
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os seres humanos foram “construídos” para serem ativos. Do ponto de vista fisio-
lógico, não nos adaptamos muito bem a este estilo de vida sedentário, informação
esta podendo ser comprovada mediante análise da grande quantidade de doen-
ças associadas ao sedentarismo e que tem crescido em incidência nas últimas
décadas. Somado a isto, muitos são os estudos que demonstram que um estilo
de vida mais ativo é de fundamental importância para uma boa saúde (Figura 2)
(HAMER et al., 2014).
139
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Figura 3 - Associação entre exercícios com melhores hábitos de vida levam a um fenótipo mais saudável
140
EDUCAÇÃO FÍSICA
Desta forma, a atividade física torna-se um termo genérico que engloba pratica-
mente todo tipo de movimento. Já a saúde concentra-se num espectro que varia
desde a ausência completa dos elementos (presentes num extremo de quase mor-
te) aos mais altos níveis de função do organismo. Já em relação à aptidão física,
muitas são as variáveis mensuráveis que se enquadram neste elemento, porém
quando tratamos de atividade física voltada à saúde, seus componentes mais im-
portantes envolvem o condicionamento aeróbio, a composição corporal, a força
e resistência muscular e a flexibilidade (POWERS; HOWLEY, 2014).
De uma forma geral, os elementos relacionados ao exercício necessários para
uma boa saúde estão explicitados na pirâmide a seguir (Figura 4).
• carregando os mantimentos
DIARIAMENTE • subindo as escadas
(COM A MAIOR FREQUÊNCIA POSSÍVEL) • caminhando até o trabalho
• empurrando o cortador de grama
REFLITA
(Powers e Howley)
141
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
142
EDUCAÇÃO FÍSICA
DIABETES
Diabetes tipo I
O diabetes tipo I (Figura 6), também chamado de
O diabetes (Figura 5) é uma doença caracterizada insulino-dependente, ocorre principalmente em
por níveis elevados de glicose na corrente sanguí- indivíduos mais jovens (abaixo dos 20 anos) e está
nea de forma crônica. Duas são suas apresentações: associado a um ataque do corpo do indivíduo às
o diabetes tipo I, caracterizado por uma reduzida/ células produtoras de insulina. Ou seja, o organis-
ausente capacidade de secreção de insulina pelas mo, por algum motivo, acredita que as células beta
células beta-pancreáticas; e o diabetes tipo II, ca- sejam agentes invasores (tal qual uma infecção por
racterizado pela reduzida capacidade de ação da vírus ou bactérias) e direciona o sistema imune para
insulina, ou seja, o corpo libera, mas o hormô- combatê-las, resultando em sua destruição (AIRES,
nio não consegue agir de forma efetiva (Figura 6) 2012). Este tipo acomete cerca de 5-10% dos indiví-
(HALL, 2011). duos diabéticos tipo I (POWERS; HOWLEY, 2014).
143
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
144
EDUCAÇÃO FÍSICA
145
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
146
EDUCAÇÃO FÍSICA
Complicações da hipertensão
OBESIDADE
A recomendação dietética para o controle da pres- A obesidade (Figura 10) é caracterizada pelo acú-
são arterial é a redução da ingestão de sal e de calo- mulo de gordura corporal acima de valores conside-
rias. Acredita-se que a redução no consumo do sal rados normais, no qual em resposta a variados mo-
reduza, em média, 5 e 3mmHg para pressão sistó- tivos a ingestão energética ultrapassa cronicamente
lica e diastólica, respectivamente, enquanto a per- o dispêndio de energia. São relatados como causas
da de 1kg de peso corporal leve a uma redução de as influências genéticas, ambientais, metabólicas, fi-
cerca de 2mmHg para pressão sistólica e diastólica siológicas, comportamentais, sociais e, talvez, raciais
(POWERS; HOWLEY, 2014). (POWERS; HOWLEY, 2014).
