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anglo

ENSINO FUNDAMENTAL • ANOS FINAIS

7
ANO
CADERNO

3
Diego E. Campos Oliveira
Elizabete C. Cardoso de Carvalho
Paulo Roberto Moraes

Geografia
sumário
10 Recursos minerais ......................................................................... 225
11 Recursos energéticos .................................................................... 241
12 Produção industrial....................................................................... 269
13 Indústria brasileira ........................................................................ 288

No Módulo 10 estudaremos a ocorrência dos principais recursos minerais,


os diferentes tipos de exploração mineral e seus impactos no meio ambiente.
Analisaremos as principais áreas de produção mineral brasileira, a importância da
mineração na formação territorial de nosso país, bem como a importância desse
setor na atual produção econômica e no comércio externo.
No Módulo 11 conheceremos a evolução da matriz energética no mundo
e no Brasil. Vamos compreender os processos de formação dos combustíveis
fósseis e identificar os impactos ambientais causados pelas diferentes fontes de
energia. Procuraremos relacionar os avanços tecnológicos na geração de energia
com as transformações sociais e econômicas ao longo da História. Conheceremos
as fontes alternativas de energia e suas principais características. Haverá espaço,
ainda, para analisar os benefícios e os desafios para a implementação de fontes
de energia limpas e renováveis.
No Módulo 12 apresentaremos, em linhas gerais, o processo de industrializa-
ção no mundo e vamos explorar a classificação das indústrias segundo o tipo de
bem produzido e seu destino. Também conheceremos os três principais modelos
de produção industrial do século XX: taylorismo, fordismo e toyotismo. Vamos
compreender como se dá a escolha de áreas para a implantação de indústrias e
verificar a distribuição atual dessas áreas pelo mundo. Tendo em vista o avanço
das tecnologias, estudaremos o funcionamento das indústrias atualmente.
No Módulo 13 teremos como foco o processo de industrialização do Brasil.
Depois de apresentar a história da indústria nacional, estudaremos a situação
Dorling Kindersley/Getty Images

atual do parque industrial brasileiro e conheceremos os tipos de indústria que


se destacam no país, bem como sua distribuição no território nacional.
Competências específicas de Ciências Humanas
para o Ensino Fundamental

1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
de forma a exercitar o respeito à diferença em uma socie- identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos
dade plural e promover os direitos humanos. de qualquer natureza.
2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técni- 5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mes-
co-científico-informacional com base nos conhecimentos mo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos
das Ciências Humanas, considerando suas variações de em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços
significado no tempo e no espaço, para intervir em situa- variados.
ções do cotidiano e se posicionar diante de problemas do 6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das
mundo contemporâneo. Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opi-
3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser huma- niões que respeitem e promovam os direitos humanos e a
no na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade
e propondo ideias e ações que contribuam para a trans- e o protagonismo voltados para o bem comum e a cons-
formação espacial, social e cultural, de modo a participar trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
efetivamente das dinâmicas da vida social. 7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de infor-
relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, mação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio
com base nos instrumentos de investigação das Ciências espaço-temporal relacionado a localização, distância, dire-
Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da ção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão.

Competências específicas de Geografia


para o Ensino Fundamental

1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a inte- 5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos
ração sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação para compreender o mundo natural, social,
de investigação e de resolução de problemas. econômico, político e o meio técnico-científico e informacio-
2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimen- nal, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive
to geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técni- tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos
cos para a compreensão das formas como os seres humanos científicos da Geografia.
fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história. 6. Construir argumentos com base em informações geo-
3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão gráficas, debater e defender ideias e pontos de vista que
e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação respeitem e promovam a consciência socioambiental e o
humana e produção do espaço, envolvendo os princípios respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de
de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, qualquer natureza.
localização e ordem. 7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,
4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das lin- responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
guagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros propondo ações sobre as questões socioambientais, com
textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e so-
que envolvam informações geográficas. lidários.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018.

224
MÓDULO
Recursos

10 minerais

1. Próximo ao lugar onde você vive existe exploração de algum recurso mineral?
2. Em caso afirmativo, a atividade emprega muitas máquinas e operários ou é
um trabalho mais rudimentar?
3. Quais são os impactos ambientais gerados por uma mina como o Super Pit,
bem como pelas minerações locais?
4. O que você acha que aconteceu com as rochas que foram retiradas desse
lugar e não foram aproveitadas?

Mina de ouro em Kalgoorlie (Austrália),


conhecida como The Super Pit (O Grande
Poço). A área começou a ser explorada há
mais de um século, por meio de uma série
de minas subterrâneas. Desde 1989 passou
a ser explorada a céu aberto e atualmente
apresenta 3,5 quilômetros de comprimento
por 1,5 quilômetro de largura e 600 metros de
profundidade. Em 2019, a mina produziu 14
toneladas de ouro a partir da mineração de 15
milhões de toneladas de rocha.
imagevixen/Shutterstock

225
Principais elementos formadores de
minerais e rochas na crosta terrestre
As rochas e os minerais que compõem a crosta terrestre são fundamentais para as diver-
sas sociedades humanas, principalmente para as modernas sociedades industriais, pois são
fontes de substâncias utilizadas nos mais variados produtos, como fertilizantes, aço, materiais
cerâmicos e refratários, tintas, vidros, eletroeletrônicos e na indústria da construção civil.
Embora sejam conhecidos milhares de minerais formadores das rochas da crosta terrestre,
99% desses minerais são compostos de uma combinação de apenas oito elementos químicos.
Observe na tabela a seguir o percentual dos principais elementos constituintes da crosta
terrestre e do planeta Terra.

Principais elementos da crosta terrestre


Elementos Crosta Terra
Oxigênio 46,3% 29,5%
Silício 28,2% 15,2%
Alumínio 8,2% 1,1%
Ferro 5,6% 34,6%
Cálcio 4,1% 1,1%
Sódio 2,4% 0,6%
Potássio 2,1% 0,1%
Magnésio 2,3% 12,7%
Fonte: elaborado com base em PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J.; JORDAN, T. H. Para entender a Terra. 4. ed. Tradução de
Rualdo Menegat. Porto Alegre: Artmed, 2006. 656 p. II.

Depósitos minerais e minério


A formação de depósitos minerais, como são denominadas as concentrações de um
mineral num corpo rochoso, deve-se a condições especiais durante os processos geológicos
como o vulcanismo, o metamorfismo, a sedimentação e o intemperismo. Geralmente, os
minerais estão distribuídos de forma dispersa; assim, a ocorrência de um depósito mineral,
principalmente para os elementos menos abundantes na crosta terrestre, é uma situação
pouco comum. São essas ocorrências que os geólogos procuram localizar a partir do ma-
peamento e da pesquisa geológica de uma área.
Após a localização de um depósito mineral, é necessário investigar se os recursos obtidos
com a sua extração compensam os investimentos que devem ser feitos para extraí-lo. Para
isso, é necessário calcular o teor de corte, ou seja, a concentração mínima do mineral ou
do elemento químico encontrado no depósito mineral, que torna sua exploração economi-
camente viável. Quando isso ocorre, a rocha ou mineral é denominada minério.
O valor do teor de corte depende de inúmeros fatores, como o valor atual de mercado, a
disponibilidade de energia, a localização e a dificuldade de sua exploração, além do custo do
transporte. Como a concentração de cada elemento químico na crosta terrestre também é
muito diversificada, os teores variam muito de acordo com o tipo de minério. As minas que
exploram ferro atualmente trabalham com teores médios de 51%, o que leva o minério de
ferro brasileiro a ser considerado de alto teor, uma vez que nossos depósitos apresentam
concentrações de até 67% do minério. Por outro lado, o ouro, metal extremamente raro e

226 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


valioso, apresenta-se em concentrações muito mais baixas quando comparadas ao ferro,
mas, ainda assim, é possível ter uma exploração lucrativa. Em média, as minas de ouro
operam com teores em torno de 0,5 grama por tonelada, ou seja, a concentração do ouro
é de 0,5 grama para cada 1000000 de gramas de rocha ou 0,5 ppm – partes por milhão,
unidade de medida comum no setor mineral.

M.Khebra/Shutterstock

Minakryn Ruslan/Shutterstock
Minério de ferro, minério concentrado e pellets Ouro em veio de quartzo. O ouro é utilizado em
(pelotas feitas do pó do minério) constituem a joias, na medicina, em computadores e até em
principal matéria-prima para a produção do aço. naves espaciais. Apresenta grande importância
no mercado financeiro, uma vez que é facilmente
negociado por outras moedas.

É importante perceber que os valores mudam com o tempo e a situação econômica.


Um depósito mineral pode não ser economicamente viável numa época, por ter um teor
muito baixo, mas sua exploração pode se tornar possível se houver alterações no preço ou
na tecnologia de exploração.

Saiba mais

Mais antigos artefatos de origem mineral


Algumas das mais antigas ferramentas feitas de rochas datam de 2,5 milhões de
anos e foram encontradas no vale do rio Zarqa, na Jordânia, anteriores, portanto, ao
aparecimento do Homo sapiens. De acordo com os pesquisadores, os quase 2 mil
artefatos foram feitos pelo Homo habilis, utilizando o sílex, uma rocha formada por
quartzo microcristalino que, ao ser lascada, produz bordas cortantes.
Durante muito tempo, os artefatos de pedra lascada foram associados ao Paleolí-
tico, e os de pedra polida, ao Neolítico e ao domínio da agricultura. Porém, artefatos
de pedra polida encontrados no Japão, na Austrália e até no Brasil foram datados
com idades mais antigas – mais de 20 mil anos tanto no Japão como na Austrália,
anteriores, portanto, ao Período Neolítico.
Bill Whittaker/Creative Commons

Pontas de lança
encontradas no
Geografia – Módulo 10

sítio de Clovis,
Novo México
(Estados Unidos),
datadas entre
13 e 13,5 mil
anos.

227
Saiba mais
Reprodução/Museu Nacional de Tóquio, Japão.

Machados de
pedra polida
encontrados no
sítio arqueológico
de Kannoki,
Nagano, datados
de 20 000 a.C.,
que se encontram
no Museu Nacional
de Tóquio.

Sepia Times/Universal Images Group/Getty Images


Até recentemente acreditava-se que a técnica da fabricação da
cerâmica, obtida a partir do cozimento de sedimentos argilosos,
também era contemporânea ao domínio da agricultura, mas, em
2012, arqueólogos estadunidenses encontraram no sul da China
fragmentos de um caldeirão datados de 20 mil anos. Os potes ce-
râmicos da cultura Jomon, encontrados no Japão, também estão
entre os mais antigos artefatos cerâmicos.
Com o domínio da agricultura, verificou-se o desenvolvimento
de ferramentas mais resistentes. Seis metais foram usados pelos
povos pré-históricos: ouro, prata, cobre, estanho, chumbo e fer-
ro. O ouro e a prata são naturalmente muito maleáveis e foram
usados inicialmente para artesanato.
Pote da cultura
Jomon, datado de
Album/Fotoarena/Museu Arqueológico Nacional, Sofia, Bulgária.

aproximadamente 12 mil
anos, que se encontra
no Museu Nacional
de História Natural do
Instituto Smithsoniano,
em Washington, D.C.
(Estados Unidos).

Artefatos de ouro encontrados na Necrópole de Varna, no mar Negro, e datados


de 5000 a.C., que se encontram no Museu Arqueológico de Varna (Bulgária).

O cobre, endurecido após martelado, passou a ser usado há cerca de 6 mil anos
para a produção de armas e ferramentas. Porém, foi a descoberta do bronze, liga
metálica obtida pela mistura de cobre e estanho, há 5,5 mil anos, que possibilitou a
produção de ferramentas mais resistentes.

228 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

Reprodução/Museu Britânico, Londres, Inglaterra.


Paralelamente ao de-
senvolvimento da metalur-
gia, a origem da produção
do vidro é cercada de lendas
e incertezas, uma vez que,
para ser obtido, é necessá-
rio que a mistura de sílica,
soda e sal seja submetida a
temperatura muito elevada,
em torno de 1700 °C para
sua fundição. Os primeiros
artefatos de vidro foram en- Vaso encontrado
contrados nas tumbas dos no Egito, datado
de 3 400 anos.
faraós egípcios, datados de
4 mil anos.
No caso dos artefatos de ferro, estima-se que os mais antigos tenham cerca de 7 mil
anos. Eles foram obtidos extraindo-se o metal de meteoritos denominados sideritos.
Posteriormente, a partir de 3000 a.C., verificou-se um aumento do número de artefatos
de ferro com evidências de que a matéria-prima para produzi-los foi extraída da crosta
terrestre e forjados, isto é, aquecidos e martelados até atingirem o formato desejado.
Com o tempo, verificou-se que, ao misturar ferro com carbono, era possível fun-
dir e moldar esse metal; no entanto, ele se mostrava quebradiço. Diversos métodos
foram desenvolvidos em lugares distintos até se chegar ao aço, mais resistente devido
à quantidade de carbono menor que 2%.

Daveleesuk/Shutterstock

Geografia – Módulo 10

A ponte de Coalbrookdale sobre o rio Severn, construída em ferro fundido no início do


século XVIII nos arredores de Birmigham (Reino Unido), foi declarada patrimônio da
humanidade por ser um marco da Revolução Industrial. Foto de 2020.

229
Tipos de exploração mineral

Juca Martins/Olhar Imagem


Um depósito mineral que passa a ser explorado é denomi-
nado mina. A extração mineral realizada de maneira bem sim-
ples, com métodos rudimentares e sem grandes estudos prévios
sobre a mineralização, é conhecida como garimpo. Esse tipo de
extrativismo mineral é comum para ouro, diamante, cassiterita
(mineral de estanho) e esmeralda, podendo produzir grande
quantidade de minério.
A mineração ocorre a céu aberto, quando o minério se encon-
tra próximo à superfície e a quantidade de material a ser remo-
vida é pequena. Esse tipo de exploração apresenta menor custo,
maior facilidade de operação dos equipamentos e da retirada
do minério, além disso, a iluminação natural é outra vantagem.
Porém, o impacto ambiental e os gastos com a recuperação da
área após o término da exploração são maiores. A exploração
também é mais vulnerável às condições meteorológicas.
Mikha AWS/Shutterstock

Garimpo de ouro de Serra Pelada (PA), em 1986. Na


década de 1980, no auge de sua exploração, a mina
chegou a ter 100 mil garimpeiros, até que se formou
um grande buraco inundado, e o garimpo teve de ser
fechado. Oficialmente foram retiradas 45 toneladas
de ouro, mas estima-se que quase o dobro tenha sido
contrabandeado.

Anglo_EF2_7_Cad3_Geo_CA_F012 Caminhão off-road transporta minério em mina a


céu aberto. Os caminhões utilizados pelas grandes
mineradoras são gigantes, com capacidade para até 500
toneladas. Os maiores têm 20 m de comprimento, 8 m de
altura, 10 m de largura. Cada pneu tem 4 m de diâmetro,
1,5 m de largura e pesa 5 toneladas. Na foto, trabalhadores
operam esse tipo de veículo em local de exploração na
Indonésia, em 2020.

Quando o depósito mineral está localizado em profundidade,

Mujahid Safodien/AFP
a opção é escavar túneis por onde o minério será extraído. Nesse
caso, temos uma mina subterrânea, na qual é necessário escorar
o teto e as paredes, equipar com iluminação e ventilação, além
de bombear a água do lençol freático. Os custos de operação de
uma mina subterrânea são mais elevados, e a probabilidade de
acidentes é maior, embora os gastos com a recuperação da área
sejam menores, bem como a influência do tempo e do clima.

Mina subterrânea de platina e paládio em Johanesburgo


(África do Sul), país que se destaca na produção mineral.
As minas modernas utilizam equipamentos de grande
porte e alta tecnologia – algumas delas operam em
profundidades de até 4 km. Esse tipo de exploração é
classificado como indústria extrativa. Foto de 2015.

230 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atividade 1
O ouro é utilizado pela civilização há mais

Albert Russ/Shutterstock
de 6 mil anos na confecção de joias e

Hannes Magerstaedt/Getty Images


adornos. É um metal amarelo, denso e
maleável, forte condutor de eletricidade e
apresenta grande resistência à corrosão.
Com apenas 1 g de ouro é possível
revestir uma lâmina de 1 m ou formar
um fio de 3 km de extensão. Por suas
características, é utilizado na medicina e
em diversos produtos industriais, inclusive
na indústria de alta tecnologia, como na
informática, na telecomunicação e em
naves espaciais.
Seu nome vem do latim aurum, que
significa “aurora reluzente”. Ocorre em
toda a crosta terrestre, mas em baixíssima
Máscara mortuária de ouro maciço de Tutancâmon, o faraó que morreu aos
concentração, em média 5 gramas para 19 anos de idade em 1327 a.C., exposta no Museu do Cairo (Egito), e cristal
cada 1000 toneladas de rocha. de ouro nativo encontrado no estado de Mato Grosso, Brasil.

a. De todas as características citadas, quais tornam esse metal tão valioso? Justifique.

b. De acordo com o texto, a concentração de ouro na crosta é de 5 ppb (partes por bilhão), uma vez que, em mé-
dia, há 5 gramas para cada 1000 toneladas de rocha (1 bilhão de gramas). Na água do mar essa concentração
é ainda mais baixa, 1 grama por 10000 toneladas, o equivalente a 1 quilograma de ouro em quase 10 bilhões
de litros, quantidade de água consumida pela população de uma cidade como São Paulo em dez anos. Diante
do exposto, podemos considerar o ouro presente na água do mar como minério? Justifique.

Produção mineral brasileira Quilate: o peso das pedras


preciosas é calculado em
A grande extensão territorial, a existência de terrenos cristalinos antigos e o clima tro- quilates (ct). Um quilate
pical favorecem a ocorrência de diversos depósitos minerais, colocando nosso país entre corresponde a 200 mg,
os maiores produtores e exportadores do setor. Na verdade, a importância da mineração portanto um grama
corresponde a cinco quilates
na economia brasileira é histórica. Desde o início da colonização, os portugueses buscaram (1 g = 5 ct). Aplicado ao ouro,
encontrar metais e pedras preciosas. Somente no início do século XVIII, no entanto, a desco- entretanto, é uma medida da
berta de ouro e diamante nos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso passou proporção da pureza, e não
Geografia – Módulo 10

de massa, uma vez que o


a atrair muitas pessoas, o que levou à interiorização da ocupação e a grandes mudanças
ouro é muito maleável para
econômicas, sociais e políticas no território brasileiro. ser utilizado na fabricação
Estima-se que em um período de 70 anos, conhecido como “Ciclo da mineração”, o de joias, sendo necessário
Brasil tenha enviado para Portugal mais de 1000 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates misturar outros metais, como
prata, cobre ou paládio.
de pedras preciosas.

231
Atualmente a atividade mineradora ocupa 0,62% do território nacional, mas tem pa-
pel de destaque na pauta de exportações brasileiras, sendo responsável por 23% dos
US$ 224 bilhões de dólares gerados em 2019. Verifica-se, porém, uma produção extremamen-
te concentrada, tanto no tipo de minério como nas empresas que exploram o setor mineral.
A Vale, por exemplo, atua em mais de trinta países e, no Brasil, controla o setor de logística
para a exportação mineral por meio da administração de ferrovias, portos, terminais, navios,
além da produção de energia e siderúrgica.
Observe, nos gráficos a seguir, os principais minérios na pauta de exportações e impor-
tações brasileiras em 2019.

Brasil: principais componentes da pauta de exportações


e importações do setor mineral – 2019 (janeiro a outubro)

Outros 2%

Bauxita 1%

Manganês 2%

Rochas
ornamentais 4%
Ferro
83%

Cobre 8%

Rocha Outros
fosfática 2% 8%

Enxofre
3%
Potássio O destaque nas exportações
Cobre 8% 42%
de minerais metálicos
como o ferro, o cobre
(concentrado) e o manganês
(concentrado) se deve à
existência de terrenos de
rochas cristalinas datadas
entre 2 bilhões e 2,8 bilhões
Carvão de anos. Quanto às
metalúrgico importações, destacam-se
37% o carvão mineral e
fertilizantes como potássio,
enxofre e fosfato.
Fonte: elaborado com base em COMEX/MDIC – SGM/MME. BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Boletim do Setor Mineral.
Brasília, 2019. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/78404/0/BOLETIM+SETOR+MINERAL.pdf/acb1ca8d-b2bd-825c-
03e8-939e87f94682. Acesso em: 8 fev. 2021.

