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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 2
Salário Mínimo Em Moçambique .................................................................................... 3
Breve contextualização do salário mínimo ................................................................... 3
Definição do salário mínimo......................................................................................... 3
Salário mínimo em Moçambique .................................................................................. 3
Base legal para a fixação dos salários mínimos em Moçambique ................................ 6
Categorias salariais ....................................................................................................... 6
Bibliografia ................................................................................................................... 8
Introdução

A política de salário mínimo gera muita controvérsia dado que envolve conflito de
interesse entre os trabalhadores, empregadores e governos. Os trabalhadores pretendem
alcançar taxas salariais mais altas para melhorar o seu bem estar, enquanto que os
empregadores pretendem oferecer salários mais baixos para maximizar os seus lucros.
Assim, há naturalmente um conflito entre o trabalho e capital.

A intervenção do governo no mercado de trabalho por meio da política de salário


mínimo visa garantir o bem-estar mínimo da sociedade, ou seja, prover aos
trabalhadores das classes mais baixas de recursos que lhes garantam as mínimas
condições de vida. Assim, esta política assume capital importância para Moçambique se
se tiver em conta que mais de 60% da população vive abaixo da linha de pobreza
absoluta.

É igualmente importante avaliar as possíveis imperfeições que esta política pode


introduzir na economia e nos beneficiários, particularmente num país que possui grande
parte das empresas a operar no limiar da rentabilidade e que menos de 10% da
população economicamente activa são trabalhadores assalariados

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Salário Mínimo Em Moçambique

Breve contextualização do salário mínimo

Em Dezembro de 1990, o governo introduziu, através do decreto 39/90, o princípio da


negociação colectiva descentralizando desta forma o processo de fixação e
reajustamento dos salários no país. Porém, dada a necessidade de proteger os
trabalhadores com rendimentos baixos, o governo continuou a fixar o salário mínimo.
De referir que antes da descentralização da fixação e reajustamento dos salários, cabia
ao governo fixar todos os salários no âmbito do Decreto 7/80.

Com a criação da Comissão Consultiva do Trabalho (CCT), a fixação de salários


mínimos passou a ser tripartido, ou seja envolvendo governo, sindicatos e
empregadores. Anualmente o governo fixa dois salários mínimos sendo um para os
trabalhadores agro-pecuários o outro para trabalhadores industriais, de serviços e outros
sectores de actividade7. Na prática, a diferenciação do salário mínimo tem a ver com a
categoria na medida em que por exemplo, um trabalhador de uma empresa operando no
sector agrícola que exercendo funções administrativas recebe o salário mínimo do
operário ou empregado. Com excepção da variação por categoria, os salários mínimos
não são diferenciados por qualquer outro critério.

Definição do salário mínimo

O salário mínimo é definido como sendo o limite abaixo do qual nenhum empregador8
não está legalmente permitido a pagar aos seus empregados. Na maioria dos casos, a
determinação do salário mínimo toma em conta dois aspectos importantes
nomeadamente a definição/composição e o tempo/período de referência.

A composição, como o próprio nome claramente deixa transparecer, tem a ver com os
elementos que contam para determinação do salário mínimo. Tais elementos incluem a
remuneração base, os pagamentos variáveis baseados na produtividade, desempenho,
bónus gratificações, as compensações pelo trabalho para além dos requisitos normais
(ex: horas extras), os suplementos, as ajudas e benefícios (incluindo em espécie).

