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O EMPIRISMO BRITÂNICO

Filosofia I
Prof. Dr. Weksley Gama
IFES campus Linhares.
– Bacon foi um nobre inglês que fez carreira política e chegou ao
cargo de chanceler em 1618 durante o governo do rei Jaime I.
– Sua principal obra filosófica foi intitulada Novum organum (Novo
órgão).
– Em seu pensamento, Bacon defendeu o saber instrumental que
Francis Bacon: possibilitasse o controle da natureza e, por isso, ele criticou
severamente a filosofia medieval por considerar os pensamentos
saber é poder elaborados neste período como demasiadamente contemplativos
e abstratos.
– A fim de contornar os preconceitos e as noções falsas tecidas até
então que serviam como obstáculos para a apreensão da
realidade, Bacon desenvolveu a crítica ao que chamou de
ÍDOLOS.
– ÍDOLOS DA TRIBO => são os preconceitos que circulam na
comunidade em que se vive como verdades dadas e não
questionadas, postura contrária ao espírito científico. Hipóteses
devem ser confirmadas com fatos.

– ÍDOLOS DA CAVERNA => são aqueles que provém de cada pessoa


como indivíduo. Bacon concordava com Heráclito, que criticava as
pessoas por procurarem a ciência em seus pequenos mundos e não no
mundo maior que seria o mesmo para todos.
A CRÍTICA
AOS ÍDOLOS – ÍDOLOS DO MERCADO => são os que decorrem das relações
comerciais, nas quais as pessoas se comunicam por meio das palavras
sem perceber o efeito perturbador da linguagem, que distorce a
realidade e nos arrasta para controvérsias e fantasias inúteis.

– ÍDOLOS DO TEATRO => são os “que imigraram para o espírito dos


homens por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas
regras viciosas da demonstração”. Por isso, Bacon comparava os
sistemas filosóficos a fábulas que poderiam ser representadas no
palco, muitas vezes mescladas com teologia e superstições.
– Para Bacon, após a depuração do pensamento dos ídolos que o
corrompem, o método a ser utilizado deveria ser o indutivo.
– A proposição baconiana não deve ser confundida com a indução
aristotélica, pela qual, com base em diversos dados singulares
A INDUÇÃO constatados, chegamos a proposições universais.
– A indução proposta por Bacon visa estabelecer leis científicas,
BACONIANA para tanto, deve estabelecer a enumeração exaustiva de
manifestações de um fenômeno, registrar suas variações para só
então testar os resultados por meio de experiências.
– Bacon criticava tanto o racionalismo quanto o empirismo, pois
partia das experiências mas buscava ir além desta.
– “Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos ou
dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formigas, acumulam e
usam as provisões; os racionalistas à maneira das aranhas, de si
De formigas, mesmos extraem o que lhes serve para a teia. A abelha representa
aranhas e a posição intermediária: recolhe a matéria-prima das flores do
jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e
abelhas digere”.
– BACON, F. Novum organum. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.
69. (Coleção Os Pensadores).
– O filósofo inglês John Locke, no século XVII, desenvolveu a sua
teoria do conhecimento na obra Ensaio sobre o entendimento
humano, que tem por objetivo saber qual é a essência, qual a
origem, qual o alcance do conhecimento humano.
John Locke: – Locke criticou as ideias inatas de Descartes afirmando que a alma
é como uma tábula rasa, como uma folha de papel em branco e
a tábula rasa que o conhecimento se inicia com a experiência sensível.
– Argumentou que se houvessem ideias inatas as crianças já as
teriam, bem como a ideia de Deus poderia ser verificada sob as
mesmas perspectivas em diferentes culturas.
– Locke se diferenciou dos racionalistas, que privilegiavam as
A origem das verdades da razão típicas da lógica e da matemática, preferindo
indagar como se processa o conhecimento. Assim, distinguiu duas
ideias fontes possíveis para nossas ideias: a sensação e a reflexão.
– Tendo estímulos externos, resulta da modificação provocada na
mente por meio dos sentidos. Estas percepções podem ser
primárias ou secundárias:

Sensação – Primárias => são objetivas por existirem de fato nas coisas
(solidez, extensão, configuração, movimento, repouso e número).
– Secundárias => são em parte relativas e subjetivas, variando de
sujeito para sujeito (calor, cor, som, odor, sabor, etc.).
– Se processa internamente, é a percepção que a alma tem daquilo
que nela ocorre. Diz respeito à experiência interna como resultado
da experiência externa produzida pela sensação.
Reflexão
– A razão reúne as ideias as coordena, compara, distingue, compõe,
isto é, as ideias se conectam por meio da racionalidade.
– As ideias simples vindas da sensação combinam-se entre si,
formando as ideias complexas, como as ideias de identidade,
existência, substância, causalidade, etc.
Ideias simples
e ideias – Locke concluiu que não podemos ter ideias inatas, como havia
complexas pensado Descartes, por serem formadas pelo intelecto, as ideias
complexas não têm validade objetiva; são apenas nomes de que
nos servimos para ordenar as coisas, ou seja, elas têm valor prático
em vez de cognitivo.
– Hume, no século XVIII, levou mais adiante o empirismo de Bacon e
David Hume: Locke. Em sua obra Tratado da natureza humana, conforme a
tradição empirista, preconizou o método de investigação apoiado
o hábito e a na observação e na generalização.
crença – Com isso, considerou que o conhecimento se inicia com as
percepções individuais, que podem ser impressões ou ideias.
– IMPRESSÕES: São as percepções originárias que se apresentam à
consciência com maior vivacidade, como as sensações (ouvir, ver,
sentir dor ou prazer etc.).

Impressões
– IDEIAS: São as percepções derivadas, cópias mais tênues das
e Ideias impressões.
– O sentir (impressões) se diferencia do pensar (ideias) pelo grau de
intensidade. Além disso, a impressão é sempre anterior e a ideia é
O sentir e o dependente dela. Assim, tal qual o fez Locke, Hume rejeitou as
ideias inatas.
pensar – As ideias podem ser complexas quando as combinamos entre si
pela imaginação, fazendo uso de associações. (exemplos:
montanha de ouro; centauro).
– A imaginação é um feixe de percepções unidas por associação
com base na semelhança, na contiguidade (no espaço ou no
tempo) e na relação de causa e efeito. No entanto, estas relações
não podem ser observadas, pois são apenas modos pelos quais
passamos de um objeto a outro, de um termo a outro, de uma
ideia particular a outra, usando os princípios de causalidade,
semelhança e contiguidade, mas estas não são características dos
objetos.
Relações de – Exemplos: bolas de bilhar, o nascer do sol, calor e fogo, peso e
causalidade solidez etc.
– Portanto, Hume negava a validade universal do princípio de
causalidade e da noção de necessidade a ele associada. O que
observamos é uma sucessão de fatos, e não um nexo causal.
– O hábito criado pela observação de casos semelhantes nos faz
ultrapassar aquilo que é dado aos sentidos e afirmar mais do que a
simples experiência pode alcançar. Com isso, supomos que fatos
atuais se comportarão de forma análoga a fatos anteriores.
– Hume admite seu ceticismo ao reconhecer os limites estreitos do
entendimento humano, tendo em vista que estamos subjugados
pelos sentidos e pelos hábitos, o que reduz nossas certezas a
simples probabilidades.
– Hume recusou a metafísica e os princípios à priori como formas de
justificar o conhecimento.
Hume e o – Dizia-se adepto de um ceticismo atenuado e não extremado.
ceticismo Considerava que precisávamos reconhecer “a limitação de nossas
pesquisas aos assuntos que mais se adaptam à estreita capacidade
do entendimento humano”.
– Para Hume, a crença é o conhecimento que não se pode
comprovar racionalmente, mas é aceito com base na
probabilidade. Não se confunde, no entanto, com crença religiosa,
que depende de uma verdade revelada.

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