Juntos, Minas Gerais e Pará respondem por quase 90% da produção mineral nacional.
Nesses dois estados se localizam, respectivamente, o Quadrilátero Ferrífero e a Serra dos
Carajás, duas importantes províncias mineralógicas, como são conhecidas as áreas com
grande concentração de diversos tipos de minério. Destaca-se ainda a produção de ferro e
de manganês no Maciço do Urucum, próximo ao município de Corumbá (MS).

232 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


O Brasil também dispõe de grandes depósitos de minerais de alumínio e de nióbio. Esses Brasil: produção
minérios têm sua origem ligada ao processo de laterização, comum em terrenos tropicais. de sal marinho –
O nióbio, metal importante para a produção de ligas metálicas resistentes à corrosão, é 2017
empregado em gasodutos, na indústria aeroespacial, em supercondutores, na indústria 1,5%
eletroeletrônica e em aparelhos ópticos. O Brasil concentra 98% dos depósitos mundiais, 0,1%
3,0%
com o município de Araxá (MG) dispondo do maior complexo minero-industrial de nióbio
do mundo, com reservas estimadas em 400 milhões de toneladas.

Você já estudou

95,4%
A laterização é um processo que ocorre em locais de climas tropicais, onde a água das
chuvas abundantes infiltra no solo, dissolvendo e arrastando os elementos químicos mais
móveis, como o nitrogênio, o fósforo e o potássio, o que resulta em um enriquecimento
Rio Grande do Norte
residual do ferro e do alumínio. Forma-se, então, uma crosta dura, denominada laterita. A
bauxita é o minério de alumínio formado por esse processo. Rio de Janeiro
Ceará
Piauí
Entre os minerais não metálicos, os maiores volumes extraídos são de materiais usados
Fonte: elaborado com base em
na construção civil, como a areia (quartzo), a brita (rocha quebrada em pequenos fragmen- BRASIL. Ministério de Minas e
Energias. Agência Nacional de
tos) e o calcário. Com relação ao sal, importante na alimentação de humanos e animais, Mineração. Sumário Mineral
Brasileiro 2018. Disponível
também usado na indústria química, tem sua principal área de extração nas salinas do em: www.anm.gov.br/dnpm/
litoral setentrional do Rio Grande do Norte, que responde por mais de 90% da produção publicacoes/serie-estatisticas-
e-economia-mineral/sumario-
brasileira. A liderança nacional se deve ao clima tropical semiárido, ao relevo de planície e mineral/pasta-sumario-brasileiro-
mineral-2018/sal_sm_2018.
à incidência dos ventos alísios, que favorecem a evaporação. Acesso em: 8 fev. 2021.
Tales Azzi/Pulsar Imagens

Geografia – Módulo 10

Vista área das salinas de Galinhos (RN), explorada pela maior mineradora de sal do mundo, a alemã K+S AG. Foto de 2017.

233
De acordo com a legislação brasileira, os recursos minerais são propriedade da União União: entidade federal
Federal. Portanto, para a exploração de algum bem mineral, ainda que seja pelo proprietário autônoma em relação aos
da área onde ocorre o depósito, é necessário solicitar autorização da Agência Nacional de estados, dos municípios
e do Distrito Federal.
Mineração (ANM), ligada ao Ministério das Minas e Energia (MME). As competências dessa
entidade são definidas pela
Quadrilátero Ferrífero (MG) Constituição do país.
A região delimitada entre as cidades de Belo Horizonte, Santa Bárbara, Mariana e Con-
gonhas, conhecida como Quadrilátero Ferrífero, destaca -se como a maior produtora de
minério de ferro no Brasil, além da produção de ouro, manganês e bauxita. O minério de
ferro é transportado pela ferrovia Vitória-Minas até o porto de Tubarão, no Espírito Santo,
de onde segue para exportação, e também para as outras regiões do Brasil, abastecendo
as siderúrgicas nacionais.

Quadrilátero Ferrífero (MG): escoamento


da produção de minério de ferro – 2015

MG
Belo ES
Horizonte Belo Horizonte

Sabará
Nova
Santa Bárbara
Lima

Ouro Preto Vitória


Itabirito
Mariana Quadrilátero Central
Congonhas ou Ferrífero

OCEANO
Arqueozoico ATLÂNTICO
Proterozoico
Minério de ferro

N
RJ
O L A região compreendida pelo
Quadrilátero Ferrífero, em
S
SP 0 60 km
detalhe no mapa, contém
Rio de Janeiro 30 bilhões de toneladas de
minério de ferro e responde
Trópico de Capricórnio Capital de estado por quase 60% do minério
Cidade de ferro e 40% da produção
São Paulo
E. F. Vitória-Minas de ouro no Brasil. A maior
E. F. Central do Brasil parte do minério de ferro
43° O tem como destino a China.
Fontes: elaborado com base em ANTT. Mapa da Malha da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Disponível em: http://appweb2.antt.gov.
br/concessaofer/efvm/mapa_efvm.asp; Mapa da MRS Logística S.A. Disponível em: http://appweb2.antt.gov.br/concessaofer/mrs/
mapa_mrs.asp. Acesso em: 8 fev. 2021.

Serra dos Carajás (PA)


A área, em destaque no mapa a seguir, entre os rios Xingu e Araguaia é uma das regiões
mais ricas da Terra em ocorrência de minérios. Há ferro de altíssimo teor, ouro, cobre, man-
ganês, estanho, níquel e bauxita, além de zinco, prata, tungstênio e urânio.
Para a exploração da área, o governo brasileiro criou uma grande infraestrutura com a
construção da hidrelétrica de Tucuruí e da estrada de Ferro Carajás, com quase mil quilômetros,
para levar o minério da Serra dos Carajás (PA) ao porto em São Luís (MA), além de investir em
melhorias no porto, com a construção do terminal Ponta da Madeira ao lado do porto de Itaqui.

234 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Área do projeto Grande Carajás
50° O
Área do Projeto Grande Carajás
Área das jazidas minerais
Capital de estado
OCEANO Cidade
ATLÂNTICO Ferrovia Carajás-Itaqui
Estrada de rodagem
Hidrelétrica de Tucuruí

Equador Macapá

Ilha de
Marajó Belém

m
o A azonas
Ri São Luís

i
rup
Santarém Altamira

Gu
ós
aj

Rio
ap
oT
Ri

Transamazônica A Serra dos Carajás,


(BR 230) Transamazônica
(BR 230)
destacada em amarelo
no mapa, localiza-se no
Rio

Marabá
Imperatriz sudeste do estado do
Xing

ai
Pará, ao sul da cidade de
a

Tocantinópolis
u

Parauapebas gu Marabá. A área do Projeto


Rodovia
a
Ar

Cuiabá-Santarém Xambioá Carajás, com quase


(BR 163) 1 milhão de km , recebeu
Rio

grandes investimentos
Rio Iriri

Conceição do N
ns

estatais a partir dos anos


ocanti

Araguaia
O L 1980. Atualmente, a
oT

S exploração está ligada à


Ri

0 150 km mineradora Vale, privatizada


em 1997.
Fonte: elaborado com base em BARRETO, M. Atlas geográfico. São Paulo: Escala Educacional, 2008.

Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens

A empresa Vale opera o


terminal Ponta da Madeira,
no estado do Maranhão. Na
foto, um navio é abastecido
com minério de ferro. Geografia – Módulo 10

O estado do Pará conta ainda, em sua porção noroeste, com uma importante área pro-
dutora de bauxita em Oriximiná, no rio Trombetas, afluente do rio Amazonas. O beneficia-
mento da bauxita, quando se extrai o alumínio, tem elevado custo econômico e ambiental,
pois consome grande quantidade de energia elétrica e gera um volume considerável de
lama vermelha como rejeito. Estima-se que atualmente a mineração mundial produza 90
milhões de toneladas dessa lama.

235
Impactos ambientais da atividade mineradora
Minérios como a bauxita, o ouro, as pedras preciosas e até mesmo os recursos energé-
ticos, como os combustíveis fósseis e o urânio, que serão estudados no próximo Módulo,
são considerados recursos naturais não renováveis, uma vez que sua oferta é limitada e
o tempo para sua formação é de milhões a bilhões de anos. Assim, sua exploração deve
buscar, obrigatoriamente, formas mais sustentáveis que as atualmente utilizadas.
No Brasil, as minas a céu aberto são a principal forma de exploração mineral. Para
extrair o minério, todo material retirado que não apresenta valor econômico é empilhado
ou armazenado em uma barragem. Quando o recurso mineral é esgotado, restam, como
herança dessa exploração, a paisagem toda modificada, a contaminação da flora, da fauna
e dos recursos hídricos e até a alteração do clima local.
A atividade mineradora também tem gerado muitos conflitos sociais, afetando comu-
nidades e seu modo de vida, seja expulsando os moradores que vivem nas proximidades
da área explorada, seja expondo-os a agentes contaminantes, muitas vezes cancerígenos.
Além disso, as populações tradicionais podem sofrer com doenças trazidas pela maior
concentração de pessoas atraídas pela atividade econômica. Verifica-se, ainda, o avanço
do garimpo e de grandes empresas mineradoras sobre as Terras Indígenas, desencadeando
inúmeros conflitos, como na Reserva do Xingu, nos estados de Mato Grosso e Pará, e em
território dos Yanomami, em Roraima.
O garimpo é uma atividade extrativa mineral definida pela legislação como atividade
rudimentar e manual. No entanto, na prática, muitos agem de forma ilegal e utilizam má-
quinas para o desmonte dos barrancos dos rios a serem garimpados, promovendo a des-
truição da vegetação de suas margens e acelerando a erosão, o que torna os rios barrentos
e assoreados. No caso do garimpo de ouro, a contaminação ambiental é ainda maior, pois,
anualmente, toneladas de mercúrio são despejadas nos rios.
Vista aérea de garimpo
Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fiocruz, com apoio de ouro no município de
do Instituto Socioambiental (ISA), do Laboratório de Química da PUC e da Hutukara Asso- Itaituba (PA). A imagem,
de 2017, mostra o
ciação Yanomami (HAY), demonstrou que é crescente a contaminação por mercúrio entre desmatamento e a água
os indígenas Yanomami. Vale ressaltar que não existem níveis seguros para a contaminação. turva, resultado da
erosão do local.

Nacho Doce/Reuters/Fotoarena

236 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Por que o mercúrio (Hg) do garimpo, representa um
risco para as pessoas que não praticam essa atividade?
Processo de garimpo artesanal A ingestão de peixe contaminado por mercúrio é
a principal fonte de exposição de metilmercúrio
O mercúrio (Hg) é usado para extração O metilmercúrio para humanos, podendo atingir níveis que causam
de ouro no garimpo. é acumulado nos efeitos nocivos à saúde.
microrganismos aquáticos
e concentrado através A exposição ao
da cadeia trófica. As Hg durante a fase
O ouro concentrações mais de formação fetal
amalgamado altas se encontram (gravidez) ou nos
é queimado principalmente nos peixes primeiros anos
para separar carnívoros. de vida pode
ouro de causar déficit no
Hg. O Hg desenvolvimento,
evapora e retardando o
vai para a aprendizado,
atmosfera. déficit de
atenção, cegueira
O Hg que não amalgama com o ouro é e paralisia
jogado no rio. O mercúrio inorgânico cerebral nas
que entra no rio é transformado por crianças.
microrganismo a metilmercúrio.

Fonte: elaborado com base em ELEVADOS níveis de contaminação por mercúrio preocupam comunidade indígena Yanomami. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca. Informe ENSP, 2016. Disponível em: www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/39388. Acesso em: 8 fev. 2021.

Da mesma maneira que o garimpo, a retirada de recursos naturais empregados na constru-


ção civil, como cascalho, areia e argila, resulta em grandes danos ao meio ambiente. O material
é extraído mediante desmonte dos barrancos às margens de rios e lagoas, bem como pela
dragagem dos leitos, provocando grandes alterações e destruição dos ecossistemas.

Atividade 2
A atividade mineradora vem recebendo pressão do movimento ambientalista para o desenvolvimento e a adoção
de novas tecnologias e métodos que garantam um aproveitamento mais sustentável dos recursos naturais,
visando à redução dos impactos socioambientais decorrentes do setor mineral.
Em grupos de três ou quatro alunos, após reflexão sobre o tema, apresentem propostas que visem diminuir os
impactos socioambientais da atividade mineradora.

Geografia – Módulo 10

237
Teste

1. Leia o texto a seguir.

É indiscutível a importância dos bens minerais para a sociedade, uma vez que boa parte das necessidades
básicas de um ser humano é atendida por estes recursos. Estudos e pesquisas já demonstraram que uma
pessoa consome direta ou indiretamente cerca de 10 toneladas/ano de produtos do reino mineral, abrangendo
350 espécies minerais distintas.
SOLÉ, Adriana; TAINÃ, Marcela. Importância do setor mineral para a economia e a relação com a Governança Corporativa. Instituto Minere, 10 out. 2019. Disponível em:
https://institutominere.com.br/blog/importancia-do-setor-mineral-para-a-economia-e-a-relacao-com-a-governanca-corporativa#:~:text=De%20F%C3%A9rias-,Import%C3%
A2ncia%20do%20setor%20mineral%20para%20a%20economia,rela%C3%A7%C3%A3o%20com%20a%20Governan%C3%A7a%20Corporativa&text=%C3%89%20indiscut%
C3%ADvel%20a%20import%C3%A2ncia%20dos,%C3%A9%20atendida%20por%20estes%20recursos. Acesso em: 8 fev. 2021.

Leia as afirmativas sobre a atividade mineradora. Em seguida, assinale a alternativa correta.


I. A extração de minérios, seja em um simples garimpo, seja nas minas modernas que utilizam avançadas
tecnologias, é uma atividade exclusiva do setor primário.
II. As minas a céu aberto têm custos mais baixos para o aproveitamento do minério, mas despendem mais
recursos para a recuperação da área explorada.
III. As minas subterrâneas não são fontes de poluição, uma vez que sua atividade se desenvolve no subsolo.
Estão corretas:

a
a. Apenas I e II.
b. Apenas I e III.

c. Apenas II.
d. Todas estão corretas.

2. (Uece) Atente para o seguinte excerto:

“A paisagem verde de Minas Gerais é pontilhada por enormes lacunas de ocre intenso que a mineração escava
na terra e por depósitos descomunais para colocar os resíduos que essa atividade gera. O colapso de uma dessas
barragens em Brumadinho matou 235 pessoas. Outras 35 também devoradas em segundos pela avalanche de
rejeitos continuam desaparecidas. A Vale, empresa proprietária da mina e uma das maiores multinacionais
brasileiras, é reincidente. A tragédia provocou uma grande onda de indignação popular que levou a algumas
poucas mudanças, mas o medo de que se repita está muito presente”.
GORTÁZAR, Naiara Galarraga. A maldição das minas no Brasil: entre o medo do desemprego e o fantasma da impunidade. El País. 5 maio
2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/04/politica/1556925352_146651.html. Acesso em: 8 fev. 2021.

Considerando o texto acima, é correto afirmar que:


a. nem empresas privadas nem o poder público podem dar respostas para questões ambientais ocorridas com
o rompimento de barragens como a de Brumadinho, pois a mineração é um tipo de atividade econômica
que tende a causar acidentes graves, mesmo que todos os cuidados ambientais sejam tomados.
b. o acidente foi um choque para a Vale, pois a empresa acabara de corrigir os estragos causados pelo rompi-
mento da barragem de Fundão, em 2015.

·
c. apesar de haver lentidão na recuperação do ambiente atingido pelo desastre ambiental, as consequências
não são graves, pois o acidente não trouxe problemas para as pessoas ali residentes.
d. a barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho usava o método mais simples e mais barato de armaze-
namento de rejeitos, por isso, o considerado menos seguro e mais propenso a acidentes.

238 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Em casa
1. Faça uma pesquisa sobre os minerais presentes em cada elemento utilizado na construção da sua residência e
relacionados a seguir. Na maior parte deles, mais de um elemento é utilizado.

Fonte: elaborado com base em MINEROPAR. Disponível em: http://www.documentador.pr.gov.br/documentador/pub.do?action=d&uuid=@gtf-escriba-minerop@


f306ba32-6cac-4b82-9535-8b7d9f4dddae. Acesso em: 8 fev. 2021.

Elemento construtivo Principais substâncias minerais utilizadas


1) tijolos e telhas

2) bloco

3) fiação elétrica

4) lâmpada

5) fundações de concreto

6) ferragens
Geografia – Módulo 10

7) vidro

8) louça sanitária e azulejo

9) piso cerâmico

10) pintura – tinta

239
11) caixa-d'água

12) pias

13) encanamento metálico

14) encanamento PVC

15) impermeabilizante – betume

16) forro de gesso

17) esquadrias

18) piso pedra

19) calha

2. Observe as imagens.

Gustavo Basso/NurPhoto/Getty Images

Cadu Rolim/Fotoarena
Área do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), Depósito de lama de rejeito de minério após o rompimento
atingido pelo mar de lama gerado pelo rompimento da da barragem de Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, que
barragem do Fundão, que deixou 18 mortos e 1 desaparecido deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.
em novembro de 2015.

As imagens mostram duas localidades situadas no Quadrilátero Ferrífero que foram afetadas pelo rompimento
de barragens de rejeito de minério, nos que são considerados os maiores acidentes ambientais no Brasil. Embora
relativamente próximas, elas afetaram bacias hidrográficas distintas.
a. Com a ajuda de um atlas, localize os munícipios citados e identifique as bacias hidrográficas afetadas, res-
pectivamente, pelos dois rompimentos, bem como o divisor de águas entre elas.
b. Faça uma pesquisa na internet sobre os dois rompimentos e, em seguida, escreva um pequeno texto, iden-
tificando as empresas envolvidas, as causas e as principais consequências dos dois acidentes.

TC ON-LINE: Faça os exercícios extras disponíveis no Plurall.

240 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


MÓDULO
Recursos

11 energéticos

Atualmente o petróleo é a principal


fonte de geração de energia no
mundo. Na foto, extração de
petróleo em Midland, no estado do
Texas (Estados Unidos), em 2019.

1. Você sabe desde quando o ser


humano usa o petróleo como uma
de suas principais fontes de energia?
2. Você sabe quais são os problemas
causados pela ampla utilização
do petróleo?
3. Quais outras fontes de energia
você conhece?
Jessica Lutz/Reuters/Fotoarena

241
O carvão mineral
Os combustíveis fósseis, como o carvão mineral, o petróleo e o gás natural, são forma-
dos a partir de processos naturais de decomposição de matéria orgânica, sob condições
específicas de temperatura e pressão. Esses materiais apresentam alta concentração de car-
bono e, por isso, são utilizados para combustão. A queima desses combustíveis libera gases
poluentes. Além disso, são considerados recursos esgotáveis, ou seja, são encontrados em
quantidade limitada no planeta, sendo inviável a sua reposição no tempo de vida humano.
O carvão mineral utilizado atualmente foi formado pela sedimentação de material
orgânico, como troncos e folhas de árvores, em áreas pantanosas – ambiente subaquático
(anaeróbico), com soterramento progressivo, em um processo que durou milhões de anos,
desde o Período Carbonífero.
A qualidade do carvão mineral varia conforme sua capacidade de produzir calor, o que
está relacionado ao processo de formação e à quantidade de carbono que possui. Observe
a figura a seguir, que mostra o processo de formação do carvão mineral.

Processo de formação do carvão mineral


SOTERRAMENTO

SOTERRAMENTO

SOTERRAMENTO
Pântano

Fonte: elaborado com base em


TURFA LINHITO HULHA ANTRACITO PEDROSA-SOARES, Antônio
Carlos; VOLL, Eliane; CUNHA,
Edson Campos (coord.).
TEMPO, PRESSÃO E TEMPERATURA Recursos minerais de Minas
Gerais On-Line: síntese do
conhecimento sobre as riquezas
minerais, história geológica, e
TEOR DE CARBONO meio ambiente e mineração de
Minas Gerais. Belo Horizonte:
Companhia de Desenvolvimento
de Minas Gerais (CODEMGE),
QUANTIDADE DE ÁGUA 2018. Disponível em: http://
recursomineralmg.codemge.
com.br/. Acesso em: 8 fev. 2021.

Tipos de carvão
Composição Turfa Linhito Hulha Antracito
Carbono 55% a 60% 65% a 75% 80% a 85% 90% ou mais

Hidrogênio 5% 5% 4,5% a 5,5% 3% a 4%

Oxigênio 32% 16% a 25% 12% a 21% 4% a 5%

Quanto maior o tempo, a pressão e a temperatura, menor a quantidade de água presente no carvão e
maior o seu teor de carbono.

