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Trabalho em equipa e Gestão de equipas
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Metodologia do Curso
O curso intensivo sobre “Trabalho em equipa e gestão de equipas” baseia-se numa
metodologia denominada “Aprendizagem por Descoberta” (discovery learning). A
ideia básica que lhe está subjacente é que a aprendizagem social é especialmente
bem sucedida, quando se baseia mais na experiência própria (da equipa) do que na
experiência de outros. Assim, o curso prescinde quase por completo da transmissão
frontal de matérias. Para que a Equipa possa, em pouco tempo, fazer o maior número
possível de experiências de trabalho próprias, utiliza-se, em vez disso, uma sequência
de passos que é repetida diversas vezes.
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Experiência anterior
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Tarefa
Plano
Tarefa =
2 Testagem do Registo e Análise das
observações
3
Resultado Consequências 4
Plano melhorado 5
Nova Tarefa =
2 Testagem do Plano
Registo e Análise
Resultado de observações 3
etc....
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Neste curso não existe um/a docente no sentido tradicional, mas sim um/uma tutor/a
(facilitador/a, treinador/a) em cada grupo. A sua tarefa é:
organizar a situação de aprendizagem, por exemplo seleccionando as tarefas,
estar à disposição como tutor/a a pedido do grupo, especialmente em situações
em que o grupo fica “bloqueado”,
dar indicações sobre aquilo em que os/as observadores/as se devem concentrar.
Os/as tutores/as estão sempre numa posição difícil para encontrar o equilíbrio entre
os dois extremos: “falta de ajuda” e “paternalismo dominador” em relação ao grupo. O
Feedback do grupo ao/à tutor/a ajuda-o/a encontrar a medida certa.
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A RETROSPECTIVA / O Feedback
À medida que os membros de um grupo se tornam cada vez mais conscientes da
forma como trabalham, mais exactas podem ser as observações com base nas quais
podem melhorar a sua forma de trabalho. A pergunta “Como foi que procedemos?”
permite compilar esse tipo de observações e assegurar que as melhorias sejam
resultado de decisões conscientes (de um Plano) e não apenas casuais.
As propostas de melhoria (Planos) referem-se portanto a experiências concretas, que
podem ser de tipo positivo ou negativo e que tanto podem ter a ver com a maneira
como o grupo trabalha como com o comportamento dos seus membros. O objectivo é
ultrapassar as dificuldades e continuar a aperfeiçoar práticas bem sucedidas.
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Exemplo:
A tarefa não foi a) Falta de noção do tempo por a) Logo no início da tarefa fazer um
resolvida dentro parte dos participantes plano geral do tempo previsto
do tempo (para cada parte da tarefa)
b) Perdeu-se muito tempo, porque
disponível.
até ao fim alguns dos b) No início da tarefa, dar a cada
participantes não perceberam o participante oportunidade de
que se pretendia. resumir com palavras próprias o
objectivo e o resultado
c) Aquilo que já parecia óbvio foi
pretendidos
novamente posto em causa.
c) Não iniciar o passo seguinte sem
que exista um consenso sobre a
finalidade e o resultado
d) Visualizar o consenso sobre a
finalidade e o resultado
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RESULTADO E OBJECTIVO
Estabelecer um objectivo significa definir o mais concretamente possível um estado a
atingir futuramente. Só quando se estabelecem objectivos se torna possível ter uma
actuação com sentido (ou seja, orientada).
De um modo geral definem-se pelo menos dois níveis de objectivos, que se sucedem
em termos temporais e lógicos.
RESULTADO (output):
Este nível mais baixo define o Produto material e/ou imaterial que o grupo deve
produzir até um determinado prazo. A pergunta sobre o resultado é:
Objectivo (purpose):
Os resultados não existem só por si, eles orientam-se para o nível de objectivo mais
alto seguinte, que denominamos “objectivo”. Para se poder definir um resultado
razoável, tem que se conhecer bem o objectivo e defini-lo com exactidão. É o
objectivo que legitima o resultado. A pergunta sobre o objectivo é:
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Exemplo:
O grupo recebe a tarefa: “Preparem a visita de um grupo de investigadores
estrangeiros”.
O resultado a alcançar é neste caso: “O programa da visita está elaborado”.
O objectivo do trabalho seria então: “A visita decorre sem dificuldades e satisfaz as
expectativas dos visitantes”.
É óbvio que o resultado (programa da visita) seria diferente, se se tivesse definido
como objectivo “Minimizar o tempo investido pelo grupo”.
Na linguagem comum, normalmente não se faz a distinção entre objectivo, resultado,
finalidade, sentido etc. No entanto, no trabalho de grupo orientado para os resultados,
é imprescindível chegar a acordo sobre uma definição conjunta.
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Exemplo:
Resultado : O programa da visita está elaborado.
