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JUDÔ

O judô também conta com um código moral, que é composto por oito
princípios: cortesia, coragem, honestidade, honra, modéstia, respeito,
autocontrole e amizade . Por causa desses princípios, o judô pode ser uma boa
ferramenta para auxiliar o controle de emoções de seus praticantes, que devem
entender que a agressividade e a ansiedade são um desperdício de energia
que causa efeitos negativos em si e nos outros. Por isso, é necessário sempre
buscar transformar essa energia em movimentos precisos. Segundo essa
filosofia, a diferença entre o sucesso e o fracasso está nas decisões que
tomamos. Conforme Kodokan Judô Vs (2017, documento online)

O judô, modalidade que surgiu ainda no século XIX, está presente em


diversas regiões do mundo, tendo milhares de praticantes de todas as idades e
condições sociais. Após seu surgimento, aconteceu a Guerra Sino-Japonesa
em 1894, que foi uma Guerra entre o Japão e a China que tinha como objetivo
o controle do território da Coreia. Essa guerra trouxe à tona o judô, uma vez
que a veia guerreira dos japoneses foi aflorada.

Desde seu surgimento, o judô passou por diversas mudanças, seja


porque a realidade social modificou-se com o passar dos anos, seja por buscar
um aprimoramento da modalidade ou, ainda, a segurança de atletas. Uma
dessas mudanças ocorreu no sistema de graduação — na verdade, essa
mudança pode ser vista mais como uma regulação do que como uma mudança
propriamente dita. Com o passar das décadas, as regras norteadoras da
graduação e progressão de faixas deixaram de ser respeitadas ou mudanças
nas regras da modalidade que entraram em vigor no dia 1º de janeiro de 2018.
Tais mudanças surgiram com o objetivo de tornar o esporte mais dinâmico,
competitivo e atrativo para o grande público, chamando mais espectadores e
público para o esporte. Dentre as mudanças, estão a pontuação: a partir da
nova regra, quando o judoca realizar dois waza-aris, será computado como um
ippon, o que dará a vitória para o judoca. Além disso, no golden score,
(prorrogação) serão somadas apenas as pontuações, sendo possível vencer o
combate apenas com um ippon ou waza-ari. Antes dessa alteração, era
possível vencer o combate caso o adversário realizasse um shido
(falta/punição). É importante ressaltar que a pontuação conseguida no tempo
regular permanece no golden score, não sendo mais anulada como
anteriormente. O tempo de lutas na modalidade masculina também sofreu
alterações, sendo reduzido de cinco para quatro minutos, o que também trouxe
mudanças para o treinamento e para a periodização dos atletas. Além disso,
aconteceu a exclusão da pontuação do yuko uma queda lateral do
adversários, que se tornou, com a nova regra, interpretado como waza-ar.

