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GMP - GOOD MANUFACTURE PRACTICES BOAS NORMAS DE

FABRICAÇÃO

Seguindo proposta de implantação de GMP em uma farmácia homeopática,


apresentamos a seguir diversas considerações relacionadas à coleta e preparo de
isoterápicos:

QUANTO ÀS INSTALAÇÕES
A sala de bioterápicos, além de dar maior comodidade aos pacientes, deve
conter os equipamentos e vidraria específicos à área, para que não surjam
problemas de contaminação (tanto microbiana, quando for o caso, quanto
homeopático).

QUANTO À PRESCRIÇÃO E COLETA


O uso de autoisoterápicos deverá ser feito somente com prescrição ou
autorização do médico. Na farmácia homeopática a coleta e/ou recebimento de
material deverá ser efetuada pelo farmacêutico ou por um técnico treinado por
este. O material coletado para a preparação do bioterápico tem um tempo de
validade limitado e variável de acordo com a sua origem, para ser dinamizado.
Com o objetivo de otimizar este trabalho, devemos preestabelecer horários para
este fim.

QUANTO À VIDRARIA UTILIZADA NO PREPARO DE


AUTOISOTERÁPICOS

A vidraria utilizada nas três primeiras dinamizações é totalmente


desprezada e a utilizada nas dinamizações subsequentes deve ser submetida a
cuidados especiais de esterilização.

QUANTO À ESTOCAGEM DE MATRIZES


As matrizes obtidas de material coletado de pacientes são preservadas
durante um ano e agrupadas por mês de coleta. Este procedimento deve ser
adotado para os casos em que o médico necessite repetir a potência ou queira
elevá-la, sem expor o paciente à necessidade de uma nova coleta e aos custos
inerentes à fase inicial de obtenção do bioterápico.

QUANTO À DINAMIZAÇÃO
Assim como com os medicamentos tradicionais, o processo de dinamização
é hahnemanniano (CH), com opção de utilização do fluxo contínuo (FC ou C) para
a obtenção de altas potências, a preço mais acessível para o paciente.

QUANTO À ORIENTAÇÃO AOS PACIENTES


Os médicos deverão ter a seu dispor um folheto explicativo para os
pacientes, sobre o procedimento de coleta. A orientação padronizada facilita o
trabalho do médico e do farmacêutico, como também tranquiliza o paciente.

QUANTO AO APOIO TÉCNICO-CENTÍFICO


A farmácia Homeopática deve contar com farmacêuticos sempre presentes
para responder a qualquer solicitação especial que o médico necessite ou para
casos específicos que exijam uma abordagem diferenciada.

METODOLOGIA ESPECÍFICA

Procedimento e recomendações nas coletas efetuadas na farmácia.

NARIZ/GARGANTA
Para a coleta de secreção de garganta deverão ser tomados os seguintes
cuidados:
• O paciente deverá estar em jejum de pelo menos 60 minutos, não
devendo consumir balas, chicletes, doces, refrigerantes ou outros produtos que
possam depositar resíduos ou corantes na secreção a ser coletada;
• Se o paciente estiver fazendo uso de batom, este deverá ser retirado
antes da coleta;
• Caso o paciente esteja fazendo uso de medicamento alopático,
notificar o médico.
A coleta deve ser efetuada com material descartável e o produto
acondicionado em frascos que contém uma mistura de água/álcool/glicerina. Os
frascos deverão ser identificados e protegidos da luz. Após a maceração e
homogenização da solução, inicia- se dinamização até a potência prescrita. A
coleta é feita com material descartável, por punção digital, mas pode-se optar pelo
lóbulo da orelha ou calcanhar, caso seja necessário.

Para a coleta de sangue deverão ser tomados os seguintes cuidados:


• Jejum de 12 horas, caso o médico ache necessário. O tempo de jejum
deverá ser especificado pelo médico no pedido;
• Caso o paciente esteja fazendo uso de medicamentos alopáticos,
notificar o médico;
• O médico deverá comunicar, antecipadamente à farmácia, se o
paciente é portador de alguma doença infectocontagiosa. Nestes casos, pedimos
que a coleta seja efetuada em laboratórios de análises clínicas de confiança do
médico;
Obs: A coleta deve ser efetuada sem acréscimo de anticoagulante na
seguinte proporção: 1 ml de sangue/ 9 ml de água destilada.

