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O QUE É NOME EMPRESARIAL

Protegido por lei, é o nome sob o qual a empresa mercantil exerce sua atividade e se obriga nos atos
a ela pertinentes, compreendendo os seguintes tipos:
firma individual;
firma ou razão social;
denominação social.
Serve também para identificar o tipo jurídico da empresa.
REGRAS BÁSICAS DE FORMAÇÃO
O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará,
quando assim o exigir a lei, o tipo jurídico da sociedade.
Princípio da veracidade
Estabelece que deve ser verdadeiro o nome do sócio (no caso de razão social) ou do titular
da firma individual e sincera a indicação da atividade que venha a incorporar o nome (deve
estar explicitada no objeto da empresa).
Principio da novidade
Estabelece que deve ser adotado um nome novo e diferente de outro já existente a fim de
evitar erros e confusões nas identificações das empresas.
Havendo indicação de atividades econômicas no nome empresarial, essas deverão estar
contidas no objeto da firma individual ou da sociedade mercantil.
Não poderá haver colidência do nome empresarial por identidade ou semelhança com
outro já protegido.
PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL
Proteção na unidade federativa onde se localiza a sede da empresa
A proteção do nome empresarial decorre, automaticamente, do arquivamento de ato
constitutivo ou de alteração que implique em mudança do nome e circunscreve-se à
unidade da federação em que se localiza a sede da empresa.
Proteção em outras unidades da federação
A proteção do nome empresarial pode ser estendida pela empresa interessada a outras
unidades da federação, mediante procedimentos próprios perante a Junta Comercial da
unidade da federação onde se deseja a proteção.
FORMAÇÃO DO NOME DE FIRMA INDIVIDUAL
Conceito de firma individual
É aquela em que a titularidade é unipessoal e a responsabilidade do seu titular é ilimitada,
respondendo o seu patrimônio pelas dívidas da empresa.
Formação do nome empresarial
O comerciante individual:
DEVERÁ adotar o seu nome civil, por extenso ou abreviado;
PODERÁ aditar designação mais precisa de sua pessoa ou da atividade a ser exercida
para diferenciar de outro nome já existente;
NÃO PODERÁ abreviar o último sobrenome, nem excluir qualquer dos componentes do
nome.
Observação:
Não constituem sobrenome: Filho; Júnior; Neto; Sobrinho; etc., que indicam uma ordem ou
relação de parentesco.
Exemplos:
Pedro Xavier de Jesus;
Pedro X. de Jesus - Comércio de Bebidas;
P. X. de Jesus - Supermercado.
Alteração do nome empresarial
O comerciante individual:
DEVERÁ alterar o nome empresarial quando houver modificação do nome civil do titular da
firma individual ou quando houver modificação da atividade constante do nome.
Exemplos:
Maria Joaquina Santos para Maria Joaquina Santos de Azevedo;
Pedro de Jesus - Açougue para Pedro de Jesus - Mercearia.
FORMAÇÃO DO NOME DA SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE
LIMITADA
Conceito de sociedade por cotas de responsabilidade limitada
É a empresa mercantil constituída por duas ou mais pessoas onde cada uma é diretamente
responsável pela integralização de suas cotas e indireta e subsidiariamente responsável
pela integralização das cotas dos demais sócios, respondendo inclusive, com seus bens
particulares.
Formação do nome empresarial
Para formar o nome empresarial, a sociedade por cotas de responsabilidade limitada
poderá adotar RAZÃO SOCIAL ou DENOMINAÇÃO SOCIAL, sempre seguida, qualquer
delas, da expressão "limitada', por extenso ou abreviadamente.
RAZÃO SOCIAL
É constituída pelo nome civil completo ou abreviado de um, de alguns - nesses casos
acrescida a expressão "e companhia" ou "e Cia.", para indicar a existência de outros sócios
-, ou de todos os sócios, além da palavra "limitada", por extenso ou abreviada.
A expressão "e companhia" indica tratar-se de uma sociedade que na composição da
Razão Social não declinou o nome de todos os sócios, podendo ser substituído por
qualquer outro capaz de exercer a mesma função, por exemplo: "e Filhos", "e Irmãos", "e
Sobrinhos", "e Amigos".
Exemplos:
Oliveira, Xavier e Silva Ltda.;
P. de Jesus e Cia. Ltda.;
P. de Jesus e Irmãos Limitada.
DENOMINAÇÃO SOCIAL
É formada por expressões de fantasia incomuns (termos criados) e/ou por palavras de uso
comum ou vulgar livremente escolhidas pelo sócios, seguidas da palavra "limitada",
abreviada ou por extenso. Omitida a palavra "limitada", os sócios passam a responder
ilimitadamente pela empresa.
Caso figurem no nome empresarial uma ou mais atividades econômicas, essas deverão
constar expressamente no objeto social da empresa.
O nome empresarial não pode incluir ou reproduzir em sua composição sigla ou
denominação de órgão público da administração direta, indireta e fundacional, federal,
estadual ou municipal, bem como de organismos internacionais.
Exemplos:
Farmácia São Pedro Ltda.;
Casa Beija-Flor - Artigos Agrícolas Ltda;
Padaria e Mercearia Oliveira Limitada.
Desenvolvimento do conceito jurídico de empresa
A empresa, como organismo autônomo e institucionalizado, domina hoje a vida
econômica universal. Suas formas jurídicas, no Brasil, são as das Companhias de
Comércio ou Sociedades Anônimas ou das sociedades por quotas de responsabilidade
limitada, de preferência às firmas individuais ou em nome coletivo, que dia a dia
desaparecem para tomar as duas outras formas.
obs.dji: Denominação social; Desenvolvimento; Elementos de identificação da empresa;
Empresa; Empresa de pequeno porte; Empresa jornalística; Empresas impedidas de
impetrar concordata; Filial; Microempresa; Penhora, depósito e administração de empresa
e outros estabelecimentos; Regulamento das Empresas; Registro Público de Empresas
Mercantis e Títulos Afins; Sociedades Comerciais; Sociedades em Nome Coletivo ou com
Firma; Usufruto de imóvel ou de empresa
Comércio em Geral
Comércio Marítimo - Quebra - Falências - Administração da Justiça nos Negócios e
Causas Comerciais

Empresa de pequeno porte


- tratamento jurídico diferenciado: Art. 179, CF
Pessoa jurídica ou firma individual que, não enquadrada como microempresa, tiverem
receita bruta anual igual ou inferior a 700.000 (setecentas mil) UFIR (Unidades Fiscais de
Referência), ou qualquer outro indicador de atualização monetária que venha a substituí-la.
Já a CF de 1988, em vigência, dispõe no Art. 179.
Pois bem, a L. 8.864, de 28.3.1994, revogando a L. 7.256, de 27.11.1984 (antigo
Estatuto da Microempresa) - por sua vez revogada pela Lei 9.841-99, passou a reger a
matéria nos termos do preconizado na Carta Magna, disciplinando, além das
microempresas propriamente ditas, as empresas de pequeno porte. A estas, como às
microempresas, fica assegurado um tratamento jurídico simplificado e favorecido nos
campos administrativo, tributário, trabalhista, previdenciário e creditício. As firmas
individuais e as sociedades comerciais e civis enquadráveis como empresas de pequeno
porte que, durante cinco anos, não tenham exercido atividade econômica de qualquer
espécie, poderão requerer e obter a baixa no registro competente, independentemente de
prova de quitação de tributos e contribuição para com a Fazenda Nacional.
obs.dji: Definição de Microempresa e de Empresa de Pequeno Porte - Microempresas (ME)
e empresas de pequeno porte (EPP), tratamento diferenciado e simplificado - campos
administrativo, fiscal, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento
empresarial - L-008.864-1994; Desenvolvimento do conceito jurídico de empresa;
Elementos de identificação da empresa; Empresa; Empresas impedidas de impetrar
concordata; Empresa pública; Microempresa; Microempresas (ME) e empresas de
pequeno porte (EPP), tratamento diferenciado e simplificado - campos administrativo,
fiscal, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial - L-008.864-
1994; Penhora, depósito e administração de empresa e outros estabelecimentos;
Regulamento das empresas; Registro público de empresas mercantis e títulos afins;
Regulamenta a L-009.841-1999, Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte -
D-003.474-2000; Sistema integrado de imposto e contribuições das microempresas e das
empresas de pequeno porte - SIMPLES - L-010.034-2000; Usufruto de imóvel ou de
empresa

Microempresa
Constitucional Disposições transitórias - CF
- tratamento jurídico diferenciado: Art. 179, - considera-se: Art. 47, § 1º, ADCT - CF
CF - liquidação dos débitos; sem correção
monetária; período: Art. 47, I, ADCT - CF
Pessoa jurídica ou firma individual que tenham receita bruta anual igual ou inferior ao
valor nominal de 250.000 UFIR (Unidades Fiscais de Referência), ou qualquer outro
indicador de atualização monetária que venha a substituí-la.
A L. 8.864, de 28.3.1994 - revogada pela L-009.841-1999, que disciplina as
microempresas e as empresas de pequeno porte, garante a estas tratamento jurídico
simplificado e favorecido nos campos administrativo, tributário, trabalhista, previdenciário e
creditício.
As firmas individuais e as sociedades comerciais e civis enquadráveis como
microempresa ou empresa de pequeno porte que, durante cinco anos, não tenham
exercido atividade econômica de qualquer espécie, poderão requerer e obter a baixa no
registro competente, independentemente de prova de quitação de tributos e contribuição
para com a Fazenda Nacional. Antes mesmo da L. 8.864 - revogada pela Lei 9.841-99
supramencionada, que revogou o antigo Estatuto da Microempresa (L. 7.256, de
27.11.1984), já a CF de 1988, ora vigente, trata, no seu Art. 179 e no Art. 47 das DT.
(jurisprudência)
- Microempresa de representação comercial - Imposto de renda - STJ Súmula nº 184
obs.dji: Definição de Microempresa e de Empresa de Pequeno Porte - Microempresas (ME)
e empresas de pequeno porte (EPP), tratamento diferenciado e simplificado - campos
administrativo, fiscal, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento
empresarial - L-008.864-1994; Desenvolvimento do conceito jurídico de empresa;
Elementos de identificação da empresa; Empresa; Empresa de pequeno porte; Empresas
impedidas de impetrar concordata; Empresa pública; Instituição de sociedades de crédito
ao microempreendedor, altera dispositivos das Leis nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
8.029, de 12 de abril de 1990, e 8.934, de 18 de novembro de 1994 - L-010.194-2001;
Microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), tratamento diferenciado e
simplificado - campos administrativo, fiscal, previdenciário, trabalhista, creditício e de
desenvolvimento empresarial - L-008.864-1994; Normas integrantes do estatuto da
microempresa, relativas a isenção do imposto sobre circulação de mercadorias - ICM e
imposto sobre serviços - ISS - LC-000.048-1984; Penhora, depósito e administração de
empresa e outros estabelecimentos; Regulamento das empresas; Registro público de
empresas mercantis e títulos afins; Regulamenta a L-009.841-1999, Estatuto da
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte - D-003.474-2000; Sistema integrado de
imposto e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte - SIMPLES
- L-010.034-2000; Usufruto de imóvel ou de empresa

Filial
- de pessoa jurídica estrangeira: Art. 12, § 3º, CPC
obs.dji: Desenvolvimento do conceito jurídico de empresa; Empresa
Empresa Jornalística
- propriedade: Art. 222 e §§ 1º e 2º, CF
obs.dji: Comunicação social; Desenvolvimento do conceito jurídico de empresa; Duração e
condições de trabalho dos jornalistas profissionais; Emissoras de rádio e televisão;
Empresa; Empresas de radiodifusão; Jornais; Jornalismo; Meios de comunicação

A TEORIA DA EMPRESA NO NOVO CÓDIGO CIVIL E A INTERPRETAÇÃO DO ART.


