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Artigo de Revisão

Geohelmintos: importância para a saúde pública

Suvash Chandra Ojha1 , Chayannan Jaide2 , Natini Jinawath2 , Porpon Rotjanapan2 , Pankaj Baral1
1
Faculdade de Ciências, Universidade Mahidol, Bangkok, Tailândia
2
Faculdade de Medicina, Hospital Ramathibodi, Universidade Mahidol, Bangkok, Tailândia

Abstrato
A prevalência mundial de geohelmintos e o seu lugar único na biologia evolutiva têm atraído o foco da investigação. Esses principais nematóides
intestinais transmitidos pelo solo que causam doenças humanas são a lombriga nematóide (Ascaris lumbricoides), o tricurídeo (Trichuris trichiura)
e os dois ancilostomídeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus), muitas vezes referidos coletivamente como geohelmintos. Estudos
sobre geohelmintíases em crianças mal nutridas em regiões em desenvolvimento relatam que os geohelmintos contribuem para o crescimento
atrofiado e o comprometimento cognitivo. Os insights sobre a imunologia esclareceram o papel modulador do parasita no sistema imunológico do
hospedeiro e definiram o papel das células T no controle da infecção geohelmíntica. Técnicas recentes de biologia molecular criaram uma
oportunidade para analisar a interação entre parasitas e seus hospedeiros em nível molecular. Este artigo é uma revisão da literatura recente que
examinou a prevalência de geohelmintíases em países em desenvolvimento, a associação entre geohelmintos em relação à saúde pública,
características parasitológicas/diagnósticas e aspectos terapêuticos e preventivos desses principais patógenos de helmintos transmitidos pelo
solo (STH). em humanos.

Palavras-chave: geohelmintos; resposta imune; patogênese; prevalência; tratamento; nematóides

J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016. doi:10.3855/jidc.3183

(Recebido em 27 de novembro de 2012 – Aceito em 09 de junho de 2013)

Direitos autorais © 2014 Ojha et al. Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução irrestrita em qualquer meio,
desde que o trabalho original seja devidamente citado.

Introdução morbidade e incapacidade mais acentuadas do que

Helmintos (vermes parasitas) são invertebrados
eucarióticos multicelulares com corpos tubulares ou
achatados exibindo simetria bilateral. Os principais
grupos de helmintos parasitas incluem nematohelmintos
(nematóides) e platelmintos (vermes chatos), estes
últimos subdivididos em cestóides (tênias) e trematódeos
(vermes). Geohelmintos (helmintos transmitidos pelo
solo, STHs) são um grupo de parasitas intestinais que
causam infecção humana através do contato com ovos
ou larvas de parasitas que se desenvolvem em solo
quente e úmido e pertencem à classe dos nematóides,
que inclui lombrigas (Ascaris lumbricoides), tricurídeos
( Trichuris trichiura) e dois ancilostomídeos (Ancylostoma especialmente em crianças e mulheres em idade fértil
duodenale e Necator americanus) [1]. A incidência de
infecções geohelmínticas, particularmente entre
populações humanas pobres que vivem em países de
baixa e média renda, continua a ser uma grande
preocupação de saúde pública [2]. A prevalência de
infecções geohelmínticas permaneceu em um nível
semelhante nos últimos 50 anos [3,4]. Os geohelmintos
geralmente co-infectam o hospedeiro. Estimativas
globais recentes indicam que aproximadamente 3,5
bilhões de pessoas estão infectadas com um ou mais
dos parasitas nematóides (STHs) mais comuns [3,5], que causam
morte (Tabela 1). A morbidade causada por helmintos
inclui desnutrição, anemia ferropriva, síndrome de má
absorção, obstrução intestinal, disenteria crônica,
prolapso retal, complicações respiratórias e baixo ganho
de peso [8,9]. O baixo ganho de peso durante infecções
geohelmínticas pode ser devido a vermes helmintos
adultos que residem no intestino delgado. Isto interfere
na nutrição do hospedeiro e pode induzir danos à
mucosa intestinal, resultando na redução da capacidade
do hospedeiro de extrair e absorver nutrientes dos
alimentos. Além da doença clínica aguda, a helmintíase
crônica pode levar a doenças insidiosas e debilitantes,
[8-12]. Além dos efeitos sobre a saúde, uma infecção
intestinal por helmintos prejudica a cognição das
crianças e prejudica o desenvolvimento económico
[2,13-15]. As infecções podem ser causadas
principalmente pela ausência de água potável, falta de
comportamento higiênico, hábitos sanitários inadequados,
sistemas deficientes de eliminação de fezes, status
socioeconômico precário e ampla dispersão de parasitas nas comun
A magnitude do fardo da geohelmintíase é
grosseiramente subestimada, mas merece atenção
especial devido à sua ampla extensão geográfica.
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Ojha et al. – Infecção por geohelmintos J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016.