Já a relação com o exercício físico, sabe-se que tan-
to o condicionamento físico como o exercício físico re-
gular estão inversamente relacionados com a possibili-
dade de ocorrência de hipertensão arterial. Acredita-se
que o exercício de resistência aeróbia reduza cerca de
5-7mmHg os valores de pressão arterial em repouso
do indivíduo hipertenso. Associada a isso, a prática re-
gular de exercícios levam a mudanças no organismo
que diminuem o risco de doença coronariana, mesmo
em casos que a pressão arterial não diminui. Figura 10 - Excesso de gordura corporal
147
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
Esta ruptura no equilíbrio energético começa com Tratando especificamente da relação da atividade fí-
frequência na infância e, quando chega a ocorrer a sica com o desenvolvimento do excesso de gordura
probabilidade de obesidade na vida adulta, aumen- corporal, temos que a atividade física regular, tanto
ta consideravelmente. Como exemplo, sabemos que por meio da recreação quanto da ocupação profis-
crianças obesas entre os 6 e 9 anos de idade com- sional, dificulta efetivamente o aumento do peso e
portam uma probabilidade de 55% de se tornarem as alterações adversas na composição corporal. Esse
obesas quando adultas (um risco cerca de 10 vezes efeito frustra a tendência em recuperar o peso per-
maior que aquele apresentado por crianças com dido e contraria uma variação genética comum que
peso normal) (McARDLE et al., 2015). torna a pessoa mais propensa a ganhar um peso ex-
Apesar disso, é entre os 25 e 44 anos que temos cessivo. Os indivíduos que conseguem manter a per-
o período mais perigoso em relação ao desenvolvi- da de peso ao longo do tempo mostram uma maior
mento da adiposidade excessiva. Estudos com norte- força muscular e participam em mais atividade físi-
-americanos apontam que entre os 20 e 40 anos eles ca que os congêneres que recuperam o peso perdido
ganham, em média, cerca de 900g por ano (McAR- (POWERS; HOWLEY, 2014).
DLE et al., 2015). E, apesar dos relatos de influên- Os estilos de vida fisicamente ativos reduzem
cias genéticas serem de suma importância para este o padrão “normal” de aumento de gordura na vida
grande incremento no peso corporal, os pesquisa- adulta. Para homens jovens e de meia-idade que se
dores apontam que alterações genéticas por si só não exercitam regularmente, o tempo gasto na ativida-
podem ser a única explicação e relatam que o estilo de física relaciona-se inversamente com o nível de
de vida sedentário associado a uma grande disponi- gordura corporal. Corredores de longa distância de
bilidade de alimentos saborosos e ricos em lipíde- meia-idade continuam sendo mais magros que seus
os e calorias servidos em porções cada vez maiores congêneres sedentários (McARDLE et al., 2015).
continuam sendo os principais culpados (Figura 11) Mas o que torna a adiposidade excessiva um
(KENNEY et al., 2013). problema? Diversos estudos comprovam que ela
está associada a uma deterioração da saúde e qua-
lidade de vida do indivíduo. De uma forma geral,
observa-se um prejuízo na função cardíaca; uma
associação com desenvolvimento de hipertensão
arterial; acidente vascular cerebral e trombose ve-
nosa profunda; resistência à insulina e diabetes;
doença renal; apneia do sono; restrição ventilató-
ria; osteoartrite; dores articulares devido à sobre-
carga excessiva; gota; câncer de endométrio; da
mama, da próstata e do cólon; níveis anormais de
lipídeos sanguíneos; irregularidades menstruais;
alterações psicológicas; entre outros (Figura 12)
Figura 11 - As escolhas de vida levam ao fenótipo obeso (KENNEY et al., 2013).