966: OS GRANDES ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA DEVERÃO TER REGISTRO NA
JUNTA COMERCIAL?

Bruno Mattos e Silva.


Professor de Direito Comercial em Brasília

Ao positivar a teoria da empresa, o novo Código Civil passa a regular as relações jurídicas
decorrentes de atividade econômica realizada entre pessoas de direito privado.
Evidentemente, várias leis específicas ainda permanecem em vigor, mas o cerne do direito
civil e comercial passa a ser o novo Código Civil.

O novo Código Civil, na Parte Especial, trata no Livro II Do Direito de Empresa. Esse Livro
II, por sua vez, está dividido em quatro títulos: Título I - Do Empresário, Título II - Da
Sociedade, Título III - Do Estabelecimento, Título IV - Dos Institutos Complementares.

A teoria empresa está em oposição à teoria dos atos de comércio, que fora adotada pelo
Código Comercial de 1850.

Em linhas muito gerais, de acordo com a teoria dos atos de comércio, parte da atividade
econômica era comercial, isto é tinha um regime jurídico próprio, diferenciado do regime
jurídico de uma outra parte da atividade econômica, que se sujeitava ao direito civil. Isso
significava dizer que certos atos estavam sujeitos ao direito comercial e outros não. Os
atos de comércio eram os atos sujeitos ao direito comercial; os demais eram sujeitos ao
direito civil. Ou seja, atos com conteúdo econômico poderiam ser civis ou comerciais. Na
verdade a questão não era tão simples, pois a doutrina não conseguia estabelecer
exatamente um conceito científico do que seria o ato de comércio, sendo mais fácil admitir
que ato de comércio seria uma categoria legislativa, ou seja, ato de comércio seria tudo
que o legislador estabelece que teria regime jurídico mercantil.

A teoria da empresa não divide os atos em civis ou mercantis. Para a teoria da empresa, o
que importa é o modo pelo qual a atividade econômica é exercida. O objeto de estudo da
teoria da empresa não é o ato econômico em si, mas sim o modo como a atividade
econômica é exercida, ou seja, a empresa, com os sentidos que veremos adiante.

O art. 966 define o que seja empresário:


"Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa".

Qual a diferença entre empresário e sociedades empresárias?

Sociedade empresária é a sociedade que exerce atividade econômica organizada. Ou,


como diz o art. 982, é a que "tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário
sujeito a registro (art. 967)".

Em oposição às sociedades empresárias, estão as sociedades simples, que são as


sociedades que não exercem "profissionalmente atividade econômica organizada" (art.
966).

O novo Código Civil não define o que seja "atividade econômica organizada" ou o que seja
"empresa". Essas definições cabem à doutrina.

O que é empresa?

Já é célebre a definição de empresa dada por Asquini, para quem ela compreende quatro
perfis. Vejamos três significados jurídicos para o vocábulo técnico, que correspondente aos
três primeiros perfis:

1.perfil subjetivo. A empresa é o empresário, pois empresário é quem exercita a atividade


econômica organizada, de forma continuada. Nesse sentido, a empresa pode ser uma
pessoa física ou uma pessoa jurídica, pois ela é titular de direitos e obrigações. Quando se
diz "arrumei um emprego em uma empresa", temos a palavra empresa empregada com
esse significado.

2.perfil funcional. A empresa é uma atividade, que realiza produção e circulação de bens e
serviços, mediante organização de fatores de produção (capital, trabalho, matéria prima
etc). Quando se diz "a empresa de estudar será proveitosa", temos a palavra empresa
empregada com esse significado.

3.perfil objetivo (patrimonial). A empresa é um conjunto de bens. A palavra empresa é


sinônima da expressão estabelecimento comercial. Os bens estão unidos para uma
atividade específica, que é o exercício da atividade econômica. Como exemplo desse
significado, podemos dizer "a mercadoria saiu ontem da empresa".

A empresa, portanto, tem todos esses significados.


Há também um quarto perfil, criticado pela doutrina por não corresponder a qualquer
significado jurídico, mas apenas por estar de acordo com a ideologia fascista, que
controlava o Estado italiano por ocasião da positivação da teoria da empresa:

4.perfil corporativo. A empresa é uma instituição, uma organização pessoal, formada pelo
empresário e pelos colaboradores (empregados e prestadores de serviços), todos voltados
para uma finalidade comum.

Para fins do art. 966, a palavra empresa tem como significado o segundo perfil mencionado
acima. Empresa, portanto, é a atividade econômica organizada. A organização é a união
de vários fatores de produção, com escopo de realização de bens ou serviços. O
empresário, assim, é quem realiza essa empresa, expressão tomada como sinônimo de
atividade.

A noção jurídica de atividade econômica organizada exige o concurso de atividade


profissional alheia. Se alguém exercer uma atividade econômica individualmente, não será
considerado empresário, à luz do art. 966 do novo Código Civil.

Pouco importa o regime jurídico das pessoas que trabalharem para o empresário. Poderá
ser o regime trabalhista ou civil (em caso específicos, até mesmo o administrativo). Os
colaboradores do empresário poderão ser empregados, regidos pelo direito do trabalho, ou
trabalhadores autônomos, que são prestadores de serviço, regidos pelo direito civil. Pouco
importa. Ou seja, empresário não é sinônimo de patrão; mas o empresário sempre contrata
pessoas para trabalhar, ele sempre organiza o trabalho de outrem.

Mas a organização não compreende apenas a contratação de serviços sob regime civil ou
trabalhista. Juridicamente, a organização definida no art. 966 é a organização de fatores
produção. Abrange capital e trabalho. O capital compreende o estabelecimento, que é o
conjunto de bens utilizados pelo empresário na sua atividade econômica (estoque, matéria
prima, dinheiro, marcas, automóveis, computadores etc).

Essa organização deve ser profissional. Isso significa que deve ser contínua e com intuito
de lucro, objetivando meio de vida. Atos isolados não são empresariais, mesmo que
tenham conteúdo econômico.

Toda essa atividade organizada deve ter um sentido econômico. Se o objeto não for a
produção ou a circulação de bens ou de serviços, não estaremos diante da empresa.

Essa é a teoria da empresa. Ela estuda isto: a atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços. É o que se lê, claramente, no caput do
art. 966 do novo Código Civil.

Mas o art. 966 tem um parágrafo. Esse parágrafo diz que não é empresário "quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística (...)".
O que significa isso? Estaria o parágrafo único o art. 966 a excluir parte da atividade
econômica do conceito de empresa?

Isso pode causar uma certa perplexidade quando temos em mente que a teoria dos atos
de comércio é que fazia isso. A teoria dos atos de comércio é que dividia a atividade
econômica em atos sujeitos e atos não sujeitos ao regime mercantil.

Tecnicamente, um parágrafo em um dispositivo de lei pode significar uma exceção ou uma


explicação ao que foi dito no caput. Em outras palavras, um parágrafo pode estabelecer
uma regra contraditória à do caput, aplicável apenas a situações específicas, pois regra
especial derroga regra geral (parágrafo excepcionador) ou pode apenas explicar melhor
algum conceito contido no caput, esclarecendo que alguma situação específica está ou não
abrangida pela idéia do caput, sem qualquer contradição filosófica (parágrafo explicativo).

No caso concreto, pode-se interpretar o parágrafo único do art. 966 do novo Código Civil
como uma exceção à regra do caput ou como uma explicação. Vamos analisar as duas
possíveis interpretações a esse parágrafo único, para, ao final, concluir por uma ou outra
interpretação.

Se visto como uma exceção, o novo Código Civil estaria positivando a teoria da empresa,
mas conteria uma pequena ou não pequena exceção: toda atividade econômica
profissional organizada seria considerada empresa, com exceção dos serviços intelectuais.

Estaria excluída, assim, a atividade econômica desempenhada por médicos, advogados,


escritores, escultores, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Essas
atividades, ainda que realizada de forma profissional e organizada, com objetivo de lucro,
não se sujeitariam ao regime jurídico empresarial.

Vamos frisar este ponto: se for dado ao parágrafo único, que se refere à profissão
intelectual, for tomado como excepcionador da regra do caput, significará dizer que a
atividade de prestação de serviços intelectuais realizada por uma grande organização não
seria empresarial. Ou seja, uma sociedade de advogados, titular de um grande escritório
de advocacia, com muitos empregados, com muitos computadores em rede, máquinas de
xerox, acesso rápido à Internet, bibliotecas, enfim, com uma grande estrutura, não seria
considerada empresa. Essa sociedade de advogados, com seu grande escritório de
advocacia, reuniria todas as definições teóricas do caput do art. 966 do novo Código Civil,
mas não seria considerada empresa em razão do parágrafo único ter excluído a profissão
intelectual da atividade econômica sujeita ao regime empresarial.

Esse parágrafo único conta, na sua parte final, com a expressão "salvo se o exercício da
profissão constituir elemento da empresa".

Vamos ler de novo o parágrafo único do art. 966 e novamente tentar interpretá-lo:
"Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa".

