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TÉCNICAS COGNITIVAS E

COMPORTAMENTAIS NA TCC
INFANTIL
Profa. Ma. Carolina F. Arantes
“A Terapia Comportamental é um processo que
envolve a aplicação de procedimentos ou
técnicas comportamentais específicos,
utilizados com o objetivo de alterar exemplos
particulares dos comportamentos da queixa
apresentada(...) Envolve, sim, tal prática, mas
não se limita a ela.” (Guilhardi, 2004, p. 3)
Não existe uma técnica boa ou ruim.
Existe técnica adequada ou inadequada.
O que devo considerar?
 Objetivo da intervenção
 Estágio do desenvolvimento da criança
 Familiaridade/Afinidades da criança
 Nível de motivação do paciente
 Análise Funcional / Conceitualização Cognitiva
Motivando a participação ativa da criança
 A terapia com crianças baseia-se geralmente em uma
abordagem empírica, de aqui-e-agora (Knell, 1993).
 Visto que as crianças são orientadas à ação, elas aprendem
com facilidade fazendo.
 A ação na terapia é estimulante. A motivação das crianças
aumentará quando elas estiverem se divertindo.
Motivando a participação ativa da criança... (cont.)

Personagens Economia de
favoritos Fichas

Materiais
Dinamismo
coloridos

Livros e Jogos e
Filmes brincadeiras
Adaptação de técnicas
 A forma de se compreender algo sempre dependerá do nível de
desenvolvimento cognitivo do individuo, assim como as resposta
emitidas por ele (Rosen, 1989).

 É essencial que o terapeuta se atente para a


forma como as técnicas escolhidas na
terapia são recebidas e processadas pela
criança em cada estágio de seu
desenvolvimento cognitivo.
Pré--operatório (18/24 meses a 6/7 anos)
Pré
• Técnicas que utilizem recursos táteis e visuais.
• Linguagem simples. Foco na criança.
• Classificação de emoções simples.
• Explorar comportamento-consequência.

Operatório Concreto (7 a 11/12 anos)


• Classificação de sentimentos/comportamentos em hierarquias
• Estimular o raciocínio dedutivo – “desgeneralização”  Teste de evidências
• Explorar comportamento-consequência voltada para futuro de curto-prazo

Operatório Formal (a partir dos 12 anos)


• Pensar nos próprios pensamentos e convicções
• Refletir sobre algumas hipóteses
• Técnicas de reestruturação cognitiva e análise racional
Qual o objetivo da intervenção?
Avaliação

Análise
Psicoeducação
Racional

Reestruturação Intervenções
Cognitiva Comportamentais

Exposição
Técnicas Comportamentais
Intervenções comportamentais aumentam a motivação e o
engajamento do paciente (e familiares), amplia o repertório de
coping e as prepara para intervenções subsequentes.
Provocam mudanças mais imediatas e facilitam a continuidade do
tratamento.
Refletem na alteração de comportamentos fora das sessões, o que
facilita a generalização.
Diminuem a frequência e gravidade de comportamentos indesejados, ao
mesmo tempo que aumentam a frequência de comportamentos desejados.
Relaxamento
Relaxamento

Alongamento
Economia de fichas

1º: Reforço Arbitrário


2º: Reforço Automático
Economia de fichas + Treino de Habilidades Sociais
Comportamentos que ajudam X Comportamentos que não ajudam
Comportamentos que ajudam X Comportamentos que não ajudam
Comportamentos que ajudam X Comportamentos que não ajudam
Autocontrole / Solução de problemas
Autocontrole / Solução de Problemas
Treino de Habilidades Sociais

O Baralho das habilidades sociais é uma ferramenta


que permite ao profissional trabalhar as interações que
nem sempre são observadas na família e na escola, onde as
crianças deveriam aprender a expressar seus sentimentos,
desejos, opiniões e direitos.

O baralho é composto por:


• 10 cartas com objetivos;
• 11 cartas com expressões faciais de meninos (cor azul
clara);
• 11 cartas com expressões faciais de meninas (cor rosa);
• 12 cartas com mímicas (cor amarela);
• 10 cartas com habilidades sociais (cor verde);
• 12 cartas com personagens (cor roxa);
• 4 cartas coringas;
• 36 cartas com situações-problema (cor azul).
Treino de Habilidades Sociais

Descolados

Jogo terapêutico para treino, em contextos clínicos ou educacionais, de


habilidades sociais em crianças por meio de atividades que
desenvolvem as competências interpessoais, a comunicação, a
expressão de sentimentos, a colaboração entre os pares e a
capacidade de defender-se em situações difíceis, por meio de
atividades simuladas e divertidas.
Planejamento de atividades reforçadoras

Minha playlist de atividades prazerosas


Modelagem
Técnicas de Exposição
O aprendizado experimental ajuda “a cabeça e o coração a
chegarem a um consenso”.
Experimentos comportamentais e a aprendizagem experimental
são intervenções poderosas, pois evocam a excitação
emocional, de modo que novas explicações, interpretações e
ações possam ser aprendidas e colocadas em prática.

