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Capítulo 1 Metalurgia Geral da Soldagem

Introdução a Metalurgia dos Aços

O conhecimento das propriedades dos metais é fundamental para o


entendimento dos conceitos de Soldabilidade. A abordagem, sempre
que possivel, irá correlacionar as propriedads com os aspectos da
soldagem.

Aço: um metal que contém na maioria do peso ferro, tendo uma


porcentagem de carbono geralmente menor que 2% e outros elementos
de liga, sendo que 2% é a linha usual que divide entre entre o aço e o
ferro fundido.

Efeito do carbono

O principal critério para se determinar a soldabilidade de um metal é


baseada na análise química. Outras propriedades também são
analisadas com o ensaio de tenacidade tração e dobramento.

O elemento mais importante para a avaliação no que diz respeito a


soldabilidade é o carbono. Porcentagens de carbono de até 0,25%
geralmente não são críticas para soldagem. outra variável que influencia
é a espessura, para espessuras até 19 mm não é necessario maiores
cuidados como por ex o pré-aquecimento. Altos teores de carbono
levam o aço durante a soldagem um a propenssão por trincas induzidas
por hidrogênio, Então, estes aços devem ser pré-aquecidos para
soldagem, a fim de se evitar resfriamento brusco e consequecia a
formação de dureza elevada na ZAC criando por estrutura martensita,
levando então a fragilização por trincas.

Aços com teor de carbono maior que 0,5% são dificeis de serem
soldados por processo de soldagem por fusão.
No grafico abaixo vemos a porcentagem de Carbono X Limites de
resistencia e escoamento que são diretamente proporcionais e
inversamente proporcional o alongamento e a redução de área., ou seja
um aço com alta resistencia mecânica tem baixíssimo alongamento.

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Comportamento das propriedades físicas dos aços Carbono Laminados

Efeito dos elementos de adição no aço

A porção de silício de um material dá informações quanto ao estágio de


desoxidação do material. Aços com até 0,1% de Si são chamados de
não acalmados e possuem grandes zonas de segregação. Estas zonas
contêm altissímos teores de C, P e S, que provocam problemas durante
a soldagem.

Aços com teores de Si entre 0,1 e 0,8% são chamados de semi-


acalmados e não tem zonas de segregação definidas. Estes aços têm
uma boa soldabilidade. Aços com teor de Si acima de e 0,8% são
frágeis enãop são aptos à soldagem.

A proporção de manganês em um aço está ligada do teor de C e ambos


definem a resistência e o comportamento da tenacidade. Para ser um
aço soldável, o conteúdo no mínimo de Mn deve ser de 0,2% a fim de se
combinar com o enxofre residual tornando-se MnS,. Aços doces tais
como os tipos A 36 contém de 0,4 a 0,6% de Mn.
Como o silício, o manganês tem um efeito desoxidante, então os aços
com teor de manganês acima de 0,6% podem ser considerados como
acalmados.

Teores maiores de Mn são encontrados nos tipos A 283 A 285 bem


como nos aços estruturais de granulação fina onde o teor de Mn situa-se
entre 1,0 e 1,6%. Com estes teores em combinação com o teor de C a

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soldabilidade para união é consideravelmente influenciada. Aços destes
tipos têm de ser pré-aquecidos para soldagem a partir de
aproximadamente 20 mm de espessura de parede.

O fósforo Em aços não acalmados segrega-se fortemente e concentra-


se no centro da chapa. O fósforo tem um efeito essencialmente negativo
na tenacidade de um aço onde. Em outras palavras, o fósforo reduz a
zona de temperatura transição no teste de impacto , e o nitrogênio e
fósforo juntos reduzem a resistência ao envelhecimento de um aço.

O fósforo no aço tem uma influência positiva na propriedade de corte,


usinabilidade.
Entretanto, o fósforo tem uma influência negativa na soldabilidade de um
aço Os aços estruturais utilizados hoje contém aproximadamente de
0,020% a 0,035% de fósforo,

O enxofre pode ser dissolvido no aço em pequenas porções e pode


frequentemente ser considerado insolúvel. Junto com o ferro e o
oxigênio ele forma eutéticos de baixo ponto de fusão que em altas faixas
de temperatura acima de aproximadamente 950°C levam a formação de
trincas a quente e em temperaturas por volta de 800°C eles são
suscetíveis à trinca frágil O enxofre segrega-se em aços não acalmados
e se concentra no centro da peça.

