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APRENDIZAGEM EM FOCO

ATIVIDADES E INTERVENÇÃO
EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Neide Rodriguez Barea
Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti

Talvez você esteja se perguntando: “Bem, eu faço as primeiras


sessões, realizo o diagnóstico e depois, como eu organizo as
intervenções?”.

O objetivo desta disciplina é prepará-lo para construir processos


de intervenção psicopedagógicos no espaço da clínica. Para
isso, a disciplina está organizada em quatro grandes temas: o
primeiro trata do processo de vinculação entre o aprendente e
o psicopedagogo, as competências que o psicopedagogo precisa
ter e empregar nos processos interventivos, como autonomia,
responsabilidade, gestão do tempo e organização.

O segundo tema enfoca diretamente as dificuldades em linguagem,


as atividades mais apropriadas para a realização de intervenção
nos distúrbios da linguagem e nas dificuldades de ordem emocional
relacionadas à aquisição e desenvolvimento da língua. Como se faz
uma intervenção em dislexia? E em disortografia?

O terceiro tema enfoca diretamente as dificuldades em raciocínio


lógico-matemático e as atividades de intervenção apropriadas
à reconstrução do vínculo, da aprendizagem das estruturas que
sustentam os conhecimentos em Matemática e a aplicabilidade
do raciocínio. Você vai aprender como intervir no transtorno da
discalculia e em outras dificuldades relacionadas à aprendizagem
em Matemática.

Por fim, o quarto tema trata das intervenções realizadas em


psicomotricidade para a compensação de condutas motoras não
adaptadas. Você vai estudar sobre a integração entre o corpo,
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o movimento e as emoções e aprender a fazer intervenções em
dificuldades que se relacionam a uma ou mais dessas dimensões.

Esta disciplina também traz uma abordagem consistente da teoria,


aplicada em situações práticas, a partir do desafio profissional e das
seções de Teoria em Prática.

Indicamos leituras atualizadas e significativas, bem como vídeos que


enriquecem a sua aprendizagem.

Para finalizar, chamo a atenção para as webaulas, onde você pode


ter um contato mais próximo com o professor e esclarecer algum
detalhe que ainda precise de aprofundamento.

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 1

Personalização da intervenção
psicopedagógica
______________________________________________________________
Autoria: Neide Rodriguez Barea
Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti
DIRETO AO PONTO

A intervenção psicopedagógica é um processo formal, organizado


e estruturado pelo psicopedagogo, que tem como objetivo
superar ou reabilitar uma dificuldade de aprendizagem.

Antes de o processo interventivo ser iniciado, é preciso que o


psicopedagogo tenha realizado o diagnóstico psicopedagógico,
traduzindo os sintomas e descobrindo a origem ou o motivo da
dificuldade de aprendizagem. No esquema a seguir você pode
observar como se organiza o trabalho do psicopedagogo clínico.

Figura 1 – Etapas do atendimento psicopedagógico clínico

Fonte: elaborada pela autora.

O processo interventivo é sempre personalizado. Cada aprendente


que chega à clínica psicopedagógica é um ser único, com uma
dificuldade específica e abalos emocionais relacionados a ela.
Também possui uma história de vida única, um relacionamento
único com a família, com a escola e com a aprendizagem. Possui
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interesses e gostos particulares. Neste universo específico, ímpar
e singular, não é possível caber generalizações ou aplicações
repetidas. Não seria ético adotar o mesmo procedimento
interventivo construído para um aprendente em outro.

Assim, a intervenção psicopedagógica é personalizada, diferente do


processo de diagnóstico, que possui etapas mais organizadas.

Para que o psicopedagogo possa criar um processo de intervenção


eficaz e personalizado, é preciso ter algumas competências,
conforme quadro abaixo.

Quadro 1 – Competências do psicopedagogo empregadas


no processo de intervenção

Autonomia e Gestão do
Responsabilidade Organização
proatividade tempo

Conhecimento Seriedade no Organização Do espaço,


suficiente para desenvolvimento de do processo dos materiais,
criar e conduzir sua incumbência. interventivo ao das atividades
um Consciência de seu longo do tempo a serem
processo papel. disponível. realizadas, dos
personalizado registros, da
de intervenção Comprometimento com Gestão dos documentação.
psicopedagógico. a organização, gestão e tempos de
encaminhamentos do cada sessão de Organização de
Liderança. processo interventivo. intervenção. todo o processo
de intervenção.
Autorrespon
sabilidade.

Fonte: elaborada pela autora.

Nem todos os aprendentes chegam motivados para enfrentar a


dificuldade de aprendizagem. Muitas vezes, é preciso vencer as

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barreiras oriundas de processos anteriores que não foram bem-
sucedidos, a desmotivação e a existência de crenças negativas. O
trabalho de intervenção pode ser árduo para o aprendente, pois ele
terá que reconstruir processos de aprendizagem, movimentar suas
emoções e muitas vezes descartar crenças já instaladas há muito
tempo, para reconstrui-las de forma mais positiva.

Uma das formas de favorecer o processo de intervenção é usar


como pano de fundo das atividades as temáticas que o aprendente
gosta ou tem interesse. Por exemplo:

• Ler história do personagem favorito.

• Recontar filme ou episódios de séries.

