Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mas, para o profissional, o papel da comunicação começa bem antes de sua atuação
numa determinada função, começa na hora de conseguir um emprego ou um contrato
para prestar um serviço ou fornecer um produto. Sem essa habilidade ele já sai em
desvantagem em relação aos seus concorrentes. E quando falo de comunicação,
trata-se de comunicação integral que envolve fala, escrita, postura e até mesmo suas
atitudes, crenças e valores. O ser humano é um verdadeiro objeto de comunicação
multimídia, e por onde passa deixa sua influência, tanto pelo que é como por aquilo
que diz ou escreve.
Mario Persona: Isso é relativo. Há pessoas tímidas que se expressam muito bem
quando escrevem ou mesmo quando falam. Às vezes, a timidez pode ser uma
característica desejável em certas funções, pois poderá ser associada a um
comportamento reservado e discreto, útil em algumas profissões. Como acontece com
muitas outras características pessoais, o que o profissional precisa é saber
transformar suas características em pontos positivos, buscando uma atuação em que
essa característica seja mais desejável.
Vivemos imersos em paradigmas que nem sempre têm razão de ser. Achamos que só
alguém com a desenvoltura de um político ou a dicção de um apresentador de TV será
capaz de ter sucesso na profissão. Veja, por exemplo, a imagem que fazemos do bom
vendedor. Um sujeito falante, destemido, desenvolto e bom de conversa para qualquer
ocasião. No entanto, o norte-americano Ben Feldman, que foi considerado um dos
maiores vendedores de seguros do mundo, dificilmente passaria em um teste de
marketing pessoal ou comunicação segundo o conceito de alguns. Ele era baixinho,
gordinho, careca, tinha a língua presa e a primeira vez que precisou falar em público
só conseguiu fazê-lo atrás da cortina do palco, de tanta vergonha que tinha de
enfrentar uma plateia. Para ele, vender era acreditar naquilo que vendia e ser
apaixonado pelo que fazia.
A paixão faz os olhos do profissional brilharem quando ele fala daquilo que faz, e só
esse brilho no olhar pode valer mais que mil palavras ditas por um tagarela sem
convicção. Portanto, melhor que uma comunicação perfeita é uma convicção perfeita
daquilo que se procura comunicar. Evidentemente, se a pessoa tiver essa convicção e
ainda uma boa comunicação, será mais fácil conquistar seu espaço no mercado e
influenciar pessoas com suas ideias. Mas tenha sempre em mente o que escreveu
Ralph Waldo Emerson: “Aquilo que você é soa tão alto que mal posso ouvir o que
você diz.”
Mario Persona: Primeiro, acho que o velho conceito de se manter empregado já não
se aplica nos dias de hoje. Se encontrar alguém que conseguiu manter um emprego
por trinta anos, estará diante de alguém vivendo o conceito de empregabilidade que
vigorou nos dias de nossos pais e avós. Hoje eu prefiro falar em empregabilidade, um
tema muito bem abordado por José Augusto Minarelli, em seu livro homônimo, que é a
capacidade de o profissional se manter apto a estar sempre sendo “empregado”, no
sentido de utilizado, pelo mercado.