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CURSO DE FORMAÇÃO DE LÍDERES EM PRÁXIS PASTORÍS

E.F.A
ESCOLA DE FORMAÇÃO APOSTOLICA.
CURSO DE FORMAÇÃO DE LIDERES
EM PRÁXIS PASTORIS

DISCIPLINA

Introdução a Teologia do
Novo Testamento
Pr. CLAUDIO VIEIRA DE ALMEDA
CURSO DE FORMAÇÃO DE LÍDERES EM PRÁXIS PASTORÍS
2

Sumário
1 . A EXISTÊNCIA DE DEUS .................................................................................................................................. 3
1. 1 Israel, em cujo benefício moisés escreveu primariamente, já cria em Deus. .................................................... 3
1. 2 As evidências da existência de Deus são visíveis e vigorosas.......................................................................... 3
1.2.1 Criação inanimada ..................................................................................................................................... 3
1.2.2 Criação animada ........................................................................................................................................ 3
2 . A CONSCIÊNCIA HUMANA............................................................................................................................. 3
3 . O FATO DA EXISTÊNCIA DE DEUS É ACEITO QUASE UNIVERSALMENTE ......................................... 4
4 . A BÍBLIA E SUA ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................... 5
5 . GÊNESIS .............................................................................................................................................................. 6
6 . AS CINCOS DISPENSAÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO .......................................................................... 8
6.1. PRIMEIRA DISPENSAÇÃO DA INOCENCIA ............................................................................................ 8
6.2. SEGUNDA DISPENSAÇÃO DA CONCIÊNCIA (Duração: 1656 anos) ...................................................... 9
6.3. TERCEIRA DISPENSAÇÃO DO GOVERNO HUMANO (Noé viveu 950 anos.) ....................................... 9
6.4. A QUARTA DISPENSAÇÃO (DISPENSAÇÃO DA PROMESSA) Gn 12.1-Êx 18 27. ............................. 11
6. 5. A QUINTA DISPENSAÇÃO -A LEI .......................................................................................................... 13
6.5.1. ALIANÇA MOSAICA ........................................................................................................................... 13
6.5.2. OS DEZ MANDAMENTOS .................................................................................................................. 14
6.5.3. O TABERNÁCULO.............................................................................................................................. 14
7 . ANÁLISE DO ANTIGO TESTAMENTO .......................................................................................................... 24
7.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 24
7.2 O CÂNON DAS ESCRITURAS .................................................................................................................... 24
7.3 O PENTATEUCO .......................................................................................................................................... 25
7.4. LIVROS HISTÓRICOS ............................................................................................................................... 27
7.5 LIVROS POÉTICOS..................................................................................................................................... 31
7.6 PROFETAS MAIORES ................................................................................................................................ 32
7.7 PROFETAS MENORES ............................................................................................................................... 45
8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................................................. 49
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“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.5).

1 . A EXISTÊNCIA DE DEUS

O fato da existência de Deus é o ponto de partida lógico porque o fato da existência de Deus põe por
baixo a todas as outras doutrinas da Bíblia. Sem a existência de Deus, todas as outras doutrinas da Bíblia
seriam sem sentido. É o ponto de partida escriturístico porque disso nos capacita o primeiro verso da
Bíblia. A Bíblia principia por assumir e declarar a existência de Deus sem empreender prová-la. Isto é um
fato digno de nota. Ao comentá-lo, diz J. M. Pendleton em "Christian Doctrines": "Moisés, sob inspiração
divina, teve, sem dúvida, as melhores boas razões para o curso adotado por Moisés”.

1. 1 Israel, em cujo benefício moisés escreveu primariamente, já cria em Deus.


Daí, o propósito de Moisés, que foi mais prático que teológico, não erigiu uma discussão de provas da
existência de Deus.
1. 2 As evidências da existência de Deus são visíveis e vigorosas
Assim, foi necessário, mesmo para a raça humana como um todo, que um discurso prático tratasse das
evidências da existência de Deus. Listamos as evidências.

1.2.1 Criação inanimada


1.2.1.1 A matéria não é eterna e, portanto deve ter sido criada.
George McCready Price, autor de "Fundamentals of Geology" e outros livros científicos, diz: "Os
fatos da radioatividade proíbem muito positivamente a eternidade passada da matéria. Daí, a conclusão é
silogística: a matéria deve ter-se originado ao mesmo tempo no passado.

1.2.1.2 A matéria deve ter sido criada por outro processo que não os naturais; logo, a evidência de um
criador pessoal.
Diz o Prof. Price.: "Há uma ambiguidade de evidência. Tanto quanto a ciência moderna pode lançar luz
sobre a questão, deve ter havido uma criação real dos materiais de que se compõe o nosso mundo, uma
criação inteiramente diferente de qualquer processo agora em voga, tanto em qualidade como em grau".
(Q. E. D. pág. 25). Assim está a Bíblia de inteiro acordo com os achados da ciência moderna quando ela
declara: "No princípio Deus criou os céus e a terra." (Gênesis 1:1).

1.2.2 Criação animada


1.2.2.1 Matéria viva não pode provir da não-viva.
O Professor Conn diz: "Não há a mais leve evidência de que a matéria viva possa surgir da matéria
morta. A geração espontânea está universalmente vencida1" E o Sr. Huxley foi forçado a admitir: "A
doutrina que a vida somente pode vir da vida está vitoriosa em toda a linha" 2
1.2.2.2 desde que a matéria não é eterna, a vida física, que envolve a matéria viva, não pode ser eterna.
O fato de a matéria não ser eterna proíbe a suposição que a vida física é o resultado de uma série
infinita de gerações. E desde que, como vimos, a matéria não pode provir da não-viva, somos forçados a
aceitar o fato de um criador pessoal, não-material.

2 . A CONSCIÊNCIA HUMANA
A consciência pode ser definida como a faculdade ou poder humano de aprovar ou condenar suas
ações numa base moral. O apóstolo Paulo, um dos maiores eruditos do seu tempo, afirmou que os pagãos,
que não tinham ouvido de Deus ou de Sua lei, mostravam (veja Romanos 2:15).
1
(Evolution of Today, pág. 26).
2
(The Other Side of Evolution, pág. 25).
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4