• Realizar cálculos matemáticos a partir do esporte favorito.

• Criar músicas e poesias.

• Buscar a interpretação de uma música etc.

Por fim, é importante que o aprendente evidencie suas conquistas e


ressignifique sua dificuldade de aprendizagem, e isso só se consegue
a partir de um processo interventivo personalizado.

PARA SABER MAIS

Já estudamos que a intervenção psicopedagógica precisa ser


personalizada, pois cada aprendente tem suas características
próprias, interesses particulares e um processo de aprendizagem
individualizado.

Talvez você esteja se perguntando: Como organizar uma sessão


psicopedagógica voltada à intervenção? Bem, esta aprendizagem
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é muito importante e vai subsidiar sua ação profissional. Vamos
conhecer um pouco mais sobre isso?

Uma sessão psicopedagógica tem, em média, a duração de


cinquenta minutos. Ao longo deste tempo, você precisa organizar
alguns momentos, cuja duração precisa ser planejada, em função
dos objetivos propostos para aquela sessão. Então, a primeira ação
a se fazer é planejar a sessão: qual objetivo, quais atividades serão
desenvolvidas, quais materiais serão necessários. Em seguida,
é preciso organizar o espaço: deixar as atividades prontas e os
materiais separados. Além disso, o espaço precisa estar limpo e
adequado ao aprendente que vai chegar.

A sessão de intervenção precisa contemplar alguns momentos:

Recepção e acolhida: ao receber o aprendente, observar sua


postura, suas expressões faciais e corporais, perguntar como ele
está hoje. Perguntar, ainda, como foi a semana, o que aconteceu de
diferente e o que mais gostaria de contar. Cuidado com o tempo que
esta acolhida pode levar: ela não pode ocupar a sessão inteira ou
grande parte dela.

Em seguida, pode-se observar as atividades que foram enviadas


para casa e que foram desenvolvidas desde a última sessão.
Perguntar sobre as dificuldades encontradas e como foram
resolvidas, e como o aprendente se sentiu ao realizar as atividades
de casa.

O próximo passo pode ser a realização das atividades de


intervenção: explicar o que se espera, acompanhar a execução
anotando mentalmente os aspectos relevantes (Foi fácil? Como
resolveu as dificuldades? Quais manifestações faciais ou corporais
foram observadas? Houve interatividade com o psicopedagogo?).

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Ao final desta etapa, avaliar a qualidade da produção e se atingiu os
objetivos.

É preciso inserir um momento lúdico, algo que ajude o aprendente


a se vincular com o tratamento e que o leve a perceber que os
momentos de lazer também são importantes para a aprendizagem.

Ao final da sessão, há o momento de orientação para as atividades


de casa (a serem feitas até a próxima sessão) e também a
despedida, na qual se avalia o encontro.

O tempo de cada etapa varia de acordo com a situação. Caso tenha


ocorrido algum evento que desestabilizou o aprendente, pode ser
que o momento da acolhida seja mais longo, por exemplo.

Por fim, o psicopedagogo precisa fazer o registro da sessão, fazendo


os apontamentos pertinentes e refletindo sobre o que fará na
próxima sessão. Em algum momento da semana, precisa preparar a
sessão seguinte.

TEORIA EM PRÁTICA

Neste Teoria em Prática, vamos fazer um exercício de


autoconhecimento e refletir sobre um possível processo de
intervenção.

Em primeiro lugar, localize um tema ou assunto que seja, para


você, difícil de aprender. Pode ser em qualquer área da vida (dirigir,
aprender Matemática, falar em público, estudar para o curso de
Pós-Graduação), o tema que você julgar importante enfrentar,
que trouxe prejuízos para sua vida e que você gostaria de superar.
Mas é importante delimitar, para que o processo seja passível de
conclusão, por exemplo: “tenho dificuldade em aprender a cozinhar

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arroz”, “em trocar a marcha do carro”, “na Matemática básica do
ensino fundamental”.

Agora, crie um planejamento separado em etapas para enfrentar


esta dificuldade. O que você poderia fazer por si próprio para
superar essa dificuldade de aprendizagem? Estabeleça por volta de
cinco sessões que possam ajudá-lo a superar esta dificuldade.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

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Indicação 1

Genovena Claro (2018) dedica parte de um capítulo para abordar


o processo de intervenção psicopedagógico. Traz importantes
reflexões quando aponta que há muitos estudos sobre o processo de
diagnóstico, mas poucas menções ao processo interventivo. Resgata
e alinha falas de significativas autoras e pesquisadoras no campo da
Psicopedagogia, indicando que a intervenção psicopedagógica é, na
verdade, puramente autoral.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

CLARO, G. R. O profissional psicopedagogo diante das intervenções. In:


CLARO, G. R. Fundamentos de Psicopedagogia. Curitiba: Intersaberes,
2018, p. 118-124.

Indicação 2

Neste capítulo, a autora constrói a ideia de intervenção


psicopedagógica como um processo objetivo, que parte do
diagnóstico e tem como meta permitir que o aprendente
reestabeleça a aprendizagem de forma segura, confiante e
autônoma.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica no espaço da clínica.


GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando nós,
fazendo laços. Curitiba: Intersaberes, 2021, p. 24-38.

