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«Ai flores, ai flores do verde pino»

D. Dinis
Cantiga de amigo dialogada: pedido angustiado às flores do verde pino.

Personagens Ação Estrutura

• A amiga A amiga questiona as flores Cantiga paralelística perfeita:


sobre o estado e o paradeiro
• A Natureza do seu amigo. • último verso de cada estrofe
(flores é repetido no primeiro verso
do verde pino) As flores asseguram-na da estrofe correspondente
de que o amigo está bem no dístico seguinte
e que chegará no prazo • técnica de leixa-pren:
combinado repetição parcial ou integral
de versos
Ai flores, ai flores do verde pino, Ai flores, ai flores do verde pino,
Nj
se sabedes novas do meu amigo! se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é? Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo, Ai flores, ai flores do verde ramo,


se sabedes novas do meu amado! se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é? Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, Se sabedes novas do meu amigo,


aquel que mentiu do que pôs comigo! aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado! Se sabedes novas do meu amado,
Ai Deus, e u é? aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?

1º momento 2º momento
A donzela dirige-se às flores do verde pinho: Resposta das flores do verde pinho:
• pede-lhes notícias do seu amigo; • confirmam que o amigo está bem;
• acusa o amigo de lhe ter mentido e de não • asseguram-lhe que o amigo cumprirá a sua
cumprir a promessa de se encontrar com ela promessa e estará com ela como combinou

Njwlqoh
Estado de espírito do sujeito poético:
A donzela sofre por não ter notícias do seu amigo.

Ansiosa/insegura Angustiada/saudosa Furiosa

Refrão Apóstrofe Frases de tipo


interrogativo à Natureza com uso exclamativo
da interjeição «Ai»
repetida ao longo
da cantiga

Njwlqoh
Papel da Natureza: confidente da donzela/tranquiliza a donzela/confirma a lealdade do
amigo junto da donzela.

Simbologia • Tempo primaveril; fertilidade


das flores • Juventude
do verde pino
• Sentimento entre a donzela e o amigo

Refrão - «Ai Deus, e u é?» — apóstrofe interrogativa à divindade:


• Demonstra a ansiedade da donzela.

• Intensifica as emoções do «eu».

Valor documental: a cantiga retrata um permanente estado de guerra (as fronteiras


não estão ainda definidas) que justifica ausências e ansiedade.
Note-se que a resposta inicial das flores (o seu amigo está vivo e de saúde) não incide
nas perguntas explícitas da donzela, mas antes na pergunta que ela não ousa formular:
teria o seu amigo morrido?

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