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Aula 1 – ORR 1: Cariologia e Cimentos odontológicos

- Polissacarídeo é o substrato de predileção para as bactérias cariogênicas


(mais cariogênico)
- Tríade: microrganismo + substrato + dente (hospedeiro) = progressão da
cárie
- Com a restauração e uma boa adesão ocorre o isolamento da cavidade
cariada cessando a progressão dessa lesão ao não disponibilizar mais
substratos
- Desmineralização: tríade  ácido lático  pH baixo/crítico 
desmineralização
- pH oral = 7,0 (neutro)
- pH dos sítios bacterianos (biofilme) é diferente do pH bucal
- Quanto menor o pH bucal menor o pH da placa bacteriana e maiores
chances de desenvolver cárie
- pH crítico do esmalte depende se o dente está ou não em contato com o
flúor - < 5,5 em dente sem flúor – 4,5 com flúor
- pH crítico da dentina < 6,5 em dente sem flúor – 5,5 com flúor
- Com flúor a bactéria necessita produzir mais ácido para ocorrer a
desmineralização
- Exposição dentinária
- Fatores essenciais: MO (Streptococcus mutans, Lactobacilos) + dieta
(sacarose, frequência, consistência) + hospedeiro (dente, sem fluorterapia,
pobre higienização)
- Fatores modificadores: saliva (estabiliza o pH através do efeito tampão,
fluxo salivar auxilia na limpeza do dente ao diluir e carregar os restos
alimentares e bactérias, realiza a remineralização por ser rica em fósforo,
cálcio e flúor)
- Remineralização
 Curva de Stephan: análises de pH através da saliva em vários
momentos.
1. pH oral (jejum) = 7,0
2. Ingestão de alimento: queda do pH seguida de retorno lento -
desmineralização
3. Capacidade tampão da saliva: de 20 minutos até 1 hora –
remineralização lenta
*Ingestão constante de alimentos (açúcar): Des > Re, maior risco de
cárie

- Lesões de cárie
 Ativa x Inativa
 Mancha branca ativa (MBA): poros isolados no esmalte que surgem
da desmineralização, passíveis de remineralização podendo inativar
a lesão, rugosa, opaca e branca.
 Mancha branca inativa: lisa, brilhante, branca/acastanhada.
 Cárie cavitada ativa: poros que se unem, úmida, brilhante
internamente, amolecida (úmida), de aspecto claro, com MBA na
margem.
 Cárie cavitada inativa: seca, fosca, endurecida, de aspecto
escurecido
- Sítios de predileção: oclusal, proximal (mais cervical e vestibular do
contato) e cervical
- Progressão em uma cárie proximal costuma ser mais lenta devido os
prismas de esmalte (pirâmide com a ponta voltada para a dentina, afunila
e bactéria perde a capacidade)
- Cárie radicular
 Comum em idosos
 Dentina é mais porosa e agrega mais bactérias
 Lesões próximas a JAC
 Dentes mais afetados: molares inferiores
 Dentes menos afetados: incisivos inferiores
- Cárie secundária: lesão recorrente que surge da falha do processo
restaurador e da limpeza, lesões em margens de restaurações
- Cárie oculta: oclusal aparenta estar íntegra mas devido os prismas de
esmalte serem em forma de pirâmide (ponta voltada para a dentina) a
progressão interior pode já estar alta.
Classificação de acordo com a profundidade
- Cárie incipiente: lesão restrita em esmalte, geralmente não possui
alteração radiográfica na oclusal, já na proximal por não ter tanta
sobreposição já pode apresentar alterações radiográficas.
*Lesão oclusal é mais visível em radiografias quando atinge dentina
- Cárie rasa: esmalte + JADE aprofundando em até 0,5 mm à dentina
- Cárie média: aprofundando em até 1 ou 2 mm da dentina
*Critério a partir da JADE
- Cárie profunda: está 1 mm a 7,5 mm da polpa
- Cárie muito profunda: está a < 0,5 mm da polpa
*Critério a partir da polpa

Métodos de diagnóstico
- Visual:
 Coloração da lesão;
 Presença ou ausência de cavidade;
 Presença ou não de MBA nas bordas da lesão.
- Tátil
 Consistência da lesão;
 Rugosidade: lisa ou polida;
 Consistência do fundo da cavidade: duro ou amolecido.

Diagnóstico diferencial
- MBA X Mancha branca hipoplásica X fluorose
Tipos de dentina
- Dentina primária: primeira a ser formada até a erupção dentária;
- Dentina secundária / fisiológica: dente no meio bucal que sofre
alterações (des-re), portanto essa dentina é formada durante toda a vida,
formada fisiologicamente dentro da câmara pulpar diminuindo-a;
- Dentina terciária / patológica: dentina formada na área acometida por
trauma, cárie, etc. Causando mineralização da polpa próxima à área
acometida.

Complexo dentinopulpar
- Mesma origem embrionária, célula em comum (odontoblastos com os
núcleos na polpa e prolongamentos na dentina), se comunicam
- Odontoblastos apresentam certa sintonia com o nervo que com a
presença de ácido movimenta os prolongamentos dentro dos túbulos
através de um fluxo de líquido  formação de dentina terciária
- Amálgama em contato direto com os prolongamentos de odontoblastos
e quanto mais perto da polpa causa estímulo doloroso ao aquecer o
líquido presente na célula
- Choque galvânico
- Dentina profunda é mais permeável devido os túbulos serem grandes
- Dentina média apresenta menos túbulos e menores
- Dentina superficial apresenta os menores túbulos e em menor
quantidade
- Quanto mais raso menor é a permeabilidade da dentina e vice-versa
- Cavidade rasa e média não precisa usar cimento protetor
- Cimento protetor só é usado para cavidade profundas e muito
profundas a fim de proteger a polpa da chegada de elementos tóxicos e
propagação de calor na polpa
OZE (óxido de zinco e eugenol)  já foi extremamente utiliza, atualmente
é usado basicamente como material restaurador provisório para
tratamento de canal e quando existe dor
- Isolante térmico e elétrico
- Eugenol tem propriedades anti-inflamatória e analgésica, entretanto em
excesso é tóxico
- Para manipular o OZE deve dosar o eugenol
- Eugenol estará em excesso/tóxico quando o produto final da
manipulação (mistura) fica brilhante e, por isso, não deve ser levado à
cavidade bucal gerando mais dor e inflamação (efeito contrário)
- OZE não pode ser usado com resina pois o Eugenol inibe a polimerização
da resina, ou seja, a resina não toma presa/não endurece
- OZE pode ser usado com amálgama

