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01
O inventário portage operacionalizado
na avaliação e no processo de
intervenção precoce
Lucieny Almohalha
UFTM
10.37885/210906085
RESUMO
Leitura de Prova 3
possíveis transtornos no desenvolvimento de cada criança (ZAQUEU; TEIXEIRA; ALCKMIN-
CARVALHO; PAULA, 2015).
Tendo em vista essas possíveis alterações essa pesquisa teve como objetivos avaliar
e descrever, a partir da visão materna, o desenvolvimento neuro-sensório-motor, cognitivo
e psicossocial de crianças de 0 a 2 anos de idade nascidas pré-termo e a termo, atendidas
em um ambulatório de pediatria da região do Triângulo Mineiro e detectar precocemente
possíveis sinais de alterações no desenvolvimento infantil.
MÉTODO
4 Leitura de Prova
aparição de cinquenta a setenta por cento – intitulado: Itens Em Desenvolvimento e aparição
menor que cinquenta por cento – intitulado: Itens Não Desenvolvidos.
RESULTADOS
O perfil das crianças foi organizado por semestre e foi verificado que dezessete crianças
estavam com idade de 0 a 6 meses, uma criança de 6 a 12 meses, oito crianças de 12 a 18
meses e quatro crianças de 18 a 24 meses de idade. Do total de participantes, dez eram do
sexo masculino e vinte do sexo feminino. Todos tiveram a mesma naturalidade. Vinte crianças
foram nascidas prematuras e encaminhadas ao serviço ambulatorial de estimulação precoce
e dez crianças nasceram a termo e estavam no serviço de puericultura deste mesmo local.
O perfil dos pais foi organizado por idade, nível de escolaridade e ocupação. A idade
das mães variara entre dezenove e quarenta anos; 3 mães tinham o ensino fundamental
completo, 2 o ensino fundamental incompleto, treze o ensino médio completo, 9 o ensino
médio incompleto e 3 mães possuem o ensino superior completo. A ocupação dessas mães
foi cuidadoras do lar, nutricionista, atendentes, auxiliares de serviços gerais, secretária, ope-
radora de caixa, técnica de enfermagem e manicure. A idade paterna variara entre vinte e
quarenta e seis anos; 3 pais tinham o ensino fundamental completo, 1 o ensino fundamental
incompleto, 7 o ensino médio completo, quinze o ensino médio incompleto e 4 não infor-
maram seu grau de escolaridade. A ocupação desses pais era auxiliar de serviços gerais,
chapeiros, zelador, agente de segurança penitenciária, motorista, mecânico, tratorista, autô-
nomo, funileiro, auxiliar de construção, servente, vigilante, operador de máquina, eletricista,
comerciante, pintor, conferente, soldador, montador e balconista.
Os dados do IPO foram organizados pelas idades das crianças, em 0 a 1 ano e em 1
a 2 anos e analisados nas áreas de estimulação infantil, socialização, cognição, linguagem,
autocuidado e desenvolvimento motor para crianças de 0 a 1 ano e socialização, cognição,
linguagem, autocuidado e desenvolvimento motor para crianças de 1 a 2 anos.
Os itens analisados em todas as áreas desenvolvimentais das crianças de 0 a 1 ano
que correspondiam às respostas de dezoito mães destas crianças, apareceram com fre-
quência maior que setenta por cento (n>12) se relacionam aos comportamentos desenvol-
vidos. Os itens que apareceram com frequência de cinquenta a setenta por cento (n de 9
a 12) se relacionam aos comportamentos que estão em desenvolvimento. E os itens com
frequência menor que cinquenta por cento (n< 9) representam comportamentos não desen-
volvidos pelas crianças.
Os resultados encontrados no grupo de 0 a 1 ano mostram que dos quarenta e cinco
itens avaliados na área de estimulação infantil, que correspondem à sensibilidade tátil, visual,
auditiva, localização visual e auditiva e ao desenvolvimento neuropsicomotor, observou-se
Leitura de Prova 5
que vinte e nove apareceram com uma frequência maior que setenta por cento, sendo por
isso, considerados desenvolvidos; oito tiveram frequência de cinquenta a setenta por cento
e foram considerados em desenvolvimento, e oito tiveram frequência de aparição menor
que cinquenta por cento evidenciando comportamentos não desenvolvidos pelas crianças.
