Você está na página 1de 61

Faculdade Anhanguera

Graduação em Odontologia
Odontologia pré-clínica em Oclusão e
Dentística

Proteção do Complexo
Dentinopulpar e Uso do Hidróxido de
Cálcio

Profª Ms. Patrícia C Vital


Por que proteger o complexo dentinopulpar

Fatores que orientam a proteção do complexo


dentino pulpar

Materiais utilizados

Métodos terapêuticos da proteção do complexo


dentinopulpar
Objetivo: promover saúde bucal através da preservação da estrutura dentária sadia
e restabelecimento da função e estética

Perda do Restauração
Manutenção da
substrato dentário vitalidade pulpar

Material
restaurador
Procedimento
operatório

Falha na
restauração

Necrose pulpar
D E N T I NA
▪ Maior integrante do componente

dentário

▪ 70% inorgânico, 18% orgânico e

12% água

▪ Estrutura tubular com

prolongamentos odontoblásticos
POLPA

▪ Tecido conjuntivo altamente especializado

▪ Está na câmera pulpar e se estende pelos canais radiculares

▪ Responsável pela vitalidade do dente

▪ Intimamente ligada, pelo feixe vasculonervoso, aos tecidos periapicais e ao

sistema circulatório

▪ Funções: indutiva, formativa, nutritiva, protetora e de defesa


▪ Agressões dentárias: lesões de cárie, trauma e lesões de origem não cariogênica
(abfração, abrasão, atrição e erosão ácida)

▪ 1ª defesa: dentina terciária reacional


▪ 2ª defesa: dentina terciária reparativa D E N T I NA

▪ 1ª resposta: inflamação reversível


▪ 2ª resposta: inflamação irreversível POLPA
▪ 3ª resposta: necrose pulpar
Durante a remoção da lesão de cárie ou
da restauração

Possíveis efeitos deletérios do material


restaurador
Durante a remoção da lesão de cárie ou
da restauração

▪ Pontas e brocas novas

▪ Irrigação abundante

▪ Movimento intermitente
Possíveis efeitos deletérios do material
restaurador
Possíveis efeitos deletérios do material
restaurador
FATORES QUE ORIENTAM A PROTEÇÃO DO
COMPLEXO DENTINOPULPAR
1. Condição pulpar

2. Profundidade da cavidade

3. Característica da dentina remanescente

4. Idade do paciente

5. Escolha do material restaurador


1. CONDIÇÃO PULPAR
▪ Anamnese: queixa de como é a dor.

Espontânea x provocada

▪ Exame clínico: exame intraoral e extraoral

▪ Histórico da exposição

Exposição pulpar por cárie Exposição pulpar por trauma


1. CONDIÇÃO PULPAR
▪ Exposição por cárie

- Pior cenário
- Avaliar: cor e intensidade do sangramento

Sangue vivo Intensidade baixa ‘’sangrou e


parou em pouco tempo’’

Proteção pulpar
1. CONDIÇÃO PULPAR
▪ Exposição por Trauma

- Avaliar: tempo de contato com o meio bucal


- Melhor prognóstico para proteção pulpar
1. CONDIÇÃO PULPAR

▪ Teste de vitalidade pulpar

Positivo x negativo

Baixa duração x longa duração

▪ Exame radiográfico
2. PROFUNDIDADE DA CAVIDADE
▪ Espessura da dentina remanescente após remoção da lesão de cárie
3. CARACTERÍSTICAS DA DENTINA REMANESCENTE
▪ Dentina escurecida e com resistência a curetagem

Sem necessidade de proteção adicional


4. IDADE DO PACIENTE
▪ Profundidade da cavidade x volume da polpa
5. ESCOLHA DO MATERIAL RESTAURADOR

▪ Características químicas e físico-mecânicas


AGENTES AGRESSORES PARA A POLPA

Preparo
Cárie
cavitário

Trauma Procedimento
restaurador
Variáveis de
possíveis respostas
inflamatórias
MATERIAIS PARA A PROTEÇÃO DO
COMPLEXO DENTINOPULPAR
REQUISITOS
1. Ser isolante térmico e elétrico 6. Ser biocompatível

2. Ser bactericida ou inibir atividade 7. Evitar infiltração dos elementos


bacteriana tóxicos dos materiais
restauradores, cimentantes e de
3. Estimular: remineralização da microrganismos para o interior
dentina descalcificada; esclerose dos túbulos dentinários
dentinária subjacente à zona da
lesão; formação de dentina 8. Ser insolúvel no ambiente bucal
reparadora nas lesões profundas
4. Resistência mecânica capaz de
suportar a condensação dos
materiais restauradores
CLASSIFICAÇÃO
1. Selantes ou vedadores: selam túbulos dentinários e minimizam a microinfiltração.
ex: vernizes, adesivos e agentes dessensibilizantes

2. Bases: substituição da dentina perdida, ação preenchedora.


ex: cimento de ionômero de vidro e óxido de zinco

3. Forradores: barreira física (vedamento, isolante, antibacteriano e redução da dor)


e favorecem recuperação pulpar e formação de tecido calcificado.
ex: hidróxido de cálcio e MTA
SELANTES

▪ Vedamento da embocadura dos túbulos dentinários e das paredes circundantes

do preparo, objetivando tornar o preparo menos permeável possível a fluidos e

bactérias.