SECRECÕES

• De ouvido;
• Ocular;
• Purulentas.

Caso o paciente esteja utilizando algum medicamento alopático por via oral
ou uso tópico, o médico deverá estar ciente. O material coletado é então
armazenado em um frasco contendo água/álcool/glicerina, macerado e
dinamizado.
LESÕES CUTÂNEAS/MICOSES DE UNHAS

O paciente deverá tomar banho só com sabonete neutro ou glicerinado


durante os três dias que precedem a coleta. Não fazer também uso de pomadas
ou cremes medicinais durante estes três dias.

MATERIAIS NÃO COLETADOS NA FARMÁCIA

SECREÇÃO VAGINAL

A coleta deverá ser feita pelo médico ou laboratório de confiança do mesmo,


em frascos fornecidos pela Farmácia (solução de água/álcool/glicerina) ou em
frascos adequados (limpos e esterilizados) com uma solução água/álcool em partes
iguais. O material deverá ser entregue na Farmácia no máximo três horas após a
coleta. Caso isso seja impossível, e como não há conservante, o material deverá
ser colocado na geladeira e ser entregue na manhã seguinte.

URINA

Coletar a primeira urina da manhã, tomando os seguintes cuidados:


• Fazer a assepsia do local (lavagem com água e sabão);
• Desprezar o primeiro jato da urina;
• Coletar em frasco adequado (tipo coletor universal);
• Destinar o material à farmácia no máximo três horas após a coleta.

Caso o paciente esteja fazendo uso de medicamentos alopáticos, o médico


deverá ser notificado. Dinamiza-se a solução até a potência desejada. A entrega
do material deverá ser feita no mesmo dia da coleta, em frasco adequado (coletor
de fezes ou coletor universal), até no máximo 3 horas após a coleta. Se isso não
for possível, guardar em geladeira e entregar na manhã seguinte. O material deve
ser identificado, solubilizado, macerado e dinamizado até a potência prescrita.
CÁLCULO RENAL/PÓ DE CASA/MEDICAMENTO ALOPÁTICO

A entrega do material deverá ser feita em frascos apropriados (limpos e


esterilizados). Após a trituração e solubilização do material, efetua-se a
dinamização.

NÓDULO DE MAMA/PÓLIPOS NASAIS/AMÍGDALAS E OUTROS

A coleta deverá ser feita em frascos adequados (limpos e esterilizados),


contendo uma solução glicerinada, soro fisiológico ou álcool 96ºGL. Obs: o formol
deve ser evitado. O material deverá ser entregue à farmácia no mesmo dia da
coleta ou então colocado em geladeira para ser entregue na manhã seguinte. Após
a identificação e trituração, efetua- se a dinamização.

CULTURAS MICROBIANAS (PLACAS, SOLUÇÕES BACTERIANAS E


OUTROS)

O material deverá ser encaminhado à farmácia no dia em que foi entregue


ao paciente pelo laboratório, ou então conservado em geladeira e encaminhado na
manhã seguinte. Após a solubilização, efetua-se a dinamização. OBS: Em caso de
dúvida ou maiores esclarecimentos, entre em contacto com o farmacêutico.

MIASMAS
Se para curar era somente necessário achar o medicamento mais similar
possível, de que valeria uma “multidão de conceitos imprecisos e filosóficos”
durante o ato terapêutico, perguntavam-se atônitos os médicos homeopatas que
entravam na homeopatia, vindos da escola médica clássica. Aliás, este é um
quadro relativamente atual quando observamos que ainda hoje a formação médica
clássica não dota os médicos de uma compreensão correta de organismo.
Estudamos uma parte do complexo funcionamento corporal, compreendemos
segmentos da patologia humana através do estudo de órgãos, pesquisamos a
etiopatologia das enfermidades de forma fragmentada e jamais ensinada a
debruçar sobre a imagem do misterioso organismo dinâmico – com suas
maravilhosas intercorrelações, ritmos e sinergismos – para realmente pensar
sobre aqueles que deveriam ser os fundamentos da arte médica: saúde e vida. De
certa forma os miasmas e as oscilações desencadeadas pelas patogenesias sobre
os sujeitos permitem que os estudos destas potencialidades vitais ocorram na
prática. (Paulo Rosenbaum, 1996.).
Quanto aos autores que escreveram sobre a teoria miasmática, alguns
relacionam Miasmas aos problemas morais da humanidade, outros a distúrbios
fisiopatológicos, outros se limitaram a relacioná-la com a Energia Vital. A questão
Miasma ainda se ressente de definições mais claras e abrangentes do próprio
termo Miasma, de psora, de suscetibilidade, de predisposição. Tudo que se
relaciona ao termo diz respeito à gênese das doenças e do adoecer, e de como o
ser reage a isso. Poder-se-ia dizer que é onde mais se evidenciam e se usam as
diferenças e as semelhanças entre os seres.