FISIOLOGIA

A melhora da performance é o objetivo principal em qualquer


modalidade
esportiva. Para atingir esse objetivo, no entanto, é necessário que o praticante
conheça as necessidades específicas da modalidade em questão. Para se
entender os processos fisiológicos que acontecem em uma luta de judô, alguns
conceitos se fazem importantes : Potência anaeróbia , liberação de energia
pelos processos metabólicos celulares dependentes de glicose. É a rota
metabólica utilizada em atividades de curta duração (inferior a 1 minuto). Esse
fenômeno também acontece no início de atividades de longo prazo, ou seja,
sempre começamos qualquer exercício queimando carboidrato. Potência
aeróbia: liberação de energia pelos processos metabólicos celulares
dependentes de oxigênio. É a rota metabólica utilizada em atividades de longa
duração (superior a 1 minuto). Também é conhecido por VO2 . Força
muscular ,também entendida como capacidade muscular, é o quanto de
resistência/ carga o músculo consegue suportar, ou seja, a quantidade de força
que um músculo ou grupo muscular consegue gerar. Potência muscular: é a
velocidade de realização de um trabalho; no caso, a contração muscular. É o
produto da força pela velocidade do movimento. Também conhecido como o
aspecto explosivo da força. Não é sinônimo de força muscular. Resistência
muscular, capacidade do músculo de gerar força por um determinado período,
ou seja, a capacidade de suportar contrações musculares repetidas de forma
dinâmica ou estática .
Existe um tripé que compõe o processo de treinamento do judô: força,
velocidade e resistência. Vamos explicar melhor cada um destes conceitos. A
força é subdivida entre força estática, mais utilizada durante imobilizações, e
potência muscular, importante para a entrada de golpes em determinada
competição. Nesta valência física são abordados alguns pontos principais,
como força de preensão, que é imprescindível para que o judoca consiga se
impor ao adversário, pois está ligada à capacidade de realização do golpe,
mostrando-se mais relevantes a força de membros superiores e de tronco, uma
vez que nelas é utilizado o peso do próprio corpo para a aplicação dos golpes.
A potência muscular de membros inferiores está atrelada a um bom
desempenho em competições oficiais de judô, no que se refere a tempo efetivo
e número de ataques (KONS, 2018). Em comparação aos níveis de força por
categoria de peso dos atletas, Detanico, Dal Pupo e Santos (2011)
encontraram diferenças significativas entre essas variáveis, mostrando que
categorias mais pesadas apresentam um esforço maior durante o combate
uma provável consequência do peso dos atletas , uma vez que é necessário
maior força para movimentar um peso maior, bem como para imobiliza-lo. A
velocidade não se refere ao tempo de deslocamento, mas sim à rapidez para
realizar o movimento, principalmente na fase dinâmica na luta, em pé ou no
solo, ajudando o atleta a encaixar golpes e imobilizações e a sair deles quando
está se defendendo. É mais necessária em membros inferiores, o que gera
mais rapidez no combate, característica observada em atletas de categorias
mais leves, que em contrapartida desferem menos força ao golpear e o inverso
acontece em categorias mais pesadas (DETANICO; DAL PUPO; SANTOS,
2011). A resistência se refere à potência aeróbia do atleta, ou seja, sua
capacidade de manter-se no combate. Por sua característica intermitente, o
judô é considerado basicamente anaeróbio. Contudo, Julio (2015), em estudos
onde analisou fatores fisiológicos de atletas profissionais de judô durante
combates de 5 minutos, e utilizando-se do instrumento k5 um analisador de
gases portátil que permite verificar a quantidade de O2 consumido durante uma
prática , encontrou evidências de que, a partir do primeiro minuto de combate,
a potência aeróbia mostra-se mais importante do que a anaeróbia. Em
situações de empate, onde o tempo do combate é expandido, uma boa
capacidade aeróbia mostra-se imprescindível, principalmente pelo tempo que o
atleta precisará se manter em esforço. O sistema anaeróbio é responsável por
fornecer ao atleta energia rápida e de curta duração, enquanto que o sistema
aeróbio contribui .

BIOMECANICA APLICADA

No judô, o ato de desequilibrar o oponente consiste em fazer com que a


projeção do centro de gravidade deste esteja fora dos limites geométricos de
sua base de sustentação. Tecnicamente, segundo Adrian e Cooper (1989), é
por mover o centro de gravidade do oponente para fora da base de
sustentação que o kuzushi ocorre, e a técnica pode então ser aplicada com
mais eficiência. Seja qual for a técnica de nage-waza e sua possibilidade de
apli-cação, propiciar o kuzushi do adversário é primordial para o sucesso das
fases subsequentes, tanto que esse é um dos ensinamentos máximos
deixados por Jigoro Kano – Seiryoku Zenyo: “o melhor uso de energia – ceder
para vencer”, ou seja, um mínimo de força para um máximo de eficiência. O
desequilíbrio do adversário pode ser obtido aplicando-se forças em oito
direções (frente, trás, cada um dos lados e diagonais). No entanto, Kudo
(1972), com base em suas pesquisas e explicações recebidas de grandes
mestres, acrescentou mais seis, totalizando catorze, as quais denominou
catorze direções modernas (para mais detalhes, ver Kudo, 1972. Nesse
momento, a principal meta do judoca é desequilibrar o adversário sem perder o
equilíbrio . Embora o timing (capacidade de realizar o movimento certo de
acordo com a demanda ambiental ) e a execução correta das técnicas sejam
essenciais no judô, também é importante, além da compreensão, a aplicação
de princípios físicos tais como torque, comportamento do centro de gravidade,
entre outros. Entretanto, para que isso seja possível, a condição essencial é
que o corpo do uke (judoca que recebe o golpe) seja colocado em movimento
de rotação

As combinações de puxar e empurrar e vice-versa produzem rotações


no corpo do oponente em diferentes eixos: longitu-dinal (rotação ocorrida no
kuzushi da técnica sasae-tsuri-komi-ashi), frontal (ocorre na fase tsukuri dessa
mesma técnica) e transversal (em todas as fases de aplicação da técnica
tomoe-nage). No jogo de equilibrar e desequilibrar identifica-se a presença de
outro conceito físico denominado estabilidade (manutenção do equilíbrio),
relacionado às propriedades inerciais do corpoo mediante a aplicação de um
torque.