Paulo assim afirmou de homens que não aprenderam de um padrão moral autorizado tinham um
senso comum do direito e do errado. Eruditos modernos nos dizem que os povos mais rudimentares da
terra têm consciência.
2.1. Ordem, Desígnio e Adaptação no Universo,
Ordem, desígnio e adaptação permeiam o universo. "Desde que a ordem e a colocação útil
permeiam o universo, deve existir uma inteligência adequada para dirigir esta colocação a fins úteis" 3.
Isso nos leva a crer que não somos produto do acaso.
2.2. A Bíblia
A referência aqui não é ao testemunho da Bíblia concernente à existência de Deus. É ilógico dar
autoridade da Bíblia como prova da existência de Deus, porque a autoridade da Bíblia implica a
existência de Deus. Então o que se sugre aqui é:
2.2.1. A natureza do conteúdo da Bíblia
A Bíblia é um livro tal que o homem não o podia ter escrito, se o quisesse, como não o teria
escrito, se pudesse. Ela revela verdades que o homem, deixado a si mesmo nunca podia ter descoberto. E,
se o homem pudesse, porque escreveria ele um livro que o condena como criatura pecaminosa, falida,
rebelde, merecendo a ira de Deus? É da natureza humana condenar-se assim a si mesma?
2.2.2. A profecia cumprida
O cumprimento minucioso de dezenas de profecias do Velho Testamento está arquivado em o
Novo Testamento, o qual traz a evidência interna de uma história verossímil. O cumprimento da profecia
evidencia um ser supremo que inspirou a profecia.
2.2.3. A vida de Jesus
Aceitando o testemunho do Evangelho como possuindo as credenciais de uma história verossímil,
vemos em Jesus uma vida singular. Nem a hereditariedade, nem o ambiente, as duas forças naturais na
formação do caráter, podem dar conta de Sua vida. Assim temos evidência de um ser divino que habitou
Jesus.
2.2.4. A ressurreição de Jesus
A ressurreição de Jesus, como um fato sobrenatural e bem atestado mostra que Ele era divino. Há
muitos que contestam a ressurreição, mas o fato é que ele vive. Temos assim subsequente evidência de
que há um ser divino.
2.2.5. A unidade maravilhosa da Bíblia confirma-a como uma revelação divina.
"Eis aqui um volume constituído de sessenta e seis livros escritos em seções separadas, por
centenas de pessoas diferentes, durante um período de mil e quinhentos anos, - um volume que antedata
nos seus registros mais antigos todos os outros livros no mundo, tocando a vida humana e o conhecimento
em centenas de diferentes pontos. Contudo, evita qualquer erro absoluto e assinalável ao tratar desses
inumeráveis temas. De que outro livro antigo se pode dizer isto? De que livro mesmo centenário se pode
dizer isto?" (Manly, The Bible Doctrines of Inspiration).

3 . O FATO DA EXISTÊNCIA DE DEUS É ACEITO QUASE UNIVERSALMENTE


Os raros que negam a existência de Deus são insignificantes. "As tribos mais baixas tem
consciência, temem a morte, crêem em feiticeiras, propiciam ou afugentam maus destinos. Mesmo o
fetichista, que a uma pedra ou a uma árvore chama de um deus, mostra que já tem a idéia de Deus" 4"A
existência de Deus e a vida futura são em toda a parte reconhecidas na África" 5. Os homens sentem
instintivamente a existência de Deus. Por que, então, alguns a negam? É por causa de falta de evidência?
Não, é somente por não lhes agradar este sentimento. Ele os perturba na sua vida pecaminosa. Portanto,
pode-se concluir com Calvino: "Os que julgam retamente concordarão sempre em que há um senso
indelével de divindade gravado sobre as mentes dos homens." Há duas fontes desta crença; a saber:

3
(Strong, Systematic Theology, pág. 42).
4
(Strong, Systematic Theology,pág. 31).
5
(Livingstone).
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5

3.1. A tradição
Cronologicamente, nossa crença em Deus vem da tradição. Recebemos nossas primeiras idéias de
Deus de nossos pais. Não há dúvida que isto tem sido verdade de cada sucessiva geração desde o
princípio. Mas não basta a tradição para dar conta da aceitação quase universal do fato da existência de
Deus.
3.2. A Intuição
Intuição é a percepção imediata da verdade sem um processo cônscio de arrazoamento. Um fato
ou verdade assim percebidos chama-se uma intuição. Intuições são "primeiras verdades", sem as quais
seria impossível todo pensamento refletivo. Nossas mentes são constituídas de tal modo a envolverem
estas "verdades primárias" 6. logo que se apresentem as devidas ocasiões. "A gente mais irrazoável do
mundo é aquela que no sentido estreito depende unicamente da razão" (Strong). "A crença em Deus não é
a conclusão de uma demonstração, mas a solução de um problema" (Strong); e esse problema é o
problema da origem do universo. "O universo, como um grande fato, requer uma explanação racional e ...
e a explanação que se pode possivelmente dar é essa fornecida na concepção de um tal Ser (como Deus).
Nesta conclusão a razão descansa e recusa-se a descansar em qualquer outra" (Diman, Theistic
Argument). "Chegamos a uma crença científica na existência de Deus tanto como a qualquer outra
verdade humana possível. Assumímo-la como uma hipótese absolutamente necessária para dar conta do
fenômeno do universo; então evidência de todos os cantos começa a convergir sobre ela, até que, no
processo do tempo, o senso comum da humanidade, cultivado e iluminado pelo conhecimento sempre
crescente, pronuncia-se sobre a validade da hipótese com uma voz escassamente menos decidida e
universal do que ele o faz no caso de nossas mais elevadas convicções científicas" (Morell, Philosiphic
Fragments).
Logo, podemos dizer: "Deus é o fato mais certo do conhecimento objetivo" (Bowne,
Metaphysics).
A existência de Deus, portanto, pode ser tomada por concedida e proclamada ousadamente. Os
fatos precitados deveriam fazer o pregador ousado na sua proclamação do fato da existência de Deus, não
temendo de proclamá-la confiadamente aos profanos. Estamos sobre terreno seguro em proclamar esta
verdade. Nenhum homem pode logradamente contrariar nossa mensagem. Vezes há, talvez, quando o
pregador no púlpito deverá discutir as evidências da existência de Deus; todavia, como uma coisa usual,
ele deveria assumi-la e declará-la como Moisés fez. E quando ele trata das evidências da existência de
Deus, não as sobrecarregue de modo a deixar a impressão que a validade do fato da existência de Deus
depende de uma rigorosa demonstração racional.

4 . A BÍBLIA E SUA ORGANIZAÇÃO

PENTATEUCO (5 LIVROS):
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Da criação até o começo da antiga nação de Israel

LIVROS HISTÓRICOS (12 LIVROS):


Josué, Juízes, Rute. Entrada de Israel na Terra Prometida e acontecimentos posteriores
1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas. História da nação de Israel até a destruição de Jerusalém
Esdras, Neemias, Ester. História dos judeus após o retorno do exílio em Babilônia
LIVROS POÉTICOS (5 LIVROS):
Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico de Salomão. Coleção de cânticos e declarações sábias
LIVROS PROFÉTICOS (17 LIVROS):
Profecias, ou predições, sobre o povo de Deus
PROFETAS MAIORES
Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel.