distribuição [18], seus efeitos deletérios na nutrição [19] e seu
comprometimento das funções imunológicas [20,21].
Os importantes fatores prejudiciais nas infecções por helmintos incluem
o efeito patogênico direto dos vermes e o papel modulador do parasita
no sistema imunológico do hospedeiro, alterando a resposta a outros
antígenos ou patógenos e causando imunopatologia adicional (22).
Infecções crônicas por helmintos induzem hiporresponsividade das
células T, o que pode afetar as respostas imunológicas a outros
patógenos [23]. As infecções por STH, que são geralmente encontradas
em áreas co-endêmicas para múltiplos agentes infecciosos, podem
aumentar a suscetibilidade a outras doenças tropicais importantes, como
malária, vírus da imunodeficiência humana (HIV) e tuberculose (TB) [24].
No entanto, poucos estudos relataram associações inversas entre
infecções por geohelmintos e doenças alérgicas ou atópicas [25-28].
Os avanços na genómica, proteómica e biologia molecular podem levar
a um melhor diagnóstico e controlo destas HTS. Revisamos o corpo
atual da literatura para reunir as informações mais recentes sobre
infecções geohelmínticas, com foco na prevalência, ciclo de vida,
interação com o hospedeiro, tratamento e prevenção. A literatura
disponível centra-se nos seguintes países em desenvolvimento e
emergentes: Nepal, Índia, Paquistão, Vietname, Laos, Malásia, Nigéria,
Camarões, Brasil e Tailândia (Tabela 2). Pesquisamos as bases de
dados PubMed, Embase, Medline e ISI Web of Science para esta
revisão até 30 de janeiro de 2012.
Resposta imune do hospedeiro contra geohelmintos
Foi demonstrado que as infecções por geohelmintos têm um
impacto significativo na ocorrência e no curso de uma série de outras
doenças. A exposição precoce do feto a antígenos de geohelmintos de
origem materna através da placenta, ou do bebê através de infecção
precoce, pode induzir tolerância do hospedeiro ao parasita nematóide
(STHs)
[39]. Os helmintos intestinais prejudicam a função da barreira epitelial,
causando aumento da permeabilidade da mucosa e acúmulo de líquido
intraluminal [40]; tais efeitos foram atribuídos à regulação positiva de
citocinas de células T auxiliares tipo 2 (Th2). Os alérgenos, assim como
os antígenos de helmintos, são potentes indutores de respostas Th2
[41-43].
A resistência à infecção em um hospedeiro infectado pode estar
associada à produção predominante de imunoglobulina E (IgE),
eosinofilia, mastócitos e à presença de células T CD4+ produzindo
preferencialmente diferentes tipos de interleucina (IL-4, IL-5, IL- 9, IL-10,
IL-13) [44-47]. No entanto, há também evidências de que estes parasitas
podem aumentar a sua própria sobrevivência, modulando as respostas
imunitárias do seu hospedeiro, induzindo respostas reguladoras que
amortecem a actividade das células efectoras [48]. O aumento da
suscetibilidade à reinfecção ou infecção bacteriana concomitante está
associado à supressão regulatória cruzada da imunidade Th1 pelas
respostas fracas de citocinas Th2 induzidas por helmintos [49-
52]. Isto pode ser particularmente importante no mundo em
desenvolvimento, onde a infecção helmíntica crônica coexiste comumente
com patógenos bacterianos entéricos.
Esta capacidade de atenuar processos inflamatórios provocados por Th1

Tabela 1. Características e impacto dos helmintos transmitidos pelo solo

Infecções DALY Morte
Doença Agentes causadores Tamanho (mm) Referências
(milhões) (milhões) (anual)
Ascaridíase A. lumbricoides 150-450 807-1221 1,8-10,5 60.000 [6-8]
Tricuríase T. trapacear 30-50 604-795 1,8-6,4 10.000 [6-8]
Infecção por N. americano 7-13
576-740 1,5-22,1 65.000 [6-8]
ancilostomíase A. duodonale 8-13
Abreviaturas: mm, milímetro; DALYs, anos de vida afetados por incapacidade

Tabela 2. Prevalência de helmintos transmitidos pelo solo em países em desenvolvimento de acordo com publicações selecionadas aleatoriamente .
Anos isolados % Total de Infecção Geohelmintos (%)
País Tipos de estudo Referências
obtidos geohelmintos mista (%) AL TTHW

Nepal 1999-2005 Prospectivo 9.2 10.1 47,0 24,0 29,0 [29]

Índia 2000 Transversal 9,0 E 38,0 43,0 43,0 [30]
Paquistão 2002-2003 Transversal 13.7 E 1,9 0,6 4.6 [31]
Malásia 2006 Transversal 98,6 67,7 67,8 95,5 13.4 [32]
Tailândia 2002 Transversal 35,2 E 3.4 2.2 30,5 [33]
tb 2001-2002 Descritivo E 21.4 67,7 3.9 9.7 [34]
Nigéria 2004-2005 Transversal E 3.5 34,5 E 4,5 [35]
Camarões 2007 Transversal 72,3 33,0 33,0 54,3 26,6 [36]
Brasil 2004 Transversal 12,7 24,5 5.8 2.3 7.7 [37]
Vietnã 2007-2008 Transversal 72,3 Abreviaturas: AL, Ascaris E 13,5 45,2 58,1 [38]
lumbricoides; TT, Trichuris trichiura; HW, ancilostomíase; NS, não declarado

