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24/05/2017
Pesquisa Jurisprudencial
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aumentar a pena na terceira fase (majorante), de 1/6 até ½ (a partir do crime de
pena mais elevada).
O tráfico de pessoas se consuma com o tráfico (com a prática de uma das
condutas previstas no artigo), desde que presente a finalidade de traficar a
pessoa.
2. Roubo
Sujeitos Ativo
Passivo
Tipo objetivo
Tipo subjetivo
Majorantes
I – arma x arma de brinquedo
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Furto
O furto é considerado um dos crimes menos graves, embora tenha uma pena
significativa.
Subtrair significa tomar para si. Assenhorar-se de uma determinada coisa móvel
que não lhe pertence. Essa coisa móvel pode ser objeto, pode ser valores e pode
ser também um semovente, como um animal de estimação (gato, por exemplo).
Tipo objetivo – subtrair, limites da coisa (móvel, que pode ser deslocada)
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ladrão não alcançou a posse tranquila da coisa. Ele esteve sempre em
perseguição.
Se entendermos que o crime se consuma quando a coisa sai da esfera de
disponibilidade, praticamente acaba a tentativa de furto. Todo furto seria
consumado.
Até há pouco tempo era tranquilo, era pacífico, que o crime se consumava
quando estava na posse tranquila. Mas aí o STF e o STJ resolveram tomar
algumas decisões trabalhando com a ideia de consumação quando a coisa sai da
esfera de disponibilidade da vítima. Era apenas uma questão conceitual, que não
tinha o objetivo de afastar a tentativa. Mas a partir daí alguns doutrinadores
copiaram essa ideia, como se fosse esse o momento consumativo. Mas tem muita
diferença a gente pensar em saída da esfera de disponibilidade e posse tranquila
da coisa. No nosso TJ prepondera a teoria da posse tranquila. Mas encontraremos
divergência tanto na doutrina quanto na jurisprudência. De novo, a professora
entende que, tecnicamente, a ideia de consumação quando houver a posse
tranquila da coisa é mais adequada.
Do ponto de vista da vítima é muito melhor ser vítima de uma tentativa do que
de um furto consumado. Como vamos tratar as duas coisas da mesma forma?
Então a pena deveria ser diferente. Isso deveria aparecer no cálculo da pena.
Esse é um crime de ação pública incondicionada.
Furto de uso
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recolher? Isso pode variar de local. Na zona rural o pessoal se recolhe mais cedo
do que na zona urbana. Qual o objetivo da majorante? A majorante existe porque
no momento do repouso noturno de uma determinada comunidade a vigilância
sobre as coisas é reduzida. Inclusive a vigilância dos próprios vizinhos. Então,
como o sujeito se aproveitou de um momento de menor vigilância naquela
comunidade, ele será penalizado com um aumento de pena.
Outras questões que já foram objeto de discussões: a casa furtada precisa estar
habitada para caracterizar furto noturno? Não necessariamente. A majorante se
aplica mesmo quando a casa está desabitada. Essa é a posição prevalente. Então
pode aplicar a majorante num furto da casa na praia, fora de temporada.
Para aplicar a minorante tem que combinar dois requisitos: o criminoso tem que
ser primário e a coisa de pequeno valor (até 1 SM - não é tão pequeno).
O § 3o diz que a energia elétrica se equipara a coisa móvel.
No furto qualificado dobra a pena mínima e dobra a pena máxima. A pena passa a
ser de dois a oito anos.
I - Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. Aqui
temos uma situação muito curiosa. Não pode ser destruição de uma parte da
mesma coisa. Eu quebrei uma vidraça para subtrair as coisas que estavam dentro
da casa. Isso é rompimento de obstáculo para subtração das coisas que estão
dentro da casa. Se quebrei o vidro do carro e roubei o rádio, também é
rompimento de obstáculo para subtração da coisa. Isso é qualificado. Mas se
quebrei o vidro do carro e levei o próprio carro, isso não é qualificado. Então é
melhor levar o carro do que só o que está dentro. Se interpreta assim porque a
interpretação das normas incriminadoras, principalmente daquelas que
aumentam pena, devem ser restritivas. Não dá para estender a interpretação.
Aqui a conduta mais grave recebe uma penalização menor do que a conduta
menos grave.
Não pode combinar o furto qualificado com a privilegiadora. Aí pode ter uma
coisa de valor pequeno que não se beneficiará da redução de pena do § 2o, essa é
uma privilegiadora incompatível com as qualificadoras.
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II - Com abuso de confiança (um hóspede na minha casa que aproveita esse
acesso facilitado para furtar uma coisa minha - não precisa ser necessariamente
um funcionário - às vezes o funcionário não tem acesso a determinados valores.
Não posso dizer que exista aí vínculo de confiança - para ser qualificado tem que
ter um vínculo de confiança que foi quebrado) ou mediante fraude (qualquer
tipo de dissimulação que possa induzir a vítima em erro, ou facilitar o acesso a
um determinado espaço), escalada (pressupõe a chegar ao 2o, 3o ou 4o andar –
furtos em edifícios) ou destreza (é um tipo de astúcia especial – por exemplo, o
furto punga – sujeito abre a bolsa da pessoa no ônibus e pega a carteira, fecha e a
pessoa nem viu - habilidade especial de furtar sem ser percebido - a professora
acha que isso nem devia ser qualificado - os furtos em geral são praticados com
destreza, o que daria para qualificar praticamente tudo).
IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas. Deve ter pelo menos um
adulto. Se foi um adulto em concurso com um adolescente, com alguém que não é
culpável, não importa, vale a qualificadora para o adulto que praticou o furto em
conluio com o adolescente.
A qualificadora se aplica para o veículo furtado em Porto Alegre que foi levado
tanto para Santa Catarina como para o Uruguai. Para considerar a qualificadora
tem que ter havido a passagem efetiva. Não pode ficar na âmbito da tentativa.
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Duas questões que a professora quer apresentar e que têm sido objeto de
discussão em virtude do Joesley:
Falamos aqui do tiro em cadáver. O cadáver não é objeto próprio para ser
vítima de homicídio, porque já está morto. Então não pode ser
criminalizada a conduta da pessoa que dá um tiro em uma pessoa que
achava que estava dormindo mas na verdade estava morta em função de
um ataque cardíaco. E a intenção, não é levada em consideração? Não,
porque o objeto é impróprio e a pessoa não vai responder por crime.
Da mesma forma, se o meio empregado, o instrumento que eu utilizo é
impróprio, não é capaz de levar à prática de um determinado crime, eu
vou ter também uma hipótese de crime impossível.
Essa é noção básica do art. 17 do CP. Só que temos súmulas que tratam da
matéria. Essa súmula antiga do STF, que é a súmula 145, ela apresenta o
que chamávamos na doutrina de flagrante preparado (Cezar Bitencourt
fala de flagrante provocado), que é a seguinte situação: não há crime
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação. Então, eles consideram hipótese de crime impossível do art.