MARCADORES MIASMÁTICOS

A presente listagem de marcadores miasmáticos (sintomas,


intencionalidade ou qualidade de sintomas que identificam os miasmas) proposta
para identificação do miasma predominante, quando da análise dos casos clínicos,
surgiu ao estudarem-se comparativamente os autores mencionados. Não se
constitui novidade, mas seu objetivo é operacionalizar o miasma no dia a dia da
clínica da similitude. Não concordamos que marcadores miasmáticos não existem,
usando como justificativa o fato de serem todos sintomas trimiasmáticos, com
predominância de um determinado miasma.
Argumentamos que se aceita a existência do miasmático, este deverá ter
seus marcadores, sob o risco de não serem identificados. Como poderemos
diferenciar humanos de animais ou vegetais se não temos os elementos que os
identifiquem como tais? Poucos são os marcadores comuns a todos os autores;
ateremos, pois, àqueles que são consensuais, independentemente do
construtivismo que os tente justificar.
São poucos os comuns, mas existem, e se utilizados na clínica serão de
grande valia para a compreensão das patogenesias, para o diagnóstico
medicamentoso, para a orientação preventiva dos pacientes e também para o
prognóstico, pois além das proposições observacionais de Hering e as prognósticas
de Kent, teremos também, para orientação do clínico, a variação ou atenuação das
modalidades miasmáticas que acompanham os sintomas, a tão comentada
evolução miasmática.

PROGNÓSTICO CLÍNICO DINÂMICO

PRÓ = antes + GNOSIS = reconhecer. Ou seja, é a arte de predizer o


progresso e o fim da enfermidade (Dr. Maffei - médico patologista).
São, na verdade, um conjunto de observações que homeopatas clássicos
fizeram correlacionando a primeira prescrição do medicamento, o que se deve
esperar de evolução do caso com o estado do paciente. Utilíssimos, mas que
exigem boa observação de seus pacientes e um melhor relato nos animais.
Diferem do prognóstico em outras terapêuticas pelo fato de que, embora o clínico
não saiba com certeza o que esperar de reação do paciente depois que o
medicamento é dado, sabe o que fazer com os resultados desta medicação nele.
Pode produzir uma falsa sensação de insegurança ao clínico, mas com
certeza dá a ele um campo de ação muito maior, já que mesmo em casos
clinicamente incuráveis há a possibilidade de melhoria das condições do paciente.
I. Funcional = manifestações sensoriais, alterações bioquímicas;
II. Lesional Leve = alterações em órgãos e tecidos não vitais;
III. Lesional grave = alterações em órgãos e tecidos vitais;
IV. Incurável = alterações tão graves e profundas em órgãos e tecidos
vitais (incluindo alterações mentais) que são irreversíveis.
Sempre lembrar que incurável é a lesão e não o ser que está sendo tratado.
E isto significa que mesmo em um paciente incurável o uso de um medicamento
bem elegido é útil. E ainda segundo Elizalde, no caso de ser dado o simillimum:
I. Funcional = melhora os sintomas mentais, gerais e funcionais com
sensação subjetiva de bem-estar geral. Ocorre, portanto, uma melhora suave,
progressiva e sem agravações.
II. Lesional Leve = agravação curta e forte, seguida de rápida melhoria.
III. Lesional Grave = agravação prolongada, seguida de lenta e segura
melhoria.
IV. Incurável = a deterioração energética chegou ao máximo, por isso a
tentativa do organismo equilibrar-se foi levada às últimas possibilidades, não
existindo nada para curar e, portanto, não há agravação, e se espera uma paliação
com melhora dos sintomas idiossincrásicos (os próprios do doente) e morte em
ataraxia (bem-estar).