148
EDUCAÇÃO FÍSICA
149
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
truída. Em termos de peso corporal, significa que se Para isso, um dos primeiros passos para estimular
a ingesta calórica for igual ao gasto, o peso corporal o indivíduo é colocar metas atingíveis, para evi-
não modificará. Caso a ingesta seja maior do que tar grandes frustrações que podem desencadear
o gasto, o peso corporal aumenta e, se o gasto for danos psicológicos que levariam o indivíduo a
maior do que a ingesta, o peso corporal tenderá a abandonar o programa de emagrecimento. Atual-
reduzir (Figura 14) (KENNEY et al., 2013). mente, estimula-se a estabelecer como meta ini-
cial uma perda de peso de 5-15% do peso corporal
(McARDLE et al., 2015).
IDOSOS
150
EDUCAÇÃO FÍSICA
De uma forma geral, pesquisadores esperam atual- tempo de processamento central e tempo de
mente que uma grande parte da deterioração fisio- contração muscular, o envelhecimento afeta
lógica considerada previamente como “envelheci- mais negativamente o tempo necessário para
mento normal” possa ser reflexo do estilo de vida identificar um estímulo e processar a infor-
mação de forma a produzir a resposta;
adotado pela pessoa ao longo dos anos, com o en-
4. alterações endócrinas: basicamente, as alte-
velhecimento bem-sucedido, incluindo quatro ele-
rações na função endócrina afetam 3 eixos
mentos, de acordo com McArdle et al. (2015): hormonais: a) eixo hipotálamo-hipófise-gô-
1. saúde física; nodas, sentido especialmente pelas mulheres
2. espiritualidade; que apresentam uma queda nos níveis de es-
3. saúde emocional e educacional; trogênio, adentrando na menopausa. O de-
4. satisfação social. clínio da testosterona também ocorre, porém
os efeitos são mais pronunciados nos homens
somente por volta da sétima década de vida;
Sendo que, de acordo com os mesmo autores, a ma-
b) córtex suprarrenal, porém seus efeitos
nutenção e até mesmo o aprimoramento das fun- acometem principalmente a produção dos
ções físicas e cognitivas, o engajamento pleno nas androgênios fracos (DHEA e DHEA sulfata-
atividades vitais e a participação em atividades pro- do); c) eixo GH/IGF, observando diminuição
dutivas e relações interpessoais contribuem para a na amplitude média dos pulsos, a duração e a
concretização desses objetivos. fração do GH secretado. Reflete também em
uma diminuição paralela nos níveis circulan-
Em relação às adaptações fisiológicas, observa-
tes de IGF-I;
-se alterações em:
5. função pulmonar: ocorre uma deterioração
1. força muscular: homens e mulheres alcan-
da função pulmonar estática e dinâmica;
çam seus níveis de força mais altos entre os 20
e os 40 anos, declinando a partir da meia-i- 6. função cardiovascular: o VO2 máximo apre-
dade. Esta velocidade de perda é diretamente senta um declínio entre 0,4 e 0,5 ml/kg a cada
proporcional à mobilidade e estado de apti- ano em homens e mulheres adultos, sendo
dão do indivíduo; este mais acentuado em pessoas sedentárias.
Adicionalmente, observa-se uma redução na
2. redução de massa muscular: ocorre por atro-
frequência cardíaca máxima, no débito car-
fia muscular por desnervação, uma degene-
díaco, complacência das grandes artérias e na
ração irreversível das fibras musculares, par-
capilarização muscular;
ticularmente das fibras do tipo II;
7. composição corporal: estudos indicam que
3. função neural: um declínio de quase 40% no
após os 18 anos, homens e mulheres ganham
número de axônios medulares e outro de 10%
progressivamente peso e gordura corporal até
na velocidade de condução nervosa refletem
a quinta ou sexta década de vida, época em
os efeitos cumulativos do envelhecimento so-
que se evidencia uma queda no peso corporal;
bre a função do sistema nervoso central. Essas
modificações contribuem provavelmente para 8. massa óssea: observa-se uma redução de
a redução relacionada com a idade no desem- massa óssea aproximada de 30-50% nas pes-
penho neuromuscular avaliado pelos tempos soas acima de 60 anos de idade.
de reação. Ao dividir o tempo de reação em
151
FISIOLOGIA GERAL E DO MOVIMENTO
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
153
considerações finais
B
om aluno(a), chegamos ao fim desta quinta e última unidade, na qual
discutimos conceitos relacionados à fisiologia da atividade física e saú-
de. Num primeiro momento, abordamos tópicos relacionados ao tema
proposto de uma forma geral, mediante abordagem de terminologias
e o impacto da realização do exercício físico para manutenção de uma saúde
adequada no presente e a longo prazo, visto que os efeitos obtidos pelo exercício
físico não são infinitos. Ou seja, os benefícios estão presentes enquanto estamos
inseridos numa rotina cotidiana de exercícios.