Indicadores/critérios de sucesso:
a) No dia 1.10. o programa está pronto, na forma aprovada pela Direcção da
Faculdade e impresso em 30 exemplares.
b) Os interesses científicos, as expectativas e os conhecimentos de língua do grupo
visitante são tomados em consideração.
c) Todos os institutos da faculdade têm oportunidade de se auto-apresentarem.
d) Alojamento, alimentação e transporte estão reservados
e) O limite de custos de 10.500 Meticais não foi ultrapassado.
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Estabelecer o procedimento:
PLANEAMENTO
Com a definição do objectivo, dos resultados e dos indicadores determina-se a
direcção e a meta final do trabalho, mas ainda não se estabelecem os vários passos a
dar, nem a sua sequência. À definição dos vários passos do trabalho (actividades)
necessários para alcançar o resultado chamamos Planeamento. O planeamento tem
lugar após a definição dos objectivos e antes do início da realização da tarefa.
Atenção:
Se existir pressão de tempo e no caso de uma equipa que já se conheça muito bem,
alguns membros poderão começar a realizar os primeiros passos do trabalho,
enquanto a outra parte do grupo trabalha nos detalhes do planeamento. Este tipo de
procedimento na divisão do trabalho permite poupar tempo, mas exige um alto nível
de coordenação e disciplina por parte do grupo.
Na fase de planeamento faz-se, em primeiro lugar, uma listagem de todas as
actividades necessárias para atingir o resultado. A pergunta sobre as actividades é:
“O que é necessário fazer para alcançar o resultado?”
Resumindo:
O Planeamento define O QUÊ, QUEM, QUANDO deve ser feito (eventualmente
também, COMO, com
que MEIOS e ONDE), para que o resultado seja atingido.
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Actividades Divisão das Tempo (Minutos) Tipo de tarefa (e material) Local e Material
tarefas
O TEM QUE SER FEITO? QUEM? 0 30 60 90 120 COMO (e COM QUÊ?) ONDE?
1. Especificar o número, interesses Todos Ler a correspondência trocada até ao Sala de reunião
científicos e outras expectativas momento e listar os dados principais do grupo
dos visitantes. (tripé com bloco gigante)
2. Alistar os possíveis elementos B+C Telefonar para os institutos científicos Secretaria
científicos do programa. (Telefone 1 + 2)
3. Fazer a lista de possíveis D+E Escolher os programas na página de Sala de reunião
“actividades culturais” cultura do Notícias e no programa do do grupo
Centro Cultural Franco-Moçambicano
4. Fazer o levantamento das F Telefonemas, @…. Sala X
possibilidades de alojamento e
transporte.
5. Trocar as informações resultantes Todos Curta apresentação dos resultados Sala de reunião
de 2. a 4. obtidos pelo subgrupo (tripé com bloco do grupo
gigante)
6. Elaborar programas alternativos Todos Listagem dos programas alternativos Sala de reunião
do grupo
7. Escolher a melhor alternativa Todos Decisão, com base nos indicadores e Sala de reunião
nas informações do ponto 1. do grupo
8. Escrever o programa da visita a B Computador e fotocopiadora 2. andar
limpo
9. Lista para distribuição do C, D, E Outros computadores Secretaria
programa e escrever a carta de
acompanhamento
10. Marcar definitivamente o F Telefonemas Sala X
alojamento e o transporte
11. Verificação final e envio do Todos Verificar o resultado com base nos Sala de reunião
programa da visita indicadores do grupo
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Os/As Observadores/as
Os/as observadores/as têm um papel importante para o alcance dos objectivos de
aprendizagem. A partir de uma posição neutra, reflectem o que acontece no grupo e
analisam aspectos relevantes, com o objectivo de promover o progresso do grupo.
Esta capacidade de observar o processo tem que ser aprendida.
Como observador, deve-se ter atenção a dois aspectos: Por um lado observar a forma
como trabalha o grupo no seu todo, por outro lado observar o comportamento de cada
um dos seus membros.
Deve-se ter atenção em especial ao seguinte:
Especialmente no início, mas também nas fases seguintes do trabalho, se todos
os envolvidos sabem de que se trata e quais são as suas respectivas tarefas. Há
mal-entendidos e se sim porquê?
Se o grupo segue o seu próprio “Plano”, se há divergências em relação ao plano e
quais são as consequências disso;
Se os argumentos têm uma sequência lógica e se as intervenções se baseiam
umas nas outras, ou seja, se os participantes se ouvem uns aos outros e se
apoiam mutuamente;
Como cada membro participa na solução da tarefa através de contribuições
construtivas, perguntas úteis e propostas positivas;
Se o grupo utiliza e desenvolve de forma consequente lições já aprendidas no seu
trabalho, quanto a procedimentos bem sucedidos.
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Tomada de decisão
No âmbito do trabalho dirigido para os objectivos surge continuamente a necessidade
de tomar decisões: decisões sobre o objectivo, os passos a dar, os recursos a utilizar,
sobre a divisão das tarefas e a sobrecarga de cada um, etc. Muitas vezes os grupos
têm dificuldade em tomar essas decisões num espaço de tempo aceitável, com
qualidade e sem perturbar demasiado o ambiente dentro do grupo.