As 12 observações prognósticas de Kent são as situações que ocorrem após


ter sido medicado pela primeira vez o paciente. Segundo Kent (1996), na lição
XXXV de seu livro Filosofia Homeopática:
Depois de feita a prescrição, o médico começa a observar. Todo o futuro do
paciente pode depender das conclusões a que chega a partir destas observações,
e de sua ação, o bem do paciente. Se não entende o significado do que vê, atuará
de maneira equivocada, fará prescrições erradas, mudará os medicamentos, agirá,
enfim, em detrimento do paciente. Não há um caminho a seguir e não é capaz de
substituir a inteligência.
E, ainda Kent, se conversarmos com muitos médicos a respeito das
observações que se seguem à administração do medicamento, vocês descobrirão
que a maioria deles não possui senão fantasias ou noções vagas quanto a esta
questão, e não enxergam mais nada depois de feita a prescrição. Se o homeopata
não for um observador cuidadoso, suas observações serão imprecisas e suas
prescrições consequentemente também o serão.
Presume-se que uma vez feita a prescrição, se ela for correta, atuará. Ao
atuar, o remédio começa imediatamente a provocar mudanças no paciente que se
manifestam através de sinais e sintomas. A natureza interna da doença se mostra
ao médico através dos sintomas, que lhe permitem situar-se com a precisão dos
ponteiros de um relógio. Este tempo de espreitar, esperar e observar necessita ser
cumprido, para que ele possa julgar através das mudanças que surgem, o que
deve e o que não deve fazer.
É verdade que o homeopata, em vários casos, não permanece muito tempo
em dúvida quanto ao que não fazer. Há sempre um indicador que lhe avisa o que
não fazer. Se for um observador arguto e atento, verá este indicador em cada
caso. Claro que se a prescrição não tiver correspondência com o caso, se for uma
prescrição que não efetua nenhuma mudança, não demorará muito para ele saber
o que fazer: muita paciência esperando por uma prescrição tola não passa de perda
de tempo e isto também deveria ser levado em conta entre as observações. As
observações que tem valor são realizadas após a administração de um remédio
específico, suficientemente relacionadas com o caso, para provocar mudanças nos
sintomas.
As mudanças estão começando. Com que se parecem? O que significam? A
que conduzem? Ao escutar o relato do paciente (no caso de veterinários, tanto o
relato do proprietário, como sua própria observação), o médico precisa saber o
que está acontecendo. Sabe-se que remédio está atuando pela mudança dos
sintomas. O desaparecimento de sintomas, o aumento de sintomas, a melhoria de
sintomas, a ordem dos sintomas, constituem mudanças provocadas pelo remédio,
e estas mudanças devem ser estudadas. Uma das coisas mais comuns que os
remédios fazem é agravar ou melhorar.
I. Observação - Prolongada agravação seguida de aniquilamento final
do paciente. O antipsórico era muito profundo e produziu uma destruição, a reação
vital era impossível, pois era incurável. Também pode ter ocorrido que a potência
era muito alta para a fraca reação. É recomendável a 30C ou 200C (Kent). Nestes
casos, geralmente o paciente chegou tarde demais para ser tratada, sua energia
não aguenta mais nem se manter, o que não impede de dar-lhe um remédio que
lhe seja paliativo. Segundo Elizaldi e Roberts, deve-se medicar pelos sintomas
mais atuais. Alguns estudiosos da Homeopatia dizem que nunca um remédio bem
elegido poderia fazer mal. Outros, que se a dose não for suave o suficiente, a
agravação pode até matar o paciente. Enquanto não se chega a um consenso, é
interessante seguir a indicação de Kent de dosagens. Também há de se ter cuidado
ao julgar incurável um caso que não o é, e que cai na observação seguinte.
II. Observação - Longa agravação, mas seguida de lenta melhoria final.
Indica paciente lesional grave em órgãos ou tecidos vitais, mas ainda com energia
suficiente para se recompor. Podem durar meses e anos as agravações
prolongadas. É necessária muita paciência, tanto do médico quanto do enfermo,
para só repetir a dose quando voltarem os sintomas pelo qual se prescreveu. São
casos em que a boa observação do veterinário é fundamental, para saber ver o
