Você está na página 1de 3

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

Disciplina: Geografia Politica

Curso: Bacharelado em Geografia – 2º Período

Professor: ALCINDO JOSÉ DE SÁ

Aluno: Adenauer Araujo

Resenha: Capitulo IV – Raças, Etnías e Poder - Livro Por uma Geografia do Poder
(RAFFESTIN, Cloude)

O autor inicia o texto abordando que a questão de raça e etnia, foram


historicamente utilizadas como instrumento de dominação e poder, inclusive chega a citar
alguns autores/pensadores contemporâneos, como Gobineau, H.S. Chamberlain, que
escreveram teses defendendo a diferença de raças, contudo ele, o autor, não atribui a
responsabilidade exclusiva aos pensadores citados acima, como os responsáveis por esta
questão racial, século XX:

“Não nos enganemos, não se trata de imputar a esses


autores todos os erros, todos os dramas criados pelo
preconceito racial no século XX, mas se trata somente de
mostrar que pudemos recolher entre eles, em suas
teorias, materiais que respondiam à expectativa de
certos meios”. (Raffestin, 1980).

Para reforçar sua tese, o autor, informa que outros autores, anglo-saxões,
realizaram diversas pesquisas, no intuito de provar de forma absoluta que existe sim
desigualdade entre raças, isto é superior e inferior. Contudo, neste contexto o autor com
muita firmeza defende que a ideia de raça, portanto, é uma invenção ideológica que serviu
aos interesses de colonizadores europeus que se consideravam superiores aos povos
colonizados, especialmente os africanos e os indígenas. Neste contexto Raffestin afirma:

“A passagem do relativo ao absoluto se inscreve num


mecanismo de dominação para fazer triunfar um poder.
Isto quer dizer que as diferenças raciais e étnicas,
quando não estão mais latentes na consciência, servem
para alimentar um preconceito útil à afirmação de um
poder. São numerosas as razões desse preconceito:
políticas, econômicas, sociais e culturais”.
(Rafestin,1980)

Para o autor, a etnia não implica numa hierarquia entre indivíduos, como é descrito
no âmbito de “raças”, A etnia, serve como um reconhecimento da pluralidade, entre os
povos, contudo ele faz um alerta que a etnia, também pode ser usada como ferramenta de
poder e exclusão, na medida em que se buscar homogeneizar a diversidade dentro do
mesmo grupo social ou entre outros grupos.

No texto, Raffestin chama para uma reflexão crítica sobre as formas como a raça
e a etnia foram e são empregadas na sociedade, tanto para legitimar o racismo e a
discriminação, quanto para reivindicar direitos e resistir à opressão. O autor defende que
é preciso superar as visões essencialistas e naturalizadas das diferenças humanas e
valorizar a interação e o diálogo entre as culturas, respeitando suas especificidades e suas
contribuições para a humanidade.

Para Raffestin, o racismo, seja pela cor, seja, pelos hábitos culturais, são
construções sociais e históricas que servem para legitimar as relações de poder e
dominação entre os diversos grupos humanos. ele parte do pressuposto de que não há
diferenças biológicas significativas entre os seres humanos, mas sim variações fenotípicas
que são interpretadas de forma arbitrária e ideológica pelos agentes sociais, para controle
e dominação dos povos, que foram eleitos de raças inferiores. Sendo assim, Raffestin
analisa como o conceito de raça surgiu no contexto do colonialismo europeu e do racismo
científico, que buscavam justificar a exploração e a subordinação dos povos não europeus,
considerados inferiores e atrasados. O autor, em seu texto, ainda abre uma discussão de
como o conceito e etnia e raça se relacionam, sendo ambos, os conceitos, usados para
hierarquizar grupos humanos com base em critérios culturais, linguísticos, religiosos ou
territoriais. O autor defende ainda que, neste contexto, seja feita uma abordagem crítica
sobre raça e etnia, reconhecendo a diversidade humana como um valor positivo e que
questione as estruturas de poder que se baseiam na discriminação e na exclusão dos
grupos considerados diferentes ou minoritários, defende ainda que a raça e a etnia devem
ser entendidas como categorias dinâmicas e relacionais, que se transformam ao longo do
tempo e do espaço, e que não podem ser usadas para naturalizar ou enfatizar as diferenças
humanas.
- O autor faz um convite à reflexão crítica sobre as formas de pensar e agir em
relação à diversidade humana, buscando superar os preconceitos e as discriminações que
ainda marcam nossa sociedade.

Você também pode gostar