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QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. O processo de intervenção psicopedagógico deve ser sempre


personalizado, pois:

a. As famílias pagam para ter um processo de tratamento


individualizado.
b. Cada aprendente é único, com particularidades específicas.
c. O psicopedagogo necessita de desafios constantes em sua
profissão.
d. A escola vai perceber caso o processo não seja personalizado.
e. É preciso evitar o tédio do aprendente a qualquer custo.

2. Uma das formas de favorecer o processo de __________ é


usar como pano de fundo das __________ as __________ que o
__________ gosta ou tem interesse, por exemplo: um super-
herói, um seriado, um grupo musical, um estilo literário, um
ator etc.

Assinale a alternativa que completa adequadamente as


lacunas.

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a. Diagnóstico; avaliações; dificuldades; psicopedagogo.
b. Diagnóstico; intervenções; propostas; aprendente.
c. Acolhida; atividades; propostas; psicopedagogo.
d. Intervenção; atividades; temáticas; aprendente.
e. Intervenção; avaliações; temáticas; docente.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: O aprendente é um ser único, cuja dificuldade de
aprendizagem está circunscrita em sua história de vida, com
as particularidades inerentes a este percurso. O aprendente
também possui desejos e interesses individualizados, que
podem servir como suporte para o enfrentamento da dificuldade
de aprendizagem. As famílias pagam por um tratamento
psicopedagógico que leva à superação da dificuldade de
aprendizagem, em que nem a família nem a escola conseguirão
perceber se as atividades da intervenção já foram empregadas.
Isso faz parte da consciência ética do psicopedagogo e do
respeito que tem pelo aprendente. O tédio do aprendente é um
dado importante a ser analisado, e o psicopedagogo já enfrenta
os desafios próprios de sua profissão.
Questão 2 - Resposta D
Resolução: Uma das formas de favorecer o processo de
intervenção é usar como pano de fundo das atividades as
temáticas que o aprendente gosta ou tem interesse, por
exemplo: um super-herói, um seriado, um grupo musical, um
estilo literário, um ator etc.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 2

Intervençao específica em linguagem


______________________________________________________________
Autoria: Neide Rodriguez Barea
Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti
DIRETO AO PONTO

A intervenção psicopedagógica específica em linguagem possui


três frentes de atuação, que podem aparecer mescladas ou não:
oralidade, leitura e escrita. Qualquer uma delas requer muita
dedicação e empenho do psicopedagogo, pois são essenciais para
a aprendizagem do educando, em qualquer série, segmento ou
idade, já que a comunicação é a base fundante dos relacionamentos
interpessoais e da educação acadêmica.

O diagnóstico em transtornos específicos da linguagem é


realizado por equipe multidisciplinar, que envolve profissionais
como: fonoaudiólogos, psicopedagogos, neurologistas e
otorrinolaringologistas.

Cada dimensão da linguagem exige um tipo específico de


intervenção, que precisa ser organizado coletivamente pela equipe
multidisciplinar, para que não haja divergências em relação ao
processo de reabilitação.

Cabe, especificamente, ao psicopedagogo, em qualquer uma das


dimensões da linguagem:

• Reestabelecer os vínculos afetivos do aprendente com a


linguagem, seja ela oral, leitura e/ou escrita.

• Atuar para o fortalecimento da autoestima e capacidade de


aprendizagem do educando.

• Estabelecer parceria com a escola e orientar os processos


educacionais mais adequados ao aprendente.

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Quadro 1 – Tipos de transtornos relacionados à linguagem

Transtornos
O que é?
relacionados à linguagem

Falha na capacidade de construir


Oralidade (transtorno
produzir sons das palavras,
de comunicação).
gagueira, transtornos da voz.

Leitura (transtorno Incapacidade de ler e


de leitura; dislexia). compreender textos.

Escrita (transtorno Incapacidade de produzir textos


da escrita; disgrafia). ou ter escrita inteligível.

Fonte: elaborado pela autora.

O psicopedagogo deve construir processos interventivos de


modo a respeitar as possibilidades de superação das dificuldades
do aprendente, recuperando os laços de afetividade com a
aprendizagem. De qualquer forma, o psicopedagogo precisa construir
uma intervenção sustentada em um processo lógico, por exemplo:
o aprendente com dislexia não conseguirá produzir longos textos,
portanto, é preciso primeiro melhorar a sua capacidade leitura.

Figura 1 – Intervenção específica em transtorno de comunicação

16 Fonte: elaborado pela autora.


Figura 2 – Intervenção específica em transtorno de leitura

Fonte: elaborado pela autora.

Figura 3 – Intervenção específica em transtorno da escrita

Fonte: elaborado pela autora.

PARA SABER MAIS

Bem, você deve ter percebido o quanto as intervenções


psicopedagógicas específicas em linguagem são ricas e exigem
preparo do profissional, bem como a capacidade de trabalhar em
equipe multidisciplinar.

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Os transtornos associados à linguagem são a maior parte das
queixas que aparecem no consultório psicopedagógico. A verdade
é que estes são temas que ainda estão em estudo, e não há um
consenso entre as áreas que permitam determinar exatamente
o que é a dislexia, a disortografia, e mesmo os transtornos de
comunicação.