17 essa situação mencionada pela súmula 145 do SRF. Então, aplicam
para a situação do flagrante preparado, a hipótese de crime impossível do
art. 17 do CP. Mas o que é flagrante preparado? E qual a diferença do
flagrante preparado para o flagrante esperado? O flagrante preparado,
normalmente, pressupõe um trabalho de inteligência da polícia. Eu
infiltro um agente da polícia em uma determinada organização criminosa.
Deveria ser um policial civil (se o caso não for de competência da polícia
federal). Mas os policiais civis não são treinados para isso. Então
normalmente se utiliza um policial militar para trabalhar como infiltrado
em uma organização criminosa. O agente vai ganhando a confiança da
organização criminosa e passa a integrar aquela organização como se
fosse membro. E para ganhar essa confiança o agente precisa participar
de alguns ilícitos menores. Aí, quando se quer desmantelar a organização,
eles provocam um flagrante. Esse agente da polícia vai fomentar, vai
estimular o grupo a praticar uma ação mais ousada. E vai passar todas as
informações para a polícia. Quando o grupo parte para essa ação mais
ousada que foi sugerida pelo próprio policial infiltrado, a polícia toda se
organiza para poder fazer a prisão em flagrante. A súmula vai dizer que
isso é crime impossível. O STF diz que isso é crime impossível. E eles não
vão responder por esse crime específico. Mas eles vão responder pelos
outros crimes já praticados. Esse flagrante é apenas uma forma de fazer
com que o grupo se exponha e com que a prisão aconteça. Normalmente
esse grupos estão protegidos em determinado espaço.
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O que a situação do Joesley tem a ver com isso? O Joesley atuou como se
fosse um agente infiltrado, sem ser agente infiltrado. O que foi feito ali foi
flagrante preparado. A quantia podia ser inclusive rastreada, o que torna
impossível a consumação. A súmula 145 do STF pode ser aplicada aqui.
2. Mas o que isso tem a ver com o furto, uma vez que os crimes praticados
não foram de furto? Também tem uma discussão no que diz respeito ao
flagrante esperado. No flagrante esperado não há nenhuma ação
antecipada da polícia, nenhum agente infiltrado auxiliando na
organização como acontece no flagrante provocado. O que existe é um
sistema de vigilância que pode tornar impossível a consumação do furto.
Estamos falando de furtos em estabelecimentos comerciais. Então eu fui
fazer uma compra no Zaffari. Existem câmeras e vigilantes que ficam
circulando. Os vigilantes ficam observando o que está acontecendo. Eles
ficam identificando as pessoas pelas vestimentas e características físicas.
Vão seguindo determinados consumidores em detrimento de outros. Os
vigilantes ficam acompanhando as pessoas que eles consideram suspeitas,
ou porque viram alguma coisa nos monitores ou porque desconfiaram de
qualquer coisa, só que não eles abordam a pessoa dentro do
supermercado. Mesmo que eles vejam a pessoa colocar a mercadoria
dentro da bolsa. Isso porque, de repente, pode ser uma pessoa
extravagante que chega no caixa e paga. Eles têm que esperar a pessoa
passar no caixa para ver se a intencionalidade de furtar estava ali. A
abordagem é feita na sequência. O furto fica, então, no âmbito da
tentativa.
Mesmo não tendo súmula, existe uma corrente doutrinária bastante forte,
que encontra algum amparo na jurisprudência, aplicando o art. 17,
também, para o flagrante esperado. Se a pessoa estava sendo vigiada o
tempo todo, era impossível a consumação do furto. Por isso posso afastar
a tentativa do furto com base no art. 17, na ideia de flagrante esperado.
Mas temos que analisar o caso concreto. Se ninguém estava controlando a
pessoa e o detector apitar, isso é tentativa de furto. Para alegar crime
impossível tinha que ter acompanhamento do vigilante. É essa a ação que
torna impossível a consumação do furto.
A súmula 567 do STJ vai dizer que a existência um monitoramento
eletrônico, de câmeras, no estabelecimento comercial, por si só, não leva
à consideração de crime impossível. Isso porque muitas vezes o
monitoramento eletrônico existe para identificar quem furtou a
mercadoria, mas não há um vigilante que acompanhe e impeça que os
crimes aconteçam. Agora, esse acompanhamento próximo pode ser
considerado crime impossível, afastando a tentativa de furto.
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Roubo
Em relação aos sujeitos, diremos que é a mesma coisa que se aplica ao furto.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Aqui nós vamos, da mesma forma como no furto, uma subtração, mas uma
subtração que não acontece à revelia da vítima, sem o conhecimento da
vítima, como no furto, mas sim acontece mediante a intimidação da vítima
(grave ameaça ou violência física). Esse roubo próprio, para se consumar,
nós vamos ter as mesmas teorias do furto. Uma primeira teoria falando
que é com a posse tranquila da coisa. E uma segunda teoria falando que é
quando a coisa sai da esfera de disponibilidade da vítima. A professora
entende que a teoria da posse tranquila é a mais apropriada.
Vejam: logo depois de subtraída. O que aconteceu aqui? Era para ser um
furto mas a vítima percebeu e reagiu. E aí o agente emprega a violência
para manter a possa da coisa. O roubo impróprio é o furto mal sucedido.
Era para ser um furto. Como a vítima reagiu, o sujeito, para manter a
posse da coisa, para alcançar a posse tranquila da coisa, empregou
violência ou grave ameaça contra a pessoa. Aqui há uma inversão do
momento consumativo. Aqui, a consumação se dá com emprego da
violência ou da grave ameaça a pessoa. Por que se não tiver emprego de
violência ou de grave ameaça a pessoa o que houve foi um furto. Para
dizer que eu transformei o que seria um furto em roubo, tem que ter o
emprego de violência ou de grave ameaça quando a coisa já está na mão
do agente.
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Então, a consumação se dá com o emprego de violência ou grave ameaça.
Majorantes
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dia, predomina o entendimento de que não aplicamos. Então, se o roubo
for com arma de brinquedo, é roubo somente. Se o roubo foi com
emprego de arma verdadeira municiada, é roubo majorado pelo emprego
de arma. E se a arma for desmuniciada, há controvérsias, mas os tribunais
têm entendido que se aplica por analogia a questão da arma de
brinquedo, então é só roubo sem emprego de arma, porque ela não tem
potencial lesivo. Qual é a base dessa teoria? Princípio da lesividade.
- Se há concurso de duas ou mais pessoas. A professora já disse que os
adolescentes entram na contagem para qualificar o roubo do adulto.
- Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece
tal circunstância. Transporte de valores o que é? Carro forte. Tem um
objetivo de política criminal bastante específico aqui.
- Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior. Se passou a fronteira, então,
qualifica o roubo.
- Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. É
aquela hipótese em que o sujeito, não satisfeito em roubar o carro, leva a
vítima junto, para que a vítima tenha maior dificuldade em chamar a
polícia e dê tempo de fugir. A vítima normalmente é deixada em um lugar
ermo. Aqui não é o caso de sequestro relâmpago, em que abordo a vítima,
levo ela até o banco e faço ela sacar dinheiro (isso é um tipo qualificado de
extorsão, não é roubo). O que diferencia entre roubo e extorsão é que no
roubo o agente não precisa da colaboração da vítima para alcançar a
vantagem, e na extorsão precisa da colaboração da vítima para alcançar a
vantagem. Esse roubo qualificado do inciso V não é extorsão mediante
sequestro e nem sequestro relâmpago (isso tem regulação específica).
