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Mas qual o padrão?

Como defino a metodologia?


Ebook Quais os itens mais básicos e que estão
sempre presentes em um projeto científico
8 orientações para
ou de iniciação científica, na área da saúde?

planejar seu TCC


Aliás qual a diferença entre estes?

em saúde

vitalknowledge.com.br
INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR:

Flávia Maria Ribeiro Vital


flaviavital@vitalknowledge.com.br

Graduada em Fisioterapia pela UFJF


Especializada em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela USP
Especializada em Avaliação tecnológica em Saúde pela
UFRGS
Doutora em Ciências pela UNIFESP, ênfase em Saúde Basea -
da em Evidências
Especialista em Fisioterapia Oncológica
Autora do livro “Fisioterapia em oncologia: protocolos assis -
tenciais”
Atuou por 16 anos no Hospital do Câncer de Muriaé –
Fundação Cristiano Varella como coordenadora do serviço
de fisioterapia e do Programa de Aprimoramento de Fisioter -
apia em Oncologia
Diretora da Vital Knowledge
Diretora do Centro Afiliado de Minas Gerais ao Centro Co -
chrane do Brasil
Professora-orientadora da Pós-graduação Stricto-sensu em
Oncologia da USP
Coordenadora das Pós-graduações Lato-sensu de Oncolo -
gia Interdisciplinar da PUC-Rio

Referência para citação: Vital, F. M. R. 8 orientações para planejar


Edição e publicação: Vital Knowledge (https://vitalknowledge.com.br/)
seu TCC em saúde. Vital Knowledge: Muriaé, 2020. E-book (4-27).
Ano: Disponível
2020 em: <https://vitalknowledge.com.br/ebooks/Ebook-8-
orientações-para-planejar-seu-TCC-em-saúde-V2.pdf>. Acessado em

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INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR:

Flávia Maria Ribeiro Vital


flaviavital@vitalknowledge.com.br

Graduada em Fisioterapia pela UFJF


Especializada em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela USP
Especializada em Avaliação tecnológica em Saúde pela
UFRGS
Doutora em Ciências pela UNIFESP, ênfase em Saúde Basea -
da em Evidências
Especialista em Fisioterapia Oncológica
Autora do livro “Fisioterapia em oncologia: protocolos assis -
tenciais”
Atuou por 16 anos no Hospital do Câncer de Muriaé –
Fundação Cristiano Varella como coordenadora do serviço
de fisioterapia e do Programa de Aprimoramento de Fisioter -
apia em Oncologia
Diretora da Vital Knowledge
Diretora do Centro Afiliado de Minas Gerais ao Centro Co -
chrane do Brasil
Professora-orientadora da Pós-graduação Stricto-sensu em
Oncologia da USP
Coordenadora das Pós-graduações Lato-sensu de Oncolo -
gia Interdisciplinar da PUC-Rio

Referência
Edição para citação:
e publicação: Vital, F. M. R. 8(https://vitalknowledge.com.br/)
Vital Knowledge orientações para planejar
seu TCC em saúde. Vital Knowledge: Muriaé, 2020. E-book (4-27).
Ano: Disponível
2020 em: <https://vitalknowledge.com.br/ebooks/Ebook-8-
orientações-para-planejar-seu-TCC-em-saúde-V2.pdf>. Acessado em

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POR ONDE COMEÇAR A PLANEJAR MEU TCC?

Para escrever um trabalho de conclusão de curso (TCC) de gradu -


ação ou especialização ou mesmo ao criar um projeto de pesquisa
para tentar entrar para um mestrado na área da saúde, há sempre
a dúvida: por onde começar? Esta pergunta gera angústia e ainda
mais tensão se existe um prazo a ser cumprido!

Todavia, escrever um TCC é uma excelente oportunidade de


desenvolver em profundidade o conhecimento em determinado
tema, pois se tornará uma informação tratada junto a processos
mentais, insights, crenças, valores e experiências, o que tende a
ser melhor absorvida e provocar mudanças na tomada de decisão
e comportamento em relação ao tema escolhido.