Há uma década, aproximadamente, com o avanço das técnicas


de diagnóstico por imagem, a dislexia passou a ser estudada
em conjunto com Distúrbio do Processamento Auditivo Central
(DPAC). Trata-se de uma dificuldade em processar o som da fala
e das palavras, manifestando-se em uma capacidade reduzida
de entendimento, armazenamento e recuperação. É uma falha
neurológica.

As características mais marcantes do DPAC são:

• Incapacidade de localizar a origem do som.

• Grande dificuldade de compreender a fala em ambiente um


pouco ruidoso.

• Dificuldade em seguir instruções orais ou escritas.

• Dificuldade em entender ritmo, entonação e ênfase.

• Muita energia gasta para manter-se concentrado; cansa-se


muito mais rápido que os outros; vive em sofrimento.

• Problemas específicos em leitura e escrita, dificuldade em


reproduzir uma história (perde informações importantes,
história sem sequência lógica).

A reabilitação convencional para DPAC é conduzida por


fonoaudiólogo especializado no uso de cabine acústica e técnicas

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de reabilitação neurológica. Muitas vezes, o aprendente faz vários
ciclos de atendimento fonoaudiológico durante o período escolar
(ou seja, recebe alta e, meses depois, retorna para uma nova rodada
de atendimento).

Como você pode saber mais? Primeira, procure a Associação


Brasileira de Dislexia (ABD). A ABD ministra cursos específicos,
produz material para atendimento psicopedagógico, realiza
palestras e é uma grande centralizadora de informações acerca da
dislexia. Vale a pena conhecer.

Além disso, há atualmente uma gama de materiais de estudo, tais


como livros, artigos científicos e até mesmo eventos promovidos
pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

Sempre que necessitar, o psicopedagogo pode lançar mão de


sessões de supervisão com um psicopedagogo mais experiente, que
pode auxiliar nos processos de intervenção específicos.

Espero que as dicas tenham ajudado!

TEORIA EM PRÁTICA

Você recebeu em seu consultório uma criança de 10 anos com a


queixa de que não consegue entender e fixar aquilo que lê. Após
o período de avaliação em equipe multidisciplinar, chegou-se à
conclusão de que ele tem dislexia.

O processo de reabilitação vai ter início, mas é muito importante que


a escola seja uma parceira neste momento, evitando situações que
possam comprometer o avanço do aprendente.

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Você precisará explicar à escola e aos professores desta criança
como devem proceder para acolher o aprendente e como devem
promover o processo de aprendizagem e de avaliação do aluno.

Quais seriam suas orientações para escola e para os professores?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

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Indicação 1

Você sabia que existem habilidades preditoras para capacidade


de leitura que podem indicar a provável existência da dislexia
mesmo antes do processo acadêmico formal? É o que as autoras
apresentam neste interessante capítulo. Conhecendo e avaliando
estas habilidades é possível iniciar um processo preventivo precoce.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

AZONI, C. A. S.; PEREIRA, J. S. Identificação precoce de crianças de


risco para os transtornos de leitura e estratégias preventivas. In:
NAVAS, A. L.; SALLES, F. J. de. (Orgs.). Dislexia do desenvolvimento
e adquiridas. São Paulo: Pearson Clinical Brasil, 2017, p. 39-50.

Indicação 2

Neste capítulo, as autoras apresentam um processo interventivo para


reabilitação de uma criança de 8 anos, cursando o 3º. ano do ensino
fundamental, que apresenta quadro diagnosticado de dislexia.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

CORSO, H. V.; CORSO, L. V. Intervenção psicopedagógica na dislexia


do desenvolvimento. In: NAVAS, A. L.; SALLES, F. J. de. (Orgs.).
Dislexia do desenvolvimento e adquiridas. São Paulo: Pearson
Clinical Brasil, 2017, p. 343-353.

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QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Você recebeu uma criança de sete anos com a queixa de


dificuldade de aprendizagem generalizada e, no primeiro contato
com a criança, percebe que ela gagueja e é muito introvertida.
Qual sua hipótese inicial diagnóstica?

a. Transtorno da leitura.
b. Transtorno da escrita.
c. Transtorno da comunicação.
d. Trauma de infância.
e. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

2. A dislexia é um transtorno da leitura que se caracteriza pela


incapacidade do aprendente em decodificar um texto, não
conseguindo associar o som das palavras à sua forma escrita.

Assinale a alternativa que traz o preenchimento das lacunas


na sequência correta das palavras:

a. Leitura; capacidade; codificar.


b. Escrita; incapacidade; decodificar.

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c. Leitura; possibilidade; codificar.
d. Escrita; possibilidade; decodificar.
e. Leitura; incapacidade; decodificar.

GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: A gagueira é um dos transtornos da comunicação
que impacta o negativamente desenvolvimento da
aprendizagem, é um transtorno neurológico e não psicológico,
embora acarrete grandes abalos emocionais. A criança percebe-
se diferente, devido ao nervosismo, ao constrangimento e à
sensação de incapacidade de se comunicar claramente, o que
acarreta a amplificação da gagueira. O fonoaudiólogo deve
acompanhar estes casos.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: A dislexia é um transtorno de leitura que se
caracteriza pela incapacidade do aprendente em decodificar
um texto, não conseguindo associar o som das palavras à sua
forma escrita.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 3

Intervenção específica em
raciocínio lógico-matemático
______________________________________________________________
Autoria: Neide Rodriguez Barea
Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti
DIRETO AO PONTO

A intervenção psicopedagógica no raciocínio lógico-matemático


é bastante desafiante, pois o psicopedagogo precisa vencer as
próprias resistências em relação à Matemática, caso haja. Ao ajudar
o aprendente a criar vínculos afetivos com a aprendizagem em
Matemática, o psicopedagogo refaz todo um percurso que o permite
também estreitar seus vínculos no mesmo sentido.

O psicopedagogo precisa ter bem claro qual a dificuldade do


aprendente em relação ao raciocínio lógico-matemático, pois, caso
não enfrente o problema diretamente, pode causar mais desgaste
nesta aprendizagem.

O raciocínio lógico-matemático é uma competência que emprega


conhecimentos específicos da Matemática nos seus diversos
campos, que podem ser observados no esquema abaixo.

Figura 1 – Campos da Matemática

Fonte: elaborada pelo autor.


25
Os recursos para intervenção psicopedagógica em raciocínio lógico-
matemático são vastos.

Quadro 1 – Recursos para intervenção psicopedagógica em


raciocínio lógico-matemático

Recurso Como utilizar

O psicopedagogo precisa
ter conjuntos de miniaturas
(animais, instrumentos musicais,
carrinhos, bonecos, panelinhas,
Material concreto. plantinhas, bolinhas). Estes
recursos ajudam a trabalhar os
conjuntos, quantidade, números
e numerais, resolução de
problemas, operações básicas.

A maior parte trabalha com


quantidade e números e
operações básicas: material
dourado, bingo da multiplicação,
dominó de números, pega-
varetas, ligue os números
(sequência numérica que forma
um desenho). Incluem-se aqui
Jogos pedagógicos. os jogos de tabuleiro (dama,
xadrez, ludo, Banco Imobiliário).
Lembre-se de pesquisar jogos
de outros países, pois, por
não serem conhecidos pelo
aprendente, permitem que
brinque e aprenda com mais
leveza (mancala, yoté, moinho,
avanço).

26
Situações relatadas pelo
aprendente podem ser
transformadas em situações-
problema para desenvolvimento
Situações do cotidiano. do raciocínio lógico-matemático,
por exemplo: organizar a agenda
para estudar, organizar uma
festa de aniversário ou uma
viagem em família.

Os recursos tecnológicos são


vastos e muito ricos. Além dos
portais de Matemática, que
apresentam aulas e sequências
Tecnologia. didáticas para o estudo de temas
específicos, existem exercícios
e aplicativos divertidos, como
Kahoot, jogos diversos e
desafios.

O psicopedagogo não pode


deixar de lado o material do
próprio aluno. Lá pode encontrar
excelentes oportunidades
Material escolar, livro didático.
para fazer intervenções bem-
sucedidas e ainda associadas
ao desenvolvimento da própria
aprendizagem escolar.

Fonte: elaborado pelo autor.

27
A intervenção em raciocínio lógico-matemático exige que o
psicopedagogo seja criativo. Ele mesmo pode construir jogos,
atividades e propostas diferenciadas para situações-problemas.

PARA SABER MAIS

Neste momento, vamos destacar a discalculia. Trata-se de um


transtorno neuropsicológico caracterizado pela inabilidade de
executar operações básicas e outros campos da Matemática. Alguns
pesquisadores apontam que a discalculia é semelhante à dislexia no
campo da linguagem.

Na discalculia, o aprendente apresenta erros ao solucionar


problemas, não consegue fazer contagem, não compreende
números e tais inabilidades não estão associadas a uma
escolarização fraca ou à presença de uma deficiência (JOHNSON;
MYKLEBUST, 1983).

Os autores ainda apresentam outras características da discalculia:

• Incapacidade de visualizar conjuntos de objetos dentro de um


conjunto maior: por exemplo, ao se pedir que o discalcúlico
identifique quadrados, retângulos e círculos quando estão
dispostos em diversas quantidades sobre a mesa ou como
figuras em papel, ele não consegue.

• Conservar quantidade: não compreende que 1 quilo é igual a


quatro pacotes de 250 gramas ou dez pacotes de 100 gramas.

• Sequenciar números: não consegue apresentar resultado ou


apresenta resultado errado quando se questionada sobre
antecessor (o que vem antes do número 10?) ou sucessor (o
que vem depois do número 13?).

28
• Classificar números: não consegue classificar números (maior,
menor, par, unidade, dezena etc.).

• Compreender os sinais: não compreende sinais de operações


matemáticas: +, -, :, x.

• Não consegue montar e realizar operações básicas.

• Não entender os princípios de medida.

• Não consegue contar.

A intervenção em discalculia é semelhante à intervenção em


dislexia: é preciso reconstruir os conceitos de quantidade, aprender
a escrever números, aprender a associar os números com suas
respectivas quantidades, compreender o que é preciso fazer diante
de uma situação problema (a ideia é somar? Dividir?).

A discalculia é um transtorno que não tem cura, os especialistas


indicam que o melhor a se fazer por este aprendente é ensinar a
usar a calculadora e os recursos tecnológicos, tais como as planilhas
eletrônicas.

