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Psicologia Social

construção da realidade
Ramo da psicologia que tenta compreender e explicar Princípios motivacionais:
como é que os pensamentos, sentimentos e ➥ Maestria – Procuramos um maior entendimento de nós
comportamentos dos indivíduos são influenciados pela mesmos e do mundo envolvente, de modo a termos maior
presença real, imaginada ou implícita dos outros. (Allport) controlo (maior capacidade de previsão) sobre os eventos
que ocorrem na nossa vida.
Estuda a influência de processos sociais e cognitivos na
➥ Ligação – Procuramos sentimentos de apoio mútuo,
forma como percecionamos, interagimos e nos
agrado e aceitação nas pessoas e grupos que
relacionamos com o outro:
valorizamos.
★ Processos sociais – como as outras pessoas (presença
➥ Valorização do “eu” e do “meu” – Procuramos vermo-
real, imaginada ou implícita) influenciam a forma como o
nos a nós mesmos e aos grupos a que pertencemos numa
indivíduo entende o mundo, guiando as suas ações;
perspetiva positiva.
★ Processos cognitivos – como memórias, perceções,
pensamentos, emoções e motivações do indivíduo Princípios de processamento:
influenciam a forma como este entende o mundo, ❀ Conservadorismo – perspetivas estabelecidas
guiando as suas ações. demoram a mudar e têm tendência a perpetuar-se.
❀ Acessibilidade – informação mais acessível tem o
maior impacto nos nossos pensamentos, emoções e
comportamento
❀ Superficialidade vs profundidade – geralmente, as
pessoas processam a informação de forma superficial,
mas quando confrontadas com certos eventos (ameaças
aos princípios motivacionais) processam a informação de
forma mais extensa.

Contributos básicos:
❤ A interação social constrói a nossa realidade – a nossa
construção da realidade é moldada por processos
cognitivos (modo como a nossa mente funciona) e
processos sociais (influência da presença real ou
imaginada dos outros);
❤ A pervasividade da influência social – a presença dos
outros (real ou imaginada) influencia todos os nossos
pensamentos, sentimentos e comportamentos.
❤ O contexto determina em grande parte o
comportamento - que fazemos é em grande parte
resultado do contexto (agimos de forma diferente em
contextos diferentes).

Nota: Segundo Smith et al. (2015), estes 8 princípios explicam


todos os tipos de comportamentos sociais.

Níveis de explicação (Doise, 1976)


❤ Intra-individual: O comportamento é explicado por
mecanismos de processamento de informação ao nível
do indivíduo sem recorrer à interação do indivíduo com
o meio social.
Ex: Atitudes e mudança de atitudes, aprendizagem,
perceção, atenção e memória.

self
O self tem dois componentes: o autoconceito (o que
sabemos sobre nós mesmos) e a autoestima (como nos
sentimos em relação a nós mesmos)

❤ Inter-individual/Situacional: O comportamento é As ideias que temos sobre nós mesmos direcionam e


explicado pela dinâmica das relações que influenciam um regulam dos nossos pensamentos, emoções e
grupo de indivíduos. As variáveis explicativas são comportamentos.
situacionais.
Nota: Indivíduos são considerados substituíveis, sendo as
interações entre eles explicativas.

Ex: Influência social, conflitos, bystander effect.

Existem três tipos de self:


❀ Self individual – quem somos como indivíduos
(características pessoais);
❀ Self coletivo – quem somos por sermos parte de um
coletivo (nacionalidade, religião);
❤ Inter-grupal/Posicional:
O comportamento é explicado ❀ Self relacional – quem somos em relação com os
pela diferente posição social dos sujeitos – ênfase na outros (filha, aluna, amiga)
relação entre as diferentes posições sociais que os
indivíduos ocupam.

Posição social pode ser classe social, sexo, idade, …

Ex: Distância social entre grupos, relações baseadas em


posições sociais.