Uma vez que o modelo de TCC


pode variar por instituição e
desenho de estudo, este e-book
tem por objetivo apenas orientar
os principais itens que não
podem faltar em um TCC em
saúde, pois todo projeto científi -
co segue um padrão e deve ter
uma metodologia definida, con -
siderando que método científico
é o grupo de regras essenciais
para se chegar a um novo conhe -
cimento ou revisar um antigo.

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Mas qual o padrão?
Como defino a metodologia?
Quais os itens mais básicos e que estão
sempre presentes em um projeto científico
ou de iniciação científica, na área da saúde?
Aliás qual a diferença entre estes?

A diferença está no rigor met - Portanto, todo estudo científico


odológico, ou seja, quanto segue um padrão para auxiliar
mais rigoroso, mais próximo na estruturação do pensamen -
da verdade seu resultado se to entre a ideia que o norteou e
aproxima. a resposta que o estudo traz.

Portanto, em um trabalho de
iniciação científica, geralmente
tem por objetivo introduzir o
conhecimento sobre o padrão
Estudos com coleta de dados,
de um estudo científico que
por exemplo, devem seguir um
muitas vezes é a proposta de
padrão que possa ser replica -
um TCC, enquanto a nível de
do por outros de forma a se
mestrado e doutorado a ênfase
obter o mesmo resultado do
estará na metodologia do
estudo proposto. Mas como
estudo, buscando um aper -
disse René Descartes, “para
feiçoamento para se chegar a
compreender o todo, basta
uma resultado que mostre um
compreender as partes”, por -
efeito da análise do fenômeno
tanto, para interpretarmos os
em observação que seja próxi -
resultados, as partes, ou seja,
mo da verdade.
os métodos, devem estar
claramente descritos.

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Quanto mais informações que esclareçam o processo realizado
para se chegar ao resultado, tentando controlar as tendenciosi -
dades a determinado resultado, mais próximo do conhecimento
verdadeiro, ou seja da ciência, ele estará. Pois o que um estudo
científico intenciona fazer é testar uma hipótese, ou seja, testar se
uma ideia/conhecimento empírico é verdadeiro.

A hipótese só será considerada verdadeira se o método utilizado


permitir que a análise do fenômeno em estudo seja significativa,
comprovada por testes estatísticos, e cuja repetição do teste em
outras amostras apresente sempre resultados semelhantes.

Para auxiliar na estruturação de um TCC seguem algumas orien -


tações básicas, mas fundamentais pra trazerem clareza na con -
strução do mesmo.

ORIENTAÇÃO 1
IDENTIFICAR DÚVIDA DA PRÁTICA DA PROFISSÃO

Antes de definir o título de um estudo é


importante que ter clareza de qual tema
se tem intenção de aprofundar o conheci -
mento. A melhor forma de definir isso é
identificando uma dúvida da prática
profissional. Essa dúvida pode estar rela -
cionada a frequência com que um proble -
ma de saúde ocorre, ao prognóstico da
evolução do problema, como diagnos -
ticá-lo, como preveni-lo ou como tratá-lo.

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Escreva uma dúvida da sua profissão que você tenha agora!

ORIENTAÇÃO 2
ESTRUTURE A SUA PERGUNTA/DÚVIDA CLÍNICA

A segunda etapa consiste em realizar definições considerando


dúvidas clínicas da prática profissional. São várias as dúvidas que
surgem ao longo da formação ou mesmo durante a fase profission -
al, pois se elas não existissem a profissão não se desenvolveria
cientificamente... Pois toda pesquisa tem como norte uma dúvida
clínica que intenciona ser respondida!

Uma pergunta clínica bem estruturada deve conter os principais


elementos que serão considerados na análise do fenômeno que se
intenciona investigar.

Para dúvidas em relação ao efeito de uma intervenção em saúde,


por exemplo, podemos utilizar da metodologia PICO para definir os
principais elementos que devem compor uma pergunta clínica
estruturada.