Veremos mais tarde como o grupo pode tomar decisões e o que o grupo e cada
membro pode fazer para melhorar esse processo. Mas vejamos primeiro alguns
aspectos sobre o tópico "decisões individuais vs. decisões colectivas".
As vantagens e desvantagens das decisões colectivas são um tema frequentemente
tratado na pesquisa sócio-psicológica. Só se considera que uma decisão é do grupo
quando os seus membros têm realmente poder de participar na decisão e quando a
decisão foi tomada através de uma interacção activa dos seus membros. Isso implica
que os membros realmente queiram tomar uma decisão conjunta e não pretendam
sabotá-la.
Experiências realizadas sobre tomada de decisão mostram uma superioridade das
decisões de grupo, em comparação com as decisões individuais. "Superioridade"
refere-se neste caso sobretudo à qualidade do resultado, sendo esta superioridade
ainda mais nítida quando quem implementa são os mesmos indivíduos que fazem
parte do grupo que toma a decisão. Esta superioridade resulta sobretudo da troca
activa de informação, da obrigatoriedade de se adoptar uma visão diferenciada, da
possibilidade de proceder rapidamente à correcção de erros e da estimulação mútua.
Claro que existem também situações que dificultam fortemente a tomada de decisão
colectiva, produzindo um resultado pior. A lista que se segue é simultaneamente um
tipo de “lista de verificação” (checklist) para minimizar os erros:
a) Falta de maturidade do grupo: Para grupos novos ou ad-hoc não é fácil tomar
decisões eficientes já que lhes falta experiência, auto-confiança e uma estrutura
clara.
b) A existência de grandes diferenças em relação aos objectivos dos seus membros
(em especial, se esses objectivos não forem conhecidos) e em relação à
motivação para a participação activa.
c) A existência de problemas de comunicação entre certos membros, que deixam
de intervir normalmente e se sentem “ultrapassados” (por confronto com
problemas de dominância), colocam grandes desafios à direcção do grupo.
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A tomada de decisão por consenso é a mais difícil das alternativas acima referidas,
mas é também a forma de tomada de decisão que produz decisões com que o grupo
pode trabalhar melhor e mais tempo. Encontrar um consenso contribui decisivamente
para melhorar a competência do grupo no que toca à capacidade de resolução de
conflitos e de comunicação. Permite ainda utilizar todo o potencial criativo do grupo e
é uma boa base para a implementação da decisão tomada.
Exactamente porque a “decisão por consenso” é difícil, os grupos devem
experimentar e exercitar este tipo de tomada de decisão, utilizando no início um
modelo formal simples. À medida que o grupo dominar este procedimento (o tiver
internalizado), deixará de necessitar das formalidades:
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Visualização
A visualização é uma forma importante e que se aprende com relativa facilidade para
melhorar a comunicação em grupos de trabalho.
Ela serve para:
recolha de ideias rápida e “democrática”,
estruturação conjunta (inter-relacionamento de diferentes ideias),
tornar visíveis os processos de discussão (“discutir por escrito”),
registar resultados (“fazer a acta abertamente”),
apresentação de assuntos.
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Regras da Visualização:
Escrever claramente (isso pode-se aprender!)
Quando se utilizam fichas: três linhas por ficha são suficientes!
Escolher o tipo de letra certo: letras maiúsculas e minúsculas mas não
misturadas
Uma ideia por ficha: só assim é possível, a posteriori, estruturar muitas fichas
Formulação curta e concreta do conteúdo: o essencial da afirmação tem que
se entender sem necessidade de explicação
Desenvolver uma sistemática: o/a moderador/a e o grupo têm que reflectir
sobre a estrutura geral, intermédia e de pormenor do aspecto do painel, utilizando
para isso: cor e forma, cronologia, sequência, relações lógicas, priorização.
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Equipas funcionam não apenas com base em valores comuns, mas também através
de um estilo de trabalho participativo e de um elevado grau de auto-responsabilidade
de cada membro. Esses aspectos são, até certo ponto, introduzidos na Equipa de
forma individual, mas o processo colectivo de trabalho só se desenvolve através de
uma cooperação intensa. O facto de se transporem conjuntamente dificuldades facilita
a criação de confiança e a coesão do grupo. Bons resultados não só reforçam
positivamente o ambiente no grupo, como também o auto-conceito de cada membro.
Para isso, tem que haver tempo suficiente e, quando necessário, uma supervisão do
processo de grupo.
Também há premissas a nível individual. Tem que existir abertura e verdadeira
vontade de levar a sério o trabalho da equipa. Ser-se inseguro perante as críticas, ter
medo de correr riscos, dogmatismo e preguiça são aspectos claramente
desfavoráveis. Há pessoas, que, por princípio, preferem trabalhar sozinhas. Isso deve
ser respeitado e tido em conta ao se formarem as equipas.
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Texto baseado em: Klaus W. Vopel (1994), Themenzentriertes Teamtraining, Salzhausen-. iskopress
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