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INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------------09
1.1- Tema--------------------------------------------------------------------------------------------------11
1.3- Problemática-----------------------------------------------------------------------------------------11
1.4- Objetivos---------------------------------------------------------------------------------------------17
1.5- Justificativa------------------------------------------------------------------------------------------18
1.6- Hipóteses---------------------------------------------------------------------------------------------19
2.1.1- 1º Encontro---------------------------------------------------------------------------------------52
2.1.2- 2º Encontro----------------------------------------------------------------------------------------58
7
2.1.3- 3o Encontro----------------------------------------------------------------------------------------62
2.1.4- 4º Encontro----------------------------------------------------------------------------------------70
2.1.5- 5o Encontro----------------------------------------------------------------------------------------76
2.1.6- 6º Encontro----------------------------------------------------------------------------------------85
2.2.11- Confrontação------------------------------------------------------------------------------------93
2.4- Quadro Síntese: Evolução do Processo Psicoterápico, Frente às Fases dos Encontros148
CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------------------------------149
REFERENCIAL TEÓRICO--------------------------------------------------------------------------155
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INTRODUÇÃO
natural dos movimentos individuais. Parecendo que a filosofia e postura que imprimem
liberdade acabavam por permear o âmago e anseio de desejos personalizados. Para tanto, foi
necessário apenas acreditar que todas as pessoas são livres em seus jeitos de ser.
isto constitui este trabalho. Este trabalho se fundamentou em uma análise de todo o processo
Centrada na Pessoa), teve-se a crença de que, como comenta Wood (2000), faz-se necessário
psicológico. Porém, utilizando a concepção de Rogers se pode afirmar que a ACP, também é
uma abordagem psicoterapêutica e, assim, inserida dentro da psicologia clínica, apesar de não
pseudônimo utilizado a fim de divulgar a existência de tal grupo. Ou seja, não há concepção
indefinida, o que importou no processo de construção deste grupo foi o interesse daqueles que
buscavam o serviço a fim de melhorar a sua dor, não importando qual fosse ela.
Este tipo de grupo foi formado no segundo semestre de 2003. A proposta inicial foi
feita por um aluno do curso de História da Unesc, mas este, logo abandonou o projeto que foi
estagiária, que cumpria o estágio curricular em Psicologia Clínica. Foram formados dois
grupo seria feita. Como o leitor, poderá observar, os resultados apresentados foram positivos,
passando assim para o próximo passo que será propor a coordenação dos estágios clínicos
Para implantação definitiva dos grupos de DA, seria necessário que se fizesse um
1.1- Tema
Pessoa (ACP) de Carl Rogers, nos relatos dos encontros do grupo de DA (Depressivos
Anônimos).
1.3- Problemática
ocorre as etapas pelas quais passa um grupo psicoterápico, os relatos desses grupos citados
por Rogers (2002), são de pequenos grupos e grupos domiciliares, todos limitados em espaço
meses.
É neste contexto que observamos ao final de seu processo evolutivo (final este,
levado em considerações a vida de Carl Rogers e não a própria abordagem) que a ACP é uma
nomenclatura que tem uma abertura a atuação do psicólogo no campo educação, facilitação de
grupo e psicoterapia clínica. Segundo Boianain (1998), Rogers despertou maior interesse em
aprofundar seus estudos de grupos na década de 70, quando a terapia não diretiva estava
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firmada e mais fundamentada, encontrando-se em sua terceira fase e com a nomenclatura de
Centrada na Pessoa, porém, sua evolução histórica, passou por três fases: a fase da Terapia
não-diretiva, fase da Terapia Centrada no Cliente e fase da Terapia Experiencial, até chegar
na abordagem centrada na pessoa, estas afirmações são encontradas em Rogers (1997), Gobbi
e Missel (1998) e Boianain (1998). Estes autores identificam a ACP como a primeira
psicoterapia que usa o termo cliente e o direciona a não passividade no seu processo
onde Rogers iniciou sua prática numa abordagem psicanalítica no uso de diagnostico e
terapia. Boianain (1998) confirma que a abordagem não diretiva passou a ser exposta com a
abordagem, quando Rogers juntamente com seus colaboradores passam a criar, uma estrutura
para a base teórica que já vinha sendo formulada. Conforme Boianain (1998), nesta fase, são
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destacadas três atitudes que fazem do terapeuta um facilitador: compreensão empática, a
“Terapia Centrada no Cliente”, por Carl Rogers em 1951, ainda nesta fase, houve uma
Gobbi e Missel (1998), afirma que a terceira fase teve início na década de 50 e 60,
Carmo (1974), em seus estudos, percebe Rogers introduz Russerl como precursor
dos conceitos fundamentais da ACP, com a descrição do homem como um ser consciente,
e ação são inseparáveis, essa ligação é o estudo do mundo e a consciência que não poderiam
por si e seus atos, sua existência precede sua essência o indivíduo não é passivo a realidade é
um ser totalmente responsável. A abordagem rogeriana é classificada por Gilles (1989), como
confiante no indivíduo, pois o entende capaz de optar a favor ou contra sua existência, aceitar-
se para além ou com suas contradições, para isto, coloca sua história individual à frente da
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“História”, compreendendo-se através de sua criatividade e não só de valores históricos e
empíricos.
Então, para esta terceira fase, Rogers pensou em um terapeuta mais humano, que
não atuasse dentro dos padrões resposta-reflexo, centrava-se nas dificuldades envolvidas na
relação, evitando tomar a iniciativa verbal, o foco do facilitador era na relação cliente-
Foi no final da década de 60 que Rogers começou a voltar seus estudos para os
grupos e tê-los como enfoque e muda a nomenclatura de sua prática para Abordagem
Centrada na Pessoa. Nesta época Rogers contribui para a formação de pequenos grupos não-
diretivos, em seguida passa a realizar encontros com grandes grupos, conhecidos como
workshops, sempre com o mesmo foco, entendido por Boianain (1998), como a
descentralização da liderança onde cada participante exerce seu poder pessoal junto com os
necessidade de haver mais estudo empírico e organizado dos grupos, já que até a época eram
nos grupos que realizava. Em 1970, publica o livro “Grupos de Encontro”, onde apresenta
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características dos grupos e nomeia algumas etapas percebidas por ele e sua equipe nos
grupos de encontro.
Entende-se que houve uma época em que as grandes indagações que se faziam eram
suas relações com o mundo exterior, quando em contato com novas pessoas e realidades
subjetivas.
1947, um importante tipo de estudo esquecido na sociedade moderna. Em 1947, foi realizado
veteranos de guerra, tinham como objetivo preparar conselheiros para tratarem dos
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regressores da guerra. A equipe percebeu a eficácia dos grupos intensivos, realizados com
estes conselheiros de guerra, onde eles tinham uma maior percepção de si mesmos e, a partir
disto, desenvolviam um clima psicológico seguro para facilitar o auxílio a estes regressores.
seu ambiente, também se tornou necessário perceber como acontece esta mudança individual,
pelas pessoas na fase de caos, até aceitarem o grupo como um organismo complexo,
Rogers (1983) descreve o seu interesse em estudar grupos, também, por perceber que
interesses individuais, que necessitam ser centrados nas pessoas. Seu foco é em facilitar
grupos que coloquem a autonomia individual em primeiro plano e a partir daí atualize o
sistema funcional deste, cada vez mais complexo, atendendo o interesse individual de todos e
de forma organizada. Para explicitar o motivo da busca deste interesse Rogers faz um paralelo
entre os meios de interesse (individual e social) das sociedades, de forma que justifica o foco
na pessoa:
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Nas comunidades dos índios americanos, encontramos padrões baseados em
ritos e filosofias das quais podemos tirar proveito. As primeiras
comunidades da civilização formam-se em torno de rios e portos e o
comércio mantinha unido seus habitantes.[...] O bem estar do organismo
total, do estado ou da nação é supremo. Autonomia individual torna-se
secundária, e cada pessoa é ajudada a se perceber somente como uma célula
de uma grande estrutura orgânica.
Na cultura ocidental, entretanto, há uma evidencia diferente, uma ênfase na
importância do indivíduo. A filosofia da democracia, dos direitos humanos,
os direitos a autodeterminação são os aspectos enfatizados. A partir desse
terreno, desenvolveu-se uma filosofia de vida específica - a abordagem
centrada na pessoa [...]. (ROGERS, 1983, pág. 54)
Quando faz este paralelo, Rogers (1983), não mostra interesse em fazer uma análise
mais sucinta da formação destas sociedades, seu interesse é apenas refletir sociedades que tem
1.4- Objetivos
II- Observar a presença das fases e respectivas características que Rogers e seus
grupo de DA.
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III- Verificar quais as interferências são causadas no processo de grupo dos DA com
do grupo.
1.5- Justificativa
atuação escolhida para cumprir seu estágio curricular em Psicologia Clínica e também
utilizada em sua atuação como facilitadora juntamente com seu professor-orientador nos
As análises descritas por Carl Rogers nos relatos de pequenos grupos e grupos
domiciliares são limitados em espaço e período, não há nenhuma descrição de grupos que
tenham tido encontros semanais e fossem prolongados por várias semanas consecutivas e com
abertura para novos membros no decorrer destes encontros. Daí o interesse em realizar tal
particular e sim ajudar o indivíduo a se desenvolver para poder enfrentar seus problemas.
Porém, foi usado o título de “Depressivos Anônimos” para formar grupos de encontros
facilitados por uma estagiária e um psicólogo que usaram como linha de psicoterapia a
Abordagem Centrada na Pessoa, a intenção deste título, foi o de reunir pessoas que tivessem,
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aparentemente a mesma queixa e pudessem expressar sentimentos similares, focando, assim,
A escolha deste perfil foi devido a grande procura do público que apresentava
queixas com sintomas de depressão, denominação dada a pessoas que, segundo Jaspers (2000)
A pesquisa aqui desenvolvida, não visa uma análise dos participantes enquanto
quadro psicopatológico da depressão, mas sim, uma análise dos participantes no processo
1.6- Hipóteses
II- As fases do grupo de DA, percebidas no relato dos encontros e analisadas através
sofre uma regressão, voltando a fases menos complexas, que exigem menor intimidade com o
existencial, porém não considera seus estudos como filosofia, mas sim, como uma abordagem
que acredita na potencialidade individual dos organismos, respeitando-os em uma atitude não-
evolução destes.
Para tanto, é necessário citar Carmo (1974), quando se refere a teoria de Rogers,
como de caráter fenomenológico, baseada nos conceitos de Husserl, que acreditava que a
consciência do ser so teria uma experiênciação, através do contato com outras consciências,
sendo assim, a ACP, tornou-se uma teoria baseada no conceito de si mesmo como construtor
de que as pessoas usam suas experiências para se definirem, estabelecem uma estrutura
através da qual as pessoas podem construir e modificar suas opiniões a respeito de si mesmas
em direção a uma melhora, cada um com sua capacidade própria, estas são inerentes a cada
indivíduo.
quando comparada a outras escolas que enfocam as relações sociais e estímulos do meio, de
personalidade como manipulada e controlada pelo estímulo do meio. Esta abordagem capacita
o ser humano com a visão de ser responsável, independente, determinado, apto a aprender e
A ACP acredita que todos os organismos vivos sejam eles, plantas, animais ou seres
indivíduos, perceber o mundo de uma maneira particular e individual e reagir de acordo com
vividas são entendidas de maneira totalmente integrada a realidade do eu, quando a noção de
indivíduo percebe o mundo de um ponto de vista particular, cada qual tem sua realidade
conhecimentos do que a percepção do indivíduo por si mesmo” (JUSTO, 2000, pag. 66).
Cada indivíduo vive num mundo subjetivo e pessoal, reagindo a estímulos de acordo com o
é entendida por Coppe (2001) como a teoria que mais tem contribuído para a Psicologia,
Psiquiatria e, principalmente para Rogers em sua abordagem não-diretiva. Esta teoria foi
estudos sobre distúrbio de linguagem. Para esta teoria, assim como na ACP, o corpo e a mente
são vistos como entidades inseparáveis e que atuam em harmonia para alcançar um
com o meio, é a organização de ambos, reagindo de acordo com seu campo fenomenológico.
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Conforme Mendes (2000), não existe a dicotomia entre o psicológico e o biológico
unidade orgânica, todo fenômeno é percebido no nível psicológico e fisiológico, ocorre como
de tal modo articulados que não podem ser isolados, exceto em situações anormais ou
artificiais, isto é, o organismo é uma só unidade, o que ocorre em uma parte, afeta no todo”
entendimento de que o organismo ora se expressa como figura, oras como fundo. A figura é a
natural. Natural, quando a relação entre figura e a totalidade do organismo são representadas
não está de acordo ao organismo, quando o comportamento é rígido, não espontâneo, é uma
reação pensada.
(1) Quanto mais completa for a forma pela qual o organismo todo encare um objeto do mundo externo, muito
mais constante será o objeto. Como na vida cotidiana acostumamos a considerar o mundo externo de um modo
completo, os objetos deste são figuras definidas, e em condições normais não ocorre nunca uma troca de figura e
fundo, e nem sequer há uma incerteza do que é figura e do que é fundo. (Tradução do pesquisador)
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Cada organismo é entendido por Justo (2000), como único, cada qual possui sua
percepção a estímulos e reagem a sua forma, não existem organismos iguais, todos são
diferentes um do outro, mesmo que tenham o mesmo ponto de vista objetivo. Nenhum
Justo (2000) diz que a atmosfera que envolve a teoria de Rogers é a confiança nas
potencialidades do indivíduo, nos recursos que o indivíduo tem consigo para solucionar
Leitão (1986), acredita que as pessoas, após uma auto-análise, têm suficiente força
para alterar o conceito que fazem de si mesmas, suas atitudes e comportamento, este potencial
homem como uma totalidade, um organismo que esta sempre em processo de transformação e
integração.
Acredita-se que o ser humano tem capacidade para enfrentar seus problemas de
isso todo organismo é digno de confiança e merece que seu ritmo seja respeitado e não
maior sua organização funcional. E essa tendência à complexidade é impulsionada por uma
constante criação e deterioração. Não esquecendo, que todo organismo é sujeito a falhas na
Para Rogers (1983), existem duas tendências que constituem a pedra fundamental da
Além destas características, a tendência atualizante é uma abertura para o novo, para
a criatividade. Parte daí a crença de que é o próprio cliente quem encontra a saída para os seus
problemas, desde que lhe sejam dadas as condições básicas para que estes problemas sejam
superadas.
Conforme Gobbi (2002), o meio externo pode oferecer as condições necessárias para
que o organismo sinta a necessidade de atualizar-se, estas necessidades podem ser desde as
necessidades mais básicas às mais elevadas (fome, sede, sono, insegurança, desamor, auto-
reconhecido por Rogers, onde qualquer reação do organismo tem o intuito em manter ou
aumentar suas riquezas, dirigindo-se a um funcionamento que tenha o dinamismo cada vez
mais complexo. Essa tendência dirige o organismo para que se desenvolva num sentido de
unidade e autonomia.
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Entende-se que todo organismo tende a complexidade, e quanto mais complexo,
maior sua organização funcional. Esses organismos são criados, deteriorados e, depois,
transformados. Todo organismo é sujeito a falhas na sua organização funcional. Usemos com
exemplo o corpo humano, ele é formado de átomos que constituem diferentes células e cada
uma com sua função específica, estas formam os tecidos, que formam os órgãos, que formam
os sistemas, que por sua vez formam o corpo humano, um organismo ordenado de forma
complexa com tendência simétrica. Sabemos que durante um bom tempo o corpo é
impulsionado a tornar-se cada vez mais complexo e mais organizado evoluindo de forma
rápida e precisa, porém em determinado tempo sua precisão diminui e entra em processo de
Pagés (1976), tem a compreensão de que todos os organismos possuem sistemas que
ou o contrário.
A outra é a Tendência Formativa, esta caracteriza o universo como um todo que está
são comuns a todos os seres em seus processos vitais e ecológicos de atualização de suas
ansiando em se tornar num todo com todos os organismos, com uma organização funcional
uma imagem de si, chamada de self, que pode ou não reagir a uma experiência de maneira
realista; ou seja, se o indivíduo se percebe como alguém "bondoso", ou seja, com uma
imagem positiva, e que corresponda as exigências do meio social onde vive, uma reação de
“raiva” quando desencadeada pelo organismo que não trará uma consideração positiva de si,
poderá até nem ser experimentada, ou, na melhor das hipóteses, negada, pois segundo a
imagem que o indivíduo tem de si mesmo, ele não é alguém que experimente este tipo de
sentimento.