Aqui é um roubo mesmo. Só deixa a vítima em lugar ermo para ter tempo
de fugir.
Qualificadoras
Quando a morte se consuma, ainda que a coisa não tenha sido levada, há
latrocínio consumado.
Tentativa de homicídio significa que teve intenção de matar. E a intenção de
matar vem do local onde a vítima foi atingida.
Se a vítima sobreviveu e não foi atingida em área de risco, pode ser o roubo
qualificado por lesão corporal grave. Só direi que teve tentativa de latrocínio se
tiver o dolo.
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AULA 09
31/05/2017
- furto
- roubo
- extorsão: art. 158 CP
sujeito ativo
passivo
tipo objetivo
tipo subjetivo
consumação: súmula 96 do STJ
majorantes: art. 158 par 1o CP
Qualificadoras: art. 158, par 2o CP
sujeitos ativo
passivo
tipo objetivo
tipo subjetivo
consumação
qualificadoras: art. 159, par 1o a 3o
delação premiada: art. 159, par 4o CP
sujeitos ativo
passivo
tipo objetivo
tipo subjetivo
consumação
Existem duas modalidades de roubo qualificado: por lesão corporal grave e pela
morte da vítima (latrocínio).
No roubo qualificado por lesão corporal grave, não existem maiores dificuldades.
Isso porque eles vão ser, como costumam ser os crimes qualificados pelo
resultado, preterdolosos como regra geral. Mas aqueles resultados mais graves,
que decorrem da lesão corporal, emprego da violência, independentemente de
terem sido praticados com dolo direto ou não, não mudam o enquadramento. Só
mudava o enquadramento em relação à lesão corporal em caso de perigo de vida
e no caso de aborto. Porque daí pode migrar para o art. 121 ou então poderia
migrar para o crime de aborto, sem o consentimento da gestante. Nos demais
casos, não importa se eu só quis lesionar e porque me excedi a pessoa ficou
incapacitada para ocupações habituais por mais de trinta dias, ou se eu já
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lesionei com a intenção de incapacitar aquele indivíduo. Via de regra não existe
outro tipo penal que concorra com esse.
Normalmente os crimes qualificados pelo resultado são preterdolosos. Mas isso
não é um requisito fundamental em se tratando de lesão corporal, mesmo nesse
caso de lesão corporal grave, que inclui a grave estrito senso e a gravíssima, que
qualifica o crime de roubo.
Há na qualificadora do latrocínio tem uma imprecisão. Como ele tem uma pena
de 20 a 30 anos, pena mínima bem superior a do homicídio qualificado que é de
12 a 30 anos, ele admite tanto que essa morte não tenha sido intencional, mas
decorra do contexto da violência empregada no roubo, como pode ter sido
intencional, o que seria, em regra, um crime doloso contra a vida. Deveria ir a júri
popular. Mas como isso está enquadrado como crime patrimonial, não vai a júri
popular. Então temos um latrocínio (roubo qualificado pela morte da vítima) que
deveria existir apenas para a hipótese preterdolosa do crime, mas que no Brasil
serve para as duas hipóteses. Então, se o ladrão, porque a vítima reagiu, deu um
tiro na perna da vítima, o que demonstra que ele não tinha a intenção de matar, e
a vítima, por alguma complicação morre, teremos aí um latrocínio. Se o ladrão,
com a finalidade de não ser identificado, sem qualquer reação da vítima, por
maldade, vai e mata a vítima com dois tiros na cabeça, é latrocínio igual. Tem a
mesma pena. Não vai para júri popular. Não tem diferença o tiro ter sido
acidental ou intencional.
Súmula 610 STF que diz que no contexto do latrocínio, quando a morte da vítima
se consuma, se considera o latrocínio consumado ainda que o agente não consiga
ficar com a posse da coisa. A partir dessa súmula teremos os quatro
desdobramentos, o que inclui, inclusive, a possibilidade de crime de tentativa de
latrocínio. Como admitimos que o latrocínio pode se doloso em relação à morte
da vítima, então pode haver tentativa (não existe tentativa de crime culposo e
nem de crime preterdoloso). Temos que identificar no caso concreto se houve ou
não intenção do agente em matar a vítima.
Possibilidades
Quando não há a morte da vítima mas ela sai lesionada desse roubo (o agente
levou a coisa e chegou a empregar a violência), aí vamos ter que analisar o caso
concreto. Onde foi o tiro, onde foi a facada, para saber se houve a intenção de
matar, e aí seria uma tentativa da latrocínio. Se não, seria um roubo qualificado
com lesão grave ou se houve apenas lesão leve. E se houve lesão leve, a lesão leve
fica absorvida pelo roubo.
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Extorsão
Sujeito ativo: o crime pode ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer
pessoa (sujeito passivo).
O dolo é específico. Isso porque o tipo penal indica qual é a finalidade que o
sujeito precisa ter. E é justamente essa finalidade que transforma o que seria o
constrangimento ilegal da extorsão, que diferencia a extorsão do
constrangimento ilegal. Aqui temos como objetivo a vantagem econômica.
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Os casos mais comuns de extorsão são justamentes esses de falsos sequestros
com extorsão por telefone ou o sequestro relâmpago que está no § 3º como
modalidade qualificada.
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Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
O crime de quadrilha ou bando estava previsto no art. 288 do CP. Foi substituído
em 2013 pela associação criminosa. Quadrilha, como o próprio nome diz, é
formada pelo mínimo de quatro pessoas. Bando, de cinco em diante. Então, para
configurar o crime de formação de quadrilha, precisávamos de quatro agentes
associados. Agora, na associação criminosa, nós precisamos de três agentes
associados. A pergunta é, se for uma associação criminosa com três pessoas,
qualifica o crime de extorsão mediante sequestro? Não. A qualificadora fala em
quadrilha. Tem que ter pelo menos quatro. Não pode fazer uma interpretação
extensiva para aplicar a qualificadora. Embora não exista mais o crime de
formação de quadrilha.
Aqui diz: se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. Não diz: 'se da
violência resulta lesão corporal de natureza grave' ou 'se da violência resulta
morte', como diz lá no roubo e na extorsão, por exemplo. Qualquer coisa que
acontecer com essa vítima que está em cativeiro, que resulte em lesão corporal
de natureza grave (alimentação inadequada, falta de medicamento), ainda que
ela não tenha sido espancada, ainda que ela não tenha levado um tiro, não tenha
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sofrido uma violência direta, será considerado elemento da qualificadora. Então,
o que acontecer com a vítima é responsabilidade dos agentes. Aqui basta resultar
a lesão grave. Mesmo que não haja violência. Mas a professora entende que
suicídio não daria causa à qualificadora.
Minorante
Tenho um apartamento que coloco para alugar. Eu fico com a posse indireta e o
locatário com a posse direta.