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Ojha et al. – Infecção por geohelmintos
respostas [52-54] levou à avaliação de helmintos como agente
terapêutico para o tratamento de alguns distúrbios
imunomediados, incluindo certos tipos de doenças
inflamatórias intestinais [55]. Nos últimos anos, vários
relatórios mostraram o efeito supressor dos helmintos nos
resultados de doenças como alergias [25-27,56,57],
autoimunidade [58] e doença inflamatória intestinal [59].
Portanto, os helmintos podem ter um possível efeito benéfico
na restrição da inflamação [28,60]. No entanto, vários estudos
relataram nenhuma associação [61,62] ou uma associação
positiva [63,64] entre HTS e alergias. Curiosamente, poucos
estudos relataram que as infecções por helmintos podem
modular a resposta imunológica humana a co-infecções
comuns, como malária, tuberculose e HIV [65-67]. Contudo,
no caso da malária, tem sido argumentado que os helmintos
exacerbam [68] ou reduzem [69-71] a gravidade da malária.
As razões para dados conflitantes sobre o efeito da co-
infecção por helmintos nos resultados da malária ou doenças
alérgicas podem ser devidas a diferenças no desenho do
estudo, nos grupos de estudo e, possivelmente, devido às
espécies específicas de helmintos investigadas.
Ciclos de vida e patogênese dos geohelmintos
A geohelmintíase normalmente evolui através de várias
fases; as manifestações de infecções por geohelmintos
variam, portanto, de acordo com a espécie de parasita
infectante, a idade do hospedeiro, a presença de fatores de
risco, o estado imunológico específico do hospedeiro e o fato
de abrigar uma carga parasitária leve ou pesada. A principal
história de vida e complicações geohelmínticas são discutidas abaixo.
Tricuríase
As larvas de primeiro estágio de T. trichiura são liberadas
dos ovos após a passagem para o intestino delgado.
Eles então passam por vários processos de muda antes da
maturação. A fase adulta geralmente se desenvolve dentro
de 30 a 90 dias após a infecção e habita principalmente o
ceco, onde a parte anterior do verme se enterra no epitélio
da mucosa. A expectativa de vida estimada do T. trichiura
adulto é de um a dois anos, e a fêmea do verme põe cerca
de 2.000 a 30.000 ovos por dia [72]. Em infecções graves, os
vermes adultos podem estar presentes em todo o trato
intestinal, do ceco ao reto. Eles então permanecem durante
toda a sua existência parasitária no intestino grosso, onde
sobrevivem criando túneis epiteliais. Os túneis são criados
por um processo de fusão de células hospedeiras em
resposta a proteínas secretadas derivadas de parasitas (73).
Eventualmente, a porção posterior espessada do verme se
rompe para fora do túnel epitelial para se projetar no lúmen
(74).
J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016.
Os vermes adultos têm a capacidade de perturbar a
arquitetura normal da mucosa do cólon, que é ainda mais
afetada pela inflamação do hospedeiro. Alguma perda direta
de sangue também ocorre no local de fixação e ulceração do
parasita.
Embora a maioria dos indivíduos infectados permaneçam
assintomáticos, um número significativo de pacientes com
tricuríase, especialmente crianças com infecções maciças
de longa data, têm síndrome disentérica que se apresenta
com diarreia mucosa crónica, prolapso rectal, anemia por
perda crónica de sangue e deficiência de ferro, desnutrição
proteico-energética e retardo de crescimento [75-78]. A
magnitude desses achados é proporcional à intensidade da
infecção crônica. A base pela qual os tricurídeos prejudicam
o crescimento físico é desconhecida. Entre os mecanismos
propostos estão perdas diretas de proteínas intestinais
[79-81], anorexia, aumento do catabolismo resultante da
produção do fator de necrose tumoral do hospedeiro [82] e
níveis reduzidos de fator de crescimento semelhante à
insulina I circulantes no hospedeiro. mecanismos pelos quais
T. trichiura prejudica a cognição e o desempenho escolar.
Infecção por ancilostomíase (Ancilostomíase e
Necatoriase)
A infecção humana por ancilostomíase é causada pelos
parasitas nematóides Necator americanus e Ancylostoma
duodenale. Ambas as espécies compartilham um ciclo de
vida comum. A transmissão da larva ocorre por penetração
direta na pele, geralmente através dos pés, ou por via fecal-
oral. Ao entrar no trato gastrointestinal, a larva muda duas
vezes (ao longo de aproximadamente dois meses) para se
tornar vermes adultos maduros. Os vermes adultos vivem
com suas extremidades anteriores cavadas profundamente
na mucosa do duodeno distal e do jejuno proximal. A ligação
é seguida pela liberação de peptídeos ativos que regulam
negativamente a inflamação do hospedeiro, bloqueiam a
coagulação do sangue, previnem a agregação plaquetária e
degradam os componentes do tecido conjuntivo do hospedeiro
[84-90], resultando em perda contínua de sangue dos
capilares e arteríolas, que o parasita rompe e degrada. A
expectativa de vida estimada dos ancilostomídeos é de cinco
a sete anos, e a fêmea do verme põe cerca de 10.000 a
30.000 ovos por dia [8].
A doença é caracterizada por dor abdominal, náusea,
vômito, anorexia, fadiga, dispneia, coiloníquia, esclera pálida,
palidez, melena, clorose e falta de concentração. Durante
infecções graves, cada ancilóstomo adulto pode causar até
0,2 mL de perda de sangue por dia, o que leva ao esgotamento
das reservas de ferro e proteína do hospedeiro, causando
anemia por deficiência de ferro e desnutrição proteica. Perda
de proteína plasmática
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Ojha et al. – Infecção por geohelmintos
pode conferir aparência semelhante ao kwashiorkor em crianças.
Os processos de retardo de crescimento e déficits de atenção e
desenvolvimento intelectual que ocorrem durante infecções
crônicas por ancilostomídeos na infância podem ser devidos ao
desenvolvimento de uma deficiência clínica de ferro. O ferro é
considerado essencial para a biossíntese de neurônios
dopaminérgicos e para a biossíntese de metaloenzimas contendo
ferro, como a monoamina oxidase [74,91]. No entanto, é uma
questão de debate se a perda de ferro contribui para os défices
de crescimento ou se tem uma base nutricional secundária à
perda de proteínas plasmáticas. Larvas infecciosas de A.
duodanale presas em mulheres grávidas entram no colostro e
no leite materno pós-parto, o que causa infecção infantil por
ancilostomíase [92]. A invasão pulmonar por larvas de
ancilostomídeos pode se manifestar com tosse e infiltrados
pulmonares transitórios. A eosinofilia começa a ocorrer durante
as migrações extraintestinais das larvas do ancilostomídeo.
Crianças com infecções crônicas têm maior suscetibilidade a
doenças virais recorrentes [91]. Estas crianças podem ter
concentrações de hemoglobina profundamente baixas.
Ascaridíase
A expectativa de vida estimada de A. lumbricoides adulto é
de um a dois anos. A maior prevalência global de ascaridíase é
atribuída principalmente a dois motivos. Primeiro, a fêmea adulta
do verme A. lumbricoides tem uma notável capacidade de
produzir descendentes. Estima-se que um único verme possa
liberar até 27 milhões de ovos durante o curso de uma infecção.
Em segundo lugar, o A. lumbricoides
os ovos são bastante resistentes e têm uma camada proteica
externa e uma parede espessa que os torna notavelmente
resistentes aos extremos ambientais por longos períodos de
tempo.
Após a ingestão dos ovos infecciosos, as larvas eclodem no
intestino delgado, penetram nos vasos sanguíneos da parede do
intestino e depois se desenvolvem após uma migração coração-
pulmão. As larvas transformam-se em vermes adultos e tornam-
se sexualmente maduras em seis a dez semanas. Ao contrário
dos tricurídeos ou ancilostomídeos, as lombrigas adultas não
invadem a mucosa gastrointestinal. Em vez disso, eles podem
provocar danos mecânicos e obstrução do lúmen se entrarem na
árvore biliar ou ficarem emaranhados e emaranhados em um
bolo de vermes. O retardo de crescimento associado à ascaridíase
pode ter uma base nutricional [93]. Pode ser devido ao parasita
prejudicar a nutrição do hospedeiro, causando má absorção
através de um processo de atrofia das vilosidades.
A deficiência de lactase também foi descrita. Embora os vermes
Ascaris produzam uma bateria de inibidores peptídicos de serina
protease que in vitro podem bloquear a ação de
J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016.