242 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Trata-se do combustível fóssil com maior disponibilidade no planeta. Mesmo assim, é
considerado uma fonte de energia não renovável, pois sua quantidade é limitada, e seu
consumo, elevado. Ele também é o mais poluente, gerando impactos ambientais em seu
processo de extração e novamente durante sua queima. Na extração, a reação de subs-
tâncias do carvão com o ar e a água pode contaminar o solo e o lençol freático. Já em sua
queima, são liberados gases como o enxofre (S), o metano (CH4), o nitrogênio (N) e o dióxido
de carbono (CO2), que contribuem para o agravamento do efeito estufa, além de poluir a
atmosfera. As maiores reservas mundiais se encontram nos Estados Unidos e na Rússia.

Biomassa: material de
Carvão mineral e carvão vegetal origem orgânica que pode
ser diretamente queimado ou
É importante não confundir carvão mineral com carvão vegetal. convertido em combustível.
Trata-se de uma das mais
O carvão vegetal é aquele produzido pelo ser humano e usado em churrasqueiras, por antigas fontes de energia
exemplo, fruto da carbonização (combustão parcial) da biomassa da madeira. O carvão mineral, utilizadas pelo ser humano,
por sua vez, é encontrado em áreas sedimentares, fruto da transformação de antigas reservas tendo na madeira seu
principal componente.
florestais (matéria orgânica) ao longo de milhões de anos.

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens


Trabalhador na entrada de forno de barro, na região de Alto Jequitinhonha, onde é produzido carvão
vegetal com madeira de eucalipto para a indústria de ferro-gusa. Turmalina (MG), em foto de 2018.

Fontes de energia anteriores ao uso do


Geografia – Módulo 11

carvão mineral
Na pré-história o domínio do fogo a partir da queima da madeira trouxe a possibilidade
de gerar calor e iluminação artificial, descoberta que possibilitou importantes transforma-
ções na vida e no trabalho dos seres humanos.

243
Durante muitos anos, a força humana foi a principal fonte de energia para as atividades
realizadas. Com a revolução agrícola, o ser humano passou a utilizar força animal e aprendeu
a gerar energia utilizando os ventos e a água.
Reprodução/Museu Paulista da USP, São Paulo, SP

Moagem de cana – Fazenda


Cachoeira, 1830, de
Benedito Calixto de Jesus,
Campinas, sem data (óleo
sobre tela, policromia,
136 cm 3 105 cm). A
imagem retrata o uso da
força animal para realizar a
moagem da cana-de-açúcar
no Brasil, em 1830.

Na Antiguidade, os ventos foram utilizados por egípcios, fenícios e romanos para navega-
ções. Já no Império Romano, era a lenha que participava da produção de armas; enquanto
isso, na China, eram desenvolvidas tecnologias hidráulicas e moinhos de vento para moer
grãos e bombear água para irrigação.
Essas tecnologias chegaram à Europa no século XIII e passaram a ser empregadas na
produção de tecidos e na metalurgia. No século XVIII, com o aprimoramento das técnicas
de aproveitamento do vapor para a geração de energia, o carvão mineral substituiu a le-
nha (carvão vegetal), passou a ser utilizado em larga escala e se tornou o principal recurso
energético do mundo.
Stefan Ziese/akg-images/Album/Fotoarena

Borgmühle, um moinho de
água construído em 1406
em Lüdinghausen, distrito
de Coesfeld, em Renânia do
Norte-Vestfália (Alemanha).

244 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


O carvão mineral e a Revolução Industrial
A máquina a vapor, movida a carvão mineral, foi responsável por uma transformação
no modelo de produção que impactou a economia e o modo de vida em todo o mundo,
mudando a relação das sociedades tanto com o trabalho como com o consumo, o que fez
surgir grandes aglomerações urbanas.
Foi a partir do domínio da tecnologia e das fartas reservas de carvão mineral que a Ingla-
terra liderou a Revolução Industrial, em meados do século XVIII, e se tornou a primeira nação
industrializada do mundo. No século XIX, outros países desenvolveram suas indústrias, casos
dos Estados Unidos e da Alemanha, nações que possuíam grandes reservas desse recurso.
Esse período foi central para que esses países se estabelecessem na economia global
e garantissem seu poder geopolítico no novo cenário mundial. Até hoje os países menos
industrializados e de industrialização tardia têm economias dependentes de produtos pri-
mários e de tecnologias estrangeiras.

A importância do carvão mineral


atualmente
Apesar de ter sido muito importante para a primeira fase da Revolução Industrial, o
uso do carvão diminuiu com a adoção do petróleo como principal fonte de energia, tendo
apresentado uma ligeira recuperação após a crise do petróleo na década de 1970.
Atualmente, o carvão representa cerca de 27% da energia consumida no mundo, apa-
recendo como a segunda principal fonte de energia, atrás apenas do petróleo e de seus
derivados, como mostra o gráfico a seguir. Ainda assim, de acordo com a Agência Interna-
cional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o carvão ainda é a principal fonte para geração
de energia elétrica no mundo.

Mundo: matriz energética – 2018


(EPE). Disponível em: www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica- Matriz energética e
Fonte: elaborado com base em EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA

matriz elétrica
Hidráulica Outros
2,5% 2,0% A matriz energética
representa todas as
Nuclear fontes de energia
4,9% utilizadas por um país
ou por um conjunto
Biomassa Petróleo e de países, ao passo
9,3% derivados que a matriz elétrica
31,5% retrata apenas as fontes
utilizadas na geração
de energia elétrica. Ou
e-eletrica. Acesso em: 8 fev. 2021.

Gás natural seja, a matriz elétrica


22,8% representa parte da
matriz energética.
Carvão
26,9% Geografia – Módulo 11

A China é responsável por quase metade da produção mundial de carvão mineral, se-
guida dos Estados Unidos e da União Europeia, enquanto a Austrália é a maior exportadora.

245
O gráfico a seguir mostra a produção de carvão por região, em 2018, e projeções até
2040, que consideram tanto o cenário atual como aquele em que existe adoção de práticas
de desenvolvimento sustentável. Observe as diferenças das projeções para os próximos anos.

Mundo: produção de carvão por região e cenário – 2018-2040*


Milhões de toneladas

Fonte: elaborado com base em IEA. Coal production by region and scenario,
Políticas atuais Desenvolvimento sustentável
6 000

2018-2040. Disponível em: www.iea.org/data-and-statistics/charts/coal-


production-by-region-and-scenario-2018-2040. Acesso em: 8 fev. 2021.
5 000

4 000

3 000

2 000

1 000

0
2018 2030 2040 2018 2030 2040
América do Norte América Central e do Sul Ásia Central e Setentrional
Europa África Leste e Sudeste da Ásia e Oceania

*Projeção

Usinas termelétricas
Além de matéria-prima nas siderúrgicas, o carvão mineral é utilizado para geração
de energia nas usinas termelétricas. As termelétricas são usinas de produção de energia
elétrica a partir do calor gerado pela queima de algum combustível, que pode ser fóssil
(carvão mineral, petróleo e gás natural), proveniente de biomassa ou por meio de uma
reação nuclear do urânio.
Seu funcionamento consiste no aquecimento de reservatório de água a partir da queima
do combustível, fazendo com que o vapor mova as pás de turbinas, ligadas aos geradores
de energia, como ilustra o esquema a seguir.
Usina termelétrica que utiliza carvão mineral: perfil esquemático
Disponível em: www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/

Vapor Turbina
atlas_par3_cap9.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021.
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Aneel).
Fonte: elaborado com base em AGÊNCIA

Gerador
Carvão mineral
Transformador

Esteira
Boiler
Condensador
Rio/Reservatório
Água para refrigeração

246 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


O carvão mineral é muito utilizado nas termelétricas por ser uma fonte com elevada
disponibilidade e financeiramente mais acessível que o petróleo, por exemplo – apesar
de a construção das usinas apresentar custo elevado. A pequena área necessária para a
instalação da usina, aliada à alta produtividade, também são pontos positivos nessa forma
de geração de energia.

Mario Proenca/Bloomberg/Getty Images


Usina termelétrica
em Sines (Portugal),
em 2013.

É importante destacar que a energia termelétrica não é considerada limpa, pois a queima
dos combustíveis fósseis libera gases poluentes. Além disso, os combustíveis fósseis são
fontes não renováveis, e o processo de geração de energia por termelétricas utiliza grande
quantidade de água, outro recurso que tem se tornado escasso.

Uso do carvão mineral no Brasil


Brasil: áreas carboníferas – 2019
O Brasil concentra 50º O

cerca de 1% das reservas


MG
mundiais de carvão mine- MS

ral, localizadas principal-


SP
mente no Rio Grande do RJ
Trópico de Capricórnio
Sul e em Santa Catarina,
PARAGUAI
estados responsáveis por PARANÁ
praticamente toda a pro- Curitiba

dução nacional.
SANTA
CATARINA
Florianópolis

OCEANO
ARGENTINA RIO GRANDE ATLÂNTICO
DO SUL
Porto Alegre
Geografia – Módulo 11

URUGUAI
N
Fonte: elaborado com Capital de estado
base em SIMIELLI, Predomínio de O L
Maria Elena Ramos. rochas sedimentares
Geoatlas. São Paulo: S
Ática, 2019. p. 117. Áreas carboníferas 0 195 km

247
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
A jazida de
Candiota, no Rio
Grande do Sul, é
a maior reserva de
carvão do Brasil.
Foto de 2020.

O carvão produzido é utilizado na geração de energia pelas usinas termelétricas, que é


empregada no abastecimento de indústrias e serve de reserva para casos de crises ener-
géticas. Ainda assim, seu uso para geração de energia no país é baixo, como podemos
observar no gráfico a seguir.

Brasil: matriz elétrica – 2019

Petróleo e
Nuclear derivados
2,5% 2,0%
Carvão

Fonte: elaborado com base em EPE. Disponível em: www.epe.gov.br/


pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 8 fev. 2021.
3,3%

Biomassa
8,4%

Gás natural
9,3%

Solar e eólica Hidráulica


9,6% 64,9%

A partir da década de 1970, com o aumento do preço do petróleo no mundo, o Brasil


instituiu programas de pesquisa para descobrir novas reservas de carvão. Contudo, o país
não conta com extensas jazidas, e o carvão disponível é de qualidade inferior, ou seja, seu
teor calorífico não é alto. Além disso, o elevado nível de impurezas obriga ao desligamento
mais frequente dos alto-fornos para limpeza, reduzindo a produtividade. Por isso, o país
recorre à importação de carvão com concentração de carbono mais elevada.

248 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

Energia nuclear
Historicamente, a energia nuclear tem sido muito utilizada em países europeus, onde
atualmente é a segunda maior fonte utilizada para a geração de eletricidade, atrás das fontes
renováveis.
Entre os benefícios de seu uso está o custo da matéria-prima, quando comparado com o
petróleo, que apresenta grande variação no preço ao longo do tempo. Outra vantagem é o
pequeno volume necessário de minério radioativo para a produção de uma grande quantidade
de energia, quando comparado a outras fontes. Do ponto de vista ambiental, trata-se de um
combustível não poluente, evitando o agravamento do efeito estufa e a formação de chuvas
ácidas. Além disso, é considerada uma fonte eficiente, pois foi cientificamente pesquisada
em todo o seu ciclo, podendo contribuir para a redução do déficit comercial e o aumento da
competitividade entre os países.
Contudo, a construção de usinas nucleares é polêmica, uma vez que demanda grandes
investimentos e alta tecnologia, geralmente restrita aos países ricos. Outro fator diz respeito
à segurança: apesar de todos os mecanismos criados para evitar desastres que venham a
lançar radiação na atmosfera, a operação dessas usinas está sujeita a problemas causados,
por exemplo, por falhas humanas, sabotagens e defeitos de ordem técnica.
Além disso, apesar de o combustível nuclear não ser poluente para o ar ou para a água, os
resíduos radioativos dos minérios utilizados como fonte de energia (geralmente o Urânio)
podem contaminar o ambiente (solo, rios e mares) se não forem tratados e armazenados
de maneira correta.
No Brasil existem duas usinas nucleares, Angra I e II, em operação, além de uma terceira Vista aérea das usinas
(Angra III) em construção, todas no município de Angra dos Reis (RJ). Atualmente, são Angra I e II na praia de
responsáveis por parte significativa do total de energia elétrica consumida no estado do Rio Itaorna, no município de
Angra dos Reis (RJ),
de Janeiro, ainda que representem menos de 3% da matriz elétrica brasileira. em 2019.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

Geografia – Módulo 11

249
Atividade 1

O gráfico a seguir, intitulado “Mundo: matriz elétrica — 2018”, mostra que quase 40% da energia elétrica mundial
é gerada pela queima de carvão mineral. Com base nos seus conhecimentos e nas discussões sobre fontes energéticas,
responda às questões sobre o predomínio do uso do carvão mineral para geração de energia elétrica.

Mundo: matriz elétrica – 2018


Solar, eólica,

Fonte: elaborado com base em EPE. Disponível em: www.epe.gov.br/


geotérmica, maré
Biomassa

pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 8 fev. 2021.


e outros 7,3%
2,4%

Petróleo e
derivados
2,9%

Nuclear
10,1% Carvão
38,0%

Hidráulica
16,2%

Gás natural
23,0%

-
a. O carvão mineral pode ser considerado uma fonte de energia limpa? Por quê?
Não .
de polui na
extragad e para usale e
preciou queiman

b. O carvão mineral não é o único recurso que pode alimentar as usinas termelétricas, mas é o mais utilizado atu-
almente. Por quê? Cite outros recursos naturais que também são utilizados como matéria-prima para geração
de energia elétrica.
Pos
que
ele e o mais banata
produti de, Biomassa
, petralia, gai natural e ananio

c. Compare o gráfico que mostra a matriz elétrica mundial (acima) com o da matriz energética mundial, na página
245 e explique a diferença na participação do carvão nas duas matrizes.

-
250 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO
d. Qual é a participação da energia nuclear nas duas matrizes? Comente as vantagens e as desvantagens de seu uso.
Matric
Matriz Energetica
Eletrica :

10, 1 %

Petróleo e gás natural


O petróleo e o gás natural são combustíveis fósseis formados pelo soterramento e pela
decomposição de matéria orgânica, como restos de animais e vegetais (plâncton em sua
maioria), depositados no fundo de mares. Ambos são fontes de energia não renováveis.

Formação de petróleo e gás natural

Tempo 1: Milhões de anos atrás


Pequenas plantas marinhas e matéria animal se depositam no fundo
do mar e são incorporadas à lama.

Fonte: elaborado com base em HOW are oil & gas formed? Wyoming State Geological Survey. Disponível em:
https://www.wsgs.wyo.gov/energy/oil-gas-resources.aspx. Acesso em: 8 fev. 2021.

Tempo 2: Alguns milhões de anos depois


Com o tempo, a matéria orgânica é enterrada sob mais sedimentos.
O aumento da pressão e da temperatura converte essa matéria em
petróleo e gás natural.

matéria orgânica
enterrada convertida em
petróleo e gás natural

Tempo 3: Dias atuais


Perfuração e produção de petróleo e gás natural.
Geografia – Módulo 11

óleo e gás natural


migraram da rocha
geradora para
rocha de origem reservatórios

251
A partir da segunda metade do século XIX, o petróleo foi ganhando espaço, substituindo
o carvão mineral, e se estabeleceu como principal fonte de energia mundial na atualidade.
Observe o gráfico a seguir.

Mundo: consumo por fonte de energia (%) – 1800-2019

bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-review-of-world-energy.
%

Fontes: elaborado com base em SMIL, Vaclav (2017). Energy Transitions: Global

updated-edition/; BP Statistical Review of World Energy. Disponível em: www.


Biocombustíveis

and National Perspectives. Disponível em: http://vaclavsmil.com/2016/12/14/


100 modernos

energy-transitions-global-and-national-perspectives-second-expanded-and-
Outras renováveis
Solar
80
Eólica
Hidráulica
60 Nuclear
Gás natural
Petróleo
40

20 Carvão mineral

html. Acesso 8 fev. 2021.


Biomassa
0
1800 1850 1900 1950 2000 2019 Ano

O petróleo já era conhecido desde a Antiguidade, mas apenas no século XIX foi de-
senvolvido seu processo de refinação, permitindo seu uso em larga escala. Esse período
é conhecido como Segunda Revolução Industrial, momento em que a industrialização se
expandiu para outros países e o carvão foi substituído pelo petróleo, mais eficiente. A nova
fonte de energia e outras tecnologias permitiram a automação do trabalho e a produção em
massa, o que teve mais impacto para as formas de trabalho e consumo. As transformações
do período também estimularam a expansão das redes de transporte, para o escoamento
da produção.
O gás natural também já era conhecido e utilizado por algumas civilizações para manu-
tenção do fogo, mas apenas no final do século XIX foi desenvolvida a tecnologia para seu
aproveitamento como fonte de energia. Em meados do século XX, após a Segunda Guerra
Mundial, novas tecnologias facilitaram a expansão do transporte de gás por meio de gaso-
dutos, permitindo seu uso em larga escala na produção de energia elétrica.

Produção e uso de petróleo


e gás natural atualmente
O petróleo, além de ser utilizado na produção de energia, com destaque para o setor
de transporte, é matéria-prima para muitos produtos que fazem parte do cotidiano, como
plástico, borracha e tintas. A gasolina e o óleo diesel, utilizados como combustível para
veículos automotores, são derivados do petróleo. A popularização dos automóveis também
significou uma alta na demanda de combustível.

252 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Os combustíveis derivados do petróleo são extremamentes poluentes, pois em sua
combustão são liberados gases como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). Ambos in-
tensificam o efeito estufa e causam poluição atmosférica. Outro risco para o meio ambiente
são os vazamentos do petróleo, que podem ocorrer em plataformas marítimas, poluindo
as águas oceânicas e as praias e, consequentemente, levando à morte inúmeras espécies
animais e vegetais.

Sergio Pedreira/Pulsar Imagens


Em 2019, o litoral do Nordeste brasileiro foi atingido por um vazamento de petróleo que se espalhou por
diversas praias, mangues e áreas de proteção, matando animais e contaminando as águas. A origem do
óleo não foi identificada. Salvador (BA), em 2019.

As maiores jazidas de petróleo do mundo estão localizadas no Oriente Médio, onde


também se encontra a área de maior produção no mundo, o que contribui para os conflitos
na região. Outros importantes produtores são Estados Unidos, Rússia e China. Na América
Latina, destaca-se a Venezuela, como podemos observar no mapa a seguir.

Mundo: produção de petróleo – 2016



OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro:
CANADÁ RÚSSIA

CHINA
ESTADOS OCEANO IRAQUE
UNIDOS KUWAIT
Trópico de Câncer ATLÂNTICO IRÃ

EMIRADOS
OCEANO MÉXICO VENEZUELA
PACÍFICO
NIGÉRIA ARÁBIA ÁRABES
Produção de petróleo

Equador SAUDITA UNIDOS
(mil barris/dia) OCEANO
de Greenwich

12 354 12 349 ÍNDICO


Trópico de Capricórnio BRASIL
11 227
diano
Meri

Círculo Polar Antártico


OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

4 600 4 465 4 460


Geografia – Módulo 11

4 073 3 999 Produção (mil barris/dia)


3 151 De 100 a 1 000
2 605 N
IBGE, 2018. p. 68.

De 1 000 a 2 000
O L
De 2 000 a 5 000
S
0 2 350 km De 5 000 a 12 354
ESTADOS ARÁBIA RÚSSIA IRÃ IRAQUE CANADÁ EMIRADOS CHINA KUWAIT BRASIL
UNIDOS SAUDITA ÁRABES
UNIDOS

253
Reserva e produção de petróleo
Cuidado para não confundir os dois termos. Enquanto reserva de petróleo se refere às
reservas naturais de determinado país ou região, exploradas ou não, a produção de petróleo
é o dado que apresenta a quantidade efetivamente extraída do recurso.
Segundo dados da Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), a Venezuela é o país
com as maiores reservas do mundo, entretanto isso não se reflete na exploração do recurso
nem na riqueza do país.
Dependendo de fatores naturais, os custos de extração do petróleo podem ser bastante
elevados, inviabilizando a exploração de algumas reservas.

Atualmente, a principal utilização do gás natural é a geração de eletricidade, em um


processo que, apesar de menos poluente se comparado ao petróleo e ao carvão mineral,
ainda contribui para o agravamento do efeito estufa. Ele também pode ser empregado no
aquecimento de ambientes e da água, principalmente em países em que o inverno é bas-
tante rigoroso. Outro uso para o gás natural é como combustível de veículos automotores,
sendo comercialmente conhecido como Gás Natural Veicular (GNV).
Destacam-se como principais produtores de gás natural os Estados Unidos e a Rússia,
como mostra a lista a seguir, dos maiores produtores de gás natural em 2017.