Rogers e Kinget (1975), observam que o homem tem uma necessidade de ter
considerações positivas de si. Esta é uma necessidade universal e se faz sentir continuamente
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por todo ser humano. Então, para ter uma aceitação dentro dos valores sociais, o indivíduo
Rogers (1974), conceitua a imagem do “eu”, como self, que consiste numa estrutura
cognitiva construída a partir dos atributos e valores que a pessoa percebeu em si mesmo, esta
indivíduo que mobiliza sua energia para o crescimento e desenvolvimento passa a agir de
acordo com sua auto-imagem, elaborada pela experiência organísmica, e não com a imagem
O self é caracterizado por “self real” que é a percepção exata de si, e “self ideal” que
características que indivíduo gostaria de ter, é um ideal que traça para si, estas experiências
tem uma situação que causa desequilíbrio entre a experiência vivida pelo cliente e a percebida
partir de uma introjeção de valores que não são propriamente do indivíduo, mas de uma série
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de exigências feitas por sua sociedade. Ainda fundamentado nestas experiências, sabemos que
o organismo vai adotar comportamentos que são compatíveis com a sua imagem do “eu”.
congruentemente pelo organismo, por serem ameaçadoras e incompatíveis com esta imagem,
poderão desencadear uma tensão psicológica por essa não vivencia da experiência
organísmica. Quando acontece esta situação, diz-se que o indivíduo está em desacordo e sua
consideração positiva, os indivíduos tem como base para tal julgamento, valores e pré-
conceitos absorvidos durante suas experiências existenciais. Com isso, censura reais
sentimentos para “se moldar”, a uma imagem aceitável e menos ameaçadora para si.
mecanismo que evita o apoderamento do estado de angústia do ser. Isto é, as experiências que
não estão de acordo com o self ideal, são reconhecidas como ameaçadoras, por isso o
isso, Justo (2000), acredita na psicoterapia como uma forma de ordenar as experiências do
pensamentos do cliente que passa a tomar maior consciência e contato com seu material
crescimento que são consideradas de suma importância por ROGERS (1987) em qualquer
relação de crescimento (terapeuta e cliente, pai e filho, líder e liderado), pois facilitam as
esconder por trás de uma máscara de profissionalismo, tendo acessível, à sua consciência, os
Rogers (2001) acredita que quanto mais genuíno se conseguir ser na relação, mais
útil ela será. O terapeuta deve estar consciente de seus próprios sentimentos e estar disposto
para ser e expressar, pois se mostrar de forma real e genuína, facilita que a outra pessoa
coisas que não são e não sentem, esta atitude causa a falta de confiança, impedindo que o
terapeuta, visto que estas condições tornam maior a probabilidade de que ocorra a mudança na
personalidade do cliente.
sentido com relação ao cliente. Consiste em considerar o cliente como um todo, sem submetê-
lo a qualquer tipo de julgamento de valores sociais ou pessoais, para que este possa
atitudes.
e positivo e as configurações que esse material é apresentado no ato de relatar e pelo desejo da
mudança.
Por aceitação quero dizer uma consideração afetuosa por ele enquanto uma
pessoa de autovalia incondicional - de valor, independente de suas condições,
de seu comportamento ou de seus sentimentos. Significa um respeito e um
apreço por ele como uma pessoa separada um desejo que ele possua seus
próprios sentimentos à sua própria maneira. Significa uma aceitação de suas
atitudes no momento ou consideração pelas mesmas, independente de quão
negativa ou positiva elas sejam, ou de quanto elas possam contradizer outras
atitudes que ele sustinha no passado.Essa aceitação de cada aspecto flutuante
desta outra pessoa constitui para ela uma relação de afeição e segurança, e a
segurança de ser querido e prezado como uma pessoa parece ser um elemento
sumamente importante em uma relação de ajuda. ( ROGERS, 2001, pag. 38)
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Bowen (1987) acredita que quanto maior a aceitação do indivíduo pelo seu ser,
maior a facilidade em diferenciar o que realmente é do que é criado pela mente, e mais clara
significados pessoais que estão sendo vivenciados pelo cliente, comunicando este
lugar do outro como se fosse o outro, fazer com que este outro saiba que está sendo
Pessoa, algo de fundamental, pois implica em saúde, em “ser o que se é”, num sentido de não
ser guiado por um outro referencial, que não o da própria avaliação do indivíduo como sujeito
livre.
pessoal como se fosse o outro. “Em um sentido poético, é habitar temporariamente a vida do
outro, delicadamente, sem causar-lhe prejuízo”. (HOLANDA apud GOBBI e MISSEL, 1998,
pag. 59)
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Assim, para Rogers (1997) o grande mérito da terapia, portanto, é o de deixar com
que o indivíduo seja livre para experimentar todo e qualquer sentimento sem qualquer medo
de repressões sociais, uma vez que o terapeuta mantém uma atitude de aceitação, empatia e
problema. Em certa medida essa liberdade é provocada pela atitude amigável, interessada e
mesmo curam. Esses são os momentos em que todos os resultados conseguidos fluem,
liberando uma energia e uma vitalidade nos indivíduos capaz de vencer qualquer doença ou
diferença, trazendo harmonia e saúde. Todo esse resultado provém da união com outro, da
Ainda, em Santos (1987) existe uma similaridade com outras linhas quando se refere
ao momento mágico, por exemplo, o “mesmo cumprimento de onda” do qual fala Carl
Convém lembrar que o termo atitudes designa o fato de algo que não pode ser
praticado sem qualquer sinceridade e fora do contexto de uma relação terapêutica específica
com cada indivíduo. Portanto, não se trata ações pré-fabricadas para determinadas situações,
mas de atitudes vividas e experienciadas no momento de uma específica relação, tendo estas
atitudes um total imbricamento entre si, sendo uma totalmente dependente uma da outra.
cliente, sem julgar, ou interpretar o que é falado por ele. Este tipo de reflexão é chamado de
sentimentos e a elucidação. Reflexões estas, não tidas como via de regra ou técnica e sim
Viana (1996), entende a abordagem de Rogers, como um processo que não possui
um conjunto de técnicas, onde o terapeuta não resolve o problema do seu cliente ensinando-o,
ou dizendo-lhe o que fazer. O terapeuta deve produzir respostas que facilitem uma reflexão
espontânea do cliente, onde este começará a crescer e mudar utilizando o seu potencial de
crescimento. Estas não são consideradas técnicas, e sim respostas que auxiliam o terapeuta a
motivar o cliente para despertar a sua capacidade regularizadora e se tornar congruente a seu
self real.
Para Rogers & Kinget (1975) refletir a fala do cliente, consiste em resumir,
parafrasear ou acentuar a comunicação manifesta por ele. Esta resposta tem por efeito
acentuar o sentimento com é percebido pelo cliente, classificá-lo por meio de contraste,
ACP é a reiteração, conhecida também como reflexo simples, usado como forma de atitude
investigadora e analítica.
Segundo Gobbi e Missel (1998) a reiteração deve ser breve, de forma que resuma a
comunicação.
dos organismos, sendo assim a ACP centraliza a condução da terapia no cliente, é ele quem
decide quais direções tomar, mesmo porque, cada indivíduo sabe muito mais de si que do
outro.
A atuação do terapeuta é considerada por Coppe (2001), como não diretiva, esta é
uma forma de atuação não autoritária por parte do terapeuta. A idéia básica da ACP é realizar
intervenções que não sirvam como guia no processo psicoterápico. O terapeuta deve estar
experiências.
que vivem. Coppe (explica que a relação cliente/terapeuta, oferece condições para que as
espontaneidade dialógica do grupo e não tem intenções de liderá-lo. Tem consciência de que
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a inter-relação dos participantes tem um potencial natural de criação que tende à
complexidade e harmonização.
Deve notar-se que o estilo dos líderes e os seus próprios conceitos do processo
de grupo têm grande importância na conduta da experiência de grupo.
Contudo, tem-se verificado que, nos grupos sem líder em que os indivíduos
simplesmente se encontram intensivamente sem ninguém o que se chama de
facilitador ou líder, o processo que ocorre é semelhante a descrição dada. Por
isso, deve dizer-se que as suas variações depende a maioria parte das vezes,
do estilo ou ponto de vista do facilitador. (ROGERS, 2002, pag. 9)
grupo a criar suas próprias formas e ritmo com naturalidade. É através da contribuição criativa
dos membros, da participação espontânea entre eles, da espontaneidade dos fluxos dos
escutar e aprender uns com os outros, feedbacks, sem mais se sentir numa condição
ameaçadora.
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Uma equipe de facilitadores, segundo Rogers (1983), quando entra em um grupo,
deve estar preparada para conhecer e explorar novas áreas de sua própria vida, estar aberto,
a ser prejudiciais ao grupo e aos membros. Tais características são aceitáveis quando vindas
tentativa de dirigir o grupo por interesse pessoal não dito, se houver algum interesse que seja
dito, isto quando percebido pode destruir a confiança dos membros do grupo; avaliar a
eficácia do grupo pelo dramatismo; acreditar apenas num único tipo de atitudes, que exploram
um único sentimento, pois todo sentimento deve ter e ser visto com igual significado e
do grupo, isto faz com que o facilitador não esteja disponível e nem profundamente
consciente nos problemas dos outros; fazer interpretações dos motivos ou causas do
comportamento do grupo, pois pode estar um tanto errado, quanto certo, se estiver certo vai
sua defesa ou causando uma defesa extrema; apresentar uma proposta utilizando o termo “nós
faremos” isto pode se tornar uma forma manipulativa, cada membro deve ter a abertura para
espontaneidade ao grupo e pode servir como modelo de pessoa extremamente fria e analítica.
Nos grupos de encontro da ACP, o objetivo dos grupos de encontros é favorecer aos
participantes um ambiente confiante, para que todos se interessem e que se sintam à vontade
de se autodirigirem.
interpessoais.
constituição e reconstituição, à medida que ele vive e cria a vivencia grupal de que
participantes. Para Fonseca (1988) esta potencialidade parte das motivações, interesses,
grupo é dotado não só destas potencialidades, como também das capacidades de auto-
regulação e auto-atualização.
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Um grupo de encontro da ACP pode apresentar diversas etapas, algumas dessas
costumam a se revelar cedo, outras mais tarde, porém não há uma seqüência perfeitamente
definida.
Quando o facilitador esclarece sua não intenção de dirigir o grupo e que o grupo tem
liberdade de tomar o rumo ou assunto que preferir, a tendência é de ter um período inicial de
Muitas vezes essa atitude de espera gera revolta nos participantes que aguardam a
atitude dominadora e direcional do facilitador, mas ao invés, são eles próprios que tem de
criar uma estrutura organizadora, criar um comando que esteja de acordo com todos e um
pessoais. Há uma certa resistência em expressar o eu verdadeiro, por ainda, não ter criado
normalmente seria aceito pelo meio, o “self ideal”, gradualmente vão surgindo expressões
A expressão de sentimentos começa a ser cada vez mais constante, há uma descrição
grupo.
falta de confiança no grupo, receio de não ser aceito ou julgado pelo grupo.
forma utilizada para mediar a segurança ou não do grupo. É um tipo de expressão menos
confiança, propiciando a arriscar em deixar que o grupo conheça algumas das suas facetas
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mais íntimas, então torna a falar de si de uma maneira mais profunda. Isto só ocorre quando o
Habitualmente, a sua atitude é a de que aquilo que realmente sente deve ser
completamente inaceitável pelos outros membros do grupo. Para seu espanto,
descobre que é um tanto aceito, quanto mais verdadeiro se tornar. [...] Assim
uma das evoluções mais freqüentes é o sentimento de confiança, que começa
lentamente a construir-se e também um sentimento de calor humano e
simpatia pelos outros membros do grupo. (ROGERS, 2002, pag. 10)
tornando-se maior. Esses sentimentos são expressos de um membro em relação ao outro, ora
positivos, ora negativos, são expressões de sentimentos experienciadas no aqui agora pelos
membros do grupo.
a mostrar uma capacidade natural, espontânea e terapêutica para tratar a dor e o sofrimento
Torna-se comum esta sensação de autenticidade, por estar mais perto de sua
verdadeira personalidade, sem impor limitações ao verdadeiro ser, com ânsia em mudar e
Com o tempo, o grupo torna-se mais maduro e verdadeiro, passando a exigir de cada
membro a expressão de seu verdadeiro “eu” interior, pois há um clima facilitador que
membro que se esconda por detrás de uma máscara ou fachada. “Umas vezes com suavidade,
outras quase brutamente, o grupo exige que o indivíduo seja ele próprio. Que não esconda
seus sentimentos comuns, que retire a máscara do convívio social”. (ROGERS, 2002, pag.
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a adquirir dados do modo como é visto, observado e aceito pelos outros. O feedback pode ser
positivo e afetuoso ou negativo. Sejam eles do jeito que forem, são altamente construtivo
bem menos moderadas que os feedbacks, são mais agressivas, na maioria das vezes são
confrontações negativas. É uma reação mais direta e alterada, onde ocorrem questionamentos
Este tipo de reação pode deixar confuso o membro que está sendo atacado.
Alguns membros procuram a ajuda de outros fora do grupo e muitas vezes são
auxiliados pelos próprios companheiros de grupo, então, percebe-se que há auxílio entre os
Alguns percebem a capacidade que tem de ajudar, respeitar e perceber no outro uma
O encontro básico ocorre quando o grupo passa a captar a experiência que alguém
tentou exprimir, quando os sentimentos expressos são vivenciados pelos membros do grupo.
outro.
45
14- Expressão de sentimentos positivos e intimidade
assim, ocorrem mais pensamentos verdadeiros que são aceitos pelo grupo. O grupo se sente
Podem alguns criticar um líder tão envolvido e tão sensível que chora com as
tensões do grupo que tornou suas. Para mim, é mais uma prova de que,
quando as pessoas são sinceras umas com as outras, têm uma capacidade
espantosa para reconfortar uma pessoa, com afeição verdadeira e
compreensiva, quer essa pessoa seja participante ou líder. (ROGERS, 2002,
pag.42)
ouvir e percebem que são ouvidos, passam a se respeitar, tornam-se mais confiantes e seguros.
grupos, mas essas são características que Rogers (2002) percebeu, juntamente com seus
passam. Há sim, a importância dos efeitos sentidos pelo cliente ao passar por determinadas
meio.
Rogers (1997), acredita que a consulta psicológica, não precisa ser necessariamente
o único meio utilizado para a readaptação do individuo ao meio. É preciso uma perspectiva
que abra novos caminhos, permitindo que haja outros tipos de interferência para ajudar a
Muitas vezes, o tratamento médico, pode ser de grande valia, quando a alteração de
atitudes e de comportamento tem ação sobre cirurgias, dietas alimentares, hormônios e outras
medidas. Estes são tipos de tratamento que estão fora das perspectivas da abordagem, porém
Rogers (1997), afirma que muitas das interpretações podem não ser bem aceitas ou
entendidas pelo cliente, e elas só tem valor se forem compreendidas pelo cliente, caso
contrário não tem valia. O diagnóstico é visto como uma função essencialmente intelectual,
por isso há a preferência em se manter uma postura empática ao invés de interpretar o que é
dito pelo paciente, pois a empatia se enraíza na personalidade de quem a pratica e procura
evitar avaliações.
A pessoa é vista como centro, fazendo com que a preocupação de terapeuta e cliente
não seja o de resolver um problema particular, e sim ajudar o indivíduo a se desenvolver para
responsável e mais organizada. Aprendendo a reagir desta forma, torna-se provável que desta
Para alcançar este objetivo, o terapeuta deve atuar como um facilitador, permitindo
que a pessoa desperte em si uma determinação para a mudança, criando uma relação de
psicoterapeuta entende que o cliente é o único capaz de perceber seus significados, expressões
Para tal citação, faz-se importante expor Goldstein (1961), que acreditava que os
equilíbrio que pode levar o indivíduo a se adaptar ou readaptar à realidade, desde que o meio
Neste sentido, explica Justo (2000), que o processo conflituoso ou não saudável da
análise de atos e fatos escolhidos como tema de pesquisa de campo, dentro da abordagem
qualitativa.
anos.
Não houve seleção para a formação do grupo, apenas abriu-se vagas para pessoas
que se sentiam e se entendiam como depressivas. Estes participantes não passaram por
triagens, assim, não aguardaram na fila de espera da clínica e o serviço de psicologia ampliou
seus atendimentos ao público, para isso, os únicos dados obtidos foram nomes, telefones e
idades.
cedidas pelo professor-orientador. Devido a grande procura, foram abertos dois grupos de
O grupo escolhido para a análise, foi o grupo da tarde, visto que o outro já havia
O grupo foi conduzido por dois facilitadores, a estagiária Michele Rodrigues Gabriel
e seu professor-orientador Sergio Leonardo Gobbi, que não esteve presente em três encontros.
A duração dos encontros era de uma hora e meia e realizado uma vez por semana, durante
modo que seus sentidos não fossem alterados. (as expressões repetidas se mantiveram e as
Foram realizados seis encontros, todos tinham data e hora marcada, apenas um foi
cancelado, por motivos emergentes, caso contrário, seriam sete encontros relatados.
uma análise mais exata, quanto aos movimentos do grupo, as fases do processo psicoterápico
Foi analisada a presença de cada subcategoria, nos seis encontros do grupo de DA.
As falas ou momentos que demonstravam uma categoria de fase, foram expostas em seus
As falas dos facilitadores são utilizadas, apenas, para classificar os momentos das
categorias.
Para a exposição das fases do processo psicoterápico frente aos encontros do grupo,
de dados da pesquisa, com uma comparação das hipóteses levantadas e indicativos sobre
Número de encontros: 6
Pf 1 (2)- 44 anos
Pf2- 38 anos
Pf3- 52 anos
Pf4- 45 anos
Pf5- 20 anos
Pf6- 39 anos
Pf7- 21 anos
Pf8- 22 anos
Pf 9- 48 anos
Pf11- 54 anos
Pf12- 37 anos
Pf13- 43 anos
Pf14- 48 anos
Pf15- 26 anos
Pm3- 25 anos
Data: 09/10/03
Facilitador: Meu nome é Facilitador, conversei com minha estagiária e falei da idéia
de montarmos um grupo de DA. Bom, como vocês podem ver, a idéia deu certo. Gostaríamos,
que vocês nos vissem como membros do grupo, nossa intenção, é que a condução deste grupo
seja feita por vocês, nós dois estaremos aqui como facilitadores, algumas vezes iremos
tenho experiência com grupos, mas gostaria de aprender aqui com vocês, como membro e
(Silêncio).
