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CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM AVALIAÇÃO


PSICOPEDAGÓGICA EM TDAH
30HS

Este material foi desenvolvido pela psicopedagoga Jossiane Américo Araújo, visando aperfeiçoar
a avaliação psicopedagógica nas suspeitas de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH).

Julho de 2018.

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TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE -


TDAH

Conceitos básicos do Transtorno:

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é o termo atual para


designar um transtorno desenvolvimental específico observado tanto em
crianças quanto em adultos, que compreende déficits na inibição
comportamental, atenção sustentada e resistência à distração, bem como a
regulação do nível de atividade da pessoa às demandas de uma situação
(hiperatividade ou inquietação). Hoje, muitos pesquisadores clínicos acreditam
que o TDAH é um transtorno da inibição e da autorregulação que dá origem a
outros desses sintomas. O transtorno já teve muitos nomes diferentes durante o
século passado, incluindo síndrome da criança hiperativa, reação hipercinética
da infância, disfunção cerebral mínima e transtorno de déficit de atenção (com
ou sem hiperatividade) (Barkley, Russell A, 2008).

De acordo com o DSM-V, Os transtornos do neurodesenvolvimento são


um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os
transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes
de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no
desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social,
acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde
limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções
executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. É
frequente a ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento; por
exemplo, indivíduos com transtorno do espectro autista frequentemente
apresentam deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual), e
muitas crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
apresentam também um transtorno específico da aprendizagem. No caso de
alguns transtornos, a apresentação clínica inclui sintomas tanto de excesso
quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados.

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O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis


prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade.
Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma
tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com
a idade ou o nível de desenvolvimento. Hiperatividade-impulsividade implicam
atividade excessiva, inquietação, incapacidade de permanecer sentado,
intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar – sintomas que
são excessivos para a idade ou o nível de desenvolvimento. Na infância, o TDAH
frequentemente se sobrepõe a transtornos em geral considerados “de
externalização”, tais como o transtorno de oposição desafiante e o transtorno da
conduta. O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no
funcionamento social, acadêmico e profissional.

O uso de especificadores para diagnósticos de transtornos do


neurodesenvolvimento enriquece a descrição do curso clínico e da
sintomatologia atual do indivíduo. Além de especificadores descritores da
apresentação clínica, como idade de início ou classificações da gravidade, os
transtornos do neurodesenvolvimento podem incluir o especificador “associado
a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental”. Esse
especificador oportuniza aos clínicos a documentação de fatores que podem ter
desempenhado um papel na etiologia do transtorno, bem como daqueles
capazes de afetar o curso clínico. Exemplos incluem doenças genéticas, como
síndrome do X-frágil, esclerose tuberosa e síndrome de Rett; condições
médicas, como epilepsia; e fatores ambientais, inclusive muito baixo peso ao
nascer e exposição fetal ao álcool (mesmo na ausência de síndrome do álcool
fetal).

Ainda de acordo com o DSM-V, déficits primários do TDAH podem causar


prejuízos na comunicação social e limitações funcionais na comunicação efetiva,
na participação social ou no sucesso acadêmico.

O TDAH tem contribuições biológicas muito fortes para sua ocorrência.


Embora ainda não tenham sido identificadas suas causas precisas, há pouca

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dúvida de que a hereditariedade/genética tem a maior contribuição para a


expressão do transtorno na população. O fator da hereditariedade no TDAH
corresponde a cerca de 80%, significando que os fatores genéticos respondem
por 80% das diferenças entre os indivíduos neste conjunto de traços
comportamentais. Para comparação, considere que este dado compete com
aquele do papel da genética na altura humana. Os pesquisadores identificaram
vários genes associados com o transtorno, e sem dúvida identificarão mais, visto
que este transtorno representa um conjunto de traços comportamentais
complexos e, por isto, é improvável que um gene único seja responsável por ele.
Em casos nos quais a hereditariedade não parece ser um fator, comprovou-se
que dificuldades durante a gravidez, exposição pré-natal ao álcool e ao tabaco,
parto prematuro e peso extremamente baixo ao nascer, além de níveis corporais
de chumbo excessivamente altos, assim como dano pós-natal às regiões pré-
frontais do cérebro, contribuem em graus variados para o TDAH. Pesquisas não
corroboram a visão popular de que este transtorno deriva de ingestão excessiva
de açúcar, aditivos alimentares, assistir à televisão em excesso ou manejo
deficiente da criança por parte dos pais. Alguns fármacos usados para tratar
transtornos convulsivos em crianças podem ter efeitos colaterais que aumentam
os sintomas de TDAH nas mesmas, mas tais efeitos são reversíveis (BARKLEY;
RUSSELL A, 2008).