* Óxido de zinco sem eugenol não possui propriedade de anti-


inflamatório e analgésico

CIV (cimento ionômero de vidro)  material adesivo (único) capaz de


isolar a cavidade e cessar a evolução da lesão de cárie, capaz de liberar
flúor nas suas primeiras 48 horas e depois é capaz de sequestrar/liberar o
flúor presente na cavidade oral (efeito esponja)
- Isolante térmico e elétrico
- Estética razoável
- Resistência razoável
- Utilizado para isolar a passagem de tóxicos e ser isolante térmico e
elétrico, podendo usar amálgama ou resina por cima
- Proteção do complexo dentinho-pulpar em uma cavidade profunda:
adesivo e isolante térmico e elétrico
- Contração térmica linear muito parecida com a do dente
- CIV modificado por metal: melhora na resistência e perde na estética,
isolante e adesão, usado basicamente como núcleo de preenchimento
(reforço da estrutura) a fim de colocar uma coroa por cima, contração
térmica linear muda.
- CIV modificado com resina: melhora na adesão, estética e resistência,
mas apresenta contração de polimerização que pode causar problemas
como cárie secundária, reduz a liberação de flúor, contração térmica
linear muda. Restauração de média profundidade ou profunda, mas nunca
em uma muito profunda.
- CIV para restauração, forro, cimentação (de coroa por exemplo) e para
TRA (tratamento restaurador atraumático)
- CIV TRA  alta viscosidade, mais difícil de manipular e mais caro, maior
aplicabilidade em TRA
- CIV convencional tem presa química de 7 minutos
- CIV modificado com resina tem presa pela luz com melhor controle da
técnica
- Química:
 Pó de vidro de flúor alumínio silicato de cálcio em reação química
sólida
 Líquido ácido poliacrílico – ácido de origem orgânica
 Ao misturar ocorre a 1ª fase da reação – liberação dos elétrons
 Ácido atrai o cálcio +2 primeiro – 2ª fase – formação do
policarboxilato de cálcio
 Tempo de presa inicial = cerca de 8 minutos – paciente pode ir para
casa
 Processo de adesão: começa com a formação do policarboxilato de
cálcio, adesão do CIV é química
 Sílica forma um gel que envolve o CIV e dá resistência ao
policarboxilato de cálcio nessa primeira reação
 Cada cálcio ganha 2 carboxilatos
 CIV deve estar brilhante no primeiro momento, presença de líquido
(ácido poliacrílico)
 Ácido poliacrílico em dentina expõe o cálcio da dentina e realiza a
ionização
 Cálcio do dente reage com o CIV, cada cálcio (dentina) se liga com 2
grupamentos carboxílicos (CIV) fazendo uma ligação iônica muito
forte – adesão
 Pode sofrer sinérese e embebição (mais comum devido saliva)
 Processo de presa: geleificação
 3ª fase – formação do policarboxilato de alumínio: só se encerra
após 48 horas, 3 grupamentos carboxílicos com um alumínio.
 Presa final: tempo de 48 horas
 Durante todo o processo de presa o flúor estocado vai para o meio
bucal = liberado por 48h e usado para o fortalecimento do dente e
processos de des-re

Hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 (base)


- Material isolante térmico e elétrico
- Hidrossolúvel
- Baixa resistência mecânica
- pH alcalino = 12
- Bactericida e bacteriostático
- Pode causar queimadura superficial livre de bactéria
- Alguns tipos estimulam a diferenciação de odontoblastos e a formação
de dentina terciária
- Pode ser em pó, solução, cimento ou pasta
- Solução de hidróxido de cálcio pó misturado com água destila ou soro:
líquido alcalino que limpa a cavidade e remove as bactérias, promove a
hemostasia em caso de polpa exposta;
- Pó / PA (pró-análises): se aplica diretamente na polpa (proteção direta)
 promovendo necrose superficial por queimadura livre de bactérias 
estimula diferenciação de células mesenquimais em odontoblastos 
produção de dentina terciária;
- Pasta / líquido + pó/pa  deixa decantando separando a solução da
pasta: tem função parecida com o pó, se aplica diretamente na polpa
(proteção direta), mas tem maior facilidade para alcançar a raiz de
crianças por exemplo, repara perfurações na raiz e realiza a apicogênese
(raiz aberta com formação do ápice) da raiz malformada da criança;
- Cimento: não serve para aplicar em polpa (proteção indireta – efeito em
polpa), serve para a cimentação de provisórios, propriedades de certa
adesão, pH 12, usado em cavidades muito profundas perto da polpa a fim
de estimular a formação de dentina terciária e isolamento térmico e
elétrico. Usado para proteção direta acima do pó ou pasta, cobrindo-os.
*CIV até cavidades profundas, protegendo a polpa do próprio material
- Cavidade com exposição pulpar: lavar com solução  pó  cobrir com
cimento  secar a polpa  CIV ajuda na proteção contra a solubilidade
do hidróxido de cálcio e resistência mecânica (adesivo)  resina

- Livros “Materiais restauradores diretos – Alessandro” ou “Dentística –


Carlos Torres”
Artigo 1 – “Os nomes da dentina – critérios e coerência no seu emprego”
- Classificações da dentina / taxonomia – critérios de classificação:
1. Cronologia de formação
- Dentina primária: primeira a ser produzida durante a odontogênese e
corresponde àquela depositada antes da erupção dentária. Sua deposição
faz parte da formação do dente pelos odontoblastos de primeira geração.
- Dentina secundária / secundária fisiológica: após a erupção dentária
essa dentina deposita-se continuamente e de forma passiva ao longo da
vida para completar e manter o dente normal, através da lenta e
constante troca de odontoblastos na parede dentinária (geração pós-
odontogênese), com isso o volume pulpar vai gradativamente reduzindo-
se com a idade. Com uma estrutura tubular bem organizada que se
diferencia, morfologicamente, da dentina primária por uma delicada
linha/zona hipercromática dermacatória.
- Dentina terciária: dentina depositada nas áreas de lesões pulpares onde
a população original de odontoblastos foi perdida e uma nova e terceira
geração odontoblástica se organiza para depositá-la, ainda que
irregularmente. Sua deposição resulta de agressões e estímulos externos
que acabam com os prolongamentos e levam à morte completa dos
odontoblastos, podendo levar a uma severa lesão na camada
odontoblástica, o que requer diferenciação de células pulpares para a
formação de uma terceira geração de odontoblastos que irá depositar a
dentina terciária. A princípio, não possui um padrão tubular uniforme se
distinguindo das dentinas primária e secundária, sendo uma dentina
irregular, amorfa e atubular. Com o passar do tempo pode-se notar
túbulos irregularmente distribuídos no meio da dentina amorfa
incialmente depositada. Se remover o agressor e a inflamação pulpar,
pode-se notar, a partir daí, uma melhor organização da nova camada
odontoblástica e a formação de uma dentina tubular, bem organizada no
local.
2. Natureza do estímulo ou agressão, a estrutura e organização
- Dentina fisiológica: depositada na odontogênese e para a manutenção
do dente normal, corresponde à dentina primária e secundária.
- Dentina reacional/ de irritação/ secundária patológica: depositada
subjacente às agressões dentinárias que não eliminam os odontoblastos
originais. Estímulos/agressões externas fazem com que os
prolongamentos da camada odontoblástica retraia ou sejam cortados
como: cárie crônica (bactérias e produtos), desgastes (como a abrasão),
procedimentos com instrumentos rotatórios (ação cortante, geração de
calor), materiais protetores e restauradores. Esses estímulos levam os
odontoblastos de segunda geração a depositarem novas camadas de
dentina mais aceleradamente na parede pulpar, podendo interromper
abruptamente o trajeto da dentina primária/secundária pelos novos
túbulos criando um paralelismo dificultando o acesso de agressores via
túbulos à polpa. Essa dentina é menos mineralizada. Visa a proteção da
polpa.
- Dentina reparadora / osteodentina / vasodentina: corresponde à
dentina terciária formada em áreas de reparo da lesão pulpar onde a
camada odontoblástica foi inicialmente perdida, áreas de exposição
pulpar, morte dos odontoblastos, que precisam ser tratadas e cobertas
por materiais pouco agressivos (como o hidróxido de cálcio) a fim dessa
reparação. Dentina terciária amorfa e atubular inicialmente, e à medida
que no local a polpa deixa de ter infiltrado inflamatório e assume a fase
reparadora, essa camada passa a depositar dentina com certo grau de
organização e paralelismo dos túbulos. Pode apresentar inclusões
celulares que lembram osteócitos e projeções de tecido conjuntivo pulpar
com vasos em sua composição. Dentina associada a uma polpa subjacente
livre de processo inflamatório.
*Hidróxido de cálcio: baixa penetrabilidade no tecido conjuntivo pulpar,
capacidade antimicrobiana, elevado pH, desnaturação proteica/necrose
por coagulação  matriz primária para depósitos de sais minerais.
- Dentina displásica: depositada em áreas diferentes do habitual e com
uma organização muito rudimentar, poucos túbulos desorganizados e
muitas inclusões celulares e/ou ilhotas de tecido pulpar ricamente
vascularizadas. Ocorre em casos de obliteração do canal ou pulpar devido
traumatismos dentários, conhecida como metamorfose/metaplasia
cálcica da polpa. Consequências clínicas mais comuns são escurecimento
dentário e ao longo dos anos, 25% dos casos evoluem para uma necrose e
lesão periapical crônica. Também pode ser observada em certos
distúrbios de desenvolvimento como a Displasia dentinária e a
Dentinogênese imperfeita, bem como em certos tumores odontogênicos
como os odontomas.