Pf12: Bom, já que ninguém se apresenta, eu vou me apresentar. Meu nome é Pf12, a
minha depressão é por causa do meu marido, ele faz eu me sentir muito presa, às vezes, eu
fico muito agitada e ansiosa, dá-me uma agonia, uma raiva dele. Eu não gosto do meu marido
e acho que ele não gosta de mim. Eu tenho problemas no joelho, já pedi ajuda a ele para que
pagasse a ressonância magnética. Ele está lá na Itália trabalhando e ganhando bem, sendo
assim, poderia me ajudar, já que eu cuido dos nossos filhos. Mesmo assim, ele nem me ajuda!
Já cuido e crio os filhos e ele está lá na Itália, ganhando bem, poderia mandar dinheiro para eu
fazer essa ressonância, mas ele diz que não. (Choro) Eu passo dificuldades e sei que ele
poderia me ajudar, mas não está nem aí pra mim, quando ele chegar aqui no Brasil eu vou é
dar um pé na bunda dele, aí ele vai ver, o que custa ajudar a mãe dos filhos dele. (Choro) Eu
muito ruim, nós ligamos para ele e ele não quis ajudar, disse que não tem dinheiro, achou que
era mentira, não acreditou que ela tinha que operar o joelho, ele não está nem aí pra família,
Facilitadora: Talvez se ele fosse um pai e marido mais presente, diminuiria esta
Pf12: É, ele poderia ser um marido de verdade, mas quando ele chegar da Itália ele
vai ver a surpresa que estou guardando para ele, vou me divorciar.
(Silêncio).
Facilitador: Então, alguém gostaria de falar da dor que sente no peito, da angústia
(Silêncio).
Facilitadora: Quem já sentiu que as atividades, antes prazerosas, não têm mais graça
Pf3: Eu acho que todo mundo aqui entende muito bem disso (Suspiro, desta).
(Silêncio).
Facilitador: E então Pm3, como foi para chegar até aqui hoje? (Em seguida,
direcionou a fala ao grupo) O Pm3 já estava no grupo da noite, relatou-nos que havia tido
dificuldades para chegar até aqui, pois tem fobia, então nós o encaminhamos para a psiquiatra
comecei a tomar e estou me sentindo melhor, deu uma aliviada, hoje foi mais fácil chegar
aqui, não fiquei tão agoniado o coração palpitou, mas nem tanto.
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Pf12: É, eu também tenho isso, também sinto fobia, fico abafada.
Pf4: Eu, quando estava com depressão profunda, também tinha fobia, entrava em
pânico quando saía de casa, essa é uma sensação horrível, sem explicação, só sentindo para
entender, é algo incontrolável, quem nunca teve não consegue entender, porque é um absurdo
Facilitador: E você Pf3, como foi à sua semana? (Esta era membro do grupo da
Pf3: Eu tive uma recaída na semana passada, tentei suicídio mais uma vez, é que eu
tenho sentido muito desanimo, não tenho forças para me recuperar. O pior, é que estou
preocupada com minha filha mais nova, de 18 anos. Tenho medo que ela fique igual a mim e
tente suicídio, porque eu vejo que ela está desanimada, triste e se isolando. Estou me sentindo
responsável pela minha filha estar desse jeito, eu sinto como se eu tivesse culpa, que ela está
Pf11: Capaz, ela não vai fazer isso não. Não se preocupa.
Facilitador: Sim, ela pode fazer isso sim, acontece com alguns depressivos é comum
que aconteça.
Pf12: Há horas que nós ficamos mais ansiosa, né? Que parece que vai dar até uma
Pf3: Não, é o contrário, eu fico jogada na cama e não sinto vontade de fazer nada.
Tem dia que eu me estico para desligar a TV com o pé, que é para nem ter que me mexer
muito.
cochicharam juntos, alguns falaram em voz alta que já passaram por isto, e outros só
Pf6: Porque eu fico com um grupo de idosos e nossa! Eles tem um pique, mais pique
que eu, às vezes eu não consigo acompanhar, fico cansada e eles continuam.
Pf12: (Dirigindo a fala para o facilitador) Tu achas, que essa minha depressão é por
Pf2: Eu estou me segurando, as coisas tem sido difíceis para mim, mas eu me
Pf11: (Chamando a atenção do facilitador) Pois é, a minha filha tem esse problema
no joelho, o marido dela não está nem aí. O senhor como psicólogo, o que acha que ela
Pf8: Meu nome é Pf8 sou mãe da Pf9, a gente veio aqui para conhecer o grupo.
Pf9: Meu nome e Pf9, estou só conhecendo o grupo, não quero falar ainda.
Pf6: É, eu participo, nossa é muito bom! Distraio-me bastante, faz muito bem, eu
vejo essa disposição deles. É um exemplo de vida, bastante estimulante, pois eu já entrei em
depressão, fiquei anorexa, mas já consegui me recuperar, assim como me recuperei, gostaria
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que todos se recuperassem e vissem como é possível. Por isso que eu vim com a Pf5, porque
Pf5: Meu nome é Pf5, sou de Pedras Grandes, atualmente moro em Criciúma com
minha ex-cunhada, tenho 20 anos. A primeira vez que me senti deprimida foi aos 7 anos
quando descobri que fui criada pelos meus avós paternos, os quais tinha como pais. Descobri
que fui abandonada pelos pais, tinha-o como irmão e mesmo como tal, ele não me dava
atenção.
Pf5: Isso. E o meu pai biológico é meu irmão de criação. Quando eu nasci, a minha
mãe biológica foi embora e me deixou com meu pai biológico, que me entregou aos seus pais,
Pf5: Faz 3 anos que engravidei, os meus pais me obrigaram a casar. O casamento foi
de aparência, para satisfazer a vontade do meu pai. Mas, teve um dia em que cansei e decidi
me separar. O pai quis me mandar para fora de casa, mas, acabou me acolhendo, desde que eu
me mantivesse no quarto, longe dele e das visitas. Vivíamos discutindo porque eles se
preocupavam muito com a aparência, tinham vergonha de ter uma filha solteira e com filho.
Então, houve um dia que decidi sair de casa com meu filho e vim para Criciúma, onde fui
Pm2: Só me deixa falar uma coisa... Nossa, com o meu pai era assim também ele
sempre se irritava comigo, brigava por qualquer coisa. De manhã quando eu ia trabalhar, eu
acordava ás cinco da manhã, e o banheiro era no quarto dele. Durante uma semana ele ficou
resmungando. Eu nem fazia tanto barulho assim. Até que um dia, ele se levantou e veio para
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cima de mim, aí eu larguei um soco na cara dele, arrependi-me depois, mas valeu a pena, pois
Pf5: É, meu pai era assim também. Eu acordava de manhã, ia trabalhar, quando eu
voltava limpava toda a casa, sempre ajudando com as despesas, de certa forma, eu não
precisava deles para me sustentar e nem para sustentar meu filho. A minha irmã não fazia
nada, ficava o dia inteiro dentro de casa. Agora eles estão me convidando para voltar a morar
Pf4: Tu tinha era que ter chutado o balde, mandar todo mundo para aquele lugar.
Pf1: Ah, sim! Porque isso é o que melhor convém pra eles, sabem que tu fazes falta.
Em certas ocasiões, é melhor sentir saudades mesmo, porque se tu voltares provavelmente vai
Pf12: É o que eu vou fazer com o meu marido, espera-lo chegar e larga-lo.
Pm2: Quando eu não me sinto bem, gosto de plantar, isso faz com que eu me sinta
melhor.
Pm2: É, eu tenho uma plantação de aipim, ainda está crescendo, mas eu gosto, gosto
sim, de plantar.
Pf3: Às vezes, eu não tenho força, para fazer nada, nem sei como começar. Depois
que o meu marido se aposentou, começou a fazer os serviços que eu fazia em casa, agora
Facilitador: Pelo que percebo, às vezes, é preciso que nos desfaçamos de algumas
coisas que não nos fazem bem, ou então não fazermos algo que não queremos ou não está no
momento de ser feito.Nem que seja preciso dar um soco no pai, como fez o Pm2, trocar de
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emprego, reduzir as horas de serviço, conquistar o seu lugar na casa que foi invadido, mesmo
que a intenção de quem invadiu, foi boa. Há horas que é preciso chutar o balde.
retirando da sala).
Facilitadora: Para quem quiser dar continuidade aos encontros, eles acontecerão todas
2.1.2- 2º Encontro
Data: 16/10/03
(O encontro foi realizado com a presença de dez pessoas, todas vindas do encontro
agora estou fazendo tratamento medicamentoso, estou me sentindo melhor, mais animada. Já
senti a diferença, percebo que estou melhorando. Foi como se Deus tivesse colocado um anjo
Pf5: O meu filho veio da casa dos meus pais, voltou a morar comigo. Eu gosto muito
dele. Estava morrendo de saudades, mas ele me dá um desgaste muito grande quando fico
cuidando dele, toda a minha atenção se volta ao menino. Seu pai é muito ausente, só vê o
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menino algumas vezes, mas não faz muita questão, não pede para ver e nem procura. Nesse
final de semana, ele ficou com o menino, mas ficou me ligando, mandando eu ir buscá-lo,
senão ele iria me esquecer e não iria mais me reconhecer como mãe, mas eu só fiquei uma
semana longe do meu filho, ele só fica um final de semana ou outro com o garoto. Meu filho
vai é acabar esquecendo do pai. Na verdade ele queria namorar e com o filho não dá, aí ele
Pf4: Sim, o menino pode ficar contigo, sem o pai ver um tempão que não esquece? E
tu ficas uma semana sem vê-lo e o menino já vai esquecer? Capaz! Esse teu ex-marido é um
folgado.
Facilitador: Mas o que tu sentiste, foi relacionado à saudade do menino ou pelo o teu
Pf5: Pelo meu filho, eu estava com saudades dele. Eu fico com raiva porque ele
inventa que eu tenho caso com outras pessoas para só depois, aparecer com outra mulher, para
as pessoas dizerem que eu o troquei por outro e justificar por ele estar aparecendo com outra
mulher. Quando eu era casada, não no papel, só morando junto, nossa união era de aparência,
ele nunca deu importância ao filho, preferia vê-lo longe a dar a tenção e cuidados. Tive que
morar junto com ele por causa dos meus pais, mas ele nunca me tocou depois que casamos,
Pm2: Se eu encontro esse cara agora, eu nem sei o que faço, acho que eu o
esganaria. O cara tem um filho, que deve ser a coisa mais linda e não se importa, esse cara
contrário, tudo que ele queria era ver o filho mais vezes, mas a ex dele, não permite.
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Pm2: Quando entrei em depressão, tive crises de pânico e a mulher me deixou.
visitas ao meu garoto e estes são muito pouco. Na época da separação estava no meu pior
momento de crise, então contratei um advogado, não muito bom, ele acabou deixando quase
tudo para a mulher e conseguiu poucos dias de visitas, como eu não estava legal, deixei assim
para não me incomodar. Se eu pudesse, veria o meu filho com mais freqüência.
Pf4: Mas, Pm2, sabias que tu podes recorrer? Se tu estás com licença, tens vários
fazendo poucas horas, a princípio, depois entro no pique normal, se completar um ano de
licença poderei me aposentar por invalidez, por um lado é bom, mas na verdade, isto faria eu
(Silêncio).
Pf4: (Direcionando a fala à Pf7) Fala filha, conta a tua história do acidente.
Pf7: Como vocês estão vendo, estou andando de muletas. Foi um acidente que sofri.
Era a minha melhor amiga quem dirigia. Depois desse dia, ela deixou de ser minha melhor
amiga. Toda sua família começou a falar mal de nós, que queríamos enriquecer à custa deles e
do acidente. Isso foi horrível, porque ela foi culpada pelo acidente, ela estava dirigindo.
Pf7: É, eles vivem muito bem, só tiveram que pagar a conta do hospital e alguns
remédios, nós não a processamos, nem nada, só revogamos pelos nossos direitos. Mas eu fico
triste, porque eu não posso fazer nada, aí eu choro, sei que é temporário, mas sempre resolvi
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as coisas na hora, não deixava para depois. O que está me deixando deprimida é a situação
atual. Estou me sentindo amarrada e mesmo que eu saiba que é por pouco tempo, revolta-me
com o que está acontecendo sem poder fazer alguma coisa, sem poder me defender das
A Pf4: Nós temos uma amizade de muitos anos com a família desta garota, não
temos como cortar relações de uma hora para outra. A família dessa menina é uma família
muito complicada e problemática. Essa garota é a responsável pelo acidente da Pf7, e a mãe
dessa garota que estava dirigindo não admite o erro da própria filha, assim, a põe contra a Pf7
e eu. Inventa mentiras que a filha dela conta a várias outras pessoas.
Facilitador: A Pf2, parece estar melhor esta semana, visto que, na semana passada
casei, o meu marido não passou a noite de núpcias comigo e tem sido assim desde então. Eu
sempre me incomodo com as amantes dele, elas ligam lá pra casa, me enchem de desaforo. Eu
já coloquei Bina no nosso telefone e disse que a próxima vez que eu me incomodar com essas
mulheres, iria me separar dele, mas ele me ameaçou de morte, disse que prefere nos matar, eu
e os filhos, do que viver sem nós. Ele não admite que tem amantes, nega e ri quando é
Pf2: Eu gostaria que as coisas não tivessem sido assim, talvez se eu tivesse mais
experiência na época, nada disso teria acontecido, eu não teria me casado com ele.
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Facilitador: Bom gente, já estamos no horário, antes de encerrar gostaria que vocês
soubessem que tenho mobilizado muito com as histórias de vocês, gostaria de estar presente,
se fosse possível, quando essas coisas desagradáveis acontecem para dar uma ajuda ou um
empurrão em vocês. Mas, de qualquer forma, quero que lembrem que vocês estão no meu
2.1.3- 3o Encontro
Data: 22/10/03
(O grupo foi composto por doze pessoas, sendo que duas eram novas e uma era
facilitadora.)
Facilitadora: Boa tarde, gente! Como vocês perceberam, o facilitador não está
presente hoje, ele teve que se ausentar para participar de uma outra reunião.
(Silêncio).
Facilitadora: Vejo que temos novos membros hoje. Gostaria de propor a vocês, se
estiverem se sentindo à vontade, que nos falem dos motivos que as fizeram procurar o grupo.
procura?
Pf13: Fiquei sabendo que era um grupo de depressivos e então procurei. Mas assim,
eu não sei o que é a depressão ao certo, vim procurar essas respostas, quero saber como é, o
grupo, como alguns sentiram em dados momentos. O depressivo, em dados momentos, tem
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uma sensação de desânimo, falta de vontade de fazer as coisas que gosta e principalmente as
que não gosta. Já ouvi falar em momentos em que há uma doação, e uma entrega, porém esta
Pf13: Às vezes, há uma doação muito grande e uma certa necessidade em ter retorno.
Tem uma angústia quando as pessoas são boas para as outras, fazem favores para elas e não
Pf4: (Para Pf13) Eu acredito que a partir do momento que você dá, é porque você
quer. E se você quer retorno, o problema é seu. Algumas pessoas não estão nem aí se você foi
Pf1: A partir do momento que te doas para outra pessoa é porque tu queres. Não é um
favor que estás fazendo a ela, é para ti, mesmo que a outra pessoa peça, é tu que fazes por
Pf13: Sim, eu sei, mas digo de retorno profissional. Sou formada faz 12 anos e
trabalho na área de assistência social, contribuí muito, mas parece que não tive
reconhecimento, dei tudo de mim e não tive retorno, nem no meio social e nem nos aspectos
profissionais.
Pf13: É isso.
Pm3: Os aipins agora que saíram umas folhinhas, mas está, está crescendo.
Pm3: Ah! Sai dia 29, mas vamos ver, até que fui bem, acho. Peguei o resultado das
respostas.
Facilitadora: O gabarito?
comemoração.
Pm2: Nossa! Eu vi, mas credo! Preparei-me para pegar o menino na sexta à noite,
mas a ex-mulher disse que o traria no sábado de manhã. Não trouxe, liguei e ela disse que o
levaria só à tarde. Então, peguei o carro e fui buscá-lo. Chegando lá, ela disse que o menino
estava meio resfriado, que não era para eu levá-lo. Daí, eu me revoltei, saiu arrancando o
carro e bati no muro. Quando estava quase chegando em Criciúma, ela ligou dizendo que eu
poderia voltar e pegar o menino. Dei a volta no carro, peguei o menino e voltei. É esse tipo de
Pf4: Já vi tudo! Essa paixão enrustida. A dondoca diz que não vai deixar tu pegar o
menino e tu chegas a bater o carro, aí ela diz: Ai, bateu o carro por minha causa. Depois ela
liga dizendo que tu podes buscar o menino. Do jeito que ela quer, mesmo divorciados, ainda
Facilitadora: Essas situações onde tu te anulas, não são saudáveis pra ti. Vejo que na
maioria das vezes, foi assim que aconteceu, e se tu deixares vai continuar. Tu deixas que ela
aja dessa maneira contigo, e acredito que esta anulação não é muito saudável para ti.
Pm2: É, é...
Pm2: É que eu fico tão ansioso para ver o eu filho que eu nem ligo para nada. Eu só
tenho o fim de semana para vê-lo, tenho que ficar a semana inteira esperando e ela diz que
não vai dar. Claro que eu brigo com ela, chego a bater boca e tudo.
Pf4: Mas é isso o que ela quer, mostrar que ainda manda em ti.
Facilitador: Pm2, presta mais atenção nestas situações e vê o que tu tiras disto. O que
te faz bem, o que te faz mal, talvez algumas coisas acontecem porque tu permites. Começa
Facilitadora: Falando em filhos, como é que está o teu filhote Pf5? Estás com uma
cara boa.