Mundo: produção de gás natural – 2017

Ranking País Produção (milhões de m /d)

1 Estados Unidos 2012,4

2 Rússia 1741,3

3 Irã 613,4

4 Canadá 483,0

5 Catar 481,4

6 China 408,8

7 Noruega 337,6

8 Austrália 310,9

9 Arábia Saudita 305,3

10 Argélia 250,0

20 Brasil 109,9

Fonte: elaborado com base em BP Statistical Review of World Energy 2018. Disponível em: https://www.bp.com/content/dam/bp/
business-sites/en/global/corporate/pdfs/energy-economics/statistical-review/bp-stats-review-2018-full-report.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021.

254 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

O caminho percorrido pelo petróleo e pelo gás natural


Após a extração, por meio de perfurações em campos marítimos ou terrestres, o petróleo é
transportado em navios petroleiros ou via oleodutos para as refinarias, onde passa por processos
que o transformam em seus derivados, como diferentes tipos de combustível e de óleo. Em
seguida, os combustíveis e os óleos são distribuídos por trens e caminhões às indústrias, aos
postos de combustível e às usinas termelétricas.
O gás natural, por sua vez, viaja por gasodutos desde os campos de produção até as unidades
de processamento e, então, novamente em gasodutos ou em navios, chega aos consumidores
nas indústrias, nas usinas termelétricas, em postos de combustível e nas residências.

O caminho da gasolina. Brasil, 2015 (2 min 46 s). Disponível em: https://youtu.be/A03_6WezYkQ.


Vídeo institucional da Petrobras que mostra como é feita a extração, o refino e a distribuição da gasolina no Brasil.

O caminho do gás natural. Brasil, 2015 (2 min 46 s). Disponível em: https://youtu.be/Y_CuYA_Pj8g.
Vídeo institucional da Petrobras que mostra como é feita a extração, o refino e a distribuição do gás natural no Brasil.
Acesso em: 8 fev. 2021.

Produção e uso de petróleo


e gás natural no Brasil
Calcula-se que o setor de petróleo e gás natural responda por cerca de 13% do Produ-
to Interno Bruto (PIB) brasileiro, o que denota a importância dessa produção para o país.
Juntos, correspondem praticamente a 50% da matriz energética brasileira, como é possível
observar no gráfico a seguir.

Brasil: matriz energética – 2017


Fonte: elaborado com base em EPE. Disponível em: www.epe.gov.br/pt/

Nuclear Outras não


1,4% renováveis
abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 8 fev. 2021.

0,6%
Lixívia e outras
renováveis Carvão
5,9% 5,7%
Lenha e carvão
vegetal
8,0%
Petróleo e
derivados
Hidráulica 36,4%
12,0%
Geografia – Módulo 11

Biomassa
Gás natural
17,0%
13,0%

255
Atividade 2
Compare a matriz energética brasileira (gráfico da Mundo: matriz energética – 2018
página anterior) com a matriz energética mundial Hidráulica
(ao lado) e responda ao que se pede. Outros

Fonte: elaborado com base em EPE. Disponível


2,5%

energetica-e-eletrica. Acesso em: 8 fev. 2021.


2,0%

em: www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-
a. Qual matriz tem maior porcentagem de fontes Nuclear
4,9%
de energia renovável? Explique. Petróleo e
derivados
Biomassa
31,5%
9,3%
Gás natural
22,8%
Carvão
26,9%

b. Quais são as consequências da composição da matriz energética brasileira?

As principais áreas produtoras no Brasil estão no litoral das regiões Nordeste e Sudeste, com destaque para a
bacia de Campos, que ocupa parte da costa dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Brasil: bacias sedimentares e províncias produtoras


de óleo e gás — início do século XXI
50º O
Foz do OCEANO
Tacutu

minerais energéticos: petróleo. In: BIZZI, L. A. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil.
CPRM. Brasília, 2003. Disponível em: www.cprm.gov.br/publique/media/recursos_minerais/livro_
Amazonas ATLÂNTICO

Fonte: elaborado com base em MILANI, Edison José; ARAÚJO, Laury Medeiros de. Recursos
Pará-Maranhão
Equador Barreirinhas 0º
Marajó
Ceará

Solimões Amazonas
Potiguar

Parnaíba
Paraíba
Jatobá Pernambuco
Acre
Tucano
Sergipe-Alagoas
Parecis
Recôncavo Jacuípe
Camamu
Almada
geo_tec_rm/capX_a.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021.

São Jequitinhonha
Francisco Cumuruxatiba
Mucuri
OCEANO
Espírito Santo
PACÍFICO
Paraná
órnio
de Capric Campos
Trópico

Santos
N

O L
Bacias sedimentares brasileiras
S
Províncias produtoras Pelotas
0 390 km

256 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


A descoberta de grandes reservas de petróleo na camada pré-sal, como veremos a
seguir, levou o governo a declarar que o Brasil tinha se tornado autossuficiente em petró-
leo. Contudo, o país continua importando o recurso. Isso porque, apesar de a quantidade
de petróleo produzida ser suficiente para abastecer nosso consumo interno, cada tipo de
petróleo tem qualidades distintas, sendo necessário importar o chamado petróleo “leve”
para que seja misturado ao petróleo “pesado” nacional e processado nas diferentes refi-
narias brasileiras. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2020
o Brasil produziu mais de 3 milhões de barris/dia, exportou cerca de 1,4 milhão de barris/
dia e importou 0,17 milhão de barris/dia.
O gás natural é, principalmente, importado da Bolívia por meio de gasodutos. Quando
importado de outros países, ele é submetido a uma temperatura de 2162 °C, tornando-o
líquido, o que permite seu transporte por navios, uma vez que seu volume é reduzido em
600 vezes em comparação com o gás. Ao chegar ao Brasil, o produto é regaseificado nos
terminais portuários e distribuído às refinarias. Além disso, o crescimento no uso de fontes
de energia renováveis e o aumento da produção do pré-sal contribuem para a queda na
importação. No mapa estão representados os gasodutos de transporte, que são os que
levam o gás natural já processado até os consumidores.

Brasil: gasodutos – 2019


50º O

Boa Vista OCEANO


ATLÂNTICO
AP
RR

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural
Macapá

e Biocombustíveis. Anuário estatístico 2020. Disponível em: www.anp.gov.br/arquivos/central-conteudos/anuario-


Equador 0º

Belém São Luís


Manaus Fortaleza
Teresina
PA
AM MA CE
RN Natal

PI PB João Pessoa
PE Recife
AC Porto Palmas
AL Maceió
Rio Velho
TO SE
Branco

estatistico/2020/anuario-2020-cartograma-2.3.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021.


RO Aracaju
BA
MT
Salvador
Cuiabá DF
Goiânia Brasília
BOLÍVIA MG
GO
Belo
MS Horizonte ES
OCEANO Vitória
Campo
PACÍFICO RJ
Grande
SP
o Rio de Janeiro
córni
de Capri
Trópico São Paulo
PR
Curitiba
Geografia – Módulo 11

SC
Capital de país Florianópolis
Capital de estado
RS N
Gasoduto Bolívia-Brasil
Porto Alegre
Gasoduto O L
Unidade de processamento S
de gás natural 0 310 km

257
Daniel Derevecki/Fotoarena
Trecho do gasoduto
Exploração da camada pré-sal Bolívia-Brasil.

Em 2006 foram encontradas reservas marítimas de petróleo no oceano Atlântico, na


região dos mares do Sudeste, principalmente entre Rio de Janeiro e São Paulo, que ficaram
conhecidas como pré-sal. Essa denominação faz referência à localização das reservas, que
se encontram abaixo de uma camada espessa de sal, que forma uma barreira, impedindo
que o petróleo migre para as camadas superiores. Observe o esquema a seguir.

Camada pré-sal
Fonte: elaborado com base em PETROBRAS. Pré-Sal. Disponível em: https://

Profundidade
petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/exploracao-e-

Fund
o do
mar
producao-de-petroleo-e-gas/pre-sal/. Acesso em: 8 fev. 2021.

2 000 m Cam
ada
pós- de
sal
3 000 m Óleo está sob camada
Plataforma perfura de sal que pode ter
Cam até 2 mil metros de
abaixo da camada de ad
de s a espessura
sal par extrair o óleo al

5 000 m Cam
ada
d
pré- e
Essas reservas estão sal
localizadas entre 5 mil e
7 mil metros abaixo do Petróleo
nível do mar
7 000 m

258 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


O petróleo do pré-sal é mais leve, de ótima qualidade e de alto valor comercial, como
o importado pelo Brasil. Entretanto, sua exploração é mais difícil. Novas tecnologias estão
em constante desenvolvimento para garantir ao país o acesso a esse recurso. Outra preo-
cupação é o impacto ambiental que essa exploração pode causar se não for realizada de
forma adequada.
A Petrobras teve um aumento significativo na produção de petróleo desde o início da
exploração do pré-sal. A produção dos 77 poços existentes chegou a 1,5 milhão de barris
por dia em 2018. Em 2020, essa produção superou os 2,5 milhões de barris por dia, res-
pondendo por 70% do total produzido no país, como podemos observar no gráfico a seguir.

Brasil: produção média de petróleo no pré-sal – 2010-2020

no país. Agência Brasil, Economia, 18 ago. 2020. Disponível em:https://agenciabrasil.ebc.


pre-sal/; GANDRA, Alana. Produção no pré-sal passa de 70% do petróleo e gás extraídos
3 000 000

com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/
Fonte: elaborado com base em PETROBRAS. Pré-Sal. Disponível em: https://petrobras.

com.br/economia/noticia/2020-08/producao-no-pre-sal-passa-de-70-do-petroleo-e-gas-
2 500 000

2 000 000

1 500 000

extraidos-no-pais. Acesso em: 8 fev. 2021.


1 000 000

500 000

0
2010 2014 2016 2018 2020

Barris por dia

O caminho do petróleo. Brasil, 2015 (2 min 7 s). Disponível em: https://youtu.be/MB_WB53ZDds.


Vídeo institucional da Petrobras que mostra como é feita a extração, o refino e a distribuição do petróleo no Brasil,
destacando o desenvolvimento de novas tecnologias que permitiram a exploração da camada pré-sal.
Acesso em: 8 fev. 2021.

Fontes alternativas de energia


A busca por outras fontes de energia no mundo teve seu início relacionado, principal-
Geografia – Módulo 11

mente, ao aumento do preço do petróleo. Em 1973, os países árabes produtores de petróleo


aumentaram muito o preço dos barris, em protesto ao apoio dos Estados Unidos a Israel
na Guerra do Yom Kippur. Em 1979, ocorreu outro aumento significativo, em razão de uma
crise política no Irã, seguida pela guerra com o Iraque, o que fez a produção de petróleo
dos dois países diminuir muito, elevando seu preço no mercado internacional.

259
Saiba mais

Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)


A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) foi fundada em 1960, reunindo
os principais países com reservas de petróleo no mundo. Até os dias atuais é uma organização
importante, com forte influência no preço do petróleo. Seu objetivo é coordenar políticas
relacionadas ao recurso, garantindo seu fornecimento e a renda dos produtores.
Opep: países-membros – 2020

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico

IRAQUE

OCEANO
IRÃ
ATLÂNTICO ARGÉLIA LÍBIA KUWAIT
Trópico de Câncer
EMIRADOS
OCEANO ÁRABES UNIDOS OCEANO
PACÍFICO NIGÉRIA PACÍFICO
VENEZUELA ARÁBIA
Equador GUINÉ SAUDITA

EQUATORIAL
CONGO OCEANO
GABÃO ANGOLA ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich

N
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
O L Círculo Polar Antártico

S
0 1 900 km 0º

Fonte: elaborado com base em ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO (OPEP). Member Countries.
Disponível em: www.opec.org/opec_web/en/about_us/25.htm. Acesso em: 8 fev. 2021.

Ainda hoje o petróleo é a principal fonte de energia no mundo, mas há décadas se


reconhece a necessidade de buscar novas fontes de energia. Afinal, os combustíveis
fósseis, além de poluentes, não são renováveis, o que significa que não podemos
seguir dependendo deles. Estima-se que as reservas de petróleo, no ritmo atual,
acabariam em cerca de 50 anos, enquanto as de carvão mineral durariam aproxima-
damente 100 anos.

Saiba mais

Arábia Saudita investe em turismo


A Arábia Saudita anunciou nesta sexta [27/9/2019] que vai começar a oferecer
visto para turistas de 49 países.
Até agora, apenas cidadãos do Bahrein, Kuwait, Omã e Emirados Árabes
Unidos podem viajar livremente para lá. Peregrinos muçulmanos de outros países

260 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Saiba mais

podem conseguir a permissão para ir a cidade de Meca, mas vistos para turistas
não eram concedidos.
O objetivo da nova política é diversificar a economia local e reduzir a
dependência do petróleo.
[...] o país espera que o turismo seja responsável por 10% do PIB da Arábia
Saudita, comparado com os atuais 3% [...]
ARÁBIA Saudita abre fronteiras para o turismo e oferece visto online. Folha de S.Paulo, 30 set. 2019.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br/turismo/2019/09/arabia-saudita-abre-fronteiras-para-
o-turismo-e-oferece-visto-online.shtml?origin=uol. Acesso em: 8 fev. 2021.

fokke baarssen/Shutterstock
Em Dubai (Emirados Árabes Unidos), foi construído o primeiro e maior resort de esqui no Oriente
Médio. Além da gigantesca estação de esqui, o país oferece aos turistas hotéis de luxo, ilhas
artificiais, parques de diversão e complexos esportivos para sediar eventos internacionais. Foto de
2017.

A busca por fontes de energia limpas


e renováveis no século XXI
Geografia – Módulo 11

Desde o final do século XX, são realizadas conferências ambientais internacionais para
a discussão de temas relacionados ao meio ambiente e a adoção de políticas comuns pelos
países participantes, na direção do desenvolvimento sustentável.
Nessas conferências são firmados compromissos dos países em relação, entre outras
coisas, à emissão de gases de efeito estufa, para frear as mudanças climáticas. Observe o
gráfico que mostra os principais países emissores desses gases de 1850 a 2016.

261
Mundo: principais países emissores de gases do efeito estufa (total acumulado, em
toneladas de CO2 equivalente) – 1850-2016
600 000 577 578

blog/2019/04/ranking-paises-que-mais-emitem-carbono-gases-de-efeito-estufa-aquecimento-
Fonte: elaborado com base em CLIMATE WATCH. Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/
400 000

283 790

200 000 184 224

112 506
99 578 96 800

global. Acesso em: 8 fev. 2021.


73 442
54 202
44 195 43 346

0
Estados China Rússia Alemanha Índia Reino Japão França Ucrânia Canadá
Unidos Unido
Ásia Oriental e Pacífico Europa e Ásia Central América do Norte Sul da Ásia

Apesar de o potencial poluente do uso dos combustíveis fósseis ser conhecido há algu-
mas décadas, foi no início do século XXI que a pauta ambientalista ganhou força e passamos
a observar a intensificação da busca por fontes de geração de energia limpas e renováveis.
Em 2015, a Suíça foi o país com a matriz energética mais sustentável do mundo. Na
geração de eletricidade, apenas 1,4% de sua matriz era proveniente de combustíveis fós-
seis. A Dinamarca, por sua vez, destaca-se por ter mais de 96% da matriz dependente da
energia hidrelétrica, enquanto Portugal e Noruega se destacam pelas políticas de adoção
de carros elétricos e painéis solares. Na América Latina, o Uruguai passou a substituir as
importações de petróleo por energia limpa, como a hidrelétrica, a solar, a eólica e aquelas
provenientes de biocombustíveis.
A China, historicamente um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, também é
campeã em investimentos em energia limpa na última década, com destaque para a energia
solar e eólica. Índia, Japão e Estados Unidos também se destacam pelos investimentos no setor.

Limpos?
O fato de realizar altos investimentos em energia limpa, ou mesmo adotar uma matriz energética renovável, não significa
que o país deixa de contribuir para a emissão de gases poluentes.
A Noruega, por exemplo, tem alto consumo de energia limpa, mas continua produzindo e exportando petróleo. O mesmo
vale para China e Estados Unidos, que investem bastante no uso de energia limpa, mas seguem sendo os maiores poluidores
do mundo, como vimos no gráfico anterior.

262 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Fontes de energia renováveis

A energia hidrelétrica é uma fonte renovável, pois é gerada a partir do movimento de grandes massas de
água. As áreas alagadas liberam gases do efeito estufa, em razão da decomposição de matéria orgânica. Ainda
assim, é considerada uma opção de menor impacto ambiental no que diz respeito à poluição atmosférica, se
comparada aos combustíveis fósseis.
Entretanto, sua instalação causa outros importantes impactos ambientais e sociais, pois ela depende da
inundação de grandes áreas, afetando a fauna e a flora e provocando alterações no microclima. Do ponto de vista
social, obriga a remoção da população de comunidades da área da usina e do entorno e provoca a inundação de
sítios arqueológicos. Isso ocorre principalmente em grandes usinas hidrelétricas, como Itaipu Binacional (Brasil
e Paraguai) e Três Gargantas (China).

Os biocombustíveis são combustíveis


utilizados para geração de energia em
motores de combustão, produzidos a
partir de biomassa orgânica. O etanol
é produzido a partir da cana-de-açúcar,
enquanto o biodiesel é derivado de óleos
vegetais e gorduras animais.
Geografia – Módulo 11

Seu impacto ambiental é bem menor


que o dos combustíveis fósseis, entretanto
a queima dos biocombustíveis ainda é
responsável pela emissão de gases do
efeito estufa.

263
A energia dos oceanos pode ser apro-
veitada a partir do movimento das on-
das ou da subida e descida das marés.
Essas usinas implantam grandes estru-
turas que boiam nas águas do mar e ge-
ram energia pela transmissão e motores
que captam esse movimento de subida
e descida das águas oceânicas. O Brasil
implantou a primeira usina maremotriz
da América Latina, no Ceará.

A energia eólica é produ-


zida pelos ventos e pode ser
transformada em eletricida-
de por meio de turbinas eóli-
cas. Trata-se de uma fonte de
energia barata e inesgotável.

A energia solar é capta-


da por meio de painéis so-
lares, que a transformam
em energia elétrica. Sua
implantação pode ser cara,
além de ser desmotivada
por interesses econômi-
cos das distribuidoras de
energia.

264 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Uso de fontes alternativas de energia
no Brasil
Assim como o restante do

Reprodução/Arquivo da editora
mundo, o Brasil passou a bus-
car novas fontes de energia na
década de 1970. A partir do pro-
grama Proálcool, o país foi subs-
tituindo a gasolina, derivada do
petróleo, pelo etanol, obtido
da cana-de-açúcar, como com-
bustível para os automóveis.
Naquele momento – e ainda
hoje –, o etanol, que é menos
poluente, também apresentava
custo de produção mais baixo.
Atualmente o etanol é utiliza-
do em automóveis com motores
flex, que aceitam tanto a gasolina
quanto o álcool, além de ser mis-
turado à primeira para otimizar
sua queima e reduzir a emissão
de gases do efeito estufa.
A matriz energética bra-
sileira é predominantemente
renovável, principalmente pela
ampla utilização das usinas hi-
drelétricas, possibilitada pela
riqueza hídrica e pelas carac-
terísticas naturais do relevo do
Brasil, favoráveis à sua imple-
mentação. Os aspectos físicos
brasileiros também favorecem
outras tecnologias de geração
de energia renováveis e com
menos impactos, como a solar
e a eólica.
A energia eólica tem apre-
sentado crescimento significati-
vo no país nos últimos anos, com
Imagem de campanha
a implantação de parques eólicos especialmente na região Nordeste do país, onde é utilizada publicitária da década de
Geografia – Módulo 11

para fornecer energia elétrica a milhões de residências. 1980, estimulando o uso


A energia solar, por sua vez, ainda é pouco utilizada, apesar de o Brasil ser um dos do etanol.

países com maior potencial de geração desse tipo de energia, destacadamente na região
Nordeste. O principal uso atualmente está relacionado ao aquecimento de água em casas
e apartamentos.

265
Pensar representações

Uso de energia renovável no mundo


O mapa a seguir mostra a proporção de energia renovável presente no total de energia consumida pelos países.

Mundo: energia renovável – 2015

OCEANO GLACIAL ÁRTICO 0°

Círculo Polar Ártico

OCEANO
Trópico de Câncer ATLÂNTICO

OCEANO
PACÍFICO
Equador

OCEANO

de Greenwich
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

diano
Proporção de energia
renovável no total de

Meri
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO energia consumida (%)
Círculo Polar Antártico
Menos de 20
N De 20 a 40
De 40 a 60
O L
De 60 a 80
S Mais de 80
0 2 830 km Sem dados

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 68.

