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Núcleo de Assistência ao Estudante

Dicas para
professores
adaptarem
1 – Muitos autistas pensam visualmente (pensamento visual).
O cérebro autista funciona de uma maneira diferente do cérebro de pessoas neurotípicas - sem nenhum
transtorno. Por esse motivo, a forma como pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA) processam e respondem às informações também é diferente.
Alguns autistas pensam, por exemplo, com fotos, desenhos e outros códigos visuais. Para crianças
pequenas, por exemplo, algumas noções básicas como “para cima” ou “para baixo” ainda serão
aprendidas. O professor pode utilizar cartões com os termos “para cima” e “para baixo” ao mesmo tempo
em que mostra, por exemplo, um avião decolando (para cima) e pousando (para baixo).
Trabalhar bem os substantivos também é muito importante, afinal, representam imagens bem definidas.
2 – Evite instruções verbais muito longas.
Muitos autistas têm grande dificuldade em memorizar sequências, por isso estruture um modelo de
respostas e tomadas de decisão que a criança consiga lembrar.
Isso deve funcionar, principalmente, se a sequência tiver mais do que três etapas.
Imagine como esse modelo pode funcionar, por exemplo, se você for ensinar à criança como pedir algo
para alguém. Estruture a sequência completa, desde o momento em que a criança abordará a outra
pessoa, a forma como fará o pedido, até a hora de agradecer (dizer “obrigado”) e deixar o local.
3 – Trabalhe as habilidades da criança como uma forma de prepará-la para o futuro.
Autistas podem apresentar algumas manias e alguns hiperfocos. Isso significa que vão colocar muito
esforço e interesse em algumas áreas específicas.
Como, afinal, usar isso para levá-lo numa direção que beneficie seus próximos anos? Talvez ele ame
demais um certo tipo de desenho animado? Você pode incentivá-lo a aprender mais sobre aquele
universo de maneira prática.
É um autista que ama o som que algo faz quando toca o vidro? Talvez ele possa descobrir que aquilo pode
virar música.
Algumas habilidades vão parecer mais “úteis” que outras, mas tudo pode se transformar num caminho
de aprendizado. Lembre-se que um dia esse autista vai crescer e precisar disputar seu próprio espaço na
sociedade e no mercado de trabalho.
4 – As mesmas habilidades podem servir para várias disciplinas.
Do mesmo modo que as áreas de interesse podem ajudar a descobrir novos temas que o estudante autista
gosta, podem também auxiliar nas disciplinas não tão interessantes para ele.
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É importante que o professor sempre traga exemplos práticos para explicar as teorias da sua área de
conhecimento.
Exemplo: O seu estudante ama trens, mas odeia matemática? Peça a ele para calcular as distâncias
percorridas de trens entre uma cidade e outra.
5 – Escrever pode ser o terror do autista na escola.
Muitos autistas têm dificuldades motoras, por isso a escrita pode ser assustadora para ele. Nesse caso, o
professor poderá permitir que esse estudante autista utilize um computador ou um tablet para fazer as
tarefas.
Além disso, lembra que abordamos sobre os recursos visuais? Os dispositivos podem oferecer, não só a
escrita, como também vários outros recursos interessantes.
6 – Alguns autistas têm ecolalia.
Algumas crianças aprendem a ler melhor com lições de fonética, enquanto outras memorizam as palavras
inteiras, porém se a criança tem ecolalia, aquele hábito de repetir palavras ou sílabas, o método precisa
ser adaptado. Os estudantes provavelmente vão aprender melhor se o professor utilizar cartões visuais
ilustrados sobre as palavras. É muito importante que a palavra e a imagem estejam do mesmo lado do
cartão. É bem parecido com o nosso exemplo do avião que vai para cima e para baixo.
Certifique-se de que a criança está vendo a palavra e ouvindo o som ao mesmo tempo.
7 – Preste atenção em como o estudante autista reage aos sons.
Um autista na escola pode sofrer com a quantidade de sons que existe, do início ao fim do período de