Facilitadora: Então conseguiu disfarçar muito bem! Porque está com o cabelo
Pf5: Semana passada, fui receber o pagamento, eu estou afastada, passei pela perícia
secretaria me mandou esperar em outro lugar. Quando saí ouvi ela sussurrando: vai morrer
bem longe daqui. Isto me deixou muito chateada. Senti-me muito mal.Também, recebi uma
ligação do pai do meu menino dizendo que me ajudaria com o dinheiro para o médico e se
precisasse, mandaria o dinheiro para os remédios. Ele se nega a pagar pensão para o menino.
Eu já disse que se ele não pagar por bem, vai pagar por mal. Ele nunca ajuda o menino em
nada. Sempre dizia que não tinha dinheiro para comprar as coisas para a criança, mas quando
era para beber lá com os amigos, ele tinha. Bom, daí como ele me falou que ia mandar
dinheiro para o menino, eu peguei o meu pagamento e comprei uma roupa nova, para dar uma
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mudada no visual, Depois que aquela grossa disse: Vai morrer pra lá, me senti tão mal, tão
caída que eu pensei: Ah, hoje eu vou mudar, comprar algumas coisas que me deixem com
Pf5: Não, credo! Estou tão cansada, meu filho me deixa sem energia, tenho que fazer
todas as vontades dele. Ele não pára, é difícil de controlá-lo. Eu não consigo brigar com ele.
Pf4: Mas, às vezes, dar alguns tapas não é ruim, é preciso para impor limites.
Pf5: É que eu me lembro do meu pai e da minha mãe e eu não quero ser nada do que
Pf1: Olha, nem sempre bater ou brigar é sinal de falta de amor, é para o bem dele.
Sabe, ensinar que existem limites e nem tudo pode ser do jeito que ele quer.
Pf5: É, mas nem sei como fazer e não consigo. Sei que deveria, mas fico com pena,
tenho medo de ele não gostar de mim. Há dias que eu tomo remédio para dormir e fico zonza.
Ele fica chamando a minha atenção, diz que não quer dormir. Algumas vezes, resisto à
vontade dele, outras não. Também se estou muito cansada faço ate as vontades dele pra ele
Pf7: A minha sobrinha era assim, impossível, foi entrar na creche que melhorou da
água para o vinho. É que são muitas crianças e querendo ou não, as professoras ensinam a dar
limites.
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Facilitadora: Assim, tu podes ter mais tempo para ti, cuidar-se, arrumar o cabelo, ou
Pf7: É mesmo, assim quem sabe tu cuida mais de ti, sair com os amigos.
Pf5: Pior é que não tempo para sair, muito menos pra fazer amigos.
Facilitadora: Olha, então está comprovado que um tempo para ti vai te fazer bem.
Quem sabe tu arrumas um tempo, vai ver tu precisas um pouco disso. Ter tempo para poder se
Facilitadora: Lembra quando ela contou do marido, aquela história das outras
mulheres.
Pf2: É, ele foi criado assim, muito sem limites. Os pais dele nunca disseram para ele:
Meu filho, não faz assim com as mulheres. Esse tipo de coisa não é legal. Tanto que hoje ele
faz o que bem entende, sem se preocupar em machucar as outras pessoas. Por isso que eu
acho que tu deve prestar mais atenção nessas coisas, às vezes é preciso um puxão de orelha,
Pf5: Eu sei, mas é que, às vezes, não consigo. Também há vezes que eu digo que não,
mas ele insiste muito e como já estou assim, cansada, eu deixo. Credo que gênio ruim! Muito
Pf6: É mesmo, mas só diz quem conhece o pai dele de verdade, porque quem não
Pf5: O pai dele não faz nada para ninguém, só o que ele quer. Quantas vezes eu pedi
para ele fazer as coisas para o menino ou para mim e ele nunca fazia.
Pf4: Estão vendo, ainda é apaixonada. Só pode, outra apaixonada recolhida. Não é,
Pf5?
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Facilitadora: O que é que tu achas Pf5?
Pf5: Não, não sou apaixonada por ele, mas é que fico sentida porque ele nunca fez
nada por mim, não me levava para sair, nem para dar voltinhas comigo, agora que está
Pf7: Eu acho que é assim: como tu nunca namoraste mais ninguém, só ele, tu não
Pf5: É! Ele foi meu primeiro namorado, primeiro tudo. Acho que ele só queria tirar
um “sarrinho” mesmo. Aí, eu estava toda apaixonada. Como eu engravidei meu pai fez ele se
casar comigo e ele não queria, ficou revoltado. Depois do casamento ele ficou esses dois anos
sem olhar na minha cara direito, brigava comigo, não ajudava a cuidar do menino, só fazia o
que queria, não ajudava em nada, eu não podia falar nada ele já achava ruim, era tudo muito
Facilitadora: Pois é Pf5, parece-me que estás educando o teu marido, deixando o teu
Pf4: (Falando à Pf5). E o Pm2, vocês têm é que trocar os telefones para dar uma
Facilitadora: Um pode animar o outro a sair, a Pf5 pode começar fazendo uma
amizade com o Pm2, depois tu tiras ele de casa e vocês podem até sair para dançar.
Pf4: É ir na casa do rock, viu. Um resolve o problema do outro. Ela não tem amigos
Pf4: Nós estamos dando uma de cupidos com o Pm2 e a Pf5. É que nós gostamos
outro.
Pf4: (Falando ao Pm2) Viste, tu podes suprir a tua carência cuidando do filho dela, já
Pm2: É, a Pf5 estava falando daquelas coisas do ex, credo, eu já sou bem diferente,
Pm3: Ás vezes, eu preciso é dos nervos do Pm2, porque eu deixo as pessoas fazerem
Pf4: Oh! O Pm2 é muito parecido com essa aqui, (referindo-se a filha Pf7), qualquer
coisinha, já explode.
Pm3: É, mas teve um dia desses que eu combinei com o meu amigo de ele passar às
7h30min lá em casa para nós vermos o nosso estágio. Eu preciso terminar este estágio até o
final do ano, porque se eu passar no concurso, vou precisar do estágio. Aí deu 9h30min e ele
não tinha aparecido, quase que eu não ligo, mas a minha mulher que já é mais nervosinha,
incomodou pra eu ligar. Liguei e disse: Olha, tu vens me buscar pra nós irmos ver esses
negócios do estágio, porque eu preciso fazê-lo até o final do ano. Ele veio e nós fomos atrás,
Pf4: Viste! Se o senhor não tivesse ligado e exigido, não tinha conseguido marcar
estourado do Pm2, não que não resolva, mas se tentar amenizar o nervosismo, não deixar
Pf2: Eu sou assim, que nem o Pm3, os outros fazem o que bem entender.
Pf7: Eu já sou estourada, de tanto ficar berrando por qualquer coisa, mas ninguém se
importa. O meu caso é o contrario, eu tenho é que não falar nada, ficar quieta, aí eu acho que
Facilitadora: Gente, nós estamos no horário! Como fica para o grupo, podemos
2.1.4- 4º Encontro
Data: 29/10/03
(O grupo contou com a presença de nove pessoas, entre elas dois facilitadores e um
novo participante).
Pf3: Ai gente, ontem eu fiz uma correria com minha filha. Ela está com problemas na
Facilitadora: Nos encontros anteriores a Pf3, não tomava iniciativa para falar, ficava
sentada encolhida, surpreendeu-me por ter tomado a iniciativa para falar de um jeito
espontâneo e descontraído.
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Facilitador: Hoje temos um novo membro. Vou me apresentar a ti. Meu nome é
Facilitador, estou no grupo desde o começo, sou psicólogo e facilitador do grupo, mas vocês
podem me considerar como um membro e se sentirem à vontade para falarem e fazerem o que
Pf14: Meu nome é Pf14, moro em Criciúma e sofro de depressão desde os 7 anos, ora
melhoro, ora recaio, por isso a gente precisa de ajuda, porque é difícil se recuperar sozinha,
tomo medicamentos, mas eles não me ajudam muito, pois voltei a cair em depressão. Às
Facilitador: É muito fraco, né? Tu já estavas tomando antes e não estava conseguindo
dormir?
Facilitador: Mas amanhã tu tens consulta para ver se esse teu tratamento
medicamentoso, né?
Pf2: Tenho, amanhã eu venho. Pego a minha menina e venho. Só vou depender do
carro.
Pf2: Olha, foi bem. Estou me sentindo melhor sabe, mas, mas... Acho que forte não é
vinha para o grupo. Ele disse que não sabia. Aí, eu nem me estressei. Não quis bater boca com
ele. Deixei. Se der deu, se não der não deu. Então, as 16h, o meu filho veio me avisar que ele
Pf2: Ah é… antes eu perdia tempo batendo boca com ele. Entrava em discussão,
brigava, mas hoje eu nem liguei. Deixei como estava, porque não iria adiantar nada, e eu só
Pf14: (Fala direcionada ao facilitador) Escuta só, a gente pode falar tudo o que
quiser? É porque eu não sei se devo falar as coisas. Porque tu não me falaste nada, nem me
Facilitador: Quando tu te sentires a vontade para falar de ti e sentir que deves falar,
sinta-se à vontade.
Pf14: Ah! Tudo bem! Se bem que eu não sei se vou querer falar tudo o que penso a
hora que eu quiser, porque eu conheço o Pm2, ele é meu vizinho. Aí eu acho que ele vai ficar
um pouco envergonhado, não vai se sentir à vontade comigo aqui... Então, eu posso falar tudo
Pf14: É porque, eu acho, que tem é que botar para fora o que está incomodando.
Facilitador: Sim.
(Silêncio)
Pm3: Foi boa, né! Eu estava escutando o que ela estava falando da filha dela
(referindo-se a Pf4) e lembrei do meu filho. Ele já tem 23 anos e estava trabalhando e teve
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uma lesão na coluna. Aí, ligaram lá para casa avisando que ele estava no hospital, pois tinha
sofrido um acidente.
Pm2: Mas o senhor não ficou quase louco porque ligaram para tua casa e deram o
Pm3: É, mas foi quando eu cheguei em casa que me deram o recado, mas o menino já
tinha chegado. Então eu nem me preocupei. Mas já falei que é esse skate que vai dar problema
na coluna, mas ele não escuta, é teimoso disse que ele é que sabe dele.
Facilitador: Sim, ele já tem 23 anos, já sabe o que quer e o que não quer.
Pm3: Eu me preocupo muito com meu filho. Dou conselhos, preocupo-me com as
atitudes que ele tem, atitudes que algumas vezes não são de acordo com o que acho certo, mas
Pm3: Ah, eu fiquei um pouco triste essa semana. Chorei um pouco, mas já passou.
Facilitador: Talvez por essa visão cultural de homem, que homem não chora, tem que
ser forte, às vezes fica difícil para os homens saberem que podem chorar.
Pm3: É... Tem que chorar pouco. Eu acho que o homem que cuida da família, tem
que ser a pessoa mais forte da casa, por isso que eu evito chorar.
Facilitador: Mas é interessante saber que nem sempre a depressão e tristeza são as
mesmas coisas. Às vezes, quando os filhos se tornam independentes começam a cuidar de si,
os pais se preocupam, sentem que eles já são grandes e começam a cuidar de suas vidas, isto
pode deixar os pais tristes, mas não quer dizer que seja depressão.
Pm3: Eu sei o quanto isto é comum, mas sei que posso vir a me sentir sozinho, eu e a
minha esposa moramos em uma casa grande e sem os filhos. O espaço vai ser muito grande.
Pensando nisso já olhei outras casas menores para vender a minha e comprar outra.
74
Facilitador: Sim é um processo natural, os filhos acabam saindo de casa e sobra o
marido e a mulher, nada mais normal de que os pais sintam a falta dos filhos, a falta de gente.
Pf14: Ah! Mas depois vêm os netos, eles vão começar a andar para lá e para cá, vão
Pm3: É, é verdade.
Pm2: (Para Pm3) O senhor não ficou agoniado quando ligaram para sua casa dando
Pm3: É, eu fiquei sabendo quando cheguei em casa, mas o meu filho já estava lá.
Pm2: Nesta semana, ligaram para a nossa casa, falando que meu irmão estava jogado
lá no bar, porque alguns garotos haviam batido nele. Eu estava me sentando à mesa para
jantar, a mão tinha posto uma pizza no forno. Putz... Mas depois dessa notícia eu não consegui
Facilitador: Foram ligar justamente para ti? Como se não soubessem os problemas
que tu já passa.
Pm2: Nossa! Deu-me um embrulho no estômago que eu não consegui comer mais
Facilitador: Eu achei que tu estavas com uma aparência boa. Achei ate que tivesses
Pm2: Não, ainda estou muito magro, mas já foi pior. Ba! Eu já estive bem mais
magro.
Pf3: Ai, quem me dera se eu perdesse o apetite assim! Mas como eu quero não
consigo.
(O grupo dispersou.).
75
Facilitador: Eu estava conversando com a Pf5 e ela toma quatro tipos de
medicamentos. Também fica meio sonolenta. Então, gente vocês tem que começar a perceber
quando o desânimo e sono são causados pela medicação ou são sintomas de depressão.
Pf6: Eu já falei pra Pf5, eu acho que esta leseira dela é tudo por causa dos remédios
Facilitador: É, nós já marcamos com a Psiquiatria para ela. Amanhã ela vem aqui.
Falando nisso, como foi o primeiro dia do teu menino na escola? E o aconteceu no teu
serviço?
(Grupo dispersou).
vezes.
Pf3: Quem cuida dos meus remédios é o marido. Quando eu fico jogada é ele que faz
todas as coisas. Quando eu tento me meter para fazer o almoço, ele diz: deixa que eu faço. Eu
deixo mesmo. Ele cozinha bem, nem preciso fazer nada. Fim de semana quando vai gente lá
em casa é tudo ele que faz. Eu nem ligo, é melhor pra mim mesmo.
Facilitador: Dona Pf3, parece estar bem, está com uma carinha ótima.
Pf3: Tem que ser, né meu filho! Se a gente não se levantar, ninguém se levanta por
nós.
(O grupo dispersou-se).
Pm2: Deixe-me contar a vocês... Naquele dia que ligaram para a minha casa, falando
que o meu irmão tinha apanhado. Eu fui para o bar e corri atrás dos caras, mas não consegui
76
alcançá-los. Pulei o muro do dono do bar, mas este disse que ligaria para a polícia e nos
denunciaria por invasão domiciliar. Nossa! A sorte deles que conseguiram fugir, porque se eu
Facilitador: Puxa! Tu já tens se incomodado bastante, ainda vem mais estas coisas
Pf3: Oh! O Cris está mais revoltadinho, quando ele chegou aqui estava de cabeça
baixa, deixando a mulher mandar nele. Agora já quer sair batendo em todo mundo. Antes ele
falava que bateria, mas falava calmo, parecia que quase não tinha força. Agora parece que
Pm2: Parece uma coisa! Bati o carro, veio uma multa. Parece que quanto mais tento
Facilitador: Agora eu quero que tu penses, nessa semana, no que é teu e no que é dos
Pm2: É, parece uma coisa, tudo que é de ruim está vindo pra mim.
Facilitador: Mas, de certa forma isso tudo não é responsabilidade de ninguém, são
Facilitador: Acho que podemos encerrar por aqui, já estamos esgotando o horário.
2.1.5- 5o Encontro
Data: 12/11/03
facilitadora, quatro eram membros do grupo e uma era convidada de uma das participantes. A
Pf7 conseguiu vaga no atendimento individual, então, teve que abandonar o grupo).
Pf4: É, não está fácil, ontem levei a filha à delegacia para registrar a ocorrência do
acidente e ela não quis, bateu perna que não queria. Aí, o delegado disse que se der luxação na
perna e mais tarde ela quisesse processar a outra garota por causa do acidente ela não poderia.
Daí ela falou: Está bom, vou pensar, vamos embora que eu vou pensar. Agora, ela está lá
pensando, brava porque não consegue encostar o pé no chão e não consegue andar, então, fica
toda agoniada.
Pf4: E eu não sei, não conheço a minha filha, tinhosa. Mas agora ela esta melhor,
depois de quarta passada que ela fez a terapia ela ficou melhorzinha.
Facilitadora: Que bom, fico feliz em saber que a Pf7 está se recuperando. Assim será
Pf4: Graças a Deus! Porque só o que a gente tem falado lá em casa é acidente,
processo, processo e acidente. Isso já cansou a gente, mas deixa, deixa estar.
(Risos de todos)
Pf2: (Falando para a Pf3) Dá de perceber pela cara da senhora, que estás
melhorzinha.
Pf4: É verdade.
Pf3: Tanto senti, que falei pra essa aqui (Pf15, novo membro) vir comigo que ela iria
coisa.
Pf4: Podes fazer o que tu quiseres, se quiseres chorar, chora, se quiseres falar, fala.
Pf15: Meu nome é Pf15, vim conhecer o grupo porque a Dona Pf3, têm falado muito
bem de vocês e ela percebeu que eu não tenho estado muito bem, são várias coisas que têm
me acontecido e aconteceram.
Pf3: É que quando ela estava grávida de três meses, o marido dela morreu.