Técnicas de quadril são aquelas cuja execução utiliza a região do quadril


como ponto de apoio do sistema de alavancas, a fim de provocar a elevação e
a rotação no ato de projetar o oponente. Do ponto de vista mecânico,
geralmente a eficiência da execução desse grupo de técnicas é facilitada para
os sujeitos cujas características somatotipológicas são de membros inferiores
curtos em relação ao tronco (Santos et al., 1993). No entanto, esm situação de
combate, do ponto de vista biomecânico, o judoca de menor estatura pode se
beneficiar na aplicação do golpe. Isso se justifica porque nesse tipo de técnica
ocorre a elevação do oponente, implicando assim um menor trabalho mecânico
vertical (Wv) para indivíduos de baixa estatura, ou de menor estatura que o
oponente.

Ao mesmo tempo, com a elevação do oponente, o atacante utiliza-se de


um sistema de alavancas interfixas, no qual são gerados dois torques: o
primeiro, no sentido de rotação das forças aplicadas pelo atacante,
denominado torque de potência ; e o segundo, no sentido contrário,
denominado torque de resistência O torque de potência, por sua vez,
compreende duas situações: quando o oponente está empurrando ou puxando
ou quando ele está em inércia. Com base nesses princípios de geração de
torques, deduz-se que o atacante com tronco longo em relação aos membros
inferiores, correspondente ao raio do torque, mantendo-se constante as demais
variáveis, teria condições de produzir um torque maior de potência, facilitando
assim a geração de maior velocidade de rotação do oponente. Para ilustrar,
observa-se a seguinte situação: um atacante de estatura alta, com membros
inferiores longos, deveria fazer uma hiperflexão desses membros para aplicar
esse tipo de técnica de forma correta no que diz respeito à sua mecânica. Caso
contrário, a localização do ponto de apoio no sistema de alavancas geraria um
torque de resistência com grande magnitude, pois o raio de resistência seria
proporcionalmente maior que o raio de potência. Assim, para produzir rotação
no sistema, o atacante precisaria aplicar uma força que pudesse compensar
essa diferença, implicando um trabalho muscu-lar elevado, bem como a
possibilidade de uma surpresa tática.

Segundo Roquette (1994), do ponto de vista mecânico, em geral, uma


queda envolve uma situação de colisão ou impacto entre o corpo humano e
uma superfície externa fixa. Ainda segundo esse autor, uma variável mecânica
particularmente importante na intensidade do choque é a variação da
quantidade de movimento do corpo, isto é, o produto de sua massa pela
variação da velocidade . Com a finalidade de proteger o aparelho locomotor
contra os
efeitos cinéticos dos ukemi citam-se dois mecanismos que podem ser
adotados: ações relativas ao domínio dos amortecimentos de queda e
utilização de materiais (tatames) com propriedades físico-mecânicas que
favoreçam a absorção de energia e baixo coeficiente de restituição.

PRINCIPAIS LESÕES

Quando falamos de judô em nível competitivo, o treinamento é intenso,


podendo chegar a seis horas por dia com um período de descanso
relativamente pequeno. Isto, aliado ao fato de ser um esporte de contato e à
posição do judoca durante o combate, favorece, de maneira expressiva, o
surgimento de lesões, que ocorrem majoritariamente durante o treinamento,
que contém uma carga maior (OLIVEIRA et al., 2017) e intensidade máxima,
repetindo o movimento até a exaustão/fadiga

O judô é um esporte de contato, sendo assim, seus praticantes estão su-


jeitos a lesões. Quedas decorrentes de arremessos e/ou projeções por ação do
oponente têm constituído a principal causa de lesões. O ippon, considerado o
golpe perfeito, ocorre devido à projeção do adversário em queda com as costas
por completo no tatame, o que contribui para numerosas situações de trauma.
As articulações mais propensas a lesões nesse esporte são joelho, ombro e
tornozelo, com grande prevalência de entorses e luxações .

A prática do judô na sua modalidade de alto rendimento gera assimetrias


musculares, que são o ponto chave para o aumento do risco de lesões,
gerando uma relação proporcional entre desequilíbrio de força muscular e
lesão. Essa assimetria muscular é gerada, na maioria dos casos, pela
assimetria de força dos músculos agonistas e antagonistas que recobrem
determinada articula-ção, podendo gerar movimentação exagerada dentro da
própria articulação (MINOZZO, 2017). Por isso, treinamentos de força
localizada parecem evitar lesões articulares, uma vez que trabalham os
músculos isoladamente, e não apenas no contexto da luta.
REFERENCIAS :

FRANCHINI, Emerson. Judô: desempenho competitivo 2a ed.. [Digite o


Local da Editora]: Editora Manole, 2010. E-book. ISBN 9788520459638.
Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520459638/. Acesso em:
24 nov. 2023.

JUNIOR, Lafaiete Luiz de O.; SANTOS, Ana Paula Maurilia dos;


BIEDRZYCKI, Beatriz P.; et al. Metodologia das lutas. [Digite o Local da
Editora]: Grupo A, 2018. E-book. ISBN 9788595028845. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028845/. Acesso em:
24 nov. 2023.

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