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OBSERVAÇÕES

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ADAPTAÇÕES NOS EXERCÍCIOS As ideias reproduzidas abaixo são pequenas adaptações que o
professor pode fazer para otimizar a aprendizagem de seu alu-
no com autismo, seja durante as atividades ou
avaliações. Lembrando sempre que podem funcionar como es-
tão descritas, com mais adaptações ou não funcionar. O impor-
tante é nunca desistir do seu aluno. Todos têm condições de
aprender.

A lei Berenice Piana (12.764/2012) garante a matrícula do aluno


autista na escola regular com um acompanhante especializado
para auxiliá-lo em sua organização e na realização das ativida-
des. Porém a autonomia deve ser incentivada continuadamente.

Assim, as atividades devem ser pensadas para cada aluno. E


deve haver um planejamento indicando o tipo de ajuda que ele
vai precisar. Se a tarefa exigir que o aluno tenha um apoio, este
tem que ser diminuído, de forma gradativa. Quanto mais inde-
pendente o aluno fizer a atividade, melhor.

É necessário ressaltar que os resultados devem ser anotados e


registrados para embasar o próximo passo. Para que, ao final
de cada bimestre, seja, literalmente, visualizado o progresso do
aluno.

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GUIA ESCOLAR DO AUTISMO 2ª ED. O Guia Escolar do Autismo (volume 1) foi lançado em 2017 com
mais de 5000 exemplares distribuídos na capital e no interior. O
intuito dessa publicação foi (e ainda é) sensibilizar os educado-
res que receberão, pela primeira vez, seu aluno autista em sala.

Público Alvo
Professores das redes pública e particular de ensino de
Fortaleza.

Objetivo
Professores das redes pública e particular de ensino de
Fortaleza.

Justificativa
O autismo é um espectro e, com isso, as adaptações podem ser
bem diferenciadas. É difícil para a escola, enquanto equipe pe-
dagógica, visualizar isso acontecendo. Como cada criança tem
habilidades e necessidades distintas, como saberá o professor
organizar seu planejamento. Que tipo de atividades realizar?

Estrutura
10 passos bem claros, objetivos e detalhados com exemplos.

Ilustrações
Serão 3 ilustrações de Antônio Alencar Neto que irão
permear o guia.

Apoio
Associação Pintando o Sete Azul

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GUIA ESCOLAR DO AUTISMO 2ª ED.
AUTORES

Antônio Alencar
É um artista de 13 anos. Aos 3 anos foi diagnosticado com TEA.
Aos 4 começou a desenhar, desde então essa passou a ser sua
grande paixão. Antônio adora jogar vídeo game e assistir víde-
os engraçados. Ele ilustrou o primeiro Guia Escolar do Autismo,
ganhou o concurso de desenho da escola e realizou, no ano de
2019, o grande sonho de conhecer o Maurício de Souza. Antônio
adora desenhar e quer se tornar cartunista.

Patricia Trigo
É psicopedagoga, especialista em Educação Inclusiva, ABA, Au-
tismo e Ciências de Comportamento pelo Seneca College, To-
ronto e mestre em Ciências da Educação pela Florida Christian
University, Estados Unidos. É professora e palestrante. Autora
de Paulinho e seu carro vermelho e do Guia Escolar do Autismo
1 com seu artista preferido, o Antônio.

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1 Na época de adaptação escolar, nos meses de janeiro,fevereiro
e agosto, modere a quantidade de exercícios e conteúdo ensi-
nado. Procure incluir atividades lúdicas.
Estabeleça intervalos maiores. O início do semestre letivo pode
ser bem difícil, uma vez que a sala de aula é diferente, o profes-
sor é novo para o aluno e, algumas vezes, o lugar do banheiro e
o espaço do recreio são outros também. Combine com a família,
uma semana antes do início das aulas, para trazer o aluno à es-
cola ou forneça fotos dos novos professores e lugares para que
a criança vá se acostumando.
Trabalhe devagar. Crie vínculos afetivos para perceber quando
avançar, para que esse processo ocorra sem traumas ou proble-
mas.

2 Saiba exatamente de que seu aluno gosta. Pergunte à família


quais desenhos ele/ela assiste na TV, nos canais da internet e
as músicas que ouve. Essa informação vai ser preciosa na hora
de montar uma atividade. Colocar as personagens preferidas da
criança nos exercícios e nas avaliações, vai aumentar a motiva-
ção para a aprendizagem.

3 Ao elaborar uma questão para os exercícios de classe ou para


uma atividade avaliativa, utilize um único comando. Destaque o
verbo: CIRCULE A FIGURA QUE COMECE COM A LETRA A.
O aluno vai focar no comando e, com o passar do tempo, pode-
rá realizar a tarefa de forma independente. Cuidado ao escolher
a fonte e o tamanho. Eles não devem atrapalhar o rendimento
do aluno.

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4 Faça uma anotação sobre como o aluno terminou a atividade.