Referências
JOHNSON, D. J.; MYKLEBUST, H. R. Distúrbios de aprendizagem: princípios e
práticas educacionais. São Paulo: Pioneira, 1983.

TEORIA EM PRÁTICA

Você recebeu em seu consultório uma criança de 9 anos, que está


iniciando o quarto ano do ensino fundamental, com a queixa de que
não aprende Matemática, embora consiga ter um bom desempenho
nos demais componentes curriculares.

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Após o diagnóstico, descobriu que ela sabe contar e associar a
quantidade ao número específico, mas não consegue realizar
operações básicas ou resolver problemas simples.

A professora e a escola são bem receptivas, mas não conseguiram


desenvolver processos para recuperar esta aprendizagem.
Conforme o tempo passa, a não-aprendizagem vai se consolidando,
ao mesmo tempo que a exigência escolar vai se tornando maior.

Como você conduziria um processo de intervenção psicopedagógica


em raciocínio lógico-matemático? Apresente uma proposta viável
para ajudar este aprendente.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

30
Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da
nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

Lino de Macedo é um dos pesquisadores de referência sobre os


estudos de Jean Piaget. Neste capítulo, o autor aborda o uso de
jogos de regras como atividades para intervenção psicopedagógica
em raciocínio lógico-matemático.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica no espaço da clínica.


In: GRASSI, T. M. Intervenção psicopedagógica: desatando nós,
fazendo laços. Curitiba: Intersaberes, 2021. p. 69-72.

Indicação 2

Quem não gosta de ouvir histórias? Ainda mais se for daquelas


bem emocionantes! Pois bem, a história da Matemática costuma
ser muito bem aceita pelos aprendentes, que se encantam com a
descoberta dos seres humanos e acabam ressignificando de forma
positiva sua relação com este componente curricular. Neste capítulo,
os autores contam um pouco sobre esta história tão fascinante e
traz ideias de como trabalhar com ela.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque diretamente pelo título da obra no campo de pesquisa.

GOIS, V. H. dos S.; TEIXEIRA, L. A. Aprendizagem da matemática.


Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 8-19.

31
QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. O transtorno específico relacionado a não aprendizagem em


Matemática e raciocínio lógico é chamado de:

a. Dislexia.
b. Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
c. Disgrafia.
d. Discalculia.
e. Disortografia.

2. A intervenção psicopedagógica em raciocínio lógico-


matemático pode ser realizada com:

a. Materiais concretos, que ajudam a estruturar os


conhecimentos em torno de quantificação, operações básicas
e resolução de problemas.
b. Provas, com o propósito de demonstrar ao aprendente os
erros que comete, deixando claro os pontos que precisam ser
estudados novamente.

32
c. Aulas expositivas, pois a transmissão de conhecimentos é a
forma mais correta de ajudar o aprendente a reconstruir sua
aprendizagem.
d. Prática de exercícios: o aprendente deve ser orientado
especificamente sobre o que precisa aprender e a prática de
exercícios auxilia a manter o foco.
e. Os jogos são uma forma de o aprender perceber que não há
relação entre esta prática e a matemática e o raciocínio lógico.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: Discalculia é o nome que se dá ao transtorno
específico relacionado à não-aprendizagem em Matemática. A
discalculia não é apenas uma dificuldade de aprendizagem, é
mais complexo, pois o comprometimento se dá em todos os
campos que compõe a Matemática: quantificação, números,
numerais, operações básicas, resolução de problemas etc. A
intervenção psicopedagógica ajuda a melhorar o quadro, mas
não existe cura para este transtorno.
Questão 2 - Resposta A
Resolução: Materiais concretos são um excelente ponto de
partida para realizar as intervenções psicopedagógicas em
raciocínio lógico-matemático, pois permite que o aprendente
manipule concretamente os conceitos mais abstratos da
Matemática e auxilia tanto os processos de contagem quanto
nas operações básicas e resolução de problemas. Provas,
exercícios e aulas expositivas não trazem espaço para que o
aprendente manipule conhecimentos, apenas repita aquilo
que o professor propõe. Por fim, jogos estão intimamente
relacionados com aspectos do raciocínio lógico-matemático.
33
INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 4

Intervenção específica em
psicomotricidade
______________________________________________________________
Autoria: Neide Rodriguez Barea
Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti
DIRETO AO PONTO

A intervenção psicopedagógica no campo da psicomotricidade tem


como objetivo minimizar ou prevenir dificuldades de aprendizagem
que, de alguma forma, tenham relação mais direta com este
campo, por exemplo: dificuldade em manter a atenção sustentada,
dificuldade de controlar o próprio corpo, dificuldade em segurar
o lápis e escrever, trocas gráficas, dificuldades em ler por não
conseguir localizar o ponto correto de início da leitura, entre outros.

O desenvolvimento da psicomotricidade, acompanha a maturação


cerebral, e Fonseca (2004) segue o modelo proposto por Alexander
Luria, parceiro de pesquisas de Vygotsky.

Figura 1 – Amadurecimento cerebral e sistema


psicomotor humano

Fonte: elaborada pela autora.

35
Cada unidade possui fatores específicos, e para cada um deles é
possível desenvolver atividades e intervenção psicomotora.