3. Estado da luz dos túbulos dentinários – os túbulos dentinários podem


estar com seus lumes em diâmetros médios normais e parcialmente
preenchidos pelos prolongamentos odontoblásticos em meio ao fluido
dentinário.
- Dentina esclerosada / Esclerose dentinária: em agressões os
prolongamentos odontoblásticos podem acelerar a deposição de dentina
peritubular, simultaneamente ao depósito de dentina reacional na parede
pulpar o que leva ao fechamento parcial ou total do lume, ou seja,
estreitamente e fechamento dos túbulos dentinários, diminuindo a
permeabilidade e penetrabilidade dentinária local. Agressões como cárie
crônica (bactérias e seus produtos), procedimentos com instrumentos
rotatórios (cortante, calor), desgastes como atrição e abrasão e materiais
posicionados sobre a dentina. A coloração da dentina esclerosada pode se
apresentar escurecida.
- Tratos mortos da dentina: os prolongamentos odontoblásticos retraem
devido estímulos/agressões externas, deixando os túbulos vazios abaixo
ao ocorrerem antes da deposição de dentina esclerosada. Na microscopia,
aparecem como linhas escuras isoladas ou em grupos.
Aula 2 – Proteção do complexo dentinopulpar
- Polpa - tecido conjuntivo especializado, altamente vascularizado e
inervado com funções de:
Induzir a formação do órgão do esmalte no início
Formação da dentina ao longo da vida
Nutrição da dentina
Sensibilidade dolorosa
Dentina (D) – Pré-dentina (PD) – Camada odontoblástica (CO) – Zona
acelular de Weill – Zona rica em células – Corpo pulpar CP (fibroblastos,
fibras colágenas, fibras nervosas que atravessam os odontoblastos e vão
em direção à dentina, células mesenquimais indiferenciadas)
D – PD – CO – ZA – ZC – CP
*Pessoas idosas apresentam uma polpa mais fibrosa/atrofiada e menos
celular, onde não há uma boa demanda de células tronco e, por isso, o
hidróxido de cálcio não vai agir de forma satisfatória.

- Dentina – constitui a maior parte do dente


Composição:
70% de matéria inorgânica (hidroxiapatita)
18% de matéria orgânica (colágeno)
12% de água (não se deve secar totalmente)

Dentina peritubular – limita a luz do túbulo, altamente mineralizada (95%)


Dentina intertubular – compõe a maior parte da dentina, menos
mineralizada, fibras colágenas (*materiais adesivos)
Túbulos dentinários – responsável pela permeabilidade dentinária, com
fluido tissular + prolongamento dos odontoblastos, fornece a nutrição e
sensibilidade dentinária

- Causas de injúria pulpar


 Lesão cariosa: lesões mais profundas apresentam zona de cavidade
 dentina cariada superficial (infectada)  dentina cariada
profunda (afetada)  dentina esclerosa  dentina terciária
- Zona superficial da cavidade: resíduos de cárie, fragmentos do
dente, restos de alimentos, intensa atividade bacteriana
- Dentina cariada superficial: altamente descalcificada, geralmente
não passível de remineralização (remover), insensível à remoção,
composta por fibras colágenas desnaturadas, intensa atividade
bacteriana.
- Dentina cariada profunda: reversivelmente desnaturada, passível
de remineralização quando tratada, sensível à remoção, bactéria
raramente encontradas ou ausentes, preservada e tratada
adequadamente.
- Clinicamente a identificação da dentina infectada da afetada está
sujeita a uma avaliação subjetiva;
- Recomenda-se a remoção da dentina cariada das paredes
circundantes a fim de facilitar o selamento da cavidade e remoção
seletiva tátil nas paredes de fundo.
 Preparo cavitário: causadas por
- Pressão de corte (não deve forçar a broca sobre o dente)
- Calor friccional (aumento de 5,6°C acima da temperatura da polpa
– o preparo deve ser feito com refrigeração)
- Desidratação da dentina (causam estímulos nos prolongamentos e
podem causar dor – deve-se secar com algodão)
- Qualidade dos instrumentos
- Condição inicial da polpa (bom diagnóstico antes de iniciar o
tratamento a fim de evitar um tratamento mais prejudicial do que
benéfico)
- Quantidade e qualidade da dentina remanescente (influencia na
decisão da escolha do material)

A fim de minimizar esses traumas:


- Uso de instrumentos rotatórios novos com refrigeração abundante
- Menor pressão de corte
- Corte intermitente (aos poucos)
- Minimizar a secagem da dentina com ar (uso de algodão)
 Trauma oclusal
- Trauma agudo como morder um alimento duro
- Trauma crônico por mudanças graduais na oclusão como:
alteração de posição dos dentes (natural ao após exodontias),
restaurações mal realizadas (sem ajuste oclusal adequado), hábitos
parafuncionais.
- Como minimizar?
- Ajuste dos contatos oclusais
- Tratamento dos hábitos parafuncionais
- Orientações
 Materiais restauradores
- Má adaptação das restaurações  microinfiltração
- Irritação química causada por materiais: ácido fosfórico, falha na
fotoativação dos componentes resinosos (não cumprir o tempo
correto de aplicação – produtos da resina atravessam a dentina e
atingem a polpa), fosfato de zinco (possui ácido fosfórico na
composição, pH muito ácido).