aulas. Têm as campainhas indicando início e fim, cadeiras que arranham no chão, conversas, gritos e
vários outros ruídos. Se, em algum momento, o professor vir a criança colocando a mão sobre os ouvidos,
aquele ruído, provavelmente, a está incomodando. A criança pode criar resistências a alguns horários e a
ambientes onde sabe que haverá som que será um incômodo. Nesses casos, a opção é combinar com a
escola adaptações que minimizem o impacto. As cadeiras, por exemplo, podem ter os pés completados
com materiais que não permitam o atrito com o chão, e, se for possível, a escola precisa permitir que o
estudante use um outro ambiente mais tranquilo durante o horário do intervalo.
8 – Preste atenção em como o estudante autista reage às luzes.
Assim como a sensibilidade aos sons, alguns autistas também podem se sentir incomodados com a luz.
Uma dica de adaptação é sugerir que o estudante se assente próximo à janela para não depender das
luzes artificiais das lâmpadas, se esse for o motivo do incômodo.
9 – Como ajustar a hiperatividade.
A hiperatividade é uma comorbidade bem comum em autistas, isso, pode, de fato, comprometer o
andamento da aula.
É muito importante que o professor tenha paciência e compreensão para lidar com a criança autista e
hiperativa, sendo claro nos comandos, mantendo uma rotina clara e objetiva, mantendo o estudante
sempre ocupado e evitando comparações.
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10 – A recepção mono-canal.
Alguns autistas não verbais simplesmente não conseguem absorver informações que sejam visuais e
auditivas ao mesmo tempo, o que não tem nada a ver com ser surdo.
O professor deverá definir se a tarefa será solicitada de forma visual ou auditiva (não solicitar que o
estudante ouça e olhe para o professor ao mesmo tempo). Esteja sempre alinhado à coordenação para
aprimorar e diversificar intervenções.
11 – Alguns autistas não são verbais.
Ser um autista não verbal não significa que a criança não é capaz de falar, apenas que não desenvolveu a
fala como seu meio mais lógico e pronto de se comunicar. O processo de evolução da linguagem verbal
não está apenas nas mãos do professor, existem outros profissionais específicos e focados para auxiliar o
desenvolvimento deste processo.
O professor pode se deparar também com crianças que se expressam utilizando mais as vogais, ou
seja, têm dificuldade de compreender e falar usando as consoantes mais fortes como D ou L. Nesse caso,
será preciso aplicar alguma técnica fonográfica para trabalhar esta limitação.
A criança precisa entender que palavras tornam as coisas reais, por isso se ela pedir algo dê exatamente o
que pedir, assim, compreenderá que se aquilo que recebeu não corresponde ao que queria, precisa
melhorar a sua comunicação e, consequentemente, ocorrerá a aprendizagem.
12 – Quando o ensino envolver o computador, a tela pode fazer a diferença.
Apesar de a tecnologia ter evoluído bastante, algumas telas podem apresentar uma cintilação que
incomodará bastante os autistas mais visuais. Em geral, telas de notebooks e tablets não fazem isso.
Reserve sempre os equipamentos mais modernos para o seu estudante autista.
13 – Até o papel pode fazer diferença para o autista na escola.
Alguns autistas podem ter dificuldade de ler em papel onde o contraste seja baixo, por isso, se for
possível, invista em papeis coloridos com a impressão em preto, porém não use cores muito luminosas,
como alguns tons de amarelo.
14 – Cuidado com a generalização.
Vários conceitos são ensinados às crianças de forma generalizada, por exemplo, que se deve dizer obrigado
às pessoas.
Nem todos os autistas irão entender a ideia da generalização.
Exemplo: ao ensinar que não se deve atravessar a rua fora da faixa de pedestre e com o semáforo aberto
para os veículos, é importante ensinar várias vezes e em situações e lugares diferentes, pois o estudante
autista pode acabar entendendo que só se deve aplicar a regra ensinada numa determinada situação.
Fonte: Autismo em dia

Nivea Mariana
NAE

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