tripsina pancreática, quimotripsina e elastase [94], se esses
inibidores peptídicos são realmente liberados pelo parasita e se
eles têm um papel fisiológico na relação parasita-hospedeiro
ainda não está claro.
A ascaridíase pode ter um efeito prejudicial sobre o hospedeiro
quando os vermes são abundantes, o que inclui dois tipos
principais de sequelas clínicas: devido à migração de larvas e
devido a vermes adultos.
Efeitos devidos à migração de
larvas Os pacientes podem desenvolver pneumonite de
Loeffler, que se caracteriza por febre, tosse seca, dor torácica
leve, infiltrados pulmonares, dispneia e falta de ar aos esforços.
Pessoas hipersensíveis podem desenvolver reações alérgicas
como urticária e asma.
Danos mínimos são produzidos pela invasão intestinal larval,
embora alguma inflamação hepática e formação de granulomas
tenham sido descritas [74]. As migrações extraintestinais nos
pulmões estão associadas a uma resposta inflamatória vigorosa
do hospedeiro que inclui níveis séricos elevados de IgE e
eosinofilia [83].
Efeitos devidos a vermes adultos
A maioria das infecções é leve e assintomática, mas mesmo
a presença de alguns A. lumbricoides pode ser potencialmente
patogênica. A presença de vermes adultos no intestino pode
resultar em náuseas, vômitos, desconforto abdominal, dor
epigástrica e, em alguns casos, ocorrerá esteatorreia. Infecções
moderadas a graves podem resultar em digestão prejudicada e
má absorção de proteínas, lactose e algumas vitaminas
lipossolúveis [74,95]. A. lumbrocoides é o maior dos nematóides
intestinais; seu tamanho varia de 15 a 45 cm de comprimento e
2 a 6 mm de diâmetro (Tabela 1). O fluido corporal de Ascaris ,
quando absorvido pelo sangue, causa efeitos tóxicos e dá origem
a febre semelhante à febre tifóide. As massas parasitárias,
especialmente em crianças, podem causar obstrução ou
perfuração do intestino e, ocasionalmente, causar obstrução do
ducto pancreático [96]. A colecistite resulta de migrações de
vermes para o ducto biliar comum, onde os vermes podem
causar obstrução do ducto cístico diretamente ou servir como
um nicho para a formação de cálculos [97]. Os vermes migratórios
podem causar abscessos hepáticos e apendicite e,
ocasionalmente, podem entrar no estômago e ser vomitados.
Diagnóstico
Clínico
As ferramentas de diagnóstico para determinar a etiologia
da diarreia/disenteria causada por helmintos fornecem
informações úteis para uma melhor compreensão da
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Ojha et al. – Infecção por geohelmintos
epidemiologia da doença e para desenvolver uma política de
controlo de infecções e medir o seu sucesso.
Pacientes que apresentam dor abdominal intermitente, perda de
apetite, diarreia, náusea, vômito, febre e prurido perianal devem
ser altamente suspeitos de terem geohelmintíase. Contudo, a fase
diarreica da infecção não pode ser distinguida de outras infecções
bacterianas, virais e protozoárias.
Laboratório
Embora os sinais clínicos possam evocar a suspeita de
geohelmintíase, o diagnóstico ainda depende do isolamento e
identificação do geohelminto nas fezes. A lombriga adulta também
pode ser demonstrada macroscopicamente quando o verme adulto
é eliminado espontaneamente nas fezes ou no vômito; a
administração de um medicamento anti-helmíntico pode resultar
na expulsão do verme. Os métodos definitivos geralmente
envolvem a detecção microscópica de ovos de helmintos em
preparações fecais por meio de esfregaços ou após concentração.
A microscopia, no entanto, requer especialistas treinados, tem
baixa sensibilidade para detecção de infecções leves e moderadas
e pode resultar em diagnósticos incorretos, levando a um
tratamento tardio ou inadequado [98]. Numerosos métodos de
flotação e concentração estão disponíveis, como a técnica de Kato-
Katz [99], sedimentação com formol e acetato de etila [100],
sedimentação com formol e acetato de etila modificado [101],
flotação de Wisconsin modificada [102], sedimentação por
gravidade simples [103], Flotação de sal McMaster [104], técnica
de flotação centrífuga em solução de sulfato de zinco e nitrato de
sódio [105] e técnica de tira de papel de filtro Harada-Mori para
detecção de ovos de geohelmintos em amostras de fezes. A
técnica de tira de papel filtro Harada-Mori ou método de cultura em
carvão vegetal é o método de escolha para distinguir as larvas de
A. duodanale e N. americanus em bases epidemiológicas. No
entanto, a utilidade destas técnicas pode ser limitada devido à sua
natureza demorada, trabalho intensivo e baixa sensibilidade. A
técnica quantitativa Kato-Katz, recomendada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), é adequada para a detecção de ovos
de geohelmintos [7.106] e é mais comumente implementada em
pesquisas de helmintos humanos. Contudo, a utilidade do método
Kato-Katz na detecção de infecções em lactentes pode ser limitada,
porque as fezes dos lactentes tendem a ser mais líquidas e a ter
contagens de ovos relativamente baixas. Conforme relatado por
Richardson et al. (2008) [107], um teste de Kato-Katz provavelmente
detectará apenas 50% de todas as infecções de baixa intensidade,
enquanto um teste de concentração ou sedimentação tem uma
sensibilidade muito maior.
Avanços em biologia molecular, proteômica e
J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016.
os dados do projeto de sequenciamento do genoma estão
revolucionando a pesquisa parasitológica. A aplicabilidade destas
importantes ferramentas pode levar a um melhor diagnóstico e
controle de muitos patógenos importantes. Anticorpos foram
desenvolvidos para identificar ovos de helmintos [108,109],
complexos de antígenos circulantes [110] e antígenos de parasitas
(coproantígenos) liberados nas fezes do hospedeiro. Fraser e
Craig (1997) [111] levantaram a hipótese de que os coproantígenos
de helmintos podem ser detectados por imunoensaios enzimáticos,
e tais ensaios imunoenzimáticos de coproantígenos (ELISA) têm
certas vantagens sobre os ensaios convencionais de anticorpos
séricos.
Métodos baseados em anticorpos contra antígenos de geohelmintos
podem ser usados para detectar imunoglobulinas humanas (IgE)
[112.113]. Estão disponíveis testes comerciais de detecção de
anticorpos para algumas infecções por HTS, mas devido à sua
baixa sensibilidade e especificidade, são frequentemente pouco
adequados às condições de campo e também não são capazes
de diferenciar infecções actuais e passadas. Métodos alternativos
mais recentes incluem a detecção de antígenos e anticorpos por
ELISA [114], o teste de aglutinação em látex [115], o teste de
hemaglutinação indireta (IHA), o teste intradérmico [116] e a
reação em cadeia da polimerase (PCR) [117] com base abordagens
de identificação. As abordagens baseadas em PCR permitem a
resolução da infecção ao nível do genótipo e trazem alguma
clareza aos resultados da geohelmintíase assintomática.
Numerosos PCRs convencionais em tempo real foram projetados
e provaram ser altamente sensíveis e específicos para a detecção
de agentes microbianos e patógenos entéricos [118-120]. No
entanto, embora técnicas moleculares como luminex-PCR [121]
ou PCR em tempo real [122] tenham provado ser métodos de
diagnóstico altamente específicos, sensíveis e reprodutíveis, a sua
aplicação em países de rendimento baixo e médio é difícil tendo
em conta a o elevado custo, instrumentos e necessidade de uma
pessoa qualificada para realizar o teste.
Eosinofilia e anemia leve ou moderada também são
características comuns de infecções por geohelmintos.
Observações microscópicas do cristal de Charcot-Leyden em
amostras fecais ou de escarro de pacientes podem ser benéficas
no diagnóstico de uma infecção [9,83]. Durante a infecção crônica,
o teste de sangue oculto (benzidina) pode apresentar resultado
positivo. As manifestações clínicas das infecções por geohelmintos
podem ser variadas e dependem da localização das larvas. A
colonoscopia é útil para a detecção de tricurídeos no reto [123].
A endoscopia por cápsula pode fornecer benefícios substanciais
para estudos terapêuticos de infecções por geohelmintos no
tratamento de doenças inflamatórias.
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Tabela 3. Medicamentos comumente usados contra geohelmintíase: mecanismo de ação, posologia recomendada e efeitos adversos [126,127]
Drogas Mecanismo Efeitos adversos Dosagem recomendada Outros
Adultos Crianças