6
"Uma verdade primária é um conhecimento que, conquanto desenvolvido em ocasiões de observação e reflexão, delas não se
deriva, - um conhecimento, pelo contrário, que tem tal prioridade lógica que deve ser assumido ou suposto para se fazer
qualquer observação e reflexão possíveis.
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PROFETAS MENORES
Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias

ESCRITURAS GREGAS CRISTÃS (“NOVO TESTAMENTO”)

OS EVANGELHOS (4 LIVROS):
Mateus, Marcos, Lucas e João. Vida e ministério de Jesus
ATOS DOS APÓSTOLOS (1 LIVRO):
Relatos sobre o começo da congregação cristã e o serviço missionário
CARTAS (21 LIVROS):
Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses
CARTAS A VÁRIAS CONGREGAÇÕES CRISTÃS
1 e 2 Timóteo, Tito, Filêmon
CARTAS A CRISTÃOS INDIVIDUAIS
Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2, e 3 João, Judas
CARTAS AOS CRISTÃOS EM GERAL
APOCALIPSE (1 LIVRO):
Visões proféticas dadas ao apóstolo João

5 . GÊNESIS
ִׁ ‫ב ֵר‬
‫וְ אֵ ת הָ אָ ר‬, ‫אֵ ת הַ שָ מַ יִ ם‬, ‫בָ ָרא אֱֹלהִ ים‬, ‫אשית‬
“Bereshit Bara Elohiym et haShamayim veet haAretz”;
“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1)

A palavra Gênesis significa ORIGEM. Gênesis, sem dúvida nenhuma, é o livro das origens. Em
Gênesis nós temos a origem do universo, do nosso sistema solar, da vida, do homem, do pecado, do
casamento, dos idiomas, da indústria, do governo, da religião e da nação de Israel. Dez vezes no livro de
Gênesis somos dados a história de várias gerações. A palavra “geração” basicamente significa origem, ou
no contexto, o relato da origem.
Note as seguintes gerações:
1. Gerações do Universo -- Gênesis 2:4. 6. Gerações de Terá -- Gênesis 11:27.
2. Gerações de Adão -- Gênesis 5:1. 7. Gerações de Ismael -- Gênesis 25:12.
3. Gerações de Noé -- Gênesis 6:9. 8. Gerações de Isaque -- Gênesis 25:19.
4. Gerações dos filhos de Noé -- Gênesis 10:1. 9. Gerações de Esaú -- Gênesis 36:1, 9.
5. Gerações de Sem -- Gênesis 11:10. 10. Gerações de Jacó -- Gênesis 37:2.

Os seguintes erros têm escravizado milhões, mas em apenas um versículo Deus contradiz todos eles:
A. Ateísmo – Não existe Deus. Gênesis 1:1 afirma a existência de Deus.
B. Agnosticismo - Os agnósticos afirmam que ninguém pode saber se Deus existe. Gênesis 1:1 assume
que todo homem por natureza sabe que Deus existe.
C. Politeísmo - A maior parte da humanidade acredita em muitos deuses. Gênesis 1:1 fala de um só Deus.
D. Panteísmo - Esta filosofia afirma que Deus e o universo são um. A maioria das religiões orientais são
baseadas em tais conceitos. Gênesis 1:1 ensina que Deus é separado e transcende ao universo. Ele é um
Deus pessoal, e não apenas uma força universal.
E. Materialismo - Esta filosofia afirma que a matéria é eterna. Evolucionistas verdadeiras são
materialistas. Gênesis 1:1 declara que a matéria teve um começo.
F. Dualismo - Os dualistas ensinam que o universo foi criado e é controlado por duas forças opostas: uma
boa e a outra má. Gênesis 1:1 ensina que existe um Deus, vivo e verdadeiro, que evidentemente é
supremo.
Estes e uma multidão de outros “ismos” são destruídos por uma simples declaração de Deus. O homem
sem uma revelação inspirada é como um navio sem bússola.
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I. O Primeiro Dia - versículos 3-5.


A primeira coisa criada por Deus foi a luz. A luz em muitos aspectos é como Deus [Tiago 1:17; I
João 1:5]. Ela é usada para representar a santidade, o conhecimento, e o poder criador de Deus. A criação
da luz é também usada como uma figura do Novo Nascimento [II Coríntios 4:6]. Na salvação, Cristo traz
luz a alma que estava em trevas [I João 5:20].
II. O Segundo Dia - versículos 6-8
No segundo dia Deus criou o firmamento. A palavra firmamento significa “expansão”, e se refere
ao céu que está ao nosso redor. Antes do segundo dia, as águas estavam em todo lugar como líquido e
vapores. Deus separou as águas que estavam sobre a terra das águas que estavam acima, nas nuvens. Isto
deixou uma atmosfera ao nosso redor, como nós a conhecemos.
III. O Terceiro Dia - versículos 9-13.
No terceiro dia Deus separou a terra ou porção seca, das águas [Jó 38:11]. Antes disso, a terra era
coberta de água. Também neste dia, foram criadas todas as formas de vegetação. Note que junto com a
criação da vida, é mencionado que ela iria se propagar segundo a sua espécie [vers. 12]. Isto foi sem
dúvida deixado claro, para antecipadamente contradizer toda falsa doutrina (criação espontânea, evolução
e outras teorias falsas).
IV. O Quarto Dia - versículos 14-19.
No quarto dia Deus fez os corpos celestes, como nós os conhecemos hoje. Possivelmente eles já
existiam [vers. 1], mas não brilhavam ou executavam suas funções ainda. De qualquer modo, no quarto
dia, o sol, a lua, os planetas e as estrelas começaram a brilhar. O propósito disso nos é dado no versículo
14.
Nota: O firmamento do versículo 8, é diferente daquele do versículo 15. Ambos são expansão, mas um se
refere ao lugar onde os pássaros voam e o outro ao espaço sideral.
V. O Quinto Dia - versículos 20-23.
No quinto dia Deus criou os animais que vivem nas águas e também os pássaros. Perceba
novamente, que cada um se reproduz segundo a sua espécie.
VI. O Sexto Dia - versículos 24-26.
No sexto dia Deus criou todos os animais terrestres e os insetos. Note que a cada dia da criação,
Deus demonstra Sua satisfação pela Sua obra [vers. 25]. Cada parte era boa e tudo era muito bom [vers.
31]. Isso tudo foi antes da maldição deturpou a criação de Deus por causa do pecado. Mesmo hoje, com o
estrago que o pecado produz, nós nos maravilhamos com o poder, sabedoria e bondade de Deus na
criação. A criação ainda revela Deus [Salmo 19:1-3]. Conclusão: Somente Deus pode.

DEUS É CRIADOR:
Em Gênesis não difícil falar em um Deus Criador: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. O
relato da criação em Gênesis é realizado em duas etapas para ressaltar o Criador: Enquanto o primeiro
relato aponta para um fato (há um Criador de todas as coisas) o segundo relato mais específico sobre a
criação do homem apresenta o Criador como zeloso, atencioso e relacional. Essa descrição de Deus é
certamente uma demonstração do Seu poder e de Seu cuidado graciosos.
A unicidade de Deus nos primeiros versos de Gênesis são também uma descrição de contraste entre
YAHWEH, o verdadeiro Deus e os deuses pagãos. Até por que, a descrição de Deus como Criador,
solitário e auto-suficiente difere gritantemente de outros relatos antigos da criação.

DEUS É SOBERANO
A soberania de Deus é observada em quase todos os eventos apresentados nesse livro: Ele é o
Criador Soberano, o Juiz soberano sobre o pecado do homem, na punição de Caim, no Dilúvio, em Babel.
Ele é o Soberano na separação e eleição de Abraão como herdeiro das promessas. Não havia qualquer
característica em Abraão digna da atenção de Deus, mas em Sua Soberania Deus o separa para dele fazer
uma grande nação.

