Você está na página 1de 2

Professor ou guia?

Em face aos estudos contemporâneos e fazendo uma busca na história


recente percebe-se uma dúvida que paira sobre a educação da criança em
idade de 0 a 6 anos, se há ou não ensino para este público, se é restrito ao
acompanhamento do professor como guia, se o desenvolvimento da criança se
dá de forma natural sem a necessidade da intervenção do professor. Baseado
na perspectiva histórico-cultural, conforme cientistas renomados, a formação
da criança não se dá de forma natural, e assim se faz necessário o papel do
professor como professor.
A relação estabelecida entre o professor e a criança com idade entre 0 e
6 anos não pode ser compreendida como guia, como exclusivamente voltado
ao aspecto cognitivo, como se o ensino prejudicasse o processo de
desenvolvimento da criança. Na concepção histórico-cultural do
desenvolvimento infantil, Vigtski inicia uma abordagem com o foco no papel da
cultura e das relações sociais dacriança. Para o autor não há crescimento
programado, programação de maturação de potências internas, ele cita que
“...a realidade social é a verdadeira fonte de desenvolvimento.” O autor ainda
acrescenta que a gênese das funções psicológicas do homem não se restringe
a biológica, mas tendo como base a cultural. A mediação exercida pelo
adulto/professor é ccrucial pois a criança não tem como identificar/ecolher
objetos da cultura para a atividade adequada de forma espontâea O aparato
biológico não garante o desenvolvimento de funções que são necessárias ao
desenvolvimento da criança. A fonte do desenvolvimento está etabelecida na
relação não direta entre o ensino e a aprendizagem. Entendendo o não direta
como não linear, não imediata, os momentos de assimilação podem acontecer
em momentos diversos, distintos. Daí a expertise do professor no exercício da
sua magnífica função, organizando corretamentea aprendizagem, pois o bom
ensino conduz o desenvolvimento, o ensino deve fazer o desenvolvimento
avançar. O ensino seria desnecessário, e o professor aí seria reduzido a guia
ou acompanhante se somente se a criança utilizasse o que já está maduro no
desenvolvimento. Como uma planta que sozinha perpassa por todas as suas
fases.
Outra importantíssima via de dessenvolvimento defendida por Vigotski é
a imitação. Não a imitação que um animal faz, pois este não é capaz de
assimilar nada novo, este não é capaz de desenvolver faculdades intelectuais
provinientes da imitação. Porém na imitação humana ela precisa ser em
allguma medida compreendida pelo ator, ela é possível quando coadunada
com o entendimento. Importante salientar que a imitação é a base da relação
estabelecidade entre o professor e o aluno, afinal ele não aprende o que sabe
fazer sozinho ele percebe o que não sabe fazer sendo-le acessível atravez e
com a colaboração do professor. Não se trata de desenvolver no educando
uma função mecânica de imitação sem aprendizagem e desenvolvimento,
porém é evidente que as funções tem que ser cultivadas paulatinamente na
criança pelo educador e assim é desenvolvido o aprendizado.
Entendendo ainda, a função do professor, no período de 0 a 6 anos,
como uma tarefa fundamental que é a de ensinar a pensar. Pois este, o pensar,
não é espontâneo, mas parte do processo educativo, com a pesssoa do
professor e o exercício de sua atividade. Como sequência a idade pré-escolar e
a escolar (a primeira) tem vinculações que devem ser respeitadas e não
ignoradas.
Enfim, para que haja o desenvolvimento infantil necessário para o
aprendizado se faz necessário o ato de ensinar e não só seguir. É necessária a
intervenção do educador para a apropriação do conhecimento!

Você também pode gostar