A maneira como nos vemos também é influenciada pela


cultura em nosso redor. Esta pode ser independente e
individualista ou interdependente e coletivista.
Pessoas em sociedades individualistas usam atributos
❤ Ideológico/Societal: O comportamento é explicado com
mais diferenciadores do self (sou inteligente), enquanto
base nos valores, ideologias ou normas partilhadas pelos
pessoas em sociedade coletivistas usam atributos
membros de uma determinada cultura ou sociedade.
interdependentes (sou budista)
Ex: Ideologias conservadoras, estereótipos.
Autoconceito
Existe maior tendência para inferirmos informação sobre
nós próprios quando o comportamento é visto como
Conjunto de todas as crenças que indivíduo tem sobre as livremente escolhido (motivação intrínseca) e não
suas qualidades pessoais. quando é guiado por um fator externo (motivação
extrínseca).
Possui duas facetas relacionadas (Mead):
➥ I, eu, self privado – sujeito social (como nos vemos) ✦ Emoções que sentimos em situações típicas:
➥ Me, mim, self público – objeto social (como achamos
Inferimos características pessoais com base na
que os outros nos veem) interpretação dos nossos sentimentos. Estas informações
são mais refletivas de quem somos do que o nosso
comportamento exterior porque são menos influenciadas
por pressões externas. No entanto, a nossa consciência
emocional é afetada pela situação em que nos
encontramos.
ex: se me sinto mal quando vou à festa e bem quando estou
sozinha, consigo avaliar que sou introvertida.
Nota: Autoconsciência - Estado transitório em que estamos
conscientes de quem somos.

Auto-esquemas: Representações estáveis dos nossos


atributos em dimensões específicas (fã de música,
inteligente, social).

As dimensões mais importantes são as relevantes para o


self.

Nota: Efeito da auto-referência – a informação relativa ao self


é processada mais profundamente e é mais acessível do que a Nota: Dutton & Aron (1974) – participantes entrevistados por um
entrevistador atraente do sexo oposto em duas condições: numa
sobre os outros.
ponte baixa e estável ou numa ponte alta e instável, no final
dava-se o contacto. Houve mais telefonemas na ponte instável,
Fontes de autoconceito: por estarem numa situação de maior excitação/ativação
✦ Introspeção (confundiram o medo por atração).
Sabemos quem somos ao olharmos para nós próprios e
✦ Reações dos outros – Looking glass self (o self como
construirmos uma narrativa. No entanto, muitas vezes,
espelho das reações dos outros) (Cooley, 1902)
não temos consciência dos fatores que influenciam o
nosso comportamento e não nos lembramos O que os outros pensam de nós molda a imagem que
“objetivamente” do que se passou connosco temos de nós mesmos. No entanto, existe maior ligação
(enviesamentos de memória, sobretudo motivacionais – entre o autoconceito e o que pensamos que os outros
lembramo-nos mais dos sucessos que dos fracassos). pensam de nós do que com o que realmente pensam.
ex: se os outros nos tratarem com se fossemos competentes,
adotamos essa visão de nós mesmos e agimos de forma mais
competente.

✦ Inferências sobre o nosso comportamento – Teoria


da auto-perceção (Bem, 1967)
Inferimos características pessoais com base no nosso
comportamento. Segundo esta teoria, o comportamento
determina atitudes.

✦ Comparação social – Teoria da Comparação Social


(Festinger, 1954)
O nosso autoconceito é moldado pelas comparações que
realizamos entre nós e os outros.

No entanto, os resultados são diferentes dependo da


motivação:
↬ Self-enhancement: quando nos comparamos com
Limitações:
pessoas com menos sucesso → motivação é sentirmo-nos
melhor com nós mesmos. ↬ Acessibilidade limitada – memória seletiva;

↬ Self-improvement – quando nos comparamos com ↬ Atribuições (situacionais ou internas) – importância


pessoas com maior sucesso → motivação é inspiração. do contexto;
↬ Seleção de traços mais importantes para nós.

As características que nos distinguem mais do outros


frequentemente tornam-se características determinantes
do self.

Overview
Existem cinco fontes de autoconceito: a introspeção, o autoestima
comportamento, emoções, reações dos outros e Avaliação que fazemos de nós próprios (o que sentimos
comparações sociais. em relação ao nosso autoconceito).

Possui várias dimensões (pode ser geral ou específica):


➥ Geral: quão gosto de mim em geral;

➥ Aparência – quão gosto de mim a nível de aparência;


➥ Social – quão gosto da minha vida pessoal;

➥ Desempenho - quão gosto de mim a nível


académico/profissional.