DEUS É JUSTO
Na retribuição justa de Gn.3 vemos que Deus é severo no trato com o pecado e na imposição das
punições para cada um dos participantes da rebelião contra Ele no Éden. Entretanto, é importante lembrar
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que “quando Sua bondade original foi desprezada no jardim do Éden em troca da independência que as
criaturas queriam Dele, foi Deus quem tomou a iniciativa de buscar o homem (Gn.3 8-9), de prometer a
vitória definitiva sobre a serpente pela semente da mulher (3.15) e remediar a nudez e a vergonha do
primeiro casal”.

DEUS É GRACIOSO:
“Pelo contrário, ele opera exclusivamente em benefício do mundo que não tem intenção alguma de
fazer o que é certo. Neste caso a eleição demonstra a misericordiosa bondade de Deus com o mundo.

DEUS É ÚNICO:
Em oposição ao conceito do Oriente Médio Antigo, Gênesis apresenta um Deus que é Único,
“nenhuma outra divindade questiona o direito divino de criar; nenhuma outra divindade ajuda Deus a
criar nem se opõe à sua atividade criadora”. Desde o princípio, ou desde a origem do tempo e da
história, só Deus existe ou age.

6 . AS CINCOS DISPENSAÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO


“Uma Dispensação é um período de tempo em que o homem é provado com respeito à sua obediência e
alguma revelação específica da vontade divina.”
6.1. PRIMEIRA DISPENSAÇÃO DA INOCÊNCIA
Período que compreende desde a formação do homem até o momento em que ele teve
conhecimento do pecado. Não se tem registro de quanto tempo durou esta dispensação. Sabe-se, porém
que tudo era perfeito, sem pecado e sob o domínio do homem Gn 1:26-27.
Circunstancias favoráveis.
• Não conheciam o pecado.
• Não tinham doenças
• Tinham perfeita liberdade
• todas espécie de comida
• pouco trabalho
• nenhum inimigo visível
Tinham vida espiritual diretamente do Espírito de Deus
Tinham domínio sobre toda a criação
Havia um fiel companheiro para cada um.
A prova era que não deviam comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis
2.16-17) Fracasso do homem. Desobediência. Gênesis 3.6; I Timoteo 2.13-14. Surge o Tentador, Satanás.
Seu nome não aparece no texto de Gênesis. Satanás oferece a Eva algo que foi terminantemente proibido
por Deus. Em I João 2.16, temos a lição que toda tentação do mundo consiste em três pontos:
1. Os desejos da carne: O que satisfaz os apetites ou desejos carnais.
2. Os desejos dos olhos: O que satisfaz à vista.
3. A vanglória da vida: O que satisfaz o orgulho próprio.

A QUEDA E A MORTE DO HOMEM


A mulher caiu sob a tentação, levando seu marido, Adão a uma condição lamentável. Assim ,
Adão que foi constituído como chefe da criação, se sujeitou a Satanás, passando sua lealdade de Deus ao
Diabo. Naquele momento, ele, Adão entregou o mundo nas mãos do maligno. Desde então o diabo se
constituiu como, príncipe deste mundo (João 14.30); deus deste século ( II Coríntios 4.4). Os resultados
da caída já eram conhecidos pelo homem. A "morte" foi o pior castigo que veio em conseqüência da
desobediência do homem. O castigo pode ser dividido em três diferentes manifestações: Morte física;
Morte espiritual; Morte eterna
O juizo de Deus. Gênesis 3.14-19; 3.22,23.
1. Expulso do jardim do Éden
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2. Sobre a serpente – arrastando--se sobre o pó.


3. Sobre a mulher – dor ao conceber filhos e submissão ao seu marido.
4. Sobre a criação natural – espinhos, cardos, frio e de calor.
Provisao divina. Gênesis 3.15; I Coríntios 1.30.
Esta dispensação termina com um saldo negativo por parte do homem, e com um desejo de Deus em
reatar sua relação com o homem. Isso se pode ver na promessa de Gênesis 3.15.
Ao terminar essa dispensação, Deus faz seu segundo pacto com o homem. O Pacto Adâmico, feito com
Adão depois da desobediência (Gen. 3.14-19).

6.2. SEGUNDA DISPENSAÇÃO DA CONCIÊNCIA (Duração: 1656 anos)


A segunda dispensação se chama da "Consciência" porque a humanidade tinha que se conduzir
segundo as normas ditadas por sua consciência. Começa com Gênesis 3.23. Por sua experiência na
dispensação da Inocência o homem aprendeu a diferença entre o bem e o mal, que a desobediência a Deus
era mal e que a obediência era boa. Agora, com sua consciência feita à semelhança de Deus ele foi
deixado em liberdade para obedece-lo.
Terminou EM JULGAMENTO com o Diluvio.
Circunstancias favoraveis..
1. O homem tinha a promessa da redenção de Deus. ( A semente da mulher o livraria, juntamente
com a criação da maldição).
2. Adão mostrou sua fé na promessa ao colocar o nome de eva" na mulher. Eva significa "vida" ou "
a mãe de vida ". Eva foi a mãe da vida espiritual por sua semente Jesus.
3. Adão adorava a Deus e oferecia holocaustos por seu pecado. Certamente Deus lhe ensinou isso
quando matou os animais para sua primeira roupa.
Com estas circunstancias favoráveis o principio da dispensação da Consciência foi tão perfeita como a da
Inocência.

A prova. Gênesis 4.7. como a dispensação da Inocência e as outras, esta também tinha que ter sua
prova.}
Sua lei foi sua consciência.
Pelo pecado na primeira dispensação o homem perdeu a "Consciência de Deus" e ganhou a "consciência
de si mesmo". Isso quer dizer que em vez da conhecer e ver os atos, estado e caráter de Deus, que ele
começou a prestar conta a seus próprios atos, estado e caráter, quer fossem justos ou injustos.
A - O primeiro filho de adao e eva
Com o nascimento de seu primeiro filho, é provável que o casal esperasse o cumprimento da promessa
feita por Deus, que mandaria "um" para ferir a cabeça da serpente. Isso se pode ver no nome dado ao seu
filho "CAIM": "alcancei um varão". Porém com o tempo eles viram que esse não era o filho da promessa.
B - O fracasso.
Primeiro: por não trazer uma oferta de sangue ao altar de Deus (Gênesis 4.3)
Segundo: por matar a seu irmão, Abel (v.8). Certamente Adão havia ensinado a seus filhos sobre a
necessidade de trazer e oferecer sacrifícios de sangue para a remissão de seus pecados. Um aceitou, o
outro recusou.
C - O castigo.
Caím e os homens semelhantes a ele perderam a vida eterna.
Sua raça se terminou com o dilúvio.
D - A redencao.
A redenção prevista por Deus foi a arca de Noé. Enoque escapou por ser arrebatado por Deus.