Estatísticas:

De acordo com (BARKLEY; RUSSELL A, 2008), o TDAH ocorre em


aproximadamente 5 a 8% da população infantil e em aproximadamente 4 a 5%
da adulta. Entre as crianças, a proporção de gênero é de cerca de 3:1, com os
meninos com uma maior probabilidade de portar o transtorno que as meninas.
Entre os adultos, a proporção de gênero cai de 2:1 ou menos. Foi descoberto
que o transtorno existe em praticamente todas as regiões ou países onde tem
sido investigado, incluindo América do Norte, América do Sul, Grã-Bretanha,
Escandinávia, outros países europeus, Japão, China, Turquia e Oriente Médio.
Em algumas destas regiões, o transtorno pode não ser referido como TDAH e

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não ser tratado da mesma maneira que na América do Norte, mas há pouca
dúvida de que ele seja virtualmente universal entre as populações humanas.

O transtorno tem maior probabilidade de ser encontrado em famílias nas


quais outras pessoas são portadoras de TDAH, ou em que a depressão é mais
comum. Existe também maior probabilidade de ocorrer naqueles sujeitos com
problemas de conduta e delinquência, transtorno de tique ou síndrome de
Tourette, deficiências de aprendizagem, ou naqueles com uma história de
exposição pré-natal ao álcool ou ao tabaco, parto prematuro ou peso
extremamente baixo ao nascer ou, ainda, trauma importante nas regiões frontais
do cérebro.

Estudos realizados comprovaram que 57% das crianças com transtorno


têm pais que também o possuem, quando se trata de irmãos, o número é de
15%. As pesquisas também levantaram que entre irmãos gêmeos monozigotos
(idênticos) há uma concordância de 51%, sendo que, para gêmeos dizigotos
(não idênticos) o número cai para 33%, tendo uma incidência maior do transtorno
com parentes de primeiro grau. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010).

Aspectos Neurológicos

No transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), há dificuldade


marcante de prestar atenção a estímulos internos e externos, pois o paciente,
geralmente criança ou adolescente, tem a capacidade prejudicada em organizar
e completar tarefas, assim como relutância em controlar seus comportamentos
e impulsos.

Pacientes com TDAH revelam, em estudos de imagem cerebral,


alterações no sistema frontal. A atenção constante prejudicada parece ser um
aspecto primário e central dessa condição. A dificuldade é maior quando se faz
necessário um estado de vigilância para detectar informação infrequente,
sobretudo quanto tal informação não é motivacionalmente importante para o

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sujeito. Crianças com TDAH têm prejuízo relacionado à filtragem de estímulos


irrelevantes à tarefa (embora seja questionável se a filtragem atencional é ou
não o principal problema das pessoas com TDAH) (Cohen; Salloway; Zawacki,
2006).

OS LOBOS FRONTAIS E O TDAH

O TDAH tem sido atribuído a disfunção pré-frontal e estriatonigral. Esta


atribuição e baseada, primariamente, na natureza de seus sintomas,
caracterizados pelo acometimento das funções executivas e por atividade

motora excessiva, que estariam associados a lesões no lobo frontal e nos


núcleos da base, respectivamente. Os resultados de estudos recentes, utilizando
técnicas de neuroimagem estrutural e funcional, tem demonstrado a implicação
dos lobos frontais no TDAH.

Mattes foi o primeiro a atribuir uma disfunção dos lobos frontais como
responsável pelos sintomas do TDAH. Nos estudos que se seguiram, entretanto,
a correlação entre TDAH e disfunção frontal nem sempre foi observada.