Dos vinte e oito itens avaliados na área de socialização, observou-se que 3 apareceram
com uma frequência maior que setenta por cento, sendo considerados desenvolvidos, 6 tive-
ram frequência de cinquenta a setenta por cento e foram considerados em desenvolvimento,
e dezenove tiveram frequência de aparição menor que cinquenta por cento evidenciando
comportamentos não desenvolvidos.
Dos catorze itens avaliados na área de cognição, não foi verificado nenhum comporta-
mento desenvolvido ou em desenvolvimento. Todos os catorze itens tiveram frequência de
aparição menor que cinquenta por cento evidenciando comportamentos não desenvolvidos.
Dos dez itens avaliados na área de linguagem, observou-se que apenas 1 apareceu
com frequência maior que setenta por cento, e foi considerado desenvolvido, não apareceu
nenhum item com frequência de cinquenta a setenta por cento e 9 tiveram frequência de
aparição menor que cinquenta por cento evidenciando comportamentos não desenvolvidos.
Dos treze itens avaliados na área de autocuidado, observou-se que apenas 1 apareceu
com uma frequência maior que setenta por cento, sendo assim considerado desenvolvido, 1
teve frequência de cinquenta a setenta por cento, sendo classificado em desenvolvimento,
e onze tiveram frequência de aparição menor que cinquenta por cento evidenciando com-
portamentos não desenvolvidos.
Dos quarenta e cinco itens avaliados na área de desenvolvimento motor, observou-se
que apenas 1 apareceu com uma frequência maior que setenta por cento, e foi considerado
desenvolvido, 4 tiveram frequência de cinquenta a setenta por cento e foram classificados
em desenvolvimento e quarenta tiveram frequência de aparição menor que cinquenta por
cento evidenciando comportamentos não desenvolvidos pelas crianças.
Pode ser constatado que entre as crianças de 0 a 1 ano de idade, somente a área
nomeada estimulação infantil estava com desenvolvimento apropriado à idade, as demais,
socialização, cognição, linguagem, autocuidado e desenvolvimento motor estavam em sua
maioria com itens em desenvolvimento ou em atraso (Tabela 1).
6 Leitura de Prova
Tabela 1. Perfil de 0 a 1 ano segundo o IPO.
Itens
Áreas IPO Total de itens
Desenvolvidos Em desenvolvimento Não desenvolvidos
Estimulação Infantil 45 29 8 8
Socialização 28 3 6 19
Cognição 14 0 0 14
Linguagem 10 1 0 9
Autocuidado 13 1 1 11
Desenvolvimento motor 45 1 4 40
Fonte: Dados da pesquisa.
Leitura de Prova 7
5 tiveram frequência de cinquenta a setenta por cento e foram classificados em desenvol-
vimento, e 5 tiveram frequência de aparição menor que cinquenta por cento, mostrando
comportamentos não desenvolvidos.
Entre as crianças de 1 a 2 anos somente a área socialização estava desenvolvida, a
cognição e linguagem estavam entre itens desenvolvidos e itens não desenvolvidos; e o
autocuidado e desenvolvimento motor estavam em sua maioria divididos entre itens desen-
volvidos ou em desenvolvimento. Nenhuma área do desenvolvimento das crianças de 1 a
2 anos estava com a maioria dos itens em atraso (Tabela 2).
Com estes dados foi possível observar uma importante defasagem em diversas áreas
desenvolvimentais avaliadas pelo IPO e relatada pelos pais, com exceção da área de es-
timulação infantil, das crianças de 0 a 1 ano. As crianças de 1 a 2 anos apresentaram
maior defasagem na área de linguagem, e nas outras áreas (socialização, cognição, lin-
guagem, autocuidado e desenvolvimento motor) os resultados encontrados estavam mais
próximos do esperado.
