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Departamento de Ciências Contábeis

MBA em Gestão Contábil e Tributária

Poder Real e Poder


Simbólico nas
Organizações
Prof. Flaviano Costa
PODER REAL

Para Foucault, a concepção de


poder é o conjunto de práticas
sociais e discursos construídos
visando disciplinar o corpo e a
mente de indivíduos e grupos.

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PODER REAL

Poder é a capacidade que tem uma classe social,


uma categoria social ou um grupo de definir ou
realizar seus interesses objetivos ou subjetivos
específicos, mesmo contra a resistência ao
exercício desta capacidade e
independentemente do nível estrutural em que
tal capacidade esteja fundamentada.

Faria (2004, p. 141)

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PODER REAL

Poder
Diz respeito à capacidade que A tem Dependência
de influenciar o comportamento de B, Relacionamento entre B e A,
de maneira que B aja de acordo com a quando A possui algo que B
vontade de A. deseja.

Faria (2007)
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PODER REAL x LIDERANÇA
 O poder não requer a compatibilidade de objetivos,
apenas a relação de dependência.

 A liderança requer alguma congruência entre os


objetivos do líder e dos liderados.

Faria (2007)
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TIPOS DE PODER

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DEPENDÊNCIA: A CHAVE DO PODER REAL
 Quanto maior a dependência de B em relação a A, maior o
poder de A sobre B.
 O que cria a dependência?
 A dependência aumenta quando o recurso controlado é
importante, escasso ou não substituível.

• Se ninguém quiser o que você possui, não haverá criação


Importância
de dependência.

Escassez • Oferta e demanda.

• Quanto menos substitutos viáveis tem um recurso, maior


Não substituição
o poder que seu controle proporciona.
Faria (2007) 7
PODER SIMBÓLICO

Para Bourdieu, as relações de poder


se reproduzem na forma de poder
simbólico. Trata-se de uma forma de
poder considerada invisível, legítima,
que só pode ser exercida com a
chancela dos dominados em relação
aos dominantes.

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PODER SIMBÓLICO
O poder simbólico reside
nos sistemas simbólicos
como uma relação
determinada entre os
que exercem o poder e os
que lhe estão sujeitos na
estrutura de um campo
em que se produz e se
reproduz a crença. Faria (2007)
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PODER SIMBÓLICO

Os símbolos, ou sistemas simbólicos, são


representações de práticas, de posições
sociais ou de funcionamentos diferenciados
de agentes ou classes de agentes, de forma
que os que aderem ao sistema de símbolos
precisam partilhar de seus significados.

Bourdieu (2004)

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PODER SIMBÓLICO

O símbolo de poder não se constrói por


si mesmo, mas é construído pelos
sujeitos de maneira que, se o mesmo tem
significado, é porque este possui o
mesmo sentido para todos os sujeitos da
relação de poder.

Bourdieu (2004)

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PROBLEMAS ORGANIZACIONAIS
PRODUZIDOS PELO PODER
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PROBLEMAS COMUNS

 Quando há alta concentração


de poder.

 Quando o poder é praticado


para que sejam alcançados
objetivos individuais.

 Quando se acredita que, para


um ter poder, o outro tem que
perder.
Faria (2007)
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PODER POLÍTICO
Habilidade política é a capacidade para
influenciar os outros de forma a alcançar seus
objetivos.
Comportamento político
Atividades que não são requeridas como parte do papel formal na
organização, mas que influenciam, ou tentam influenciar, a distribuição
de vantagens e desvantagens dentro dela.

Comportamento político legítimo Comportamento político ilegítimo

Comportamento político normal do Comportamento político que viola


dia a dia. as regras do jogo.

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PODER POLÍTICO – ALGUNS DESVIOS
1. Colocar a culpa nos outros 1. Atribuir responsabilidades
2. Bajulação 2. Desenvolver relacionamento de trabalho
3. Adulação 3. Demonstrar lealdade
4. Passar o “abacaxi” 4. Delegar autoridade

Rótulo: “Administração Eficaz”


5. Defender a retaguarda 5. Documentar as decisões
6. Gerar conflitos 6. Estimular a mudança e inovação
Rótulo: “Política”

7. Formar coalizões 7. Facilitar o trabalho em equipe


8. “Dedurar” 8. Melhorar a eficiência
9. Conspirar 9. Planejar com antecedência
10. Exceder nas realizações 10. Ser competente e capaz
11. Ser ambicioso 11. Mostrar preocupação com a carreira
12. Ser oportunista 12. Ser esperto
13. Ser astuto 13. Ser prático
14. Ser arrogante 14. Ser autoconfiante
15. Ser perfeccionista 15. Ser atento aos detalhes

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INTRIGAS ORGANIZACIONAIS
 Falar mal do outro: desafiar a ordem simbólica
acreditada significa estar exposto a mil e uma
maledicências.

 As intrigas ocorrem porque o sujeito deseja ocupar o


lugar do outro na estrutura de poder.