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- Apropriação Indébita: art. 168 CP
Sujeitos ativo
Passivo
Tipo objetivo
Tipo subjetivo
Consumação
Majorante:
Sujeitos ativo
Passivo
Tipo objetivo
Tipo subjetivo
Consumação
Extinção da punibilidade: art. 168-A, § 2o CP
Perdão judicial: art. 168-A, § 3o CP
Apropriação indébita
Crime bem leve que não envolve violência ou grave ameaça a pessoa. Só que ele
exige um vínculo especial entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. Não é um
delito que possa ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer pessoa.
O sujeito ativo é o possuidor direto do bem, aquele que já está com a posse do
bem.
O sujeito passivo é o proprietário.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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indicar que houve apropriação indébita: pedi de volta e ele não devolveu (devo
pedir porque a pessoa pode ter esquecido de devolver); a pessoa vendeu para
outro.
Majorante
Sujeito ativo: quem está na posse dos valores, quem recolheu e descontou os
valores licitamente dos empregados, sem repassá-los. Mas não é pessoa jurídica,
mas sim a pessoa física que tomou a decisão de não repassar os valores para a
previdência.
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Extinção da punibilidade
Perdão judicial
Perdão para o sujeito que confessa e paga, mesmo após a execução fiscal, e
extinção da punibilidade se ele o faz antes do início da execução fiscal.
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AULA 10
07/06/2017
* Fraude bilateral
* Privilegiadora: art. 172, § 1o CP
Súmulas:
17, 24, 48 e 244 STJ
246, 521 e 554 STF
- Receptação
Própria: art. 180, 1a parte
Sujeitos ativo
Passivo
Tipo objetivo
Tipo subjetivo
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Recapitulando...
Estelionato
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Estelionato decorre de stellio, que significa um camaleão. O estelionatário é um
camaleão que vai se camuflando conforme o ambiente e o contexto para obter a
vantagem.
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez
contos de réis.
Tipo subjetivo é o dolo. Não existe, por razões óbvias, estelionato culposo.
Fraude bilateral
Privilegiadora
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Modalidades especiais
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VI – Fraude no pagamento por meio de cheque. Isso significa passar um cheque
sem provisão de fundos, intencionalmente. Quem emite cheque, sem suficiente
provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Ele entra na cifra obscura da criminalidade porque é difícil estabelecer se houve
culpa ou dolo. É muito fácil o sujeito se defender dizendo que foi culposa a
conduta, que se atrapalhou, que tinha um pagamento para entrar que não entrou,
etc.
Havia uma discussão doutrinária de que o cheque pré-datado não se enquadraria
nesse tipo penal (cheque é ordem de pagamento à vista), porque no momento
em que eu estabeleço um prazo diferenciado para o desconto, eu tirei a natureza
do cheque de ordem de pagamento à vista. Então, consequentemente, eu
desconstituí o objeto.
Esse crime se consuma no momento da apresentação do cheque para desconto
no banco.
Esse crime só pode ser praticado pelo emitente. Ele é o sujeito ativo. Sujeito
passivo é quem recebeu o cheque. O tomador do cheque. Ou seja, o cheque tem
que ser meu mesmo. Se for um cheque falsificado, aí é modalidade de estelionato
do caput, porque quem está assinando o cheque não é o dono da conta corrente.
Súmulas STJ
ADD Página 26
Súmula 244 – Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de
estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
Qual o local competente para julgar esse crime? É o local onde está localizada a
agência bancária em que o cheque foi apresentado para ser descontado.
Súmulas STF
Súmula 246 – Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos.
Se não houve dolo, não há crime. Não precisava dizer isso, uma vez que o crime é
doloso. Se não houve fraude, não houve dolo. Logo, a conduta é culposa. Então
não é crime.
Receptação
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antecedente. A receptação é um delito acessório. Ele depende de um delito
principal.
Tem que ficar muito claro que o agente sabia que era produto de crime. Isso está
no próprio tipo penal. Se ele não sabe, não tem dolo. Ele é intermediário que
normalmente atua entre a pessoa que pratica o crime antecedente e o
consumidor final. O consumidor final pode ou não ser terceiro de boa-fé.
Sujeito ativo: Esse crime pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto o autor
do crime antecedente.
Sujeito passivo é o proprietário da coisa e/ou o terceiro de boa-fé.
O tipo penal é claro. Tem vários verbos: adquirir, receber, transportar, conduzir
ou ocultar.
Mas como tem a expressão 'coisa que sabe ser objeto de crime', indica que o dolo
é direto, e não é eventual (tipo subjetivo).
Em relação ao tipo objetivo, existe hoje uma discussão em que alguns autores
entendem que o crime de receptação foi esvaziado pelo crime de lavagem de
capitais. Vanessa discorda. Diz que o crime de lavagem de capitais, previsto em
uma lei especial, é uma espécie de receptação. O agente está dando uma
roupagem lícita para um dinheiro que foi obtido de forma ilícita.
A origem do nome é porque a máfia americana investia o dinheiro ilícito obtido
com o tráfico de drogas em lavanderias. Todo traficante lava o seu dinheiro com
um empresário.
Na primeira lei de lavagem de capitais no Brasil, ela estabelecia um rol de crimes
antecedentes. Basicamente os crimes antecedentes à lavagem de capitais eram os
crimes eram os crimes do colarinho branco, os crimes contra o sistema
tributário, e o tráfico de drogas. Outros crimes antecedentes levavam para a
receptação, incluindo o roubo e o furto. O que aconteceu na nova lei de lavagem
de capitais é que foi excluído o artigo que estabelecia o rol de crimes
antecedentes. Antes os crimes tinham que ser específicos, aqueles taxativamente
mencionados na lei. Então, em tese qualquer crime antecedente pode dar ensejo
à lavagem de capitais. Então, como se diferencia o crime de lavagem de capitais
do crime de receptação? Alguns autores criticam a exclusão do rol e a
consequente ampliação. Mas embora sejam crimes parecidos, existe uma
diferença fundamental entre lavagem de capitais e receptação. Na lavagem de
capitais eu tenho uma atividade contínua (em regra é assim). É praticamente
uma parceria que vai existir entre o empresário e, por exemplo, o traficante.
Segundo, o próprio negócio é uma fraude. Ele existe para lavar o dinheiro (por
exemplo, do tráfico). Diferentemente da receptação, que pode acontecer de
forma eventual. Claro que existem as casas que compravam e vendiam, por
exemplo, autopeças de carros furtados. Mas posso ter uma atividade eventual. A
receptação está mais relacionada aos crimes anteriores patrimoniais (na prática
a receptação se vincula sempre com o furto e o roubo como crimes
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antecedentes). Diferentemente da lavagem de capitais, que é mais relacionada a
crimes praticados por organizações criminosas.
Isso é bastante difícil de acontecer. Mas vamos imaginar que eu, sabendo que
existe uma concessionária que trabalhe com carros roubados e furtados, em
acordo com o proprietário, levo um amigo meu de boa-fé, que não é de Porto
Alegre, e indico aquela concessionária como sendo uma concessionária de
confiança para que ele compre um carro. E ele acaba comprando um carro
roubado. Então, o dono da empresa responde por receptação própria (vai ser
qualificada porque ele tem um negócio) e eu, que induzi meu amigo, terceiro de
boa-fé, a comprar um carro roubado, respondo por receptação imprópria. E o
meu amigo é vítima.