DISCUSSÃO
Os dados obtidos em cada uma das áreas analisadas pelo IPO e relatadas pelos pais
evidenciaram questões de suma importância para serem trabalhadas em programas de
intervenção precoce para que as crianças possam receber estimulações que promovam
ou reabilitem seu desenvolvimento para o mais próximo do esperado em cada faixa etária.
Ao analisar a área de estimulação infantil das crianças de 0 a 1 ano, que em sua maioria
teve itens desenvolvidos, pode-se observar que apesar da maioria delas estar realizando
o que era esperado para suas faixas etárias, como por exemplo, olhar para objetos de for-
mas e cores variadas por até dois minutos, demonstrar sensibilidade tátil, olhar em direção
a objetos que produzem som, movimentar a cabeça para o lado quando deitada de costas,
dentre outros, verificou-se que existiram itens não desenvolvidos, como por exemplo, golpear
objetos com as mãos, controlar a cabeça e os ombros quando colocada sentada, estender os
braços em direção a objetos, que necessitam ser estimulados ou enfocados na intervenção
8 Leitura de Prova
precoce. Esses itens correspondem a fatores essenciais para o desenvolvimento infantil e
necessitam ser trabalhados com estimulações adequadas que os promovam.
De acordo com a literatura (BELSKY, 2010; FORMIGA; PEDRAZZANI; TUDELLA, 2010;
MESSER; GRAVE, 2012; MORAIS; FREITAS; VIANA; FORMIGA, 2012), o desenvolvimento
neuropsicomotor da criança é dividido em trimestres sendo que no primeiro trimestre um dos
mais importantes movimentos adquiridos é o controle progressivo de cabeça, a habilidade de
levantar e mover a cabeça contra a gravidade; no segundo trimestre a criança desenvolve
mais habilidades como sentar-se com apoio, em que o tronco inclina para frente e o peso
fica nas mãos, neste trimestre também ocorre transferência lateral de peso onde a criança
apoia-se em um braço deixando o outro livre para segurar objetos; no terceiro trimestre a
criança já consegue sentar-se sem apoio e utilizar as mãos para brincar; no quarto trimestre
a criança consegue engatinhar fazendo alternância entre braços e pernas, aprende a sentar
e se levantar segurando na mobília. Com esses dados evidenciados na literatura, verifica-
-se a importância da estimulação motora para promover controle de cabeça, de tronco e o
desenvolvimento das habilidades das crianças no primeiro ano de vida.
Na área de socialização, entre as crianças de 0 e 1 ano de idade, os itens que apare-
ceram em maior destaque correspondem aos não desenvolvidos, como sorrir em resposta a
expressão facial dos outros, sorrir ao ver sua imagem no espelho, assim como tentar tocá-la,
estender os braços em direção a familiares ou a objetos que são oferecidos, brincar sozinho,
dentre outros. Por volta dos dois ou três meses de vida a criança começa a sorrir mais para
um rosto humano, do que para o rosto de uma boneca, o que sugere que ela está respon-
dendo aos sinais sociais presentes no rosto humano (FRANCO; MELO; APOLONIO, 2012;
MORAIS; FREITAS; VIANA; FORMIGA, 2012). Começa a notar as expressões faciais das
pessoas e a responder às mesmas. Aos 4 meses de idade, a criança é capaz de distinguir o
sentimento de raiva e de felicidade, apresentar preferências por expressões felizes e sorrisos
a expressões tristes, aos 5 meses de idade a criança consegue identificar alterações vocais
de feliz para triste e vice-versa, e no primeiro ano de vida já é capaz de detectar emoções
pelo reconhecimento de expressões faciais (CHRONAKI; HADWIN; GARNER; MAURAGE;
SONUGA-BARKE, 2015). Portanto, vale ressaltar que é imprescindível estimular a área de
socialização das crianças de 0 a 1 ano participantes desta pesquisa, pois apresentaram
atrasos importantes.
Com relação às crianças de 1 a 2 anos, pode ser verificado que estavam com o proces-
so de socialização, em sua maioria, com itens desenvolvidos e que respondiam aos fatores
da socialização com bastante eficácia, como por exemplo, imitar um adulto, brincar ao lado
de outra criança, explorar o ambiente, brincar com outras crianças da mesma faixa etária.