Desde o ano 2000, Moçambique tem registado um crescimento económico médio de


cerca de 7.5% anuais, pese embora nos últimos dois anos esta tendência tenha
decrescido. Este crescimento é acompanhado da descoberta de recursos minerais nas
regiões centro e norte do país, concretamente carvão mineral, areias pesadas e gás
natural, o que tem impulsionado a entrada massiva de investimento estrangeiro de vária
ordem, incluindo megaprojectos (Langa, 2016)

Salário mínimo em Moçambique

Em Moçambique, de acordo com o artigo 108 da Lei do Trabalho de 2007, o salário


mínimo é fixado pelo Governo, em consulta com a Comissão Consultiva do Trabalho, é
revisto a cada ano, em Abril. O menor salário pratica-se no sector Agrícola, enquanto o
maior salário mínimo está no sector de Serviços Financeiros. Ao nível das restantes

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categorias nas empresas, o processo de fixação de salários por categoria não está
formalmente definido, sendo os salários ajustados por via de negociação local, muitas
vezes com a intervenção dos comités sindicais, ou sem a intervenção destes, sendo que
os gestores ou patronato fixam os salários com base em critérios individuais.

Historicamente, a negociação dos salários em Moçambique, no modelo que hoje


conhecemos, iniciou com a introdução do Programa da Reabilitação Económica (PRE),
que veio alterar a política centralizada de salários, atribuindo ao Governo apenas a
competência de fixar salários mínimos, ouvidos os parceiros sociais, com o fim de
assegurar a protecção social de modo a garantir, de acordo com o nível de crescimento
económico, as condições mínimas de vida aos trabalhadores (CASTEL-BRANCO et al,
2004).

Desde aí, o salário mínimo nacional foi, numa primeira fase, negociado numa base
anual na Comissão Consultiva do Trabalho (CCT), sendo depois remetido ao Conselho
de Ministros para fixação. Deste modo, foram fixados, anualmente, dois salários
mínimos, designadamente um para Agricultura e outro para Indústria, Comércio e
Outros Serviços. O mecanismo utilizado para a fixação do salário mínimo nem sempre
reuniu o consenso dos parceiros sociais na defesa das propostas percentuais, gravitando
à volta no triângulo:

 Crescimento económico;
 O cabaz mínimo de produtos básicos; e
 Uma fórmula, adoptada em 2002, que calcula a taxa de reajustamento a partir de
variáveis tais como a inflação média, a produtividade (acordada como sendo
50% do PIB) e um factor negocial (o factor Delta X).

Nesta fórmula não se negoceiam os parâmetros inflação e taxa de crescimento do PIB,


tomados como dados a partir do documento do balanço do Plano Económico e Social
publicado pelo Governo após a sua aprovação pela Assembleia da República. Negoceia-
se apenas o factor Delta X. Matematicamente, a taxa de reajustamento do salário
mínimo (τ) é definida da seguinte forma:

Onde:

τ – Taxa de reajustamento do salário mínimo;

π– Taxa de inflação média anual;

γ– 50% da taxa de crescimento do PIB; e

φ(x)– Delta X (factor de negociação).

Dos três índices usados para o cálculo da taxa de reajustamento do salário mínimo, dois
reflectem as alterações nas condições da economia ao longo do ano, nomeadamente a

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taxa de inflação média, que é o indicador da corrosão do poder de compra do salário do
trabalhador, e o PIB, que mostra o nível de rendibilidade do sector.

Entretanto, esta fórmula não está isenta de contestação dos parceiros sociais. O uso da
inflação média na fórmula é contestada pelo facto de esta, como qualquer valor médio,
ignorar a amplitude efectiva da corrosão salarial do ano de referência, pois o valor
acumulado da inflação é superior ao valor médio. O factor Delta é contestado porque é
um factor subjectivo que pode assumir tanto valores negativos como positivos, sendo,
portanto, usado pelos negociadores como meio de compensação para os parâmetros
fixos (taxa de inflação e PIB).

Em relação à utilização da taxa de crescimento do PIB como indicador proxy da


produtividade, a inquietação surge sobre quanta certeza temos de que a produtividade
do trabalhador é de 50% da taxa de crescimento do PIB, o que ignora o efeito do capital
físico, da capacidade empresarial e outros factores no nível de rendibilidade. É por
causa destas questões que a negociação entre os parceiros, para o aumento do salário
mínimo, na CCT, nem sempre é harmónica. Um outro factor de desentendimento é que
existem empresas que usam a taxa de ajustamento do salário mínimo como referência
para o reajustamento de todos os salários, criando, portanto, resistência a elevadas taxas
de reajustamento, devido ao seu impacto nos salários de categorias elevadas.

