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Introdução à Bíblia

Aula 01 – Doutrina da Revelação (Geral)


A Bíblia é inspirada?
• A inspiração é pré-requisito essencial para a formação do cânon. Mas
a inspiração, por sua vez, pressupõe uma revelação divina.
• Antes de estudar propriamente o Cânon, temos que ter um conceito
adequado de Inspiração e de Revelação.
• Neste curso, daremos uma visão geral desses assuntos. Eles têm sido
objeto de muita discussão e debates, assim como de diferentes
conceitos. Dizem respeito à disciplina geralmente chamada de
Bibliologia. Bibliologia é o estudo da Bíblia. Não do seu conteúdo,
propriamente, mas da sua natureza e das implicações que decorrem
disso.
A Bíblia é inspirada?
• O conceito exato sobre a sua natureza é essencial para o Ppo de
leitura que vamos fazer das Escrituras. Esse parece ser o grande
debate das úlPmas décadas. Nos úlPmos anos, a Igreja tem discuPdo
a questão da autoridade e da suficiência ou não das Escrituras mais
do que qualquer outro assunto. Acontece que, como dissemos acima,
é o nosso conceito de autoridade ou não, ou de suficiência ou não,
das Escrituras, que vai determinar o que cremos ou pelo menos o que
podemos ou devemos crer.
A Bíblia é inspirada?
• Se crermos que as Escrituras são a única e infalível regra de fé e
práPca, por ser inspirada por Deus, então não sobrará lugar para
nossas próprias ideias e convicções. Porém, se entendermos que a
Bíblia é apenas um livro humano, escrito para expressar as
experiências de pessoas que se relacionaram com Deus, em
diferentes tempos e situações, então estaremos livres para formular
nossas próprias ideias à luz das nossas experiências e convicções.
A Bíblia é inspirada?
• Há várias posições intermediárias nessa discussão. Há alguns que
entendem que é possível crer na inspiração da Bíblia sem crer na sua
inerrância. Há os que acreditam que podemos julgar o que é
inspirado e, portanto, autoritaPvo, e o que não o é, na Bíblia. Alguns
falam em níveis ou graus de inspiração. Da mesma forma, outros
acham que podemos julgar e discernir aquilo que, mesmo sendo
inspirado, não é inerrante ou infalível.
A Bíblia é inspirada?
• E na esteira de todo esse debate está também a discussão do Cânon.
Por que ter um Cânon? Quem o determina? Quais os critérios para
que um livro seja ou não considerado canônico? Podemos considerar
o cânon como fechado? Por que? A parPr de quando?
A Revelação Geral
• Não queremos dizer que só existe revelação divina nas Escrituras Sagradas.
A própria Bíblia declara que há uma revelação de Deus expressa através das
obras da criação, da providência e no próprio homem. A isso chamamos de
revelação geral.
• Cremos que todo conhecimento verdadeiro vem de Deus, em úlIma
instância, e, por conseguinte, todo conhecimento é teológico. Qualquer que
seja o campo em que o homem esteja conhecendo a verdade ele está, ainda
que indiretamente, aprendendo algo a respeito de Deus, porque toda
verdade vem de Deus. Eis por que todo o saber precisa estar subordinado à
autoridade das Escrituras, como a fonte primária do conhecimento.
• Cornelius Van Til, “a Bíblia tem muito a dizer acerca do universo, mas é
tarefa da ciência e da filosofia tratar com esta revelação. Indiretamente,
mesmo a ciência e a filosofia devem ser teológicas”.
A Revelação Geral
• Na Criação – Aqui, quando falamos da criação, referimo-nos ao ato criador
propriamente, e não à coisa criada, que é o resultado dele. Fazemos esta
disInção porque Deus cessou da obra da criação no 7o dia (Gn 2.2). O que
hoje geralmente é chamado de criação é, na verdade, a obra da providência
de Deus, ou seja, a manutenção da sua obra criada.
• Na Providência - O resultado do ato criador (a coisa criada) é manIdo de
modo permanente e con_nuo pela obra da providência. Neste ato de
manutenção e governo da coisa criada encontramos também um ato de
revelação de Deus. É o que nos mostram passagens como Sl 19.1-2; 97.6;
148.6; At 14.15-17 e Rm 1.18-20.
• No Homem - Um aspecto singular da revelação de Deus na natureza se
encontra no próprio homem, criado “à imagem de Deus” (Gn 1.26-27). É a
imagem de Deus no homem que o disIngue de todo o resto da criação
material, pois o torna “semelhante a Deus”.
A Revelação Geral no Salmo 19
• 1 Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras
das suas mãos.
• 2 Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra
noite.
• 3 Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som.

• 4 No entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras
chegam até os confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol,
• 5 que é como um noivo que sai dos seus aposentos, e se alegra como um
herói a percorrer o seu caminho.
• 6 Principia numa extremidade dos céus, e até a outra vai o seu percurso; e
nada pode se esconder do seu calor.
Como os homens recebem a Revelação
Geral?
• A Bíblia tanto diz que os pagãos conhecem a Deus (Sl 97.6; Rm 1.21) como,
por outro lado, que os ímpios e descrentes não conhecem a Deus (1Ts 4.5;
2Ts 1.8; Gl 4.8; Jó 18.21; Jr 10.25).
• A revelação geral recebida pela razão contaminada e prejudicada pelo
pecado produz a idolatria. Revelação Geral + Pecado = Idolatria. Por trás da
idolatria pode-se ver a Revelação Geral e o impacto que ela causa no
homem sem Deus.
• Em Atos 17, Paulo parte da revelação geral para apresentar a verdade da
revelação especial: o pecado da ignorância (cegueira espiritual) e o
julgamento do mundo através de Cristo.
• Paulo não reconheceu a “teologia natural” dos atenienses como verdadeira.
O ponto comum de contato entre a verdade bíblica e a filosofia humana
apenas mostra que esses “elementos de verdade”, que podem ser nela
encontrados, refletem o impacto que a revelação geral produz no homem, o
qual, contudo, conInua “tateando” na sua busca ignorante de Deus.
A questão dos efeitos noéBcos em Romanos 1
• 18A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injusPça dos
seres humanos que, por meio da sua injusPça, suprimem a verdade.
19Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre

eles, porque Deus lhes manifestou. 20Porque os atributos invisíveis de


Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se
reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são
indesculpáveis.

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