Compostos de benzimidazóis
Mebendazol Destrói os microtúbulos citoplasmáticos nas células intestinais do
verme. Isto bloqueia a absorção de glicose
e outros nutrientes, resultando na morte do
helminto.
Geralmente muito bem tolerado.
Dor abdominal, diarréia, náusea, vômito, dor
de cabeça e tontura.
Reações de hipersensibilidade, como febre,
erupção cutânea e prurido.
500 mg em dose única ou 500 mg em dose única ou É seguro para uso em crianças entre 12 e 24 meses quando
100 mg duas vezes ao dia x 100 mg duas vezes ao dia x administrado na mesma dose que para crianças mais velhas.
3 dias 3 dias Distribuição: Altamente ligada a proteínas

Albendazol Inibe a polimerização da tubulina no parasita
e bloqueia a captação de glicose; os níveis
de energia são reduzidos, resultando na
morte do parasita.
J
Geralmente muito bem tolerado. 400 mg em dose única 400 mg em dose única Uma dose única de 200 mg de albendazol demonstrou ser segura
Náuseas, vômitos e dor de cabeça. e eficaz em crianças com mais de 12 meses e menos de 24
Menos comuns são as reações de meses.
hipersensibilidade. Crianças com mais de 24 meses devem receber a dose completa

