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Momento de Inércia

​Soares, Isabela; Marques, Lucas.

PT7A – Física Experimental Básica – Mecânica


Departamento de Física, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Brasil.
24 de outubro de 2020.

Resumo: Este relatório foi desenvolvido a fim de sintetizar os conhecimentos e procedimentos envolvidos na
prática denominada “Momento de Inércia”. O exercício partirá dos conceitos envolvidos no movimento de rotação
associado ao de translação e, sobretudo, a física envolvida na temática Momento de inércia. Desta maneira,
pautando nos dados fornecidos, serão gerados gráficos referentes a cada objeto - aro ou esfera. Portanto, partindo
do estudo das equações envolvidas no experimento e as análises dos respectivos gráficos, encontraremos as
velocidades dos objetos (1,36 +/- 0,03) m/s para a esfera; (1,14 +/- 0,03) m/s para o aro, aceleração de (0,62 +/-
0,01) m/s​² para esfera; (0,43 +/- 0,01) m/s​² para o aro, bem como os coeficientes “𝛃” para a esfera (0,38 +/- 0,02) e
o mesmo parâmetro, porém, referente à esfera: (0,97+/-0,05). Ambos serão comparados aos valores “esperados”
que, no caso da esfera e do aro são, respectivamente, “⅖” e “1”.

1. Introdução
O momento de inércia está associado à inércia de
rotação. Portanto, pode ser compreendido como
uma grandeza que estima a dificuldade de alterar
o estado de movimento de corpo em rotação.
Desse modo, quanto maior o momento de inércia Figura 1 -​ Aplicação da 2° Lei de Newton em um plano
de um corpo, maior será o grau de dificuldade horizontal​.
Fonte: Repositório Digital da Unicamp.
para fazê-lo girar ou para alterar sua rotação, Disponível em:
https:​//sites.ifi.unicamp.br/lunazzi/files/2014/04/JulianoC-Pedro_RF2.pdf​. Acesso
sendo assim, pode-se afirmar que o corpo em:21 out. 2020.
apresentará maior resistência ​à mudança em sua
À vista disso temos a seguinte relação:
velocidade angular​. Logo, é obtida a seguinte
relação: I = 𝛃m. r²
​ ​(II)

I = m. r² ​(I) 𝛃 pode ser entendido como um parâmetro que


depende somente da simetria de distribuição da
I: Momento de inércia (Kg. m² ); massa de um objeto. Portanto temos que:
r: Raio do objeto (m);
m: Massa do objeto(Kg).
𝛃 = ⅖ ​ para uma esfera
A imagem abaixo ilustra diferentes formas da 𝛃 ​= ½ para um cilindro
𝛃 =​ 1​ ​ para um aro
Equação I à medida que ocorre variação do
objeto em estudo. Portanto, para adquirir uma Momento de inércia no estudo da dinâmica das
fórmula que possa ser aplicada para os três rotações dos corpos
objetos ilustrados, é necessário estabelecer um
parâmetro que podemos representá-lo por meio A figura abaixo ilustra a superposição de dois
da letra grega 𝛃. movimentos: translação e rotação. Observando a
imagem, temos que o corpo passa da posição 1
para a 3. O movimento de translação ocorre a
partir do momento em que o mesmo desloca da
posição 1 para a 3 e o de rotação quando desloca percurso de cada objeto (esfera e aro) sobre a
da posição 2 para a 3. rampa para 5 distâncias diferentes do ponto onde
o mesmo foi solto até a extremidade da rampa.
Com o intuito de minimizar os erros das
medições do tempo de percurso, foram
realizadas 5 m
edições para cada distância, e desse modo, foram
obtidos os dados que estão contidos na ​Tabela 1.
Figura 2 -​ Representação da superposição de dois
movimentos básicos: translação e rotação.
Fonte: Repositório Digital da Alfa Connection.
Disponível em:
https://www.alfaconnection.pro.br/fisica/geometria-das-massas/momento-de-inercia
/aplicacoes-do-momento-de-inercia/​ Acesso em:21 out. 2020.

A energia cinética do corpo pode ser obtida a


partir da soma da energia cinética no movimento
de translação com a energia cinética no
movimento de rotação. Dessa forma temos: Figura 3- ​Montagem do experimento.
Fonte: Repositório Digital do Departamento de Física da
Ec = ½ mv² + ½ I𝛚² ​(III) UFMG.

Ec: Energia cinética (kg.m/s);


m: massa (kg);
I: Momento de inércia (Kg. m² );
𝛚: energia angular (​rad/s).