6.3. TERCEIRA DISPENSAÇÃO DO GOVERNO HUMANO (Noé viveu 950 anos.)


Porque Noé foi posto como guia de um povo ou governo de sua casa.
• Começou no fim do Dilúvio
• Terminou com o chamado de Abraão.
• Durou 427 anos.
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Circunstancias favoraveis
1. Noé, o guía, tinha 601 anos ao sair da arca. Era uma pessoa com experiência natural e espiritual.
2. Tinha a promessa de Deus que não destruiria a humanidade outra vez por agua. Gênesis 9.13-15.
O arco-íris foi o sinal.
3. Receberam um novo paco de Deus. Gênesis 9.9.
4. Tinham o costume de adorar ao Deus verdadeiro. Gênesis 8.20-21.
5. Tinha a completa vontade e liberdade de Deus. Gênesis 9.1-7. Isso incluía:
a) Permissão para formar um governo humano e governar-se a si mesmo;
b) Permissão para comer carne;
c) (Adão não tinha permissão para fazê-lo. Ainda que se crer que alguns pecadores no seu tempo
o fizeram);
A prova.
A vontade da humanidade foi provada por ter que obedecer a lei feita por seu próprio governo.
Não tinham que obedecer sua consciência doente como anteriormente. Deus lhes deus três conselhos
como base de seu governo.
1. Contra assassinar (Gênesis 9.5)
2. Contra comer sangue. Gênesis 9.4. ( Deus nunca mudou essa determinação – Atos l5.29. O sangue
sempre foi precioso aos olhos de Deus).
3. Como se devia castigar um assassino. Gênesis 9.6. Isso não foi aplicado no caso de Caím na outra
dispensação.
O fracasso.
1- A embriaguez de Noé. (Gênesis 9.20-21)
2- Cão olhando o corpo nu de seu pai.
a) Parece que Cão o fez propositalmente pois saiu para dizer a seus irmãos. Eles conheciam o que era
correto e cobriram o corpo de Noé.
b) Ainda que não se especifica bem, parece que o fato de contemplar a nudez do pai, consistia em um
pecado grave.
3- A construção da torre de Babel. Gênesis 10.8-10.
a) O líder do governo era Nimrod
b) foi construída com o propósito de rebelar-se contra Deus
c) Era um sinal do orgulho e rebelião, além da adoração de um líder chamado Ninrod.
O castigo.
1. Dispersão do povo ao ter sua língua confundida, dando origem a vários idiomas, tornando necessário
separar-se em pequenos grupos que falassem o mesmo idioma.
2. Cão e seus descendentes foram destinados a ser serventes. Gênesis 11.5-9; 9.25.
Notamos também, como a maldição caiu sobre Canaã, o filho mais moço de Cão, e não sobre seu pai,
e desde então os Cananitas foram adversários do povo de Deus, até serem totalmente extintos da Terra, Is
17.18. Quatro Raças originaram-se dos quatro filhos de Cão. Essas por sua vez subdividiram depois,
povoaram as terras da África, da Arábia Oriental, da Costa Oriental do Mar Mediterrâneo e do grande
Vale dos rios Tigre e Eufrates.

6.3.1. DESCENDENTES DE NOÉ:

a) Jafé: zona Norte das nações e as proximidades dos mares Negro e Cáspio: as raças caucásicas da
Europa e Ásia.
b) Cão: zona Sul das nações, a Arábia Meridional e Central, o Egito, a costa oriental do
Mediterrâneo e a costa oriental da África. (Canaã, filho de Cão).
c) Sem: zona central das nações. Os semitas incluíam os judeus, assírios e sírios, na parte Norte do
vale do Eufrates.
A Aliança com Noé, Gn 9.1-17:
1) Confirmação de que o homem seria relacionado à terra, conforme a Aliança Adâmica,Gn 8.21;
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11

2) Confirmação da ordem da natureza, Gn 8.22;


3) Estabelecimento do governo humano, Gn 9. l -6;
4) Garantia de que a Terra não sofreria outro Dilúvio, Gn 8.21; 9.11;
5) Declaração profética de que procederia de Cão uma posteridade inferior e serviçal, Gn9.24.25;
6) Declaração profética de que haveria uma relação especial entre Jeová e Sem, Gn9.26.27.
7) Declaração profética de que de JAFÉ procederiam as "raças dilatadas ", Gn 9.27. Os governos, as
ciências e as artes têm provido, geralmente, de descendentes de Jafé; assim a História tem confirmado o
exato cumprimento dessas declarações.

6.4. A QUARTA DISPENSAÇÃO (DISPENSAÇÃO DA PROMESSA) Gn 12.1-Êx 18 27.


A duração desta Dispensação foi de 430 anos, considerada a Dispensação da Promessa, que
terminou quando Israel tão facilmente aceitou a Lei, Êx 19.8. A Graça tinha oferecido um Libertador
(Moisés), um sacrifício para o culpado, e, por divino poder, libertado Israel da escravidão, Êx 19.17, mas
no final trocaram a Graça pela Lei.

6.4.1. ALIANÇA ABRAÃMICA


A Chamada de Abraão, Gn 12.
A chamada de Abraão e as promessas que Deus lhe fez.
Podemos estudar neste capítulo:
a) A escolha divina. Deus escolheu Abraão e isto importa conhecimento, aprovação, confiança,
preparação para o fim destinado;
b) O plano de (mediante o escolhido de Deus) abençoar muitos povos;
c) A proteção divina - "amaldiçoarei os que te amaldiçoarem ";
d) A chamada divina - uma chamada positiva, individual, imperativa;
e) A Revelação Divina - "apareceu o Senhor a Abraão ";
f) A Promessa Divina - "à tua descendência darei esta terra".
Sete coisas neste desvio de Abraão, notemos:
1) Agiu sem consultar a Deus, Gn 12.10;
2) Escolheu seu destino, confiando na própria inteligência, Gn 12.10;
3) Valeu-se da duplicidade, para conseguir seu propósito, Gn 12.13;
4) Perdeu de vista a perspectiva e o plano de sua vida, Gn 12.2,12;
5) Sua astúcia parecia alcançar bom êxito, Gn 12.14,15;
6) Achou-se mais tarde enlaçado na trama que ele mesmo fizera, Gn 12.18,
7) Foi censurado por um rei pagão, e mandado para sua própria terra, Gn 12.18-20.
Separação Para Deus
Agora Abraão volta do Egito e vira o rosto para a Terra Prometida. Sua vida de peregrinação é
caracterizada por Três Coisas: a Tenda; o Altar e o Poço. Nada lemos sobre altar no Egito.
Abraão dá-lhe o dízimo de tudo.
Vamos notar os seguintes pontos, como seguem:
1) Por ser ele o Primeiro Sacerdote mencionado na Bíblia, tem sido escolhido pelo Espírito Santo como
tipo de Cristo, um Sacerdote maior que Aarão;
2) Ele era Rei e também Sacerdote. Rei de Salém (da paz) e seu nome significa "Rei da Justiçai Cl
6.12,13; Hb 7.2;
3) Assim, no SI 110.4 está escrito de Cristo: "Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque ";
4) Não há alguma menção de seu pai ou de sua mãe, do seu nascimento ou morte; por isso é tomado em
Hb 7.3, como um tipo de Cristo: O Sacerdote Eterno.7
Promessa de uma Posteridade