Barkley propôs um modelo de disfunção executiva, localizado no córtex


pré-frontal, para explicar os déficits cognitivos e comportamentais associados ao
TDAH. Este modelo compreende cinco funções executivas maiores que
possibilitam ao indivíduo reconhecer e controlar suas ações para alcançar um
objetivo:

▪ inibição de respostas;
▪ memoria operacional não verbal;
▪ memoria operacional verbal;
▪ auto regulação do afeto e da razão;
▪ reconstituição.

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A inibição de respostas atrasa e interrompe as respostas e controla a


interferência para permitir que o indivíduo controle seus impulsos verbais e
motores.

A memória operacional não verbal permite que o indivíduo apresente um


senso do passado e do futuro e a consciência cognitiva de si próprio. A memória
operacional verbal possibilita que o indivíduo internalize a linguagem para o
autoquestionamento, a autodescrição e estabeleça regras para o
comportamento. Juntas, as memorias de trabalho verbal e não-verbal
possibilitam que o indivíduo desenvolva habilidades para a compreensão da
leitura e a conduta moral.

Ao participar da interiorização dos estímulos visuais e verbais, as


memorias de trabalho verbal e não verbal também possibilitam o
desenvolvimento da auto regulação do afeto e da razão, o que permite ao
indivíduo controlar sua emoção e motivação para alcançar seus objetivos.

A reconstituição e a função executiva que permite ao indivíduo analisar


suas experiencias, utilizando a memória operacional com o objetivo de sintetizar
novas respostas, que ele aceita ou não.

Segundo Barkley, a inibição de respostas e o déficit principal, nos


pacientes com TDAH e este déficit pode levar as alterações observadas nas
habilidades psicológicas e sociais, associadas as quatro outras funções
executivas.

Barkley também observou que certos sinais neurológicos ocorrem de


maneira desproporcionada em crianças com TDAH, sendo um destes sinais o
comportamento de utilização. Em estudo recente, observou-se frequência
aumentada do comportamento de utilização, em crianças com TDAH.

Na esquizofrenia, o déficit de atenção é central. A filtragem de informação


irrelevante geralmente consiste em uma dificuldade importante dos sujeitos
acometidos.

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Pacientes esquizofrênicos costumam ter dificuldade em anular


adequadamente estímulos sensoriais irrelevantes enquanto realizam
determinada tarefa; são muito suscetíveis de distrair-se com estímulos visuais e
auditivos externos. Sob testagem neuropsicológica, os pacientes com
esquizofrenia revelam lentificação no tempo de reação em consequência da
distractabilidade, não conseguem suprimir informações interferentes e têm
grande dificuldade com a atenção constante, talvez por essa forte tendência à
distractabilidade (Cohen; Salloway; Zawacki, 2006).

Os estudos com métodos de neuroimagem estrutural, em pacientes com


TDAH, mostram uma redução do volume cerebral total, com envolvimento
preferencial das regiões frontoestriatais e cerebelares. A implicação funcional da
redução volumétrica das estruturas cerebrais não é clara, mas, em dois estudos,
foram observadas correlações entre um controle inibitório deficiente e a redução
de volume pré-frontal e do núcleo caudado. Não foi observada correlação entre
o volume cerebelar e os déficits cognitivos, mas sugere-se que o cerebelo possa
representar um papel na modulação da atividade dos circuitos frontoestriatais.
Os estudos que empregaram métodos de neuroimagem funcional sugerem a
presença de anormalidades na ativação cerebral no TDAH, com hipoperfusão
das áreas frontais e estriatais. Nos estudos que avaliaram controle inibitório,
foram observadas hiperfunção frontal e hipofunção no estriado. As alterações de
ativação cerebral difusas, verificadas durante a realização de testes cognitivos,
sugerem que podem existir déficits sutis e difusos no TDAH.

REFERÊNCIAS

CAMARGOS, Walter Jr.; HOUNIE, Ana G. Manual Clinico do


Transtorno de Deficit de Atencao / Hiperatividade.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos


transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre : Artmed, 2008

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. DSM-5 /


[American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ...

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et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli ... 5. ed. Porto Alegre: Artmed,
2014.

PEREIRA, Maria do Socorro Bernardes. Déficit de Atenção ou TDAH.

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