Receptação qualificada
Por que na receptação do caput consta 'coisa que sabe ser produto de crime' e na
receptação qualificada 'coisa que deve saber ser produto de crime'? Isso indica
que a receptação qualificada admite dolo eventual.
O comerciante vai sempre responder por receptação qualificada, que tem pena
maior. Se exige do comerciante uma responsabilidade maior com o consumidor.
O consumidor depende. Pode responder por receptação do caput do art. 180 do
CP, se ele sabe que a coisa que adquiriu é objeto de furto/roubo, pode responder
por receptação culposa, se ele tinha como desconfiar em virtude da
desproporção do preço, ou pode ser vítima, se não tinha como desconfiar.
Quem traz uma mercadoria sem pagar o imposto de importação responde por
descaminho. O camelô que compra essa mercadoria e coloca à venda responde
ADD Página 29
por descaminho também. E o consumidor que vai lá no camelódramo e compra a
mercadoria pode, dependendo da situação, responder por receptação culposa.
sujeitos ativo
passivo
tipo objetivo
tipo subjetivo
consumação
Então, se existe uma desproporção muito grande entre o preço da coisa e o valor
que estão pedindo, eu já devo desconfiar.
Se eu tiver um terceiro de boa-fé, ele é vítima. Mas se ele quis ser esperto e
comprou um produto que dá para desconfiar (em virtude do contexto em que o
bem foi adquirido ou em virtude da desproporção absurda que existe entre o
valor daquele produto e o preço que está sendo pedido), ele pode responder, em
tese, por receptação culposa.
Aquele que adquire dolosamente sabendo que é produto de crime responde por
receptação dolosa. Consumidor também pode responder por receptação dolosa.
ADD Página 30
Majorante
Existe essa majorante para quando existe a lesão a algum bem público.
É claro que eu sei que o sacoleiro que vai no Paraguai e enche um ônibus de
produtos e entra no País sem declarar esses produtos e sem pagar os tributos,
pratica o crime de descaminho. Se ele vende para alguém que vende lá no
camelódromo, esse alguém também vai responder pelo crime de descaminho. O §
1o diz que se eu utilizo produto descaminhado em atividade empresarial eu
respondo por descaminho. Tecnicamente, conceitualmente, isso é uma
receptação. Mas o legislador optou por colocar essa modalidade de receptação lá
no tipo do descaminho. Mas apenas a atividade comercial. O consumidor final
responde por receptação. Aí pode ser dolosa, se comprovado o dolo direto, ou
pode ser culposa, se não foi comprovado o dolo direto.
ADD Página 31
quem adquire o semovente do ladrão. Esses dois dispositivos é influência da
bancada ruralista do CN.
Se aplica aqui a mesma coisa que se aplica para a receptação do caput do art.
180, com a única diferença que temos um tipo penal específico, qualificado para
isso. É uma modalidade qualificada.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
Temos três artigos importantes, mas que precisamos ter o seguinte cuidado:
Sempre fazer a leitura do art. 181 c/c art. 183, no que diz respeito à
escusa absolutória (isenção de pena); e
Sempre fazer a leitura do art. 182 c/c art. 183, no que diz respeito à
previsão de ação penal pública condicionada à representação em alguns
casos específicos. A regra para os crimes contra o patrimônio é a ação
penal pública incondicionada. A exceção está no art. 182.
Mas por que temos que ler o art. 181 combinado com o art. 183? Porque o art.
183 excepciona o art. 181 e também excepciona o art. 182. Então, se a gente olha
somente o art. 181 pode incorrer em erro.
O art. 181 diz que é isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos
neste título (aqui estamos falando de todos os crimes patrimoniais, começando
com o furto e terminando com a receptação), em prejuízo do cônjuge, na
constância da sociedade conjugal, ou de ascendente ou descendente, seja o
parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural (desconsiderar isso porque
o CC não faz mais essa diferença).
Então, se eu furto do meu pai, avô ou filho sou isento de pena. Mas isso não se
aplica para qualquer crime patrimonial. É preciso ver o que diz o art. 183. Então,
a isenção de pena do art. 181 vale para o furto, para apropriação indébita, para o
estelionato, mas não vale para os crimes com violência ou grave ameaça a
pessoa. Isso quer dizer que se eu assaltar meu pai a mão armada eu vou
responder pelo crime. E não aplica ao estranho que participa do crime, de tal
ADD Página 32
forma que se o amigo furtou junto com o filho, o filho não vai responder pelo
crime de furto, mas o amigo do filho vai. Também não aplica a isenção se o crime
for cometido contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
O art. 182 vai falar da ação penal. A regra é que os crimes contra o patrimônio
são de ação penal pública incondicionada. Mas se procede mediante
representação se o crime previsto nesse título é cometido em prejuízo do ex-
marido ou ex-mulher, de irmão ou de tio ou sobrinho com quem coabito. Ou seja,
contra essa pessoa eu escolho se quero representar ou não. Mas isso não se
aplica se o crime for com violência ou grave ameaça a pessoa, em relação ao
estranho que participa do crime ou se cometido contra pessoas de mais de 60
anos de idade. Esses casos serão sempre de ação pública incondicionada.
Tipo objetivo: o caput é muito singelo. Vamos ver as situações específicas que
são mencionadas no artigo:
ADD Página 33
§ 4º O disposto nos §§ 1º, 2º e 3º não se aplica quando se tratar de exceção ou
limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com
o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra
intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista,
sem intuito de lucro direto ou indireto.
Todas as condutas do art. 184 são dolosas e se consumam com a prática da ação
descrita no verbo.
ADD Página 34
AULA 11
14/06/2017
Moeda Falsa
Fabricar moeda falsa, que tanto pode ser a cédula de papel como a moeda
metálica em si.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo é o Estado (União, que é quem tem competência para fabricar a
moeda nacional). Mas pode ter uma vítima secundária, que é a pessoa que recebe
a moeda falsa e fica no prejuízo.
ADD Página 35
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
circulação moeda falsa (evidentemente sabendo que é falsa).
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja
circulação não estava ainda autorizada.
Existem teses defensivas em relação à moeda falsa. Existe uma tendência muito
forte a se considerar que há crime impossível quando a falsificação da moeda for
grosseira, ou seja quando qualquer um identifica que ela é falsa.
Falsidade documental
Assim como o crime de moeda falsa, em sua modalidade básica do caput, implica
produzir, fabricar uma moeda falsa, ou alterar dolosamente uma moeda uma
verdadeira, na falsificação de documento público eu fabrico um documento
público ou altero materialmente um documento público verdadeiro.
Qualquer pessoa pode praticar o crime e a vítima é o Estado.
Mas quem é competente para processar e julgar o agente responsável por esse
crime? Depende de quem expediu o documento. Se o documento for o passaporte
expedido pela Polícia Federal, a competência é da justiça federal. Se for um RG ou
uma CNH, a competência é a justiça estadual. Depende então da natureza do
documento para que se possa identificar a competência.
Mas vamos ter o Estado como a principal vítima, em virtude do bem jurídico
protegido ser a credibilidade dos documentos expedidos pelo Poder Público.