7
Para estudar o assunto mais detalhadamente, é preciso ler com cuidado Hb 5.7.
CURSO DE FORMAÇÃO DE LÍDERES EM PRÁXIS PASTORÍS
12

Em Gn 15.6 , pela primeira vez, a Fé é mencionada, e lemos "E creu ele no Senhor, e foi-lhe
imputado isto por justiça"; Rm 4.3; Tg 2.23. Abraão nasceu quando seu pai Terá tinha 26 anos, Gn 11.25.
Abraão tinha 75 anos quando foi convidado por Deus a deixar sua parentela e partir para uma terra
desconhecida (Canaã). Contava com 80 anos quando encontrou-se com Melquisedeque e foi abençoado
por ele.
Tinha 86 anos quando nasceu Ismael, fruto de uma fragilidade em sua vida. Persuadido pela
esposa, lança mão de outro meio, sugerido pela sua desconfiança quanto a conseguir as promessas de
Deus. Toma a serva egípcia de sua mulher e por ela tem seu filho Ismael. Depois desse incidente sua fé
foi provada mais 13 anos.
Em Gn 17, seu nome foi mudado.
Um quadro interessante foi as três vezes que Deus apareceu a Abraão:
1a) Apareceu o Senhor a Abraão, e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um
altar ao Senhor, que lhe aparecera” Gn 12.7;
2a) "Quando atingiu Abraão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o
Deus Todo-poderoso: anda na minha presença e sê perfeito", Gn 17.1,
3a) "Apareceu o Senhor a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da
tenda, no maior calor do dia", Gn 18.1.
Isaque nasce - Ismael é despedido
Afinal, nasce Isaque, depois de muitos anos de fé alternada com incredulidade da parte de seus
pais, Abraão e Sara. Vemos que Ismael, o filho "nascido segundo a carne ", Gl 4.29, persegue o filho da
promessa, e é despedido, porque não pode herdar com este. Os que são das obras da Lei, Gl 3.10, não
herdarão as promessas dadas a Abraão, mas sim aqueles que têm fé em Cristo, Gl 3.12-14. Uma religião
carnal é sempre inimiga da religião espiritual.

6.4.2. O ALTAR SOBRE O MONTE


Este incidente é talvez o mais misterioso e sublime na história de Abraão. Somente após longos
anos de preparo espiritual poderia Deus submetê-lo a tal provação de sua fé, com a certeza de que havia
de sair triunfante. Era sem dúvida um experiência penosa à vista do mundo cruel. Mas o resultado final
havia de ser um notável engrandecimento da vida espiritual de Abraão, e o conhecimento, mediante a sua
própria experiência, de verdades bem importantes.

6.4.3. NOTEMOS, OS SEGUINTES PONTOS:

1°) Certeza da Palavra Divina. Para agirmos em algum sentido contrário ao sentimento natural,
ao procedimento comum, aquilo que nossas convicções e as dos vizinhos aprovam, precisamos ter uma
palavra de Deus mui positiva, que não admita dúvidas;
2°) Falta de Explicação. O mandado divino não trouxe consigo um porquê"; contudo, havia um
raio de luz nas palavras "a quem amas", revelando que Deus não estava esquecido da forte afeição natural
de Abraão para com Isaque;
3°) A Completa Confiança de Abraão. Isto nos faz pensar nas palavras de Jó:
"Ainda que me mate, nele esperarei",Jó 13.15. A explicação dada em Hb 11.18, é que Abraão "considerou
que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar (a Isaque)";
4°) O Conhecimento de Deus. Fruto de longos anos de experiência da divina proteção e bondade,
progrediu até que, afinal, Abraão podia obedecer a Deus cegamente;
5°) A Submissão de Isaque a Vontade do Pai. Um belo tipo da obediência de Cristo até a morte;
6°) A Palavra Profética De Abraão. Disse Abraão: "Deus proverá para si o cordeiro ". Também
havia um sentido profético no nome que Abraão deu ao lugar: Jeová-Jireh: "ü Senhor proverá". Em Jo
8.56, permite pensar que ele tinha alguma vaga previsão do "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo";
7°) A Lição da Substituição. O carneiro "travado pelas suas pontas num mato ", y j veio a ser o
substituto do moço; e quantos seres humanos desde o tempo de p;
Isaque têm dado graças a Deus por Ele ter "fornecido um substituto "
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13

8°) A maneira maravilhosa como Deus operou em Abraão, uma semelhança a si mesmo.
Num dia futuro Deus havia de ceder seu Filho, em sacrifício pelo pecado, Mas então não haveria outro
cordeiro para tomar o lugar dele:
"Nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes o entregou por todos nós", Rm
8.32.
A obediência de Abraão era agradável aos olhos de Deus; por isso o mandamento foi dado. A
morte de Isaque não teria sido agradável a Deus, visto que o ato da matança foi impedido". No Monte do
Senhor se Proverá".

6. 5. A QUINTA DISPENSAÇÃO -A LEI


6.5.1. ALIANÇA MOSAICA

A Dispensação da Lei teve uma duração de 1.430 anos: do "Êxodo do Egito" até a "Crucificação
de Cristo".
1) O "Eu Sou ", na sarça ardente - Um Deus que 6) A Lei - Um Deus de santidade;
mantém aliança; 7) Tabernáculo, sacerdote, ofertas - Um Deus de
2) As pragas - Um Deus de punição; comunhão;
3) A Páscoa - Um Deus de redenção; 8) A punição devida do bezerro de ouro - Um
4) A travessia do Mar Vermelho - Um Deus de Deus de disciplina;
poder; 9) A Renovação da Aliança - Um Deus de graça;
5) A jornada até o Sinai - Um Deus de provisão; 10) A vinda da glória - Um Deus de glória.

"Porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e verdade vieram por Jesus Cristo” Jo l. 17.

É bom lembrar que esta Dispensação pode ser chamada de Dispensação dos Israelitas.
Devemos lembrar que o cenário histórico data de 1440 a.C. aproximadamente. Sabemos que a data do
Êxodo foi por volta de 1445 a.C. Além desta outra data, também é defendida pêlos estudiosos do AT, a de
1290 a.C.
Em Gn 19.3 começa a Quinta Dispensação, quando a Lei foi colocada em ênfase dos princípios de
Deus.
Israel chega ao monte Sinai depois de 3 meses de uma longa viagem. Neste momento. Deus chama-o a
um Concerto mais sério, e passa-lhe uma nova lição:
1. Mediante ao mandamento aprendeu a Santidade de Deus;
2. Mediante ao seu próprio erro, aprendeu a sua fraqueza pecaminosa;
3. Mediante a provisão do sacerdócio e do sacrifício, aprendeu a Bondade de Deus.
Em Gl 3.6-25, aprendemos a relação da Lei para com a Aliança Abraãmica:
1. A Lei não pode anular esta aliança;
2. Foi "acrescentada " para convencer do pecado;
3. Servia de pedagoga até a vinda de Cristo;
4. Era uma disciplina preparatória "até que viesse a semente ".
A trajetória de Israel no deserto e em Canaã é uma longa história de violação da Lei. A prova terminou no
julgamento dos cativeiros, mas a Dispensação propriamente dita só terminou na Cruz.
Podemos considerar:
1) O estado do homem no começo da jornada, Êx 19.1-3;
2) Sua responsabilidade, Êx 19.5,6; Rm 10.5;
3) Seu fracasso, II Rs 17.7-17; At2.22.23,
4) O julgamento, II Rs 17.1-6,20; 25.1-11; Lc 21.20-24.
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Notemos neste capítulo o cuidado que Deus tem de desenvolver em Israel uma compreensão de sua
santidade. No Egito tinham se acostumado com as imundas divindades do paganismo, e agora precisam
aprender que Jeová é um Deus santíssimo e temível.