 Nesse contexto, a vítima é destruída simbolicamente,


e como resultado, seu trabalho ou possível sucesso
intelectual, pessoal ou profissional, são inviabilizados,
como nas antigas práticas inquisitoriais.
Faria (2007)
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INTRIGAS ORGANIZACIONAIS
Atitudes que podem ser observadas em
organizações:
 Pré-conceituar o outro sem aguardar seu
pronunciamento.
 Trocar o espaço do debate pelas intrigas dos
bastidores.
 Fugir dos enfrentamentos, ou jamais estabelecer
o diálogo aberto, preferindo falar do outro, no
público e no privado, na sua ausência.
Faria (2007)
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INTRIGAS ORGANIZACIONAIS
Atitudes que podem ser observadas em
organizações:
 Buscar, a qualquer preço, a promoção pessoal,
desqualificando o outro, manipulando conceitos,
fatos e informações ou mesmo mentindo.
 Negar ao outro manifestação e defini-lo por
palavras que ainda sequer pronunciou ou por
atitudes que sequer tomou.
 Julgar o outro por procedimentos tomados sem
considerar as razões que os motivaram.
Faria (2007)
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INTRIGAS ORGANIZACIONAIS

Se há distância entre discurso e atitude, se o


comportamento hipócrita se impõe sem se
assumir, se a covardia passa a ser o signo da
gentileza, é grande a possibilidade de se
encontrar o renascimento da prática
inquisitória, em que uma razão cínica ocupa
todos os espaços da vida cotidiana.

Faria (2007)
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INTRIGAS ORGANIZACIONAIS
 Não se pode esperar encontrar uma pura ingenuidade dos
indivíduos nas organizações.
 Divisão de liderança: motivo que alimenta intrigas. Quando o
poder (autoridade) é formalmente atribuído a uma pessoa
que, por não ter domínio das atividades operacionais, acaba
dependendo de quem deveria ser seu subordinado.
 Atracam-se, os competidores, pelos símbolos do poder;
incentivados pela “ética organizacional” baseada na
competição interna, no apetite pelo poder.
 “Poder” como motivação – pessoas com transtorno de
personalidade dissocial (psicopatas organizacionais).
Faria (2007)
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INTRIGAS ORGANIZACIONAIS – FASES DE
PERSONALIDADES DISSOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES
FASES DESCRIÇÃO
Na entrevista, o indivíduo mostra-se cativante, charmoso e
Ingresso na Empresa
seguro.
Indivíduo busca rapidamente quem tem voz ativa na
Avaliação organização. Constrói relações ativas com os funcionários
influentes.
Espalha informações falsas, intencionalmente, para ser
visto de forma positiva e os outros de forma negativa.
Manipulação Semeia desconfiança no grupo, criando intrigas e assim,
obtém o contrato individual com todos. Evita reuniões em
que deva se posicionar diante de grupo.
Abandona as pessoas que não são mais úteis, humilhando
Confrontação
suas vítimas.
Aplica o golpe, colocando os gestores uns contra outros e
Ascensão
toma o lugar do seu superior.
Faria (2007) 21
TRAMAS ORGANIZACIONAIS

A organização, na medida em que favorece a


mediação dos interesses em jogo que
constituem sua natureza, é o lugar
privilegiado das tramas, dos conluios, da
dupla linguagem, da encenação, construídas
pelas intrigas que se operam em seus
bastidores e que emergem disfarçadas no
plano formal.
Faria (2007)
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TRAMAS ORGANIZACIONAIS

 As atividades formais (reuniões, trabalhos em equipes


etc.) podem ser teatralizações, em que os indivíduos
são o que são, e, também o que pretendem que sejam.

 A organização permite o desenvolvimento de redes


simbólicas invisíveis, que funcionam como autênticos
subterrâneos.

 Neste mundo dos bastidores, que proliferam as tramas,


propagam-se as mentiras que pretendem se
transformar em fatos.
Faria (2007)
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TRAMAS ORGANIZACIONAIS

Quanto mais politicamente


desorganizados os grupos nas
organizações, tanto menor é a
possibilidade de sua
democratização e tanto maior é o
espaço dos bastidores.
Faria (2007)
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Referências
Bourdieu, P. (2004). O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
Cosenza, J. P., Teixeira Filho, A. C., & Lopes, R. D. S. S. A. (2012). Reflexão
sobre relações entre poder e contabilidade. Revista Contabilidade, Gestão e
Governança, 15(2).
Erler, I. S. (2014). Cultura organizacional e relações de poder: uma análise de
caso do centro de ciências da saúde da Universidade Federal do Espírito
Santo (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Espírito Santo.
Vitória, ES.
Faria, J. H. (2007). Poder Real e Poder Simbólico: O Mundo das Intrigas e
Tramas nas Organizações. In: A. P. Carrieri, & L. A. S. Saraiva. Simbolismo
Organizacional no Brasil, São Paulo: Atlas, p. 61-86.
Farjaudon, A. L., & Morales, J. (2013). In search of consensus: The role of
accounting in the definition and reproduction of dominant interests. Critical
Perspectives on Accounting, 24(2), 154-171.
Morgan, G. (2007). Interesses, conflito e poder: as organizações vistas como
sistemas políticos. In: G. Morgan. Imagens da Organização, São Paulo: Atlas,
p. 145-199.
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