Pf15: É, foi uma barra muito forte, ter que criar minha filha sozinha, sem ninguém
para ajudar. Sem ninguém, não, tinha minha mãe, mas não era o que eu queria. Eu fiquei com
depressão pós-parto de não querer nem olhar a menina. Eu fiquei jogada, cheguei a ser
Pf15: Aí, eu fiquei lá por um tempo, e tive que começar a me recuperar. Bom, eu me
recuperei, mas há vezes que eu olho para minha filha e penso que seria melhor que ela nem
tivesse nascido. É até um pecado, que Deus me perdoe, mas, às vezes, eu imagino que se eu
não estivesse grávida do meu marido na época que ele morreu, não seria tão ruim.
Pf15: É o que eu penso. Não teria sido essa barra e que eu não teria entrado tanto em
depressão. Quando eu descobri que estava grávida, o meu marido já tinha morrido.
recuperação, mas foi pior ainda. Hoje eu não me sinto mãe. Eu sei que é horrível, mas para
Pf2: Mas isso é normal que aconteça, ainda mais passando pelo que tu passaste.
Pf15: É que a minha menina foi praticamente criada pela minha mãe, na época eu
estava com síndrome do pânico, não conseguia sair de casa. Tudo que eu ia fazer eu ficava
Pf15: Bem assim mesmo, sempre maquinando. Quando eu pensava em fazer alguma
coisa a mente começava, pipipi, pipipi e pipipi, aí eu acabava não fazendo nada.
(Risos do grupo).
Pf15: Então tu sabes do que eu estou falando né! Era uma loucura, o estômago
embrulhava, eu me sentia fraca, aí não pegava a menina com medo de deixar cair no chão, ou
me dar uma tontura. Quando eu ficava sozinha, ficava apavorada porque poderia acontecer
Pf4: É, eu sei, é bem assim, tudo a gente tem medo de fazer, tudo pode dar errado, a
gente pensa nas diversas maneiras de dar errado e acontecer algo de ruim com a gente.
Pf15: É bem assim mesmo. Com todo esse medo eu não fazia mais nada. Acomodei-
me, deitei na cama e ali fiquei. Foi por isso que mandaram me internar.
Pf4: Bem, agora que a minha filha não participa mais do grupo, está fazendo
individual com a facilitadora, eu me sinto mais à vontade para relatar a minha vida para
vocês. Eu também perdi o meu marido. Eu tinha duas filhas e foi uma barra. A minha vida
80
começou a cair. Tudo começou a cair, foi desagradável demais. Eu acredito que foi onde tudo
começou a explodir. Porque na verdade a minha vida foi assim: perdi o meu pai com quatorze
anos, ele estava no hospital, de repente morreu de um dia para o outro. Mas eu não chorei com
a morte do meu pai. Não sofri muito, também porque ele não era um pai muito presente. Não
era apegado a nenhum filho, só se preocupava em trabalhar e botar comida dentro de casa,
mas em dar atenção aos filhos, carinho, nunca foi o jeito dele. Foi aí que minha vida começou,
porque aos quinze anos, eu pulei a janela do meu quarto e fui embora. Com dezessete para
dezoito anos eu casei. O meu marido era uma pessoa muito boa, era um homem fantástico. A
gente se dava super bem. Ele sempre foi muito carinhoso e muito afetuoso comigo. Foi um
homem maravilhoso. Aí, quando ele morreu, eu perdi toda minha força. Aí o que eu não
chorei quando meu pai morreu, eu chorei quando o meu marido morreu. Eu acho que aí eu
juntei tudo.
Facilitadora: Também porque o teu marido representou uma figura masculina muito
mais presente não é? Era carinhoso, atencioso, afetivo. Quando ele morreu, tu tivesses muito a
perder.
Pf4: É verdade, foi com o meu marido que eu me sentia amada e segura.
Pf15: Sabe que ouvindo ela falar da figura do marido, eu me lembrei que realmente
um homem faz muita falta, porque quando a minha filha nasceu, havia a minha mãe para
cuidar da menina, eu cuidava, não faltava nada pra ela, mas eu queria que o pai dela estivesse
ali, cuidando da filha. Aquela situação me revoltava. Eu sentia falta era daquela figura
masculina, o pai da criança, isso era revoltante. Aí, a minha vida ficou um inferno. Nós dois
nos separamos na época em que engravidei, mas nós ainda nos gostávamos muito. Quando ele
meu marido. Aí eu não sentiria falta de nada, não teria sofrido tudo o que eu sofri. Depois que
ele morreu, eu tive que me desdobrar em duas. Agora eu sou o homem da casa, eu tive que
aprender a me virar sozinha. Eu acho que é por isso que não me caso, porque não tem um
homem que me faça sentir segura. O meu marido era muito tranqüilo, me passava muita
segurança. Eu batia o carro, ligava pra ele, ele me fazia resolver as coisas com muita
facilidade. Ele não esquentava a cabeça por pouca coisa. (Risos). Acho que ele não
esquentava a cabeça com nada. Eu viajava, ficava um mês fora, ele não me fazia nenhum
interrogatório, confiava muito em mim e muito nele, era um casamento muito seguro, a gente
se dava muito bem. Por isso, à vezes, eu imagino que seria melhor que eu não o tivesse
conhecido. Eu não saberia das coisas que me fazem falta. Sabe, depois que ele morreu eu tive
que me tornar uma pessoa muito forte. Eu tive que dar segurança para as minhas filhas, a
sobrinha e o namorado.
Pf4: É, e pra mim, quem vai dar segurança? Eu não tenho mais isso. Foi só o meu
marido quem me fez sentir segura. Tanto que eu nunca falei nada sobre isso nas reuniões
quando a minha filha vinha, para também dar espaço para ela, para cuidar dela primeiro.
Depois que o meu marido morreu, eu tenho feito uma luta diária para não cair em depressão.
Tento me manter ocupada o tempo inteiro, preocupo-me com todas as pessoas, sejam elas
quem forem.
Facilitadora: É, eu vejo que tu és uma pessoa muito forte. Que está sempre dando
atenção para todo mundo, preocupando-se com todo mundo. Mas que não demonstra que tem
choro, mas ninguém vê, e depois eu já me levanto, já começo tudo de novo, toco a bola para
Pf4: Caio, caio e não me levanto mais. Depois que o meu marido morreu, eu fiquei
com uma depressão horrível. Foi muito difícil me levantar. O meu marido morreu de uma
hora para outra, ele estava no hospital. Fazendo tratamento e de repente morreu. Ele tinha que
filtrar o sangue, pois o problema que tinha, criava uma membrana no canal dos rins, assim
produzia pouca urina. No dia que ele recebeu alta, os rins entupiram, o canal fechou e entrou
líquido nos pulmões e outras coisas. Aí que eu vi como é muito fácil morrer. As pessoas
Pf4: Ele fez falta para muita gente, nossa. Se eu tivesse casado com outro, não teria
sofrido tanto.
Pf2: É, o marido de vocês tão bom, e morre cedo o meu é um credo nosso.
Pf3: (Para Pf15) É que o marido é igual ao teu pai com a tua mãe.
Pf2: É.
Pf4: Olha, mas você nem deseja a morte dele, porque você não sabe o quanto faz
falta.
Pf2: Não, nem é isso. É que eu entendo assim, né. A falta que o teu marido deve ter
feito. Eu me coloco no teu lugar e imagino como ele deve ter sido importante e a falta que ele
te faz.
mim. O meu marido é todo ao contrário. Eu acho que eu preferia ter vivido uma história assim
do que estar na minha história. Na verdade, essa é o tipo de coisa que eu não conheço.
Pf4: (Fala direcionada a Pf2) E tu hoje, ficou tão quietinha, fala um pouquinho.
Pf2: Não, não, hoje eu estou bem. Eu estou aqui quietinha, mas estou só ouvindo.
Nem sempre é preciso falar. Muitas vezes a gente aprende só escutando. Pelo menos eu
dali.
Pf15: A gente até vê que existem problemas maiores ou iguais aos nossos. O meu
problema já não parece tão grande. Tem gente que sofre tanto quanto eu.
Facilitadora: O grupo tem essa vantagem. Várias vezes eu vi um dando dica para o
outro aqui dentro, mostrando-se preocupado com o outro e tentando achar uma solução para o
problema de alguém.
Pf2: Eu quem diga. Como melhorei depois que vim pra cá.
Pf4: E o senhor Pm3, como é que estão os aipins? Ficou quietinho, hoje.
Pm3: Passei, na quarta-feira retrasada saí daqui e fui lá ver, e o pior é que eu passei.
Facilitadora: Pior?
84
Pf4: O que é isso seu Pm3? Pior? O senhor não queria passar?
(Risos do grupo).
Pm3: Foi bom. (risos). É modo de dizer, de trinta e seis eu fiquei em décimo oitavo,
bem no meio.
Pm3: Está sendo ótimo. Ontem, levei-os para terem aula na rua. Dei aula prática, fiz
eles plantarem uma muda de eucalipto, falei da pirita, da substância que se usa para anular o
efeito dela.
Facilitadora: É, muitas vezes, a aula prática faz com que os alunos aprendam melhor
Pm3: Eu também acho! Agora, quando eles forem plantar alguma coisa, eles vão
lembrar.
Data: 19/11/03
(O encontro foi realizado com cinco pessoas, sendo que uma era facilitadora. O outro
facilitador teve que participar de uma reunião na universidade e não pode permanecer no
grupo).
Facilitadora: Bom gente, como vocês sabem, este é o nosso último dia, gostaria que
vocês deixassem seus telefones para nós entrarmos em contato com vocês no semestre que
Pf6: A Pf5 pediu para avisar que está doente e muito fraca, então teve que voltar a
Pf3: É uma pena que o resto do pessoal não veio hoje. O Pm2, o Pm3 e os outros para
a gente saber como é que eles estão. Se já voltaram a trabalhar ou não. Essas coisas, não por
curiosidade, mas é porque a gente gosta deles mesmo. Por exemplo, a Pf5 a gente já sabe que
Pf6: É verdade, a gente se apega às pessoas e fica querendo saber como elas estão, se
o aipim já cresceu (risos), se está trabalhando, se teve uma recaída ou se tudo está na mesma.
Pf3: É mesmo, né? A gente se apega nestas criaturas. Eu estou louca para saber como
eles estão.
Pf6: Nós poderíamos ligar para eles, saber como eles estão. Tu (referindo-se à
facilitadora) poderias ligar para eles, ver como estão e nos ligar dizendo.
Facilitadora: Tudo bem, eu ligo para eles, depois ligo avisando como eles estão, mas
Pf2: É, pode ser. Ainda bem que acaba hoje, pois estamos em poucos, é melhor
informações e experiências. Então, gente, eu ligo para eles e dou o retorno para vocês.
Pergunto como eles estão e depois conto pra vocês. E falando nisso como vocês estão. Como
Pf3: A minha semana foi uma beleza, há umas meninas que ficavam esperando a
minha filha no terminal para bater nela por causa do namorado que a minha filha tem e elas
querem também. Peguei a guria e perguntei: quantos anos tu tens? Ela me respondeu: 22
anos, com a boca bem cheia. Aí eu falei: Então tu já és maior de idade. Peguei nas tranças
Facilitadora: Mexeram com a sua filha e a senhora virou uma leoa? Nem parece
aquela mulher que entrou aqui no primeiro dia. Retraída, com a fala baixa e com aparência de
vulnerabilidade.
Pf3: Mas credo, eu nesse estado doente, elas ainda vêm incomodar eu e o meu
marido. Peguei naquelas trancinhas e levei até o chão. Ai, credo, se grudo naquelas trancinhas
de novo!
Pf6: Nossa Dona Pf3, fiquei admirada, não imaginei que a senhora tinha essa garra,
Pf2: Eu também, não imaginava que a senhora tivesse essa coragem. Mas a gente que
é mãe, entende que quando é com os filhos, essa força aparece não sei de onde.
Pf15 (sobrinha da Pf3): Essas gurias ainda tiveram a audácia de chegar para minha
prima e dizer que ela já podia andar por onde quisesse e fazer o quisesse que não
incomodariam mais.
Pf15: Mas é claro! Quanta petulância, loucas pra ficarem sem trança.
Facilitadora: Então dona Pf3, mexeu com a sua filha a senhora puxa as tranças.
87
Pf3: (risos) A velha aqui é brava.
Pf6: Abandonada pelo namorado, o Dr. A. está morando em Joinville. Eu nem sei
mais se é namorado mesmo, faz tempo que a gente não se vê. Andei emagrecendo de novo
com essa correria de final de semestre. Acho que vou reprovar em algumas cadeiras, mas tudo
bem.
Pf6: Não, não era há muito tempo não, mas eu me apeguei bastante a ele, porque
sempre estava cuidando de mim, fazendo alguma coisa para eu comer, mandando eu fazer
exames de sangue, por causa da minha bulimia. Então era muito bom quando ele ainda estava
Pf15: É, porque se vê quase sempre, quando mora longe não. A gente se vê lá uma
mas ninguém da minha família sabe. Eles acham que ele é só meu amigo, nós somos bastante
discretos.
Pf15: Estou, ele é muito carinhosinho, atencioso. Adora a minha filha e me adora. Eu
acho... (Risos)
88
Pf3: Daqui a pouco está casando de novo.
Pf15: Deixa.
Pf15: Um pouco de cada, primeiro a distância para se conhecer devagar, depois que
Pf2: É... Tive uma recaída, por causa daquele lá (referindo-se ao marido), mas vai
Pf2: Acho que não, não quero ficar enchendo vocês com a história da minha vida,
que são, somente, coisas ruins. Ninguém gosta de ouvir coisa ruim.
Pf3: Que nada, deixa de ser boba, cada um escuta cada um, já contei um pouco dos
meus problemas e todo mundo me ouvia. Agora olha aqui como é que eu estou. Tem de falar.
Pf6: É, na semana passada só tu que não falaste, nós estamos aqui pra falar. Se a
Pf15: Semana passada fui só eu quem falou, agora essa semana é a tua vez.
Pf2: Eu tenho um cunhado, que de vez enquando vai lá em casa e fica escutando as
minhas lamentações. É só ele que fico incomodando com as minhas coisas, não quero ficar
Pf2: Lá no Sangão.
Pf2: Eu fui no mercado fazer as compras e quando fui assinar a nota, estava lá o
nome dela. É quase nossa vizinha, mora bem pertinho da nossa casa. De vez enquanto ela
ligava, eu já estava desconfiada que era ela. Agora eu tenho certeza. Uma vez eu passei lá
pela frente do bar onde eles ficam e ela estava lá. Quando ela viu que era eu dentro do carro,
ela virou bem rápido de costas. O pior é que ela é uma prostituta e nós não vivemos tão bem
Pf3: Viu, já é mais um motivo para ti não transar com ele sem camisinha, tem de se
cuidar!
Pf2: Mas a gente nem tem mais relações sexuais. A gente dorme em quartos
separados. Há noites que ele chega de porre e deita na minha cama onde eu durmo com a
Pf15: Tu já pensaste em gastar tudo o dinheiro dele para ele ficar sem e não gastar
com a amante?
Pf2: Já, mas não deu certo. Ele ficou mais irritado e nervoso. Ontem eu estava
cozinhando arroz e ele estava todo atacado. É porque não tem dinheiro pra beber e dar pra ela,
aí, ele derrubou a panela de arroz no chão e foi juntando todo atacado, bem envergonhado. O
menino, quando quer alguma coisa, vem pedir para mim e não gosta de pedir ao pai. Aquele
lá não tem amor por ninguém. A única pessoa que ele dá atenção de vez enquando é a menina.
Na rua é bom pra todo mundo, mas é só botar os pés dentro de casa que vira um bicho.
90
Pf15: O meu pai era assim, igual mágica, colocava os pés dentro do portão, fechava
a cara. Era ruim que só ele. Quantas vezes eu vi ele batendo na mãe!
Pf2: Eu já tive com a arma apontada para minha cabeça. Não sei nem como foi que
consegui me livrar dele, foi Deus que me iluminou, fez eu ficar calma, virar as costas pra ele e
sair do quarto.
Pf2: Desde que a gente se casou. No primeiro dia em que estávamos casados, ele saiu
de casa e foi pra festa com os amigos, e tem sido assim há 18 anos. Todo dia ele sai para
beber com amigos, e o pior é que a turma dele é toda de lá, é uma influência muito grande,
todos os homens de lá são assim. Um dia ligaram para a minha casa e disseram que meu
marido andava me traindo. Eu disse que já sabia e que o meu marido é assim desde que nos
Pf6: O meu pai já me disse que se um homem encostar a mão em mim, é para eu ir
embora no mesmo dia porque começa com um tapinha e depois ele já está te batendo com
força.
Pf2: É verdade, eu porque era muito ingênua. Casei virgem, e ele teve a coragem de
dizer que não gostou porque eu não sabia fazer nada, que eu era muito ruim na cama. Depois
desse dia, eu nunca mais consegui ficar tranqüila. Sempre me lembrava do que ele disse.
Pf15: Se ele soubesse que tu não eras virgem, aí que ele não casava, isso é só
Pf6: Ainda mais ha 18 anos, a maioria dos homens queriam casar com mulheres
Facilitadora: É que para os homens casarem com mulher virgem, era motivo de
prestígio, sinal de boa moça, de moça recatada. Acredito que a nossa cultura não mudou
quase crianças.
Pf2: Eu acho que o meu marido queria que eu tivesse andado com outros homens por
aí.
Pf3: Ah! A minha filha eu já peguei conversando com outra amiga que já fez sexo
Pf3: Isso é verdade, mas a gente tem que conscientizar em casa do mesmo jeito para
Pf6: A dona Pf3, já é uma senhora bem consciente porque isso ainda é um tabu para
Facilitadora: Isso é verdade, existem famílias que não conversam sobre sexo com os
filhos e ignoram a possibilidade de tocar no assunto ou não se sentem à vontade para falar.