Isso demonstra as experiências vivenciadas por essas crianças, experiências chamadas de
Leitura de Prova 9
verticais e horizontais, em que as primeiras correspondem ao relacionamento com pessoas
próximas do seu ciclo social (pais, irmãos, tios) e as segundas correspondem a relaciona-
mento com outras pessoas, como crianças da mesma idade (BEE, 2018). Nesses relacio-
namentos a criança elabora seus modelos funcionais internos, adquirindo desta forma as
habilidades sociais fundamentais para o seu desenvolvimento (BEE, 2018).
As experiências sociais vivenciadas pela criança por meio da exploração do ambiente,
da interação com adultos e crianças da mesma idade, facilitam o aprendizado, possibilitam
a criação de estratégias adaptativas que permitem a criança interagir com o meio que está
inserida e propicia a transformação dessas experiências externas em um processo intrapes-
soal (GERZSON, 2016; SOUSA; PASIN; SILVA; SALES, 2018). Devido a isso é importante
que os pais participantes desta pesquisa ofereçam, especialmente, para as crianças de 0 a
1 ano, oportunidades para que possam desenvolver sua área social.
Com os dados obtidos na área de cognição, observou-se a necessidade da estimulação
desta área fundamentalmente entre as crianças de 0 a 1 ano, pois estavam com grande
defasagem em itens como remover um pano do rosto que obscurece a visão, procurar com
o olhar um objeto que foi retirado do seu campo visual, imitar um adulto colocando um objeto
em um recipiente, deixar cair e apanhar um brinquedo, assim como executar gestos sim-
ples. De acordo com a literatura (BANCA; NASCIMENTO, 2019; OLIVEIRA; GONÇALVES;
COSTA; BONILHA, 2016; TENÓRIO; PEDRUZZI; SANTOS; SANTOS, 2019), as crianças
nascidas prematuramente apresentam maior probabilidade de sofrer alterações e apresen-
tar dificuldades em seu desenvolvimento cognitivo devido a fatores de risco associados a
prematuridade, como, baixo peso ao nascer, nível de escolaridade materna, pré natal inade-
quado e entre outros, pois no desenvolvimento cognitivo infantil, fatores socioeconômicos,
biológicos e ambientais interferem diretamente na cognição em processos de assimilação,
acomodação e equilibração das informações pela criança, porém, é necessário atentar-se
ao fato de que havia no estudo dez crianças nascidas a termo e que também demonstraram
defasagem nesta área do desenvolvimento. Faz-se, portanto necessário estimular a cognição
de todas as crianças com até um ano participantes deste estudo.
Entre as crianças de 1 a 2 anos foi verificado, em sua maioria, itens desenvolvidos e
em desenvolvimento. Foi possível observar que ainda existem itens em defasagem, como
por exemplo, empilhar blocos, emparelhar objetos e seguir ordens simples. A estimulação
dos itens cognitivos não desenvolvidos deve ser primordial no plano de intervenção dessas
crianças. As crianças na faixa etária de 1 a 2 anos potencializam sua cognição através da
exploração de objetos e do ambiente, realizam isso tocando, mexendo em tudo, observan-
do cada detalhe, buscando assimilar, acomodar e equilibrar as informações recebidas do
meio a fim de elaborar seu próprio esquema cognitivo (BEE, 2018). É importante que os
10 Leitura de Prova
pais participantes desta pesquisa ofereçam, especialmente, para as crianças de 0 a 1 ano,
oportunidades para que possam desenvolver sua cognição.
Com os dados obtidos na área de linguagem, quase a totalidade os itens das crianças de
0 a 1 ano estavam em atraso, como na repetição de sons, de sílabas, na resposta a gestos,
a perguntas simples, na tentativa de verbalização, dentre outros. Ficou, portanto, evidente
a necessidade de estimular a linguagem das crianças participantes da pesquisa. De acordo
com a literatura (BEE, 2008), com um ou dois meses de idade a criança é capaz de prestar
atenção e perceber a diferença entre sons de várias letras, poucos meses depois é capaz de
discriminar sílabas ou palavras, além de perceber que tais sons são acompanhados pelos
movimentos da boca da pessoa que está falando (BEE, 2008).