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P PACIENTE, POPULAÇÃO, PROBLEMA

I INTERVENÇÃO

C COMPARAÇÃO, CONTROLE

O OBJETIVO - DESFECHO

Portanto, é necessário definir o “P” do PICO, buscando


P responder:

Qual a população ou perfil de pacientes intenciono


investigar?
Qual problema de saúde?
Qual o diagnóstico?

No “I” do PICO é onde deve ser definida a nova alterna -


I tiva de intervenção, ou seja, aquela que será compara -
da ao tratamento padrão da atualidade, ao placebo ou
a ausência de intervenção. Ela pode ser:

Medicamento;
Procedimento;
Equipamento;
Teste diagnóstico.

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O “C” do PICO deve descreve a intervenção controle
C que sirva de parâmetro de comparação para que pos -
samos “dosar” o tamanho do efeito da nova inter -
venção. Ele pode ser definido como:

Intervenção padrão que atualmente é a mais utiliza -


da para o problema de saúde;
Intervenção placebo;
Ausência de uma intervenção.

O “O” do PICO representa o desfecho principal, ou seja,


O aquele resultado que é considerado o mais importante
de ser alcançado como efeito da nova intervenção. Ele
pode ser entre outros:

Mortalidade;
Tempo de sobrevida;
Redução de sintomas;
Capacidade funcional;
Qualidade de vida;
Efeitos colaterais;
Recidivas;
Tempo de internação;
Custos…

Segue o exemplo de uma pergunta clínica estruturada no modelo


do PICO: Ventilação não-invasiva (VNI) comparada ao tratamento
padrão (TP) no edema pulmonar cardiogênico é efetiva em reduzir
a mortalidade?

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P Pacientes adultos com edema pulmonar cardiogênico

I VNI + TP

C Tratamento padrão

O Mortalidade

Observe os termos que compõe esta dúvida clínica. Foi definida


qual a População se intencionou investigar (pessoas que desen -
volvem edema pulmonar cardiogênico), assim como a Intervenção
que se intencionava quantificar seu efeito (ventilação com pressão
positiva não-invasiva) em relação a um parâmetro de referência
(Controle - tratamento médico padrão) e ainda o que se esperava
que fosse melhorado como efeito desta intervenção em investi -
gação (resultado do Objetivo).

Todavia se o seu TCC for um estudo não experimental, você não


terá uma Intervenção e, portanto, não precisará definir o “I” e o “C”.

Escreva os elementos PICO da sua dúvida clínica agora!


P
I
C
O

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ORIENTAÇÃO 3
DEFINA O SEU TÍTULO
O título, semelhante ao que foi utilizado na estruturação da pergun -
ta clínica, pode, também, utilizar os elementos do PICO. Alguns
modelos que deixam o título claro e objetivo seguem a seguinte
estrutura utilizando os elementos do PICO:

Possibilidades Estrutura Exemplos


Básica [Intervenção] - Dieta hipoglicêmica para
para prevenção de doença cardio -
[problema de saúde] vascular
- Educação do paciente para
prevenir úlcera no pé de
diabéticos

Comparação entre 2 [Intervenção A] - Mobilização precoce versus


intervenções ativas versus tardia após AVC
[intervenção B] - Pilates comparado a fisiotera -
para pia tradicional para lombalgia
[problema de saúde]

Tipo de população ou [Intervenção] - Dieta, exercício ou ambos para


local onde a inter - para redução de peso em mulheres
venção é conduzida [problema de saúde] pós-puerpério
em - Antidepressivos para
[grupo de partici - depressão em idosos insti -
pantes /localização] tucionalizados

Escreva o seu título agora!