1.1- Tendência a um período inicial de confusão e silêncio embaraçoso, causado pela não-
diretividade do facilitador.
1.2- Revolta dos participantes por não perceberem uma atitude dominadora e direcional do
facilitador.
2.1- Oscilação dos membros entre o eu interior e o eu exterior, por resistência em expressar o
verdadeiro “eu”.
2.3- Revelação do “eu” exterior sem defeitos, que tem maior facilidade de ser aceito pelo
meio.
7.1- Os membros percebem que possuem uma capacidade terapêutica e passam a exercitá-la
dentro do grupo.
8.2- O indivíduo não impõe limitações ao seu verdadeiro ser, fica mais perto de sua
verdadeira personalidade.
9.1- Os membros passam a exigir que cada um expresse seu verdadeiro eu interior.
9.2- Há intolerância dos membros para com os que se mantém por detrás de uma máscara ou
fachada.
11.1- Indivíduos se confrontam uns com os outros, são reações menos moderadas que os
feedbacks.
12.2- Alguns percebem a capacidade que tem de ajudar, respeitar e perceber o outro uma
necessidade de auxílio.
15.2- Há mudança das atitudes dos membros do grupo na relação com a família, no ambiente
profissional e social.
95
2.3- Identificação das Fases nos Encontros do Grupo de DA.
não-diretividade do facilitador.
1º Encontro
Pag.52
“(Silêncio)”
Pag.53
“(Silêncio)”
Pag.53
“(Silêncio)”
exatamente no início do encontro, estes momentos de silêncio, tiveram que ser interrompidos
pelos facilitadores, pois não houve a manifestação de nenhum membro. Houve um quarto
momento de silêncio que pode ser entendido como parte da fase de hesitação, mas este foi
Pag.58
4º Encontro
Pag.72
“Pf14: [...] Então eu posso falar o que eu quiser a hora que eu quiser?”
relatou estar se sentindo confusa quanto o sistema funcional do grupo e suas limitações nele.
5º Encontro
Pag.78
“Pf15: Eu não sei o que eu faço, se eu me apresento ou se eu posso falar qualquer coisa.”
(1.2) Revolta dos participantes por não perceberem uma atitude dominadora e
direcional do facilitador.
4º Encontro
Pag.72
“Pf14: (Fala direcionada ao facilitador) Escuta só, a gente pode falar tudo o que quiser? É
porque eu não sei se devo falar as coisas. Porque tu não me falaste nada, nem me perguntaste
A participante que apresentou esta fala, vinha pela primeira vez ao grupo, o
mas, percebe-se que ela não havia se adaptado a este movimento e demonstrou revolta em
(2.1) Oscilação dos membros entre o “eu” interior e o “eu” exterior, por resistência em
1º Encontro
Pag.52
“Pf12: Bom, já que ninguém se apresenta eu vou me apresentar. Meu nome é Pf12, a minha
depressão é por causa do meu marido, ele faz eu me sentir muito presa, às vezes, eu fico
muito agitada e ansiosa, da-me uma agonia, uma raiva dele. Eu não gosto do meu marido e
acho que ele não gosta de mim. Eu tenho problemas no joelho, já pedi ajuda a ele para que
pagasse a ressonância magnética. Ele está lá na Itália trabalhando e ganhando bem, sendo
assim, poderia me ajudar, já que eu cuido dos nossos filhos. Mesmo assim, ele não me ajuda!
Já cuido e crio os filhos e ele está lá na Itália, ganhando bem, poderia mandar dinheiro para eu
fazer essa ressonância, mas ele diz que não. (Choro) Eu passo dificuldades e sei que ele
poderia me ajudar, mas não está nem aí pra mim, quando ele chegar aqui no Brasil eu vou é
dar um pé na bunda dele, aí ele vai ver, o que custa ajudar a mãe dos filhos dele. (Choro) Eu
Pag.53
Pm3: Eu vim aqui naquela quinta-feira, ele me recomendou alguns remédios, eu comecei a
tomar e estou me sentindo melhor, deu uma aliviada, hoje foi mais fácil chegar aqui, não
“Pf2: Eu estou me segurando, as coisas tem sido difíceis para mim, mas eu me recuperei, já
estive pior.”
Pag.55
“Pf2: É, mas eu já melhorei um pouco, eu acho. Só chorei um pouquinho esta semana. Não
2º Encontro
Pag.58/59
“Pf5: O meu filho veio da casa dos meus pais, voltou a morar comigo. Eu gosto muito dele.
Estava morrendo de saudades, mas ele me dá um desgaste muito grande quando fico cuidando
dele, toda a minha atenção se volta ao menino. Seu pai é muito ausente, só vê o menino
algumas vezes, mas não faz muita questão, não pede para ver e nem procura. Nesse final de
semana, ele ficou com o menino, mas ficou me ligando, mandando eu ir busca-lo, senão ele
iria me esquecer e não iria mais me reconhecer como mãe, mas eu só fiquei uma semana
longe do meu filho, ele só fica um final de semana ou outro com o garoto. Meu filho vai é
acabar esquecendo do pai. Na verdade, ele queria namorar e com o filho não dá, aí ele fica
Pag.60/61
100
“Pf7: É, eles vivem muito bem, só tiveram que pagar a conta do hospital e alguns remédios,
nós não a processamos, nem nada, só revogamos pelos nossos direitos. Mas eu fico triste,
porque eu não posso fazer nada, aí eu choro, sei que é temporário, mas sempre resolvi as
Pag.61
“Pf2: [...] Eu sempre me incomodo com as amantes dele, elas ligam lá pra casa, me enchem
de desaforo. Eu já coloquei bina no nosso telefone e disse que a próxima vez que eu me
incomodar com essas mulheres, iria me separar dele, mas ele me ameaçou de morte, disse que
prefere nos matar, eu e os filhos, do que viver sem nós. Ele não admite que tem amantes, nega
Neste encontro, esta oscilação foi apresentada por uma nova participante, a Pf7 e por
duas participantes que estavam presentes no encontro anterior. No encontro anterior a Pf2
apresentou muita resistência em se expressar, mas conseguiu ser clara quanto a sua história
3º Encontro
Pag.63
“Pf13: Às vezes, há uma doação muito grande e uma certa necessidade em ter retorno. Tem
uma angustia quando as pessoas são boas para as outras, fazem favores para elas e não tem
o valor devido.”
101
Pag.69
“Pm3: É, mas teve um dia desses que eu combinei com o meu amigo de ele passar às 7h30min
lá em casa para nós vermos o nosso estágio. Eu preciso terminar este estágio até o final do
ano, porque se eu passar no concurso, vou precisar do estágio. Aí deu 9h30min e ele não tinha
aparecido, quase que eu não ligo mas a minha mulher que já é mais nervosinha, incomodou
para eu ligar. Liguei e disse : Olha tu vens me buscar pra nós irmos ver esses negócios do
estágio, porque eu preciso fazê-lo até o final do ano. Ele veio e nós fomos atrás, já
nova no grupo e o outro, Pm3, dificilmente se expressa, sendo assim essa oscilação entre seu
4º Encontro
Pag.72
“Pf14: Ah! Tudo bem! Se bem que eu não sei se vou querer falar tudo o que penso a hora que
eu quiser, porque eu conheço o Pm2, ele é meu vizinho. Aí eu acho que ele vai ficar um
Pag.73
“Pm3: É, mas foi quando eu cheguei em casa que me deram o recado, mas o menino já tinha
chegado. Então eu nem me preocupei. Mas já falei que é esse skate que vai dar problema na
coluna, mas ele não escuta, é teimoso disse que ele é que sabe dele.”
102
Percebe-se que mais uma vez, estes tipos de atitudes são tomados por um novo
6º Encontro
Pag.87
Pag.88
“Pf2: É... Tive uma recaída, por causa daquele lá (referindo-se ao marido), mas vai passar,
A Pf15, resistiu um pouco em falar do novo namorado, por isso, não foi direto ao
encontro.
5º Encontro
1º Encontro
Pag.53
“Pf3: Eu acho que todo mundo aqui entende muito bem disso (Suspiro, desta).”
103
Pag.54
“Pf12: Há horas que nós ficamos mais ansiosa, né? Que parece que vai dar até uma coisa.
Pag.55
“Pf8: Meu nome é Pf8 sou mãe da Pf9, a gente veio aqui para conhecer o grupo.”
Pag.55
“Pf9: Meu nome e Pf9, estou só conhecendo o grupo, não quero falar ainda.”
Pag.55/56
“Pf6: É, eu participo, nossa é muito bom! Distraio-me bastante, faz muito bem, eu vejo essa
fiquei anorexa, mas já consegui me recuperar, assim como me recuperei, gostaria que todos se
recuperassem e vissem como é possível. Por isso que eu vim com a Pf5, porque ela precisa de
Esta fase foi apresentada, apenas neste encontro, percebe-se que o grupo, ainda
2º Encontro
Pag.60
3º Encontro
Pag.70
Este apresenta certa resistência em se expressar, então, algumas vezes deixa as suas
falas subentendidas.
5º Encontro
Pag.78
“Pf15: Meu nome é Pf15, vim conhecer o grupo porque a Dona Pf3, tem falado muito bem de
vocês e ela percebeu que eu não tenho estado muito bem, são varias coisas que têm me
acontecido e aconteceram.”
Esta participante estava no seu primeiro encontro, então começou a se expressar com
um pouco de resistência.
(2.3) Revelação do eu exterior sem defeitos, que tem maior facilidade de ser aceito pelo
meio.
1º Encontro
Pag.54
“Pf4: Eu, quando estava com depressão profunda, também tinha fobia, entrava em pânico
quando saía de casa, essa é uma sensação horrível, sem explicação, só sentindo para entender,
é algo incontrolável, quem nunca teve não consegue entender, porque é um absurdo este medo
sem explicação.”
Pag.56
“Pf5: [...] A primeira vez que me senti deprimida foi aos 7 anos. Quando descobri que fui
criada pelos meus avós paternos, os quais tinha como pais, descobri que fui abandonada pelos
pais. Tinha o pai como irmão e mesmo como tal, ele não me dava atenção.”
Pag.56
“Pf5: Faz 3 anos que engravidei, os meus pais me obrigaram a casar. O casamento foi de
aparência, para satisfazer a vontade do meu pai. Mas, teve um dia em que cansei e decidi me
separar. O pai quis me mandar para fora de casa, mas, acabou me acolhendo, desde que eu me
mantivesse no quarto, longe dele e das visitas. Vivíamos discutindo porque eles se
preocupavam muito com a aparência, tinham vergonha de ter uma filha solteira e com filho.
Então, houve um dia que decidi sair de casa com meu filho e vim para Criciúma, onde fui
“Pm2: Só me deixa falar uma coisa... Nossa, com o meu pai era assim, também ele sempre se
irritava comigo, brigava por qualquer coisa. De manhã quando eu ia trabalhar, eu acordava ás
cinco da manhã, e o banheiro era no quarto dele. Durante uma semana ele ficou resmungando,
eu nem fazia tanto barulho assim. Até que um dia, ele se levantou e veio para cima de mim, aí
eu larguei um soco na cara dele, arrependi-me depois, mas valeu a pena, pois adiantou, visto
Pag.57
“Pf5: É, meu pai era assim também. Eu acordava de manhã, ia trabalhar, quando eu voltava
limpava toda a casa, sempre ajudando com as despesas, de certa forma, eu não precisava deles
pra me sustentar e nem para sustentar meu filho. A minha irmã não fazia nada, ficava o dia
inteiro dentro de casa. Agora eles estão me convidando para voltar a morar com eles que eles
me aceitam.”
a esclarecerem suas histórias aos demais, pudessem ter um material rico no momento de criar
a empatia.
2º Encontro
Pag.59
Pf5: [...] Quando eu era casada, não no papel, só morando junto, nossa união era de aparência,
ele nunca deu importância ao filho, preferia vê-lo longe a dar a tenção e cuidados. Tive que
107
morar junto com ele por causa dos meus pais, mas ele nunca me tocou depois que casamos,
Pag.60
“Pm2: Quando entrei em depressão, tive crises de pânico e a mulher me deixou. Fizemos a
separação de bens, tudo judicialmente. Com isto, foram estipulados os dias de visitas ao meu
garoto e estes são muito pouco. Na época da separação estava no meu pior momento de crise,
então contratei um advogado, não muito bom, ele acabou deixando quase tudo para a mulher e
conseguiu poucos dias de visitas, como eu não estava legal deixei como estava para não me
incomodar.[...]”
Pag.60
“Pf7: Como vocês estão vendo, estou andando de muletas. Foi um acidente que sofri, era a
minha melhor amiga quem dirigia. Depois desse dia, ela deixou de ser minha melhor amiga,
toda sua família começou a falar mal de nós, que queríamos enriquecer a custa deles e do
acidente. Isso foi horrível, porque ela foi culpada pelo acidente, ela estava dirigindo.”
Pag.61
“Pf2: É, eu estou bem, é que a minha história é um pouco complicada. Quando eu me casei, o
meu marido não passou a noite de núpcias comigo e tem sido assim desde então.[...]”
Este processo continuou sendo de grande valia, tanto as histórias dos novos, como
dos que não haviam se expressado, ainda e, dos que traziam novas situações. Isto, porque logo
Pag.64
“Pm2: Nossa! Eu vi, mas credo! Preparei-me para pegar o menino na sexta à noite, mas a ex-
mulher disse que o traria no sábado de manhã. Não trouxe, liguei e ela disse que o levaria só à
tarde. Então, peguei o carro e fui buscá-lo. Chegando lá, ela disse que o menino estava meio
resfriado, que não era para eu levá-lo. Daí, eu me revoltei, saiu arrancando o carro e bati no
muro. Quando estava quase chegando em Criciúma, ela ligou dizendo que eu poderia voltar e
Pag.65/66
“Pf5: Semana passada, fui receber o pagamento, eu estou afastada, passei pela perícia e
me mandou esperar em outro lugar. Quando saí ouvi ela sussurrando: vai morrer bem longe
daqui. Isto me deixou muito chateada. Senti-me muito mal.Também, recebi uma ligação do
pai do meu menino dizendo que me ajudaria com o dinheiro para o médico e se precisasse,
mandaria o dinheiro para os remédios. Ele se nega a pagar pensão para o menino. Eu já disse
que se ele não pagar por bem, vai pagar por mal. Ele nunca ajuda o menino em nada. Sempre
dizia que não tinha dinheiro para comprar as coisas para criança, mas quando era para beber lá
com os amigos ele tinha. Bom, daí como ele me falou que ia mandar dinheiro para o menino,
eu peguei o meu pagamento e comprei uma roupa nova, pra dar uma mudada no visual.
Depois que aquela grossa disse: Vai morrer pra lá, me senti tão mal, tão caída que eu pensei:
Ah, hoje eu vou mudar, comprar algumas coisas que me deixem com uma aparência melhor.”
109
Pag.68
“Pf5: É! Ele foi meu primeiro namorado, primeiro tudo. Acho que ele só queria tirar um
sarrinho mesmo. Aí, eu estava toda apaixonada. Como eu engravidei meu pai fez ele se casar
comigo e ele não queria, ficou revoltado. Depois do casamento ele ficou esses dois anos sem
olhar na minha cara direito, brigava comigo, não ajudava a cuidar do menino, só fazia o que
queria, não ajudava em nada, eu não podia falar nada ele já achava ruim, era tudo muito ruim,
muito mesmo.”
4º Encontro
Pag.71
“Pf14: Meu nome é Pf14, moro em Criciúma e sofro de depressão desde os 7 anos, ora
melhoro, ora recaio, por isso a gente precisa de ajuda, porque é difícil se recuperar sozinha,
tomo medicamentos, mas ele não me ajudam muito, pois voltei a cair em depressão. Às vezes
Pag.74
“Pm2: Nesta semana ligaram para a nossa casa, falando que meu irmão estava jogado lá no
bar, porque alguns garotos haviam batido nele. Eu estava me sentando à mesa para jantar, a
mão tinha posto uma pizza no forno. Putz... Mas depois dessa notícia eu não consegui engolir
Pag.75/76
“Pm2: Deixe-me contar a vocês... Naquele dia que ligaram para a minha casa, falando que o
meu irmão tinha apanhado. Eu fui para o bar e corri atrás dos caras, mas não consegui
110
alcançá-los. Pulei o muro do dono do bar, mas este disse que ligaria para a polícia e nos
5º Encontro
Pag.78
“Pf15: É, foi uma barra muito forte, ter que criar minha filha sozinha, sem ninguém para
ajudar. Sem ninguém, não, tinha minha mãe, mas não era o que eu queria. Eu fiquei com
depressão pós-parto de não querer nem olhar a menina. Eu fiquei jogada, cheguei a ser
Pag.78
recuperei [...]”
Pag.79
“Pf15: É que a minha menina foi praticamente criada pela minha mãe. Na época eu estava
com síndrome do pânico, não conseguia sair de casa. Tudo que eu ia fazer eu ficava pensando
Pag.79
“Pf15: Bem assim mesmo, sempre maquinando. Quando eu pensava em fazer alguma coisa a
“Pf15: Então tu sabes do que eu estou falando, né! Era uma loucura, o estômago embrulhava,
eu me sentia fraca, aí não pegava a menina com medo de deixar cair no chão, ou me dar uma
tontura. Quando eu ficava sozinha, ficava apavorada porque poderia acontecer alguma coisa e
Pag.79/80
“Pf4: [...] Eu também perdi o meu marido. Eu tinha duas filhas e foi uma barra. A minha vida
começou a cair. Tudo começou a cair, foi desagradável demais. Eu acredito que foi onde tudo
começou a explodir. Porque na verdade a minha vida foi assim: perdi o meu pai com quatorze
anos. Ele estava no hospital, de repente morreu de um dia para o outro. Mas eu não chorei
com a morte do meu pai. Não sofri muito, também porque ele não era um pai muito presente.