Por esta razão, o enxofre é indesejável nos aços e de um ponto de vista


da soldagem ele é o elemento que restringe consideravelmente a
soldabilidade de um aço ou até mesmo torna a soldagem impossível.

Nos aços estruturais o conteúdo de enxofre é então limitado a porções


menores que 0,050%, em aços inoxidáveis as porções são ainda
menores que 0,030%.

Em altas temperaturas, o manganês forma com o enxofre o comporto


MnS que nos aços laminados podem ser visíveis como uma precipitação
vermiforme através de uma grande magnificação. Estas precipitações,
com tensões na direção da espessura média de laminação, podem
possivelmente levar a uma trinca lamelar.

O nitrogênio pode ser dissolvido no aço até certa quantidade. Em


temperatura ambiente a solubilidade é, entretanto, baixa. Com o
decréscimo da temperatura, entretanto, nitretos são precipitados depois
de um longo tempo. Estas precipitações são relativamente lentas e
continuam por um período de até 50 anos em temperatura ambiente.

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Este tipo de precipitação que é relacionada com uma considerável
fragilização é também conhecido como envelhecimento natural. Altas
temperaturas e deformações a frio, bem como porções de P, O e C
incentivam este envelhecimento. A fragilização causada pelo
envelhecimento pode ser removida através de recozimento. A
susceptibilidade de um aço ao envelhecimento é testada através de
corpos de prova com entalhe em V, deformados a frio em 10% e
recozidos a 250°C por meia hora.

Na intenção de restringir ou evitar o processo de envelhecimento em


aço com teor de nitrogênio menor que 0,01%, adiciona-se de alumínio,
nióbio ou vanádio para se formar nitretos.
O oxigênio pode ser dissolvido no aço até aproximadamente 0,003%,
tendo então um efeito de fragilização. Teores maiores que 0.007% são
presentes nos óxidos (inclusões).

Durante a fundição o aço em fusão gera bolhas por CO devido a reação


do oxigênio com o carbono. Para evitar esta reação, um meio de
desoxidação, é adicionar Si, Al ou Mn ao aço. tornando os aços
acalmados ou totalmente.

O hidrogênio leva o aço à fragilização. Em temperatura ambiente


0,0004 ml/100g de ferro é solúvel. As trincas induzidas por hidrogênio
aparecem sob formas de olhos de peixe, microtrincas e trincas sob o
cordão.

A maioria dos aços com médio e elevados teores de C são susceptíveis


a fragilização através de hidrogênio. O fato é que as estruturas
martensíticas são mais susceptíveis que as ferríticas ou ferríticas-
perlíticas.

Efeito dos elementos de liga

Elementos de liga em geral levam a um deslocamento dos pontos de


transformação, à velocidade crítica de resfriamento, a limites de
saturação do ferro para o carbono, à velocidade de difusão do carbono
no ferro, à magnetização.

Alguns elementos de liga têm o efeito de formar carbetos. São eles o


vanádio, o titânio, o nióbio, o tântalo, o cromo, o molibdênio, o
tungstênio e o manganês.

Diagrama Fe-C (parcial) – Áreas de tratamentos térmicos

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Tratamentos Témicos

O Tratamento Térmico em metais é conjunto de operações


envolvendo aquecimento, tempo de permanência em determinadas
temperaturas e resfriamento sob condições controladas, com o objetivo
de melhorar as suas propriedades ou conferir-lhes características pré -
determinadas.

Os principais Tratamentos Térmicos, associados às operações de


soldagem são: Recozimento; Normalização; Têmpera;
Revenimento;Solubilização; Alivio de Tensões; Pré-aquecimento; Pós-
aquecimento.

Gráficos de Tratamento Térmico mais usuais após Soldagem

a) Recozimento

O recozimento visa a obtenção de uma condição da estrutura


adequada para um tratamento adicional como usinagem ou deformação
a frio. O estado ideal da estrutura consiste em grãos finos
homogeneamente distribuídos, e carbonetos globulares incorporados
em uma matriz ferrítica.Consiste no aquecimento da peça até uma

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temperatura onde haja recristalização e/ou a transformação em uma
nova fase.