Diferentes pessoas valorizam diferentes dimensões.


Autoestima elevada está associada com maiores níveis de
complexidade do self sucesso, felicidade e saúde.
A complexidade do self é determinada pelo número de
auto-esquemas e pelo grau de distinção entre eles.
❀ Grau de complexidade do self elevado – elevado # de
auto-esquemas distintos
❀ Grau de complexidade do self baixo – baixo # de auto-
esquemas pouco distintos.

Um elevado grau de complexidade do self está associado


com uma maior autoestima e resiliência face a
adversidades
Fontes autoestima:
❤ Experiências pessoais – têm motivações diferentes e
interpretações enviesadas.
✦ Motivações externas – contingências públicas
(aprovação dos outros);
✦ Motivações internas – contingências privadas
(pessoais).
Self coerente: As pessoas tentam encaixar os diferentes
elementos que possuem acerca de si próprios de forma
a construir um self coerente.
❤ Pertença a grupos sociais – Teoria da Identidade Social
(Tajfel & Turner, 1978)
A autoestima depende do valor social do grupo a que
pertencemos → grupos socialmente valorizados,
expetativas positivas (+AE); grupos socialmente
desvalorizados, expetativas negativas (-AE)
✦ Interpretações enviesadas:
↬ Responsabilizamo-nos pelos sucessos e não pelos
fracassos (Zuckerman, 1979)
↬ Lembramo-nos melhor do feedback positivo do que
do negativo (Mischel et al, 1976)
↬ Vemos os nossos como defeitos traços humanos e
as nossas qualidades com raras (Campbell, 1986)

Nota: As expetativas associadas ao grupos provêm de


❤ Comparações sociais – Teoria da Adaptação Cognitiva
estereótipos positivos ou negativos.
(Taylor, 1988)
Comparamo-nos com as outras pessoas através de
❤ Padrões internos – Teoria da auto-discrepância
ilusões positivas que criamos, isto ajuda-nos a enfrentar
(Higgins, 1987)
ameaças.
➥ Ilusões de autoengrandecimento: pessoas tendem a
Possuímos padrões internos (self-guides) que guiam as
descrever-se como acima da média numa série de nossas autoavaliações:
características – Otimismo comparativo; ↬ Self atual – quem somos;
➥ Ilusões de invulnerabilidade: “o pior só acontece aos ↬ Self ideal – quem gostaríamos de ser, orienta-nos em
outros”; direção aos nossos ideais e aspirações;
➥ Ilusões de controlo: achamos que temos mais controlo ↬ Self normativo – quem os outros acham que
sobre as situações do que temos na realidade. deveríamos ser, orienta-nos em relação às nossas
obrigações.

Quando existe uma discrepância muito desajustada entre


os selfs temos emoções negativas:
❀ Discrepância entre self atual e self ideal (gostaria de
ser mais …) → desapontamento, tristeza, depressão.
Nota: Otimismo comparativo é a nossa tendência para ver o ❀ Discrepânciaentre self atual e self normativo (deveria
nosso futuro como sendo mais positivo que o futuro dos outros.
ser mais …) → culpa, ansiedade.
Modelo da manutenção da autoavaliação (Tesser, 1988)
A autoestima na comparação com os outros depende de:
❀ Quem escolhemos para nos compararmos:
comparações para baixo (+AE); comparações para cima
(-AE)
❀ Domínio em que a comparação é feita: domínio
relevante (impacto na AE); domínio irrelevante (sem
impacto na AE) Overview
Existem quatro fontes de auto-estima: experiência
passada, comparação social, pertença a grupos sociais e
padrões internos.
Atribuição de significado
Atribuição causal (Weiner, 1985)
✦ Causainterna/disposicional (culpa, algo que fizemos) vs
Causa externa/situacional (contexto, algo que o outro
fez);
Nota: Efeito de coação (Tripplet, 1889); Efeito de audiência
✦ Causa estável (porque sou agressiva) vs Causa instável (Allport, 1924).
(porque estava maldisposta nesse dia);
✦ Causa controlável (porque não estudei) vs Causa Hipótese Motivacional da Facilitação Social (Zajonc,
incontrolável (porque tive azar). 1965): Ao estarmos com outros da mesma espécie, há um
estado de ativação/arousal do organismo.
❤ Em tarefas dominantes: simples ou bem aprendidas →
arousal causado pela presença dos outros melhora o
desempenho;
❤ Em tarefas não dominantes: complexas, mal aprendidas
ou novas → arousal causado pela presença dos ouros
piora o desempenho.
As atribuições que fazemos determinam a construção das
nossas narrativas pessoais.