Exposição gradativa / real ou imaginária

Friedberg, McClure & Garcia (2011)


Contracondicionamento e Dessensibilização Sistemática

• Contracondicionamento – Condicionar uma resposta contrária àquela


produzida pelo estímulo condicionado. Exemplo:
Contracondicionamento e Dessensibilização Sistemática

• Dessensibilização Sistemática: Terapeuta e paciente constroem uma


escala crescente de intensidade do estímulo (hierarquia).

• Expõe-se o indivíduo
gradativamente a estímulos que
eliciam respostas de menor
magnitude até o estímulo
condicionado original.
Contracondicionamento e Dessensibilização Sistemática

Para alto e além!


Friedberg, McClure & Garcia (2011)
Jogos e Brincadeiras

- Agitação
- Impulsividade
- Baixa concentração
- Intolerância à
frustração
Jogos e Brincadeiras

Déficit de Atenção

- Colocar cartas abertas na mesa e ajudar a criança a ver quais cartas tem.
- Pensar alto, falar o que está pensando (terapeuta começa para servir de
modelo).
- Após treino, jogar normalmente.
Jogos e Brincadeiras

Atenção Concentrada
Atenção Seletiva
Jogos e Brincadeiras

Tolerância à
frustração
Jogos e Brincadeiras

Expressão
Velada da Raiva
Reestruturação Cognitiva
Intervenções para lidar com pensamentos disfuncionais e
perturbadores.

Visam modificar o que crianças e adolescentes dizem a si


mesmas ao experienciarem uma emoção perturbadora ou uma
circunstância problemática.

Mostra a criança que, se é possível mudar seus pensamentos,


também é possível mudar as sensações.

Friedberg, McClure & Garcia (2011)


Esmague o inseto!

Friedberg, McClure & Garcia (2011)


Jogue longe
- Jogo da velha: pode ser jogado com o
terapeuta ou com o familiar.
- 9 cartões com pensamentos
disfuncionais coletados do RPD e
distribuídos nas “casinhas”
- Jogar bola na casinha para acertar um
cartão
- Pegar o cartão com PA e encontrar um
pensamento alternativo eficaz. Escrever
no verso e deixar o cartão virado.

Coroa do Pensamento
Friedberg, McClure & Garcia (2011)
Análise Racional
Intervenções cognitivas mais sofisticadas, sendo geralmente
usadas com o objetivo de provocar dúvidas nas crenças mais
arraigadas do paciente.

Técnicas que avaliam a precisão e a utilidade de


pensamentos, pressupostos e crenças e que alteram padrões
desadaptativos e/ou imprecisos.

Crianças maiores (final operatório concreto) e adolescentes


tendem a se beneficiar de técnicas de análise racional.

Friedberg, McClure & Garcia (2011)


Acusação Defesa

Evidências que
Evidências que
comprovam a
comprovam a
acusação e que
inocência do réu e
favorecem a
que favorecem a
condenação
absolvição

Simular uma audiência: levar provas, fala do advogado,


fala do promotor, sentença do juiz.
Adaptado de Rangé & col. (2011)
Metáforas
Utilizar “dicas” que o próprio paciente leva.

Exemplos:

• “Minha vida é um labirinto. Sempre que eu penso que está indo tudo bem, eu
chego em um beco sem saída” (se referindo a situações que não sabe como
lidar)

• Terapeuta e paciente desenham um labirinto e nomeiam cada beco sem saída


com os nomes dos vários desafios do paciente: “Eu acredito que não posso
confiar em ninguém”; “Ninguém deveria me dizer para fazer algo que eu não
quero fazer”.
• Terapeuta e paciente buscam estratégias para lidar com esses caminhos
bloqueados. Friedberg, McClure & Garcia (2011)
Referências
Caminha, R. M. & Caminha, M. G. (2013). Baralho dos comportamentos. Porto Alegre: Sinopsys.
Cartaxo, V.A.B. (2014). Baralho das Distorções: enfrentando as armadilhas dos pensamentos.
Novo Hamburgo: Sinopsys.
Friedberg, R. D., & McClure, J. M. (2004). A prática clínica da terapia Cognitiva com Crianças e
Adolescentes. Porto Alegre: Artmed.
Friedberg, R. D., McClure, J. M. & Garcia, J. H. (2011). Técnicas de terapia cognitiva para crianças
e adolescentes: Ferramentas para aprimorar a prática. Porto Alegre: Artmed.
Lopes, R. F. F., Santos, S. A., Souza, R. B., Mendes, L. R., Florêncio, E. & Faria, C. A. (2003). O
desenvolvimento e a adaptação de técnicas para a terapia cognitiva com crianças. Revista da
Sociedade de Psicologia do Triângulo Mineiro (SPTM), 7. 53-58.
Rangé, B. (2001). Psicoterapia cognitivo-comportamental: um diálogo com a psiquiatria. Porto
Alegre: Artmed.
Rodrigues, C.L & Folquitto, C.T. (2014). Baralho das habilidades sociais: desenvolvendo as
relações. Novo Hamburgo: Sinopsys.
Obrigada!!
carolfariaarantes@gmail.com

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