Combine um código com a família, pode ser circulando as ques-


tões que a criança fez sozinha. Pode ser usando cores diferentes
ao corrigir as tarefas, escolhendo uma cor quando a criança faz
só e outra para quando precisou de ajuda. Ou só marcando num
cantinho da folha a legenda: ( ) total ajuda ( ) ajuda parcial ( )
independente.
Dessa forma, fica mais claro para todos como está sendo o ren-
dimento do aluno.

5 Exercícios e avaliações devem ter imagens nítidas e coloridas


para complementar o entendimento da questão. Se sua escola
trabalhar com escores, cuidado com a quantidade de caixas de
escores, elas poluem visualmente! Nas avaliações de Português,
por exemplo, fragmente o texto em pequenas partes e coloque
as perguntas logo abaixo. A questão fica mais organizada e o
aluno será capaz de achar as respostas, focando em cada per-
gunta, com mais autonomia.

6 Ofereça uma sala mais quieta e silenciosa para que o aluno fi-
nalize sua avaliação. Às vezes, ele pode até fazer, nesse mesmo
espaço, uma tarefa que requer mais concentração também.
Numa sala mais reservada, tranquila, o aluno fica menos ansioso
e se concentra melhor.

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7 Varie as formas de avaliação. Utilize pequenos testes, com pou-
cas perguntas em dias diferentes; envie tarefas para o e-mail do
aluno ou responsável, use vlogs, blogs e aulas online.
Peça para ele/ela fazer um vídeo sobre a personagem que está
estudando no conteúdo de História, por exemplo. Alguns alunos
têm muita dificuldade de colocar no papel o que lhe é pergunta-
do, mas conseguem fazer de forma mais tranquila se o conteúdo
for cobrado de forma diferenciada.

8 Use e abuse de recursos tecnológicos. O computador pode ser


um grande aliado. Como muitas crianças se sentem motivadas
pela telinha, use a tecnologia para fazer pequenas produções de
texto e exercícios de Português. Alguns jogos educativos po-
dem ser usados como reforçadores. Na digitação no computa-
dor fica mais visível e fácil ensinar paragrafação, pontuação e
uso de letras maiúsculas.

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9 Se necessário, aumente nas atividades e nas avaliações, tam-
bém, a área entre as questões ou dê um espaço maior para a
criança responder. Existem crianças com mais dificuldade mo-
tora e assim, se o espaço for muito pequeno, podem se frustrar.
Caso seja conveniente, mude o layout da folha para paisagem,
ou seja, A3.

10 Produções de texto podem ser desafiadoras. Alguns alunos têm


muita dificuldade em associar as ideias e criar histórias com co-
erência. Use figuras que tenham 3 sequências para começar.
Faça frases para a primeira e a segunda, deixando a terceira
para o aluno fazer. Aumente gradativamente. Na próxima vez,
faça somente a primeira. À medida em que a criança estiver mais
à vontade, coloque apenas uma ou duas imagens. Caso a pro-
dução seja sobre férias ou aniversários, temas subjetivos, peça
à família algumas fotos dessas situações, que a criança já viven-
ciou, para incluir na produção. Elas serão um guia para lembrar
do acontecido e facilitar a fluência do texto.

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11 Recomende o aluno a numerar as linhas dos textos. Ensine-o
a usar o marca-texto para destacar informações importantes.
Dessa forma, o aluno pode procurar respostas para as pergun-
tas de maneira mais independente, evitando que o adulto lhe
dê dicas verbais o tempo todo. Quando o professor diz que a
resposta deve estar na linha 3 ou 4, o aluno volta ao parágrafo
e faz a tentativa de achar a resposta. Lembre-se: o máximo de
independência possível!

12 Use canetinhas ou marca texto. Eles chamam a atenção por cau-


sa das cores e ajudam nossos alunos a se organizar no espaço.
Limite dando mais destaque às margens da folha do caderno,
assim eles vão saber até onde tem que escrever um texto, por
exemplo, respeitando o espaço da folha. Você pode usar caneti-
nha ou marca texto para delimitar o tamanho da letra do aluno,
fazendo um retângulo, onde ele vai prestar atenção no tamanho
da letra. Use cores sempre que possível para codificar. É melhor
do que fazê-lo esperar pelo comando verbal de um adulto.

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13 Não escolha verbos muito subjetivos, aqueles em que o aluno
tem que interpretar e expressar a opinião dele, como: JUSTI-
FICAR, PENSAR, ENTENDER para seus enunciados. Prefira os
mais diretos: LISTAR, NUMERAR, RELACIONAR. Caso opte por
questões de múltipla escolha, invista em sentenças sem ambi-
guidade e, de preferência, evite as que dizem que todas estão
certas ou todas erradas. Quanto à VERDADEIRO e FALSO, é es-
sencial que as frases sejam claras e simples. Evite as palavras
NUNCA, SEMPRE e NÃO, elas confundem o aluno, não dando
chance para que mostrar o que realmente aprendeu.

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