6.5.2. OS DEZ MANDAMENTOS


A Aliança Mosaica foi dada a Israel com três divisões, cada uma ligada às outras, e,
conjuntamente, formando a Aliança Mosaica. Os Dez Mandamentos, expressão da vontade de Deus para
seu povo, Ex 20.1- 26; Os Juízos, governo da vida social de Israel, Êx21.1 - 24.11; e as Ordenanças,
governando a vida religiosa de Israel, Êx 24.12 - 31.18. Estes três elementos formam a "LEI" como essa
palavra se emprega no NT, Mt 5.17,18. Os Mandamentos e Ordenanças formam um só sistema religioso.
Os mandamentos foram um "Ministério de Condenação e de "Morte), II Co 3.7-9.

6.5.3. O TABERNÁCULO
(Romanos 15.4, “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que
pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.”;
I Pedro 2.2, “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não
falsificado, para que por ele vades crescendo”;
João 5.39, “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de
mim testificam;”).
Tabernáculo pode ser traduzido como habitação, tenda da congregação e tenda do testemunho
(Nm 9:15; 18:2). Esta tenda não era uma mera barraca aonde o povo podia se proteger do sol ou da chuva
enquanto prestava seu culto; era muito mais do que isso: ele era figura e sombra das coisas celestiais (Hb
8:5); e simbolizava também a obra redentora de Jesus Cristo (Hb 9:11,12). Dentro dele havia várias
peças, cada uma com um grandioso significado. Muitas passagens do Novo Testamento só podem ser
entendidas com o conhecimento desse assunto, pois são cumprimentos de sua simbologia. Estudar sobre o
tabernáculo não é simplesmente adquirir conhecimento histórico, mas entender coisas futuras que Deus
revela subliminarmente através das Escrituras Sagradas àqueles que buscam conhecimento. Portanto, não
ignoremos a importância dos ensinos teológicos ( 1 Co 2:6-16)!
Ele é cercado de mistérios e todas as peças existentes em seu interior têm um significado. Ele é
uma grande prova da importância da adoração a Deus

6.5.3.1. NOMES DADOS AO TABERNÁCULO


• Tenda (Êxodo 39.32,33,40).
• Santuário (Êxodo 25.8).
• Tabernáculo da Congregação (Êxodo 27.21; Levítico 1.1; Números. 1.1; Deuteronômio 31.14)
• Tabernáculo do SENHOR (I Reis 2.28)
• Tabernáculo do Testemunho (Êxodo 38.21; Números. 17.7,8)

➢ DEUS MANDA O POVO TRAZER OFERTAS PARA O TABERNÁCULO


(Êx 25:1,7)- Caro estudante examine sua Bílbia e faça as anotações necessárias.

AS CORES
Azul – Natureza Celestial de Cristo, O Espiritual, ou homem celestial, I Coríntios 15.47,48; João
1.18; Hebreus 7.26; a origem celestial de Cristo.
Púrpura – Realeza, Soberania de Cristo, o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores”, Apocalipse
19.16; Marcos 15.17-18.
Carmesim – Sacrifício, Apocalipse 5.9-10; Números 19.6; Levítico 14.4; Heb 9.11-14, 19, 23, 28.
Branca – do linho fino – Perfeição, pureza e santidade de Deus em Cristo, e aos que são lavados
no sangue de Cristo (Ap 7.9-17; Sl 132.9).
TECIDOS
Linho Fino – Justiça, Cristo é o Justo, e os que são dEle têm a Sua justiça, II Coríntios 5.21;
Apocalipse 19.8; I Coríntios 1.30.
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15

Pelos de Cabras – Útil para servir. Tecido para fazer pano das cortinas para servirem de tenda
sobre o tabernáculo, Êxodo 26.7; 36.14. É também crido que os profetas usavam roupa feita de pelos de
cabra, Zacarias 13.4,5.
Peles de carneiro tingidas de vermelho – Expiação de Cristo, ou a devoção do Sacerdote no seu
oficio.
Peles de texugos – Humanidade ou a aparência de Cristo. A santidade que repele toda forma de
iniquidade, Hebreus 7.26. A pele de texugo era sem formosura, manifestando o fato que o homem natural
não vê em Cristo nenhuma formosura, Isaías 53.2; a capacidade de Cristo proteger o Seu Povo, João
10.27,28.
MADEIRA
(Acácia) – A humanidade de Cristo, separada de iniquidade, Sal 16.10; João 14.30.

AZEITE
Azeite – O Espírito Santo, ou Sua unção, I João 2.27. O Espírito Santo foi dado a Cristo sem
medida, João 3.34. Cristo fez as Suas obras pela virtude do Espírito Santo, Hebreus 9.14; Sal 45.7; Isaías
11.2-4; Efésios 1.19. Cristo a Luz do mundo, João 8.12; a Sua sabedoria divina, I Cor 1.30.

ERVAS: Especiarias – Fragrância agradável diante de Deus, II Coríntios 2.14-17.

PEDRAS: Pedras de ônix e pedras de engaste – a preciosidade dos Cristãos a Deus por Cristo,
Malaquias 3.17; As perfeições de Cristo como Sacerdote.

➢ OS METAIS USADOS NO TABERNÁCULO E O SEU SIGNIFICADO


Ouro – Divindade, Apocalipse 3.18; como também Justiça Divina como aquela vista no
propiciatório, Êxodo 25.17; a glória de Deus em Cristo, João 1.14.