Através do que foi exposto neste tópico


poderemos dar continuidade ao estudo do
momento de inércia . Por intermédio dos dados
obtidos pelo experimento, será realizado uma
regressão linear e por meio desta, poderemos
determinar o parâmetro 𝛃 tanto para a esfera
quanto para o aro.
Tabela 1 - ​Dados do experimento.
Fonte: Repositório Digital do Departamento de Física da
2.​ M
​ etodologia UFMG.
2.1 Materiais
3. Resultados
1- ​ ​Rampa de comprimento de 1,5 m com suporte
de elevação em um dos lados; 3.1 Esfera
2- Esfera e aro; 3.1.1 ​Análise gráfica com os dados obtidos para
3- Trena; a esfera:
4- Cronômetro.
Sob posse dos dados contidos na ​Tabela 2 - a
2.2 Procedimento Experimental seguir - referentes à esfera, os adicionamos no
Software “MyCurveFit”, gerando uma regressão
Conforme exposto pela ​Figura 3​, foi utilizado linear.
para a montagem do experimento uma rampa de
comprimento de 1,5 metros e uma de suas Para utilizar a primeira equação, citada a seguir,
verifica-se a necessidade de linearizá-la, uma vez
extremidades foi elevada de modo que formasse
que a variável “x” apresenta uma relação
um ângulo ϴ=5° com a horizontal. Com o quadrática com o tempo. Sendo assim:
cronômetro, foi feita medição do tempo de x = ½ at²
Calculando as médias aritméticas dos tempos e Figura 4 - ​Gráfico da posição em função do tempo.
Fonte: Elaborado pelo autor
elevando-as ao quadrado, podemos gerar a tabela
a seguir, base para a geração da regressão linear.

Figura 5 - ​Dados do gráfico.


Fonte:Elaborado pelo autor.

Y= mx + C → m = ½ a
a = 2.m
a = 2.(0,3082974 +/- 0,005951)
Tabela 2 - ​Dados referentes à esfera manipulados da
Tabela 1.
Fonte: Elaborado pelo autor aceleração “a” = (0,62 +/- 0,01) m/s²
x = ½ at²
Y = mx + C ● Cálculo do tempo:
Sabendo que o “Y” corresponde à posição em
metros e “x” ao tempo ao quadrado, faremos um Partindo da expressão:
gráfico de posição (m) em função do tempo ao
x = ½ at²
quadrado (s ² ). Encontra-se
t = √2x/a
3.1.2 ​Determinação da velocidade (ve):
Para possibilitar o cálculo da velocidade “ve” Substituindo o valor do comprimento da rampa e a
será preciso aplicar as fórmulas de Cinemática aceleração encontrada:
para o movimento uniformemente variado: t = 2,20 s
Incerteza do tempo:
x = ½ at² e v = at Δt = t√ ( 0.5Δx
x )² + (
−0.5 Δa
a )²
Para obter o valor da velocidade, precisamos
primeiramente calcular a aceleração. Substituindo os valores e suas respectivas incertezas
na expressão, tem-se:
● Cálculo da aceleração: Δt = 0,02

Partindo dados da Tabela 2, geramos o seguinte Tempo “t” = (2,20 +/- 0,02) s
gráfico com os seguintes coeficientes:
Título: Gráfico Posição (m) ​versus ​Tempo ² (s ² )
Objeto Esfera
● Determinação da velocidade:

Para determinar a velocidade substituiremos o


valores obtidos para a aceleração e tempo na
seguinte equação:
v = at
v = 0,62. 2,20
v = 1,36 m/s
Incerteza da velocidade:
Δv = v √ ( Δaa ) ² + ( Δtt ) ² Δ = 0,02

Substituindo os valores e suas respectivas incertezas


na expressão, tem-se: Parâmetro - Esfera:
Δt = 0,03 (0,38 +/- 0,02)

velocidade “v” = (1,36 +/- 0,03) m/s


3.2 Aro
3.2.1 ​Análise gráfica com os dados obtidos para
3.1.3 ​Determinação do parâmetro 𝛃: o aro:
Sob posse dos dados contidos na ​Tabela 3 - ​a
seguir- referentes ao aro, os adicionamos no
● Valor esperado:
Software “MyCurveFit”, gerando uma regressão
linear.
𝛃= ⅖ ​ para uma esfera
De mesmo modo, para utilizar a equação a
● Valor encontrado:
seguir, verifica-se a necessidade de linearizá-la.
Para determinar o parâmetro será necessário
x = ½ at²
utilizar a ​Equação IV, cuja demonstração
Y = mx + C
encontra-se no ​Tópico 5.