Atividade 3
A partir da análise do mapa e do que foi estudado a respeito da matriz energética brasileira, responda às questões
a seguir.
a. Qual porcentagem da energia consumida no Brasil, em 2015, era proveniente de fontes renováveis?

b. Relacione o mapa com a matriz energética brasileira na página 255.

c. Indique três países entre os dez maiores produtores de petróleo, conforme o mapa na página 253, e comente
seu consumo de energia renovável com base na leitura do mapa.

266 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Teste
1. Desde a Revolução Industrial, a geração de energia tem sido essencial para a manutenção da vida social. Com os avanços
tecnológicos que ocorreram desde o século XVIII, as sociedades se tornaram cada vez mais dependentes de combustíveis
e de outras fontes de energia. Conforme estudamos, entre as diversas fontes energéticas, cada uma possui características
próprias, e todas elas apresentam vantagens e desvantagens. Leia as afirmativas abaixo sobre geração de energia:
I. O carvão mineral é um recurso abundante, por isso pode ser considerado uma fonte de energia renovável.
II. O carvão mineral brasileiro, em geral, tem baixa qualidade, ou seja, baixo teor de carbono.
III. A termelétrica é um tipo de usina antigo, que foi substituído e não é mais utilizado.
IV. É importante para o meio ambiente diminuirmos nossa dependência de combustíveis fósseis, como o carvão
mineral.
As afirmações corretas são:
a. I, II e IV.
b. II e IV, apenas.
c. III e IV, apenas.
d. I e II, apenas.

2. Com base na leitura do trecho da notícia, assinale a alternativa correta.


Uma faixa da costa oeste da Venezuela com praias imaculadas e ecossistemas frágeis, como manguezais e
recifes de corais, pode precisar de mais de meio século para se recuperar completamente dos impactos ambientais
de um recente vazamento de petróleo, afirmou uma pesquisadora nesta quarta-feira. [...]
REUTERS. Costa da Venezuela pode precisar de meio século para se recuperar de vazamento, diz pesquisadora. UOL, 19 ago. 2020. Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2020/08/19/costa-da-venezuela-pode-precisar-de-meio-seculo-para-se-recuperar-de-vazamento-diz-pesquisadora.htm.
Acesso em: 8 fev. 2021.

a. O petróleo só traz impactos ambientais em casos de vazamento do óleo.


b. A Venezuela não conta com reservas de petróleo, portanto o vazamento deve ter ocorrido por um acidente
em um navio estrangeiro.
c. O vazamento de petróleo afeta a qualidade da água, mas não a vida animal, pois os animais evitam o contato
com o óleo.
d. O vazamento tem também consequências econômicas, por exemplo, para o turismo e para a pesca.

3. Recentemente, questões relacionadas à degradação ambiental e a mudanças climáticas têm ganhado destaque nas
mídias e nas discussões políticas. Ambientalistas, organizações não governamentais e organismos internacionais
defendem a adoção de fontes de energia limpas e renováveis como forma de minimizar os impactos ambientais das
atividades humanas. Leia as afirmações abaixo a respeito das relações entre fontes de energia e meio ambiente.
A energia hidrelétrica é uma fonte renovável e limpa, pois não se esgota nem causa impactos ambientais.
I.
Os biocombustíveis são substitutos menos poluentes para os combustíveis fósseis.
II.
A energia solar tem grande potencial de utilização no Brasil.
III.
IV.Os Estados Unidos passaram a investir em fontes limpas e renováveis de energia, tornando-se um dos países
que menos emitiu gases poluentes na última década.
Geografia – Módulo 11

As afirmações corretas são:


a. I e II, apenas.
b. I, II e III.
c. II e III, apenas.
d. II, III e IV.

267
Em casa

1. A exploração de carvão mineral no Brasil está concentrada na região Sul, onde estão nossas melhores reservas.
Faça uma pesquisa e identifique os principais impactos socioambientais dessa atividade na região.
Escreva um texto apresentando os resultados de sua pesquisa. Ele deve estar estruturado em introdução,
desenvolvimento e conclusão. Não se esqueça de indicar a bibliografia utilizada.

2. Observe o quadro com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das
Nações Unidas (ONU).

Reprodução/OMS/Nações Unidas
Fonte: ONU. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 8 fev. 2021.

Reflita sobre o que foi discutido a respeito das diferentes fontes energéticas – suas características, suas vantagens
e suas desvantagens – e escreva um texto relacionando os objetivos 7, 9, 12 e 13.
Caso considere necessário, utilize jornais, revistas e a internet para pesquisar sobre os ODS da ONU. Além dos
objetivos indicados acima, é possível relacionar outros ODS para complementar seu texto.

3. Em 2018, o Brasil enfrentou uma longa greve de caminhoneiros que trouxe à tona a dependência brasileira do
transporte rodoviário, impactando o abastecimento em diversos setores. Pesquise sobre o tema e escreva um
texto que aborde os seguintes pontos:
• motivações para a greve;
• duração e extensão geográfica da greve; TC ON-LINE: Faça os exercícios extras disponíveis no Plurall.
• setores afetados pela greve;
• relação com o petróleo.
No final do texto, proponha ações ou políticas a fim de solucionar os problemas identificados a partir da pesquisa.

268 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


MÓDULO
Produção

12 industrial
De Agostini/Getty Images

Ferro e carvão, de William Bell


Scott, 1861 (óleo sobre tela,
185,4 cm 3 185,4 cm). A obra,
de meados do século XIX,
retrata as mudanças ocorridas
na paisagem da Inglaterra
com o advento do modo de
produção industrial.

1. Como os objetos eram produzidos antes


do surgimento das indústrias?
2. Quais elementos da imagem demonstram
a presença de indústrias na Inglaterra?
3. Há algum elemento da imagem que ainda
está presente nos dias de hoje? 269
Do artesanato à indústria
Nas embalagens, nos rótulos e nas

Reprodução/Museu do Prado, Madri, Espanha.


etiquetas dos produtos que consumi-
mos diariamente, podemos descobrir
onde eles foram produzidos. Você já ou-
viu ou leu a expressão “made in Brazil”?
Ela é utilizada para indicar, em inglês,
que o produto foi feito no Brasil. Mas há
produtos fabricados em várias partes do
mundo... São produtos industrializados!
Há também produtos artesanais,
que geralmente são feitos por uma
pessoa ou um pequeno grupo que cui-
da de todas as etapas do processo de
fabricação. Essa é a forma mais antiga
de produção. Onde você mora há algum
produto artesanal?
O ser humano, ao longo de sua exis-
tência, ampliou sua capacidade de mo-
dificar as paisagens e os lugares, trans- As fiandeiras, de Diego
formando-os em espaço geográfico. Isso viabilizou a criação de instrumentos e métodos Velázquez, 1657 (óleo
sobre tela, 220 cm
de trabalho cada vez mais aperfeiçoados e eficazes para atender às suas necessidades. Se 289 cm). Com o passar
os primeiros objetos eram feitos de materiais como galhos de árvores e pedras, o domínio do tempo, as pequenas
produções familiares
do fogo possibilitou que o ser humano, após um longo período, passasse a utilizar metais começaram a utilizar
na fabricação de utensílios e peças de uso cotidiano. máquinas simples, como
podemos observar na
Durante milhares de anos, os objetos foram produzidos manualmente, com o uso de cena retratada nessa obra
ferramentas simples. Nesse modo de produção, chamado artesanal, de forma individual ou do século XVII.
em pequenos grupos (famílias), a matéria-prima extraída da natureza é transformada em
novos objetos, que são muito parecidos entre si, mas não exatamente iguais. Duas cadeiras
produzidas artesanalmente podem ser muito parecidas, mas têm diferenças, que são as
marcas de quem as produziu – os detalhes do imprevisto que ficam nos objetos.
Outra característica desse modo de produção é que são confeccionados poucos objetos
por vez. Uma parte deles é utilizada por quem os produziu, e a outra é vendida. Mas, ge-
ralmente, a produção é sob encomenda, não ocorrendo grande volume de sobra, apenas
o suficiente para estimular as vendas.

As manufaturas
Ao longo da Idade Média, do século V ao século XV, o continente europeu era organizado
em feudos, unidades de produção agrícola autossuficientes, que foram a base das relações
econômicas, sociais, políticas e culturais desse período. Essa época é considerada como a Burgos: cidades localizadas
do apogeu do artesanato. fora dos castelos, que
Diante do enfraquecimento do poder da nobreza feudal, o regime de servidão pelo qual também podiam ser
protegidas por muros, onde
os camponeses estavam presos à terra também foi perdendo força, e, gradativamente, os seus habitantes, conhecidos
servos deixavam os feudos, dirigindo-se para os burgos. Simultaneamente, houve o cres- por burgueses, realizavam
cimento das atividades mercantis e manufatureiras no continente europeu. atividades comerciais.

270 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Nesse período, o acúmulo de capital se dava pela circulação de mercadorias, ou seja, pela
atividade comercial. O Estado tinha um papel fundamental na geração de riquezas e na acu-
mulação de capital, pois era responsável pelo funcionamento e pela regulação da economia.
A política que norteava as ações estatais era conhecida como mercantilismo. A riqueza de um
país era medida pela quantidade de ouro e prata que possuía em seu tesouro e, para isso,
deveria ter uma balança comercial favorável, ou seja, exportar mais que importar.
Reprodução/Museu de Artes, Houston, EUA.

A Entrada para o Grande


Canal, em Veneza, de
Canaletto, 1730 (óleo sobre
tela, 49,6 cm 73,6 cm).
Algumas cidades anteriores
ao mercantilismo se
mantiveram ativas como
centros financeiros e
comerciais de destaque.
É o caso de Florença,
Gênova e Veneza, no
norte da Itália, que faziam
ponte comercial entre o
Oriente e o Ocidente, e
de cidades localizadas
nos Países Baixos, que se
tornaram centro comercial e
financeiro da Europa.

Com o desenvolvimento do mercan-

Tomasz Skoczen/Getty Images


tilismo e o incremento do comércio na
Europa, as cidades passaram a se desen-
volver, e novas cidades surgiram. Isso
ocorreu principalmente devido às rotas
comerciais terrestres (entroncamentos,
hospedarias, mercados) e aos burgos.
A partir do século XIV, o crescimento
da população europeia e a necessidade
de aumentar a produção deram origem
às manufaturas. Nessa nova maneira de
produzir, cada etapa do trabalho era rea-
lizada por uma pessoa, todas reunidas
num mesmo espaço.
Os artesãos, que até então utiliza-
vam as próprias ferramentas para pro- Nas manufaturas, cada
duzir, passaram a se especializar em apenas uma etapa do trabalho. O dono da manufatura trabalhador passou a
Geografia – Módulo 12

exercer uma função.


era quem tinha as ferramentas necessárias e a matéria-prima. Em troca de sua força de A imagem retrata uma
trabalho, os antigos artesãos passaram a receber um pagamento (salário) pelas horas tra- manufatura do século XVI,
balhadas, e não mais pela peça produzida. na França.

Foi assim que se aprofundou a divisão social do trabalho, que fez aumentar a quantidade
de mercadorias produzidas. E é fácil entender por que isso ocorreu:

271
• ao realizar um só tipo de tarefa na produção de um objeto, o trabalhador ganhava agi-
lidade no que fazia (especialização);
• perdia-se menos tempo entre as etapas de produção, já que cada tarefa era realizada
por uma pessoa;
• os trabalhadores especializados buscavam criar ferramentas melhores para a parte do
trabalho que realizavam.
Nos séculos XV e XVI, as grandes potências da época, Portugal e Espanha, empreenderam
as expedições ultramarinas, também conhecidas como Grandes Navegações, que levaram
à colonização do Novo Mundo recém-descoberto, as Américas. Das colônias partiam as
mercadorias que eram vendidas pela burguesia dessas nações a outros povos europeus,
enriquecendo, assim, as metrópoles. Além disso, as colônias eram obrigadas a comprar
delas tudo de que necessitavam.
Com a descoberta do ouro e da prata no continente americano, milhares de toneladas
desses metais preciosos foram transferidas para o tesouro de Portugal e da Espanha e le-
vadas, pelas trocas mercantis, a outros países. Esse momento do capitalismo é conhecido
como capitalismo comercial ou período de acumulação primitiva de capital.

Revolução Industrial
O aprimoramento das técnicas e o avanço das pesquisas científicas alteraram profun-
damente os modos de produzir a partir do século XVIII. Foi nesse século, na Inglaterra, que
importantes invenções e descobertas científicas passaram a ser aplicadas nas atividades
industriais e nos meios de transporte. Muitos produtos que antes eram feitos de maneira
manual, como vimos anteriormente, começaram a ser fabricados também por máquinas.
A invenção do tear mecânico e de máquinas hidráulicas – que funcionam com a força da
água em movimento – e a vapor – movidas pela pressão do vapor de água – alterou as
formas de produção de modo tão significativo que esse momento histórico foi denominado
Revolução Industrial.
Prisma/Album/Fotoarena

Entre meados do
século XVIII e o
início do século XIX
muitas mulheres
trabalharam
nas tecelagens
industriais, que
passaram a tomar
o lugar das antigas
tecelagens manuais.
A gravura, do início
do século XIX,
representa uma
fábrica de tecido
de algodão na
Inglaterra.

272 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Primeiro na Inglaterra e depois em outros países europeus e nos Estados Unidos, a
produção artesanal, gradualmente, foi mecanizada e substituída pela produção indus-
trial. Assim, houve o fim do período mercantilista e o advento do capitalismo industrial.
Passou-se a verificar nas fábricas um aumento do controle exercido sobre a mão
de obra, que perdeu seu caráter qualificado. Além disso, para aumentar seus ganhos,
os empresários industriais, detentores dos meios de produção, passaram a contratar
também mulheres e crianças (que recebiam salários menores) e a adotar turnos de
trabalho durante a noite. As jornadas, muitas vezes, chegavam a 16 horas diárias.
A oferta de emprego nas indústrias começou a atrair os moradores do campo que
não tinham terras próprias. Muitos passaram a morar nas cidades e a trabalhar nas
fábricas, o que contribuiu para o início do processo de urbanização na Europa Ocidental.
Muitos historiadores consideram que o surgimento da indústria provocou a maior
transformação da história da humanidade desde a invenção da escrita.
Evidentemente, a indústria de hoje não é como a daquele tempo. A tecnologia
avançou muito e continua se aperfeiçoando. A cada dia surgem novos tipos de indús-
tria e as que já existem estão em permanente aprimoramento, sempre buscando mais
eficiência na produção.
As modificações não dizem respeito apenas à tecnologia. Houve também um
processo de qualificação da mão de obra em muitos setores industriais, a diminui-
ção das jornadas de trabalho, limitadas a um máximo de oito horas diárias na maior
parte dos países, e a proibição, por legislações nacionais e tratados internacionais,
do trabalho infantil.

Atividade 1

Com base no conteúdo estudado e no texto abaixo, responda ao que se pede.


A atividade produtiva artesanal é milenar. O antropólogo Ricardo Gomes Lima em entrevista destacou que o
artesanato: “Durante milênios foi o único modo que se tinha de fazer objetos. O mundo humano foi feito à mão. Se
pensarmos no volume de objetos que já se produziu, manualmente, percebemos que é uma coisa impressionante
e incalculável mesmo, porque acompanha o tempo da própria humanidade.” (LIMA, 2011, p. 189).
Para Karl Marx, em O Capital, o artesanal “depende da força e da habilidade e do manejo do trabalhador
individual ao usar seu instrumento de trabalho”. O artesão é aquele que “executa toda uma série de operações
diferentes”. Com o avanço do modo de produção industrial capitalista, Marx aponta um processo de
“decomposição da atividade do artesão nas diversas operações que a compõem” (MARX, 1975, p. 389). Para
Marx (1975) a economia e a ideologia capitalista dissociam o saber do fazer, o trabalho intelectual do manual.
KELLER, Paulo F. Trabalho e economia do artesanato no capitalismo contemporâneo. 29ª Reunião Brasileira de Antropologia – GT 034: Etnografias do capitalismo, Natal/RN. 2014.
Disponível em: www.29rba.abant.org.br/resources/anais/1/1400624044_ARQUIVO_KELLER-Paper-ABA-GT34.pdf.
Acesso em: 8 fev. 2021.

a. Explique como a produção em manufaturas alterou o ritmo de trabalho das pessoas. Geografia – Módulo 12

273
b. Explique, com suas palavras, o que o autor diz no trecho “a economia e a ideologia capitalista dissociam o saber
do fazer, o trabalho intelectual do manual”.

c. As atividades humanas costumam ser divididas em trabalho braçal e trabalho intelectual. Aponte por que o
intelectual costuma ser mais valorizado e justifique a sua resposta.

Tipos de indústria
Atualmente, existem vários tipos de indústria. Elas podem ser classificadas com base em
vários critérios, mas, em geral, o mais utilizado é o que considera a categoria e o destino
do bem produzido. Observe a tabela a seguir.

Setor industrial Descrição Exemplos


• Matéria-prima beneficiada
• Máquinas e ferramentas pesadas
Fabrica bens e
Indústria de base ou de • Ferro, aço (siderúrgicas) e minerais metálicos
equipamentos para outras
bens de produção (metalúrgicas)
indústrias.
• Produtos químicos (indústria química)
• Energia (indústria de infraestrutura)
• Indústria de autopeças
Fabrica peças para a • Papel e celulose
Indústria de bens
indústria de bens de • Produtos químicos
intermediários
consumo. • Borracha e plásticos
• Componentes elétricos e eletrônicos
• Bens duráveis (automóveis, etc.)
Indústria de bens de Produz para o mercado
• Bens não duráveis (alimentos e vestuário,
consumo ou indústria leve consumidor.
etc.)

274 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Jair Ferreira Belafacce/Shutterstock
Alex Tauber/Pulsar Imagens

O minério de ferro é transformado pelas indústrias


siderúrgicas em aço, para ser utilizado na construção
Fogões e geladeiras são exemplos da produção da indústria civil e na produção de autopeças, entre outras. Na foto,
de bens de consumo duráveis. Na foto, fábrica de geladeiras trabalhador da construção civil monta estrutura de aço em
em Joinville (SC), em 2017. Apucarana (PR), em 2020.

No início do século XXI, graças aos avanços da informática

Eduardo Knapp/Folhapress
e da robotização, bem como à disseminação de invenções
como a internet, assistimos a rápidas e sucessivas mudanças
na produção industrial.
Tudo isso tem gerado imensas transformações no espaço
geográfico. Cada vez mais, as indústrias buscam inovação,
investem em novas tecnologias, em especial naquelas que
aumentam sua produtividade e diminuem a quantidade de
mão de obra empregada. Isso tem causado problemas, como
o aumento do desemprego, do consumismo e da poluição.
O avanço tecnológico deu origem a novos produtos,
que, por sua vez, impulsionaram o desenvolvimento indus-
trial. É o caso da fibra óptica, empregada para transmitir
informações. Seu baixo custo e sua grande capacidade de Indústrias de autopeças utilizam ligas metálicas produzidas
por indústrias de base para desenvolver peças que serão
transmissão de dados por longas distâncias fazem com utilizadas na fabricação de veículos automotores. Na foto,
que os cabos desse material sejam muito utilizados pelas operários especializados entornam ferro derretido em
altíssima temperatura em moldes para fazer peças de freio
indústrias, especialmente as de telecomunicações. para trens, em Barueri (SP), em 2016.

Saiba mais

Brasil e Europa: cabo de fibra óptica submarino melhorará conectividade entre


continentes
O projeto deve ser concluído em 2021 e é a primeira conexão direta de alta
velocidade e tráfego de dados do tipo entre os dois
Geografia – Módulo 12

Brasil e Europa mais próximos e conectados. Foi anunciada, nesta quinta-feira (10), pelo ministro
das Comunicações, Fábio Faria, a primeira conexão direta de alta velocidade e tráfego de dados por cabo
submarino de fibra óptica entre os dois continentes. O cabo ligará as cidades de Fortaleza, no Ceará, a
Sines, em Portugal.