Ressalto novamente, nesta parte final, que o exercício é um dos elementos
necessários para uma boa saúde, visto que o conceito atual de saúde é muito mais
amplo do que apenas bem-estar físico (elemento realmente trabalhado pelo exer-
cício, apesar de possuir influências sobre a esfera mental e social). Logo, uma boa
alimentação, bom sono, convívio social satisfatório, espiritualidade, entre outros
também tem seu impacto positivo e devem fazer parte de uma rotina diária.
Posteriormente, entramos em conceitos mais específicos sobre cuidados a se-
rem tomados em condições especiais. Muitas são estas condições presentes em
grande parte da população atualmente, mas demos um enfoque em quatro mais
prevalentes: diabetes, hipertensão, obesidade e idosos. De uma forma geral, à
exceção do diabetes tipo I e o envelhecimento (que ocorrerá com todos), os de-
mais são passíveis de prevenção com a escolha de hábitos saudáveis de vida. Até
mesmo a forma como nos apresentamos na velhice reflete os hábitos realizados
na maior parte de nossas vidas. Sendo assim, procuramos esclarecer informações
básicas acerca destes quatro quesitos, incluindo definições, fatores de risco, male-
fícios associados e a relação com o exercício físico.
Diante disso, espero ter contribuído com informações pertinentes à sua atu-
ação profissional, parta deste livro e se aprofunde mais, conhecimento nunca é
demais. Abraços.
154
atividades de estudo
155
atividades de estudo
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III
c) Apenas II e IV
d) Apenas I, II e III.
e) I, II, III e IV.
156
LEITURA
COMPLEMENTAR
Um dos maiores desafios da educação física escolar envol- proporciona às crianças e aos adolescentes a viabilização
ve a compreensão de que o aluno é um ser composto de da cultura que envolve corpo e movimento, de forma que
corpo e mente. Logo, enquanto o corpo precisa de exercí- suas práticas e experiências sejam caminhos abertos para
cios físicos, movimentos e experiências corporais, a men- uma vida saudável e prazerosa. A interação em brincadei-
te precisa de exercícios lógicos, raciocínios e experiências ras, jogos, danças, atividades físicas, lutas e modalidades
mentais. Impossível separar um do outro. Sendo assim, a esportivas diversas cria um vínculo de respeito, coopera-
saúde e bem-estar do escolar depende de uma reflexão ção e afeto. Portanto, o ambiente escolar deve se adequar
sobre a prática pedagógica do currículo educacional atual, para a nova proposta pedagógica que visa estimular o es-
para que o aluno desenvolva plenamente corpo e mente. colar para a cooperação, a participação e o respeito, num
A Educação Física tem por proposta promover a saúde clima de descobertas, brincadeiras, exercícios e atividades
escolar e o estilo de vida ativo, porém, para que isto pos- físicas e outros, uma maior valorização de sua cultura, seu
sa ocorrer, devemos superar a ideia de que Educação conhecimento e suas experiências. Comumente, o exer-
Física é somente uma prática esportiva, pois por suas cício físico estimula no escolar a capacidade de construir
características competitivas acaba por excluir alguns alu- potencialidades físicas, limites, superações, expectativas,
nos. Esta, por sua vez, deve envolver todos os exercícios possibilidades e outros fatores importantes para a sua
físicos atribuídos pela escola, desenvolvendo comporta- formação humana, que permitem avaliar a si mesmo na-
mento ativo e permanente no escolar. quilo que é capaz de enfrentar para seu conhecimento,
Logo, a educação está ligada à saúde por meio das práti- aprendizado, sucesso, valorização cultural, social, acadê-
cas inovadoras aderidas pelas escolas, no sentido de in- mica e profissional. Isso significa envolver e respeitar os
centivar os escolares, por meio da Educação Física, para escolares nas suas aptidões e limitações físicas.
