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TEMA

Turma1; Grupo 2: Bernardo Laranjeira, Cristina Costa, Paulo Miranda, Vítor Ruiz

Os desafios e a tipificação do trabalho docente têm-se alterado ou mantido ao


longo da história, com base na conceção de trabalho alusiva a cada período.

Efetivamente, a história da educação traduz-se em diversas reformas que nos


permitiram chegar ao atual sistema de funcionamento. Em 1836, com a reforma de
Passos Manuel, são institucionalizados os liceus passando a haver interações de
interdependência, cujas decisões eram tomadas pelos diretores, caracterizando-se assim
por uma grande autonomia e flexibilização curricular, dado que as escolas definiam o
seu próprio currículo, definidas como regionalismo absoluto. Em 1844 com Costa
Cabral, as disciplinas nucleares são reiteradas, flexibilizando mais o currículo. Em 1860
Fontes Pereira de Melo tenta estabelecer a carga horária de cada disciplina e Sá da
Bandeira em 1868. Em 1880, Luciano Castro procura alterar o ensino em torno do
exame, sem sucesso. Em 1892 com Dias Ferreira, os alunos passaram a poder requerer o
exame de qualquer disciplina, sem qualquer ordem, resultando na ausência de alunos
nas escolas, que passaram a ser meras fábricas de exames. Em 1894 e 1895, verifica-se
uma revolução curricular que coloca fim à lógica disciplinar, passando a vigorar o
regime de classe, em que passa a haver uma organização sequencial das disciplinas,
grupos de professores e de alunos.

Atualmente, com base nesta síntese histórica, verificamos que nos encontramos
mais próximos do regime de classe do que do de disciplina, embora permaneçam
características de ambos. O principal objetivo do ensino em Portugal, prende-se com o
atingir dos objetivos e desenvolver as competências previstas no perfil do aluno à saída
da escolaridade obrigatória. Neste sentido, as disciplinas não podem funcionar de forma
individual, todos somos professores, independentemente da disciplina, embora cada um
contribua na sua especificidade, para um objetivo comum e resolver os problemas
comuns. Nesta lógica, será necessário existir colaboração entre professores, não só das
diferentes disciplinas, mas também dentro do grupo da mesma disciplina. Porém, nem
sempre esta relação de colaboração intra e interdisciplinas se verifica, mas sim relações
de força, em que os professores assumem que a sua disciplina é mais importante do que
outras, quando todas são fundamentais para a formação dos alunos.
Outra situação, prende-se com o facto do ensino ter passado de individual para
em grupo, turma, ou seja, em vez dos alunos terem explicações para os exames e as
escolas estarem vazias, passaram a ter aulas em turma, com as disciplinas organizadas
numa lógica sequencial. No entanto, apesar de atualmente se organizar o currículo nesta
lógica progressiva e garantir uma articulação vertical, tendo os alunos de frequentar as
aulas em turma, de forma a ter acesso aos exames, verifica-se ainda muitos alunos que
se encontram sobrecarregados com explicações fora das aulas, dado que permanece o
pensamento de que o exame é o principal fim do ensino. Desta forma, verifica-se que há
professores que organizam o seu ensino tendo como objetivo último o exame e não
efetivamente que os alunos aprendam as matérias.

Por último, verifica-se o problema da flexibilização curricular em que, como


vimos anteriormente, cada escola escolhia as suas disciplinas de forma autónoma,
vigorando um regionalismo absoluto. Ou seja, não havia um currículo nacional que
garantisse as mesmas oportunidades a todos os alunos. Atualmente, existe um currículo
nacional e os professores têm autonomia para tomar as melhores decisões de lecionação,
em função da turma ou aluno, de forma a tornar o currículo acessível a todos. Porém,
verifica-se uma grande desigualdade de recursos para tornar o currículo acessível a
todos os alunos, havendo escolas que de acordo com o seu ranking têm diversos apoios,
enquanto outras, poucos apoios têm. Nesta lógica, com esta desigualdade de distribuição
de recursos para tornar o currículo acessível a todos os alunos, verifica-se que
atualmente ainda não existe igualdade de oportunidades de ensino e aprendizagem para
todos os alunos.

Com base nesta análise, surgem diversas questões sobre o atual estado da
educação em Portugal, que com diversas alterações ao longo da história poucas
mudanças apresentaram:

1 – Sendo todas as disciplinas fundamentais para a formação dos alunos e atingir


os objetivos e competências previstos no perfil do aluno à saída da escolaridade
obrigatória, como podemos alterar esta situação de comparação entre disciplinas mais
ou menos importantes e todos os professores colaborarem para o seu objetivo e
resolução de problemas comuns?

2 – Apesar da alteração do regime de disciplina, em que os alunos apenas tinham


explicações com o foco de fazer o exame com sucesso na escola, para o regime de
classe, verifica-se que atualmente o ensino continua muito focado nos exames e os
alunos sobrecarregados com explicações, sendo a principal preocupação o secesso no
exame em detrimento da real aprendizagem. Como pode o professor alterar a sua ação
pedagógica, de forma a focar o seu ensino na aprendizagem dos alunos, em detrimento
da obtenção de resultados nos exames?

3 – Embora exista um currículo nacional, a distribuição de recursos para o tornar


acessível a todos os alunos permanece desigual, havendo por isso desigualdade nas
oportunidades de educação dos alunos, em função das escolas. Enquanto professores,
como podemos procurar diminuir estas desigualdades?