identidade
Teoria do processo identitário (Breakwell, 1986) – para
possuirmos um sentido de identidade necessitamos de
manter:
➥ Sentido de continuidade (ameaçado quando mudamos
de terra, escola, profissão, …); Nota: a motivação corresponde à ativação.
➥ Sentido de pertença (ameaçado quando somos
rejeitados ou nos sentimos isolados); Causas da ativação/arousal:
➥ Presença dos outros como ameaça (Blascovich et al.,
➥ Sentido de distintividade (ameaçado quando outros não
1999) – a presença dos outros pode ser vista como uma
respeitam a nossa individualidade); ameaça (tarefas não dominantes) ou um desafio (tarefas
➥ Sentido de autonomia e eficácia (ameaçado quando dominantes), aumentando a ativação.
ficamos doentes ou incapacitados e temos que depender ➥ Receio de avaliação (Cottrell, 1968) – a presença dos
dos outros);
outros induz medo de avaliação, sentimento de que se
➥ Autoestima positiva (ameaçada quando percebemos está a ser avaliado e consciência das possíveis
que não somos tão bons como pensávamos). consequências, aumentado a ativação.
Nota: (Cottrell, 1968) Estudo onde participantes tinham de
realizar uma tarefa motora sozinhos, com audiência ou com
audiência vendada. Resultado: não havia efeitos de facilitação
quando a audiência estava vendada, ou seja, arousal não existe
quando sabemos que não estamos a ser observados.
➥ Distração (Baron et al., 1978): a presença dos outros
distraí-nos, retirando recursos atencionais. O conflito
atencional aumenta a ativação.

apatia social
facilitação social O comportamento de ajuda não parece associado
sistematicamente com variáveis de personalidade, varia
A presença de outras pessoas quer em coação de forma previsível e função das variáveis da situação –
(realizamos uma atividade em conjunto), quer em número de observadores presentes.
audiência (somos observados enquanto realizamos uma
atividade) modifica o nosso desempenho. Bystander Effect (Latané & Darley, 1968): Quanto mais
observadores presentes, menor é a probabilidade de um
indivíduo ajudar
✦ Relação social – se temos uma relação próxima com a
pessoa que necessita de ajuda, há maior probabilidade de
ajudarmos.

A presença dos outros interfere negativamente na


decisão de ajudar nas diversas fases do processo: Um grupo é uma unidade social constituída por mais de
1. Reparar que alguém precisa de ajuda – outros são uma duas pessoas (que interagem entre si) com papéis
distração; interdependentes orientados para objetivos comuns e que
regulam o seu comportamento por um conjunto de
2. Interpretar a situação como uma emergência – outros
normas.
dão-nos validação para determinar se a situação é de
facto uma emergência → Ignorância pluralística; Um grupo possui: interação, interdependência, identidade,
objetivo comum, permanência no tempo e estrutura.
Nota: Ignorância pluralística (Allport, 1924) ocorre quando a
maioria dos membros do grupo rejeita uma norma em privado,
mas concorda com ela em público porque presume,
incorretamente, que a maioria dos outros a aceita.

Nota: grupos são sistemas dinâmicos que mudam ao longo do


tempo.