Para os aços, a permanência na temperatura de patamar durante


um determinado tempo seria para homogeneizar a austenita, seguido de
resfriamento lento, geralmente no próprio forno Recozimento é
entendido como o um tratamento em baixa temperatura, parcialmente
fixo acima de Ac1 ou recozimento cíclico em torno de Ac1 com um
posterior resfriamento lento.

. Os principais objetivos a serem alcançados após este Tratamento são:

 Reduzir a dureza do metal,

 Melhorar a usinabilidade,

 Remover o encruamento;

 Aliviar 100% das tensões internas;

 Homogeneizar a microestrutura de peça;

O tratamento de recozimento é o segundo mais utilizado dentre os


tratamento térmicos.

b) Normalização

É um tratamento para aços que consiste em aquecimento a uma


temperatura um pouco acima da austenitização, e resfriamento em ar,
com o intuito de refinar o grão, aumentando sua resistência mecânica.

Normalização significa, para aços hipo-eutetóides o aquecimento de


aços em temperaturas de 30 à 50 ºC acima do ponto Ac3 e de 30 a 50
ºC para aços hiper-eutetóides. Dependendo das dimensões da peça a

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ser tratada, o tempo pode ser aumentado, porém só o necessário para o
completo aquecimento de toda a peça. Depois pode ser resfriada ao ar.

Devido ao fato do aço estar sujeito a duas vezes a transformação  /  ,


o material será transformado em uma estrutura uniforme e fina.
Portanto, o objetivo da normalização é mudar uma estrutura irregular e
de grãos grosseiros em uma estrutura lamelar fina de ferrita-perlita.
Assim todas as mudanças estruturais feitas por meio de endurecimento,
revenimento, superaquecimento, soldagem ou conformação a
quente/frio serão removidos por meio da normalização, mas não
consegue remover defeitos definitivos tais como trinca.

A normalização é recomendada nos seguintes casos:

- em caso de uma estrutura não uniforme, por exemplo depois do


superaquecimento ou em caso de lamelas de Ferrita e Perlita.

- em caso de grãos grosseiros

- em caso dos aços fragilizados devido ao envelhecimento

- No caso de todos os aços de construção com uma resistência


insuficiente ou abaixo do limite de elasticidade.

c) Revenimento

É um tratamento para aços que consiste no aquecimento da peça


com temperaturas entre 450 a 750 C, permanecendo no forno com
períodos de 30 minutos a 4 horas, seguido de resfriamento controlado.

O revenimento é um tratamento térmico aplicado a peças nas


quais tenham sido produzidas microestruturas martensíticas, quando se
deseja alcançar os seguintes objetivos.

 aliviar tensões internas;

 aumentar a tenacidade ou seja diminuir a fragilidade

Em algumas ligas de alumínio faz-se um evelhecimento, com


temperaturas de 100 a 200 C, usado para restaurar a ZTA aumentando
a resistência mecânica, que foi afetada pela solda deixando a região
menos dura.

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d) Solubilização

Solubilização é um tratamento térmico a temperaturas muito elevadas


na faixa de 1050 a 1250 °C com um tempo de patamar suficientemente
longo (até 50h). Ao fazer isso, as diferenças localizadas na composição
química devido a microssegregações são reduzidas e as estruturais
homogeneizadas. Macrossegregações não podem ser compensadas
porque não se consegue difusão em longas distâncias.

Devido às altas temperaturas durante a solubilização, a formação de


grãos grosseiros é inevitável. A estrutura grosseira pode ser removida
novamente por meio da normalização no caso de aços

e) Têmpera

Consiste no aquecimento da peça até um determinada


temperatura, para austenitização do aço, permanência nesta
temperatura durante um determinado tempo para homogeneização da
austenita, seguido de resfriamento rápido, tambem chamado de
ndurecimento é um tratamento seguido de um resfriamento com uma
velocidade que aumenta a dureza por formação de martensita. A
temperatura de endurecimento mais favorável depende do teor de
carbono e está entre 30 a 50º acima da linha A3.

São os seguintes os objetivos da têmpera:

 Endurecer;

 Aumentar a resistência mecânica;

 Aumentar a resistência ao desgaste;

 Aumentar a resistência ao escoamento.