- Fatores que influenciam na indicação dos agentes protetores


A dentina é um excelente isolante térmico e barreira físico-química contra
a penetração de bactérias, suas toxinas e ácidos. Portanto, é o material
protetor ideal.
Maior espessura e qualidade  menor a resposta inflamatória
1. Profundidade da cavidade
 Cavidades superficiais: ao nível ou ultrapassando ligeiramente a
JAD
 Cavidades rasas: 0,5 a 1,0 mm da JAD
 Cavidades de média profundidade: 1,0 a 2,0 mm da JAD
 Cavidades profundas: aproximadamente a 0,5 mm da dentina
remanescentes
 Cavidades muito profundas: 0,5 mm ou menos da dentina
remanescente
- Densidade tubular: quanto mais profunda a dentina maior a quantidade
de canalículos, túbulos dentinários e menor a quantidade de dentina
intertubular. Além disso os túbulos aumentam de diâmetro com a
profundidade. Os túbulos vão se concentrando em direção à polpa
(“disposição em forma de leque/radial”). Quanto mais profunda a dentina
mais permeável e por isso mais substâncias passam para a polpa.
2. Qualidade de dentina
- Dentina primária
- Dentina secundária
- Dentina esclerosada: é menos permeável devido sua hipermineralização.
O tempo de aplicação de um ácido deve ser maior, para garantir a adesão
do material, a retirada do mineral deve ser maior para a adesão do
material nas fibras colágenas.
- Dentina terciária: produção descontrolada de dentina que interrompe e
fecha túbulos, diminuindo a permeabilidade também.
3. Idade do paciente / dente
- Paciente jovens: maior quantidade de células na polpar e câmara pulpar
mais ampla.
- Paciente idosos: tecido pulpar mais fibroso e câmara pulpar diminuída
devido a produção de dentina secundária.
*Radiografia interproximal para ver profundidade pulpar e planejar a
cavidade.
4. Condição da polpa
- Anamnese para a localização, frequência, intensidade e duração da dor
- Desejado: dor provocada que cessa rapidamente após a remoção do
estímulo
- Exame clínico: inspeção, palpação, percussão (pressionar o cabo do
espelho no dente), testes térmicos com calor e frio  testes de vitalidade
- Polpa em estado normal ou potencialmente reversível  tratamento de
proteção do complexo dentinopulpar
- Exame radiográfico: periápice negativo, o LP pode ou não se apresentar
com um ligeiro espessamento; presença de cárie, restauração deficiente
que pode estar infiltrada ou fratura dental.

Materiais do tratamento
- Agente de limpeza: hidróxido de cálcio, ácido fosfórico, ácido poliacrílico
(contém no CIV). Podem ser desmineralizantes ou não.
 Características ideais:
- Limpar as paredes da cavidade removendo a smear layer;
- Combater ou eliminar possíveis microrganismos patogênicos;
- Facilitar a ação dos agentes protetores (material que reaja bem
aos colocados por cima);
- Facilitar a adaptação ou adesão dos materiais restauradores;
- Não apresentar toxicidade.
 Desmineralizantes
- Soluções ácidas: ácido fosfórico e poliacrílico, EDTA, ácido bórico
- Possuem alto potencial irritativo
- Promovem desmineralização do esmalte e dentina
- Removem a smear layer
 Não desmineralizantes
- Remoção parcial dos resíduos por fricção das soluções
- Substâncias germicidas: água oxigenada e hipocloritos
- Soluções fluoretadas
- Soluções de clorexidina
- Substâncias detersivas
- Substâncias alcalinizantes: a base de hidróxido de cálcio (água de
cal) – mais usadas em cavidades profundas

- Agentes protetores
 Características ideais
- Biocompatível
- Propriedades bactericidas ou bacteriostáticas
- Estimular as funções biológicas da polpa
- Selamento marginal
- Adesivo às estruturas dentárias
- Resistência mecânica – mastigação
- Isolante térmico e elétrico
- Insolúvel
 São eles: verniz cavitário, sistemas adesivos, CIV, hidróxido de
cálcio, OZE, MTA.
 Verniz cavitário: usado para forrar a cavidade e realizar o amálgama
por cima. Bom isolante elétrico (evita choque galvânico) e previne
manchamento do dente pelo amálgama. Não é isolante térmico,
apresenta baixa resistência mecânica, podendo fraturar durante a
condensação do amálgama. Aplicação na forma de duas camadas.
Substituído por sistemas adesivos.
 Sistemas adesivos: realizar a adesão da resina composta e selar a
dentina (canalículos) quando tem sensibilidade (agente protetor –
isolante de superfície nas sensibilidades pós-operatórias), adesivo
às estruturas dentárias. Adesão mecânica.
- Condicionamento ácido: aumenta a permeabilidade da dentina,
aumentando a probabilidade de levar a toxicidade do material.
- Monômeros e materiais resinosos não polimerizado são
citotóxicos;
- Fotoativação gera calor que pode levar a uma injúria pulpar;
- Menos de 1 mm de dentina o adesivo pode alcançar a polpa.
 Hidróxido de cálcio: em forma de pó / PA, solução / água de cal,
pasta e cimento (usado em casos em que não tem sangramento da
polpa)
* pó e pasta usados quando tem exposição pulpar e sangramento.
 CIV
- Adesivo às estruturas dentais – adesão química
- Biocompatível
- Libera flúor
- Coeficiente de expansão térmica linear próxima ao dente
- Resistência mecânica suficiente
- Solúveis em meio bucal – vai ficando rugoso podendo realizar um
polimento a cada consulta
 OZE
- Biocompatível
- Anódino (analgésico)
- Bactericida e bacteriostático
- Isolante térmico
- Bom vedamento da cavidade
- Eugenol em excesso  irritação da polpa
- O eugenol prejudica a polimerização da resina composta
- Toma presa em contato com a água
*Óxido de zinco sem eugenol (Coltosol)  usado para fechar a cavidade
(“curativo”).
 MTA – Agregado de Trióxido Mineral
- Mais usado na Endodontia
- Capeamento pulpar direto
- Pulpotomia e curetagem pulpar
- Obturação retrógrada
- Perfurações radiculares
- Reabsorções internas
- Alternativa ao hidróxido de cálcio mas que não funciona
clinicamente na dentística pelo tempo de presa demorado (3 a 4
horas)
- Biocompatível
- Estimula a formação de dentina reparadora
- Propriedades mecânicas melhores em comparação ao Ca(OH)2
- Sua ação não é prejudicada pela umidade ou sangramento
- Barreira mineralizada com menos defeitos e mais túbulos