3. Sentirmo-nos responsáveis por ajudar – a presença de características


outros permite a difusão de responsabilidade.
❤ O grupo é mais do que a soma dos indivíduos e de
4. Saber o que fazer – falta de conhecimento ou comportamentos individuais - as pessoas em grupos
competência. comportam-se de maneira diferentes do que quando
5. Implementar ajuda – perigo para o próprio e estão sozinhas (para o bem e para o mal);
embaraço. ❤O grupo transmite características aos seus membros –
as pessoas nos grupos transformam-se, recebendo dos
Overview grupos algumas características;
❤ O grupo constrói um clima emocional próprio através
das interações e sincronizações (fazer coisas ao mesmo
tempo que os outros) entre os membros;
❤ O grupo passa a fazer parte da nossa identidade
individual;
❤ Os membros do grupo tornam-se interdependentes –
o comportamento de um dos elementos afeta todos os
elementos do grupo.
↬ Interdependência pela tarefa: a tarefa não pode ser
Fatores que promovem a ajuda: realizada sem a colaboração de todos.
✦ Identificação com a vítima – se nos identificarmos com
↬ Interdependência social: os membros do grupo
a pessoa em necessidade de ajuda, há maior contribuem para o bem estar uns dos outros.
probabilidade de as ajudarmos;
Existe tensão entre objetivos de tarefa (comportamento
✦ Normas do grupo – se as normas do grupo promovem
instrumental) e objetivos socio-emocionais
ajuda, há maior probabilidade de ajudarmos;
dinâmicas de grupo
(comportamento expressivo) – completar a tarefa e
manter um bom clima emocional.
Teoria de campo (Kurt Lewin): O comportamento de um
Entitavidade: grau em que um grupo é reconhecido como indivíduo é determinado pelo campo (contexto/ambiente)
grupo (entidade coerente, estável e distinta) – elementos - totalidade das forças coexistentes e interdependentes
do grupo possuem características exteriores que fazem num determinado momento.
com que seja fácil reconhecer que são parte de um grupo
(ex: polícia, escuteiro). Forças existentes num grupo:
❀ Forças individuais – necessidade de aceitação,
pertença, segurança e comunicação.
❀ Forças interpessoais – atração/repulsa (pessoas de
quem gosto ou não gosto); poder/submissão
❀ Forças grupais – coesão/conflito (aquilo que o grupo
Nota: em alturas de incerteza do self os membros identificam- me pede para fazer); ligação com outros grupos
se mais com grupos de elevada entitividade (Hogg et al, 2007)

tipos de grupos
✦ Grupos formais vs informais – estrutura clara (ex:
grupos de trabalho) vs estrutura menos clara (ex: grupo
de amigos) Training groups (T-groups)
Membros do grupo reúnem-se regularmente e
desempenham e observam-se a realizar as mesmas
tarefas (observação do “aqui e agora”). As interações são
analisadas de forma a identificar as forças presentes no
grupo.
Os membros do grupo atuam como espelhos uns dos
outros, dando feedback sobre os seus comportamentos
que constituem uma fonte de autoconhecimento.
✦ Grupos primários vs secundários – interação próxima
com todos os mebros do grupo (ex: família, amigos) vs
interação menos envolvente com alguns elementos do
grupo (ex: equipas desportivas, grupo de colegas de
trabalho).

✦ Categoria social – grupo de indivíduos, contituído com ★ Participação e exposição – envolvimento experiencial;
base na existência de uma ou mais características ★ Observação – atenção ao que se passa no grupo;
comuns entre eles, não comunicando entre sí (ex:
mulheres). Têm estereótipos associados. ★ Feedback – informação sobre como os outros nos
veem e o que sentem em relação a nós ou ao nosso
comportamento.
Ex: feedback “eu senti-me ____ quando tu _____” - foco
em expressar emoções em vez de julgamentos ou
conclusões. (senti-me magoada quando fizeste esse
comentário)
Interações e diferenciação de papéis: ✦ Implícitas: culturais (ex: espaço pessoal, norma de
❤ Papéis que facilitam a tarefa – iniciadores, reciprocidade, compromisso) → consequência é
informadores e finalizadores; discriminação social;
❤ Papéis que facilitam a relação – animadores, ✦ Explícitas: legais (ex: assédio, casamento, uso de
humoristas e vigilantes; máscara) → consequência pode ser prisão ou multas;
❤ Papeis que dificultam – dominador, opositor, passivo,
sabichão e pessimista.

Exemplos de normas: Reciprocidade (implícitas e regula


interações sociais) e compromisso pode ser explícito
(casamento ou contrato de trabalho) ou implícito.