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ORIENTAÇÃO 4
EMBASE SEU CONHECIMENTO NO TEMA
Se você tem dúvidas sobre o tema e resolveu estudá-lo a fundo é
porque ainda não tem domínio sobre ele, certo? Portanto, a próxima
etapa é estudar os conhecimentos científicos existentes que em -
basam sua linha de raciocínio. Isto trará clareza as suas argumen -
tações. Para tal, será necessário realizar uma revisão da literatura
sobre o tema, em busca de informações como definição do proble -
ma de saúde, as características epidemiológicas e fisiopatológicas
deste problema, sua evolução natural, os fatores de risco para
desenvolvê-lo, como se faz o diagnóstico e quais os tratamentos já
existem para tentar controla-lo. Assim como informações sobre as
características da intervenção que se quer investigar, ou seja, seu
mecanismo de ação, indicações e contraindicações, evidências
demonstrando sua efetividade em outras condições clínicas etc.

Portanto, procure realizar uma busca por informações em bases de


dados confiáveis na área da saúde e construa pelo menos um
parágrafo sobre cada um dos itens listados abaixo e desta forma
monte sua introdução.

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Como exemplo de bases de dados de estudos científicos ras -
treáveis em português podemos citar:

SciELO (https://www.scielo.br/);

BIREME (https://bvsalud.org/);

Periódicos CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br/) ;

Cochrane Library (https://www.cochranelibrary.com/) a qual


possui vários resumos de revisões sistemáticas em português,
além de revisões completas e resumos de outros desenhos de
estudo em inglês.

Caso tenha habilidades com o inglês não deixe de consultar,


também, o PUBMED (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/) .

Obs.: Não se esqueça de registrar a fonte das referências bibliográficas


que utilizar sempre próximo do texto que construiu utilizando a
referência e descrever a referência completa no final do TCC. Lembran -
do que a cópia integral do texto de outro autor é considerada plágio!

Realize suas buscas e escreva o resumo de cada subtítulo proposto


para sua introdução agora!

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ORIENTAÇÃO 5
Mas qual o padrão?
DESCREVA SUA JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO
Como defino a metodologia?
Ao seguir as orientaçõesQuais
anteriores, você
os itens maisestará preparado(a)
básicos e que estãopara
escrever a justificativa para realizar
sempre o estudo
presentes em que está propondo
um projeto científicoe
esta pode constar comoou último parágrafo
de iniciação da sua introdução.
científica, na área da saúde?
Aliás qual a diferença entre estes?
Justificativa para realizá-lo (porque é necessário realizá-lo).

Escreva sua justificativa agora!

ORIENTAÇÃO 6
DEFINA OS OBJETIVOS DO ESTUDO
A próxima etapa é definir quais seriam seus objetivos ao realizar o
estudo neste tema, o que se pretende responder com o estudo. Por -
tanto, descreva seu:

Objetivo Primário
É o mais relevante, é aquele que tende a resolver o maior
impacto a saúde que o problema de saúde poderia
causar e que a intervenção poderia ajudar a resolver ou a
quantificação do risco do problema.

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Objetivos Secundários
Seriam aqueles que você acredita (considerando a litera -
tura, experiência clínica ou o raciocínio fisiopatológico)
que poderiam ser alcançados como resultado do efeito
da intervenção proposta ou serão observados.

Escreva seus objetivos agora!

ORIENTAÇÃO 7
DEFINA QUAL DESENHO DE ESTUDO UTILIZARÁ
Para testar a sua ideia você deverá propor uma metodologia para
que possa organizar os elementos do seu estudo o que te auxiliará
na condução do mesmo e na interpretação dos achados, além de
permitir a reprodução do caminho necessário para se obter resul -
tados semelhantes em populações semelhantes.

A depender do tipo de dúvida clínica, existe o desenho de estudo


que mais adequadamente tende a respondê-la, ou seja, existe uma
metodologia que melhor controla os vieses e tende a trazer uma
resposta mais válida e confiável. Estudos com grande rigor met -
odológico, podem ter logística complexa e alto custo. Desta forma,
desenhos de estudos mais factíveis de serem conduzidos por
questões de tempo ou recursos são os mais encontrados na

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literatura e embora tenham menor validade e confiabilidade por
controlarem menos possíveis vieses desde o planejamento até sua
interpretação, dependendo do contexto, podem ser o único desen -
ho possível por questões éticas.