Técnicas – Protocolos
1. Proteção pulpar / capeamento pulpar indireta
- Diagnóstico: polpa não exposta, profundidade do preparo pode
ser variável.
- Objetivos: bloquear os estímulos térmicos, elétricos e químicos,
auxiliar na manutenção ou recuperação da polpa, evitar ou reduzir a
microinfiltração, melhorar as propriedades de selamente das
restaurações, dissipar as forças de condensação durante a inserção
de materiais restauradores.
- Passo a passo
Anestesia
Isolamento absoluto / relativo
Remoção da cárie (colheres de dentina principalmente ou brocas
esféricas em baixa rotação)
Limpeza da cavidade (selecionada de acordo com a profundidade
da cavidade); rasas ou médias – proteção pulpar com sistema
adesivo ou restauração definitiva; profunda – aplicar ácido
poliacrílico para limpeza, sistema adesivo (CIV), restauração
definitiva com resina; bastante profunda – lavagem com solução de
hidróxido de cálcio, aplicação de cimento de hidróxido de cálcio,
aplicação de CIV, restauração definitiva em resina composta.
*Proteger CIV com vaselina ou verniz fluoretado para evitar
sinérese/embebição

2. Tratamento expectante
- Diagnóstico: polpa não exposta, lesão cariosa aguda profunda,
polpa separada da cavidade por uma camada de dentina afetada.
- Objetivos: bloquear as agressões da lesão cariosa, vedar a
cavidade, inativar bactérias, remineralizar a dentina descalcificada
remanescente, hipermineralizar a dentina sadia, formação de
dentina esclerosada ou terciária.
- Não é indicado para pacientes com polpa muito fibrosa.
- Mais associado à pacientes jovens
- Passo a passo:
Anestesia (?)
Isolamento absoluto do campo operatório
Remoção da dentina infectada
Preservar a dentina afetada (única separando a cavidade da polpa)
Limpeza
Remoção da umidade
Aplicação da pasta ou pó de hidróxido de cálcio no assoalho da
cavidade / cimento
Vedamento com CIV
Realizar a restauração definitiva ou acompanhar o andamento
para depois restaurar
Aguardar para uma próxima sessão clínica
- Após 45 a 60 dias sem dor
- Teste de sensibilidade – dente não pode apresentar dor
espontânea, a menos que o estado pulpar seja reversível, deve
responder o teste
- Exame clínico
- Radiografia do dente – observar a formação da dentina terciária
- Reabrir e tratar como se fosse uma cavidade muito profunda (?):
remoção com cautela do tecido carioso amolecido remanescente,
inspeção / Rebaixar o CIV e restaurar

3. Proteção / capeamento pulpar direto


- Diagnóstico: exposição mecânica acidental pulpar, não pode ser
realizada em polpa com infecção e em hemorragia, sangramento
normal e vermelho vivo, polpa exposta não pode estar escurecida.
- Objetivos: recuperar e preservar as funções biológicas da polpa,
anular a atividade microbiana, proteger a polpa de irritações e
estimular a formação de dentina.
- Pacientes jovens
- Tamanho da exposição: menos de 1 mm de diâmetro, exposições
muito pequenas
- Tempo de até 6 horas de exposição
- Passo a passo (1ª sessão clínica)
Anestesia
Isolamento
Limpar com água de cal – ajuda no controle do sangramento
Controle da umidade
Capeamento pulpar direto – pó ou pasta de H de cálcio só na área
de exposição
Aplicação suave
Selamento (CIV)
Restauração

Sessão 2
- Após 45 a 60 dias
- Exame clínico – testes de sensibilidade
- Radiografia – observar a formação da dentina terciária
- Rebaixar o CIV e restaurar
- Reabrir (?)

4. Curetagem pulpar / pulpotomia


- Exposição mecânica acidental ou por cárie, fratura
- Sangramento normal e vermelho vivo
- Tecido pulpar consistente, sem hemorragia
- Curetagem: remoção de parte da polpa coronária quando há suspeita
de alteração ou contaminação
- Pulpotomia: remoção de toda a polpa coronária deixando os canais
pulpares para situações de grande envolvimento da polpa
- Passo a passo
Anestesia
Ampliação da cavidade com a colher de dentina ou ponta diamantada
Remoção do teto pulpar
...
Limpeza e controle de sangramento – água de cal
Descontaminação da cavidade – bolinhas de algodão com solução
antibiótica / anti-inflamatória
Aplicação de pó / pasta + cimento
Selamento (CIV)
Restauração
Radiografia

Segunda sessão
- Mesma coisa
- Acompanhar a pulpotomia por 2 a 3 anos
Aula 3
- Cavidade patológica: causada pela lesão
- Cavidade terapêutica: remoção do tecido cariado e configuração para a
restauração dessa cavidade
Objetivos do preparo cavitário
- Remover parcialmente o tecido cariado
- Obter formas precisas (principalmente no caso do amálgama ou para
restaurações de cerâmicas, metálicas)
- Impedir fratura do dente e do material restaurador
- Impedir cárie secundária (recorrente)

Partes constituintes das cavidades


- Paredes: correspondente às faces do dente (V, L/P, M, D, O/I, C)
Circundantes (V,L/P, M, D, O/I)
De fundo (pulpar, axial – parede vertical que pode ser mesial, distal,
vestibular ou lingual)
Parede cervical (distal, mesial, lingual ou vestibular)
- Ângulos:
Diedros (duas paredes)
 1º grupo: encontro de duas paredes circundantes
 2º grupo: entre uma parede circundante e uma de fundo
 3º grupo: encontro de duas paredes de fundo (ângulo axiopulpar
mesial ou distal)
Triedros (três paredes)
Exemplo: vestíbulo-cervico-axial
Cavossuperficial / margem (ângulo entre parte externa e interna da
cavidade) – contorno da cavidade