Qual o alcance da expressão "salvo se o exercício da profissão constituir elemento da


empresa"? Qual seu sentido?

Interpretado o parágrafo único desse modo, isto é, no sentido de ser ele excepcionador da
regra do caput, teremos dois incontornáveis problemas de hermenêutica:

1.O novo Código Civil positiva a teoria da empresa, que não divide a atividade econômica
pelos atos em si considerados, mas sim pelo modo em que ela é exercitada. A teoria que
divide os atos em si considerados (atos comerciais versus atos civis) é a teoria dos atos de
comércio, do Código Comercial de 1850. Caso se diga que a profissão intelectual em si
não é empresarial, estaremos interpretando o parágrafo único do art. 966 de acordo com a
teoria dos atos de comércio e não de acordo com a teoria da empresa.

2.A segunda parte do parágrafo único do art. 966 não teria qualquer sentido lógico ou
prático.

Vejamos, então, a interpretação no sentido de que o parágrafo único do art. 966, ao se


referir à profissão intelectual, não constitui uma exceção ao caput do art. 966, mas sim uma
explicação. Trata-se da interpretação tecnicamente mais adequado do ponto de vista
científico, pelos motivos a seguir expostos.

A idéia do parágrafo único do art. 966 do novo Código Civil é que a princípio a profissão
intelectual não é empresarial por características próprias, isto é, não compreende a
organização de fatores de produção. O parágrafo único do art. 966 diz a profissão
intelectual, a despeito de ter conteúdo econômico (o parágrafo único usa a palavra
"profissão", o que denota o caráter econômico) não é empresarial, mesmo se existentes
auxiliares ou colaboradores.

Como vimos acima, de acordo com a teoria da empresa, não basta a contratação de
pessoas ("auxiliares ou colaboradores", no dizer do parágrafo único do art. 966) em uma
atividade econômica para a configuração da existência jurídica da empresa. É preciso um
elemento a mais, que é o estabelecimento, o conjunto de bens. Isso fica mais claro quando
nos lembramos dos quatro perfis de Asquini, mencionados acima, que compõem a noção
jurídica de empresa.

Assim, de acordo com o parágrafo único do art. 966 do novo Código Civil, embora a
princípio a profissão intelectual não seja empresarial, excepcionalmente pode ela constituir
elemento de empresa. Nesse caso, ela será empresarial.

Retornemos ao exemplo do grande escritório de advocacia, com sua biblioteca, sua rede
de computadores da mais alta tecnologia, com acesso à Internet. Ou mesmo pensemos em
um grande hospital, de propriedade de um médico, com os mais modernos aparelhos
cirúrgicos. Penso não haver dúvida de que tais constituem o estabelecimento, parte da
organização empresarial prevista no caput do art. 966.

É preciso diferenciar a hipótese do advogado que contrate uma secretária e um office-boy


para realizar as tarefas de secretariado e de mensageiro, da hipótese do grande escritório
de advocacia mencionado acima. Esse advogado não é um empresário, mas apenas um
profissional liberal, um trabalhador autônomo, que pode ter auxiliares nas suas atividades.
Isso não é vedado pela lei, nem tampouco o transforma em empresário de acordo com a
teoria da empresa. É este o sentido do parágrafo único do art. 966: diferenciar alguém que
realiza atividade econômica não organizada de alguém que realiza atividade econômica
organizada.

Portanto, tecnicamente parece ser mais adequado interpretar o parágrafo único do art. 966
do Código Civil como uma explicação e não como uma exceção ao disposto no caput. A
princípio, a atividade intelectual não é empresarial (primeira parte do parágrafo único), mas
se presente todos os elementos de uma empresa, ela será empresarial (segunda parte do
parágrafo único). Em outras palavras, a profissão intelectual pode ser empresarial, se
presentes todos os requisitos previstos no caput. Essa é a explicação do parágrafo único
do art. 966.

Embora a interpretação ora adotada seja tecnicamente lógica e esteja de acordo com a
teoria da empresa, ela não deverá prevalecer, pelos motivos políticos e culturais a seguir
expostos:

O regime jurídico do empresário, de acordo com o novo Código Civil, é o regime jurídico do
comerciante. É o que diz o art. 2.037, do novo Código Civil:

"Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades


empresárias as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a
comerciantes, ou a sociedades comerciais, bem como a atividades mercantis."

Disso decorre que empresários e sociedades empresárias estão sujeitas ao regime jurídico
mercantil, ainda que não exerçam qualquer atividade que antes seria considerada como
ato de comércio.

Este aspecto que é importante: perdeu relevância jurídica a noção de ato de comércio! Só
que, culturalmente, continuamos com a divisão da atividade econômica em atividades
"civis" (ex. advocacia), de um lado, e "comerciais", de outro lado (embora juridicamente
isso não existe mais).

Se o regimento jurídico do empresário e da sociedade empresária é o regime jurídico do


comerciante, então os empresários e as sociedades empresárias, tal como definidas pelo
novo Código Civil, estão sujeitas à todos os institutos mercantis, como por exemplo, a
falência e o registro na Junta Comercial. A potencial sujeição à falência e o registro na
Junta Comercial fazem parte do regime jurídico do comerciante.
Realmente, o novo Código Civil é expresso no sentido de que o empresário, tal como
definido no art. 966, deverá se inscrever na Junta Comercial. É o que diz o art. 967 do novo
Código Civil, que estabelece ser obrigatória a inscrição do empresário no "Registro Público
de Empresas Mercantis", que é a tão conhecida Junta Comercial.

Levando tudo isso em consideração, é de se duvidar que os operadores do direitos, as


grandes sociedades de advogados, a OAB irão aceitar a interpretação de que sociedades
de advogados sejam consideradas sociedades empresárias e, por via de conseqüência,
sujeitas ao regime jurídico mercantil e que devam ser inscritas na Junta Comercial e
sujeitas à falência.

Vejam que as sociedades de advogados, ainda que estejam regidas por lei específica, Lei
nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia), deveriam se sujeitar às
disposições do art. 967, do novo Código Civil, caso se conclua que sociedade de
advogados possam vir a ser sociedades empresárias. É verdade que o art. 15, § 1º, do
Estatuto da Advocacia, lei especial, é expresso no sentido de que a sociedade de
advogados adquire personalidade jurídica com o registro dos seus atos constitutivos no
Conselho Seccional da OAB (e não no cartório de registro civil, muito menos na Junta
Comercial). Contudo, o art. 2.031 do novo Código Civil dá o prazo de 1 (um) ano paras as
sociedades constituídas sob a forma de leis anteriores (inclui a Lei nº 8.906/94?)
adaptarem-se às disposições no novo Código, contado a partir da sua vigência.

Culturalmente, é muito difícil aceitar a mudança, sendo mais fácil aceitar que a "sociedade
civil" é agora a "sociedade simples" e a "sociedade comercial" é agora a "sociedade
empresarial". Sem trocadilhos, seria tudo muito simples, se ainda estivéssemos na teoria
dos atos de comércio e não na teoria da empresa...

Embora tecnicamente equivocada, é bem provável que prevaleça interpretação ao art. 966
do novo Código Civil no sentido de que a profissão intelectual (incluindo, portando, as
sociedades de advogados), mesmo se tiverem trabalhadores contratados e contem com
forte estrutura material, não são sociedades empresárias.

Embora tecnicamente equivocado, é bem provável que prevaleça entendimento de que


atividades intelectuais são exercidas sempre pelas "sociedades simples", com registro no
cartório de pessoas jurídicas, ainda que tenham estrutura material e humana complexa.

Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte


(Lei nº 9.841/99)
A aprovação da Lei nº 9.841/99, de 05 de outubro de 1999, mais conhecida por "Estatuto
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte", bem com sua regulamentação pelo
Decreto nº 3.474 (19.05.2000), foi um importante marco na história das micro e pequenas
empresas brasileiras.
A denominação "Estatuto" significa que diversos assuntos de interesse das microempresas
e das empresas de pequeno porte foram reunidos em uma só lei, embora a Lei nº 9.841/99
tenha recepcionado integralmente a Lei nº 9.317/96 (Lei do Simples Federal), que regula o
sistema tributário/fiscal aplicável a estas empresas.

Desta forma, o novo Estatuto passa a prever tratamento favorecido às MPEs (Micro e
Pequenas Empresas) nos campos previdenciário, trabalhista, creditício, desenvolvimento
empresarial, não abrangidos pela lei do Simples.

Ou seja, o Estatuto tem por objetivo facilitar a constituição e o funcionamento da


microempresa e da empresa de pequeno porte, assegurando o fortalecimento de sua
participação no processo de desenvolvimento econômico e social e o Simples estabelece
tratamento diferenciado nos campos dos impostos e contribuições.
Conceito
A empresa poderá obter o registro de microempresa ou empresa de pequeno porte e gozar
os benefícios instituídas pelo Estatuto, desde que se enquadre nos conceitos a seguir:

a. microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta
anual igual ou inferior a R$ 244.000,00;
empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não
enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 244.000,00 e igual
ou inferior a R$ 1.200.000,00.
Estão excluídas dos conceitos acima as pessoas jurídicas em que haja participação:
a. de pessoa física domiciliada no exterior ou de outra pessoa jurídica;
de pessoa física que seja titular de firma mercantil individual ou sócia de outra empresa
que receba tratamento jurídico diferenciado na forma desta Lei, salvo se a participação não
for superior a 10% do capital social de outra empresa desde que a receita bruta global
anual ultrapasse os limites previstos no item 2.1, acima.
As empresas que se enquadrarem nos conceitos previstos acima e desejarem obter o
registro de microempresa e empresa de pequeno porte, deverão manifestar o seu interesse
junto ao respectivo órgão de registro sem qualquer ônus:
a. Junta Comercial do Estado: empresas mercantis (indústria e/ou comércio - com ou sem
prestação de serviços);
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas - empresas, exclusivamente, prestadoras
de serviços.
Regime Previdenciário e Trabalhista
As microempresas e as empresas de pequeno porte estão dispensadas do cumprimento
das seguintes obrigações acessórias previstas na legislação trabalhista:
afixação de quadro de horário de trabalho dos empregados, exceto do menor;
anotações das férias dos empregados em livros ou ficha de registro no momento da
concessão;
manutenção do livro de inspeção do trabalho;
empregar e matricular menores de 18 anos (aprendizes) nos cursos especializados
mantidos pelo Senai;
O Estatuto prevê que as fiscalizações trabalhista e previdenciária, sem prejuízo da sua
ação específica, prestarão, prioritariamente, orientação à microempresa e à empresa de
pequeno porte.
E quando for realizada a fiscalização trabalhista, será utilizado o critério da dupla visita
para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta de
registro de empregado, de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS
ou ainda na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização.
Apoio Creditício
O capítulo que trata do apoio creditício traz importantes previsões com relação a
concessão de créditos pelas instituições financeiras às MPEs, entretanto tais dispositivos
dependem de normas a serem baixadas pelo Poder Executivo para tornarem-se aplicáveis.
Com o objetivo de dar maior publicidade aos créditos direcionados às microempresas e
empresas de pequeno porte, as instituições financeiras oficiais deverão:

a. informar os valores das aplicações previstas para o ano seguinte, por setor e fonte de
recursos, inclusive, o montante estimado e condições de acesso;
informar o montante de recursos aplicados, para capital de giro e para financiamento de
investimento;
criar relatório especifico, onde constem o montante previsto pelo planejamento destas
empresas, o montante efetivamente por elas utilizado e análise do desempenho alcançado;
divulgar os relatórios de que trata este item pela Internet.
O Estatuto prevê ainda a utilização de conceitos de microempresa e empresa de pequeno
porte, segundo as regras adotadas pelo MERCOSUL, exclusivamente para apoio creditício
à exportação:

I - microempresa industrial, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que exerçam


atividade industrial e que tiverem receita bruta anual igual ou inferior a R$ 720.440,00;

II - microempresa comercial ou de serviços, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual


que exerçam atividade de comércio ou de serviços e que tiverem receita bruta anual igual
ou inferior a R$ 360.220,00;

III - empresa de pequeno porte industrial, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual
que exerçam atividade industrial e que tiverem receita bruta anual igual ou inferior a R$
6.303.850,00;

IV - empresa de pequeno porte comercial ou de serviços, a pessoa jurídica e a firma


mercantil individual que exerçam atividade de comércio ou de serviços e que tiverem
receita bruta anual igual ou inferior a R$ 2.701.650,00.

Desenvolvimento Empresarial

Outra inovação do Estatuto está no capítulo desenvolvimento empresarial, que determina


que os recursos federais aplicados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação
tecnológica na área empresarial, não serão inferior a 20% ao segmento das MPEs.
A legislação estabelece também que os órgãos da Administração Pública que atuem nas
áreas tecnológicas deverão criar mecanismos que facilitem o acesso aos serviços de
metrologia e certificação às micro e pequenas empresas.
O Estatuto prevê ainda que estes órgãos, em conjunto com as entidades de apoio às
microempresas e empresas de pequeno porte, deverão promover programas de
capacitação de recursos humanos na gestão da qualidade e do aumento da produtividade,
bem como desenvolver programas de fomento, articulados com as operações de
financiamento.
No capítulo de comércio exterior, o Estatuto prevê que s órgãos e as entidades da
Administração direta e indireta intervenientes nas atividades de controle das importações e
exportações observarão, para as micro e pequenas emrpesas, os seguintes benefícios:
I - tratamento automático no Registro de Exportadores e Importadores;

II - liberação das mercadorias enquadradas no regime simplificado de exportação nos


prazos máximos abaixo indicados, salvo quando depender de providência a ser cumprida
pelo exportador:

a) 48 horas, no caso de mercadoria sujeita a análise material ou emissão de certificados


por parte dos órgãos anuentes;

b) 24 horas, nos demais casos;

III - não pagamento de encargos, exceto tributos, cobrados a título de expedição de


certificados de produtos, vistos em documentos e autorizações para registro ou
licenciamento, necessários às operações de exportação e importação.

As remessas postais enviadas ao exterior por microempresas e empresas de pequeno


porte serão objeto de procedimentos simplificados de despacho aduaneiro, nos termos e
nas condições fixados pela Secretaria da Receita Federal.
Sociedade de Garantia Solidária
O capítulo VIII da Lei 9.841/99 prevê o surgimento de uma nova sociedade denominada
"Sociedade de Garantia Solidária". Constituída como sociedade anônima, poderá ter
ilimitado número de "sócios investidores" e, no mínimo, 10 micro e/ou pequenas empresas
que detenham o controle acionário da sociedade, denominados "sócios participantes".
O objetivo desta sociedade é conceder garantias creditícias, tipo fundo de aval, aos "sócios
participantes" que se habilitarem, mediante a celebração de contratos e taxa de
remuneração.
Esta sociedade não deve ser confundida com a Sociedade de Crédito ao
Micrompreendedor, instituída pelo art. 12 da MP nº 1.894-20, de 28 de julho de 1999. Esta,
por sua vez, equipara-se às instituições financeiras para os efeitos da legislação em vigor,
e tem por finalidade a concessão de financiamentos de natureza profissional, comercial ou
industrial de pequeno porte, bem como às pessoas jurídicas classificadas como
microempresa. O Banco Central disciplinou sua organização e funcionamento através da
Resolução nº 2.627/99.
Órgãos Fiscalizadores
O Ministério da Agricultura e do Abastecimento ou do Ministério da Saúde deverão aprovar
as instalações e equipamentos das microempresas e das empresas de pequeno porte,
antes da entrega da documentação a que estiverem sujeitas.
O Estatuto estabeleceu o prazo máximo de 30 dias para que cada órgão fiscalizador de
registro de produtos procedam a análise para inscrição e licenciamento das MPEs.
Baixa no Registro da Empresa
As firmas mercantis individuais e as sociedades mercantis e civis enquadráveis como
microempresa ou empresa de pequeno porte que, durante cinco anos, não tenham
exercido atividade econômica de qualquer espécie, poderão requerer e obter a baixa no
registro competente, independentemente de prova de quitação de tributos e contribuições
para com a Fazenda Nacional, Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e para com o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

Uma antiga reivindicação do sistema SEBRAE foi recepcionada pelo Estatuto. As


microempresas enquadradas neste Estatuto poderão propor ação perante o Juizado
Especial de Pequenas Causas.
Protesto de Título
O protesto de título, quando o devedor for microempresário ou empresa de pequeno porte,
é sujeito às seguintes normas:
I - os emolumentos devidos ao tabelião de protesto não excederão 1% do valor do título,
observado o limite máximo de R$ 20,00;
II - para o pagamento do título em cartório, não poderá ser exigido cheque de emissão de
estabelecimento bancário:
III - o cancelamento do registro de protesto, fundado no pagamento do título, será feito
independentemente de declaração de anuência do credor, salvo no caso de
impossibilidade de apresentação do original protestado.

LEI Nº 9.841, DE 5 OUTUBRO DE 1999.

Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, dispondo sobre o


tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos artigos 170 e 179 da
Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
Do Tratamento Jurídico Diferenciado
Art. 1º - Nos termos dos artigos 170 e 179 da Constituição Federal, fica assegurado às
microempresas e às empresas de pequeno porte tratamento jurídico diferenciado e
simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de
desenvolvimento empresarial, em conformidade com o que dispõe esta Lei e a Lei nº
9.317, de 5 de dezembro de 1996 e alterações posteriores.
Parágrafo único - O tratamento jurídico simplificado e favorecido, estabelecido nesta Lei,
visa facilitar a constituição e o funcionamento da microempresa e empresa de pequeno
porte, de modo a assegurar o fortalecimento de sua participação no processo de
desenvolvimento econômico e social.
CAPÍTULO II
Da Definição de Microempresa e de Empresa de Pequeno Porte
Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, ressalvado o disposto no art. 3º, considera-se:

I - microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta
anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais);
II - empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não
enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 244.000,00
(duzentos e quarenta e quatro mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e
duzentos mil reais).
§1º No primeiro ano de atividade, os limites da receita bruta de que tratam os incisos I e II
serão proporcionais ao número de meses em que a pessoa jurídica ou firma mercantil
individual tiver exercido atividade, desconsideradas as frações de mês.
§2º O enquadramento de firma mercantil individual ou da pessoa jurídica em microempresa
ou empresa de pequeno porte, bem como o seu desenquadramento, não implicarão
alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas anteriormente
firmados.
§3º O Poder Executivo atualizará os valores constantes dos incisos I e lI com base na
variação acumulada pelo IGP-DI, ou por índice oficial que venha a substituí-lo.

Art. 3º - Não se inclui no regime desta Lei a pessoa jurídica em que haja participação:

I - de pessoa física domiciliada no exterior ou de outra pessoa jurídica;


II - de pessoa física que seja titular de firma mercantil individual ou sócia de outra empresa
que receba tratamento jurídico diferenciado na forma da presente Lei, salvo se a
participação não for superior a dez por cento do capital social.

Parágrafo único - O disposto no inciso II deste artigo não se aplica à participação de


microempresas ou empresas de pequeno porte em centrais de compras, bolsas de
subcontratação, consórcios de exportação e outras forma de associação assemelhadas,
inclusive as de que trata o artigo 18 desta Lei.
CAPÍTULO III
Do Enquadramento
Art. 4º - A pessoa jurídica ou firma mercantil individual que, antes da promulgação desta
Lei, preenchia os seus requisitos de enquadramento como microempresa ou empresa de
pequeno porte, excetuadas as já enquadradas no regime jurídico anterior, comunicará esta
situação, conforme o caso, à Junta Comercial ou ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
para fim de registro, mediante simples comunicação da qual constarão:

I - a situação de microempresa ou de empresa de pequeno porte;


II - o nome e demais dados de identificação da empresa;
III - a indicação do registro de firma mercantil individual ou do arquivamento dos atos
constitutivos da sociedade;
IV - a declaração do titular ou de todos os sócios de que o valor da receita bruta anual da
empresa não excedeu, no ano anterior, o limite fixado no inciso I ou II, do artigo 2º,
conforme o caso, e de que a empresa não se enquadra em qualquer das hipóteses de
exclusão relacionadas no artigo 3º desta Lei.

Art. 5º - Tratando-se de empresa em constituição, deverá o titular ou sócios, conforme o


caso, declarar a situação de microempresa ou empresa de pequeno porte, que a receita
bruta anual não excederá, no ano da constituição, o limite fixado no inciso I ou II do Art. 2º,
conforme o caso, e que a empresa não se enquadra em qualquer das hipóteses de
exclusão relacionadas no Art. 3º desta Lei.