ADD Página 37
Aqui a pena é menor porque o documento foi elaborado por um particular, então
não é a credibilidade do Estado que está sendo posta em questão.
Esse crime é doloso e se consuma com a produção, a fabricação do documento
falso, ou a alteração material do documento verdadeiro.
Falsidade ideológica
ADD Página 38
Falsa Identidade (art. 307)
E se, por acaso, eu falsifico, fabrico um passaporte falso e vou tentar sair do país
e me apresento com passaporte falso? Isso é falsificação de documento público.
E se não fui eu quem falsifiquei o passaporte, mas estou tentando sair do país
com ele? Aí é uso de documento falso (art. 304), que tem a mesma pena da
falsificação.
ADD Página 39
Crimes Contra a Administração Pública
- Crimes Funcionais
o Próprios
o Impróprios
ADD Página 40
podem ser sem remuneração, como, por exemplo o mesário em dia de
eleições, o jurado no tribunal de júri).
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública (ou seja, o funcionário de uma terceirizada do poder
público também pode ser considerado funcionário público para efeitos
penais).
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função
de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Interessante é que nos primeiros crimes que vamos começar a tratar (peculato,
corrupção passiva, prevaricação), eles podem ser praticados por qualquer
funcionário público, incluindo os funcionários de paraestatais e de terceirizadas,
dependendo da atividade prestada, enquanto sujeito ativo. Agora, os crimes que
vamos ver depois, que são os crimes contra a administração da justiça, em que o
funcionário não é agente, mas sim vítima, aí não se usa o conceito estendido de
funcionário público. Aí se utiliza o conceito estrito de servidor público, ou seja,
aquele que está definido na lei dos servidores públicos. Então, um funcionário da
CEF (empresa pública) pode praticar corrupção passiva, mas não sofre desacato
(ele só pode sofrer injúria, como qualquer outro cidadão).
ADD Página 41
2. Peculato
Peculato de Uso
O peculato é um crime funcional impróprio. Ou seja, ele tem essa tipificação nos
crimes contra a administração pública porque, nesse caso, ele será praticado por
um funcionário público. O sujeito ativo será necessariamente um funcionário
público, aquele funcionário público conceituado pelo art. 327, ou seja o
funcionário público para efeitos penais.
Sujeito passivo é o Estado como principal vítima, e eventualmente um particular
prejudicado por essa atitude.
Ele é um crime funcional impróprio porque, a rigor, a mesma conduta, quando
praticada por um particular, poderá ser apropriação indébita, poderá ser furto.
No caso de peculato mediante erro de outrem seria uma modalidade especial
também de apropriação indébita.
Recebe esse nome diferenciado quando praticado (furto ou apropriação
indébita) por funcionário público contra bens do Estado ou bens de particulares
que estejam na posse do Estado.
O peculato pode ser doloso, culposo ou ainda peculato de uso
ADD Página 42
A parte em negrito é o tipo penal do peculato-apropriação. A segunda parte já é o
peculato-desvio.
Então ele tem que ter a posse em razão do cargo. Então vejam que não são
quaisquer funcionários que vão praticar esse tipo de crime. É até mais comum a
gente encontrar o peculato furto, que não exige a posse da coisa, mas apenas um
acesso facilitado, por ser funcionário, por exemplo, daquela repartição, do que o
peculato-apropriação acontecer. O peculato-apropriação pode acontecer por um
tesoureiro de um Município ou Estado, por exemplo. E pode acontecer em
relação a bens móveis que estejam na sua posse. Como eu sei o que está na posse
do funcionário publico? Tudo aquilo que ele pode levar para casa, ele tem a
posse. O que ele não pode levar para casa ele não tem a posse, ele só utiliza no
momento do trabalho. Se eu tenho a posse de um notebook da administração e
depois me aproprio desse notebook, é peculato-apropriação.
Pode ser um carro apreendido pela polícia que esta lá no depósito. Ele é um bem
de particular que está na posse da administração. Um carro alugado pela
administração pode estar na posse do funcionário público.
ADD Página 43
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário (significa facilidade de acesso aos locais).
Também praticado pelo funcionário público contra o Estado. Nesse caso a única
diferença para o peculato-apropriação é que ele não tem a posse. Então eu tenho
que subtrair mesmo utilizando a facilidade de acesso. O crime também é doloso e
se consuma da mesma forma que o furto. Consuma-se quando a coisa é retirada
da esfera de disponibilidade da vítima ou com a posse tranquila da coisa. Esses
são os dois posicionamentos doutrinários/jurisprudenciais existentes a respeito
da consumação.
Em relação ao roubo, inclusive, temos a súmula 582 do STJ dizendo que o crime
de roubo se consuma com a posse da coisa, ainda que o sujeito tenha sofrido
perseguição. Isso está sumulado para o roubo, que envolve violência e grave
ameaça a pessoa.
Súmula 582
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
É quase como aquela situação de apropriação de coisa havida por erro. Então, eu
paguei o tributo duas vezes, e o funcionário, percebendo o meu equívoco, se
apropria desse tributo excedente. É um tipo de apropriação indébita. Ou furto,
dependendo da qualidade do funcionário. Se ele movimenta essa quantia, se ele
tem a liberdade de movimentar essa quantia, ou se ele não tem a posse dessa
coisa.
É simplesmente uma forma de peculato-apropriação que se consuma da mesma
forma como o peculato-apropriação: quando o sujeito ativo resolve tomar a coisa
para si.
Peculato de uso
Furto de uso é quando pego o carro de alguém sem pedir emprestado para dar
uma volta e depois devolvo. Isso é uma conduta atípica.
ADD Página 44
Bens infungíveis, como uma viatura ou um computador, que não são
substituíveis.
Se o bem foi for infungível, a conduta não se configura como peculato. E via de
regra é atípica. Só a utilização de serviços e mão de obra da administração
configura improbidade administrativa, mas não é peculato igual.
Já em relação aos bens fungíveis, ainda que seja de uso e o valor seja devolvido, é
crime de peculato. O sujeito vai ter, se ele devolver o valor, a redução de pena
pelo arrependimento posterior, mas não fica isento de pena.
Peculato culposo
O que significa isso? Funcionário público não agiu de má-fé, não possuía dolo,
não quis se apropriar de nada, não quis furtar nada, no entanto, por uma
negligência dele, alguém se aproveitou de sua negligência e subtraiu ou se
apropriou de algo. Então ele está sendo punido pela negligência.
Pode ser uma falta de fiscalização ou até mesmo um crime praticado por um
vigilante.
Vamos imaginar que, por esquecimento, o vigilante esqueceu uma porta de um
laboratório aberta e alguém entrou lá e furtou um computador. Esse vigilante
responderá por peculato culposo. Isso porque, em virtude da falha dele, alguém
praticou um crime contra a administração. O ladrão, se particular e se não estiver
em conluio com o funcionário público, responde por furto. Se funcionário
público, responde por peculato doloso. Se o vigilante estava em conluio com o
ladrão, o vigilante e o particular responderão por peculato furto doloso (sim, o
particular responde nesse caso por peculato – o tipo só pode ser praticado por
funcionário público - art. 30 do CP - a condição de funcionário público é
elementar do crime de peculato, logo, se estende aos coautores e partícipes, mas,
para isso, precisa ter o funcionário público diretamente envolvido dolosamente,
senão o particular vai responder pelo furto).
