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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
DISCIPLINA: CORPOREIDADE PSICOMOT. NA EDUCAÇÃO
DISCENTE: IARA LACERDA VIDAL VITAL
SEMESTRE: 2023.2

RESENHA DO VÍDEO:
COLEÇÃO GRANDES EDUCADORES HENRI WALLON

FELIPE AUGUSTO ALVES CORREIA LIMA


MATRÍCULA: 1594048

FORTALEZA – CEARÁ
2023
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O documentário Coleção grandes educadores – Henri Wallon, disponível na


plataforma de vídeos online Youtube e apresentado pela pedagoga Izabel Galvão nos traz um
pouco sobre a teoria desse grande estudioso. Logo de início nos é apresentado uma pequena
biografia de Wallon, se destacando na área da psicologia do desenvolvimento. Em seguida,
Izabel Galvão aponta que Wallon buscou estudar a gênese que constituem o psiquismo humano,
ou seja, a psicogênese da pessoa. Os estudos do psicólogo se concentram na fase inicial da
infância e sua teoria delineia quatro campos funcionais: 1) o movimento, primeiro sinal de vida
psíquica e que permeia todas as idades e todos os campos. Wallon discrimina duas dimensões
do movimento uma é a expressiva (base das emoções) e outra é a instrumental (ação direta
sobre o meio físico/concreto); 2) as emoções, tipo específico das manifestações afetivas. São
fatores fundamentais de interação da criança com o meio no qual está inserida; 3) a inteligência,
destaca a inteligência discursiva, ou seja, aquela que se manifesta por meio da fala; e 4) pessoa,
aquilo que articula os demais e independente, é nesse campo funcional que se vai se criando a
noção do outro e de si mesmo. As relações entre esses campos nem sempre são de harmonia,
são marcadas por conflitos, embora, inseparáveis uns dos outros. A atitude teórica de Wallon
visa compreender o sentido de uma conduta em face ao contexto que essa conduta está inserida.
A infância para Wallon é para além de uma preparação para a vida adulta, é também
olhar a criança no que ela é hoje, articulando essa dupla dimensão. A escola deve trabalhar uma
terceira dimensão, a história de vida dessa criança. Dessa forma, a escola deve articular a
história das crianças, suas demandas atuais e as perspectivas para o futuro.
Um ponto importante, destacado por Galvão no documentário é o choro, que para
Wallon representa a natureza contagiosa emocional do bebê, o que irá mobilizar as emoções
com seu meio. Essa ligação da criança pequena com as pessoas que elas dependam é produto
da natureza social das emoções, tendo acesso à linguagem por meio dessa interação social. Na
dimensão expressiva do movimento, o educador percebe a concretude da criança, percebendo
as posturas corporais e os gestos que nos orientam quando devemos coibir o movimento
(inquietação) ou quando devemos estimular (trazendo novos elementos para além do proposto
em sala de aula).
Outro tema abordado no documentário é que o estudo de Wallon analisa que a
inteligência nasce da emoção, portanto, é pelo acesso emocional da linguagem que a criança
pequena constrói a inteligência discursiva, representando a realidade concreta. A inteligência
irá se apoiar também no ato motor, ao longo da vida a tendencia que esses dois elementos se
desloquem, contudo, nunca são abandonados por completo, basta ver como usamos as mãos ao
falar, por exemplo. O sincretismo, é o primeiro momento da inteligência infantil. A inteligência
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possui aqui a característica de misturar várias coisas, é nesse momento que a criança não
consegue separar a qualidade das coisas. Um exemplo dado no vídeo pela pesquisadora é de
quando duas crianças de dois ou três anos brigam por suas mães possuírem o mesmo nome. O
desenvolvimento da inteligência é caracterizado pelo estado de total indiferenciação
(pensamento sincrético) para estágios progressivos de diferenciação (pensamento categorial).
Para Wallon o pensamento categorial é a possibilidade de pensar o real por meio de categorias,
que começam a se manifestar no início da idade escolar e é estimulado pela cultura. É por meio
da interação social e das representações sociais em um dado contexto histórico social é que as
crianças vão se afastando do pensamento sincrético criando um pensamento categorial. Um
exemplo desse pensamento categorial atualmente é a linguagem das redes sociais, algo que não
era comum em épocas passadas e que agora se tornam comuns as crianças imersas nesse meio
cultural. A pedagoga destaca que o sincretismo é um ponto importante para ser trabalhado no
campo das artes, pois é um processo natural do desenvolvimento infantil, pois o sincretismo
não deixa de existir mesmo quando nos tornamos adultos. Desta forma, o currículo escolar, a
luz de Wallon, deve valorizar o conhecimento científico (pensamento categorial) e a arte
(pensamento sincrético).
Na perspectiva de Wallon, o estado de socialização é máximo na infância, onde a
criança se confunde com o outro. O percurso do desenvolvimento é o percurso de individuação,
portanto, a relação com o outro tem um duplo movimento: 1) a imitação, quando a criança
incorpora o outro e alarga as fronteiras de si, passando a se reconhecer; e 2) a expulsão do outro,
que se manifesta com a oposição do outro. A oposição se caracteriza por duas fases, são elas:
1) o personalismo, fase onde a criança nega o outro, recusando ajuda e afirma a independência
do seu eu; 2) a adolescência, onde há uma oposição sistemática ao adulto, se afirmando
enquanto indivíduo.
A questão da valorização é muito importante da teoria de Wallon. O valor faz parte
do desenvolvimento da criança, portanto, a escola tem o potencial de possibilitar para a criança
outro contexto que a criança ocupe em determinada estrutura social. Para a criança o valor é
dado de forma diferente para diferentes situações, assim, a teoria de Wallon quebra aquele
estigma que a criança age de um determinado jeito por conta de seu contexto familiar.
Por fim, a pesquisadora encerra jogando esta questão no ar: como é possível criar
uma escola para todos (contexto político), levando em conta os aspectos individuais de cada
um?

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