Art. 6º - O arquivamento, nos órgãos de registro, dos atos constitutivos de firmas mercantis
individuais e de sociedades que se enquadrarem como microempresa ou empresa de
pequeno porte, bem como o arquivamento de suas alterações, fica dispensado das
seguintes exigências:

I - certidão de inexistência de condenação criminal, exigida pelo inciso II, do art. 37, da Lei
nº. 8.934, de 1994, que será substituída por declaração do titular ou administrador, firmada
sob as penas da lei, de não estar impedido de exercer atividade mercantil ou a
administração de sociedade mercantil, em virtude de condenação criminal;
II - prova de quitação, regularidade ou inexistência de débito referente a tributo ou
contribuição de qualquer natureza, salvo no caso de extinção de firma mercantil individual
ou de sociedade;

Parágrafo único - Não se aplica às microempresas e empresas de pequeno porte o


disposto no art. 1º, § 2º, da Lei nº. 8.9O6/94.

Art. 7º - Feita a comunicação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, a


microempresa adotará, em seguida ao seu nome, a expressão microempresa" ou,
abreviadamente, "ME", e a empresa de pequeno porte, a expressão "empresa de pequeno
porte" ou "EPP".

Parágrafo único - É privativo de microempresa e empresa de pequeno porte o uso das


expressões de que trata este artigo.
CAPÍTULO IV
Do Desenquadramento e Reenquadramento
Art. 8º - O desenquadramento da microempresa e empresa de pequeno porte dar-se-á
quando excedidos ou não alcançados os respectivos limites de receita bruta anual fixados
no art. 2º.

§ 1º Desenquadrada a microempresa, passa automaticamente à condição de empresa de


pequeno porte, e esta passa à condição de empresa excluída do regime desta Lei ou
retoma à condição de microempresa.
§ 2º A perda da condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, em
decorrência do excesso de receita bruta, somente ocorrerá se o fato se verificar durante
dois anos consecutivos ou três anos alternados, em um período de 5 anos.

Art. 9º - A empresa de pequeno porte reenquadrada como empresa, a microempresa


reenquadrada na condição de empresa de pequeno porte e a empresa de pequeno porte
reenquadrada como microempresa comunicarão este fato ao órgão de registro, no prazo
de trinta dias, a contar da data da ocorrência.

Parágrafo único - Os requerimentos e comunicações previstos neste Capítulo e no Capítulo


anterior poderão ser feitos por via postal, com aviso de recebimento.
CAPÍTULO V
Do Regime Previdenciário e Trabalhista
Art. 10 - O Poder Executivo estabelecerá procedimentos simplificados, além dos previstos
neste Capítulo, para o cumprimento da legislação previdenciária e trabalhista por parte das
microempresas e empresas de pequeno porte bem como para eliminar exigências
burocráticas e obrigações acessórias que sejam incompatíveis com o tratamento
simplificado e favorecido previsto nesta Lei.

Art. 11 - A microempresa e empresa de pequeno porte são dispensadas do cumprimento


das obrigações acessórias a que se referem os arts. 74, 135, §2º, 360, 429 e 628, §1º da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

Parágrafo único - O disposto no "caput" deste artigo não dispensa a microempresa e


empresa de pequeno porte dos seguintes procedimentos:

I - anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS ;


II - apresentação da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS e do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados - CAGED;
III - arquivamento dos documentos comprobatórios de cumprimento das obrigações
trabalhistas e previdenciárias, enquanto não prescreverem essas obrigações;
IV - apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social - GFIP.

Art. 12 - Sem prejuízo de sua ação específica, as fiscalizações trabalhista e previdenciária


prestarão prioritariamente, orientação à microempresa e à empresa de pequeno porte.

Parágrafo único - No que se refere à fiscalização trabalhista, será observado o critério da


dupla visita para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por
falta de registro de empregado, ou anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social -
CTPS, ou ainda na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à
fiscalização.

Art. 13 - Na homologação de rescisão de contrato de trabalho, o extrato de conta vinculada


ao trabalhador relativa ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS poderá ser
substituído pela Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social - GFIP pré-impressa no mês anterior, desde que sua
quitação venha a ocorrer em data anterior ao dia dez do mês subseqüente à sua emissão.
CAPÍTULO VI
Do Apoio Creditício
Art. 14 - O Poder Executivo estabelecerá mecanismos fiscais e financeiros de estímulo às
instituições financeiras privadas no sentido de que mantenham linhas de crédito
específicas para as microempresas e empresas de pequeno porte.

Art. 15 - As instituições financeiras oficiais que operam com crédito para o setor privado
manterão linhas de crédito específicas para as microempresas e empresas de pequeno
porte, devendo o montante disponível e suas condições de acesso serem expressas, nos
seus respectivos documentos de planejamento, e amplamente divulgados.

Parágrafo único - As instituições de que trata este artigo farão publicar, semestralmente,
relatório detalhado dos recursos planejados e aqueles efetivamente utilizados na linha de
crédito mencionada neste artigo, analisando as justificativas do desempenho alcançado.

Art. 16 - As instituições de que trata o artigo 15, nas suas operações com as
microempresas de pequeno porte, atuarão, em articulação com as entidades de apoio e
representação daquelas empresas, no sentido de propiciar mecanismos de treinamento,
desenvolvimento gerencial e capacitação tecnológica articulados com as operações de
financiamento.

Art. 17 - Para fins de apoio creditício à exportação, serão utilizados os parâmetros de


enquadramento de empresas, segundo o porte, aprovados pelo Mercado Comum do Sul -
MERCOSUL para as microempresas e empresas de pequeno porte.

Art. 18 - (VETADO)
CAPÍTULO VII
Do Desenvolvimento Empresarial
Art. 19 - O Poder Executivo estabelecerá mecanismos de incentivos fiscais e financeiros,
de forma simplificada e descentralizada, às microempresas e às empresas de pequeno
porte, levando em consideração a sua capacidade de geração e manutenção de ocupação
e emprego, potencial de competitividade e de capacitação tecnológica, que lhes garantirão
o crescimento e o desenvolvimento.

Art. 20 - Dos recursos federais aplicados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação


tecnológica na área empresarial, no mínimo 20% (vinte por cento), serão destinados,
prioritariamente, para o segmento da microempresa e da empresa de pequeno porte.

Parágrafo único - As organizações federais atuantes em pesquisa, desenvolvimento, e


capacitação tecnológica deverão destacar suas aplicações voltadas ao apoio às
microempresas e empresas de pequeno porte.

Art. 21 - As microempresas e empresas de pequeno porte terão tratamento diferenciado e


favorecido no que diz respeito ao acesso a serviços de metrologia e certificação de
conformidade prestados por entidades tecnológicas públicas.
Parágrafo único - As entidades de apoio e de representação das microempresas e
empresas e pequeno porte criarão condições que facilitem o acesso aos serviços de que
trata o artigo 20.

Art. 22 - O Poder Executivo diligenciará para que se garantam às entidades de apoio e de


representação das microempresas e empresas de pequeno porte condições para
capacitarem essas empresas para que atuem de forma competitiva no mercado interno e
externo, inclusive mediante o associativismo de interesse econômico.

Art. 23 - As microempresas e empresas de pequeno porte terão tratamento diferenciado e


favorecido quando atuarem no mercado internacional, seja importando ou exportando
produtos e serviços, para o que o Poder Executivo estabelecerá mecanismos de
facilitação, desburocratização e capacitação.

Parágrafo único - Os órgãos e entidades da Administração Federal Direta e Indireta,


intervenientes nas atividades de controle das exportação e importação, deverão adotar
procedimentos que facilitem o mecanismo nas operações que envolvam as microempresas
e empresas de pequeno porte, otimizando prazos e reduzindo custos.

Art. 24 - A política de compras governamentais dará prioridade à microempresa e à


empresa de pequeno porte, individualmente ou de forma associada, com processo especial
e simplificado nos termos da regulamentação desta Lei.
CAPÍTULO VIII
Sociedade de Garantia Solidária
Art. 25 - Fica autorizada a constituição de Sociedade de Garantia Solidária, constituída sob
a forma de sociedade anônima, para a concessão de garantia a seus sócios participantes,
mediante a celebração de contratos.
Parágrafo único - A sociedade de garantia solidária será constituída de sócios participantes
e sócios investidores:

I - os sócios participantes serão, exclusivamente, microempresas e empresas de pequeno


porte, com, no mínimo 10 (dez) participantes e participação máxima individual de 10% (dez
por cento) do capital social;
II - os sócios investidores serão pessoas físicas ou jurídicas, que efetuarão aporte de
capital na sociedade, com o objetivo exclusivo de auferir rendimentos, não podendo sua
participação, em conjunto, exceder a 49% (quarenta e nove por cento) do capital social.

Art. 26 - O estatuto social da sociedade de garantia solidária deve estabelecer:

I - Finalidade social, condições e critérios para admissão de novos sócios participantes e


para sua saída e exclusão;
II - Privilégio sobre as ações detidas pelo sócio excluído por inadimplência;
III - Proibição de que as ações dos sócios participantes sejam oferecidas como garantia de
qualquer espécie; e
IV - Estrutura, compreendendo a Assembléia Geral, órgão máximo da sociedade, que
elegerá o Conselho Fiscal e o Conselho de Administração, que, por sua vez, indicará a
Diretoria Executiva.

Art. 27 - A sociedade de garantia solidária fica sujeita ainda às seguintes condições:


I - proibição de concessão a um mesmo sócio participante de garantia superior a 10% (dez
por cento) do capital social ou do total garantido pela sociedade, o que for maior;
II - proibição de concessão de crédito a seus sócios ou a terceiros; e
III - dos resultados líquidos, alocação de (5% cinco por cento), para reserva legal, até o
limite de 20% (vinte por cento) do capital social; e de 50% (cinqüenta por cento) da parte
correspondente aos sócios participantes para o fundo de risco, que será constituído
também por aporte dos sócios investidores e de outras receitas aprovadas pela
Assembléia Geral da sociedade.

Art. 28 - O contrato de garantia solidária tem por finalidade regular a concessão da garantia
pela sociedade ao sócio participante, mediante o recebimento da taxa de remuneração
pelo serviço prestado, devendo fixar as cláusulas necessárias ao cumprimento das
obrigações do sócio beneficiário perante a sociedade,

Parágrafo único - Para a concessão. da garantia, a sociedade de garantia solidária poderá


exigir a contragarantia por parte do sócio participante beneficiário.