Quando se consuma o peculato culposo? No momento da consumação do delito
praticado pelo terceiro.
Se o vigilante esqueceu a porta aberta e ninguém levou nada, não há crime. O
peculato culposo só é crime quando um crime for cometido depois.
Se a porta ficou aberta e alguém entrou para roubar e não conseguiu, esse
terceiro vai responder por tentativa de furto, mas o vigilante não vai responder
por crime algum.
Não existe peculato culposo tentado (não há crime culposo tentado).
Em relação aos crimes funcionais, a gente vai ver que os funcionais próprios
envolvem apenas os funcionários públicos, mas em relação aos funcionais
impróprios, como o peculato, o particular também pode responder por ele, desde
que esteja atuando em concurso de agentes com um funcionário publico.
Embora exista a previsão de]o furto para o particular, se ele estiver atuando em
conluio, concurso de agentes, com um funcionário público, o art. 30 estende o
peculato para o particular também.
ADD Página 45
AULA 12
21/06/2017
Contrabando
Descaminho
Consumação
Prevaricação: art. 319 CP; art. 319-A CP
Próprios
Crimes Funcionais
Impróprios
ADD Página 46
Corrupção passiva e ativa. Observe-se como são distintos os artigos. A corrupção
passiva está no art. 317 e a corrupção ativa no art. 333:
ADD Página 47
fungível (valores, por exemplo), será crime de peculato. No furto de uso, a
conduta será atípica em qualquer caso, sendo a coisa fungível ou infungível.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Exigir é um tipo de extorsão, e implica uma coação. Aqui eu não estou pedindo,
não estou sugerindo, eu estou exigindo. Aqui tem uma carga de coação. É uma
tipo de extorsão praticada pelo funcionário público. Não existe aqui as palavras
"mediante violência ou grave ameaça", como no roubo e como na própria
extorsão, mas o verbo exigir indica que houve um tipo de coação. É quase como
se houvesse uma grave ameaça, só que sem o uso de revólver. Normalmente esse
é um crime próprio dos agentes das polícias. Um agente do fisco também pode
praticar esse crime.
ADD Página 48
modalidade), que apesar de ser um crime menos grave apresenta pena mais alta
do que a concussão.
Corrupção
Corrupção passiva
É a primeira modalidade da corrupção passiva, que tem o verbo solicitar, que fica
muito próxima da concussão, que tem o verbo exigir. Em ambas, a iniciativa de
receber propina parte do funcionário público, e não de um particular que tenta
corrompê-lo. A diferença é se houve apenas uma sugestão, um acordo, ou se
houve uma exigência, uma espécie de coação.
ADD Página 49
No momento em que eu recebi a propina que me foi ofertada por iniciativa do
particular, está consumado o crime. No momento em que aceitei a promessa,
mesmo antes de receber a vantagem indevida, está consumado o crime.
Corrupção ativa
Corrupção X Prevaricação
ADD Página 50
Da mesma forma, não há propina na prevaricação. Esse é um dos crimes mais
leves contra a administração pública.
Vejam como eles são muito parecidos. Nos dois casos vamos ter o funcionário
público deixando de praticar um ato, se omitindo em relação à pratica de um ato
ou praticando um ato indevidamente, sem recebimento de propina (por isso são
crimes de menor potencial ofensivo), mas cedendo a um sentimento. A única
diferença é que na corrupção passiva há um pedido, há uma influência de
alguém. E na prevaricação, ninguém pediu. O funcionário público decidiu por
conta própria.
O funcionário público que toma conhecimento de uma ilegalidade praticada por
um amigo seu e não faz nada em relação a isso comete o crime de prevaricação.
Ele tinha o dever de agir e não agiu movido por um sentimento de amizade. Se o
amigo pedir para ele não fazer nada seria corrupção passiva privilegiada.
Na iniciativa privada não existe crime de prevaricação. Esse é um prime próprio
de funcionário público.
Contrabando e Descaminho
Até um tempo atrás esses dois crimes estavam em um mesmo artigo, no mesmo
tipo penal, mas sempre tiveram definições jurídicas distintas.
O descaminho é uma espécie de sonegação fiscal. Já o contrabando é uma
conduta mais grave, porque envolve a importação de produto proibido.
Súmula Vinculante 24
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art.
1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
ADD Página 51
crimes contra a ordem tributária. Ele está enquadrado no Código Penal. Então, é
um tipo especial de sonegação.
ADD Página 52
Esse tipo é uma norma penal em branco. É preciso identificar as normativas
específicas para saber quais são as mercadorias proibidas.
Esse crime também é praticado por particular contra a administração pública.
Sujeito ativo: particular
Tipo objetivo: o produto é proibido ou restrito
Consumação: Com a entrada ou saída do produto do território nacional. É crime
FORMAL.
ADD Página 53
CASOS DE DIREITO PENAL - CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
O possuidor direto, que foi quem locou o carro (A), é a vítima principal (não
me convenci muito disso). A locadora (B) é a vítima secundária.
d) Qual seria a solução jurídica caso C houvesse subtraído o carro para dar um
passeio, restituindo-o ao mesmo lugar antes de A regressar do restaurante?
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
ADD Página 54
2) A ingressa no táxi do motorista B, indicando-lhe, como destino, o subúrbio. A
meio caminho, A se dirige a B dizendo-lhe: “Pare o carro e me entregue a féria do
dia, ou serás um homem morto”. B lhe entrega o dinheiro, A desce, e B se dirige a
uma delegacia de polícia.
Roubo sem emprego de arma - art. 157 CP. Não importa que a vítima não
saiba que a arma é de brinquedo, o que importa é que a vítima em nenhum
momento correu risco de morte. A arma desmuniciada ou a arma estragada
levam para a mesma conclusão.
Todo crime que é violento, via de regra, absorve a lesão leve, exceto quando
houver ressalva expressa. Quando a lesão corporal é grave, via de regra ela é
qualificadora.
Um exemplo de ressalva expressa é a injúria real (art. 140, § 2º):
Então o enquadramento continua sendo roubo com arma - art. 157, § 2º, I.
Roubo qualificado com lesão grave – art. 157, § 3º, 1ª parte. Aqui não importa
que não foi intencional. Esses crimes são preterdolosos mesmo.
Art. 157, § 1º. Isso é roubo impróprio (furto malsucedido que se transforma
em roubo). O momento consumativo é no emprego da violência contra a
vítima.
ADD Página 55
b) Figurar a hipótese em que B, sofrendo lesões graves, conseguisse dominar A:
Extorsão mediante sequestro (art. 159). Como passou mais de 24 horas, ele
vai ser qualificado, nos termos do § 1º.
O momento consumativo é no dia 5, quando há a privação da liberdade. Mas o
crime se prolonga no tempo. É crime permanente.