Impacto (Cialdini, 2005): As normas descritivas têm mais


impacto do que as prescritivas (fazemos o que o nosso
grupo faz).
A influência social é o processo pelo qual as pessoas
direta ou indiretamente influenciam os pensamentos,
sentimentos e ações dos outros. Pode ser deliberada
(polícia e publicidade) ou subtil (influência dos pares).

Processos de influência social:


➥ Formação de normas – convergência dos membros do
grupo para um comportamento comum Nota: As normas também são um instrumento poderoso de
(homogeneização dos grupos); mudança de comportamento – salientar normatividade de um
comportamento induz à mudança de comportamento (podemos
➥ Conformismo – mudança de comportamento individual mudar um comportamento a partir da mudança de normas).
como resposta á pressão de grupo (homogeneização dos
grupos);
formação de normas
➥ Obediência à autoridade – mudança de
comportamento individual para seguir a instrução de Experiência de Sheriff – Movimento autocinético
alguém com poder (homogeneização dos grupos); 1. Estima individual: indivíduo estima quanto o ponto “se
moveu” → criação de normas individuais
➥ Influência minoritária.
2. Estimava grupal: grupo estima quanto o ponto “se
moveu” → estimativas têm tendência para convergir,
criando uma norma de grupo.
3. Estimativa individual: a norma do grupo mantem-se
quando o a pessoa é retirada do grupo.

Tipos de normas
As normas são padrões consensuais socialmente
construídos que indicam que comportamentos são
considerado típicos (normas descritivas) e que As normas formam-se devido à nossa necessidade de
comportamentos são considerados adequados (normas quadros de referência para temos confiança nas nossas
prescritivas) num determinado contexto. posições (a norma do grupo dá confiança às nossas
estimativas pessoais).

Quanto mais ambígua e incerta é a situação, mais


rapidamente criamos normas em conjunto. Tendemos a
formar normas com pessoas que são do nosso “in group”
(maior convergência e duração num grupo de amigos ✦ Unanimidade – quanto a maioria estava unida, o nível
que desconhecidos). de conformismo aumenta. Um dissidente diminui
significativamente o nível de conformismo.
Nota: normas sociais são um exemplo de construção social da
realidade que ocorre principalmente em situações de incerteza
e ambiguidade e tendem a preservar laços de grupo

conformismo
O conformismo é a mudança de comportamento
individual como resposta à pressão do grupo (maioria
quantitativa). Demonstra o poder das normas sociais. O conformismo ocorre porque os grupos respondem a
duas necessidades:
Experiência de Ash – Linhas de comparação ➥ Dependência informativa (cognitiva) – conformamo-
Observação de várias linhas com 7 comparsas e afirmar nos porque acreditamos que os outros têm informação
que linha é igual à linha padrão em voz alta. correta → mudança de opinião privada;
❤ Nos primeiros ensaios todos concordam na linha
➥ Dependência normativa (afetiva) – conformamo-nos
correta. porque queremos pertencer e ser aceites → conformismo
❤ Os oito comparsas indicam uma linha incorreta apenas em público.
(criando uma norma descritiva forte)

polarização
Como é que as decisões de grupos diferem das decisões
individuais?
Resultados: 75% deu resposta errada pelo menos uma vez. ❀ Visão tradicional: Os grupos moderam os seus
membros, logo as decisões do grupo são a média das
Foram observados três tipos de conformistas: percetivos decisões individuais.
(- frequente), a nível do julgamento (+ frequente) e a nível
❀ Visão atual: Os grupos radicalizam os seus membros
da ação.
(as decisões dos grupos não são a simples média das
A pressão de grupo é suficiente para mudar o posições individuais) → Polarização.
comportamento dos indivíduos em situações não
ambíguas (evidência dos seus sentidos).

Fatores que influenciam o conformismo:


✦ Ambiguidade e Complexidade– quanto mais ambígua e
complexa, maior o nível de conformismo;
✦ Dimensão da maioria – um comparsa não têm efeito ,
dois comparsas levam a 13% de erros, três comparsas
A polarização é a tendência que existe num grupo para
levam a 33% de erros. Mais do que três comparsas não
reforçar a resposta dominante. Após a discussão, é
aumentam o nível de conformismo;
comum os membros se identificarem mais com a atitude
dominante do que antes da interação (grupo radicaliza
posição individual).
As decisões de grupo são mais extremas do que decisões ★ Guarda-mentes autonomeados – Os membros
individuais devido à polarização grupal. O sentido da protegem o líder e o grupo de informação problemática
polarização depende da posição inicial dos membros do ou que contradiga a posição do grupo.
grupo.