Não era apegado a nenhum filho, só se preocupava em trabalhar e botar comida dentro de
casa, mas em dar atenção aos filhos, carinho, nunca foi o jeito dele. Foi aí que minha vida
começou, porque aos quinze anos, eu pulei a janela do meu quarto e fui embora. Com
dezessete para dezoito anos eu casei. O meu marido era uma pessoa muito boa, era um
homem fantástico, a gente se dava super bem. Ele sempre foi muito carinhoso e muito
afetuoso comigo. Foi um homem maravilhoso. Aí, quando ele morreu, eu perdi toda minha
força. O que eu não chorei quando meu pai morreu, eu chorei quando o meu marido morreu.
Pag.80
“Pf15: [...] Porque quando a minha filha nasceu, havia a minha mãe para cuidar da menina, eu
cuidava, não faltava nada pra ela, mas eu queria que o pai dela estivesse ali, cuidando da filha.
Aquela situação me revoltava. Eu sentia falta era daquela figura masculina, o pai da criança,
112
isso era revoltante. Aí, a minha vida ficou um inferno. Nós dois nos separamos na época que
eu engravidei, mas nós ainda nos gostávamos muito. Quando ele morreu não sabia que eu
estava grávida.”
Pag.82
“Pf4: [...] O meu marido era muito tranqüilo, me passava muita segurança. Eu batia o carro,
ligava pra ele, ele me fazia resolver as coisas com muita facilidade. Ele não esquentava a
cabeça por pouca coisa. (Risos). Acho que ele não esquentava a cabeça com nada. Eu viajava,
ficava um mês fora, ele não me fazia nenhum interrogatório, confiava muito em mim e muito
Pag.82
“Pf4: [...] Depois que o meu marido morreu, eu fiquei com uma depressão horrível. Foi muito
difícil me levantar. O meu marido morreu de uma hora para outra. Ele estava no hospital,
fazendo tratamento e de repente morreu. Ele tinha que filtrar o sangue, pois o problema que
tinha, criava uma membrana no canal dos rins, assim produzia pouca urina. No dia que ele
recebeu alta, os rins entupiram, o canal fechou e entrou líquido nos pulmões e outras coisas.
Aí que eu vi como é muito fácil morrer. As pessoas morrem do nada. Foi como eu desenvolvi
porque foi a primeira vez que se expuseram ao grupo, ao mesmo tempo em que relataram suas
1º Encontro
Pag.53
“Pf12: É, ele poderia ser um marido de verdade, mas quando ele chegar da Itália ele vai ver a
Pag.54
Pag.57
“Pf12: É o que eu vou fazer com o meu marido, esperá-lo chegar e larga-lo.”
Esta participante esteve muito superficial em suas falas, interrompia a fala de outros
membros e não fazia uma expressão de sentimentos, apenas deixava suas falas “jogadas no
ar”.
3º Encontro
Pag.63
“Pm3: Os aipins agora que saíram umas folhinhas, mas está, está crescendo.”
Pag.63
“Pm3: Ah! Sai dia 29, mas vamos ver, até que fui bem, acho. Peguei o resultado das
114
respostas.”
Pag.69
“Pm2: É, a Pf5 estava falando daquelas coisas do ex, credo, eu já sou bem diferente, bem
não fala de emoções ou sentimentos. Quanto a fala do Pm2, poderia ser classificada como
uma fala de si mais aprofundada, mas essa foi a resposta quando perguntaram na possibilidade
4º Encontro
Pag. 72/73
“Pm3: Foi boa, né! Eu estava escutando o que ela estava falando da filha dela (referindo-se a
Pf4) e lembrei do meu filho, ele já tem 23 anos e estava trabalhando e teve uma lesão na
coluna. Aí, ligaram lá pra casa avisando que ele estava no hospital, pois tinha sofrido um
acidente.”
Em mais um encontro, o Pm3 evitou falar dele, começou com a história, mas não
Pag.83
“Pm3: Já floriu, já têm umas folhas, já esta bem altinho. Pm3: Já está, já está. Pm3: Passei, na
Pag.84
“Pm3: Foi bom. (risos). É modo de dizer, de trinta e seis eu fiquei em décimo oitavo, bem no
meio.”
Pag.84
“Pm3: Está sendo ótimo. Ontem, levei-os para terem aula na rua. Dei aula prática, fiz eles
plantarem uma muda de eucalipto, falei da pirita, da substância que se usa para anular o efeito
dela.”
Pag.84
“Pm3: Eu também acho! Agora, quando eles forem plantar alguma coisa, eles vão lembrar.”
Apenas o Pm3 apresentou esta postura neste encontro, como dito anteriormente, ele é
um membro que não se expressou muito durante todos os encontros, foram poucas as vezes
2º e 6º Encontro
1º Encontro
Pag.54
“Pf3: Eu tive uma recaída na semana passada, tentei suicídio mais uma vez, é que eu tenho
sentido muito desânimo, não tenho forças para me recuperar. O pior, é que estou preocupada
com minha filha mais nova, de 18 anos. Tenho medo que ela fique igual a mim e tente
suicídio, porque eu vejo que ela está desanimada, triste e se isolando. Estou me sentindo
responsável pela minha filha estar desse jeito, eu sinto como se eu tivesse culpa, que ela está
Pag.54
“Pf3: Não, é o contrário, eu fico jogada na cama e não sinto vontade de fazer nada. Há dias
que eu me estico para desligar a TV com o pé, que é para nem ter que me mexer muito.”
117
Pag.55
Pag.57
“Pf3: Às vezes, eu não tenho força, para fazer nada, nem sei como começar. Depois que o
meu marido se aposentou, começou a fazer os serviços que eu fazia em casa, agora mesmo
Percebe-se que neste primeiro encontro, a Pf3 foi a única que se aprofundou na
expressão de sentimentos. Interessante é que mais tarde, esta é uma das únicas pessoas que
2º Encontro
Pag.59
“Pf5: Pelo meu filho, eu estava com saudades dele. Eu fico com raiva porque ele inventa que
eu tenho caso com outras pessoas para só depois, aparecer com outra mulher, para as pessoas
dizerem que eu o troquei por outro e justificar por ele estar aparecendo com outra mulher.”
Pag.59
“Pm2: Se eu encontro esse cara agora, eu nem sei o que faço, acho que eu o esganaria. O cara
tem um filho, que deve ser a coisa mais linda e não se importa, esse cara merecia era uma boa
surra.”
Pag.60
118
“Pm2: [...] Se eu pudesse, veria o meu filho com mais freqüência.”
Pag.60
“Pm2: Vou pensar na possibilidade de recorrer, mas pretendo voltar a trabalhar fazendo
poucas horas, a princípio, depois entro no pique normal, se completar um ano de licença
poderei me aposentar por invalidez, por um lado é bom, mas na verdade, isto faria eu me
Pag.61
“Pf7: [...] O que está me deixando deprimida é a situação atual. Estou me sentindo amarrada e
mesmo que eu saiba que é por pouco tempo, revolta-me com o que está acontecendo sem
poder fazer alguma coisa, sem poder me defender das mentiras que ela vem contando aos
nossos amigos.”
Pag.61
“Pf2: Eu gostaria que as coisas não tivessem sido assim, talvez se eu tivesse mais experiência
na época, nada disso teria acontecido eu não teria me casado com ele.”
Pag.63
“Pf13: Sim, eu sei, mas digo de retorno profissional. Sou formada faz 12 anos e trabalho na
área de assistência social, contribuí muito, mas parece que não tive reconhecimento, dei tudo
de mim e não tive retorno, nem no meio social e nem nos aspectos profissionais.”
Pag.63
Pag.64
“Pm2: [...] É esse tipo de coisa que me deixa revoltado com ela!”
Pag.66
“Pf5: Não, credo! Estou tão cansada, meu filho me deixa sem energia, tenho que fazer todas
as vontades dele. Ele não pára, é difícil de controlá-lo. Eu não consigo brigar com ele. Não
Pag.66
“Pf5: É que eu me lembro do meu pai e da minha mãe e eu não quero ser nada do que eles
Pag.66
“Pf5: É, mas nem sei como fazer e não consigo. Sei que deveria, mas fico com pena, tenho
medo de ele não gostar de mim. Há dias que eu tomo remédio para dormir e fico zonza. Ele
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fica chamando a minha atenção, diz que não quer dormir. Algumas vezes, resisto à vontade
dele, outras não. Também se estou muito cansada faço até as vontades dele pra ele não ficar
Pag.67
“Pf5: Pior é que não tempo para sair, muito menos pra fazer amigos.”
Pag.67
“Pf5: Eu sei, mas é que, às vezes, não consigo. Também há vezes que eu digo que não, mas
ele insiste muito e como já estou assim, cansada, eu deixo. Credo que gênio ruim. Muito
Pag.68
“Pf5: Não, não sou apaixonada por ele, mas é que fico sentida porque ele nunca fez nada por
mim, não me levava para sair, nem para dar voltinhas comigo, agora que está namorando
Pag.69
“Pm3: Ás vezes eu preciso é dos nervos do Pm2, porque eu deixo as pessoas fazerem o que
Pag.70
“Pf2: Eu sou assim, que nem o Pm3, os outros fazem o que bem entendem.”
121
Pag.70
“Pf7: Eu já sou estourada, de tanto ficar berrando por qualquer coisa, mais ninguém se
importa. O meu caso é o contrario, eu tenho é que não falar nada, ficar quieta, aí eu acho que
em novos membros.
4º Encontro
Pag.71
“Pf3: Eu me acordo só as 9h da manhã, porque o marido me chama, senão, meu sono vai
longe.”
Pag.71
“Pf2: Olha, foi bem. Estou me sentindo melhor sabe, mas, mas... Acho que forte não é bem a
Pag.73
“Pm3: É... Tem que chorar pouco. Eu acho que o homem que cuida da família, tem que ser a
Pag.73
“Pm3: Eu sei o quanto isto é comum, mas sei que posso vir a me sentir sozinho, eu e a
122
minha esposa moramos em uma casa grande e sem os filhos. O espaço vai ser muito grande.
Pensando nisso já olhei outras casas menores para vender a minha e comprar outra.”
Pag.74
Pag.75
“Pf3: Quem cuida dos meus remédios é o marido. Quando eu fico jogada é ele que faz todas
as coisas. Quando eu tento me meter para fazer o almoço, ele diz: deixa que eu faço. Eu deixo
mesmo, ele cozinha bem, nem preciso fazer nada. Fim de semana quando vai gente lá em
casa é tudo ele que faz. Eu nem ligo é melhor pra mim mesmo.”
Pag.75
“Pf3: Tem que ser né, meu filho! Se a gente não se levantar, ninguém se levanta por nós.”
Pag.76
“Pm2: [...] Nossa! A sorte deles que conseguiram fugir, porque se eu os pego, quase mato,
5º Encontro
Pag.77
“Pf4: Graças a Deus! Porque só o que a gente tem falado lá em casa é acidente, processo,
Pag.78
“Pf15: [...] mas há vezes que eu olho para minha filha e penso que seria melhor que ela nem
tivesse nascido. É até um pecado, que Deus me perdoe, mas, às vezes, eu imagino que se eu
não estivesse grávida do meu marido na época que ele morreu, não seria tão ruim.”
Pág.78
“Pf15: É que eu penso que não teria sido essa barra e que eu não teria entrado tanto em
depressão. Quando eu descobri que estava grávida, o meu marido já tinha morrido.”
Pág.79
“Pf15: Morreu, morreu sem saber de nada. Aí eu achei que a criança me ajudaria na
recuperação, mas foi pior ainda. Hoje eu não me sinto mãe. Eu sei que é horrível, mas para
Pág.79
“Pf4: Bem, agora que a minha filha não participa mais do grupo, está fazendo individual com
a facilitadora, eu me sinto mais à vontade para relatar a minha vida para vocês.[...]”
Pág.80
“Pf4: É verdade, foi com o meu marido que eu me sentia amada e segura.”
124
Pág.80
“Pf15: Sabe que ouvindo ela falar da figura do marido, eu me lembrei que realmente um
Pág.81
“Pf4: Ah, sim! Às vezes, eu chego a pensar que seria melhor eu não ter conhecido o meu
marido. Aí eu não sentiria falta de nada, não teria sofrido tudo o que eu sofri. Depois que ele
morreu, eu tive que me desdobrar em duas. Agora, eu sou o homem da casa, eu tive que
aprender a me virar sozinha. Eu acho que é por isso que não me caso, porque não tem um
homem que me faça sentir segura. [...] Por isso, à vezes, eu imagino que seria melhor que eu
não o tivesse conhecido. Eu não saberia das coisas que me fazem falta. Sabe, depois que ele
morreu eu tive que me tornar uma pessoa muito forte. Eu tive que dar segurança para as
Pág.81
“Pf4: É, e pra mim, quem vai dar segurança? Eu não tenho mais isso. Foi só o meu marido
quem me fez sentir segura. Tanto que eu nunca falei nada sobre isso nas reuniões quando a
minha filha vinha para também dar espaço a ela, para cuidar dela primeiro. Depois que o meu
marido morreu, eu tenho feito uma luta diária para não cair em depressão. Tento me manter
ocupada o tempo inteiro, preocupo-me com todas as pessoas, sejam elas quem forem.”
Pág.82
“Pf4: Não, não demonstro, tanto que eu tento estar sempre ocupada. Às vezes, eu choro, mas
ninguém vê, e depois eu já me levanto, já começo tudo de novo, toco a bola para frente e
Pág.82
“Pf4: Ele fez falta para muita gente, nossa. Se eu tivesse casado com outro, não teria sofrido
tanto.”
Pág.83
“Pf2: É a falta que faz, porque eu nunca tive uma pessoa que me amasse e cuidasse de mim, o
meu marido é todo ao contrário. Eu acho que eu preferia ter vivido uma história assim, do que
estar na minha história. Na verdade, essa é o tipo de coisa que eu não conheço.”
Pág.83
“Pf2: Não, não, hoje eu estou bem, eu estou aqui quietinha, mas estou só ouvindo. Nem
sempre é preciso falar. Muitas vezes a gente aprende só escutando, pelo menos eu aprendi
confiança de um membro para com o outro. Esta foi a primeira vez, em que a Pf4
compartilhou suas histórias e sentimentos com o grupo. A Pf15, participava do grupo pela
Pag.85
“Pf2: É, pode ser. Ainda bem que acaba hoje, pois estamos em poucos, é melhor quando o
Pag.86
“Pf3: Mas credo, eu nesse estado doente, elas ainda vem incomodar eu e o meu marido.
Peguei naquelas trancinhas e levei até o chão. Ai, credo, se grudo naquelas trancinhas de
novo!”
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“Pf6: Abandonada pelo namorado, o Dr. A. está morando em Joinville. Eu nem sei mais se é
namorado mesmo, faz tempo que a gente não se vê. Andei emagrecendo de novo com essa
correria de final de semestre. Acho que vou reprovar em algumas cadeiras, mas tudo bem.”
Pag.87
“Pf6: Não, não era há muito tempo não, mas eu me apeguei bastante a nele, porque sempre
estava cuidando de mim, fazendo alguma coisa pra eu comer, mandando eu fazer exames de
sangue, por causa da minha bulimia. Então, era muito bom quando ele ainda estava morando
Pag.87
“Pf15: É, porque se vê quase sempre, quando mora longe, não. A gente se vê lá uma vez ou
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“Pf15: (Risos) É que eu estou namorando um cara de Florianópolis hà alguns meses, mas
ninguém da minha família sabe. Eles acham que ele é só meu amigo, nós somos bastante
discretos.”
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“Pf15: Estou, ele é muito carinhosinho, atencioso. Adora a minha filha e me adora. Eu acho...
(Risos)”
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Pag.88
“Pf15: Um pouco de cada, primeiro à distância para se conhecer devagar, depois que se
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“Pf2: Acho que não, não quero ficar enchendo vocês com a história da minha vida, que são,
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somente, coisas ruins. Ninguém gosta de ouvir coisa ruim.”
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“Pf2: Eu tenho um cunhado, que de vez enquando vai lá em casa e fica escutando as minhas
lamentações. É só ele que fico incomodando com as minhas coisas, não quero ficar falando e
enchendo vocês.”
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“Pf2: [...] O pior é que ela é uma prostituta e nós não vivemos tão bem assim para ele ficar
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“Pf2: Mas a gente nem tem mais relações sexuais. A gente dorme em quartos separados. Há
noites que ele chega de porre e deita na minha cama onde eu durmo com a minha filha, mas
Pag.91
“Pf2: Eu acho que o meu marido queria que eu tivesse andado com outros homens por aí.”
129
Percebe-se que neste ultimo encontro, as participantes continuaram expressando suas
1º Encontro
Pag.56
Pag.56
3º Encontro
Pag.66
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“Pf4: Estão vendo, ainda é apaixonada. Só pode, outra apaixonada recolhida. Não é, Pf5?”
4º Encontro
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“Pm2: Mas o senhor não ficou quase louco? Porque ligaram pra tua casa assim deram o
130
recado assim, no seco.”
Pag.74
“Pm2: (Para Pm3) O senhor não ficou agoniado quando ligaram para sua casa dando essa
5º Encontro
Pag.84
“Pf4: O que é isso seu Pm3? Pior? O senhor não queria passar?”