Art. 29 - As microempresas e empresas de pequeno porte podem oferecer as suas contas


e valores a receber como lastro para a emissão de valores mobiliários a serem colocados
junto aos investidores no mercado de capitais.

Art. 30 - A sociedade de garantia solidária pode conceder garantia sobre o montante de


recebíveis de seus sócios participantes, objeto de securitização, podendo também prestar
o serviço de colocação de recebíveis junto a empresa de securitização especializado na
emissão dos títulos a valores mobiliários transacionáveis no mercado de capitais.

Parágrafo único - O agente fiduciário, de que trata o caput, não tem direito de regresso
contra as empresas titulares dos valores e contas a receber, objeto de securitização.

Art. 31 - A função de registro, acompanhamento e fiscalização das sociedades de garantia


solidária, sem prejuízo das autoridades governamentais competentes, poderá ser exercida
pelas entidades vinculadas às micro empresas e empresas de pequeno porte, em especial
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, mediante
convênio a ser firmado com o Executivo.
CAPÍTULO IX
Das Penalidades
Art. 32 - A pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, sem observância dos
requisitos desta Lei, pleitear seu enquadramento ou se mantiver enquadrada como
microempresa ou empresa de pequeno porte, estará sujeita às seguintes conseqüências e
penalidades:

I - cancelamento de ofício de seu registro como microempresa ou como empresa de


pequeno porte;
II - aplicação automática, em favor da instituição financeira, de muita de vinte por cento
sobre o valor monetariamente corrigido dos empréstimos obtidos com base nesta Lei,
independentemente do cancelamento do incentivo de que tenha sido beneficiada.
Art. 33 - A falsidade de declaração prestada objetivando os benefícios desta Lei caracteriza
o crime de que trata o art. 299 do Código Penal, sem prejuízo de enquadramento em
outras figuras penais.
CAPÍTULO X
Disposições Finais
Art. 34 - Os órgãos fiscalizadores de registro de produtos procederão a análise para
inscrição e licenciamento a que estiverem sujeitas as microempresas e empresas de
pequeno porte, no prazo máximo de trinta dias, a contar da data de entrega da
documentação ao órgão.

Art. 35 - As firmas mercantis individuais e as sociedades mercantis e civis enquadráveis


como microempresa ou empresa de pequeno porte que, durante cinco anos, não tenham
exercido atividade econômica de qualquer espécie, poderão requerer e obter a baixa no
registro competente, independentemente de prova de quitação de tributos e contribuições
para com a Fazenda Nacional, bem como para com o Instituto Nacional de Seguro Social -
INSS e para com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.

Art. 36 - A inscrição e alterações da microempresa e da empresa de pequeno porte em


órgãos da Administração Federal ocorrerá independentemente da situação fiscal do titular,
sócios, administradores ou de empresas de que esses participem.

Art. 37 - A s microempresas e empresas de pequeno porte ficam isentas de pagamento de


preços, taxas e emolumentos remuneratórios de registro das declarações referidas nos
arts. 4º, 5º e 9º desta Lei.

Art. 38 - Aplica-se às microempresas o disposto no Art. 8º, § 1º, da Lei nº 9.099, de 26 de


setembro de 1995, passando essas empresas, assim como as pessoas físicas capazes, a
serem admitidas a proporem ação perante o Juizado Especial, excluídos os cessionários
de direito de pessoas jurídicas.

Art. 39 - O protesto de título, quando o devedor for microempresário ou empresa de


pequeno porte, fica sujeito às seguintes normas:

I - os emolumentos devidos ao tabelião de protesto não excederão um por cento do valor


do título, observando o limite máximo de R$ 20,00 ( vinte reais), incluídos neste limite as
despesas de apresentação, protesto, intimação, certidão e quaisquer outras relativas à
execução dos serviços;
II - para o pagamento do título em cartório, não poderá ser exigido cheque de emissão de
estabelecimento bancário, mas, feito o pagamento por meio de cheque, de emissão de
estabelecimento bancário ou não, a quitação dada pelo tabelionato de protesto ficará
condicionada à efetiva liquidação do cheque;
III - o cancelamento do registro de protesto, fundado no pagamento do título, será feito
independentemente de declaração de anuência do credor, salvo no caso de
impossibilidade de apresentação do original protestado;
IV - para os fins do disposto no caput e nos incisos I, II e III, caberá ao devedor provar sua
qualidade de microempresa ou empresa de pequeno porte perante o tabelionato de
protestos de títulos, mediante documento expedido pela Junta Comercial ou pelo Registro
Civil das Pessoas Jurídicas, conforme o caso.

Art. 40 - Os arts. 29 e 31 da Lei no 9.492, de 10 de setembro de 1997, passam a vigorar


com a seguinte redação:
" Art. 29 - Os cartórios fornecerão às entidades representativas da indústria e do comércio
ou àquelas vinculadas à proteção do crédito, quando solicitada, certidão diária, em forma
de relação, dos protestos tirados e dos cancelamentos efetuados, com a nota de se cuidar
de informação reservada da qual não se poderá dar publicidade pela imprensa, nem
mesmo parcialmente. " (NR)
"§ 1o O fornecimento da certidão será suspenso caso se desatenda ao disposto no caput
ou se forneçam informações de protestos cancelados. " (NR)
"§ 2o Dos cadastros ou bancos de dados, das entidade referidas no caput, somente serão
prestadas informações restritivas de crédito oriundas de títulos ou documentos de dívidas
regularmente protestados, cujos registros não foram cancelados." (NR)
"§ 3o Revogado"
"Art. 31. Poderão ser fornecidas certidões de protestos, não cancelados, a quaisquer
interessados, desde que requeridas por escrito". (NR)
Art. 41 - Ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior compete
acompanhar e avaliar a implantação efetiva das normas desta Lei, visando seu
cumprimento e aperfeiçoamento.

Parágrafo único - Para o cumprimento deste artigo, o Poder Executivo fica autorizado a
criar o Fórum Permanente da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, com
participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor.

Art. 42 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias, a contar da
data de sua publicação.

Art. 43 - Revogam-se as disposições em contrário e, em especial, as Leis nº 7.256, de 27


de novembro de 1984, e nº 8.864, de 28 de março de 1994.

Definição de Micro e Pequenas Empresas (MPEs)


O número de empregados e o faturamento bruto anual são os critérios mais utilizados para
definir o porte das empresas.

Quadro I - Classificação das MPEs segundo o número de empregados


PORTE Empregados
Microempresa No comércio e serviços até 09 empregados
Na indústria até 19 empregados
Empresa de Pequeno Porte No comércio e serviços de 10 a 49 empregados
Na indústria de 20 a 99 empregados
Empresa de Médio Porte No comércio e serviços de 50 a 99 empregados
Na indústria de 100 a 499 empregados
Empresa de Grande Porte No comércio e serviços mais de 99 empregados
Na indústria mais de 499 empregados
Fonte: Sebrae (classificação utilizada pela área de Pesquisas do Sebrae)

Quadro II - Classificação das MPEs segundo o faturamento bruto anual


PORTE Faturamento Bruto Anual
Microempresa Até R$ 244.000,00
Empresa de Pequeno Porte Entre R$ 244.000,00 e R$ 1.200.000,00
Fonte: Lei Federal no. 9.841, de 05/10/99 (Estatuto da Micro e Pequena Empresa)

As Micro e Pequenas Empresas no Brasil


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil
cerca de 3,5 milhões de empresas, das quais 98% são de micro e pequeno porte. Com
base nos dados disponíveis da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do
IBGE e Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego
(RAIS/MTE), é possível afirmar que as atividades típicas de micro e pequenas empresas
mantêm cerca de 35 milhões de pessoas ocupadas em todo o país, o equivalente a 59%
das Pessoas Ocupadas no Brasil, incluindo neste cálculo Empregados nas MPEs,
Empresários de Micro e Pequenas Empresas e os “Conta Própria” (indivíduo que possui
seu próprio negócio mas não tem empregados). O número de MPEs industriais
exportadoras se aproxima de 4.000 empresas, que exportam anualmente cerca de US$
800 milhões.

Quadro III - Participação das MPEs na Economia Brasileira


Variável As MPEs no Brasil (em %)
Número de Empresas 98 %
Pessoal Ocupado 59%
Faturamento 28%
PIB 20%
Número de Empresas Exportadoras 29%
Valor das Exportações 1,7%
Fonte: Elaboração a partir de dados do IBGE, FUNCEX, PNAD e RAIS/MTE (1994, 1995 e
1996)

Sociedades

Conceito: Celebram contrato de sociedades as pessoas que reciprocamente se obrigam a


contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica (um ou mais
negócios determinados) e a partilha, entre si, dos resultados. (Art. 981 e Parágrafo único)

Sociedade não personificada: Sociedade de fato ou Sociedade em Conta de


Participação.
Sociedade personificada: Sociedade Simples ou Sociedade Empresária.

Participação de Cônjuges
Os cônjuges podem contratar entre si, exceto se casados sob o regime da comunhão
universal ou separação obrigatória (maiores de 60 anos). (Art. 977 e 978)

Alienação do patrimônio: O empresário não necessita de outorga do cônjuge para alienar


ou gravar (ônus reais) os imóveis da empresa. (Art. 978)

Averbações: Além do Registro Civil, serão arquivados e averbados nos Órgãos de Registro
das Empresas todos os atos que alteram ou possam alterar a situação patrimonial do
empresário, tais como, separação judicial, doações de herança, pacto antenupcial, etc...

Sociedade Empresária

A Sociedade Empresária tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário


sujeito a registro, inclusive a sociedade por ações, independentemente de seu objeto,
devendo inscrever-se na Junta Comercial do respectivo Estado. (art. 982 e § único)

Isto é, sociedade empresária é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento
de empresa.

- A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts.
1.039 a 1.092: (art. 983)

a) Sociedade em Nome Coletivo;


b) Sociedade em Comandita Simples;
c) Sociedade Limitada;
d) Sociedade Anônima;
e) Sociedade em Comandita por Ações.

Exceções: A Sociedade em Conta de Participação e a Cooperativa, se constituirão


segundo o tipo e as regras que lhes são próprias.