de 400 mg durante programas de administração em massa de

Vamos Inibe o sistema fumarato-redutase dos
vermes, interferindo na sua fonte de energia.
Um dos anti-helmínticos mais mal tolerados.
Anorexia, diarréia, náusea, dor abdominal,
vômito, tontura, fadiga e dor de cabeça.
50 mg/kg diariamente dividido
em 2 doses, por 2-4 dias
ou 50 mg/kg em dose única
medicamentos (MDA). Amplamente distribuído; bile, LCR.
Ligação a proteínas: 70%
50 mg/kg diariamente A segurança e eficácia do tiabendazol em crianças com peso
dividido em 2 doses por 2-4 dias inferior a 13,6 kg são limitadas.

Triclabendazol Inibe o sistema fumarato-redutase dos Geralmente bem tolerado. Dor abdominal 25-50 mg/kg diariamente 10 mg/kg em dose única ou Os usos de triclabendazol em crianças são limitados.
vermes, interferindo na sua fonte de energia. leve e transitória, cólica biliar, febre e divididos em 2 doses, por duas vezes ao dia x 1 dia Crianças em regiões endêmicas de fasciolíase e paragonimíase
náusea, hepatomegalia. 2-3 dias ou 50 mg/kg em foram tratadas com sucesso com triclabendazol sem reações
dose única adversas pediátricas específicas.

Outros agentes anti-helmínticos

receptor de acetilcolina Liga-se a um canal iônico que forma um Geralmente leve e transitório e inclui diarreia, 11 mg/kg em dose única 11 mg/kg x 1 dia (não Não é muito eficaz no tratamento da tricuríase ou da
nicotínico pamoato de pirantel no músculo corporal dos dor abdominal, náusea, vômito e dor de exceder 1 g) estrongiloidíase.
nematóides, o que leva à despolarização e cabeça.
paralisia espástica do
vez
músculo para

nematóide.

Levamisol Liga-se a um canal iônico que forma um Geralmente bem tolerado. Náuseas, vômitos, 150 mg em dose única 2,5-3 mg/kg em dose única Nenhum efeito adverso específico foi relatado.
receptor nicotínico de acetilcolina no músculo dor abdominal, tontura e dor de cabeça.
do corpo dos nematóides, o que leva à
despolarização e paralisia
do músculo
espástica
do nematóide.