2g.senθ.x Sendo assim, sabendo que o “Y” corresponde à


v² = 1+β ​ (​ IV) posição em metros e “x” ao tempo ao quadrado,
faremos um gráfico de posição (m) em função do
Substituindo os valores de velocidade, tempo ao quadrado (s ² ).
gravidade, “teta”, comprimento da rampa na
equação supracitada e isolando a variável Calculando as médias aritméticas dos tempos e
requerida, encontra-se: elevando-as ao quadrado, podemos gerar a tabela
a seguir, base para a geração da regressão linear:
𝛃 ​≅ ​0,38

3.1.4 ​Incerteza do parâmetro 𝛃:

A partir da ​Equação IV​ e, sabendo que “sen θ


.x” corresponde a “h”, obtém-se:

2g.h 2g.h Tabela 3 - ​Dados referentes ao aro manipulados da


v² = 1+β ​ β = v² -1
∴ Tabela 1.
Fonte: Elaborado pelo autor

Incerteza do parâmetro 𝛃:
3.2.2 ​Determinação da velocidade (ve):
Para possibilitar o cálculo da velocidade “ve”
Δ=√ ( )² + (
Δg
g
Δh
h ) ² + ( −2Δv
v )² será preciso aplicar as as fórmulas de Cinemática
para o movimento uniformemente variado:
Substituindo os valores e suas respectivas
incertezas na expressão, tem-se: x = ½ at² e v = at
Δt = t√ ( 0.5Δx
x )² + (
−0.5 Δa
a )²
Para obter o valor da velocidade, precisamos
primeiramente calcular a aceleração. Substituindo os valores e suas respectivas incertezas
na expressão, tem-se:
● Cálculo da aceleração: Δt = 0,03

Partindo dados da Tabela 3, geramos o seguinte Tempo “t” = (2,64 +/- 0,03) s
gráfico com os seguintes coeficientes:
Título: Gráfico Posição (m) ​versus ​Tempo ² (s ² ) ● Determinação da velocidade:
Objeto Aro
Para determinar a velocidade substituiremos o
valores obtidos para a aceleração e tempo na
seguinte equação:
v = at
v = 0,43. 2,64
v = 1,14 m/s

Incerteza da velocidade:

Figura 6 - ​Gráfico da altura em função do tempo.


Δv = v √ ( Δaa ) ² + ( Δtt ) ²
Fonte: Elaborado pelo autor.
Substituindo os valores e suas respectivas incertezas
na expressão, tem-se:
Δt = 0,03

Figura 7 - ​Dados do gráfico. velocidade “v” = (1,14 +/- 0,03) m/s


Fonte:Elaborado pelo autor.

Y= mx + C → m = ½ a 3.2.3 ​Determinação do parâmetro 𝛃:


a = 2.m
a = 2.(0,2139848 +/- 0,006582) ● Valor esperado:

𝛃=​ ​1 ​ para um aro


aceleração “a” = (0,43 +/- 0,01) m/s²
● Valor encontrado:
● Cálculo do tempo:
Para determinar o parâmetro 𝛃 será necessário
Partindo da expressão: utilizar a ​Equação IV, cuja demonstração
encontra-se no ​Tópico 5.
x = ½ at²
Encontra-se 2g.senθ.x
v² = 1+β ​ (​ IV)
t = √2x/a
Substituindo os valores de velocidade,
Substituindo o valor do comprimento da rampa e a
gravidade, “teta”, comprimento da rampa na
aceleração encontrada:
equação supracitada e isolando a variável
t = 2,64 s
requerida, encontra-se:
Incerteza do tempo:
𝛃 ​≅ ​0,97
4. Discussão de Resultados
3.2.4 ​Incerteza do parâmetro 𝛃:
A partir da equação IV e, sabendo que “sen θ .x” Através dos procedimentos, cálculos e resultados
corresponde a “h”, obtém-se: obtidos, observa-se que os valores calculados do
parâmetro se aproximam dos valores esperados,
2g.h 2g.h sendo estes dependentes apenas da simetria de
v² = 1+β ​ β = v² -1

distribuição da massa de um objeto.

Incerteza do parâmetro 𝛃:
No caso da esfera, por exemplo, encontrou-se
(0,38 +/- 0,02), sendo que o esperado é “2/5". Já
Δ=√ ( )² + (
Δg
g
Δh
h ) ² + ( −2Δv
v )² na situação do aro, encontrou-se (0,97 +/- 0,05),
sendo que o padrão é “1”, o que comprova a
Substituindo os valores e suas respectivas aproximação dos valores obtidos
incertezas na expressão, tem-se: experimentalmente e os padronizados. Por
conseguinte, verifica-se a validade dos
Δ = 0,05
procedimentos feitos.