A peça temperada fica muito frágil, sendo necessário, a aplicação


do revenido após a têmpera. Esse conjunto de operações, Têmpera e
Revenimento dá-se o nome de Beneficiamento

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Durante o processo de endurecimento, o carbono é mantido em
uma solução super saturada por recursos do resfriamento brusco, isto é,
o carbono não pode se precipitar. Portanto, a célula cúbica de corpo
centrado do ferro α é distorcida na direção axial, formando uma célula
tetragonal. Quanto maior o teor de carbono do aço é, maior é a distorção
da célula tetragonal e maior é o endurecimento por têmpera.

Figura Dureza de uma martensita bem como a temperatura Ms e Mf em


função do teor carbono.

A formação de martensita não é contínua, como mostra o passo


“da curva”. A quantidade de austenita durante a têmpera se forma na
temperatura martensítica inicial MS e é exclusivamente em função da
temperatura. A formação da martensita é terminada quando a
temperatura final Mf tenha sido alcançada. A temperatura Mf de um aço
hipereutetóide é alcançada abaixo de 0ºC.
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Têmpera pode ser realizada por vários meios. Dependendo do
ambiente da têmpera, pode ser feito por água, óleo ou ar e isso é
chamado de têmpera por água, óleo ou ar. Não “pode, entretanto, um
processo de têmpera estar envolvido por vários meios de têmpera, como
„endurecimento interrompido” ou “endurecimento martensítico
demorado”. A fim de obter uma completa estrutura martensítica, a
velocidade de resfriamento deve estar acima da velocidade crítica
superior têmpera do material em toda a parte do trabalho.

Temperabilidade é compreendido como a capacidade de um aço


na sua secção, adotar um aumento da dureza por meio da modificação
da sua estrutura para uma estrutura martensítica. O termo
temperabilidade compreende tanto, a extensão da dureza (aumento da
dureza) quanto à distribuição da dureza (profundidade). Se a uma peça
trabalhada é completamente modificada, a sua secção passa a obter
uma estrutura totalmente martensítica, isso é chamado de núcleo
endurecido.

Figura 6:

Influência da liga sobre a capacidade de endurecimento no núcleo dos


aços

Têmpera e Revenimento Beneficiamento

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Este tratamento térmico consiste de uma combinação térmica
chamada têmpera e revenimento.

Ciclo de temperatura durante a têmpera e revenimento

Revenimento é um aquecimento de uma parte endurecida

depois resfriando. Por meios de revenimento, a tensão ou 0,2% da


elasticidade será diminuída e o alongamento ou a estricção será
aumentada. A temperatura de revenimento é selecionada como:

Propriedades do 4340 após têmpera para formar martensita, depende


da temperatura de revenimento

Em particular com os aços de construção Cr-, Mn- and Cr-Ni, a


tenacidade será diminuída, se for revenido em determinadas faixas de
temperatura. Esta diminuição é mostrada na redução da tenacidade ao

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impacto. Devido às faixas, há uma perda de tenacidade em T=300ºC até
350ºC, este fato é chamado de “fragilização 300ºC”.

Figura 10: 300°C - Fragilização no estágio de revenimento do SAE 4340


40NiCrMo6

A causa para a precipitação a 300º não foi encontrada ainda. Por


um lado, segregações de fase-sigma contribuem para o processo de
modificação do carboneto (Fe2C) para Fe3C e por outro lado a
segregações de impureza como o arsênio, antimônio, estanho e fósforo
são assumidas.
Em alguns aços, em particular os aços Mn-, Cr-, Cr-Mn e Cr-Ni
mostram uma tenacidade menor após o resfriamento lento (resfriamento
no forno) durante o revenimento. Em um resfriamento rápido (ar ou
água), não haverá fragilização. Desde que esta fragilização ocorre numa
temperatura de revenimento de aproximadamente 500° C, ela é
chamada de "Fragilização 500°C”. Aços para construção que estão entre
os tipos de liga mencionados acima, não devem ser revenidos na faixa
de temperatura entre 300°C a 500°C, mas abaixo ou acima dessas
temperaturas.
Aços ferramenta que contêm uma quantidade maior elementos
que formam carbonetos (cromo, vanádio, molibdênio, tungstênio) são
revenidos por várias vezes, levando a uma dureza máxima "secundária"
com aços ferramenta de alta liga e aços de alta velocidade.