Praziquantel Aumenta a célula membrana Tonturas, sonolência, dor de cabeça e mal- 25 mg/kg em dose única 10-25 mg/kg em dose única, Medicamentos muito seguros. Não recomendado para crianças
permeabilidade em vermes suscetíveis, o estar, cólicas ou dores abdominais e perda ou 40 mg/kg/d em 1-2 doses menores de 4 anos. Distribui-se no LCR e entra no leite materno.
que leva a danos tegumentares e contração de apetite. x 1 dia, ou 60-75 mg/kg/d
muscular paralisante, levando à morte do em 1-3 doses x 1-2 dias
verme e
eliminação.
Citrato de piperazina Produz um bloqueio neuromuscular Náuseas, vômitos, cólicas, dor abdominal, 4,5 g em dose única repetida Em dose única, repetida Distribui-se no leite materno.
resultando na paralisia muscular dos vermes diarreia, urticária, erupções cutâneas, dor uma vez após 14 dias uma vez após 14 dias. <1
que são consequentemente desalojados e de cabeça, broncoespasmo, tontura, ano: 120 mg/kg (somente
expelidos nas fezes. confusão e visão turva. mediante orientação médica),
1-3 anos: 1,5 g, 4-5 anos:
2,25 g, 6-8 anos: 3 g, 9-12
anos: 3,75 g
Abreviaturas: 1CSF, líquido cefalorraquidiano; lance, duas vezes ao dia; x, vezes; d, dias; g, grama; ano, ano; mg, miligrama; kg, quilograma; 2mg/kg, miligrama por quilograma; 3mg/kg/d miligrama por quilograma diariamente