Do nascimento até um mês de vida o som mais comum que a criança pronuncia é o
choro, entre um e dois meses a criança passa a emitir alguns sons vocálicos e risos, porém
somente com seis ou sete meses a criança passa a emitir sons de consoantes. Entre seis
e nove meses há um aumento na combinação vogal-consoante, conhecido como balbucio
que se intensifica dos seis aos doze meses (BEE, 2008; BELSKY, 2010).
No segundo ano de vida existe uma grande desenvoltura de linguagem e as crian-
ças já são capazes de construir frase com mais de três palavras e utilizar linguagem para
comunicação e socialização (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Entre as crianças de
1 a 2 anos participantes do estudo, os itens estavam divididos entre desenvolvidos, em
desenvolvimento e não desenvolvidos. Verificaram-se atrasos em itens como nomeação
de objetos, de partes do corpo, na realização de perguntas mudando a entonação de voz,
dentre outros. É importante compreender que entre 1 e 2 anos a criança começa a combinar
palavras para expressar seus desejos.
Na área de autocuidado foi possível observar que devido à idade, as crianças de 0 a
1 ano apresentam dependência total na maioria dos itens analisados, como por exemplo,
tomar mingau ou sopinha, estender as mãos em direção à mamadeira tentando pegá-la e
segurá-la, comer alimentos dados pelos pais, alimentar-se sozinho usando os dedos, esticar
braços e pernas ao ser vestido, assim como segurar uma xícara com ambas as mãos. O au-
tocuidado consiste na realização de atividades voltadas para o cuidado com o próprio corpo,
como alimentação, cuidados com a higiene pessoal e tomar banho, que são essenciais para
à manutenção da saúde e bem-estar (AOTA, 2015). É importante compreender que o nível
de desenvolvimento, como a idade, as habilidades adquiridas e a exploração e interação
com o ambiente, condicionam as capacidades do indivíduo na realização do autocuidado, o
que justifica a não realização de determinados comportamentos dentro do autocuidado das
crianças com a faixa etária entre 0 e 1 ano, participantes da pesquisa (AMARAL; CORRÊA;
Leitura de Prova 11
AITA, 2019). Vale ressaltar a importância da orientação materna sobre as capacidades
adequadas em cada idade para a independência nas atividades de autocuidado.
Já as crianças de 1 a 2 anos apresentaram itens desenvolvidos ou em desenvolvimento
na sua maioria, mas também alguns itens em atraso, pois a grande maioria das mães se
tornou responsável por realizar a maioria do autocuidado das crianças participantes do es-
tudo. Na análise dos dados dessa área foi observado que algumas crianças apresentavam
maior independência em alguns aspectos, como alimentação e vestimenta, conseguindo
realizá-los sob a supervisão de adultos.
Na área de desenvolvimento motor, nas crianças de 0 a 1 ano foi perceptível grande
defasagem nos itens e atrasos nas aquisições motoras, como por exemplo, alcançar objetos
colocados à sua frente, levar objetos à boca, tocar e explorar objetos com a boca, elevar a
cabeça e o tronco, apoiando se nos braços estando deitado de barriga para baixo, dentre
outros. Os principais marcos do desenvolvimento motor nos primeiros dois anos de vida
evoluem desde reflexos a movimentos voluntários e coordenados. Essas habilidades va-
riam desde ações motoras amplas como engatinhar e andar até habilidades motoras finas
e práxicas, como agarrar objetos (BORA; CARDOSO; TONI, 2019). Esses comportamentos
estavam em defasagem nas crianças de 0 a 1 ano participantes deste estudo e precisam
ser estimulados para potencializar o desenvolvimento delas.