6) A, sabedor que certo caminhão fora furtado num estado do Sudoeste, dispõe-
se mesmo assim a comprá-lo. Como não possui numerário suficiente, induz B a
associar-se na compra, assegurando-lhe que o baixo preço é fruto de uma
ADD Página 56
situação de necessidade do suposto proprietário. B, apesar da evidente
desproporção do preço, e das precárias condições pessoais de A, aceita a
proposta, e o caminhão é adquirido. Faça o enquadramento legal de A e B,
dizendo se há concurso de agentes:
A responde por receptação, art. 180, caput, primeira parte e segunda parte.
B é vítima ou receptação culposa (na pior das hipóteses).
Não há concurso de agentes, na pior das hipóteses um agiu dolosamente e
outro de forma culposa, se é que B praticou algum crime. A professora
defenderia que ele é vítima.
ADD Página 57
AULA 13
28/06/2017
Esses crimes são crimes que acontecem muito, mas não são tão frequentes as
condenações por resistência, desobediência ou desacato. Então eles entram na
cifra obscura da criminalidade.
Uma coisa que é importante referir é que nessa parte dos crimes contra a
administração pública, nós já vimos que eles são divididos em duas partes: os
crimes praticados por funcionário e os crimes praticados por particular. Na
primeira parte, crimes praticados por funcionários, nós sabemos que o conceito
de funcionário é aquele ampliado, dado pelo próprio legislador penal no art. 327.
Então inclui, inclusive, funcionários de concessionárias de serviços públicos.
Inclui funcionários de empresas públicas e de sociedades de economia mista.
Então é um conceito ampliado que nós vamos encontrar no art. 327. Só não inclui
o estagiário, segundo corrente majoritária.
ADD Página 58
Agora, quando nós falamos no funcionário público que pode ser vítima, em
especial vítima de desacato, aí nós utilizamos não mais o conceito do art. 327 de
funcionário público, mas o conceito restrito do direito administrativo, que é o
conceito de servidor público stricto sensu. Isso não inclui funcionário de
sociedade de economia mista e muito menos funcionário de empresa
concessionária de serviços públicos.
E a professora, pode ser vítima de desacato? Sim, porque se enquadra no
conceito de servidora pública, assim como os funcionários da UFRGS que não são
terceirizados, que são concursados. A professora diz que esse crime de desacato
está defasado.
É mais fácil a gente pensar que quem irá resistir, empregando violência ou grave
ameaça, é a vítima do ato, a pessoa que está sendo presa, porque tem um
mandado de prisão para ser cumprido, ou a pessoa que está evitando a busca e
apreensão em sua casa, diante de um mandado de busca e apreensão. Mas a
resistência pode vir de um familiar. Por exemplo, a mãe da pessoa que está sendo
ADD Página 59
presa. Pode ser qualquer pessoa que se coloque a resistir por meio de violência.
Posso ter um particular praticando resistência e atingindo outro particular. Por
exemplo, a mãe da pessoa que está sendo presa atingindo o vizinho que indicou a
casa.
Modalidade qualificada:
Como já foi falado antes, normalmente, os crimes que trazem em seu tipo penal a
palavra violência já pressupõem a lesão leve (a lesão leve está absorvida), a
menos que haja menção específica, como acontece nesse caso. Então, aplica-se as
penas do crime de resistência sem prejuízo das correspondentes à violência, ou
seja, sem prejuízo do enquadramento como lesão leve. Isso porque a lesão grave,
normalmente, qualifica o crime. Nesse crime não qualifica. Então, se houver lesão
grave vai responder por lesão grave mais resistência. Se houver lesão leve vai
responder por lesão leve mais resistência.
A ordem precisa ser regular, precisa atender à estrita legalidade. Não pode ser
arbitrária, senão desnatura o crime. E o funcionário público precisa ser o
competente para emitir aquela ordem, senão também desqualifica o crime.
Se um delegado da PF, que integra a força tarefa da Lava Jato, solicita ao gerente
de um banco o extrato bancário de um investigado, e este se nega a cumprir,
houve desobediência? Não porque só pode haver a quebra de sigilo bancário
mediante autorização judicial, por pedido de CPI ou por intimação do fisco.
ADD Página 60
da responsabilidade por crime de desobediência'), vale a sanção civil, vale a
sanção administrativa. Então, nesse caso se aplica o princípio da ultima ratio, da
intervenção mínima.
Em outras palavras, a sanção civil ou administrativa que não estabelece ressalva
à responsabilidade penal, afasta a responsabilidade penal.
O exemplo de ressalva é o art. 219 do CPP:
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art.
453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la
ao pagamento das custas da diligência.
Alguns entendem que sim, com base no art. 28, II, CP, que diz que a
embriaguez voluntária não exclui o crime que a pessoa praticou
embriagada. Essa é a corrente majoritária.
Mas Nelson Hungria diz que, como esse crime de desacato pressupõe dolo
específico de humilhar, não posso dizer que a pessoa que está embriagada
esteja em condições de humilhar alguém. Como o crime exige dolo
específico, não tenho como considerar o desacato de um bêbado ou de um
dopado. Essa é uma atitude que pressupõe uma certa maldade, uma certa
premeditação. O crime exige uma condição de poder humilhar. Se a
pessoa está embriagado ou dopada não tem condições de construir um
dolo específico. A Vanessa concorda com essa linha. Não quer dizer que o
bêbado não possa cometer o crime de resistência, empregando violência
ou grave ameaça.
Há uma terceira corrente que diz que só a embriaguez involuntária exclui
o crime. Mas isso o próprio art. 28, I, CP já diz.
Exaltação de ânimos – Há uma teoria que diz que não exclui, também com base
no art. 28. Mas há uma corrente majoritária que diz que exclui. Se houve uma
discussão entre as pessoas e ela falou de maneira impensada, reagiu de uma
forma agressiva sem pensar direito, isso excluiria o crime de desacato.
ADD Página 62
função. No desacato não se está desqualificando o ser humano, se está
desqualificando a função que ele exerce ou a atuação dele.
Não é qualquer xingamento dirigido ao funcionário público que vai ser desacato.
Não é porque eu sou funcionário público que eu não posso ser vítima de injúria.
O desacato não é só uma ofensa ao ser humano que ocupa o cargo, mas ao
próprio cargo em si.
O desacato é uma injúria e acaba absorvendo ela. São muito próximos.
CASOS DE FIXAÇÃO
Não há concurso de agente porque não há liame subjetivo entre eles. Cada
um age por conta própria.
Para bem fungível não se aplica a regra do peculato de uso, que afasta a
tipicidade. Aqui houve o peculato apropriação.
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b) Apenas a I e a II estão corretas;
c) Apenas a I e a III estão corretas;
d) Apenas a II e a III estão corretas;
e) Todas estão corretas.
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B) sua conduta deve ser desclassificada para crime de falsidade ideológica
culposa.
C) a pena a ser aplicada, apesar da prática do crime de falsidade ideológica, é de
01 a 03 anos de reclusão, já que a ata de assembleia de condomínio é documento
particular e não público.
D) ele deve ser absolvido por atipicidade da conduta.
A) latrocínio consumado.
B) latrocínio tentado.
C) furto tentado e homicídio qualificado.
D) furto consumado e homicídio qualificado.
A) receptação.
B) receptação qualificada.
C) roubo majorado.
D) favorecimento real.
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