Classificação das cavidades


- Quanto as faces envolvidas – usar o nome da face perdida: cavidade (O),
(M), (D), (MO), (DO), (MOD), (MODV), etc
- Quanto a complexidade
1. Simples (uma face)
2. Composta (duas faces)
3. Complexa (mais de duas faces)
- Classificação de Black – para cavidades e para restaurações
Classe I: em cicatrículas e fissuras – áreas irregulares
Oclusal de pré-molares e molares
2/3 oclusais (oclusal e médio) – sulcos entre as cúspides que invadem as
faces V e L/P de molares ou 2º pré-molar superior
Palatina (região de cíngulo) dos incisivos e caninos superiores
Pode atravessar oclusal a vestibular/palatina/lingual
Classe II: envolve proximal de dentes posteriores
(M), (D), (MO), (DO), (MOD), (MODP), (MODV), (MODL), (MODVL),
(MODVP)
Classe III: proximal de anteriores, sem envolver o ângulo incisal
Classe IV: proximal de anteriores envolvendo ângulo incisal – ocorre muito
em casos de fratura dentária, podendo ser por cárie também
Classe V: cervical de faces livres em região de bossa – muitas vezes por
lesões não cariosas como abrasão, atrição, etc
*Baratieri (matéria)
*Imagens masioli (capítulo 1)
Aula – Rudá
Todo material rígido não absorve força concentrando-a nos ângulos
Amálgama é um material frágil (não está relacionada a resistência) ou
seja, não sobre deformidade plástica, formando trincas até um momento
que irá fraturar.
- Retenção mecânica
- Alta rigidez
- Frágil
- Não reforça a estrutura dentária
Resina composta
- Adesiva – não depende do formato do preparo
- Preparo conservador
- Se limita à remoção da cárie, acessar a cavidade e restaurar
Princípios clássicos de preparo de Black
- Forma de contorno: visa delimitar a área da superfície do dente que
deverá ser incluída no preparo cavitário, engloba todo o tecido cariado.
Extensão da cárie – lesões oclusais são maiores que proximais, pelos
primas de esmalte divergentes no sentido pulpar
Material restaurador – resina necessitam de uma forma de contorno
menor do que a do amálgama
Lesão de cárie pequena/ampla
- Remoção de dentina cariada: consiste na remoção de toda dentina que
encontra-se desmineralizada e infectada, pela lesão de cárie, de modo
irreversível. Remover com a colher de dentina.
- Forma de resistência: consiste em se dar forma à cavidade para que a
estrutura dental e material restaurador possam resistir as forças
mastigatórias. Todo esmalte deverá estar suportado por dentina sadia ou
resina/CIV para restaurações em amálgama.
*Resistência - quanto o material é capaz de resistir a algum esforço.
*Esmalte é rígido e frágil, dentina é flexível e resiliente
*esmalte + amálgama são duas estruturas rígidas, portanto essa
restauração não é eficaz por deixar esmalte desapoiado, diferente da
resina que é resiliente.
Paredes circundantes e de fundo planas para evitar trincas e fraturas no
material restaurador.
Ângulos internos arredondados para evitar a fratura do dente através da
concentração da força no ângulo reto, vetor de força para fora do dente.
Ângulos axiopulpares precisam estar arredondados para evitar a fratura
do material restaurador pois o vetor de força se encontra para dentro da
restauração.
Curva reversa de Hollenback (classe II): posição do amálgama na cavidade,
com espessura específica e angulação correta. Forma de preparo para
evitar fratura do dente.
Parede pulpar deve ser perpendicular ao longo eixo do dente e paralela ao
teto da câmara pulpar  espessura homogênea de material na oclusão.
Regular a parede pulpar com CIV para ficar plana caso haja desníveis
Profundidade: espessura mínima de 1,5 a 2 mm (amálgama)
- Forma de retenção: consiste em se dar forma à cavidade com a
finalidade de reter a restauração, evitando o deslocamento do material
restaurador por ação das forças mastigatórias, principalmente por
alimentos pegajosos.
Retenção = embricamento mecânico entre o material restaurador e
paredes cavitárias.
Uma cavidade com profundidade maior ou igual a abertura é auto
retentiva por natureza desde que as paredes circundantes sejam
paralelas.
Em uma cavidade com a profundidade menor que a abertura, as paredes
circundantes devem estar sempre levemente convergentes para a oclusal.
Nunca para uma restauração de amálgama as paredes circundantes
devem estar divergentes.
Caixa proximal: paredes V e L convergentes para a oclusal.
- Forma de conveniência: consiste em dar ao preparo cavitário
características a fim de facilitar o acesso, a instrumentação da cavidade e
a inserção do material restaurador. Exemplos: afastamento temporário
dos dentes, isolamento absoluto do campo operatório, proteção do dente
vizinho.
- Forma de acabamento das paredes de esmalte: consiste em alisar as
irregularidades das paredes de esmalte e do ângulo cavossuperficial do
preparo cavitário a fim de evitar fraturas.
Objetivos: melhorar a adaptação do material restaurador às paredes
cavitarias que melhora o vedamento marginal, que diminui a infiltração
marginal.
- Resina: preservação do esmalte socavado
- Amálgama: remoção do esmalte sem suporte

- Limpeza da cavidade: consiste em remover os resíduos do preparo


cavitário antes da inserção do material protetor e/ou restaurador.
Germicidas  clorexidina, água oxigenada 2%
Detersivos  tergentol
Alcalinizantes  produtos à base de hidróxido de cálcio
Aula: Isolamento do campo operatório
- Campo seco e limpo
- Melhor visualização
- Isolar/afastar os tecidos
- Melhorar a adesão
- Evitar expansão do CIV
Isolamento relativo: com uso de algodão e sugador, controla a umidade
do campo por meio da absorção e eliminação dos fluidos salivares.
Podendo associar com afastador de mucosas.
- Para restaurações provisórias ou quando não se consegue fazer o
isolamento absoluto (alergia ao lençol de borracha – pode tentar usa a
luva de vinil –, pessoa respiradora bucal ou pessoas aflitas com a técnica)
- Sublingual: dois roletes de cada lado se necessário
- Indicações: intervenções de curta duração; aplicação tópica de flúor e
selante; restaurações provisórias; colagem de bráquetes ortodônticos;
cimentação de peças protéticas (desde que não se use um cimento
resinoso); erupção parcial dos dentes (não consegue colocar grampo);
pacientes alérgicos a borracha e com dificuldades respiratórias.
- Fio retrator: serve para retrair a gengiva para acessar lesões classe V
- Barreira gengival
Isolamento absoluto: deve-se sempre fazer preferencialmente.
- Vantagens: campo operatória mais limpo, seco, menor conteúdo de
bactérias prevenindo melhor a contaminação pela saliva, sangue ou
outros fluidos tissulares; passível de desinfecção; retração e proteção dos
tecidos moles; proteção contra a deglutição de materiais odontológicos;
melhor visibilidade; condições adequadas para inserção dos materiais;
proteção do paciente; redução da fadiga do operador, aumentando a
eficiência (sem necessidade de trocar algodão, etc); contenção da língua e
bochechas em seus movimentos.
- Arco de Ostby: melhor utilizado para a endodontia, estica mais o lençol.
- Arco de Young:
- Lençol por baixo do arco, deve visualizar o arco
- Independente de trabalhar com dentes superiores ou inferiores a
posição do arco é com a parte aberta para o nariz e parte côncava para o
queixo;
- Tesoura para tirar o isolamento
- Pinça perfuradora Ainsworth: possui 4 furos, o maior furo para qualquer
dente que tenha grampo – molar segundo maior furo – pré-molares e
caninos no furo médio – incisivos centrais e laterais superiores no segundo
menor furo – incisivos centrais e laterais inferiores no menor furo
- Grampo: possui asa, arco que sempre fica para a distal (exceto na
endodontia que pode ser usado para a mesial também), orifícios para
colocar e remover o grampo com a pinça, garra para fixar no dente (pode
alterar de tamanho – alterando a indicação do dente usado) e projeção
lateral.
 200 a 205: grampos de molares com garra mais larga;
 206 a 209: grampos de pré-molares;
 210 a 212: grampos de dentes anteriores e erupcionados;
 212: usado para realizar retração gengival de anteriores e pré-
molares;
 212R e L: usado em duas classes V juntas
*Quanto maior o número menor a garra do grampo
 14A e W8A: para molares pouco erupcionados;
 26: grampo sem asa para molares.
- Todo grampo com asa é levado na boca com lençol
- Todo grampo sem asa é levado na boca sem lençol
- Pinça porta grampo (palmer)
- Sugador por baixo do isolamento
Quais dentes deve isolar?
- Deve-se isolar pelo menos dois dentes a distal do dente a ser restaurado
e dois dentes a mesial, exemplo: dente a ser restaurado é o 15 deve-se
isolar o 17 até o 13 (pelo menos até o canino do lado oposto no
laboratório); caso o dente restaurado seja o segundo molar e não tiver o
terceiro molar deve-se isolar o próprio segundo molar.
- Dentes anteriores: se for fazer o isolamento com grampo isola-se de 1º
PM a 1ºPM do lado oposto com os grampos nos 2º pré-molares, só precisa
anestesiar se o grampo for na papila e estiver incomodando muito o
paciente. Sem grampo isola-se de canino a canino (deve-se ter um bom
contato entre canino e PM).
- Deve-se analisar os alinhamentos para realizar o isolamento