275
O lançamento está previsto para a próxima semana e o projeto deve ser concluído em 2021; e prepara ainda
mais o Brasil para a internet de alta velocidade que será oferecida pelo 5G.
“Nós estimamos que, até o segundo trimestre do ano que vem, estará pronto. Nós temos hoje um cabo que
já faz essa conexão, mas de voz, entre Brasil e Europa, que passa pelos Estados Unidos, mas que já tem mais
de 20 anos. A vida útil de um cabo de fibra óptica que faz esse tipo de tráfego, ele tem uma durabilidade em
torno de 25 anos. Então, ele já está praticamente no fim da sua vida útil. Agora, vamos levar um cabo novo que
vai levar dados e que tem uma capacidade de armazenamento 7 mil vezes maior do que o atual”, explicou o
ministro das Comunicações, Fábio Faria.
A instalação do cabo submarino será feita por uma empresa privada, a Ellalink, e custará R$ 1 bilhão. O
projeto tem 6 mil quilômetros de extensão, podendo chegar a 5 quilômetros de profundidade em alguns locais,
e permitirá o tráfego de dados de 72 terabits por segundo.
Empreendimento revolucionário
Segundo o Governo Federal, o novo empreendimento revolucionará a comunicação entre os dois
continentes. Agora, o tempo que a informação levará para ir e voltar ao outro lado do oceano atlântico será
dezenas de vezes mais rápido que um piscar de olhos.
Segundo o ministério, há previsão de expansão para pontos no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de
conexões na África e em outros países europeus, ilhas do Atlântico e Guiana Francesa.
Vantagens de cabos
Brasil: novas conexões via cabo de fibra óptica
submarinos de fibra óptica 0°

Fonte: elaborado com base em SUBMARINE CABLE MAP. Disponível em: www.submarinecablemap.com/#/
Os cabos submarinos têm algumas
Círculo Polar Ártico
vantagens em relação aos satélites. Além
de serem mais rápidos, são mais baratos.
A redução de custos é de cerca de 50%.
Quando chove forte ou há furacões,
por exemplo, o sinal não é afetado. A REINO
UNIDO

capacidade de enviar dados pelo cabo é até


FRANÇA
mil vezes maior do que pelo satélite. E há
ainda um outro ponto positivo. O caminho PORTUGAL
que o sinal percorre pelo fundo do oceano ESTADOS
UNIDOS
ESPANHA
OCEANO
até chegar ao destino é bem menor que a ATLÂNTICO

distância do sinal vindo dos satélites. Porto Rico


(EUA)

landing-point/fortaleza-brazil. Acesso em: 8 fev. 2021.


Trópico de Câncer
Como é hoje
CABO
Segundo o Ministério das REPÚBLICA VERDE SENEGAL
DOMINICANA
Comunicações, atualmente, toda a
VENEZUELA
CAMARÕES
informação que o Brasil envia para a Europa COLÔMBIA Guiana
Equador Francesa (FRA)
vai primeiro para os Estados Unidos. Esse 0°
Fortaleza
percurso leva o dobro de tempo para fazer a BRASIL
Salvador ANGOLA
conexão direta entre as duas regiões. Com
o novo empreendimento, será reduzido o Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich

Rio de Janeiro
N
tempo, por exemplo, para fazer aplicações Santos

OCEANO ARGENTINA O L
de computação em nuvem, transações PACÍFICO URUGUAI
S
bancárias, reprodução de vídeos, filmes e 0 1 325 km

jogos eletrônicos.
BRASIL. Ministério das Comunicações. Brasil e Europa: cabo de fibra óptica submarino melhorará conectividade entre continentes, 10 dez. 2020. Disponível em:
www.gov.br/pt-br/noticias/transito-e-transportes/2020/12/brasil-e-europa-cabo-de-fibra-optica-submarino-melhorara-conectividade-entre-continentes. Acesso em: 8 fev. 2021.

276 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atividade 2
Comentamos que o desemprego é uma consequência possível dos avanços tecnológicos no mundo do trabalho.
Isso ocorre porque alguns postos de trabalho são extintos, uma vez que determinadas funções são realizadas sem
a necessidade de trabalho humano. Esse tipo de desemprego é chamado desemprego estrutural, que é quando
não existem vagas suficientes para toda a população em busca de trabalho. Sobre isso, leia o trecho da notícia
abaixo e responda ao que se pede.
O chinês Kai-Fu Lee, investidor e especialista em IA [Inteligência Artificial], afirmou que nos próximos 15
anos, 40% dos empregos do mundo poderão ser realizados por máquinas. “A inteligência artificial irá cada vez
mais substituir os trabalhos repetitivos, não apenas o trabalho braçal, mas também o intelectual”, disse ele em
entrevista à CBS. “Motoristas, por exemplo, terão seu trabalho redefinido nos próximos 15 ou 25 anos”, afirmou.
Ele disse, contudo, que as máquinas nunca serão criativas ou capazes de expressar empatia.
“Eu acredito que a IA vai mudar o mundo mais do que qualquer outra coisa na História da humanidade.
Mais até do que a eletricidade”, afirma. E o que essa enorme substituição de empregos fará com a sociedade,
pergunta o entrevistador a Lee. “Bom, de certa forma, há uma sabedoria humana que sempre supera as revoluções
tecnológicas. A invenção do motor a vapor, a máquina de costura e a eletricidade também acabaram com empregos.
Nós superamos isso. O desafio é que a IA deverá acabar com 40% dos empregos em 15 ou 25 anos, mais rápido do
que as revoluções anteriores.”
INTELIGÊNCIA artificial pode acabar com 40% dos empregos em 15 anos, diz investidor chinês. Época, 12 jan. 2019. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/
noticia/2019/01/inteligencia-artificial-pode-acabar-com-40-dos-empregos-em-15-anos-diz-investidor-chines.html. Acesso em: 8 fev. 2021.

a. Segundo o investidor entrevistado, que tipos de atividade humana não poderão ser substituídos por máquinas?

b. Kai-Fu Lee afirma que a inteligência artificial vai trazer mais transformações que a eletricidade. De que forma
a invenção da eletricidade alterou a maneira de produzir nas fábricas?

c. Para Kai-Fu Lee, qual é a diferença entre a extinção de empregos pela inteligência artificial e as anteriores, que
faz com que esse evento seja mais desafiador?

Os modelos de produção
No início do século XX, os Estados Unidos tornaram-se um dos países mais ricos do
mundo, principalmente graças às suas indústrias, entre as quais se destacava a automotiva,
grande novidade da época. Nesse período, houve um aumento do interesse pelo modo
de produção industrial e passaram a ser propostos novos modelos, que veremos a seguir.

O taylorismo
O engenheiro estadunidense Frederick W. Taylor (1856-1915) desenvolveu, a partir da
Geografia – Módulo 12

observação dos trabalhadores nas indústrias, uma teoria que tinha o objetivo de acelerar
o processo produtivo. Ele constatou que os trabalhadores deveriam ser organizados de
forma hierarquizada e sistematizada, cada um desenvolvendo uma atividade específica.
Essa teoria ficou conhecida como taylorismo. Segundo ela, os trabalhadores deveriam ser
monitorados segundo o seu tempo de produção, pois deveriam cumprir sua tarefa no menor
tempo possível, sendo premiados aqueles que se destacassem.

277
A linha de montagem fordista
Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, aprimorou as ideias de
Taylor e implantou em sua fábrica de Detroit (Estados Unidos) um modelo de produção
de carros em série, conhecido como linha de montagem. Os veículos eram montados em
esteiras rolantes que se movimentavam enquanto o operário ficava praticamente parado,
realizando uma pequena etapa da produção. Dessa forma, não era necessária quase ne-
nhuma qualificação dos trabalhadores, e o tempo de deslocamento no interior das fábricas
era reduzido a praticamente zero.
O método de produção fordista exigiu enormes inves-

Underwood Archives/UIG/Fotoarena
timentos e instalações, mas permitiu que Ford produzisse
mais de 2 milhões de carros por ano durante a década
de 1920, caracterizando o que se chamou de “produção
em massa” de bens. Essa forma de produzir, embora te-
nha surgido na indústria automotiva, continuou sendo
utilizada por empresas de outros setores industriais, que
buscavam aumentar seu volume de produção.

No modo de produção fordista, cada trabalhador tem uma


função específica, e o produto circula por esteiras, reduzindo o
gasto de tempo e, assim, aumentando a produtividade. Na foto,
operários montam automóvel em linha de montagem de fábrica
da Ford em Detroit (Estados Unidos), 1940.

O toyotismo
A partir da década de 1950, novos modelos industriais começaram a ser aplicados em
outras partes do mundo e passaram a concorrer com o fordismo. Na década de 1970, após
os choques do petróleo e o surgimento de competidores japoneses no mercado automotivo,
o fordismo e a produção em massa entraram em crise e começaram a ser gradativamente
substituídos pela “produção enxuta” (just in time), modelo

François Presti/AFP
de produção baseado no sistema da fabricante de veículos
automotores japonesa Toyota, conhecido como toyotista.
As linhas de montagem tradicionais foram substituídas
por equipes multifuncionais que respondiam por todo
o processo de produção. Nessa proposta, os operários
controlam também a qualidade dos produtos, diminuindo
as peças com defeito. Além disso, passou-se a valorizar
uma produção enxuta, ou seja, do que é necessário para
atender à demanda do mercado, diferentemente do for-
dismo, que visava produzir o máximo possível e estocar
o excedente. Com um estoque tendendo a zero, as insta-
lações industriais passaram a ocupar áreas menores. Ao
produzir apenas aquilo que é demandado, passou a ser
possível a customização dos produtos, ou seja, produzir
de forma personalizada. Assim como o modelo fordista, o O sistema criado pela Toyota visa eliminar os desperdícios
ao longo de toda a produção, solucionando rapidamente os
modelo toyotista também foi incorporado por indústrias problemas detectados durante a montagem do produto. Na foto,
de outros setores, sendo utilizado até os dias atuais. fábrica da Toyota em Onnaing (França), em 2015.

278 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Informatização e robotização da produção
A informatização e a introdução de robôs nas linhas de montagem provocaram uma
nova transformação nos processos industriais. As máquinas passaram a executar muitas
tarefas, substituindo os operários em atividades que apresentam condições perigosas ou
cansativas, como soldagem de peças, pintura de veículos, operação de alto-forno de side-
rúrgicas, etc. Isso acabou gerando desemprego no setor industrial e obrigou os governos
a buscar políticas que estimulassem a oferta de trabalho em outras áreas da economia.
Gao Yuwen/VCG/Getty Images

Atualmente, muitas
linhas de montagem são
totalmente robotizadas
e informatizadas, não
necessitando do trabalho
manual. Essa mudança
exige do trabalhador
mais qualificação para
programar e operar
sistemas informatizados.
Na foto, de 2020, robô
realiza soldagem de
partes de um automóvel
durante demonstração em
feira de tecnologia voltada
ao setor industrial na
cidade de Xangai (China).

Atividade 3
Leia a charge abaixo e responda ao que se pede.

Thaves/Dist. by Andrews
McMeel Syndication

a. Qual modelo de produção é representado na charge?


Fadismo
Geografia – Módulo 12

b. Explique a crítica realizada na charge.


Que ele fay isso a
30 ands .

c. A charge é uma linguagem de humor, que traz uma ilustração e pode ou não trazer elementos textuais. Elabore,
numa folha à parte, uma charge sobre outro modelo de produção estudado.

279
Áreas industriais: principais características
Desde a Revolução Industrial, o ser humano vem construindo o chamado espaço industrial.
Trata-se do conjunto das áreas escolhidas para a instalação de indústrias, por apresentarem
características que permitem maiores ganhos aos empresários do setor industrial. Inicialmente,
para a instalação das fábricas, eram verificadas na escolha do local as seguintes características,
que ficaram conhecidas como fatores clássicos de localização das indústrias:
• Boa infraestrutura: facilidade de acesso a fontes de energia e redes de transporte e de
comunicação.
• Oferta de mão de obra e mercado consumidor: grande contingente de pessoas disponíveis
para trabalhar nas fábricas e com capacidade financeira de comprar os produtos fabricados.
• Disponibilidade de matéria-prima: proximidade de fontes de matéria-prima.
Atualmente, a decisão de onde instalar a indústria não depende mais exclusivamente desses
fatores clássicos. São levadas em conta também outras características, destacadas em verde
no esquema a seguir.

Fatores de localização das indústrias

Facilidade nas trocas de Disponibilidade de mão Incentivos dados pelos governos


informação (estrutura para de obra qualificada municipal, estadual ou federal,
acesso à internet com alta como impostos reduzidos,
velocidade, por exemplo) doação de terrenos, etc.

Mercado Disponibilidade de
consumidor matérias-primas

Facilidade para a distribuição


dos produtos em escala mundial
(proximidade de portos e aeroportos
internacionais, por exemplo)

Desenvolvimento Boa
de tecnologia infraestrutura
Tales Azzi/Pulsar Imagens

O porto de Santos, localizado no litoral


do estado de São Paulo, é o maior do
Brasil. Por ele é escoada grande parte
da produção industrial e agropecuária
do país, como açúcar, soja, milho, café
e carne, destinada a países de outros
continentes, como Europa e Ásia.
Também é pelos portos que chegam os
produtos industrializados importados.
Foto de 2019.

280 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atualmente, o local para o desenvolvimento de uma atividade industrial é escolhido ve-
rificando-se onde determinada etapa da produção pode ser executada com mais qualidade, Mão de obra
da maneira mais eficiente possível e com um ganho financeiro maior para o empreendedor. especializada
A realização de etapas em locais distintos até a montagem final de um produto é um pro-
qualificada
cesso que contribui para a chamada globalização industrial.
Mão de obra
especializada
Pensar representações
refere-se ao
trabalhador
A distribuição industrial no mundo que recebe
Como resultado de um processo de evolução histórica industrial e dos fatores de treinamento
localização estudados, começamos o século XXI com as indústrias distribuídas pelo simples e rápido
mundo da seguinte maneira: para execução
de trabalhos
Mundo: principais concentrações industriais – 2019 específicos. Mão
de obra qualificada

Fonte: elaborado com base em SIMIELLI, Maria Elena


Ramos. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2019. p. 33.
0° OCEANO GLACIAL ÁRTICO refere-se ao
Círculo Polar Ártico
trabalhador com
conhecimento
OCEANO
PACÍFICO
técnico adquirido
Trópico de Câncer

OCEANO
OCEANO em escolas técnicas
ATLÂNTICO
Equador
PACÍFICO

ou na universidade.
OCEANO
reenwich

Países ÍNDICO No mundo do


Trópico de Capricórnio
Com pouca ou nenhuma
trabalho, em geral,
Meridiano de G

industrialização
Semi-industrializados
N é o preparo do
Recentemente
industrializados
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO O L trabalhador que
Altamente industrializados Círculo Polar Antártico
S
define quanto
Regiões densamente
0 3 640 km
industrializadas ele vai ganhar.
Quanto maior a
qualificação, maior
Atividade 4 tende a ser o seu
Observe o planisfério das principais concentrações industriais e responda: salário.

a. A distribuição das indústrias se dá de maneira uniforme ou desigual pelo pla-


neta? Explique a partir da observação do mapa.

Designal pois .
ha paises gen
tern mens industrializa
gar

b. Indique os países altamente industrializados.


Canada, Suecias Nomega Dinamarca , Sai Paula
Geografia – Módulo 12

, ,
Rio de janeiro .

281
c. Cite outros países que se destacam pela existência de regiões densamente
industrializadas.
Estados Unidos Canada, Paris,
,
Italia

d. Como podemos caracterizar as áreas de concentração industrial no Brasil?

A indústria no início do século XXI


Atualmente, as indústrias passam por uma revolução tecnológica ligada à informatização
e à troca de informação em escala global e em tempo real. Mais uma vez, as mudanças no
modo de produção transformam a maneira como a sociedade vive.
O domínio tecnológico-informacional tornou-se o patrimônio mais importante das
indústrias, o que valorizou a mão de obra qualificada. Além disso, elas têm investido cada
vez mais em pesquisa, sejam as relacionadas ao desenvolvimento de novos produtos e ao
aperfeiçoamento do processo de produção, sejam as que se dedicam às novas necessidades
e interesses do mercado consumidor.
Se até o fim do século XX as indústrias foram grandes geradoras de emprego, neste
século essa relevância diminuiu, pois os avanços tecnológicos reduziram a necessidade de
trabalhadores. Com isso, muitas cidades que cresceram e se organizaram em torno das
indústrias têm passado por profundas mudanças econômicas e sociais, tendo de buscar
soluções políticas para gerar empregos em outros setores da economia.
A comunicação em tempo real com todas as partes do planeta e a velocidade dos fluxos
pelo mundo determinaram o que se tem chamado de era da globalização. Atualmente, as
trocas de conhecimento, capital (em forma de dinheiro ou de ações de empresas, entre
outros), tecnologia, produtos, entre outras, são a base da dinâmica das sociedades. Por isso,
se antigamente as indústrias agiam prioritariamente em seu país de origem, agora buscam
atuar no maior número possível de países, a fim de ampliar seus ganhos com a venda de
seus produtos e, consequentemente, aumentar seu poder.

As empresas transnacionais
É muito comum as grandes empresas terem suas matrizes em países ricos, como Esta-
dos Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China e Japão; seu centro de informática em
outros países, como México, Índia e Coreia do Sul; e suas linhas de montagem em outros
tantos, como Brasil, Malásia e Tailândia. Observe o mapa a seguir.

282 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Mundo: planejamento e cadeia de produção da Toyota – 2020

atualmente. Disponível em: www.toyota.pt/world-of-toyota/toyota- 0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO


Círculo Polar Ártico
1
2 Os veículos
Fonte: elaborado com base em TOYOTA. Onde está a Toyota

no-mundo/toyota-in-the-world.json. Acesso em: 8 fev. 2021.

1
1 2
produzidos nas
2
1 9 1
1
3
1
1
1

3 9
165 69 fábricas
1 espalhadas ao
Trópico de Câncer 1 1 1
1 redor do mundo são
1 OCEANO 2
OCEANO
1
1 OCEANO comercializados para
1 ATLÂNTICO 3 2 PACÍFICO mais de 160 países e
PACÍFICO 1
Equador 2
1 1
0º regiões, e a empresa
OCEANO 4 emprega, atualmente,

Meridiano de Greenwich
1 ÍNDICO cerca de 340 mil
Trópico de Capricórnio
trabalhadores.
1 1
1

N
5 Sedes mundiais OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Círculo Polar Antártico
15 Centros de design, O L
pesquisa e desenvolvimento
S
69 Fábricas de produção 0 2 400 km

Os países onde se localizam as unidades produtoras e montadoras das matrizes rece-


bem tecnologia, mas não conseguem desenvolver a própria, pois desconhecem o processo
de criação do produto e são somente partes da linha de montagem, não tendo acesso à
produção como um todo. Assim, esses países estão subordinados às matrizes, que são os
polos de atualização e inovação científica e tecnológica mundiais.

Saiba mais

China: nova potência industrial

Andrew Brookes/Cultura Creative/Cultura Creative/AFP


do século XXI
Nas duas últimas décadas tem cresci-
do a importância econômica e geopolíti-
ca da China em escalas regional e global.
Sua grande extensão territorial, a terceira
maior do mundo, assim como o tamanho
de sua população, que hoje é a maior do
mundo, com mais de 1,4 bilhão de ha-
bitantes, e a dinâmica de sua economia
– uma das que mais cresce atualmente –
favorecem e potencializam seu papel de De acordo com os
destaque no cenário internacional. dados mais recentes
disponíveis, de 2018,
Foram fatores essenciais para a arrancada da produção industrial chinesa a criação a China já apresenta
gastos com Pesquisa e
de Zonas Econômicas Exclusivas (ZEEs) e a abertura de importantes cidades portuárias
Geografia – Módulo 12

Desenvolvimento (P&D) que


com investimentos estrangeiros. O maior atrativo para as empresas é a existência de só ficam atrás dos Estados
Unidos. Juntos, os dois
infraestrutura e de grande oferta de mão de obra barata, o que permite a redução países são responsáveis
dos custos de produção, principalmente em relação aos países tradicionalmente por mais de 60% do
industrializados, onde o nível de salário é maior. investimento global.

283
Atividade 5
A partir da leitura do mapa “Mundo: planejamento e cadeia de produção da Toyota – 2020” e do que foi visto nas
aulas, responda:
a. De que forma as indústrias contribuem para que os países menos industrializados onde elas atuam não desen-
volvam tecnologia própria?

b. Em geral, como podemos caracterizar os países onde estão localizados os Centros de Design e Pesquisa e De-
senvolvimento da Toyota?

Teste
1. Leia o texto a seguir.
A evolução que marca as etapas do processo de trabalho e das relações sociais marca, também, as mudanças
verificadas no espaço geográfico, tanto morfologicamente, quanto do ponto de vista das funções e dos processos.
É assim que as épocas se distinguem umas das outras.
Todo e qualquer período histórico se afirma com um elenco correspondente de técnicas que o caracterizam
e com uma família correspondente de objetos. Ao longo do tempo, um novo sistema de objetos responde ao
surgimento de cada novo sistema de técnicas. Em cada período, há, também, um novo arranjo de objetos. Em
realidade, não há apenas novos objetos, novos padrões, mas, igualmente, novas formas de ação. [...]
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2006. p. 61-62.