▪ Remoção total do tecido cariado

▪ Vernizes cavitários ou sistemas adesivos


VERNIZES CAVITÁRIOS
▪ Vernizes convencionais:

- Resina sintética dissolvida em clorofórmio, éter ou acetona


- Película forradora semi-permeável- vedamento dos túbulos dentinários

▪ Vernizes modificados:

- Hidróxido de cálcio, óxido de zinco (função terapêutica), diiodo-timol

(bacteriostático), flúor (remineralização), solução aquosa, sulfato de bário


(resistência), resina e solvente (clorofórmio).
▪ Funções:

• Selamento (diminui a infiltração e penetração de bactérias e íons metálicos no

complexo dentino-pulpar).

• Isolante elétrico,

• Auxílio na sensibilidade pós operatória (devido correntes galvânicas)

• Evita o escurecimento da estrutura dentinária (descoloração)

• Cavidades rasas: protetor pulpar / cavidades profundas: usado sobre o CIV


▪ Vantagens:

- Custo

▪ Indicação:

- Aplicado antes do material com potencial irritativo e

depois da aplicação de materiais de preenchimento.

(abaixo da rest. de amálgama e acima do CIV)


▪ Contraindicação:

- Abaixo de restauração de resina composta (incompatibilidade química)

-Abaixo do CIV (compromete sua adesividade)

▪ Modo de aplicação:

- Agitação do frasco de forma cautelosa

- Pincelar o verniz com microbush/pincel ou bolinha de algodão estéril

- Jato de ar para evaporação do solvente (repetir 3x – a cada jato esperar em

média de 30g)
B A S E S C AV IT Á R I A S

▪ Geralmente pó/líquido

▪ Protegem o material forrador, repõem parte da dentina perdida e diminuem o

volume do material restaurador definitivo

▪ Efetivos na proteção termoelétrica

▪ CIV e cimentos à base de óxido e zinco e eugenol


FORRADORES

▪ Geralmente pó/líquido ou na forma de pasta

▪ Formam uma fina camada como barreira protetora

▪ Estimulam formação de ponte de dentina quando aplicados em polpa exposta

▪ Amenizam efeitos irritantes dos materiais restauradores definitivos, além de

serem bactericidas/bacteriostáticos
▪ Hidróxido de cálcio

▪ MTA
1. HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
▪ Padrão ouro
▪ Biocompatibilidade
Composição:
- Pasta base: dissilicato butileno glicol + pigmentos

- Pasta catalisadora: hidróxido de cálcio, óxido de zinco; estearato de zinco em


sulfonamida de etileno tolueno.
- Pasta fotoativada: hidróxido de cálcio, sulfato de bário, BisGMA e dimetacrilato
fotoativável

Propriedades:
- pH alcalino (>12)
- Neutralizante - Não apresenta resistência mecânica

- Indutor de formação de dentina - Solúvel (se não inserido em uma fina


reparadora camada)
- Efeito antibacteriano
Indicações

- Pó: proteção direta (exposição pulpar)

- Cimento: proteção indireta, sem exposição pulpar


Apresentações:
• Pó de hidróxido de cálcio pró-análise

(PA)

• Solução de hidróxido de cálcio (20g para

200ml água destilada) – água de cal

• Suspensão de hidróxido de cálcio

• Cimento de hidróxido de cálcio


Apresentações:

• Solução de hidróxido de cálcio (20g para 200ml água destilada) – água de cal

- Misturar HC PA + água destilada e deixar em repouso – até a decantação


- Formação de uma solução alcalina, utilizada em qualquer profundidade com a
intenção da lavagem da cavidade antes da restauração.
- Neutralização do ambiente ácido, agente bacteriostático
- Hemostasia em caso de exposição pulpar.
Apresentações:

• Suspenção de hidróxido de cálcio

- Mesmo preparo da solução, porém não há a decantação

- O líquido leitoso é gotejado na cavidade, esperar o líquido secar até a

formação de uma fina película branca

- Técnica substituída com a evolução dos cimentos de HC


Apresentações:

• Cimentos de hidróxido de cálcio

- Relativa dureza e resistência mecânica


- Eficazes contra estímulos térmicos
- Quando aplicado sobre a dentina: induz formação de dentina reacional e
reparo pulpar
Tempo de trabalho e de presa:

- Tempo de trabalho: 20 a 30 seg


- Pasta de
- Tempo de presa: 2 a 3 minutos hidróxido de
cálcio
- Pó de hidróxido
de cálcio PA

- Solução de
- Cimento de
hidróxido de
hidróxido de
cálcio
cálcio
Utilização de cada tipo de hidróxido de cálcio

▪ Cavidades muito profundas com exposição pulpar:


- Hidróxido de cálcio PA + cimento de HC/fotoativado (forrador) + CIV (base)
+ selante + restauração

▪ Cavidades muito profundas sem exposição pulpar:


- Cimento de hidróxido de cálcio/ fotoativado
(forrador) + CIV (base) + selante + restauração
Atencão