Desenhos de estudos ideais de acordo com o tipo de dúvida clínica:

Exemplos de tipos de dúvidas clínicas e desenhos ideais para


responde-las:

Diagnóstico - E. Acurácia

Ex.: Em um sujeito com câncer de esôfago, qual a probabilidade da


avaliação nutricional identificar desnutrição em quem realmente está
desnutrido?

Prognóstico - Coorte

Ex.: Em um sujeito com Ca de mama que realizou uma mastectomia,


quais as chances de retornar ao trabalho ao finalizar o tratamento?

Tratamento - ECR

Ex.: Em um sujeito com Ca de laringe que realizou quimioterapia, quais


as chances de estar curado (livre da doença em 5 anos)?

Profilaxia - ECR

Ex.: Orientações de cuidados com ostomia melhora a auto-eficácia


dos cuidados em ostomizados devido a câncer de cólon?

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Desenhos de estudos mais fáceis de serem conduzidos:

Desta forma, a etapa agora é definir o desenho de estudo a ser apli -


cado para que se possa construir a metodologia que será utilizada.
A escolha do desenho do estudo pode ser confusa quando esta -
mos diante do primeiro estudo científico a ser desenhado. Portan -
to, será descrito abaixo algumas classificações utilizadas para aux -
iliar a identificar a descrição do desenho de estudo que melhor se
encaixa a sua dúvida.

Classificação quanto a Modalidade da Pesquisa

Exploratória – tem por objetivo a caracterização inicial do proble -


ma e constitui a primeira etapa de toda a pesquisa científica.

Teórica – tem por objetivo ampliar os fundamentos teóricos, definir


leis mais amplas, estruturar sistemas e modelos teóricos, relacio -
nar hipóteses.

Aplicada – tem por objetivo investigar, confirmar ou rejeitar hipóte -


ses sugeridas pelos modelos teóricos.

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Campo – observa os fatos e como eles ocorrem. Nos permite sepa -
rar e controlar as variáveis, além de perceber e estudar as relações
estabelecidas.

Experimental – determina um objeto de estudo, seleciona variáveis


capazes de influenciá-lo, define as formas de controle e de obser -
vação dos efeitos que cada variável produz no objeto.

Bibliográfica – recupera o conhecimento científico acumulado


sobre um tema/problema.

Classificação considerando os Objetivos de Pesquisa

Exploratória – proporcionar mais familiaridade com o problema;


pesquisa bibliográfica, estudos de caso e enquetes.

Descritiva – fatos são observados, registrados, analisados, classifi -


cados e interpretados sem a interferência do pesquisador; uso de
técnicas de coleta de dados na pesquisa e em observações
sistemáticas.

Explicativa/analítica – identificar fatores determinantes para a


ocorrência dos fenômenos; para ciências naturais, é um método
experimental e, para ciências sociais, é um método observacional.

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Classificação quanto as Formas de Abordagem da Pesquisa

Quantitativa – traduz em números as opiniões e informações para


que sejam classificadas e analisadas. Geralmente, utiliza técnicas
estatísticas.

Qualitativa – busca o estudo de aspectos específicos, particulares,


aplicado a grupos também específicos, com abordagem bastante
ampla, e buscando saber como as pessoas veem e se sentem
quando estão diante das situações estudadas. Aplicam métodos
de investigação, enquetes e leitura.

Eliminando os estudos laboratoriais e considerando apenas os


estudos epidemiológicos e demográficos que investigam a saúde
da população e os fatores determinantes para o risco e agravos de
doenças, assim como eventos associados com a saúde, onde se
busca estudar a relação causa-efeito ou saúde-doença podemos
utilizar da classificação experimental e observacional.