que está acontecendo e não mudar o medicamento que está sendo dado,
desnecessariamente. Neste tipo de caso as chances maiores de um tratamento dar
certo é em proprietários homeopatizados, pois por conhecerem na prática como
funciona a Homeopatia, terão mais paciência para esperar os resultados quando
estes forem mais lentos.
III. Observação - Agravação imediata, curta e forte, seguida de rápida
melhoria do paciente. Sempre que virmos uma agravação que surge rapidamente,
que é curta e mais ou menos intensa, verificaremos que a melhoria do paciente
será duradoura. A melhoria será acentuada, pois a reação do organismo é vigorosa
e não há nenhuma tendência para alterações estruturais em órgãos vitais.
Qualquer alteração estrutural eventualmente presente estará em nível de
superfície, em órgãos que não são vitais; haverá a formação de abcessos e
frequentemente glândulas não essenciais poderão supurar em regiões que não
implicam risco de vida para o paciente. Estas alterações orgânicas são do tipo
superficial. Acontece quando o paciente é lesional leve. Preconiza-se não interferir
a não ser que seja demasiadamente incômoda ao paciente ou ao proprietário (no
nosso caso, é o proprietário quem menos suporta a agravação de seu animal). Em
humanos, é a agravação que ocorre poucas horas após a tomada do medicamento,
no caso das doenças agudas, ou durante os primeiros dias, em casos crônicos. No
caso de veterinários, essa referência é um pouco complicada, porque cães e gatos
têm um limiar à dor e ao desconforto da doença maior que os humanos. Então às
vezes não observamos as agravações, mas mesmo assim conseguimos avaliar a
sensação de bem-estar que vem com a melhoria da doença.
IV. Observações - Ocorrem curas muito satisfatórias sem agravações.
Nesta hipótese, o paciente tomou um medicamento bem escolhido e é um paciente
só funcional, não existia doença orgânica e nem tendência para tal. Em curas que
ocorrem sem qualquer agravação, sabemos que a potência é adequada e que o
remédio é o remédio curativo, desde que os sintomas desapareçam e a saúde
retorne de maneira ordenada. Ordenada, segundo Kent, significa que a cura deve
seguir as suas leis.
V. observação - Primeiro melhora e em seguida ocorre agravação.
Depois de dada a medicação, o paciente se sente muito bem, mais passado 4 a 5
dias ou uma semana, ele está pior do que estava antes de começar o tratamento.
Segundo Kent, 1996 “não é raro nos casos graves, nos casos com uma grande
quantidade de sintomas; mas diga-se o que se disser, a situação é desfavorável.
Nesse caso, ou o remédio era só superficial e só podia agir como paliativo ou o
paciente era incurável, apesar do remédio ser de alguma forma adequado”. Deve-
se reavaliar o caso para se saber qual das duas situações está ocorrendo. De
qualquer forma, se espera esse tipo de situação em doentes de lesionais graves a
incuráveis.
VI. Observação - Alívio demasiadamente curto dos sintomas. Quando isso
ocorre, ou algo no dia a dia do paciente está atrapalhando a ação do medicamento
ou as alterações nos órgãos são tão profundas que são incuráveis, ou ainda, estão
se encaminhando para tal situação.
VII. Observação - Melhoria total dos sintomas, sem haver, no entanto,
alívio especial para o paciente. Existem condições físicas que fazem com que sua
melhora vá até certo ponto. Defeitos congênitos, falta de algum órgão, lesões
irreversíveis. Segundo Kent, 1996, “ele é paliativo neste caso e representa uma
paliação conveniente pelos remédios homeopáticos”. Isto também significa que,
mesmo que o corpo não possa mais se curar, a procura pelo medicamento mais
adequado para o paciente deve ser feita, pois o alivia.
VIII. Observação - Alguns pacientes reagem a todos os remédios que
tomam, são os pacientes hipersensíveis. Para Kent, “são pacientes com tendência
a histeria, superexcitados e hipersensíveis a todas as coisas. Diz-se que o paciente
tem uma idiossincrasia a tudo e estes hipersensíveis são frequentemente
incuráveis”. Não é uma situação que ocorra com assiduidade, mas são
experimentadores natos em humanos, exatamente por reagirem a todas as
substâncias que tenham contato, mostrando uma rica sintomatologia. Como
hipótese, poderia dizer que pelo limiar alto que cães e gatos tem à dor e ao