Profilaxia: deve sempre ser feita antes do isolamento


- Dente seco perde translucidez deixando o dente mais opaco e mais
esbranquiçado

Analisar a pressão entre os dentes com fio-dental, que caso seja muito
alta, usar uma lixa para diminuir a pressão.
Usar o fio-dental para ajudar a encaixar o lençol de borracha.
Técnica da amarria: amarrar dente a dente com fio-dental jogando o
lençol para dentro do sulco gengival. Facilitar a inversão da borracha no
sulco gengival.
Técnica da espátula suprafill: jogando o lençol de borracha para dentro
do sulco.
Anéis de elástico: alternativa para as amarrias.
Wedjets ou stop de borracha: usados para realizar uma divisão entre o
último dente isolado e o dente abaixo do lençol, sem necessidade de
utilizar grampo.

Amarrar o grampo: com fio dental no arco para evitar que o paciente
degluta o grampo.

Lubrificante: a base de água (KY) para ajudar na passagem do lençol nos


dentes do manequim

Godiva: serve para estabilizar o grampo

Método de perfuração da borracha:


- Divisão em quadrantes
- Mordida em cera
- Carimbo
- Gabarito
- Marcação na boca (ideal)

Sequência antes do isolamento


- Profilaxia
- Testar os pontos com fio dental – se precisar lixar
- Seleção de cor
- Seleção do grampo testando na boca do paciente
- Lubrificação dos lábios

Técnicas de isolamento
- Grampo sem asa: amarrar o grampo e posicionar, montar o lençol no
arco já perfurado e vestir o grampo que já está posicionado.
- Técnica de Ingraham: levar o grampo preso com o lençol para a boca e
depois posicionar o arco, quando ocorre dificuldade de acesso. Asa serve
para segurar o grampo no lençol.
- Técnica conjunto: levar à boca o grampo com o arco e lençol.

Isolamento rasgado: isola só da salivação e não do fluido do sulco.

Remoção do lençol: esticar e cortar


Uso do sugador: sempre
Isolamento em região anterior: canino a canino ou pré a pré.
Isolamento em região posterior: dois dentes para a distal até o
canino/pré-molar do lado oposto
Não isolar apenas o dente a ser restaurado: campo aberto, mimetizar
dentes vizinhos homólogos
Barreira gengival (Top Dam): clareamento de consultório ou pequenos
reparos no isolamento absoluto.
Último material a ser removido: grampo.

Aula: Amálgama
Utilizado na odontologia desde 1895 (formulação publicada por Black).
Ainda é um dos melhores materiais restauradores diretos.
- Maior durabilidade
- Mais acessível
- Material direto
 Vantagens
- Baixa sensibilidade à técnica
- Facilidade de manipulação
- Material “auto selante” – produtos da corrosão se depositam nas
possíveis fendas
- Baixo custo
- Resistência ao desgaste – alto módulo de elasticidade
- Experiência clínica alta
- Fácil remoção
 Indicações: restauração classe I e II em dentes posteriores e algumas
classes V, pacientes com alto risco de cárie pela característica “auto
selante” do amálgama.
 Limitações
- Estética – não é indicado em áreas estéticas
- Presença de mercúrio – composição líquida do amálgama, sendo um
material altamente tóxico, sendo mais relevante no processo de
descarte e confecção do que na cavidade do paciente.
- Ausência de união à estrutura dentária – o preparo cavitário deve
seguir regras para que a restauração fique retida.
- Sujeito à corrosão – libera os componentes na cavidade oral, tendo
contato com o mercúrio por exemplo, pode causar a tatuagem por
amálgama um manchamento nos tecidos moles (por classe V,
principalmente).
- Ação galvânica – provocando choque e dor em contato com outros
metais.
- Falta de resistência nas bordas – friável.
 Composição
- Composição líquida: Hg – mercúrio, permite a formação de uma
massa coesa e plástica, facilita a amalgamação mais rápida; amálgamas
com menor quantidade de mercúrio, geralmente apresentam melhores
propriedades e a quantidade insuficiente causa contração.
- Composição do pó:
- Ag (prata) está em maior quantidade (40 a 70%), aumenta a
resistência mecânica; aumenta a resistência à corrosão; diminui o
escoamento (creep – escoamento a pressão, que quanto mais baixo
escoa menos); diminui o tempo de presa; aumenta a expansão de
presa sendo um ponto negativo, pois o esmalte não é muito flexível
podendo causar dor e fraturar o dente.
- Sn (estanho): de 25 a 27%, reduz a expansão de presa controlando
a expansão da prata; melhora a amalgamação (mistura); em excesso
(acima de 27%) diminui a resistência e dureza, aumenta a contração
(podendo criar espaços entre dente e restauração) e aumenta o
escoamento (creep), sendo pontos negativos.
- Cu (cobre): < de 6% ou entre 13 a 30% (quantidade varia),
aumenta a resistência mecânica; aumenta a dureza; diminui o
escoamento (creep); diminui a corrosão; aumenta a expansão da prata
e em excesso aumenta a tendência ao escurecimento, o que são
pontos negativos.
- Zn (zinco): pode ou não estar presente, auxilia no processo de
fabricação, reduz a oxidação de outros componentes, reage
rapidamente com o oxigênio; em qualquer quantidade se entrar em
contato com a umidade, provoca expansão tardia. Nos amálgamas que
contenham zinco sempre deve ser feito o isolamento absoluto.
 Classificação
1. Formato da partícula (de pó)
- Partículas irregulares (limalhas): formato irregular, maior
quantidade de Hg (50%) para alcançar toda a superfície da partícula,
necessita de maior pressão de condensação que ocorre na cavidade
através dos instrumentais, granulosas durante a escultura,
propriedades inferiores, entretanto os contatos proximais são
obtidos facilmente.
- Partículas esféricas: formato regular das partículas, demanda
menor quantidade de Hg (42%) sendo preferível, menor pressão de
condensação, fáceis de esculpir, melhores propriedades, entretanto
ocorre uma dificuldade em obtenção de contatos proximais.
- Mistura de limalhas e esferas (misto): incorpora as diferentes
características, precisa de menor quantidade de mercúrio, pressão
de condensação moderada não afetando muito nos pontos de
contatos e consegue esculpir melhor.
- Condensadores de Black: usados para condensar o amálgama na
cavidade. Usar o maior condensador possível compatível com o tamanho
da cavidade e uso de material com partículas esféricas, já com a liga de
formato irregular e mista deve começar a condensação com o menor
condensador, pressionando contra paredes e ângulos e à medida que
chega à superfície pode aumentar o tamanho do condensador.
- Ligas de fase única: partículas convencionais em forma de limalha ou
partículas esféricas. Cu presente de 9 a 20%/
- Ligas de fase dispersa: combinação de partículas convencionais e
partículas esféricas (amálgama misto). Cu presente de 13 a 30%.