terem compromisso com a saúde corporal e mental, pra- Assim, percebemos que para a manutenção da saúde e
ticando exercícios regulares para a manutenção e a pro- da qualidade de vida do escolar, faz-se necessário esti-
moção da saúde, bem-estar e qualidade de vida ao longo mular os alunos para a adoção de atitudes saudáveis,
de toda sua vida. Os Parâmetros Curriculares Nacionais ou seja, que valorizem a saúde. Para esta intervenção, a
preconizam que a Educação Física, além da valorização e prática regular e permanente de exercícios físicos é o pri-
do cuidado com o corpo, bem como o desempenho das meiro passo para o desenvolvimento integral do escolar.
técnicas e habilidades, deve ainda valorizar o sociocultu- Fonte: ALVES, Marta Teixeira; ALVES, Queila de Jesus; PA-
ral do escolar, pois muito além de um corpo, existe um GANI, Mario Mecenas; GODOI JUNIOR, Fernando Cesar
ser que precisa ser alicerçado na vida política, social, cul- de Maio. O Exercício Físico na Melhoria da Saúde do Es-
tural, profissional, dentre outros e, assim, ter um desen- colar. [2017]. Disponível em <https://www.inesul.edu.br/
volvimento pleno, abrangendo todo o contexto (saúde). revista/arquivos/arq-idvol_32_1421771721.pdf>. Acessa-
Importante destacar ainda que a Educação Física Escolar do em: 15 fev. 2018.
157
material complementar
158
referências
gabarito
1. D
2. B
3. A
4. D
5. E
159
conclusão geral
Caro(a) aluno(a), neste livro entramos em contato Posteriormente (Unidade IV), passamos a discu-
com uma série de informações sobre mecanismos de tir o papel do outro sistema de grande importância
funcionamento corporal. Discutimos na Unidade I para o comando e controle do corpo humano: o sis-
sobre mecanismos de obtenção de energia anaeróbia tema endócrino, um sistema dotado de hormônios
(por meio da quebra da creatina fosfato e da glicose) produzidos por glândulas endócrinas com o intuito
e aeróbia (por meio da oxidação da glicose, gorduras de alterar o funcionamento de determinadas regiões
e proteínas mediante atividade do ciclo do ácido cí- do corpo. Lembrem-se que muitos deles alteram seus
trico e da cadeia respiratória) e formas de obtenção níveis circulantes em resposta ao exercício físico. En-
de oxigênio e remoção do gás carbônico por meio da cerrando nosso módulo (Unidade V), trabalhamos
integração do funcionamento do sistema cardiovas- com o conceito de atividade física e saúde e a relação
cular e respiratório (Unidade II). do exercício físico com algumas das doenças mais
Tratamos também do papel do sistema nervo- prevalentes na sociedade atual, assim como em ido-
so como gerador dos sinais que levarão o múscu- sos e crianças.
lo esquelético ao ciclo contrátil. Descobrimos que Espero que tenha aproveitado os conteúdos tra-
existem áreas cerebrais específicas para geração de balhados em cada unidade, e tenha compreendido a
padrões de movimento e vias específicas de controle importância desta disciplina em sua formação pro-
de determinados músculos em áreas do organismo fissional. Há muitos anos eu tive meu primeiro con-
humano. Sabemos que por meio da junção neuro- tato com a fisiologia e até hoje me surpreendo com
muscular o neurônio motor envia o sinal que irá al- a importância dela na formação de um profissional
terar elementos das células musculares que levarão à bem capacitado na área.
contração muscular (Unidade III). Um grande abraço.