desconforto, seria mais improvável de se encontrar entre eles tipos hipersensíveis.
IX. Observação - Ação dos medicamentos sobre os experimentadores.
Aqui Kent se referia a humanos que experimentam substâncias para se descobrir
ou comprovar suas qualidades curativas.
X. Observação - Novos sintomas que aparecem após a tomada do
remédio. Segundo Hahnemann, nos § 179 do Organon, 6ª edição, “em casos mais
frequentes, porém, o medicamento que então foi escolhido em primeiro lugar pode
ser apenas em parte adequado, isto é, não exatamente adequado, pois não houve
um número significativo de sintomas que orientasse a escolha acertada”. § 180:
“É, então, que o medicamento, na verdade tão bem escolhido quanto possível,
mas imperfeitamente homeopático pelos motivos já ponderados, em seu efeito
contra a doença que lhe é apenas parcialmente semelhante – como no caso
referido acima, em que a escassez de meios de cura homeopáticos torna por si só
imperfeita a escolha – vai causar distúrbios secundários e diversos fenômenos de
sua própria série de sintomas se misturam com o estado de saúde do doente, os
quais, contudo, são, ao mesmo tempo, sintomas da própria doença, embora, até
então, nunca ou raramente terem sido percebidos; surgirão ou desenvolverão
intensamente fenômenos que o doente há pouco tempo antes absolutamente não
percebia ou percebia apenas vagamente”.
§181: “Não se objete que os distúrbios agora surgidos e os novos sintomas
dessa doença ocorrem por conta do medicamento que acabou de ser usado. Tais
distúrbios provêm dele*; são, porém, apenas certos sintomas cujo aparecimento
dessa doença também já era capaz de produzir por si nesse organismo e que o
medicamento – na qualidade de autoprodutos de sintomas semelhantes – somente
atraiu e fez aparecer. Em uma palavra, tem-se que considerar tudo o que agora,
seguramente, passou a ser a própria doença, como o verdadeiro estado atual e
tratá-lo, futuramente, de acordo com ele”.
*Quando sua causa não foi um erro importante no regime de vida, uma
paixão intensa ou um fenômeno tumultuoso no organismo, como o início ou a
parada de regras, concepção, parto, etc. Enfim, segundo Kent:
Se um grande número de novos sintomas aparecer depois da administração
de um remédio, a prescrição geralmente se mostrará desfavorável. De vez em
quando o aparecimento de um novo sintoma representará simplesmente um
sintoma antigo que ressurge, que o paciente não havia observado e pensa que é
novo. Quanto maior a série de sintomas novos que aparece depois da
administração de um remédio, tanto maior dúvida haverá quanto ao acerto da
prescrição.
Porém, duas situações podem estar ocorrendo: os sintomas que aparecem
são sintomas do paciente, que o medicamento que está sendo dado deveria cobrir
e não cobre. Deve-se, então, procurar um medicamento mais adequado, ou está
sendo dada dose excessiva do medicamento e o paciente está mostrando sintomas
do medicamento e não os dele.
XI. Observação - Retorno de sintomas antigos. Segundo Kent, “uma
doença é curável na exata proporção que retornam sintomas antigos que há longo
tempo haviam desaparecido. Eles desapareceram simplesmente porque outros
mais novos surgiram”. São as leis de cura se cumprindo.
XII. Observação - Sintomas tomam a direção errada. Kent fala aqui de
situações em que “logo o médico se dá conta de que houve um deslocamento da
periferia para o centro e o remédio precisa ser imediatamente antidotado, porque
senão se produzirão alterações estruturais na nova localização”. Estes são os casos
de supressão:
Há um grande perigo em se selecionar um remédio baseado unicamente nos
sintomas externos, isto, é, em se escolher um remédio que só tenha
correspondência com a pele, ignorando todos os demais sintomas que o paciente
possa ter, ignorando a economia como um todo e o estado geral do paciente;
porque é verdade que aquele remédio que só tem relação com a pele, pode
conduzir para
o interior a doença da pele, fazendo-a desaparecer, embora o próprio
paciente não esteja curado. Tal paciente continuará doente até que aquela erupção
retorne ou se localize em outro lugar. Ou seja, a doença se aprofunda. (KENT,
1996).

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