2. Alivio de Tensões

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O tratamento de alívio de tensões é entendido como o recozimento
abaixo de Ac1 com um subsequente resfriamento lento, de modo que as
tensões internas serão reduzidas sem influenciar as demais
propriedades. segundo códigos de construção o livio de tensão tem que
ser obtido com 80% da tensões aliviadas.

Tensões internas podem ser geradas devido a diferentes dilatações de


calor ou devido ao comportamento de encruamento do material, por
exemplo, durante a soldagem, solidificação ou têmpera. Devido às
tensões internas o material pode ficar deformado ou ate mesmo
trincado.

Além disso, as tensões internas dentro da peça podem ser aliviadas por
deformação plástica. Ao fazer isso, o limite de elasticidade do material
reduz abaixo da soma das tensões.

Tratamento térmico de alívio de tensões

Diagramas TTT.

Os diagramas TTT - Transformação-Tempo-Temperatura foram


elaborados para prever o constituinte obtido de acordo com o tempo de
resfriamento e na temperatura desejada.

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As faixas de transformação durante a transformação da austenita são
influenciadas pelos elementos de liga tanto em sua temperatura quanto
em relação ao tempo. Portanto, os elementos de liga, como o: Cr, V e
Mo levam a um aumento do estágio de formação da perlita bem como a
uma redução do estágio de formação da bainita.

Um exemplo de comportamento de um aço SAE 1045 com o Diagrama


Tempo-Temperatura-Transformação isotérmico.
Diferentes tipos de processos de tratamento térmico podem ser
mostrados em um diagrama de tratamento térmico.

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Figura 12: Esquema de seleção dos processos de tratamento térmico
1: Tempera normal 5: austêmpera
2: Tempera ao óleo 6: resfriamento suave
3: Temprea em sal 7: patenteamento
4: martêmpera 8: normalização

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Estrutura de uma junta soldada.

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O processo de soldagem por fusão, mais precisamente o cordão de
solda, pode ser comparado a um processo de mini fundição. Esta junta,
em peças soldadas, é uma região de tratamento térmico do material
compreendendo várias temperaturas – da temperatura ambiente à
temperatura de fusão. Deste modo, as propriedades do material como
soldado (sem tratamento) será mais ou menos modificada na zona
termicamente afetada pelo calor.

Zona Afetada Pelo Calor ZAC

Na soldagem por fusão há um gradiente térmico no metal de base. O


efeito deste calor no metalde base irá afetar a microestrutura e as
propriedade mecânicas conforme a temperatura atingida, estas
transformações estão representadas na figura 9.

Figura 9 - Varias zonas afetadas do metal de base.

1-Zona do Metal de Solda Áreas com temperatura acima da Ts.

2 - Zona de penetração áreas parcialmente líquidas


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3 e 4- Zona de recristalização completa.

3 - Temperatura superior a A2: zona de grão grosseiro.

4-Temperatura ligeiramente superior A3: zona de grão fino.

5-Zona de recristalização incompleta na Temperatura inferior A3 e acima


A1 Perlita fina.

6- Zona sem mudança estrutural -Temperatura inferior A1 -

A soldagem em passe único diferencia-se por uma estrutura cristalina


colunar de metal fundido com desvantagem das propriedades
mecânicas e tecnológicas pois essa estrutura tem baixa tenacidade, a
figura 10 mostra uma solda feita com um passe único

Cordão de solda com passe único.

Já a soldagem multipasse tem-se o beneficio dos passes posteriores


modificar a estrutura dos passes anteriores melhorando as propriedades
mecânicas da solda, a soldagem multipasse esta representada da figura
11 e detalhada na figura 12.

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Soldagem multipasses com passe de refino de grãos.

1-Metal Base interface cordão 2- Metal Solda revenido


solda

3- Metal de Solda Dendritas 4 Metal Base

5- Metal Base ZAC

Regiões da Soldagem Multipasses

há uma comparação com diferentes fontes de calor utilizadas no


processo de soldagem, a esquerda é processo de soldagem a gás ena
direita a soldagem manual ao arco elétrico o estudo do gradiente tem
influência essencial nas características da soldagem, sendo que a
extensão da ZAC é maior na soldagem a gás pela menor concentração
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de energia deste processo, isso pode ser observado analisando a
repartição térmica destes dois processos.