A partir dos seus conhecimentos, assinale a alternativa correta sobre o espaço geográfico.
a. A industrialização altera o espaço geográfico apenas porque retira matéria-prima da natureza.
b. A ação humana não interfere no espaço geográfico; hoje ele é o mesmo que sempre foi.
c. As mudanças nas técnicas e no modo de produção transformam o espaço geográfico.
d. As mudanças no mundo do trabalho ocorrem no tempo, não no espaço.

2. Observe o mapa “Brasil: novas conexões via cabo de fibra óptica”, na página 276. Em seguida, assinale a alternativa
que contém apenas países conectados ao Brasil por esses cabos.
a. Angola, África do Sul, Estados Unidos, Portugal, França.
b. Angola, Argentina, Venezuela, Estados Unidos e Espanha.
c. África do Sul, Cuba, Estados Unidos, Reino Unido e Espanha.
d. Nigéria, Chile, Uruguai, Canadá e Portugal.

3. Leia as descrições a seguir, de diferentes modelos de produção, e assinale a alternativa que os identifica corretamente.
I. Sistema de produção que organiza a divisão de tarefas entre os trabalhadores e premia os que realizam sua
tarefa com maior velocidade.
II. Modelo da linha de montagem, caracterizado por esteiras rolantes, que levam as peças para que funcionários
realizem sua tarefa parados, atribuindo maior velocidade ao processo.
284 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO
III. Modelo que abandona produção em massa, produzindo apenas o correspondente à demanda, podendo
personalizar os produtos. Suas fábricas ocupam áreas menores (por não haver estoque).
a. I. Taylorismo; II. Fordismo; III. Toyotismo.
b. I. Setor primário; II. Setor secundário; III. Setor terciário.
c. I. Toyotismo; II. Robotização; III. Fordismo.
d. I. De base; II. De bens de consumo; III. De bens intermediários.

4. Como vimos na aula, tradicionalmente as indústrias se localizam em áreas com boa infraestrutura e oferta de mão
de obra e mercado consumidor.
Entretanto, atualmente, outros fatores passaram a influenciar essa distribuição, e muitas indústrias, originais de
países industrializados, têm se estabelecido em países em desenvolvimento.
Assinale a alternativa que apresenta informações corretas sobre o tema.
a. A China atrai muitas indústrias porque tem leis trabalhistas que protegem o trabalhador, mão de obra qua-
lificada e boa infraestrutura.
b. O Brasil atrai as indústrias transnacionais por que oferece incentivos fiscais, mão de obra abundante e um
grande mercado consumidor.
c. As maquiladoras no México fazem a montagem de produtos que serão vendidos no país, evitando taxas.
d. A Índia não atrai empresas transnacionais devido à falta de mão de obra abundante e barata, embora conte
com excelente infraestrutura.

Em casa
1. Sobre a Revolução Industrial, responda:
a. Analise as modificações que as indústrias provocaram na paisagem. Em que países essas transformações foram
mais intensas?
b. Quais foram as mudanças na divisão social do trabalho provocadas pela Revolução Industrial? Quem se bene-
ficiou dessas mudanças? Explique.

2. Vimos que existem três setores de indústria, encaixando-se todas as que produzem para o mercado consumidor
no mesmo setor: “indústria de bens de consumo ou indústria leve”.
Escolha um objeto pessoal, como seu celular ou seu caderno, e faça uma pesquisa, identificando os tipos de
indústria envolvidos na produção e a quais setores pertencem cada um deles.

3. Com a informatização e a robotização da produção, muitos postos de trabalho são extintos, pois suas funções são
exercidas por robôs. Além do desemprego, como consequência, são criadas outras funções, mais qualificadas,
para garantir o bom funcionamento dessas máquinas, desenvolver novas tecnologias, etc.
O texto abaixo descreve algumas dessas “profissões do futuro”, divulgadas pelo LinkedIn, em 2020, como entre as
de maior crescimento. Leia e faça o que se pede.

Especialista em inteligência artificial


Geografia – Módulo 12

Taxa de crescimento anual: 74%


O que faz? Esse profissional analisa áreas em que faz sentido implementar ou criar sistemas inteligentes.
Mexe diretamente com o chamado machine learning, ou seja, ferramenta utilizada para ensinar as máquinas a
simularem os processos de decisão do cérebro humano.

285
Engenheiro de robótica
Taxa de crescimento anual: 40%
O que faz? A Engenharia Robótica é responsável pelo design, desenvolvimento, operação e programação de
robôs. Por meio dela, acrescentam-se elementos cognitivos nos sistemas industriais.

Cientista de dados
Taxa de crescimento anual: 37%
O que faz? Esse tipo de cientista é capacitado para reunir, interpretar e replicar de forma simplificada
informações relevantes contidas em enormes bancos de dados de empresas e governos. Na era do big data são
considerados uma mina de ouro.
[...]

Engenheiro de dados
Taxa de crescimento anual: 33%
O que faz? Esse engenheiro é responsável por encontrar tendências nos conjuntos de dados e desenvolver
algoritmos para ajudar a tornar os dados brutos informações úteis para a empresa. É uma profissão que requer
habilidades técnicas específicas, como conhecimento profundo do design do banco de dados SQL e de várias
linguagens de programação.
[...]

Especialista em segurança cibernética


Taxa de crescimento anual: 30%
O que faz? Esse profissional cuida da segurança cibernética, de informação, de rede e avaliação possibilidades
de vulnerabilidades no sistema, garantindo a segurança da informação.

Desenvolvedor de back-end
Taxa de crescimento anual: 30%
O que faz? O Desenvolvedor Back-end é o responsável por dinamizar os sites utilizando linguagens de
programação, além de organizar todas as informações invisíveis aos olhos do usuário.
[...]

Engenheiro de nuvem
Taxa de crescimento anual: 27%
O que faz? É o profissional responsável por analisar sistemas, identificar problemas, avaliar dados e conceber
soluções para problemas relacionados à computação em nuvem.

Desenvolvedor Javascript
Taxa de crescimento anual: 25%
O que faz? […] desenvolve e implanta sistemas em Javascript realizando correções em sistemas para atender
às necessidades dos usuários. Desenvolve também trabalhos de montagem, depuração e testes de programas já
desenvolvidos.
MARIOTTI, Júlia. LinkedIn revela quais serão as 15 profissões do futuro. Consumidor moderno. 9 jan. 2020. Disponível em: www.consumidormoderno.com.br/2020/01/09/
linkedin-profissoes-do-futuro. Acesso em: 8 fev. 2021.

a. Por que essas novas vagas não são preenchidas pelos operários que perdem seus empregos com o processo
de informatização e robotização?
b. Escolha duas das funções citadas no texto e pesquise qual é a formação necessária para a atuação na área em
cada uma.

286 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


4. Escolha uma região, entre Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, e escreva um texto
explicando os fatores históricos da industrialização da região, além de caracterizar suas
principais produções. Para isso, retome o que foi visto nas aulas de Geografia e faça
uma pesquisa na internet.
Veja, a seguir, um exemplo de texto que retoma as principais características do processo
de industrialização do país e sua concentração na região Sudeste.

No Brasil, historicamente, as indústrias se concentravam na região Sudeste, com destaque


para o ABCD, na Região Metropolitana de São Paulo. Isso se explica pelo desenvolvimento
histórico da região, que no momento da industrialização já contava com infraestrutura de
transportes, mão de obra e mercado consumidor.
O Estado também contribuiu para essa concentração industrial, por meio de programas
que facilitavam o estabelecimento industrial na região. Isso se reflete na falta de integração
regional no território brasileiro.
As principais atividades industriais na região Sudeste são a automobilística, petroquímica,
química, alimentar, têxtil, metalúrgica, mecânica, entre outras.
O porto de Santos é o principal meio de escoamento da produção para o mercado externo
e é o maior complexo portuário da América Latina.
Entretanto, atualmente há uma tendência de descentralização da atividade industrial, que
busca locais com menores custos de produção, através de incentivos fiscais, mão de obra e
transporte mais baratos.
Cidades médias do interior, com universidades, são ideais, pois oferecerem todos os
atrativos para o estabelecimento de indústrias.

TC ON-LINE: Faça os exercícios extras disponíveis no Plurall.

Anotações

Geografia – Módulo 12

287
MÓDULO
Indústria

13 brasileira
Paulo Fridman/Pulsar Imagens

Área interna
da Embraer,
empresa brasileira
especializada na
fabricação e na
comercialização de
jatos executivos. Foto
de 2015.

1. Qual é a importância do setor industrial


para a economia do país?
2. Há indústrias instaladas no município
onde você mora?
3. Você sabia que o Brasil possui uma das
mais importantes empresas de fabricação
de aviões do mundo?

288
O surgimento da indústria no Brasil
No Brasil, o século XX foi um período de grandes transformações. O país registrou uma
das mais altas taxas de crescimento populacional do planeta, sofreu intensos processos de
urbanização e de industrialização e teve considerável crescimento de sua economia. Essas
mudanças não se deram de forma simples e isolada, e suas consequências foram enormes
para o Brasil.
Tales Azzi/Pulsar Imagens

A Petrobras é uma das


empresas mais importantes
do país e um dos
símbolos do processo de
industrialização pelo qual
o Brasil passou a partir de
meados do século XX. A
empresa foi criada em 1953
para a extração e o refino
de petróleo. Atualmente
também é responsável pela
produção de combustíveis
e matérias-primas utilizadas
na fabricação de diversos
bens industriais, como
tintas, detergentes,
borrachas e fios para
a indústria de tecidos.
Na fotografia, refinaria
Presidente Bernardes, em
Cubatão (SP), em 2018.

O processo de industrialização brasileiro ocorreu de diferentes formas ao longo de sua


história, tendo como marco inicial a vinda da família real portuguesa para o Brasil, como
estudaremos a seguir.

Primeira fase (1808-1914)


No período em que foi colônia de Portugal, o Brasil desenvolveu relações econômicas
com a metrópole favoráveis, obviamente, aos interesses portugueses. Portugal comprava
matérias-primas da colônia a preços baixos e fornecia-lhe produtos manufaturados por
preços elevados (Pacto Colonial). O Brasil era proibido pela metrópole de desenvolver
produtos manufaturados.
Em 1808, essa situação começou a mudar. A família real portuguesa e sua corte desloca-
ram-se para o Brasil devido às guerras napoleônicas, marcando o início de um novo período
Revogar: tornar algo
Geografia – Módulo 13

na história da industrialização brasileira. As leis que proibiam as atividades industriais foram


sem efeito, fazer deixar de
revogadas, e, em meados do século XIX, foram instaladas as primeiras indústrias. Eram vigorar; anular.
estaleiros, pequenas metalúrgicas, moinhos de farinha, tecelagens e fábricas de cerâmica Estaleiro: local, geralmente
e de ferramentas. Todas produziam apenas o necessário para o consumo interno. Portanto, à beira-mar ou à beira-rio,
ainda era grande o volume de importação de produtos manufaturados e industrializados, para a construção ou o
reparo de barcos e navios.
principalmente da Inglaterra.

289
Apesar de crescente, o desenvolvimento industrial ainda era pouco significativo, em razão
de haver muitos escravizados e poucos trabalhadores assalariados. Como os escravizados não
recebiam salário, não compunham um mercado consumidor para a indústria. Além disso, as elites
nacionais ainda não tinham grandes interesses em investir na indústria e havia grande dificuldade
em se obter máquinas, equipamentos e peças, que precisavam ser importados da Inglaterra.

Direito de reprodução gentilmente cedido por João Candido Portinari


Chegada de D. João VI a Salvador, de João Candido Portinari, 1952 (óleo sobre tela, 580 cm 3 381 cm). Na tela, o artista retratou,
já no século XX, a chegada de dom João VI e da família real a Salvador (BA), em 1808, antes de seguirem para o Rio de Janeiro (RJ).

Impulso ao processo de industrialização


O primeiro grande impulso no processo de industrialização no Brasil se deu a partir de
1844, com a implantação da Tarifa Alves Branco, que elevou as taxas de importação para
44%, encarecendo os produtos importados. Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós proibiu
o tráfico de escravizados, o que impulsionou a busca pela mão de obra de imigrantes e
criou condições para a formação de um mercado consumidor, fundamental para o desen-
volvimento industrial. Parte dos capitais, até então utilizados no tráfico de escravizados,
foi transferida para investimentos em outros setores da economia, como o bancário, o de
serviços urbanos e o de indústrias de bens de consumo.
Apesar de certo número de indústrias começar a surgir no país, o processo de industria-
lização brasileiro, até aquele momento, ainda não tinha consistência. Houve apenas surtos
de prosperidade industrial, seguidos de períodos de decadência. Esses surtos, em geral,
ocorreram graças ao esforço e à iniciativa de alguns indivíduos isolados, como o Barão de
Mauá (1813-1889).

290 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Reprodução/Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, RJ.
O Barão de Mauá
Irineu Evangelista de Sousa,
o Barão de Mauá, foi um dos
principais personagens do surto de
industrialização que ocorreu no Brasil a
partir da segunda metade do século XIX.
Ele investiu em companhias de bondes,
na criação de bancos, na construção
de uma rede de telégrafos, entre outros
setores. Uma das maiores contribuições
de Mauá foi a construção de ferrovias
com o objetivo de transportar a
produção agrícola do Brasil com
mais velocidade.

Gasômetro no Aterrado, de Pieter Godfred Bertichem, 1856. A gravura representa a Fábrica de


Gás, construção iniciada em 1852, situada na antiga rua do Aterrado, depois rua Senador Euzébio,
no Rio de Janeiro (RJ). O antigo gasômetro teve sua construção financiada pelo Barão de Mauá.

Segunda fase (1914-1955)


Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as importações tornaram-se pratica-
Em 1941, o então
mente impossíveis. As indústrias dos países europeus envolvidos nos conflitos voltaram-se presidente Getúlio Vargas
à fabricação de armas e de equipamentos para os soldados. Com isso, o Brasil não tinha (1882-1954) assinou a
criação da Companhia
mais como importar produtos manufaturados da Europa. Elites nacionais aproveitaram, Siderúrgica Nacional
então, para investir na indústria. Dessa forma, ocorreu um real impulso à industrialização (CSN), que se tornou a
principal fornecedora de
brasileira, com o surgimento de fábricas de bens de consumo, como tecidos, sapatos, aço brasileira e viabilizou
alimentos, etc. a implantação de diversas
Até a década de 1930, mesmo com essas atividades industriais, a economia do Brasil outras indústrias no país.
Na fotografia, instalações
era essencialmente agrícola, apoiada quase que exclusivamente no café. Porém, em 1929, da CSN em Volta Redonda
uma forte crise econômica atingiu o mundo todo e, como consequência, mudou essa his- (RJ), na década de 1940.

tória. O preço do café despencou. Diante dessa realidade,

Reprodução/IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


cafeicultores e outros detentores de recursos financeiros
resolveram aplicar os lucros em outros setores, criando
novos caminhos econômicos. A atividade industrial bra-
sileira ganhou impulso, iniciando-se, enfim, um processo
contínuo de industrialização no país por meio da política
de substituição de importações.
O dinheiro gerado pelo café no século XIX e no iní-
cio do século XX, a infraestrutura (ferrovias e portos)
instalada para o escoamento desse produto e a mão de
Geografia – Módulo 13

obra imigrante foram fundamentais para o processo de


industrialização brasileiro. Entretanto, para que ele avan-
çasse, o Estado teve de atuar diretamente, investindo nas
indústrias de base durante as décadas de 1940 e 1950.
Dois exemplos disso são a construção da Companhia Si-
derúrgica Nacional (CSN) e a criação da Petrobras.

291
Terceira fase (1956-2000)
A partir de 1956, durante o governo do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976),
a indústria brasileira se desenvolveu intensamente com a implantação de uma política
desenvolvimentista. O objetivo era alinhar o país com nações mais modernas, e isso exigia
rápida expansão industrial. Além do capital nacional (privado e estatal), a indústria passou
a contar com grandes investimentos de capital estrangeiro. Naquele período, ocorreu a
internacionalização, em maior escala, de parte da nossa economia, com grande participa-
ção de empresas transnacionais, notadamente a entrada de indústrias automotivas, como Empresas transnacionais:
ilustrado na foto a seguir. são aquelas que possuem
matriz em um país e
atuação em diversos outros.
Geralmente são grandes

Antonio Lucio/Agência Estado


empresas que instalam filiais
em outros países em busca
de mercado consumidor,
energia, matéria-prima e
mão de obra barata. É muito
comum produzirem cada
parte de um produto em
países diferentes, com o
objetivo de reduzir custos.

O governo de Juscelino Kubitschek ampliou a malha rodoviária brasileira com o objetivo de atrair
empresas internacionais do ramo automotivo. Na foto, o então presidente dirige carro no pátio da
Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), durante solenidade de inauguração, em 1956.

Esse modelo de desenvolvimento industrial continuou vigorando nos anos seguintes,


com adaptações às mudanças dos cenários brasileiro e mundial. Durante a década de 1970,
o país passou novamente por um grande crescimento industrial, que ficou conhecido como
“milagre econômico”, período de grande crescimento econômico do Brasil, por quase uma
década, porém não sustentável, porque estava embasado em grandes empréstimos estran-
geiros que fizeram o país contrair enorme dívida externa.
Na década de 1990, depois da forte crise econômica que durou toda a década de 1980
e estagnou os investimentos na área industrial, o governo brasileiro intensificou a aber-
tura econômica a partir da adoção de políticas neoliberais, promovendo a privatização de
indústrias estatais. Nesse processo, diversas indústrias nacionais faliram por não conseguir
concorrer com os produtos importados, mais avançados do ponto de vista tecnológico e mais
competitivos do ponto de vista dos preços ao consumidor. Diante desse cenário, os empre-
sários brasileiros foram obrigados a rever seus processos produtivos para poder competir
com as empresas estrangeiras, e o Brasil voltou a ter sua indústria em crescimento, entrando
no século XXI como um dos países em desenvolvimento mais industrializados do mundo.

292 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Apesar de o Estado brasileiro ter aberto mão de seu papel de investidor na indústria
nacional e passado a privilegiar o setor agrário exportador, a indústria nacional continua
relevante na pauta de exportação do país e no volume de postos de trabalho gerados.

A indústria brasileira no início do século XXI


Atualmente, o parque industrial brasileiro é amplo e variado. São fabricados em ter- Parque industrial:
ritório nacional produtos como aviões, automóveis, roupas, eletrodomésticos, alimentos, conjunto de indústrias de
uma cidade, estado ou país.
entre outros.
Contudo, embora seja forte nos dias de hoje, a indústria brasileira ainda é muito de-
pendente de tecnologia estrangeira em diversos setores. Além disso, continua bastante
concentrada nas regiões Sudeste e Sul e próximo às regiões metropolitanas, apesar de essa
tendência vir se modificando, com a gradual dispersão das empresas pelo território nacional.

Atividade 1
Observe o mapa abaixo e responda às questões.

Brasil: concentração industrial – 1969


50° O

RR
AP
Equador

AM
PA CE
MA RN

PB
PI
PE
AC
AL
TO SE
RO
BA
MT

DF OCEANO
ATLÂNTICO
GO
MG
ES
OCEANO MS
PACÍFICO
SP RJ

Capricórnio
Trópico de
PR

Parte dos estabelecimentos


fundados antes de 1969 (%) SC Número de unidades
Geografia – Módulo 13

50,0 fundadas antes de 1969


4,9 RS N 15 264
2,6 O L
1,3 1 045
S
0,0 0 330 km 4

Fonte: elaborado com base em THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São
Paulo: Edusp, 2008. p. 151.