Analisando os dados motores das crianças de 1 a 2 anos, constatou-se a importância
de se estimular os itens não desenvolvidos nesta área, como subir em cadeira de adulto,
virar-se e sentar-se, realizar encaixes de objetos, construir torres de até três blocos, dentre
outros. Os primeiros anos de vida de um ser humano são extremamente importantes para
o desenvolvimento, pois é o principal período da vida para aquisições motoras, cognitivas,
sociais, de linguagem e comportamento (GOLLO; GRAVE, 2015), assim, torna-se funda-
mental compreender esse período para prevenir atrasos no desenvolvimento da criança.
Os atrasos no desenvolvimento possuem etiologia multifatorial, sendo influenciados por
fatores que perpassam desde a concepção, gravidez e parto, a fatores neurológicos, gené-
ticos, sociais e ambientais que interagem entre si (DORNELAS; DUARTE; MAGALHÃES,
2015; SILVA; ENGSTRON; MIRANDA, 2015; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). A iden-
tificação precoce dos fatores de risco ao desenvolvimento infantil se faz necessária, pois
torna possível iniciar a intervenção precoce para prevenir ou atenuar possíveis atrasos ou
riscos ao desenvolvimento (CARDOSO; FERNANDES; PROCÓPIO, 2017). É importante
compreender que a estimulação precoce é realizada por uma equipe multidisciplinar, que
tem como foco o atendimento das necessidades da criança e sua família, por meio da ob-
servação do ambiente, identificação de fatores de risco, potencialidades e limitações ao
desenvolvimento infantil, objetivando auxiliar no desempenho da criança nas áreas motora,
12 Leitura de Prova
social, sensorial, cognitiva e social, visando promover o desenvolvimento de habilidades e
a qualidade de vida(CARDOSO; FERNANDES; PROCÓPIO, 2017).
O terapeuta ocupacional é um dos profissionais que compõe a equipe multidisciplinar
e o seu papel neste contexto consiste em propor que a família se envolva ao máximo no
programa de intervenção e que os pais se sintam confiantes em trabalhar com a criança em
casa e aprendam também a ver os seus progressos (FORMIGA; PEDRAZZANI; TUDELLA,
2010). Este profissional atuará junto à própria criança visando favorecer o desempenho de
habilidades em todas as áreas de desenvolvimento e no ambiente familiar, objetivando a
promoção da qualidade de vida, das fases do desenvolvimento global, da proteção e con-
servação de funções existentes, através de estratégias que estimulem o lúdico por meio do
brincar (SOUZA; SANTO; BORGES; VIEIRA, 2018).
Em um programa de intervenção precoce é de extrema importância que o profissional
tenha conhecimento detalhado sobre o desenvolvimento típico infantil, como conceitos bási-
cos, maturação e crescimento, para que possa identificar possíveis desordens, prevenindo,
tratando e reabilitando crianças com riscos ou atrasos no desenvolvimento, ofertando um
atendimento de qualidade e orientação aos pais e cuidadores, que são importantes no pro-
cesso terapêutico (GOLLO; GRAVE, 2015).
CONCLUSÃO
Leitura de Prova 13
pois se deu somente a partir da divisão de grupos por idade de 0 a 1 ano e de 1 a 2 anos e
não foi realizada por gênero, pela condição da prematuridade ou ainda por área específica
do IPO. Sugere-se ainda investigar as variáveis dicotômicas como a prematuridade e o
nascimento a termo; variáveis contínuas como peso da criança e variáveis ordinais como
condições sociodemográficas.
Para se realizar a intervenção precoce, é necessário então considerar as capacidades
da criança, sua plasticidade cerebral para aprendizado e adaptação ao meio ambiente e
desta forma promover uma intervenção que tenha resultados satisfatórios2 e ofereça sub-
sídios para a prevenção de dificuldades desenvolvimentais. A intervenção precoce deve
priorizar também o incentivo, a orientação e a promoção do envolvimento consciente e ativo
do cuidador no durante todo o processo da estimulação precoce. Vale, ainda, ressaltar a
importância em orientar os pais com relação ao desenvolvimento da criança e potenciali-
zá-los no reconhecimento das dificuldades e habilidades apresentadas pela criança, assim
eles poderão se tornar empoderados e participantes proativos no processo de intervenção
precoce e no desenvolvimento dos seus filhos.
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Leitura de Prova 15