Causas da polarização:
❤ Influência normativa – comparação social:
conformamo-nos porque queremos pertencer e ser
aceites.
❤ Influência informativa – persuasão: conformamo-nos
porque acreditamos que os outros têm informação
correta
❤ Auto-categorização – identificação com membros do
grupo (in group) aumenta a tendência de radicalização.
Nota: a forma como nos categorizamos depende de que aspetos
da nossa identidade são salientes.

Pensamento de grupo (Groupthink): O pensamento de grupo pode ser evitado salvaguardando


Ocorre quando membros de um grupo isolado, coeso e a consideração de alternativas, independência de pontos
homogéneo desenvolve inconscientemente uma série de de vista e aceitação privada.
ilusões partilhadas e normas que interferem com o
pensamento crítico e testes de realidade
obediência à autoridade
A obediência à autoridade ocorre quando um indivíduo
altera o seu comportamento para seguir a instrução de
alguém com poder.

Experiência de Milgram – Choques elétricos


Um comparsa instruiu os participantes a usar um
dispositivo que dava choques elétricos cada vez mais
fortes a “alunos” quando estes cometiam um erro.
É potenciado quando não existe um líder parcial e
objetivo e quando a decisão é tomada num clima de
grande stress
Nota: tomada de decisão grupo que é prejudicada pela
motivação de alcançar consenso, independentemente de como
o consenso é formado.

Sintomas:
★ Ilusão de invulnerabilidade;
À medida que os choques aumentam de intensidade o
★ Racionalização coletiva da tomada de decisão;
“aluno” protesta (grita por socorro, reclama de problemas
★ Crença forte na moralidade do grupo – Os membros cardíacos e implora que pare) e depois para de
acreditam firmemente que o seu grupo tem razão e por responder. O participante era sempre instruído a
isso ignoram as consequências éticas ou morais das suas continuar.
decisões.
★ Estereotipização dos inimigos – A visão negativa dos
inimigos faz com que se minimize o seu poder e que se
agrave a resposta ao conflito.
★ Pressão direta sobre os dissidentes – Os membros são
pressionados para não exprimirem posições contrárias às
posições do grupo;
★ Autocensura – As dúvidas e os desvios daquilo que é
visto como o consenso do grupo não são expressas.
Resultados: 62% dos participantes administraram choques
★ Ilusão de unanimidade – A perspetiva da maioria é mortais (450 volts, 4 vezes).
considerada unânime
influência minoritária
Modelo explicativo da obediência (Milgram)
As condições situacionais foram os participantes a entrar
num estado “agêntico”, em que o seu sentido de Moscovici critica “enviesamento conformista” na
responsabilidade pessoal se degrada (responsabilidade investigação em psicologia social.
pela execução e não pelo conteúdo da ordem).
❤ Perspetiva de Ash, Sherif, Milgram e Zimbardo: Quando
Para resolver as tensões contraditórias (individual – é que uma pessoa cede à pressão e grupo? → maioria
empatia; grupo – autoridade), o indivíduo entra em influencia a minoria.
negação e evitação. ❤ Perspetiva de Moscovici: Quando é que uma pessoa
Fatores que influenciaram obediência: situação foi influência o grupo? → minoria influencia a maioria.
gradual e houve distanciamento da vítima

Experiência de Zimbardo – Prisão de Stanford


Participantes aleatoriamente selecionados como guardas
ou prisioneiros:
✦ Os prisioneiros forma submetidos a procedimentos para
os humilhar, acabar com a sua individualidade e recordar
a sua falta de agência.
Experiência de Moscovici – Azul/Verde
✦ Os guardas usavam um uniforme, óculos escuros e um
O participante via quadrados azuis em grupo e instruído
cassetete (individualidade limitada) e eram instruídos a dizer a sua cor em voz alta em três condições:
para fazer o que achassem necessário para manter a
★ Grupo de controlo – ausência de influência minoritária;
ordem na prisão.
★ Minoria inconsistente – um terço das respostas (verde);
★ Minoria consistente – todas as respostas (verde):