OBSERVACIONAIS EXPERIMENTAIS

Intervenção direta do
Não Existe pesquisador com a Existe
relação analisada

Grupos Classificados Distribuição da Grupos estabelecidos por


no início do estudo amostra em grupos processos aleatórios

Em um estudo com alcoólatras, Em um estudo para compro -


não se pode induzir um grupo a var a efetividade da glucosam -
tornar-se alcoólatra. Então, em ina para aliviar a dor de
uma pesquisa, incluímos um Exemplo osteoartrite nos joelhos, se
grupo de pessoas que já eram ministra esta substância para
alcoólatras com um grupo um grupo e placebo para um
controle de não alcoólatras. grupo controle.

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Outra forma de classificar os estudos é em estudos primários e
secundários

Estudos Primários
São pesquisas originais, em que os dados colhidos ou variáveis ob -
servadas e analisadas no estudo (por um pesquisador) estão rela -
cionados a aplicação de intervenções (estudos experimentais) ou
observações (estudos observacionais).

Exemplos de estudos primários:

Relatos de casos
Estudos transversais (de prevalência)
Ensaios clínicos
Estudos de coortes
Caso-controle

Relato de caso
Descrição detalhada de um ou alguns casos clínicos, geralmente
de um evento clínico raro ou uma nova intervenção. A série de
casos é um estudo com maior número de participantes (mais de
10) e pode ser retrospectivo ou prospectivo.

Pontos positivos: colaboram com o delineamento de casos clínic -


os.

Pontos negativos: possuem limitações importantes e podem levar


a conclusões equivocadas, uma vez que frequentemente avaliam
acontecimentos passados, não possuem grupos de comparação e
apresentam resultados que se aplicam somente àquele paciente
ou grupo de participantes específicos.

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Ex.: Dores Helder, Mendes Lígia, Ferreira António, Santos Jose Fer -
reira. Gradiente Intraventricular Sintomático Induzido pelo Esforço
em Atleta Competitivo. Arq. Bras. Cardiol.[Internet]. 2017Jul;109(1):
87-89.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex -


&pid=S0066-782X2017000700087&lng=pt

Estudos transversais
Medem a frequência da ocorrência das doenças em determinado
tempo e espaço. Estudos de Prevalência medem quantas pessoas
estão doentes. Quando analíticos, podem quantificar a associação
de fatores.

Pontos positivos: fácil desenvolvimento e baixo custo, muito útil


em saúde pública, para avaliar e planejar programas de controle de
doenças.

Pontos negativos: não contribuem para identificar doenças raras.

Ex: Souza dos Santos Macedo, Jane Keyla; Wanderley Souza e


Silva, Gabriela; Pereira Farias, Isadora; De Araujo Novaes, Magdala;
Vasconcelos, Eveline Lucena; Batista Ferreira e Pereira, Emanuela.
Análise do grau de dependência de cuidados de enfermagem em
uma unidade de recuperação pós-anestésica. Enferm. actual Costa
Rica (Online) ; (38): 89-102, Jan.-Jun. 2020.

Disponível em: http://www.scielo.sa.cr/scielo.php?script=sci_arttex -


t&pid=S1409-45682020000100089

21
Casos-controle
Estudos de grupos semelhantes, selecionados a partir de uma pop -
ulação de risco que compara doentes versus não doentes retro -
spectivamente, considerando a exposição e os possíveis fatores de
risco a que a amostra de doentes foi exposta (no passado).

Pontos positivos: útil para identificação de fatores de risco e


doenças raras ou novas e, para a exposição de fatores prognósti -
cos de doenças com longo período de latência.

Pontos negativos: por analisar dados retrospectivos estão sujeitos


a falhas nos registros.