O quadro a seguir apresenta possibilidades interventivas em


psicomotricidade.

Quadro 1 – Atividades e intervenção específica


em psicomotricidade

FATOR ATIVIDADES/INTERVENÇÃO

Jogos de memória, jogo dos 7 erros


Atenção. e levantamento de detalhes em
história e imagens.

Caminhar sobre uma linha, andar


para trás, pular com um pé e com
UNIDADE 1 Equilibração. o outro, equilibrar-se sobre um
pé e depois sobre o outro, jogar
amarelinha.

Rodar bambolê, jogar futebol, fazer


Tonicidade.
gol, bola ao cesto, jogo de boliche.

36
Uso de fitas de cores diferentes
no braço e no tênis e pedir ao
Lateralização. aprendente para movimentar os
membros de acordo com a cor
falada.

Contornar o corpo ou parte dele,


com o aprendente deitado sobre
um papel grande; bater e pular
Noção de corda, bater a bola no chão e
corpo. segurá-la, utilizando diversos
UNIDADE 2 ritmos, andar pela sala de forma
lenta e rápida, percorrer circuitos,
entre outras.

Bater e pular corda, bater a bola


Estruturação no chão e segurá-la, utilizando
espaço- diversos ritmos, andar pela sala
temporal. de forma lenta e rápida, percorrer
circuitos, entre outras.

37
Fazer dobraduras gigantes, que
envolvam a movimentação do
corpo; montar quebra-cabeças
gigantes no chão; fazer o desenho
do corpo humano em um grande
papel, deitado no chão, recortar
e remontar as partes; pintar o
corpo com pincel; pintar o corpo
utilizando tinta e dedos; colar
retalhos em peças de roupa;
brincar com fitas coloridas,
girando-as sobre a cabeça e em
Praxia global.
torno do corpo; jogar bexigas
no ar e não deixá-las cair; fazer
circuitos de bambolês para o
aprendente percorrer; dançar
coordenadamente seguindo os
movimentos de um professor
UNIDADE 3 ou vídeo (antigo videogame Wii
propunha muitas atividades neste
sentido); jogar amarelinha; jogar
futebol; brincar de passa anel;
brincar de ciranda cirandinha,
entre outras.

Utilizando apenas os dedos,


recortar longas tiras de papel,
recortar quadrados, retângulos,
círculos e triângulos. Utilizando
a tesoura, recortar longas tiras
Praxia fina.
de papel, recortar quadrados,
retângulos, círculos e triângulos;
fazer bolinhas de papel bem
pequenas, utilizando apenas a
ponta dos dedos das mãos e
depois fazer colagens em fileira ou
preenchendo uma superfície.

Fonte: adaptado de Almeida (2006).

38
Em geral, a intervenção em psicomotricidade é orientada por
um psicomotricista ou por uma equipe multidisciplinar. O
psicopedagogo pode e deve procurar formação complementar em
psicomotrivicidade, pois é uma área extremamente ampla.

Referências
ALMEIDA, G. P. de. Teoria e prática em psicomotricidade. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2006.
FONSECA, V. da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto
Alegre: Artmed, 2004.

PARA SABER MAIS

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é


conhecido como um quadro de agitação, desorganização, falta de
atenção e impulsividade, que tem grande impacto sobre as funções
motoras do indivíduo. Trata-se de um transtorno relacionado à
imaturidade do córtex cerebral e baixa capacidade de autocontrole.

A intervenção psicomotora tem sido uma das terapias indicadas


para a melhora do quadro de TDAH, pois trabalha com o
desenvolvimento da lateralização, da estruturação espaço-temporal,
da praxia global e praxia fina.

A psicomotricidade também permite que os aprendentes com


TDAH possam conhecer melhor o próprio corpo e suas reações,
possibilitando que planejem estratégias de autocontrole e
recuperação do controle motor e emocional.

O psicopedagogo, ao ofertar uma série de atividades diferenciadas e


sem cunho escolar, abre o espaço para que o aprendente com TDAH
possa se comunicar e se relacionar melhor.

39
As atividades lúdicas, os jogos, as brincadeiras específicas da
intervenção em psicomotricidade trazem momentos de leveza
para um contexto de vida árduo normalmente associado à criança
com TDAH. Ela é constantemente cobrada, deixada de lado, não
compreendida; sua impulsividade e falta de autocontrole a leva
a não ter amigos, sua incapacidade de manter a atenção por
determinado período traz déficits de aprendizagem.

Algumas atividades que o psicopedagogo pode realizar para ajudar a


desenvolver o controle motor de aprendentes com TDAH são:

• Combinar que você dará um determinado comando; e quando


isso acontecer, o aprendente parará de correr e começará a
caminhar calmamente, até que novo comando seja dado para
que ele volte a correr.

• Determinar posturas que durem 8 segundos: ficar na ponta


dos pés por 8 segundos, agachar e permanecer agachado por
8 segundos, sentar-se e permanecer por 8 segundos etc.

• Dançar no ritmo de músicas, ora lentas, ora rápidas, utilizando


vários instrumentos: bambolê, boneco grande, ou segurando
uma bola etc.

• Andar para a frente e voltar de costas, andar para a lateral e


andar de costas etc.