et
ahjO
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Ojha et al. – Infecção por geohelmintos
Tratamento
O início de uma infecção geohelmíntica geralmente leva os
pacientes a procurar atendimento médico. De acordo com as
diretrizes da OMS [124,125], quando é feito um diagnóstico
presuntivo de geohelmintíase, todos esses pacientes devem ser
tratados com um medicamento anti-helmíntico.
A terapia de reidratação oral é um primeiro passo essencial que
pode ser usado para corrigir a desidratação causada por diarreias
de qualquer etiologia e reduziu acentuadamente a taxa de
mortalidade causada por diarreia. O efeito benéfico da
quimioterapia é remover a carga parasitária, o que alivia
imediatamente os sintomas e pode reduzir a taxa de transmissão.
Uma variedade de medicamentos anti-helmínticos, como
pamoato de pirantel, mebendazol, albendazol, piperazina e
praziquantel, demonstraram eficácia no tratamento da
geohelmintíase (Tabela 3), embora as opções estejam se
tornando limitadas devido à resistência emergente aos
medicamentos em todo o mundo.
A resistência dos ancilóstomos aos benzimidazóis foi
relatada no Mali em 1997 [128] e, devido à sua toxicidade em
animais de laboratório [129], este medicamento não é
recomendado como terapia empírica para bebês e crianças
pequenas. Os benzimidazóis geralmente são contraindicados
em pacientes com discrasias, leucopenia ou cirrose hepática. A
resistência ao benzimidazol pode ocorrer como consequência
da disseminação de mutações pontuais nos alelos da tubulina
dos geohelmintos.
A tubulina é o local alvo da ação dos medicamentos mebendazol
e albendazol [83]. O medicamento pamoato de pirantel também
demonstrou resistência contra ancilostomídeos e tricurídeos
[83,130]. Como tal, deve ser utilizado um medicamento alternativo
de escolha ou oxantel formulado com pamoato de pirantel em
combinação para os pacientes afetados por estas infecções.
Poucos estudos indicaram que a quimioterapia anti-
helmíntica com uma dose única de albendazol (400 mg/dia) é
uma abordagem viável, eficaz e de baixo custo para o controle
de vermes em crianças em idade escolar [131]. Alguns dos
efeitos de retardo de crescimento causados por ancilostomídeos
podem ser reversíveis após anti-helmínticos com albendazol
tratamento [80,132-135].
Mebendazol 100 mg duas vezes ao dia durante três dias,
pamoato de pirantel 10-15 mg por quilograma de peso corporal
ou levamisol 3-5 mg por quilograma de peso corporal em dose
única produz cura na maioria dos casos [30]. A administração
de vitamina B12, ácido fólico e terapia com ferro pode ser
necessária em crianças gravemente infectadas. Raramente, as
transfusões de sangue são necessárias em casos graves de
anemia. O choque anafilático após a terapia é um risco; pode
ocorrer devido à morte de um grande número de vermes. Quando
a obstrução intestinal é
J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016.
iminente, o citrato de piperazina é a escolha recomendada pelos
médicos, pois paralisa os vermes e facilita o relaxamento do bolo
alimentar. A piperazina e o pamoato de pirantel são antagônicos
e não devem ser usados juntos [74]. A cirurgia pode ser
necessária em casos de obstrução intestinal, que requer
intervenção imediata. As gestantes devem ser tratadas após o
primeiro trimestre para evitar complicações.
O tratamento pode ser administrado por médicos ou
profissionais de saúde, ou por professores treinados para tratar
crianças na escola. Como é provável que ocorra reinfecção
[130,136], o tratamento deve ser realizado uma vez por ano ou
a cada seis meses. Numerosos estudos em países em
desenvolvimento demonstraram que a desparasitação beneficia
o crescimento físico e a aptidão das crianças, revertendo
parcialmente os efeitos do crescimento atrofiado [80,132,133],
melhorando o apetite [137,138] e melhorando o desempenho
cognitivo [12]. O tratamento de crianças em idade escolar
também beneficiará a comunidade local [139], uma vez que as
crianças não só carregam os maiores fardos de vermes, mas
também podem ser uma importante fonte de infecção. As
ocorrências de falha medicamentosa e possível resistência aos
medicamentos anti-helmínticos levaram à busca por modos
alternativos de prevenção.
Prevenção
As medidas de controlo da saúde são, na melhor das
hipóteses, estratégias de longo alcance para o controlo da
geohelmintíase nos países tropicais. As estratégias de
intervenção mais eficazes para prevenir a reinfeção e minimizar
o potencial de desenvolvimento de resistência aos medicamentos
[130,136] a longo prazo são opções não baseadas em
quimioterapia. A cura por si só é quase inútil para erradicar
infecções geohelmínticas, porque o paciente pode facilmente
adquirir infecções devido à falta de saneamento. Uma revisão
sistemática e meta-análise de Ziegelbauer et al. (2012) [140],
revelaram que fornecer acesso e promover o uso de instalações
sanitárias é uma medida eficaz de controle para helmintíases
transmitidas pelo solo. Os autores do estudo de Ziegelbauer
afirmaram que para alcançar efeitos duradouros na melhoria do
saneamento, a comunidade deve estar envolvida no processo.
Isto implica a criação de estratégias de educação e comunicação
que forneçam informações especificamente dirigidas a uma
determinada comunidade. Isto deve ser feito para mudar a forma
como os humanos se comportam. A disponibilidade de
saneamento melhorado, juntamente com quimioterapia e
educação em saúde, poderia diminuir o problema da
geohelmintíase. Estas medidas melhorariam a qualidade de vida,
especialmente das crianças. Uma mudança na ênfase em
informações específicas adaptadas à comunidade reforçaria
outros programas contra helmintíases
11
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Ojha et al. – Infecção por geohelmintos
e seria economicamente mais sustentável. Os autores do
estudo de Ziegelbauer também observaram que haveria
benefícios colaterais na redução da suscetibilidade a outras
doenças, como a esquistossomose e o tracoma, e que isso
reduziria a taxa de diarreia. Tudo isto teria efeitos positivos nas
taxas de mortalidade infantil.
Observações finais
A infecção por geohelmintos continua a ser uma causa
significativa de mortalidade e morbidade em países de baixa
e média renda. Embora vários estudos de base hospitalar
documentem a importância relativa da geohelmintíase, há
poucos estudos com um denominador populacional definido
que permita o cálculo da taxa de incidência na comunidade.
É necessário estabelecer a incidência, prevalência, carga de
doenças e distribuição de helmintos específicos em muitas
partes do mundo, para que possam ser feitas estimativas
regionais, nacionais e globais. Numerosos métodos de flotação
e concentração seguidos de microscopia estão sendo usados
atualmente em muitas partes do mundo para detecção de ovos/
larvas de helmintos, mas são demorados, trabalhosos e
relativamente insensíveis. Conseqüentemente, abordagens de
biologia molecular que oferecem velocidade, sensibilidade e
especificidade podem levar a um melhor diagnóstico e controle
de muitos patógenos importantes em ambientes de campo.
No entanto, sua aplicação como ferramenta diagnóstica ou
epidemiológica é difícil devido ao elevado custo, ao equipamento
especial e ao pessoal qualificado necessário para realizar o
teste. Para superar as desvantagens destas técnicas existentes,
existe a necessidade de desenvolver um método de teste
rápido que seja robusto, económico, fácil de manusear e
aplicável em ambientes clínicos e de campo.
Os medicamentos anti-helmínticos, que variam
consideravelmente de lugar para lugar e que estão em contínua
evolução, devem ser atualizados. Intervenções específicas,
como a manutenção de uma higiene pessoal rigorosa, água
potável, saneamento, educação sanitária, boa gestão de
esgotos e melhores condições de vida, provaram ser eficazes
na redução da infecção por geohelmintos e devem ser
adoptadas. Os avanços nas técnicas de biologia molecular
criaram oportunidades para a identificação de proteínas
expressas por helmintos parasitas. Isto, juntamente com as
informações da sequência do genoma dos helmintos, nos
permitirá analisar a interação entre os parasitas e seus
hospedeiros em nível molecular. Armados com estas poderosas
abordagens experimentais, podemos estar optimistas quanto
ao controlo de infecções por geohelmintos no futuro.
J Infect Dev Ctries 2014; 8(1):005-016.
A geohelmintíase, que continua a ter um impacto global,
não pode ser adequadamente controlada com as medidas de
prevenção e tratamento existentes.
Estratégias inovadoras contra os geohelmintos mais comuns
poderiam proporcionar benefícios substanciais. Este estudo
enfatiza a necessidade de uma abordagem multissetorial para
reduzir a morbidade e a mortalidade associadas às infecções
por geohelmintos a níveis tais que essas infecções não sejam
mais de saúde pública
preocupação.
Reconhecimentos
Agradecemos ao Hospital Ramathibodi (Faculdade de
Medicina da Universidade Mahidol) por arcar com os
custos incorridos durante o curso desta publicação e ao
Dr. Varodom Charoensawan por seus pensamentos
críticos sobre o manuscrito.
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