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Efeitos do Padrão Alimentar Mediterrâneo sobre a

necessidade de medicamentos controle glicêmico em


participantes com diabetes tipo 2: uma análise de
subgrupo do estudo PREDIMED
Dra. Silvia Ramos

 Nutricionista
 Doutora em Ciências da Saúde pela EPM/UNIFESP
 Especialista em Nutrição Materno Infantil EPM/UNIFESP
 Educadora em Diabetes ADJ/SBD/IDF
 Membro do Grupo de Educação em Diabetes - Hrim UNIFESP
 Conselheira do CRN3 – 2020 – 2023
 Consultora da Roche Diabetes Care
 CEO Insira Educacional

Effects of a Mediterranean Eating Plan on the Need for GlucoseLowering Medications


in ParticipantsWith Type 2 Diabetes: A Subgroup Analysis of the PREDIMED Trial
Diabetes Care 2019 Ago; 42 (8): 1390 - 1397.
Um padrão alimentar saudável, como o do Mediterrâneo (Med-EatPlan), é um
componente chave do tratamento do diabetes tipo 2. Este padrão é caracterizado por
uma alta ingestão de azeite, frutas, legumes, nozes e cereais; ingestão moderada de
peixe e aves; uma baixa ingestão de carne vermelha, gorduras e doces; e consumo de
vinho moderado com as refeições.
Coortes prospectivas bem conduzidas e analisadas apoiaram consistentemente a eficácia
do Med-EatPlan para reduzir a incidência de diabetes tipo 2, em um grande estudo de
intervenção, o Prevención con Dieta Mediterránea (PREDIMED).
Este artigo apresenta uma analise de subgrupo do PREDIMED comparando o padrão
Med-EatPlan versus plano alimentar com baixo teor de gordura (controle) em pessoas
com diabetes tipo 2. O objetivo era analisar se havia mudança e/ou acréscimo de
medicação utilizada (oral ou injetável) destas pessoas.
Os participantes foram randomizados em 3 diferentes grupos

1. Med-EatPlan + azeite (recebiam 1 litro por semana e eram estimulados a


consumir no mínimo 4 colheres de sopa/dia)
2. Med-EatPlan + nozes ( receberam 30 g/dia de castanhas mistas (15 g de nozes,
7,5 g de avelãs e 7,5 g de amêndoas)
3. Plano alimentar hipogorduroso ( pacientes recebiam presentes não alimentares)

Nem a restrição de energia nem o aumento da atividade física foram promovidos para
nenhum dos grupos de estudo. Todos os grupos receberam acompanhamento nutricional
para preenchimento de questionário de frequência previamente validados e também para
melhor adesão ao tratamento.
Além do acompanhamento alimentar, foram verificados os tipos de medicamentos
usados para o controle glicêmico e ajustado doses para melhora do controle
individualmente no início. Marcadores do consumo do padrão alimentar também foram
dosados. Para àqueles que consumiram azeite foi dosado o hidroxitirosol urinário e para
os que consumiram nozes ácido α-linolênico plasmático. O acompanhamento se deu em
1, 3, e 5 anos.
Após um acompanhamento mediano de 3,2 anos, 686 participantes com apenas manejo
do estilo de vida no início iniciaram medicações para baixar a glicose (576 participantes
iniciaram um agente oral, 37 participantes iniciaram insulina basal) e 73 participantes
iniciaram um agente oral e insulina ao mesmo tempo). Após cerca de 5,1 anos, um total
de 407 participantes que nunca receberam insulina no início do estudo iniciaram terapia
com insulina. Em análises multivariáveis ajustando as características basais e os escores
de propensão, as razões de risco (HR) de iniciar um primeiro medicamento para redução
de glicose foram de 0,78 (IC95% 0,62–0,98) para Med-EatPlan + Azeite e 0,89 (0,71-
1,12) para Med-EatPlan + nozes, em comparação com o plano alimentar de controle.
Após um acompanhamento médio de 5,1 anos, as HR ajustadas do início do tratamento
com insulina foram 0,87 (0,68-1,11) para Med-EatPlan + azeite e 0,89 (0,69-1,14) para
Med-EatPlan + nozes em comparação com o plano alimentar de controle.
A suplementação com azeite então (Med-EatPlan + Azeite), teve os melhores resultados
em relação à não necessidade de mais um agente hipoglicemiante ou insulina. Isso
reflete provavelmente o melhor controle glicêmico desse grupo durante o
acompanhamento e, que com o tratamento inicial conseguiu mais frequentemente
atingir ou manter os objetivos glicêmicos.
Diversos autores com propostas de estudos similares à este demostraram dados que
suportem o uso do padrão mediterrâneo tanto na incidência de DM2 como no retardo da
progressão da doença.
Em opinião, a viabilidade deste tratamento aplicado à outras populações embora não
discutido pelos autores é de extrema importância para prática clínica.
O manejo dos macronutrientes da dieta por meio de orientações baseadas no estilo de
vida e padrão alimentar mediterrâneo podem ser incluídos no dia-a-dia de diferentes
populações. Entretanto, limitações seriam a manutenção financeira do plano alimentar, a
escassez de pescados em algumas regiões e a baixa aceitação de frutas e hortaliças.
O uso isolado de azeite sem a mudança do padrão alimentar não é indicado, mas pode
ser um início para a mudança. A introdução, ainda na infância, de alimentos
encontrados no Med-EatPlan talvez seja alternativa para redução em longo prazo de
fatores relacionados ao aparecimento do diabetes tipo 2.

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