Temperatura da junta soldada durante a soldagem a gás e ao arco


manual

Temperatura da junta soldada durante a soldagem a gás e ao arco


manual

Endurecimento e pré-aquecimento

Para aços ligados e não ligados em ambos, existem dificuldades típicas


durante a soldagem a partir de um conteúdo de teor de carbono na liga.
A causa desta situação é a susceptibilidade dos aços ao endurecimento,
durante o resfriamento rápido a partir da região austenítica.

A formação de uma estrutura nas áreas de transição das soldas, além


da composição química, depende essencialmente da velocidade de
resfriamento e da dissipação de calor na parte da massa de área
soldada. Uma chapa grossa por exemplo, tira o calor introduzido na área
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de transição de forma rápida, podendo a velocidade crítica de
resfriamento ser atingida, obtendo a formação de martensíta e outras
estruturas duras. Nesta região ocorrerá altas tensões sob a influência do
processo de contração da solda, desde que o material impeça a redução
por meio de deformação plástica. Além disso, em particular com seções
transversais mais espessas, é gerado um estado multi axial de tensões
pelo fato do maior volume, e a formação de martensita é aumentada. Se
as tensões alcançarem a força coesiva, serão formadas trincas na área
de transição. Neste caso o hidrogênio pode ter uma influência sobre a
geração de trincas sob cordão.

Em uma zona abaixo da junta soldada, apenas quantidades de calor


relativamente pequenas são capazes de aquecer esta região, portanto a
temperatura e a taxa de resfriamento podem se tornar grandes,
provocando o endurecimento. A fim de evitar a formação de uma
estrutura endurecida é necessário aquecer uma região, visto que reduz
a taxa de resfriamento. Em paralelo, o tipo de eletrodo o diâmetro e a
velocidade de soldagem têm influência na quantidade de calor gerado.
O pré aquecimento também ajuda a reduzir a taxa de resfriamento. A
formação da martensita na soldagem multi passes pode ser evitada
através da soldagem rápida das camadas sucessivas

2. Tempo de resfriamento t8/5.

Durante a soldagem, para as propriedades mecânicas da junta soldada,


os fatores temperatura-tempo-curso são de importância decisiva. Isto é
particularmente influenciado pela espessura da peça, formato do cordão,
energia por unidade de

comprimento e a temperatura de pré-aquecimento, bem como pela


disposição das camadas. Em geral, para fins de indicação do tempo-
temperatura-curso durante a soldagem, é escolhido o tempo de
resfriamento t8/5. Este é o tempo pelo qual um cordão de solda passa,
cujo intervalo de temperatura é de 800-500 °C.

Para os aços tratados aqui, os valores para o tempo de resfriamento t8/5


na faixa de 10 a 25 s provaram ser eficaz. No entanto, num caso
individual e por meio de verificação, pode-se também ser soldado com

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outros valores de tempo de resfriamento além do t8/5, na medida em que
as exigências colocadas na peça em construção forem cumpridas.

Os valores máximos de dureza na zona termicamente afetada diminuem


com a suspensão do tempo de resfriamento de t8/5 (Figura1). Se for
definido um valor máximo de dureza na zona termicamente afetada, esta
não deverá ser ultrapassada. As condições de soldagem devem ser
escolhidas de forma que o tempo de resfriamento t8/5 não deverá cair
abaixo de um valor definido.

Por outro lado, a elevação dos valores do tempo de resfriamento t8/5


levam a uma diminuição no impacto de trabalho na zona termicamente
afetada (figura 2). Se o valor definido do trabalho de impacto para um
certo aço, aquele não deve cair abaixo de um valor mínimo determinado,
assim, as condições de soldagem devem ser escolhidas de tal forma
que um valor definido do tempo de resfriamento t8/5 não seja excedido.

O tempo de resfriamento t8/5 a ser aplicado no caso concreto é baseado


nas exigências totais sobre as propriedades mecânicas, incluindo os
requisitos colocados sobre os valores da resistência das respectivas
juntas de solda no estado final do tratamento térmico. A combinação da
tensão do arco, a corrente de soldagem, a velocidade de soldagem e a
temperatura de pré-aquecimento, adequado ao tempo de resfriamento
t8/5, será determinado mediante os pontos econômicos em vista da
produção.

A combinação dos fatores que influenciam a zona termicamente afetada


é mostrado na figura 3.

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Figura 1: Influência das condições de soldagem no valor máximo de
dureza na zona termicamente afetada.