Parâmetro - Aro: Ademais, comparando os valores de aceleração e


(0,97 +/- 0,05) velocidade alcançados para os dois objetos,
vemos uma diferença entre ambos, sendo os da
esfera superiores aos do aro. Com base nisso,
3.3 ​Estudo do ângulo θ :
nota-se a influência da simetria de distribuição
da massa do objeto, assim como sua massa e
dimensão (raio) podem acarretar nessa diferença,
concretizando assim o conceito de Momento de
inércia.
Figura 7 - ​Ilustração da montagem do experimento.
Fonte: Repositório Digital do Departamento de Física da 5. Questionário
UFMG.
Considere-se a situação de um objeto de seção
circular que desce uma rampa, rolando sem
Com base na ilustração supracitada e nos valores
deslizar, como ilustrado na Fig. 1.
retirados da ​Tabela 1​, podemos encontrar o
ângulo por meio de cálculos trigonométricos:
Sen θ = h/l;
θ =Arcsen (h/l)
θ =Arcsen (0,130/1,500) Figura 1 -​ Um objeto de seção circular desce um plano
∴ θ ≅ 4,99º ou 0,0871 rad inclinado.
Fonte: Repositório Digital do Departamento de Física da
UFMG.
Incerteza de "θ" :
( Δhh ) ² + ( −1lΔl ) ²
Utilizando a equação de conservação da energia
Δθ = θ√ mecânica mostre que, se o objeto é colocado para
rolar a partir do repouso, o módulo v de sua
Δθ = 0,0007 velocidade, após percorrer uma distância x ​,
medida a partir do ponto de que o objeto foi solto, Referências
será dada por
2g.senθ.x
v​ ² = 1+β
​(IV) [1] ​HALLIDAY, David, RESNIK Robert,
KRANE, Denneth S. Física 1, volume 1, 4. Ed.
Em que g é a aceleração da gravidade. Note que, Rio de Janeiro: LTC, 1996. 326 p.
nessa expressão, a velocidade com que um objeto
de seção circular atinge o final da rampa não
depende de sua massa ou raio, mas apenas da [2]​ ​“​Momento de inércia”. Prepara Enem.
maneira como essa massa é distribuída (b) em Disponível em:
torno de um eixo central, que passa pelo centro de https://www.alfaconnection.pro.br/fisica/geometr
massa.
ia-das-massas/momento-de-inercia/aplicacoes-do
-momento-de-inercia/​. Acesso em: 21 de outubro
Equação de conservação de energia de 2020.
:
E potencial​(inicial)​ + E cinética​(inicial)​ = E potencial​(final)​ + E
cinética​(final) [3] “​Aplicações do momento de inércia”. Alfa
E potencial​(inicial)​ + 0 = 0 + E cinética​(final)
mgh +0 = 0 + ½ mv connection. ​Disponível em :
mgh= mv https://www.alfaconnection.pro.br/fisica/geometr
Ec = ½ mv² + ½ I𝛚² (III) ​→ ​E cinética ia-das-massas/momento-de-inercia/aplicacoes-do
​I = 𝛃m. r² (II) -momento-de-inercia/​. Acesso em: 21 de outubro
𝛚 = v/r
h=sen​ϴ.x
de 2020.

E potencial​(inicial)​ + 0 = 0 + E cinética​(final) [4] ​MYCURVEFIT. Online Curve Fitting.


mgh = ​½ mv² + ½ I𝛚²
m​gh​ = ½ ​m​v² + ½.(​ 𝛃​m​. ​r² ​)​.​ ​(v²/​r​²)​ Acesso em: 22 de outubro de 2020.
gh = (​v²+​𝛃​v²/ 2)
2gh = ​v²+​𝛃​v²
2g(sen​ϴ.x)​ = v².(1+​𝛃)

v² = 2g.sen​ϴ.x / ​1+​𝛃

6. Conclusão

Considerando todos os conceitos, equações e


resultados obtidos ao longo deste exercício,
conclui-se que os valores encontrados conforme
os procedimentos experimentais, matemáticos e
de análises gráficas, verifica-se que estes se
assemelham ao padrão esperado. Sendo assim,
comprova a validade dos mesmos e sua
aplicabilidade.

Por fim, é possível compreender sob um olhar


físico procedimentos comumente vistos no
cotidiano, como a combinação dos movimentos
de rotação e translação, reforçando ainda mais
sobre a validade desta ciência exata.

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