Ex.: Caminha Maria de Fátima Costa, Cruz Rachel de Sá Barreto


Luna Callou, Acioly Victor Montenegro Cavalcanti de, Nascimento
Rodrigo Rocha do, Azevedo Pedro Tadeu Álvares Costa Caminha
de, Lira Pedro Israel Cabral de et al. Fatores de risco para a não
amamentação: um estudo caso-controle. Rev. Bras. Saude Mater.
Infant.[Internet]. 2015June;15( 2 ): 193-199.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex -


t&pid=S1519-38292015000200193&lng=en

Coorte
Estudo longitudinal, prospectivo e observacional no qual um grupo
de pessoas é acompanhada por determinado tempo. Os desfechos
são comparados a partir da observação ou não de uma intervenção
ou outro fator de interesse para análise posterior de incidência da
doença.

Pontos positivos: calcula o Risco Relativo (RR) e estabelece etiolo -


gia e fatores de risco, sendo apropriado para descobrir a incidência
e a história natural de uma condição de saúde.

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Pontos negativos: são demorados e podem ser caros.

Ex.: Carvalho Mariana de Sousa Ribeiro de, Pereira Ana Maria


Gomes, Martins João Alfredo, Lopes Reginaldo Coelho Guedes.
Fatores preditores de recorrência do endometrioma ovariano após
tratamento laparoscópico. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.[Internet].
2015Fev;37( 2 ): 77-81.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex -


t&pid=S0100-72032015000200077&lng=pt

Ensaio Clínico Randomizado


Os participantes do estudo são distribuídos aleatoriamente para
aplicação de uma intervenção (ex.: tratamento farmacológico,
fisioterapia, dieta, orientação) comparada a outra intervenção (ex:
tratamento placebo). Os grupos são acompanhados por um perío -
do de tempo e analisados por desfechos específicos, definidos na
metodologia do estudo.

Pontos positivos: ideal para avaliação de intervenções terapêuticas


e profiláticas.

Pontos negativos: podem possuir custos elevados e serem demor -


ados. Às vezes, impossíveis de se realizar por questões éticas,
casos raros ou de período prolongado de acompanhamento.

Ex.: Marquini, Gisele Vissoci; Pinheiro, Francisco Edes Silva; Vieira,


Alfredo Urbano Costa; Pinto, Rogério Melo Costa; Uyeda, Maria Ga -
briela Baumgarten Kuster; Girão, Manoel João Batista Castello; Sar -
tori, Marair Gracio Ferreira. Efeitos da abreviação do jejum pré-oper -
atório com solução de carboidrato e proteína em sintomas pós-op -
eratórios de cirurgias ginecológicas: ensaio clínico randomizado
controlado duplo-cego. Rev Col Bras Cir ; 46(5): e20192295, 2020.

23
Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex -
t&nrm=iso&lng=pt&tlng=pt&pid=S0100-69912019000500158

Ge te
- Relatos ou série de casos

Hi

ra ses

m
- Estudos de Prevalência - Tranversais
Descritivos
- Estudos de Incidência - Longitudes
Observacionais - Estudos Ecólogicos ou Demográficos

Co
- Estudos de Coortes

m
Hi

pr ese
Ri

ov s
sc
o

am
Estudos de Caso-Controle

t
Analítico

Temática
Experimentais
- Ensaios Clínicos Randomizados
(Intervenção)

Estudos secundários
Geralmente utilizam os estudos que já existem (publicados) para
analisar as melhores evidências. Buscam estabelecer conclusões a
partir dos estudos primários com um resumo ou sistematização
dos dados encontrados, que são comuns a estes estudos.
Exemplos de estudos secundários:

Revisão sistemática
Revisão narrativa
Revisão integrativa
Metanálises
Avaliação de tecnologia
Avaliação econômica
Guias de prática clínica

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Revisão sistemática
Reúne, de forma organizada, os resultados de estudos primários
relacionados a uma intervenção específica, com aplicação de
método explícito, reproduzível e sistematizado de pesquisa, análise
crítica e síntese dos estudos selecionados.

Fator positivo: é útil para integrar dados de estudos clínicos


primários que podem apresentar resultados conflitantes e/ou coin -
cidentes.

Pontos negativos: são trabalhosos.