Empresário e Sociedade Empresária sujeitam-se às disposições de lei referentes à matéria


mercantil. Ex. Falência e concordata, Lei de Registro do Comércio (Lei nº 8.934/94)... (art.
2.037)

Sociedade Simples
Conceito: Sociedade Simples é a sociedade constituída por pessoas que reciprocamente
se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a
partilha, entre si, dos resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade própria de
empresário. (arts. 981 e 982)

São sociedades formadas por pessoas que exercem profissão intelectual (gênero), de
natureza científica, literária ou artística (espécies), mesmo se contar com auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (§ único
do art. 966)

Conforme ensina Fábio Ulhoa Coelho "Esse dispositivo alcança, o chamado profissional
liberal (advogado, dentista, médico, engenheiro etc.), que apenas se submete ao regime
geral da atividade econômica se inserir a sua atividade específica numa organização
específica numa organização empresarial (na linguagem normativa, se for `elemento de
empresa´). Caso contrário, mesmo que empregue terceiros, permanecerá sujeito somente
ao regime próprio de sua categoria profissional."

A sociedade Simples pura ou outros tipos societários

A Sociedade Simples pode ser "pura", caso se subordine às normas que lhe são próprias,
ou, ainda, constituir-se como:

a) Sociedade em Nome Coletivo;


b) Sociedade em Comandita Simples;
c) Sociedade Limitada;
f) *Sociedade Anônima;
g) *Sociedade em Comandita por Ações.

Nota: *A parte final do art. 983, estabelece que as Sociedades Simples podem constituir-se
de conformidade com os tipos societários regulados nos arts. 1.039 a 1.092. Ora,
considerando que a Sociedade Simples é gênero, e que a Sociedade Anônima espécie de
Sociedade Empresária, independentemente do seu objeto, o dispositivo não está claro por
incluir, entre os tipos da Sociedade Simples, a Sociedade Anônima, assim como, a
Sociedade em Comandita por Ações por ser esta uma variante daquela, ambas reguladas
pela Lei nº 6.404/76.;

Normas e Registro: Caso a Sociedade Simples opte por uma dos tipos de sociedade acima
(art. 983), deverá se submeter às normas da respectiva sociedade.

Cooperativa - Será sempre considerada SOCIEDADE SIMPLES.


Regras próprias da sociedade Simples pura

Características

a) Além de integralizar o capital social em dinheiro, poderá o sócio faze-lo em contribuição


em serviços;

b) *Os sócios respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações sociais, conforme


previsão contratual;

c) Capital social, expresso em moeda corrente ou outra espécie de bens, suscetíveis de


avaliação pecuniária;

d) Registro da empresa no Cartório das Pessoas Jurídicas em até 30 dias da constituição.


(art. 998)

e) Responsabilidade solidária do sócio cedente das cotas com o cessionário, até 2 anos
após alteração e averbação de sua saída;

f) Os sócios respondem na proporção da participação das cotas, salvo se houver cláusula


de responsabilidade solidária;

g) Impossibilidade de excluir sócio na participação dos lucros ou perdas;

h) O credor de sócio de empresa pode, não havendo outros bens, requerer a execução nos
lucros da empresa;
i) Retirada espontânea de sócio: Aviso prévio de 60 dias, em caso de contrato por prazo
indeterminado; ou judicialmente se o contrato for por prazo determinado.

Nota: A fim de restringir a responsabilidade dos sócios, os contratos deverão inserir


cláusula que disponha que os sócios não respondem solidariamente pelas obrigações
sociais.

Administração

a) O administrador será nomeado em contrato ou em instrumento separado, devendo,


neste caso, averbá-lo no órgão de registro;

b) São irrevogáveis os poderes do sócio investido na administração em contrato social,


salvo justa causa, reconhecida judicialmente; (art. 1.019)

c) São revogáveis, a qualquer tempo, os poderes conferidos a sócio por ato separado, ou a
quem não seja sócio; (art. 1.019, § único)

d) Responde por perdas e danos o sócio que agir contrariamente ao interesse da


sociedade ou participar da deliberação que a aprove graças a seu voto;

e) Os administradores devem prestar contas detalhadas de sua administração aos sócios,


tais como, inventário anual, balanço patrimonial e de resultado econômico.

Quórum para deliberações

a) As deliberações sobre os negócios da empresa serão tomadas por maioria de votos, ou


seja, pelo valor das cotas dos sócios; (art. 1010)

b) Em caso de empate, a decisão caberá ao maior número de sócios, ou, não sendo
possível, pelo juiz; (art. 1010, §§ 1 e 2)

c) Alterações do contrato social será por unanimidade dos sócios sempre que envolver
mudança de endereço, razão ou firma social, capital social, sua forma de realização,
participação nos lucros, todos previstos no art. 997;

d) Demais alterações do contrato se darão por maioria absoluta dos votos dos sócios, caso
o contrato não preveja unanimidade;

Dissolução

A sociedade simples dissolve-se em razão de uma das ocorrências abaixo: (art. 1033)

a) Ao final do prazo de duração estipulado;

b) Consenso unânime dos sócios;

c) Deliberação por maioria absoluta - se por prazo indeterminado;

d) Falta de pluralidade de sócios, não restituída no prazo de 180 dias;

e) Extinção de autorização para funcionar;

f) Em virtude de requerimento judicial;

g) Outras causas, conforme previsão contratual;

h) Para a dissolução, os administradores deverão investir o liquidante para promover os


atos decorrentes.

Sociedade Empresária ou Sociedade Simples?


Comentários: Ainda há dúvidas doutrinárias quanto à determinação precisa de
determinadas atividades quanto ao enquadramento das empresas como SOCIEDADE
EMPRESÁRIA ou SOCIEDADE SIMPLES. Fabio Ulhôa sita o exemplo do médico que tem
um consultório em sociedade com outro médico. Pelo fato das pessoas procurarem este ou
aquele profissional em razão do conhecimento e da confiança que tais profissionais
inspiram em seus pacientes, esta sociedade será considerada SIMPLES. Caso eles
aumentem o efetivo de profissionais e auxiliares e resolvem transformar o negócio em uma
clínica, esta sociedade continuará sendo SIMPLES pelos mesmos motivos expostos
anteriormente. Entretanto, caso resolvam transformar esta clínica em um hospital, passará
a ser uma Sociedade Empresária, pois não há mais influência do caráter pessoal dos
profissionais, mas o elemento de empresa como organização econômica. Para ele, neste
caso, os sócios exercerão profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção de serviços.

A Teoria da Empresa no Novo Código Civil–O Fim da Distinção entre Sociedades


Civis e Comerciais
Thiago Spercel é integrante de Pinheiro Neto Advogados.

A Teoria da Empresa no Novo Código Civil –O Fim da Distinção entre Sociedades


Civis e Comerciais

A Classificação das Sociedades

Com a entrada em vigor, no último dia 11, da Lei no 10.406/02, que instituiu o “Novo
Código Civil”, foram revogadas a Lei nº 3.071/16 (Código Civil de 1916) e a Parte
Primeira da Lei nº 556/1850 (Código Comercial de 1850), bem como derrogado o
Decreto nº 3.708/19, que dispunha sobre as sociedades por quotas de
responsabilidade limitada.

O Novo Código Civil inovou em substituir a defasada e sempre polêmica teoria dos
atos de comércio pela mais moderna teoria da empresa, já adotada e defendida
internacionalmente. E assim procedendo, o conceito de direito comercial baseado na
figura do comerciante e nos atos do comércio foi substituído pelo direito de empresa,
que regula os empresários e as atividades empresárias.

Embora o conceito de “empresa” encontre várias definições na doutrina nacional e


estrangeira, o Direito de Empresa constante no Livro II do Novo Código Civil assim
caracteriza a figura do empresário:

“Art. 966. - Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de


natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”

Em primeiro lugar, trata-se de atividade econômica, isto é, atividade referente à


criação de riquezas, bens ou serviços, de modo que aquele que exerce qualquer
atividade que não seja econômica ou não tenha o fim de produzir riquezas não é
empresário. Além disso, deve a atividade ser organizada, em outras palavras, deve
coordenar e organizar os diversos fatores da produção, dentre eles trabalho, capital e
pessoas. Finalmente, deve ser uma atividade profissional, ou seja, dotada de
habitualidade e sistemática em sua prática, e realizada em nome próprio, de maneira
que não é empresário quem exerce atividade em nome de terceiros, como é o caso
do representante ou do administrador.

Importante notar que os profissionais intelectuais que exercem profissionalmente uma


atividade criadora de bens ou serviços não serão considerados empresários, já que a
atividade mental criativa é a base de toda sua atividade, exceto se organizarem os
fatores de produção - trabalho, capital e pessoas - e assumirem a veste de
empresários. Parece um exemplo claro a situação do médico, o qual, quando opera,
faz diagnóstico ou presta consultas, está prestando um serviço resultante de sua
atividade intelectual, e por isso não é empresário. Entretanto, se ele organiza fatores
de produção, isto é, une capital, trabalho de outros médicos, enfermeiros e ajudantes,
e se utiliza de imóvel e equipamentos para a instalação de um hospital, então o
hospital é a empresa e o dono ou titular desse hospital, seja pessoa física ou jurídica,
será considerado empresário, porque está organizando fatores de produção para
produzir serviços .

Para uma melhor compreensão da nova forma de classificação das sociedades,


propomo-nos a classificá-las quanto à forma de organização de sua atividade, em
primeiro lugar, e quanto ao seu tipo jurídico, depois. A redação do Novo Código Civil
parece utilizar, inadvertidamente, o vocábulo sociedade simples em ambos os
critérios de classificação, como se sinônimos fossem. De modo a evitar confusões,
passaremos a utilizar sociedades simples para nos referir ao tipo jurídico, e
sociedades não-empresárias, para as sociedades que não se organizam sob a forma
de empresa.

(a) quanto à forma de organização da atividade:

Na vigência do Código Civil de 1916, classificavam-se, as sociedades, em comerciais


ou civis, conforme realizassem atividades de comércio ou da mercancia, no primeiro
caso, e por exclusão todas as demais atividades, no segundo caso, exceção feita às
sociedades por ações, que era considerada mercantil independentemente de seu
objeto (artigo 2º, § 1º da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme
posteriormente alterada).

Com a entrada em vigor do Novo Código Civil, ficou extinta a classificação das
sociedades entre civis e comerciais, que passam a serem classificadas, quanto à
forma de sua organização, em empresárias e não-empresárias, independentemente
de seu tipo jurídico, conforme tenham sua atividade organizada para produção de
bens ou serviços, com a coordenação dos fatores da produção, e dotada de
habitualidade e sistemática. Nota-se, também, que além de manter a exceção das
sociedades por ações enquanto sociedades empresárias independentemente de seu
objeto, o Novo Código Civil também excepcionou as sociedades cooperativas, que
serão sempre não-empresárias, não importa sua atividade e forma de organização.