Pag.84
Pag.84
6º Encontro
Pag.87
“Pf3: Descobriu?”
Pag.89
Pag.90
2º Encontro
3º Encontro
Pag.68
“Pf4: Nós estamos dando uma de cupidos com o Pm2 e a Pf5. É que nós gostamos muito de
apresentou.
1º Encontro
Pag.54
“Pf11: Capaz, ela não vai fazer isso não. Não se preocupa.”
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“Pf4: Tu tinha era que ter chutado o balde, mandar todo mundo para aquele lugar.”
Pag.57
“Pf1: Ah, sim! Porque isso é o que melhor convém pra eles, sabem que tu fazes falta.”
133
2º Encontro
Pag.59
Pag.59
“Pf4: Sim, o menino pode ficar contigo, sem o pai ver um tempão que não esquece? E tu ficas
uma semana sem vê-lo e o menino já vai esquecer? Capaz! Esse teu ex-marido é um folgado.”
Pag.60
“Pf4: Mas, Pm2, sabias que tu podes recorrer? Se tu estás com licença, tens vários dias vagos
3º Encontro
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“Pf7: É porque mulher é pior que homem, se tu deres o dedo ela vais querer a mão, e se der a
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“Pf4: Mas é isso o que ela quer, mostrar que ainda manda em ti.”
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“Pf4: Mas, às vezes, dar alguns tapas não é ruim, é preciso para impor limites.”
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“Pf1: Olha, nem sempre bater ou brigar é sinal de falta de amor, é para o bem dele. Sabe,
ensinar que existem limites e nem tudo pode ser do jeito que ele quer.”
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“Pf2: É, ele foi criado assim, muito sem limites. Os pais dele nunca disseram para ele: Meu
filho, não faz assim com as mulheres. Esse tipo de coisa não é legal. Tanto que hoje ele faz o
que bem entende, sem se preocupar em machucar as outras pessoas. Por isso que eu acho que
tu deve prestar mais atenção nessas coisas, as vezes é preciso um puxão de orelha, um não,
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“Pf7: É mesmo, assim quem sabe tu cuida mais de ti, sai com os amigos.”
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“Pf7: Eu acho que é assim: como tu nunca namoraste mais ninguém, só ele, tu não consegues
“Pf4: (Falando à Pf5). E o Pm2, vocês têm é que trocar os telefones para dar uma saidinha,
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4º Encontro
Pag.75
“Pf6: Eu já falei pra Pf5, eu acho que esta leseira dela é tudo por causa dos remédios que ela
toma.”
5º Encontro
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“Pf4: Podes fazer o que tu quiseres, se quiseres chorar, chora, se quiseres falar, fala.”
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“Pf2: Mas isso é normal que aconteça, ainda mais passando pelo que tu passaste.”
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“Pf4: Olha, mas você nem deseja a morte dele, porque você não sabe o quanto faz falta.”
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“Pf4: E o senhor Pm3, como é que estão os aipins? Ficou quietinho, hoje.”
6º Encontro
Pag.88
“Pf3: Que nada, deixa de ser boba, cada um escuta cada um, já contei um pouco dos meus
problemas e todo mundo me ouvia. Agora olha aqui como é que eu estou. Tem de falar.”
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“Pf6: É, na semana passada só tu que não falaste, nós estamos aqui para falar. Se a gente não
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“Pf3: Isso é verdade, mas a gente tem que conscientizar em casa do mesmo jeito para garantir.
2º Encontro
impõe limitações ao seu verdadeiro ser, fica mais perto de sua verdadeira personalidade.
se expressar, a falar de seus verdadeiros sentimentos, aceitando-se ser quem são, sendo cada
(9.1) Os membros passam a exigir que cada um expresse seu verdadeiro eu interior.
3º Encontro
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“Pf4: (Para Pf13) Eu acredito que a partir do momento que você dá, é porque você quer. E se
você quer retorno, o problema é seu. Algumas pessoas não estão nem aí para se você foi boa
Esta característica foi apresentada por um novo membro, logo após esta
máscara ou fachada.
3º Encontro
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“Pf4: Viste! Se o senhor não tivesse ligado e exigido, não tinha conseguido marcar ainda!
4º Encontro
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“Pf3: Oh! O Cris está mais revoltadinho, quando ele chegou aqui estava de cabeça baixa,
deixando a mulher mandar nele. Agora já quer sair batendo em todo mundo. Antes ele falava
que bateria, mas falava calmo, parecia que quase não tinha força. Agora parece que está com a
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“Pf6: Nossa, Dona Pf3, fiquei admirada, não imaginei que a senhora tinha essa garra, fiquei
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“Pf6: A dona Pf3, já é uma senhora bem consciente porque isso ainda é um tabu para algumas
1º, 2º e 5º Encontro
3º Encontro
Pag.64
Pag.64
“Pf4: Já vi tudo! Essa paixão enrustida. A dondoca diz que não vai deixar tu pegar o menino e
tu chegas a bater o carro, aí ela diz: Ai, bateu o carro por minha causa. Depois ela liga
dizendo que tu podes buscar o menino. Do jeito que ela quer, mesmo divorciados, ainda quer
te controlar e tu deixas.”
140
Pag.67
Pag.69
“Pf4: Oh! O Pm2 é muito parecido com essa aqui, (referindo-se a filha Pf7), qualquer coisinha
já explode.”
(11.1) Indivíduos se confrontam uns com os outros, são reações menos moderadas que os
feedbacks.
(12.2) Alguns percebem a capacidade que tem de ajudar, respeitar e perceber o outro
facilitador foi procurado inúmeras vezes por alguns dos participantes, nestas procuras,
informaram-no que alguns dos membros estavam se vendo e se ajudando fora do grupo.
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2.3.13- Manifestações do Grupo, Referente à Décima Terceira Fase
1º Encontro
Pag.53
“Pf3: Eu acho que todo mundo aqui entende muito bem disso (Suspiro, desta).
(Silêncio).”
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“(Todo o grupo concordou, quanto a este aspecto dos depressivos. Falaram e cochicharam
juntos, alguns falaram em voz alta que já passaram por isto, e outros só concordaram. Não foi
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3º Encontro
Pag.64
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“Pf4: É, eu sei, é bem assim, tudo a gente tem medo de fazer, tudo pode dar errado, a gente
pensa nas diversas maneiras de dar errado e acontecer algo de ruim com a gente.
Pf15: É bem assim mesmo. Com todo esse medo eu não fazia mais nada. Acomodei-me,
deitei na cama e ali fiquei. Foi por isso que mandaram me internar.”
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“Pf4: É verdade, a gente se identifica. Aí pega um pouquinho daqui, outro pouquinho dali.
Pf15: A gente até vê que existem problemas maiores ou iguais aos nossos.
[...]
6º Encontro
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2º e 4º Encontro
6º Encontro
Pag.85
“Pf6: É verdade, a gente se apega às pessoas e fica querendo saber como elas estão se o aipim
já cresceu (risos), se está trabalhando, se teve uma recaída ou se tudo está na mesma.”
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“Pf3: [...]A gente se apega nestas criaturas. Eu estou louca para saber como eles estão.”
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“Pf6: Nós poderíamos ligar para eles saber como eles estão. Tu (referindo-se à facilitadora)
poderias ligar para eles, ver como estão e nos ligar dizendo.”
expressaram em relação ao grupo, relatando a criação de vínculo que criaram entre elas e os
demais.
4º Encontro
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“Pf3: Ai gente, ontem eu fiz uma correria com minha filha. Ela está com problemas na coluna,
Facilitadora: Nos encontros anteriores a Pf3, não tomava iniciativa para falar, ficava sentada
encolhida, me surpreendeu por ter tomado a iniciativa para falar de um jeito espontâneo e
descontraído.”
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“Pf3: Quem cuida dos meus remédios é o marido. Quando eu fico jogada é ele que faz todas
as coisas. Quando eu tento me meter para fazer o almoço, ele diz: deixa que eu faço. Eu deixo
mesmo, ele cozinha bem, nem preciso fazer nada. Fim de semana quando vai gente lá em
casa é tudo ele que faz. Eu nem ligo, é melhor pra mim mesmo.
Facilitador: Dona Pf3, parece estar bem, está com uma carinha ótima.
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“Pm2: Deixe-me contar a vocês... Naquele dia que ligaram para a minha casa, falando que o
meu irmão tinha apanhado, eu fui para o bar e corri atrás dos caras, mas não consegui alcançá-
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los. Pulei o muro do dono do bar, mas este disse que ligaria para a polícia e nos denunciaria
por invasão domiciliar. Nossa! A sorte deles que conseguiram fugir, porque se eu os pego,
Facilitador: Puxa! Tu já tens se incomodado bastante, ainda vem mais estas coisas pra ti
ficares se preocupando.
Pf3: Oh! O Cris está mais revoltadinho, quando ele chegou aqui estava de cabeça baixa,
deixando a mulher mandar nele. Agora já quer sair batendo em todo mundo. Antes ele falava
que bateria, mas falava calmo, parecia que quase não tinha força. Agora parece que está com a
Estas situações são referentes aos momentos em que os membros demonstram uma
5º Encontro
Pag.83
“Pf2: Eu quem diga. Como melhorei depois que vim pra cá.
A Pf2 relata ter percebido uma mudança e um outro membro do grupo confirma a
(15.2) Há mudança das atitudes dos membros do grupo na relação com a família, no
4º Encontro
Pag.72
“Pf2: É! Hoje o meu marido saiu de casa e perguntei se ele vinha cedo porque eu vinha para o
grupo. Ele disse que não sabia. Aí, eu nem me estressei. Não quis bater boca com ele. Deixei.
Se der deu, se não der não deu. Então, às 16:00h, o meu filho veio me avisar que ele tinha
Pf2: Ah é… antes eu perdia tempo batendo boca com ele. Entrava em discussão, brigava, mas
hoje eu nem liguei. Deixei como estava, porque não iria adiantar nada, e eu só iria ficar
irritada.”
A Pf2 relata uma atitude que teve dentro de casa com o marido, uma reação diferente
6º Encontro
Pag.86
“Pf3: A minha semana foi uma beleza, há umas meninas que ficavam esperando a minha
filha no terminal para bater nela por causa do namorado que a minha filha tem e elas querem
também. Peguei a guria e perguntei: quantos anos tu tens? Ela me respondeu: 22 anos, com a
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boca bem cheia. Aí eu falei: Então tu já és maior de idade. Peguei nas tranças dela e levei até
o chão.
Facilitadora: Mexeram com a sua filha e senhora virou uma leoa? Nem parece aquela mulher
que entro aqui no primeiro dia, retraída, com a fala baixa e com aparência de vulnerabilidade.
Pf3: Mas credo, eu nesse estado doente, elas ainda vem incomodar eu e o meu marido.
Peguei naquelas trancinhas e levei até o chão. Ai, credo, se grudo naquelas trancinhas de
novo!
Pf6: Nossa, Dona Pf3, fiquei admirada, não imaginei que a senhora tinha essa garra, fiquei
Pf2: Eu também, não imaginava que a senhora tivesse essa coragem. Mas a gente que é mãe
entende que quando é com os filhos, essa força aparece não sei de onde.”
Neste, a Pf3 relata uma situação que passou fora do grupo e surpreende a todos pela
cada semana, durante dois meses consecutivos. A análise em questão objetivava compreender
concedida a quem se interessasse em participar sem que houvesse uma seleção de indivíduos
ditos depressivos.
Nesta pesquisa realizada pude perceber a constituição das fases a partir de vários
possibilidade de um todo muito maior, aquele que configura uma caracterização do processo
apresentado por Rogers, que em sua totalidade faz a junção do sentido, mas que na
afirmar que: A fase de “hesitação, de andar em volta” é comumente percebida nos encontros
iniciais com momentos de silêncio e por novos participantes (não todos), que se mostram
esperam uma reação direcional do facilitador que, muitas vezes, tem que explicar a estes a sua
facilitador, o grupo não manifesta mais a necessidade de ser conduzido, criam uma estrutura
funcional e centrada na individualidade de cada um, até serem interrompidos pelo movimento
novos membros.
150
A fase de “resistência à expressão ou exploração pessoal” é superada por alguns
verdadeiros, assim acontece com os que se inserem no decorrer dos encontros. É possível que
“eu” exterior e interior, por muitos encontros. Também é apresentada antes de algumas
pessoas mostrarem seu verdadeiro ser, por estar trazendo uma novidade ao grupo ou por medo
membros do grupo a esclarecerem suas histórias aos demais, para que estes possam se “situar”
em seu contexto no momento de criar empatia. Após descreverem fatos ocorridos no passado,
mostrada por novos membros ou pelos que resistem em se expressar, por vários encontros.
sentimentos reais e o interesse pelos demais à vivência do relator. O mesmo acontece aos que
vão chegando ao grupo. Porém existem pessoas que participam de muitos encontros,
descrevem sentimentos passados, mas não entram em contato com seus sentimentos atuais.
participante que fala em nome do grupo a dois membros, numa brincadeira. Mas, no último
encontro alguns membros falam do quanto passaram a se importar com a existência dos
colegas do grupo, mas estes não estavam presentes, por isso foi identificado em outra fase.
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A fase do “desenvolvimento de uma capacidade terapêutica” é encontrada em quase
falar de seus verdadeiros sentimentos, aceitando-se ser quem são aos demais e sendo cada vez
mais profundos. Por isso, a identificação desta fase é analisada através do “início de
expressões e intimidades, com uma fala mais profunda de si”, categoria da 5ª fase. Então as
um grupo com o pseudônimo de DA, que é rotulado como grupo para pessoas depressivos.
sentimentos, intervem um novo membro quanto a sua fala oscilante entre o verdadeiro e o
falso ser. Esta, logo se explica e não deixa sua fala subentendida.
A fase em que “o indivíduo é objeto de reação de feedback por parte dos outros”
acontece poucas vezes a partir do terceiro encontro, tanto o positivo quanto o negativo, sendo
que o negativo aparece em menor escala. Os feedbacks positivos foram muito afetuosos e os
interrelacionavam.
A fase de “relação de ajuda fora das sessões de grupo” não é identificada por falas
dentro do grupo, mas foi manifestada desde de o primeiro encontro e está sendo relatada,
do grupo.
vezes, muitas por manifestações de silêncio ou falas que não puderam ser identificadas, pois
último encontro, onde as participantes percebem que o grupo chegou ao fim e se dão conta da
separação que terá que acontecer. Então, sentem a falta dos que não estão presentes, relatam
ter criado vínculo com estes e que se sentem interessados pelo bem estar de todos.
comportamento dentro do grupo é vista em apenas três participantes e desses três apenas dois
apresentaram mudança fora do grupo, uma se expressou muitas vezes e a outra se expressou
pouquíssimas vezes. Estas mudanças aconteceram após o quarto encontro. O garoto que
mostrou mudança dentro do grupo, sempre relatava histórias em que era agressivo, mas se
e uma refutação.
Rogers e seus colaboradores no grupo de DA. Com a utilização do gráfico é visível que treze
das quinze fases estão presentes e as fases com características mais profundas aparecem
gradualmente. A não presença de duas fases, não altera este resultado. Pois em Rogers as
revelações das etapas não são percebidas em uma ordem pré-estabelecida, umas aparecem
mais cedo, outras mais tarde e outras nem aparecem. O que se torna importante é a reflexão de
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que há um aprofundamento terapêutico no processo deste Grupo, independente de que
Apesar de não ser significativa para a análise desta pesquisa o motivo do não
surgimento de duas fases (4ª e 11ª) que dizem: Expressão de sentimentos negativos e
Confrontação. Pode-se averiguar que tanto uma quanto a outra referem-se a comportamentos
hostis em relação a outros membros do grupo. Pode-se inserir múltipla variáreis que
determinariam a ausência deste tipo de comportamento. Um dos motivos pode ser o estado de
negativos” não aconteceria. Ela não aconteceu. Assim, como a décima segunda fase
“confrontação”, também não aconteceu. Isto representa uma postura equilibrada no inter-
relacionamento dos participantes ou na aceitação entre eles. Também podemos conceber que ,
com o fato de que algumas pessoas ingressavam no Grupo acabava trazendo a possibilidade
inserir, também, que esta inibição pode fazer parte do quadro de comportamentos
Já a terceira hipótese acreditava que o processo evolutivo das fases de grupo sofre
regressão com a admissão de novos, pois volta a fases menos complexas e que exigem menor
intimidade com o que diz respeito à expressão de sentimentos pessoais. Quanto ao que diz
respeito à regressão as fases iniciais e menos complexas, é verdade, pois estes novos membros
É visto que esta hipótese não corroborou. Talvez uma análise comparativa um grupo
fechado e outro aberto para novos membros, possa aprofundar a análise desta hipótese.
GOBBI, Sergio L.. Teoria Do Caos e a Abordagem Centrada na Pessoa: Uma Possível
Compreensão Do Comportamento Humano. São Paulo, ed. Vetor, 2002, 1ª Edição.
ROGERS, Carl R.. De Pessoa Para Pessoa. São Paulo, ed. Pioneira, 2a edição, 1977.
_______________ .Tornar-se Pessoa. São Paulo, ed. Martins Fontes, 5a edição, 1997.
SANTOS, Antonio Monteiro; ROGERS, Carl R. E BOWEN Maria Constança. Quando Fala
o Coração: A essência Da Psicoterapia Centrada na Pessoa. Porto Alegre, ed. Artes
Médicas, 1987.
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VIANNA, Blandina G.. As Fases do Processo Psicoterápico, Segundo Rogers, em um
Relato de Psicoterapia Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso, Tubarão, 1996.