Figura 2: Influência das condições de soldagem a) no trabalho de


impacto e b) a temperatura de transição do trabalho de impacto na
zona termicamente afetada.

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fatores que influenciam nas propriedades mecânicas da zona de grãos
grosseiros da zona termicamente afetada

3. Determinação do tempo de resfriamento t8/5

Para o cálculo do tempo de resfriamento ou seja para dissipação do


calor de soldagemha dois modelos a serem seguidos um tri-
dimensional,, durante a solda de chapas grossas..

Para os bidimensional, a dissipação de calor unidimensional em chapas


finas é válido o seguinte:

Neste cálculo a temperatura da chapa tem um grande influência. Pode-


se calcular a dissipação de calor por meio da equalização fazendo
ambos os cálculos limitando a espessura da chapa que apresenta

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transição bi-dimensional (conceito de chapa fina) para tri-dimensional
(conceito de chapa grossa).

O tempo de resfriamento é função do aporte de calor por unidade de


comprimento e da temperatura de pré aquecimento. Nas figuras 4 e 5 é
apresentada a dissipação de calor bi-dimensional e tri dimensional de
um cordão soldado superficialmente pelo processo de soldagem a arco
submerso.

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Para o cálculo de transferência ou a determinação gráfica os valores são
diferentes para os processos de soldagem, as relativas eficiência
térmicas são conhecidas. a seguir os processos mais empregados:

Os gases mais comuns encontrados em operações de soldagem são:


oxigênio, nitrogênio, argônio, hélio, dióxido de carbono e hidrogênio. O
dois primeiros oriundos da atmosfera, argônio, hélio e o dióxido de
carbono são usados como gases de proteção. Quando na soldagem
de aços carbono e baixa liga, o hidrogênio, no entanto, requer uma
consideração especial, por causa de seu efeito, podendo ser
desastroso.

O hidrogênio pode ser oriundo de gases combustíveis, umidade ou


graxas. a umidade está presente, em fluxos e revestimentos de
eletrodos.

Sendo o hidrogênio muito menos solúvel no metal no estado sólido


do que no estado líquido, há supersaturação quando o metal de solda
solidifica-se. um excesso de átomos de hidrogênio, com um raio atômico
reduzido pode facilmente de difundir na rede cristalina do metal até
alcançar a ZTA, caso o gas dissociado encontra algum poro ou
descontinuidade na estrutura cristalina do metal, eles se combinam com
grande vigor e exercem uma pressão muito grande nos átomos da rede
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cristalina. O aço tem duas escolhas: ou se deforma caso o aço seja
dúctil ou trinca se ele for duro e frágil, como é na forma martensítica.

Fenômeno de Difusão do Hidrogênio

A combinação martensita, hidrogênio e tensões, deve ser evitada a


todo custo.

Um problema muito comum aos profissionais de soldagem , são


processos de soldagem que induzem quantidades de hidrogênio
consideráveis em uma junta soldada, já que para a eliminação deste
gás, pode ser feito pelo aquecimento das peças a serem soldadas, uma
boa prática é executar o alívio de tensões imediatamente após as
operações de soldagem , não permitindo a peça ter um resfriamento
intermediário ao tratamento térmico de alívio de tensões, aproveitando o
pré-aquecimento dado, outra maneira já tratada anteriormente é a
prática do pós-aquecimento.

Estas são as melhores alternativas quando soldamos materiais


base temperáveis, mostra como que as trincas se localizam, quando
temos trincas por hidrogênio, também chamadas de trinca a frio.

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A solubilidade do hidrogênio no metal de solda é em função da pressão
parcial no hidrogênio e da temperatura; aproximadamente 35ml H2 /100g
de metal de solda à 1800 °C, caindo rapidamente com a diminuição da
temperatura. Os níveis de CO2, CO, H2O influenciam na pressão parcial
de hidrogênio na atmosfera do arco.Na solidificação do metal de solda,
por causa do resfriamento rápido, a concentração de hidrogênio
absorvido excede o limite de solubilidade.

O retículo cristalino torna-se super saturado; A molécula de hidrogênio


coleta em cavidades; e às vacâncias, deslocamentos, e os limites de
concentração de grão é maior.

Difusão do hidrogênio na soldagem

O hidrogênio difunde-se rapidamente e espalha-se até mesmo à


temperatura ambiente (o átomo de hidrogênio tem um diâmetro
pequeno). Nas paredes internas das cavidades, por exemplo nos poros,

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os átomos de hidrogênio se recombinam causando uma pressão gasosa
muito alta.