293
a. Quais estados concentravam a maior parte dos estabelecimentos industriais no território brasileiro em 1969?
muitos

b. Explique a relação entre a concentração industrial no território brasileiro e a economia gerada pelo cultivo do café.
não entendi

c. Indique e analise uma consequência provocada no território brasileiro pela concentração industrial demonstrada
pelo mapa.
Industrializaca
-

Carência de investimentos em pesquisa


Apesar de o Brasil possuir um grande parque industrial, ainda depende da tecnologia
dos países desenvolvidos. Mesmo tendo avançado em diversos campos industriais com
tecnologia própria, o país está muito longe da realidade de países que possuem grande
desenvolvimento tecnológico, como Japão, Estados Unidos e Alemanha. Isso o torna, muitas
vezes, submetido aos interesses desses países e de determinados setores.
Se não quiser ficar à margem do desenvolvimento do século XXI, o Brasil precisa desen-
volver as próprias tecnologias. Para isso, é necessário que haja investimentos maiores em
pesquisa (universidades de excelência, pesquisadores bem formados, centros de pesquisas,
etc.) e, consequentemente, nos ensinos Fundamental e Médio públicos e de qualidade.
O valor destinado à pesquisa no país ainda é muito baixo, mesmo quando comparado
a outros países em desenvolvimento. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2017 o Brasil destinou ao desenvolvi-
mento tecnológico o equivalente a apenas 1,26% do Produto Interno Bruto (PIB), o que Produto Interno Bruto
é considerado pouco. Além disso, de acordo com o Índice Global de Inovação, em 2020 o (PIB): o valor, em dinheiro,
de tudo que é produzido no
Brasil ocupou a 62ª colocação no ranking que abrange 131 países, ficando atrás de países país.
da América Latina como Chile (54º), México (55º) e Costa Rica (56º).
Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens

A Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) é um dos
melhores institutos de
pesquisa do Brasil em
termos de qualidade de
produção científica. Na
foto, laboratório do Instituto
Aggeu Magalhães, da
Fiocruz, em Recife (PE),
2019.
294 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO
Para agravar o quadro, grande parte dos cientistas e dos técnicos brasileiros formados
com recursos do governo recebem propostas de trabalho de empresas estrangeiras. Muitos
deles acabam por deixar o país, configurando o que se chama de “fuga de cérebros”.
Observe o mapa a seguir. Os tons mais escuros representam os países com maiores
percentuais do PIB gastos com pesquisa e desenvolvimento. Em seguida, observe as infor-
mações do infográfico.

Mundo: investimento em pesquisa e desenvolvimento (em % do PIB) – 2018



OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico

OCEANO
OCEANO
PACÍFICO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

OCEANO
PACÍFICO
Equador

OCEANO
ÍNDICO

Trópico de Capricórnio

0-0,25%
Meridiano de Greenwich

0,26-0,50%
0,51-1,00% N
1,01-2,00%
O L
Acima de 2,00%
S
Sem dados 0 2 170 km

Fonte: elaborado com base em UNESCO. Disponível em: http://uis.unesco.org/sites/default/files/documents/fs59-global-investments-rd-2020-en.pdf.


Acesso em: 8 fev. 2021.

Atividade 2
Com base nas informações do texto e do mapa, analise o gasto com pesquisa e desenvolvimento no mundo,
destacando a situação brasileira.
Que ele melhorou muito Geografia – Módulo 13

295
296 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO
Geografia – Módulo 13

297
Pensar representações

A fuga de cérebros
Observe atentamente os dados sobre a saída de brasileiros para os Estados Unidos, fornecidos pelos gráficos
a seguir, e responda às questões.

Fonte: elaborado com base em FERNANDES, Anaïs; SOUZA, Marcos de Moura e. Novo fôlego da fuga de cérebros do país
acende sinal de alerta. Valor Econômico, 7 maio 2018. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/12/16/novo-
folego-da-fuga-de-cerebros-do-pais-acende-sinal-de-alerta.ghtml; BELO, Eduardo. EUA ‘levam’ brasileiros mais qualificados.
Valor Econômico, 16 dez. 2019. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2018/05/07/eua-levam-brasileiros-mais-
qualificados.ghtml. Acesso em: 8 fev. 2021.

298 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Atividade 3
a. O que os dados do infográfico revelam a respeito da ida definitiva de profissionais qualificados brasileiros
para os Estados Unidos entre 2010 e 2018?
Nã entendi

b. Indique os três principais motivos declarados pelos brasileiros para sair do país.
Pobreza e dinheita

c. Qual é o grau de escolaridade predominante dos brasileiros que migraram após 2014?
Muito
pequena
d. Indique e analise uma consequência negativa para o Brasil decorrente da fuga de cérebro verificada nos
últimos anos.
Nã entendi

Distribuição das indústrias no Brasil


Observe o mapa abaixo.

Brasil: áreas industriais – 2016


50° O

OCEANO
Boa Vista
ATLÂNTICO
AP
RR
Equador Macapá Belém

São Luís
Fortaleza
Manaus
PA CE
AM
Teresina RN Natal
MA
Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar.

PB João Pessoa
PI
Porto PE Recife
AC Velho Palmas AL
Maceió
Rio Branco SE
RO TO Aracaju
BA
MT Salvador
DF
Cuiabá Brasília
8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 134.

GO
Goiânia MG

Campo Belo
Grande Horizonte ES
OCEANO MS Vitória
PACÍFICO
RJ
Geografia – Módulo 13

Rio de Janeiro Trópico


SP de Capr
Número de empresas industriais PR i córnio
extrativas ou de transformação, São Paulo
por município SC Curitiba
Menos de 1 000 Florianópolis N
1 001 a 5 000 RS
O L
5 001 a 10 000 Porto Alegre

33 612 S
0 425 km

299
Lalo de Almeida/Folhapress
O mapa da página anterior mostra que a distribuição industrial
brasileira é irregular, com concentração em algumas regiões do país.
Nas últimas décadas, essa situação vem lentamente se modificando,
com o crescimento de novas áreas industriais. Isso se deve, em gran-
de parte, a diversas medidas tomadas pelo poder público brasileiro
a partir da década de 1970, a fim de promover a desconcentração
industrial no país, com redução ou isenção de impostos e outros
benefícios. Diversas indústrias passaram, então, a montar filiais ou
abrir novas unidades em diferentes partes do território brasileiro.
Apesar de o processo de desconcentração industrial estar em
curso no Brasil, não é possível dizer que áreas como São Paulo e Rio
A criação da Zona Franca de Manaus (ZFM), no
de Janeiro deixaram de se industrializar. O que houve foi uma queda final da década de 1960, foi uma das medidas
no crescimento industrial dessas metrópoles, que acabaram se espe- tomadas pelo governo brasileiro para promover a
desconcentração industrial no país. Na fotografia,
cializando em atividades mais complexas e competitivas, que exigem vista de indústrias da Zona Franca de Manaus
o emprego de mão de obra especializada e tecnologias modernas. (AM), 2018.

Atividade 4
Observe o mapa intitulado “Brasil: áreas industriais – 2016” (página 299) e responda às questões a seguir.
a. Quais são as regiões mais industrializadas do país?

hel a noste
b. No estado onde você mora há muitas indústrias?
não entendi

As indústrias e o meio ambiente


O crescimento do número e do tamanho das áreas industriais e urbanas tem aumentado
a poluição, e sua escala deixou de ser local para se tornar planetária. Isso não apenas por-
que a indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente,
mas porque, como sabemos, a industrialização de uma região acarreta a sua urbanização,
com grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria aglomeração urbana
é, por si só, uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas ambientais, como
o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgoto, a emissão excessiva de gases poluentes
devido aos congestionamentos de tráfego, etc.
De modo geral, as principais origens da poluição industrial são:
• utilização de tecnologias muitas vezes ultrapassadas e fortemente poluentes, que
demandam elevado consumo energético e de água, sem valorização de resíduos;
• inexistência de circuitos adequados de eliminação de resíduos, em particular dos
perigosos;
• degradação do espaço natural no entorno das fábricas;
• despejo de poluentes líquidos em águas superficiais, que podem ser levados para as
águas subterrâneas, com risco de contaminação de águas destinadas ao consumo;
• depósitos inadequados de resíduos.

300 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
Muitas medidas têm sido tomadas para evitar que essa situa-
ção se agrave. Nos países ricos e densamente industrializados, as
leis de proteção ao meio ambiente têm-se tornado cada vez mais
rígidas. Nos países pobres, as leis ambientais geralmente são me-
nos rígidas, o que leva muitas indústrias a se instalarem nesses
países, evitando, assim, gastos com equipamentos sofisticados.
Entre as medidas que vêm sendo tomadas em vários países,
destacam-se:
• mais rigor na permissão de instalação de novos estabele-
cimentos ou na ampliação dos já existentes, com atenção
especial à avaliação do impacto ambiental;
• incentivo, por meio de reduções fiscais, à utilização de tecno-
logias menos poluentes e à adoção de medidas que permitam
o tratamento dos poluentes líquidos, gasosos e dos resíduos
sólidos;
• reforço da fiscalização e ampliação das punições legais;
• estímulo a ações compensatórias, como o replantio de áreas As chaminés, que durante muitos anos foram símbolo
devastadas e a recuperação de áreas degradadas. de desenvolvimento, agora são consideradas a
imagem da degradação ambiental. A emissão
Vários órgãos internacionais, destacadamente a ONU, têm desenfreada de gases poluentes na atmosfera ocorre
realizado fóruns que estimulam a troca de experiências bem- em várias áreas do planeta, principalmente nos
-sucedidas para a diminuição da poluição, incluindo a industrial. países industrializados. Na foto, de 2020, a Usina
Termelétrica Presidente Médici, em Candiota (RS),
Esse tema tem sido um dos mais debatidos no século XXI, devido que utiliza o carvão mineral como combustível para
ao risco dos efeitos da poluição para a vida na Terra. geração de energia elétrica.

Atividade 5
Leia a notícia abaixo e responda às questões.

Confira como foi debate sobre a Baía de Guanabara, da Semana Rio 2020
[...] Carlos Henrique da Cruz Lima, do Grupo Águas do Brasil [...] destaca o tamanho do desafio do saneamento
no país, que tem hoje 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável, mais de cem milhões sem coleta de esgoto
e 150 milhões cujo esgoto coletado não recebe tratamento.
Ele ressalta a importância do projeto de concessão dos serviços de saneamento da Cedae formatado pelo
BNDES para reduzir a contaminação da Baía de Guanabara. Mas frisa que, sozinho, não será suficiente para
enfrentar o desafio ambiental que se impõe ao cartão-postal carioca.
— É preciso investir em fiscalização séria da poluição industrial, de forma técnica, ágil, com ações de polícia. A
poluição das indústrias é muito maior que a doméstica. Elas precisam tratar o esgoto em suas plantas — pondera
Lima. — Também é preciso dedicar recursos para a educação ambiental da população, além de tratar o esgoto dos
aterros sanitários. O chorume é altamente poluidor.
CAVALCANTI, Glauce; RAMOS, Raphaela. Confira como foi debate sobre a Baía de Guanabara, da Semana Rio 2020. O Globo, 18 set. 2020. Disponível em:
Geografia – Módulo 13

https://oglobo.globo.com/rio/confira-como-foi-debate-sobre-baia-de-guanabara-da-semana-rio-2020-1-24635236. Acesso em: 8 fev. 2021.

a. De acordo com o que diz o entrevistado na notícia, quem é o principal responsável pela contaminação da Baía
de Guanabara, no Rio de Janeiro, e o que é necessário fazer para solucionar esse problema ambiental?
b. Explique por que, nos países ricos, os indicadores da qualidade ambiental costumam ser mais elevados do que
nos países pobres.

301
Teste

1. Leia o texto a seguir, que narra o início da política desenvolvimentista na indústria brasileira.
Na campanha presidencial […] Juscelino Kubitschek anunciava que em seu governo faria cinquenta anos em cinco.
[…] Nos primeiros dias de seu mandato, formulou e acompanhou a execução do maior instrumento de planejamento
de toda a história do país: o Plano de Metas. […] A sociedade brasileira […] parecia, de fato, aperceber-se da mudança,
naquele momento, em que a ideologia desenvolvimentista incorporava-se à retórica oficial do governo.
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento econômico brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004. p. 401.

Com base em seus conhecimentos e no conteúdo do capítulo, assinale a alternativa que indica corretamente a
fase em que a política desenvolvimentista foi introduzida na industrialização do Brasil.
a. Primeira fase (1808-1914): nascimento das primeiras indústrias, mas com pouco mercado consumidor em
razão da presença da escravidão.
O
b. Segunda fase (1914-1955): período de substituição de importações, em razão das duas guerras mundiais,
que inviabilizaram a importação de produtos de países europeus.
c. Terceira fase (1956-2000): intenso desenvolvimento industrial e alinhamento com as nações modernas, com
participação tanto do capital industrial brasileiro quanto do estrangeiro e empresas transnacionais.
d. Indústria brasileira atual (século XXI): período de diversificação do parque industrial brasileiro, mas ainda
muito dependente de tecnologia importada.

2. É o setor industrial que se iniciou durante o período desenvolvimentista e modernizador que marcou o país na
década de 1950. Nas primeiras décadas do século XXI, vem aumentando sua participação na economia, devido
às grandes descobertas no litoral brasileiro, em especial nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito
Santo. Trata-se da:
a. Indústria siderúrgica. c. Indústria automotiva.
O
b. Indústria aeronáutica. d. Indústria petroquímica.

3. Leia a notícia abaixo e assinale a alternativa correta.

Aglomerações industriais avançam para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte


O mapa da indústria brasileira está mudando. Mesmo diante do tímido crescimento do setor no país, houve
uma dispersão de aglomerações industriais relevantes (AIR) pelas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Das AIRs
surgidas no Brasil entre 1995 e 2015, 32% estão nessas três regiões, que reuniam apenas 22,3% das aglomerações
no primeiro ano da análise. Nesse mesmo período, o número de AIRs no Brasil passou de 85 para 160.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Aglomerações industriais avançam para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, 9 out. 2019.
Disponível em: www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35091:aglomeracoes-industriais-avancam
-para-as-regioes-nordeste-centro-oeste-e-norte&catid=1:dirur&directory=1. Acesso em: 8 fev. 2021.

a. A notícia indica que a distribuição industrial no território brasileiro é a mesma desde o início do processo de
desenvolvimento desse setor no país, com a vinda da família real portuguesa.
b. Nas últimas décadas, houve um processo de desconcentração industrial no território brasileiro, com o aumento
do número de aglomerações industriais relevantes (AIR) pelas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Oc. Nas últimas décadas, houve um processo de desconcentração industrial no território brasileiro, com o au-
mento do número de aglomerações industriais relevantes (AIR) pelas regiões Sul e Sudeste.
d. O setor industrial das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste perdeu destaque nos últimos anos em decor-
rência do aumento do número de AIRs nas regiões Sul e Sudeste que passou de 85 para 160.

302 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO


Em casa

1. Leia atentamente o texto sobre a trajetória do Barão de Mauá e responda às questões propostas a seguir.
No dia 21 de outubro de 1889 morria Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá. Empresário,
banqueiro e político, Mauá foi um dos maiores impulsionadores da indústria brasileira, durante o período do
Segundo Reinado.
Mauá começou a trabalhar aos 11 anos de idade, quando empregou-se como balconista de uma loja de tecidos.
Aprendeu inglês na importadora Ricardo Carruthers, onde também exerceu atividades, e aos 23 anos já se tornara
gerente.
Assumiu sozinho a responsabilidade de construir os estaleiros da Companhia Ponta da Areia, ponto de
partida da indústria naval brasileira, com inúmeras seções como fundição de ferro, de bronze, mecânica, ferraria,
serralheria, calderaria de ferro, construção naval, modeladores, aparelhos, velames e galvanismo.
Mauá havia observado que as mercadorias desembarcadas no Brasil não alcançavam o interior por falta de
transporte. Em 1840, buscou na Inglaterra recursos para que o Brasil pudesse se industrializar e durante a viagem
pôde conhecer uma grande fundição de ferro e maquinismo, a Bristol. Ele trouxe a ideia ao Brasil, construir
estradas de ferro para alavancar o comércio.
O Visconde fundou também uma companhia de curtumes, uma de rebocadores a vapor, uma de diques
flutuantes e a Companhia de Bondes Jardim Botânico.
[...]
A intervenção de Mauá foi altamente benéfica para o Estado do Rio de Janeiro, que alcançou grande
desenvolvimento com suas inovações. São iniciativas do Visconde a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro,
a primeira companhia de navegação do Amazonas, a primeira estrada de ferro, da Raiz da Serra à cidade de
Petrópolis, o assentamento dos primeiros cabos telegráficos submarinos (ligando Brasil à Europa) e a construção
do trecho inicial da primeira rodovia pavimentada do país (entre Petrópolis e Juiz de Fora).
[...]
Abolicionista, se posicionou contrariamente à Guerra do Paraguai e passou a ser perseguido pelo Império.
Suas indústrias viraram alvo de sabotagens e os negócios ficaram abalados pela sobretaxa às importações. Em
1875, Mauá pediu moratória de seus negócios e encerrou um longo caminho de empreendedor. Seus bancos foram
à falência e o Visconde passou o final de seus dias tentando saldar as dívidas que levaram à pobreza aquele que
mais lutou pela industrialização do país.
MAUÁ, o impulsionador da indústria brasileira. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), 18 out.
2002. Disponível em: www.al.sp.gov.br/noticia/?id=296468. Acesso em: 8 fev. 2021.

a. De acordo com o texto, quais foram as contribuições do Barão de Mauá para o desenvolvimento do estado
do Rio de Janeiro?
b. Por ser um abolicionista e contrário à participação do Brasil na Guerra do Paraguai, quais foram as conse-
quências sofridas pelo Barão de Mauá?
c. Pesquise e indique três grandes contribuições do Barão de Mauá para o desenvolvimento da indústria e do
comércio durante o Brasil imperial.

2. Leia atentamente o texto sobre a evolução dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento no Brasil e responda
às questões propostas a seguir.
Geografia – Módulo 13

Ciclo interrompido
O ano de 2016 marcou o fim e a reversão de um ciclo, que durou quatro anos ininterruptos, em que os
investimentos do Brasil em pesquisa e desenvolvimento (P&D) cresceram de forma regular e consistente no Brasil. O
dispêndio nacional em P&D naquele ano alcançou 1,27% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo do 1,34% obtido em

303
2015, um recorde histórico. Em Dispêndio nacional em P&D em relação ao PIB (%)
valores corrigidos pela inflação
1,5
em 2016, a queda foi de 9% – de
R$ 87,1 bilhões para R$ 79,2
1,34
bilhões de um ano para o outro.
O PIB brasileiro recuou 3,6% em 1,27 1,27
2016, em um momento agudo
1,20
de recessão. [...]
1,16 1,14
Os gastos em P&D são 1,13 1,12 1,13
uma medida do esforço de 1,08
um país para estimular o
desenvolvimento. Envolvem um 1,0
conjunto de atividades, feitas 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
por empresas, universidades e FONTE INDICADORES DE CTI 2018 MCTIC
outras instituições científicas,
que inclui os resultados
de pesquisa básica e aplicada, o lançamento de novos produtos e a formação de
pesquisadores e profissionais qualificados. A redução observada no Brasil atingiu tanto
os dispêndios públicos, que foram de R$ 45,5 bilhões em 2015 para R$ 41,5 bilhões em
2016, quanto os empresariais, que passaram de R$ 41,6 bilhões para R$ 37,7 bilhões
no período, em valores corrigidos pela inflação, de acordo com os cálculos feitos pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). [...]
Segundo os dados, os cortes orçamentários do governo federal envolvendo despesas
com P&D foram relativamente modestos no cômputo geral: em valores de 2016 corrigidos
pela inflação, a redução foi de pouco mais de 9,3% entre 2015 e 2016. Mas a tesoura atingiu de
forma especialmente severa os investimentos do então Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação (MCTI), que viu esse tipo de dispêndio cair 27,5% – de R$ 6,04 bilhões para
R$ 4,38 bilhões, segundo os Indicadores –, comprometendo sua capacidade de financiar
projetos em universidades e instituições científicas e em empresas inovadoras por meio
de agências como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
MARQUES, Fabricio. Ciclo Interrompido. Revista Pesquisa Fapesp, jan. 2019. Disponível em: https://
revistapesquisa.fapesp.br/ciclo-interrompido. Acesso em: 8 fev. 2021.

a. Por que os gastos em pesquisa e desenvolvimento são importantes para o país?


Justifique com base na leitura do texto.
b. De acordo com o texto, qual foi o ministério mais atingido pelos cortes do governo
federal em pesquisa e desenvolvimento?
c. Observe o gráfico e indique, respectivamente, os anos e o percentual dos dispên-
dios mais altos e mais baixos em pesquisa e desenvolvimento.
3. Pesquise notícias recentes publicadas em jornais e revistas que relatam a ocorrência de
impactos ambientais provocados pelas atividades industriais localizadas no município em
que você vive. Leve o material encontrado para a sala de aula para ser compartilhado
TC ON-LINE: Faça
com os colegas. A partir da orientação do professor, converse com os colegas e os exercícios extras
proponham medidas que possam evitar a ocorrência dos impactos ao meio ambiente disponíveis no Plurall e
identificados na pesquisa. veja o vídeo relacionado
ao assunto do próximo
caderno.

304 Ensino Fundamental – Anos Finais 7º ANO

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