• Simular as atividades do dia a dia em câmera lenta: acordar,


levantar, caminhar até o banheiro, escovar os dentes etc.

• Correr pela sala ou por espaço aberto e, ao se aproximar do


psicopedagogo, tocar levemente uma parte de seu corpo:
nariz, orelha, braço direito, pé esquerdo, nuca etc.

• Desenhar o mapa de casa até escola, de casa até o consultório


etc.
40
Quando a praxia global estiver amadurecida, o psicopedagogo
deverá introduzir atividades interventivas voltadas à praxia fina.

TEORIA EM PRÁTICA

Você recebeu em seu consultório um aprendente de 8 anos com a


seguinte queixa: confunde a escrita de algumas letras, porém não
tem dislexia; não consegue continuar a escrita no caderno do ponto
em que parou, sempre inicia uma nova página; perde-se na escola
quando quer ir ao banheiro ou à biblioteca; não consegue identificar
as horas em um relógio. Estas características do aprendente
não impedem que ele aprenda, mas a escola e a família estão
preocupadas em prevenir o desenvolvimento de uma dificuldade de
aprendizagem, conforme este aprendente vai ficando mais velho.

Após o diagnóstico psicopedagógico, você constatou que o


aprendente não possui dislexia, conforme havia sido indicado, nem
um transtorno de aprendizagem. Sua hipótese diagnóstica é de que
o aprendente não tem as funções de lateralização, estruturação
espaço-temporal e praxia fina bem amadurecidas.

De que forma você conduziria um processo de intervenção em


psicomotricidade para esta criança?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

41
LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

Neste capítulo do livro de Gusi (2012) você vai conhecer um


pouco mais sobre o atendimento psicopedagógico específico em
psicomotricidade e as possibilidades de intervenção realizadas
pela família, que deve acompanhar e apoiar o atendimento do
aprendente.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

GUSI, E. G. B. Psicomotricidade na escola e na clínica. In: GUSI, E. G.


B. Psicomotricidade relacional. Curitiba: Contentus, 2020. p. 19-31.

42
Indicação 2

Nesta mesma obra, a autora retoma os fatores que compõem as


unidades de desenvolvimento da motricidade humana e apresenta
reflexões importantes sobre o processo de aquisição de escrita
relacionada ao desenvolvimento psicomotor e outras aprendizagens
importantes para o aprendente.

Para realizar a leitura, acesse a nossa plataforma Biblioteca Virtual e


busque pelo título da obra no parceiro Biblioteca Virtual 3.0_Pearson.

GUSI, E. G. B. Elementos básicos psicomotores. In: GUSI, E. G. B.


Psicomotricidade relacional. Curitiba: Contentus, 2020. p. 40-47.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Uma das atividades psicomotoras que colaboram para o


amadurecimento do controle dos movimentos dos dedos é:
utilizando apenas os dedos, recortar longas tiras de papel,
recortar quadrados, retângulos, círculos e triângulos. Esta
atividade relaciona-se ao fator:

43
a. Noção de corpo.
b. Estruturação espaço-temporal.
c. Praxia global.
d. Praxia fina.
e. Equilibração.

2. Uma atividade que o psicopedagogo pode realizar para ajudar


a desenvolver o controle psicomotor de aprendentes com
TDAH é:

a. Deixar o aprendente correr livremente até se sentir cansado,


então ele aprenderá por experiência própria quando deve
parar.
b. Determinar posturas que durem 8 segundos: ficar na ponta
dos pés por 8 segundos, agachar e permanecer por 8
segundos etc.
c. Desenvolver processos de associação grafema-fonema, para
intensificar a alfabetização e letramento do aprendente.
d. Assistir filmes longos e calmos, para que o aprendente
aprenda a controlar sua impulsividade e amplie seu repertório
cultural.
e. Conversar sobre temas de interesse do aprendente enquanto
ele gira um bambolê alternadamente na cintura, nos braços e
nos pés.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: Embora os fatores de desenvolvimento da
psicomotricidade humana se interrelacionem, a atividade
proposta exige principalmente um tipo específico de praxia,
que é aquela relacionada ao desenvolvimento motor de dedos

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e mãos. Claro que a criança precisa ter a noção do corpo para
saber quais dedos usar e como fazer, uma certa estruturação
espaço-temporal para não sair rasgando papel de qualquer
forma, controle dos braços e do tronco corporal (praxia
global) bem como equilibração, mas esta atividade solicita
especificamente o uso dos dedos, portanto, relacionada à
praxia fina.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: As intervenções psicomotoras precisam ser
construídas detalhadamente para enfocar os fatores específicos
a serem trabalhados e, no caso do TDAH, trazer informações
concorrentes não ajuda o cérebro a amadurecer (como
apresentado na alternativa “e”). Da mesma forma, permitir
ao aprendente realizar a tarefas exaustivas (como correr
sem parar) ou aborrecidas (como assistir a um filme que
não é de seu interesse) não trazem ganhos psicmotores. Em
geral, aprendentes com TDAH não possuem problemas com
alfabetização. Já realizar atividades controladas em 8 segundos
ensina o aprendente a dominar o corpo e a controlar o tempo
de execução de tarefas.

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BONS ESTUDOS!

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