A efusão é a recombinação do H – átomos de outras superfícies de


conjuntos soldados. Estes processos ocorrem após a soldagem, a partir
do primeiro minuto e pode perdurar por vários meses. Fatores que
afetam esse intervalo de tempo são: composição química do metal base,
espessura da chapa, microestrutura, nível de porosidade (conteúdo de
gás), grau de trabalho à frio, geometria do conjunto soldado.

Recombinação e efusão

Para acelerar o processo de remoção de hidrogênio na prática, a


desgaseificação do hidrogênio por tratamento térmico é realizado, por
exemplo, por 6 horas a 250 °C

O Efeito do hidrogênio no metal de solda.

Um aumento do teor de hidrogênio provoca a fragilização do retículo


cristalino. A ductilidade, o alongamento e a redução da área são
diminuídos, o limite de escoamento e a resistência à tração não são
afetados.

O fenômeno de fragilização é reversível e desaparece com a efusão do


hidrogênio (desgaseificação de hidrogênio).

Os olhos-de-peixe são separações visíveis na fratura de superfície das


regiões microscópica e macroscópica e aparecem, às vezes, em uma
área dúctil e clara, assemelha-se a uma área quase circular de fenda
frágil com um núcleo (uma imperfeição, uma inclusão, poro). Os olhos-
de-peixe formam-se a partir do metal de adição na solda com

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hidrogênio, deformando-se lentamente e plasticamente após a soldagem
aparecendo dentro de um período de três meses.

De acordo como decréscimo da solubilidade do hidrogênio durante a


solidificação, grandes quantidades de gás tem que ser eliminado
novamente. Se a este só é possível escapar em parte, os poros, que
estão fechados, ficam cheios de hidrogênio caracterizando uma
distribuição muito fina: a microporosidade.

As micro fissuras originam imperfeições na estrutura. As regiões com


estrutura frágil são especialmente afetadas em componentes onde no
entorno destes ainda há acumulo de hidrogênio. A transformação da
austenita residual com solubilidade superior a do hidrogênio em
martensita ou ferrita e cementita tem relativa alta de concentratação de
hidrogênio.

Trinca a Frio

Foi observado que as trincas sob o cordão, trincas de raiz, trincas de


mordedura, e especialmente trincas transversais etc., ocorreu na junta
soldada dias após o processo de soldagem. Estas separações de
material, que acorreu em um período de tempo decorrido, são mais
dependentes de um grande número de parâmetros ( suprimento de
hidrogênio, tratamento térmico, caminhos de difusão e efusão,
condições estruturais e tensões (carregamento) da junta soldada. Este
fenômeno da formação de trincas a frio na construção de aços de grão
fino de alta resistência é a razão para muitas

Hidrogênio difusível.

As trincas induzidas por hidrogênio podem ser evitadas se o teor de


umidade do metal de adição for reduzido a um nível baixo. O metal de
solda depositado (teor de hidrogênio detido a partir de um consumo) é
definido como "hidrogênio difusível" de acordo com a norma DIN 8572.
O conteúdo de hidrogênio de 5 a 10 ml H2 por 100 g de metal de solda é
chamado baixo, os teores abaixo de 5 ml de muito baixo. É exigido,
normalmente, na soldagem de Aços-HSLA, teores de hidrogênio menor
que 5 ml.

6. Considerações finais e sugestões para se evitar a trinca induzida


por hidrogênio.
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- Quanto maior o teor de umidade no metal de adição, maior o risco de
formação de trincas. Portanto, ressecagem do consumível antes de
soldagem.

- A susceptibilidade à trinca aumenta com o aumento da resistência


mecânica do metal de base.

- Com o aumento da dureza, o risco de trinca também é maior (por


exemplo: o carbono equivalente)

- As espessuras acima de 20 mm, sem pré-aquecimento, aumenta o


risco de trinca.

- A desgaseificação de hidrogênio (imersão), por exemplo a 250 °C/2h


após a soldagem, reduz o risco de trinca por hidrogênio.

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Visualização esquemática dos tipos de trincas em juntas soldadas,
dispostas em ordem de dimensão, curso e causa.

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Influência da geometria da solda na cristalização.

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