Ex.: Berbenetz N, Wang Y, Brown J, Godfrey C, Ahmad M, Vital


FMR, Lambiase P, Banerjee A, Bakhai A, Chong M. Non‐invasive
positive pressure ventilation (CPAP or bilevel NPPV) for cardiogenic
pulmonary oedema. Cochrane Database of Systematic Reviews
2019, Issue 4. Art. No.: CD005351. DOI:
10.1002/14651858.CD005351.pub4.

Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/ -


doi/10.1002/14651858.CD005351.pub4/epdf/full
Ou como tese em português em: https://core.ac.uk/download/pd -
f/37724828.pdf

Metanálise
A metanálise é um método estatístico muito utilizado na revisão
sistemática para integrar dados dos estudos incluídos. É uma
análise das análises, ou seja, os dados são combinados e sintetiza -
dos através de processos estatísticos para produzir uma única esti -
mativa ou índice que caracteriza o efeito de uma determinada inter -
venção.

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Pontos positivos: ao combinar os dados e a amostra de vários
estudos, aumenta a amostra total, o que melhora o poder estatísti -
co de análise, assim como a precisão do que foi estimado como
efeito do tratamento.

Pontos negativos: a interpretação pode ser tendenciosa e se


afastar verdade se a seleção dos estudos incluídos permitir mistu -
rar diferentes desenhos de estudos. Sua condução associada a
uma revisão sistemática prévia é o ideal.

Ex.: Ribeiro Rívian Xavier, Nascimento Cícera Isabella Leão Leite,


Silva Antonio Márcio Teodoro Cordeiro. Genotyp e association
GSTM1 null and gastric cancer: evidence-based meta-analysis. Arq.
Gastroenterol.[Internet]. 2017June;54( 2 ): 101-108.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex -


t&pid=S0004-28032017000200101&lng=en

Revisão Não-sistemática ou Narrativa


É um resumo de estudos primários selecionados de forma não
sistemática, uma vez que o método de pesquisa e de seleção dos
estudos não é padronizado e nem explícito.

Pontos positivos: podem ser fáceis de realizar.

Pontos negativos: os resultados podem ser tendenciosos, não pre -


conizam análise da qualidade dos estudos incluídos, não analisam
toda a literatura disponível sobre o tema investigado e geralmente
são inconclusivas.

Ex.: Quinteros D Rocío, López F Valentín, Gutiérrez C Daniela, Carde -


mil M Felipe. Infecciones por micobacterias em otorrinolarin -
gología: Revisión de la literatura. Rev. Otorrinolaringol. Cir. Cabeza
Cuello[Internet]. 2016Abr;76( 1 ): 111-120.

Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttex -


t&pid=S0718-48162016000100016&lng=es
26
Revisão Integrativa
Alternativa para revisar e combinar estudos com diversas metod -
Mas qual
ologias, mas tentando manter o origor
padrão?
metodológico das revisões
sistemáticas. Como defino a metodologia?
Quais os itens mais básicos e que estão
Pontos positivos: a combinação de pesquisas
sempre presentes em um com diferentes
projeto mét
científico -
odos amplia as possibilidades identificação
ou de iniciação e análise
científica, de mais
na área estu
da saúde? -
dos no tema.
Aliás qual a diferença entre estes?
Pontos negativos: metodologia não bem definida, pode dificultar a
análise dos estudos incluídos e possíveis inferências.

Ex.: Neris Rhyquelle Rhibna, Anjos Anna Cláudia Yokoyamados.


Experience of spouses of women with breast cancer: an integrative
literature review. Rev. esc. enferm. USP[Internet]. 2014Oct;48( 5 ):
922-931.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex -


t&pid=S0080-62342014000500922&lng=en

ORIENTAÇÃO 8
ESCREVA A METODOLOGIA DO SEU ESTUDO

Considerando o desenho de estudo que melhor tende a responder


a sua dúvida clínica, estude sobre a metodologia do desenho escol -
hido e construa a metodologia do seu TCC, pois será ela que orien -
tará a análise dos dados.

Agora que já sabe por


onde começar, mãos à obra!

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