✓ Antes de qualquer proteção pulpar fazer a lavagem da cavidade com a solução


de HC + soro/água destilada

✓ Selante para restauração com amálgama: Verniz

✓ Selante para restauração com resina composta: Adesivo dentinário


Manipulação e técnica de inserção:
2. MINERAL TRIÓXIDO AGREGADO -
MTA
- Óxidos minerais e íons

- Biocompatível

- Antibacteriano e estimulante de
formação de ponte de dentina
Vantagens em relação ao hidróxido de cálcio:
- Processo inflamatório menos intenso

- Barreira dentinária mais homogênea e contínua em comparação com HC

- Menos solúvel

- Não sofre prejuízo em ambiente úmido e com sangramento

Desvantagens em relação ao hidróxido de cálcio:


- Custo
- Baixa resistência á compressão inicial
- Menor liberação dos componentes
antimicrobianos
MÉTODOS TERAPÊUTICOS DA PROTEÇÃO DO
COMPLEXO DENTINOPULPAR
Modalidades da proteção pulpar

Remoção parcial da dentina cariada: manutenção da dentina infectada na


parede pulpar da cavidade com intuito de evitar exposição (modalidade de
espera, modalidade imediata e tratamento atraumático (TRA) convencional ou
modificado)

Proteção pulpar direta: exposição pulpar, material colocado diretamente


sobre o tecido pulpar

Proteção Pulpar Indireta: remoção do tecido cariado e aplicação do material


protetor sobre dentina profunda sadia
Proteção pulpar no caso de remanescente cariado:
a) TRA
b) TRA modificado
c) Modalidade de espera (tratamento expectante)
d) Remoção parcial da cárie

Proteção pulpar direta

Proteção pulpar indireta


1. TRA
▪ Sem utilização de instrumentos rotatórios e anestesia
▪ Material indicado é o CIV
▪ Lugares sem acesso ao tratamento (saúde pública) e na odontopediatria

▪ Remoção parcial de todo tecido


cariado (tecido amolecido) e
manutenção de tecido cariado mais
consistente na parede de fundo,
evitando a exposição pulpar
2. TRA MODIFICADO
▪ Sem utilização de instrumentos rotatórios e anestesia
▪ Material indicado é o CIV
▪ Consultório
▪ A eleição dessa técnica é por ela ser menos invasiva e mais
conservadora
3. CURATIVO EXPECTANTE
▪ Consiste na remoção da cárie nas paredes circundantes, deixando a
dentina infectada na parede pulpar
▪ Inserção de material forrador
▪ Após certo período de espera, reabre a cavidade removendo todo
material inserido e o tecido cariado que ainda persiste
▪ Recuperação do complexo dentinopulpar – formação de dentina
esclerosada
▪ Indicação: casos de pulpite reversível tendendo para irreversível -
paciente relata sintomatologia prévia
Passo a passo
a) Anestesia e isolamento
b) Remoção do tecido cariado – paredes circundantes e parede pulpar
c) Remover o máximo de dentina amolecida com instrumentos manuais ou
rotatórios (baixa rotação) até obter uma dentina de maior consistência
d) Irrigação + aplicação de cimento de HC
e) Selamento com material restaurador provisório
f) Esperar de 45 -120 dias
g) Se não houver sintomatologia dolorosa: remoção de todo material, se
necessário complementação da remoção da dentina infectada, e assim,
seguir com a restauração definitiva
h) Teste de vitalidade: +
4. REMOÇÃO PARCIAL DA CÁRIE
▪ Filosofia igual ao tratamento expectante, porém não há reabertura da cavidade
▪ Indicado para casos em que o paciente não há sintomatologia dolorosa
sugestiva de pulpite irreversível
5. PROTEÇÃO PULPAR INDIRETA
▪ Remoção total da dentina afetada e infectada
▪ Não há exposição pulpar
▪ Cavidades profundas e muito profundas
Passo a passo cavidades pouco ou profundas
a) Anestesia e isolamento
b) Remoção de todo tecido cariado
c) Irrigação para limpeza da cavidade
d) Opção cavidade não profunda: selante cavitário + material restaurador
definitivo
e) Opção cavidade profunda: base cavitaria + selante cavitário + material
restaurador definitivo
Passo a passo cavidade muito profundas
a) Anestesia e isolamento
b) Irrigação para limpeza da cavidade
c) 1ª Opção: cimento de HC + base cavitária + selante cavitário + material
restaurador definitivo
d) 2ª Opção: MTA + base cavitaria + selante cavitário + material restaurador
definitivo
6. PROTEÇÃO PULPAR DIRETA
▪ Traumatismos
▪ Exposição pulpar por troca de restauração extensa
Passo a passo
a) Anestesia e isolamento
b) Irrigação para limpeza da cavidade
c) 1ª Opção: pó de HC + cimento de HC + base cavitária + selante cavitário +
material restaurador definitivo
d) 2ª Opção: MTA + base cavitaria + selante cavitário + material restaurador
definitivo
Capeamento pulpar direto x indireto

Exposição pulpar

Sem exposição

Você também pode gostar