Á medida que o tempo passou que os guardas impuseram


Resultados: 8% dos participantes afirmaram que o
a sua autoridade de uma forma cade vez mais severa e
quadrado era verde quando a minoria é consistente. Os
os prisioneiros tornaram-se passivos e depressivos. O
valores são superiores quando voltam a responder aos
estudo terminou em 6 dias, apesar de ter sido planeado
slides sozinhos.
para 15 porque os guardas se tornaram abusivos e os
prisioneiros mostravam sinais de extremo stress e Questionário pós-experimenta (em privado): membros
ansiedade. minoritários era percecionados como sendo menos
Conclusões: “Qualquer pessoa se comporta como um desejáveis e competentes, mas mais confiantes que os
tirano se desempenhar o papel de um membro de um outros membros.
grupo com poder sobre outro” → demostra a importância
do contexto situacional no comportamento humano.

Críticas:
➥ Zimbardo assume-se como diretor da prisão,
incentivando a tirania e ignorando a resistência →
salientou lado negativo do comportamento de grupo. Conclusões:
➥ Era uma situação assimétrica extrema (em ❤ As minorias com comportamento consistente podem
oportunidade de subida de estatuto, sem alternativas e mudar as maiorias;
legitimada. ❤A influência minoritária é maior em situação privada do
➥ Ao mudar o contexto de relação entre grupos que me pública,
observam-se diferenças na conflitualidade.
Porque é que a minoria tem influência?
↬ Quebra a unanimidade;
↬ Demostra confiança numa posição alternativa Nota: A consistência sincrónica evita psicologização – atribuir a
discordância às características da personalidade da pessoa “é
↬ Demostra que não vai mudar de posição, sendo a única
maluca”, “só quer chamar a atenção” → forma de desvalorizar
solução para o conflito adotar a sua posição. e resistir à mudança social.

Evidência: Experiência das cores de Moscovici –


influência maioritária perde eficácia na situação privada,
enquanto a influência minoritária é mais forte na situação
privada.

Overview: Influência maioritária = aceitação pública;


influência minoritária = aceitação privada.

teorias de influência social


Teorias de processos duais - influência minoritária e
maioritária são dois processos qualitativamente
diferentes:
➥ Teoria da conversão (Moscovici);
➥ Teoria divergente/convergente (Nemeth).

Teorias de processo único – influência minoritária e Teoria divergente/convergente (Nemeth)


maioritária são determinadas pelos: A influência minoritária e maioritária levam a estilos de
➥ Teoria do impacto social (Latané); pensamento diferentes:
➥ Teoria da auto-categorização (Turner). ➥ Influência maioritária – pensamento convergente
(pensamento focalizado)
➥ Influência maioritária – pensamento divergente
(procura de alternativas)

Teoria da conversão (Moscovici)


Todas as tentativas de influência criam conflito no grupo,
a sua resolução passa por caminhos diferentes quando a
fonte é maioritária ou minoritária:
✦ Influência maioritária → consistência sincrónica (várias
pessoas têm a mesma posição ao mesmo tempo) –
submissão: muita aceitação pública a curto prazo, mas
pouca aceitação privada (associado a obediência e Evidência: Experiência de Nemeth – sujeitos confrontados
controlo social); com maioria tendem a imitar as suas respostas; sujeitos
confrontados com minoria (correta ou incorreta) tendem
✦ Influência minoritária → consistência diacrónica (uma a produzir mais respostas inovadoras e corretas,
pessoa mantém a mesma posição ao longo tempo) –
conversão: pouca aceitação pública, mas aceitação Overview: Influência maioritária = pensamento
privada a longo prazo (associada a mudança socia). convergente; influência minoritária = pensamento
divergente.

Teoria da auto-categorização (Turner)


Os grupos influenciam-nos porque são importantes para
definirmos quem somos (auto-categorização), logo a
influência social é maior se a fonte for do “in group”.
Evidência: Experiência de David e Turner – são
apresentados argumentos vindos do “in group” ou “out
group” como sendo maioritários ou minoritários.

Overview: Endogrupos são mais influentes que exogrupos,


tanto como maiorias ou minorias.

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