(b) quanto ao tipo jurídico:

Sob o regramento da Lei anterior, os principais tipos jurídicos adotados pelas


sociedades eram a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples,
a sociedade de capital e indústria, a sociedades em conta de participação, a
sociedade por quotas de responsabilidade limitada, a sociedade anônima, a
sociedade em comandita por ações e a sociedade cooperativa, podendo qualquer
uma delas, por força do artigo 1.364 do Código Civil de 1916, exercer tanto a
atividade civil como a comercial, exceção feita às a sociedade anônima e à sociedade
em comandita por ações, que assumiam a qualidade de sociedades mercantis
independente de sua atividade.

Com o advento do Novo Código Civil, a sociedade que exerce atividade empresária
somente pode se revestir dos tipos jurídicos regulados no artigos 1.039 a 1.092, que
são, a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples, a sociedade
limitada, a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações, ficando
vedado, nesse caso, o tipo jurídico de sociedade simples.

De modo diverso, a sociedade não-empresária pode também constituir-se de acordo


com um desses tipos jurídicos elencados nos artigos 1.039 a 1.092 (sociedade em
nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade
anônima e sociedade em comandita por ações), porém, em não o fazendo,
subordinar-se-á às normas de sociedades de tipo jurídico simples.

Vale mencionar, também, que não existe mais previsão acerca da sociedade de
capital e indústria anteriormente prevista no Código Civil de 1916, sendo lícito
portanto concluir pela extinção do referido tipo jurídico.

O Registro das Sociedades Simples e Empresárias

Na vigência do sistema anterior, o registro dos atos constitutivos e demais


documentos das sociedades comerciais, para garantia da oponibilidade a terceiros,
era regulado pela Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, conforme regulamentada
pelo Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996, que determinava que o registro
público de empresas mercantis e atividades afins seria exercido pelo Departamento
Nacional de Registro do Comércio (com funções coordenadora e supervisora) e pelas
Juntas Comerciais (com função executora). No sentido oposto, ficava a cargo dos
Cartórios de Registro de Pessoas Jurídicas o registro das sociedades que
desempenhassem atividades “civis”, ou seja, por exclusão, não-comerciais.
De modo diverso, o Novo Código Civil passa a dispor que o empresário e a sociedade
empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das
Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas.

Fica, portanto, definitivamente esclarecido que não é mais a atividade do comércio


que define o órgão competente para efetuar os registros das sociedades, mas sim a
atividade empresária. Por oportuno, cumpre-nos esclarecer que a atividade
empresária engloba a atividade comercial, mas a ela não se limita, uma vez que o ato
empresarial é muito mais amplo que o ato do comércio por envolver qualquer
atividade produtiva relacionada à circulação de bens e serviços de forma organizada e
profissional, e não somente a intermediação na compra e venda de mercadorias.

Por esse motivo, existe um sem número de sociedades civis, atualmente registradas
em Cartórios Civis de Registro de Pessoas Jurídicas, que são organizadas como
empresas e que, portanto, deverão passar a manter seus registros perante as Juntas
Comerciais. Esse é o caso, por exemplo, de todas as sociedades prestadoras de
serviços não regulamentados, incluindo as prestadoras de serviços administrativos
para terceiros, de transporte de valores, cargas e passageiros, de administração de
cartões de crédito e meios de pagamentos, de beneficiamento de materiais, de
processamento de dados, entre muitas outras.

As sociedades civis que tiverem seus atos registrados junto aos Cartórios Civis de
Registro de Pessoas Jurídicas, e que se enquadrarem no conceito de empresa acima
apresentado, terão o prazo de um ano, a partir da entrada em vigor do Novo Código
Civil, para escolher um dos tipos jurídicos empresárias e adaptar seus estatutos e
contratos sociais, o que inclui a migração para a Junta Comercial competente. Caso,
entretanto, decidam implementar qualquer modificação de seus atos constitutivos
antes disso, terão de antecipar tal prazo e imediatamente adaptar seus estatutos e
contratos sociais, o que inclui a migração para a Junta Comercial competente.

O Valor Probante dos Livros e Fichas de Escrituração Mercantil

Nos termos do Código Comercial de 1850 e regulamentação correlata, os


comerciantes eram obrigados a manter regulares sua escrituração e contabilidade,
seguindo certas formalidades prescritas por lei. Obedecidas tais formalidades, os
livros e fichas de escrituração mercantil eram dotados de valor probante pleno em
favor do comerciante, e merecedores de fé pública .

Agora, a obrigação de escrituração e contabilidade passa a se aplicar a todas as


empresas e empresários, nos termos dos artigos 1.179 a 1.195 do Novo Código Civil.
Não se conservou, todavia, a previsão quanto ao valor probante pleno e a fé pública
de tais livros e fichas de escrituração mercantil, cabendo a indagação se a partir de
agora o empresário gozará de valor probante e fé pública em seus documentos.

Legitimidade para Falência e Concordata


Para fins da Lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945, que atualmente regula os institutos
da falência e das concordatas preventiva e suspensiva, somente podem ser
considerados falidos os comerciantes regulares (e pessoas equiparadas por lei) e os
de fato, bem como somente podem impetrar concordata os comerciantes (e pessoas
equiparadas por lei) que comprovem sua condição de comerciante regular, por meio
da exibição dos livros e documentos comerciais, revestidos das formalidades legais
de registro. A insolvência das pessoas e sociedades não comerciantes se sujeita ao
processo de insolvência civil regulado no Código de Processo Civil (artigos 748 a
786).

Com a nova teoria da empresa do Novo Código Civil, caíram em desuso os conceitos
de comerciante e sociedades comerciais, com a substituição pelos conceitos de
empresários e empresas, que passaram até mesmo a estar obrigados a manter
escrituração e contabilidade dotados de formalidades especiais. O Projeto de Lei no.
4.376/93, com suas emendas e subemendas aglutinativas, pretende recepcionar a
teoria da empresa na legislação falimentar.

Todavia, o referido projeto ainda se encontra em processo de discussão e votação no


Congresso Nacional, sem previsão para sua promulgação e entrada em vigor. Nesse
entretempo, cabe aos operadores do Direito aplicar os institutos da falência e da
concordata preventiva e suspensiva às pessoas e sociedades que exercem atividades
empresárias, porém não comerciais, como é o caso dos prestadores de serviço, com
base na teoria da empresa adotada pelo direito privado brasileiro e no artigo 2.037
das disposições finais e transitórias do Novo Código Civil, que estabelece a aplicação
aos empresários e às sociedades empresariais das disposições de lei não revogadas
pelo Novo Código Civil referentes aos comerciantes, sociedades comerciais e
atividades mercantis.

Conclusão

Em linha com a tendência mundial, veio em bom momento a alteração da legislação


brasileira para recepcionar a teoria da empresa no Novo Código Civil, em substituição
à já defasada e sempre confusa teoria dos atos de comércio. Como todo processo de
mudança, no entanto, tal substituição causará, num momento inicial, dúvidas e
incertezas que deverão ser esclarecidas por regulamentação complementar, bem
como pela doutrina e jurisprudência. Acima de tudo, espera-se das autoridades
judiciais e administrativas brasileiras e de todos os operadores do Direito bom senso
ao tratar das opiniões ainda não sedimentadas.

Enquadramento em Nível Estadual


Considera-se microempresa e empresa de pequeno porte o contribuinte do ICMS (pessoa
jurídica) que tenha auferido receita bruta anual até R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)
(Lei n.° 13.270 de 29/05/98, alterada pelas leis 13.442 de 31/12/98 e 13.763/2000).
Alíquotas - As alíquotas do ICMS incidentes sobre as operações e prestações internas, são
as discriminadas na tabela abaixo, de acordo com a receita bruta auferida no exercício
anterior:
RECEITA BRUTA ANUAL - R$ ALÍQUOTA
Até 720.000 12%
De 720.000 a 790.000 13%
De 790.000 a 860.000 14%
De 860.000 a 930.000 15%
De 930.000 a 1.000.000 16%
Imposto a Pagar - O imposto a pagar é = Saldo Devedor x TEP - Parcela do Imposto a
Deduzir.

SALDO DEVEDOR APURADO TAXA DE EFETIVO PARCELA DO


FAIXAS MENSALMENTE - R$ PAGAMENTO (TEP) IMPOSTO
A DEDUZIR EM R$

Até 100,00 ZERO


1 ZERO
de 100,01 a 200,00 0,20
2 20,00
de 200,01 a 350,00 0,30
3 40,00
de 350,01 a 500,00 0,40
4 75,00
de 500,01 a 700,00 0,50
5 125,00
de 700,01 a 900,00 0,60
6 195,00
de 900,01 a 1.200,00 0,70
7 285,00
de 1.200,01 a 1.500,00 0,80
8 405,00
de 1.500,01 a 1.800,00 0,90
9 555,00
Acima de 1.800,00 1,00
10 735,00
Atenção: O ICMS devido deve ser pago até o 10° (décimo) dia do mês
subsequente ao do período de apuração. A omissão do pagamento do imposto
devido, implica em perda definitiva, exclusivamente no mês de sua ocorrência, do
direito do contribuinte utilizar-se da Taxa de Efetivo Pagamento - TEP e da
correspondente parcela a deduzir.

Não pode optar por esse regime de tributação, a empresa:


1. Constituída sob a forma de sociedade por ações;
2. De cujo capital participe, como sócio outra pessoa jurídica;
3. Cujo titular ou sócio detendo mais de 10% do seu capital, participe com mais de
10% do capital de outra empresa;
4. Cujo titular ou sócio tenha domicilio no exterior;
5. Que possua mais de um estabelecimento, exceto se tratar de:
a) depósito fechado ou prestador de serviço fora do campo de incidência do ICMS;
b) outro, classificado em grupo distinto no código de atividade econômica, limitado
a um estabelecimento.
6. Que mantenha relação de interdependência com outra empresa;
7. Cuja atividade seja arrendamento mercantil ou construção civil;
8. Que não comprove sua regularidade fiscal perante a Fazenda Pública;
9. Que seja beneficiária de programa de incentivo do Governo Estadual;
10. Que não disponha de ECF, quando a legislação exigir.

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