O diretor de turma exerce na escola uma função muito valiosa. O diretor de


turma é um mediador na gestão de conflitos, acumula funções burocráticas e no nosso
entender deve desenvolver através de técnicas especificas essas capacidades para o
exercício de todas as tarefas de coordenação que desempenha. Consideramos que
acumula uma tripla função ou seja ele estabelece uma relação com os alunos, com os
professores e com os encarregados de educação, ou seja é um gestor intermédio da
escola, é um elemento de ligação fundamental nas relações. A coordenação das
atividades dos professores e a coordenação horizontal interdisciplinar é da total
coordenação do diretor de turma (Formosinho, 1987). Em conversa com um dos
professores diretores de turma da escola Braamcamp Freire o mesmo diz que devem ter
um “vision board” do projeto educativo da escola, para dar resposta à comunidade
educativa. A educação não é impar mas sim coletiva, onde todos são responsáveis pelo
processo de ensino e aprendizagem e desta forma o DT deve envolver as famílias para
uma colaboração e participação ativa.
Segundo Brás (2000), o professor diretor de turma deve liderar o processo para
que os alunos e o grupo possam alcançar os objetivos educativos. Assim a liderança é
uma característica especifica dos professores diretores de turma. E os professores que
não possuem esta característica?
Analisamos um estudo realizado a 9 professores diretores de turma e a 198
alunos. As respostas sobre as funções que o diretor de turma desempenha relativamente
aos alunos e aos professores a mediação é a mais importante. A segunda categoria mais
votada é a apreciação dos problemas educativos e disciplinares dos alunos.
Relativamente à pergunta “Quais as funções que o diretor de turma desempenha
relativamente aos professores da turma”, as respostas mais dadas foram a união entre os
vários elementos da comunidade educativa e os professores não referem “Reuniões do
conselho de turma”.
Salientam-se as opiniões dos Diretores de Escola ao evidenciarem que as funções mais
importantes exercidas por um Diretor de Turma são as de natureza pedagógica, pautadas
pela coordenação de uma equipa de professores do Conselho de Turma, conjuntamente
com a relação estabelecida com os encarregados de educação. No que se refere à
coordenação de um ensino com critérios de integração e interdisciplinaridade, os
Diretores entrevistados declararam que a capacidade de coordenação dos Diretores de
Turma poderá ser melhorada, visando o alcance de uma maior interdisciplinaridade.
Ainda, neste contexto, os Diretores esclarecem que a tarefa de coordenação possui
muitas falhas, em virtude dos Diretores de Turma se concentrarem demasiado nos
momentos de avaliação dos alunos, subestimando outras áreas de intervenção
igualmente importantes. Referem que além destas tarefas exercem outras de caráter
burocrático, consideradas necessárias e inevitáveis. Acrescentam que os Diretores de
Turma executam excessivas funções, fruto de “reformas construídas pela dinâmica das
próprias escolas”, pelo que as presentes funções dos Diretores de Turma não deveriam
ser regulamentadas. Salientam ainda que a escola deveria encontrar o seu próprio
modelo de organização, com o objetivo de dar resposta às necessidades de cada
realidade escolar. Concluem, por isso, que o Diretor de Turma exerce muito mais
funções do que as que são consagradas na lei e, como tal, estas deveriam ser redefinidas.
Segundo a Portaria 970/80, de 12 de novembro os diretores de turma devem
promover a interdisciplinaridade, dinamizar a execução das orientações do conselho
pedagógico no sentido da formação psicopedagógica dos docentes, analisar as propostas
dos conselhos de turma quanto à solução dos problemas de integração de docentes e de
discentes na vida escolar e preparar as recomendações e sugestões a apresentar ao
conselho pedagógico.
A atribuição das direções de turma deve ser feita tendo em conta os seguintes
requisitos:
 Capacidade de relacionação fácil com os alunos, restantes professores, pessoal
não docente e encarregados de educação, expressa pela sua comunicabilidade e
modo como são aceites,

 Tolerância e compreensão associadas sempre a atitudes de firmeza que


impliquem respeito mútuo,
 Bom senso e ponderação,
 Espírito metódico e dinamizador,
 Disponibilidade para apreciar as solicitações a que têm de responder,
 Capacidade de prever situações e de solucionar problemas sem os deixar
avolumar.

Tendo em conta todas estas características ditas como relevantes para a complexa
função de diretor de turma, como é que é suposto o professor desenvolver estas
capacidades ou aprender como atuar no cargo? Visto que não existe uma formação
continua onde os professores escolhidos muitas das vezes como já referido são os mais
novos e que estão apenas contratados na escola, sendo passado como se fosse um
castigo e uma responsabilidade pois os professores mais experientes não o querem
desempenhar.
Isto só acontece pois não existem incentivos para o lado dos professores, apenas
mais funções para além das muitas que já têm sem qualquer acrescento e isso facilmente
se resolvia com algum tipo de privilégios na carga horaria ou até mesmo a nível
monetário. Outro fator é na parte da formação continua que para além de não existir as
formações que existem têm de ser pagas pelos próprios professores, então como é que
podemos esperar professores motivados, onde para continuarem a aprender os métodos
mais recentes, acompanhar a progressão da profissão e atualizar os conhecimentos
necessários é preciso serem os próprios a investir do próprio bolso, não é suposto os
professores serem remunerados pelo trabalho que fazem? Como é que, tendo em conta o
ordenado dos professores, como é que é suposto os professores muitas das vezes
pagarem 100 ou mais euros por formação, em que muitas delas obrigatórias.

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