A partir de 2008, o salário mínimo passou a ser fixado com base em sectores de
actividade, contrariamente ao modelo vigente anteriormente, em que o salário era fixado
para dois sectores, Agricultura e Indústria/Serviços, tendo sido estabelecidos 9 sectores.
Este critério foi aprovado pelo Conselho de Ministros na sua 33.ª sessão de 11 de
Dezembro de 2007, após um acordo entre os parceiros sociais na Comissão Consultiva
do Trabalho.

Segundo o critério de fixação dos salários mínimos por sectores de actividade, pretende-
se que isso possibilite:

 A minimização do risco de redução do nível do emprego como consequência do


aumento do salário mínimo;
 Ter em conta o estágio de desenvolvimento, a produção e a produtividade das
empresas e a tendência de evolução de um determinado sector de actividade; e
 Acomodar as preocupações dos parceiros sociais.

A negociação para o ajustamento salarial continua decorrendo com base anual, sendo o

período de referência para a vigência do novo salário mínimo o dia 1 de Abril de cada
ano.

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Base legal para a fixação dos salários mínimos em Moçambique

As bases de suporte legal que estabelecem o processo de fixação dos salários mínimos
no país estão apresentadas na tabela abaixo.

Tabela extraída do estudo sobre o salário em Moçambique de (Langa, 2016)p. 16.

É com base nos pressupostos e metodologia acima indicados que opera a Política do
Salário Mínimo em Moçambique. A tabela abaixo mostra os níveis dos salários
mínimos praticados no país nos respectivos sectores de actividade. A tabela abaixo
mostra como têm evoluído no país nos últimos anos.

Categorias salariais

O inquérito realizado apresenta uma variedade de práticas de remuneração feitas ao


nível das empresas, como resultado da variedade de categorias salariais que estas
apresentam. De acordo com os dados colectados, pode-se verificar que essa
multiplicidade de categorias e profissões apresenta certas diferenciações se compararem
as empresas, tanto as do mesmo ramo de actividade assim como não.

No geral, o número de categorias indicado pelas empresas varia de 1 a 20, sendo de


maior concentração as empresas que apresentam entre 3 e 8 categorias salariais.
Entretanto, para uma análise uniforme e concisa, o estudo compactou as múltiplas e
diferentes categorias e existentes indicadas pelas empresas, reduzindo-as para um
número agregado de seis (6), de acordo com o contributo que cada uma das delas
apresenta no processo produtivo da instituição.

Categorias salariais na empresa constituem um instrumento que permite administrar


pessoas na contratação, movimentações verticais, horizontais e retenção de talentos,
estabelecendo uma Política Salarial eficaz que permite a ascensão profissional de
acordo com aptidões e desempenho (Trombeta, 2011). As categorias são estabelecidas
de acordo com as competências do indivíduo na execução de suas tarefas, a
complexidade da tarefa e o nível de responsabilidade a si atribuído (Silva e Hipólito,
2000). Segundo Gerhart, Minkoff et al. (1994), as categorias das empresas podem ser
caracterizadas de quatro formas, tendo como base os critérios acima referidos:

 Categoria de suporte;
 Categoria técnico-profissional;
 Categoria de gestores; e

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 Categoria de executivo e muitas outras

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Bibliografia

ATCHISON, & et al. (2000). The Wage Level and Its Determinant.

CASTEL-BRANCO. (2004). Estudo Sobre os Critérios de Fixação do salario minimo


em mocambique. maputo.

FRANCISCO. (2008). Política Salarial da Administração.

Langa, D. J. (2016). Estudo sobre o salario em Moçambique.

ZIMPECK. (1992). administrscao de salarios (7a ed.). sao paulo: atlas.

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