2. Conteúdo de cobre
2.1. Baixo teor de cobre: corresponde às ligas de
limalha/convencionais, < 6% de Cu em peso.
Formação da fase ƴ2 (gama 2): maior corrosão, diminuição da
resistência e aumento do creep.
*Creep: deixa amálgama em espessura fina, o que leva a fratura e
formação de espaços entre restauração e dente e microinfiltração.

Reação de cristalização

Ag3Sn (pó - gama) + Hg (líquido) ↔ Ag2Hg3 (gama 1) + Sn7Hg (gama 2) +


Ag3Sn (pó não reagido - gama)

- Pó mistura com o líquido, portanto o mercúrio mistura com todos os


componentes do pó
- Formação de 3 fases
Gama: pó não misturado - AgSn
Gama 1: líquido misturado com a prata - AgHg
Gama 2: líquido misturado com o estanho, (SnHg) – reduz a resistência
e dureza / aumenta a corrosão e creep.

Aumenta as propriedades mecânicas: gama > gama 1 > gama 2


Como melhorar? Diminuir a formação de fase gama 2 / diminuir a
reação entre estanho e mercúrio.
Excesso de mercúrio – Eames (1959): técnica do mercúrio mínimo,
Hg/liga = 1:1 em peso (50-50%);
Fase gama 2 – Innes e Youdelis (1963): adição da liga eutética Ag-Cu
criando os amálgamas com alto teor de cobre.

2.2. Alto teor de cobre: corresponde às ligas esféricas e mistas,


adição de partículas esféricas com alto teor de cobre eutético
(AgCu).
Formação da fase gama 2: eliminada no resultado final com a reação
da liga eutética (AgCu) com a fase gama 2 = CuSn + gama 1 (AgHg)
Fase dispersa
Reação de cristalização (adiciona o eutético)
Ag3Sn + Hg + Ag3Cu2 (eutético) ↔ Ag2Hg3 (gama 1) + Sn7Hg (gama 2) +
Ag3Sn (pó não reagido - gama) + eutético sobra
Reação secundária
Sn7Hg (gama 2) + Ag3Cu2 (eutético) ↔ Ag2Hg3 (gama 1) + Cu3Sn (Fase
eta)
- Formação da fase eta e eliminação da fase gama 2 aumenta a
resistência do amálgama com alto teor de cobre.
Fase única – já vem com a fase eta
[Ag3Sn + Cu3Sn] (fase eta dentro do pó) + Hg ↔ Ag2Hg3 (gama 1) + CuSn
(Fase eta) + Ag3Sn (gama)
- Não forma a fase gama 2

3. Presença de zinco
- Age como antioxidante
- Em contato com a saliva na cavidade, durante a condensação, libera
gases de hidrogênio e sofre expansão tardia, por isso, deve ser colocado
sob isolamento absoluto.
Zn + H20  ZnO + H2 (gás, faz a expansão tardia do amálgama)
- Expansão tardia: ocorre de 3 a 4 dias após a restauração e pode causar
dor intensa, de 10 a 12 dias após a restauração. Tratamento deve ser feito
através da remoção, pois ultrapassa as margens do preparo.
3.1. Ligas sem zinco: menor ou igual 0,01% em peso de Zn, são mais
frágeis, menor plasticidade durante a condensação;
3.2. Ligas com zinco: mais que 0,01% em peso de Zn, são menos
frágeis e melhor plasticidade durante a condensação.

 Propriedades (restauração)
- Alta resistência à compressão
- Baixa resistência à tração – deve ser compensado através do preparo
mais retentivo possível
- Frágil – não recebe deformação plástica fraturando, deve ser
compensado através de uma boa espessura do amálgama (pelo menos 1
mm)
- Rigidez semelhante à do esmalte – módulo de elasticidade
- Creep – pode ser mais alto (baixo teor de Cu) ou menos alto (alto teor de
Cu)
- Corrosão – sofre menos corrosão os amálgamas de alto teor de cobre,
entretanto, os produtos da corrosão realizam o vedamento
marginal/auto-selante; pode causar manchamento do dente e/ou tecido
mole (tatuagem por amálgama), principalmente o de baixo teor de cobre.
- Bom condutor térmico e elétrico – podendo causar choque galvânico e
não se pode restaurar cavidades profundas com amálgama direto,
necessitando de um forro de CIV.
- Galvanismo
 Restauração de amálgama
- Proporção Hg/liga: técnica do mercúrio mínimo (Eames) – limalha = 50%
em peso de Hg e esférica = 42% em peso de Hg.
- Técnicas de proporção
- Liga (pó) + mercúrio (líquido)
- Cápsula
- Cápsula pré-dosada – já vem com o material preparado
- Amalgamadores: aperta a cápsula e posiciona no amalgamador, possui
um garfo que prende a cápsula, e vai realizar a trituração.
- Trituração: processo de misturar o pó-líquido, podendo realizar um
sobretriturado (muito misturado, com aparência mais brilhosa), um
amálgama ideal ou um subtriturado (pouco misturado, com aparência
craquelada).
- Subtrituração: aumenta o tempo de trabalho, corrosão, expansão,
porosidade e chance de fratura. Diminui a resistência, polimento e
facilidade de escultura.
- Supertrituração: aumenta a contração, lisura e resistência. Diminui
porosidades, irregularidades e tempo de trabalho.

 Toxicidade e alergia
- Nível sanguíneo de Hg em uma pessoa com restauração de amálgama =
0,7 ng/ml
- Nível sanguíneo de Hg em uma pessoa sem restauração de amálgama =
0,3 ng/ml
- Nível sanguíneo de Hg em uma pessoa que faz ingestão semanal de
frutos do mar = 2,3 a 5,1 ng/ml
- Cuidados:
- Verificar o selamento da cápsula durante a amalgamação, e se
apertou até o final;
- Usar EPI completo sempre;
- Não tocar no amálgama, recolhendo com algodão/gaze;
- Guardar todo o restante de amálgama em água contendo sulfato
de sódio e todos os materiais descartáveis que entraram em contato
com o amálgama;
- Evitar trabalhar com o amálgama no calor;
- Usar refrigeração e sucção durante acabamento e polimento;
- Realizar testes de nível de mercúrio o dentista que trabalha muito
com o amálgama.
- Pode causar dermatite de contato que afeta 1% da população, podendo
realizar um teste alérgico antes de fazer uma restauração no paciente.

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