OS QUATRO EVANGELHOS
✓ Mateus: Cristo – Rei - Púrpura
✓ Marcos: Cristo – Servo Sacrificatório - Carmesim
✓ Lucas: Cristo – Perfeito Homem - Branca
✓ João: Cristo – Filho de Deus – Azul
NO TABERNÁCULO
✓ A Porta do Pátio – Filho Divino – Azul (Ex 26.31-33)
✓ A Porta da Tenda – Soberano Divino – Púrpura (Ex 26.36,37)
✓ O Véu do Tabernáculo – Salvador Divino – Carmesim (Ex 27.16,17)
✓ As cortinas do Tabernáculo– Servo Divino – Branca (Ex 26.1-3)

E AINDA UMA OBSERVAÇÃO ESPECIFICA


✓ (Êx 25:8,9) Caro estudante examine sua Bílbia e faça as anotações necessárias.
✓ Era uma tenda retangular, construída de modo que podia ser montada e desmontada a qualquer
momento, pois eles estavam viajando pelo deserto. Suas medidas eram: 30 côvados de
cumprimento por 10 de largura e 10 de altura (Êx 26:15-30); e seu pátio media 100 côvados de
comprimento por 50 de largura (Êx 27:9:19)
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6.5.3.2. O PÁTIO DO TABERNÁCULO (ATRIO)

(Êx 27:09); Caro estudante examine sua Bílbia e faça as anotações necessárias.
O Pátio era um lugar especial para servir Deus publicamente. Além dos cultos domésticos (Dt 6.6-
9). As cortinas do pátio eram brancas, as suas colunas, talvez de madeira, tinham bases de cobre que
reluziram gloriosamente. As suas faixas e os seus colchetes de prata em cada coluna manifestaram a
glória tanto do pátio quanto o serviço ali ministrado. Aquele que desejava ser santo, vendo o uso do cobre
nessas cortinas e colunas, percebia que não somente os pecados seriam julgados, mas a prata (nos
colchetes e faixas) pregava da expiação dada pelo Cordeiro de Deus.
A expiação de Cristo (colchetes de prata) posicionava entre o julgamento (cobre) e a justiça de
Deus (linho fino). Os pecadores arrependidos podiam, pela fé, alegrar-se pela salvação dessa expiação
idônea.
Jesus é o único por Quem a salvação é dada e por Quem qualquer serviço ou adoração a Deus é
aceita (Jo 14.6). Posso imaginar, as pessoas naquela época são como hoje, muitas pessoas estão ao redor
da Porta Única. Essas sentem-se bem por saber onde a Porta é localizada.
Podem avisar a todo mundo que essa é a Porta Única para ter acesso a Deus. (Jo 10.9)
As quatro colunas desta Única Porta podem ser comparadas aos quatro Evangelhos do Novo
Testamento e aos quatro animais diante e por detrás do trono de Deus (Ap 4.6-9). (leão como rei, Mateus;
bezerro como Servo, Marcos; rosto como homem, Filho de Homem, Lucas; águia como Deus, João), as
quatro colunas podem representar a verdade que Cristo é universalmente: o Salvador de qualquer pecador
arrependido de “toda a tribo, e língua, e povo, e nação” (Ap 5.9). As quatro colunas também podem
significar que Cristo deve ser pregado “a toda criatura” (Mc 16.15).

6.5.3.3. AS TÁBUAS

(Êx 26:15) Caro estudante examine sua Bílbia e faça


as anotações necessárias.
O material usado para fazer essas tábuas
aponta a Jesus de várias maneiras.
A madeira de acácia, como já estudamos,
aponta à humanidade de Jesus. Jesus foi feito homem
(Jo 1.1, 14). Este homem-divino é Jesus (Mt 1.23).
Ele nasceu de uma mãe virgem, cresceu em estatura e
em conhecimento, e chegou a ser adulto. Como uma
árvore adulta passa por todos os tipos de clima, Jesus foi tentado como nós em tudo e passou pelas
tribulações de todos os homens.
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O Ouro que cobriu as tábuas aponta a Jesus como Deus (Mt 1.23, “Deus conosco”; “habita nEle
toda a divindade”, Cl 2.9). Sendo Deus, Ele pode dar vida nova e vida eterna para todos que venham a
confiar nEle de coração (Jo 10.10; Jo 3.16; Jo 3.36) Jesus é Deus e assim sendo, pode salvar todos que
veem a Ele pela fé.

6.5.3.4. ALTAR DOS HOLOCAUSTOS


(Êx 27:01) Caro estudante examine sua Bílbia e faça
as anotações necessárias.
O Altar do Holocausto sendo feito de madeira de
acácia e coberto de cobre representa a Jesus, tanto o sacrifício
quanto o altar. A sua humanidade é simbolizada na madeira
de acácia, e a Sua divindade, que sustentou a Sua natureza
humana no juízo, é simbolizada pelo cobre que cobriu a
madeira (John Gill). Deus preparou o sacrifício idôneo com
um corpo (Hb 10.5, 10). Se qualquer pecador tiver a mínima
esperança de entrar na presença de Deus, a primeiríssima
necessidade é tratar com seus pecados, e isso é exclusivamente pelo corpo de Jesus Cristo. Sim, se estiver
cansado da opressão do pecado, venha “a Mim”, diz o Cordeiro de Deus (Mt 11.28; Jo 1.29, 36). O fogo
neste Altar do Holocausto era constante, pois os holocaustos eram constantes. Além dos sacrifícios
trazidos durante o dia todo, os sacerdotes ofereceram “dois cordeiros de um ano, cada dia,
continuamente”. Um cordeiro foi oferecido pela manhã, e o outro cordeiro foi oferecido à tarde (Ex.
29.38, 39). Deus desejava um contínuo e ativo sacrifício para Lhe agradar. Desde que o homem é um
pecador contínuo, ele necessita um sacrifício contínuo. Nisso Cristo é tudo que Deus requer e sempre
tudo que o pecador necessita. Cristo é a eterna redenção. (Hb 7.25-28; 9.13, 14; 10.10-14). Quem tem os
pecados julgados por Cristo tem vida eterna!

6.5.3.5. A PIA DE COBRE


(Êx 30:17-19). Caro estudante examine sua Bílbia e faça as
anotações necessárias. Material Usado para Fazer A Pia
A única peça do Tabernáculo sem detalhes das suas dimensões.
Feita “dos espelhos das mulheres que se reuniram para servir à
porta da tenda da congregação” – Ex 38.8
Local e Uso da Pia de Cobre
A posição da Pia era “entre a tenda da congregação e o altar”,
ou seja, o Altar dos Holocaustos, Ex 30.18 O uso da Pia de
Cobre era para Aarão e seus filhos lavar suas mãos e seus pés
em água limpa quando entravam na tenda da congregação, ou
quando chegaram ao altar para ministrar, Ex 30.19-21
O Significado da Pia de Cobre
A água na Pia de Cobre, como a água no batismo, representa a
obra de Cristo ser suficiente de lavar-nos da condenação dos
nossos pecados. “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus
Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”(At. 2: 38); A água do batismo
manifesta como Cristo foi sepultado por nossos pecados e a Sua saída da água como Ele foi ressuscitado
dentre os mortos, pela glória do Pai (Rm 6.3-6). Assim “andemos nós também em novidade de vida”!
Cristo não apenas nos lavou dos nossos pecados pelo Seu sangue (At 20.28; Ap 1.5), que foi
aspergido no altar dos holocaustos (Hb 9.11-14; 10.10-14), mas Ele mesmo é lavado, ou seja, tem mãos
santas e pés santos. Isso quer dizer que Ele é imaculado em tudo que opera e em qualquer lugar que for.
VEJA TAMBÉM (I Co 6.11; Hb 10.10; (I Jo 1.8,9; Sl 51.2; Ef 5.26; Sl 119.9; Tt 2.14; Jo 13.8)
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6.5.3.6. O PRIMEIRO VÉU E O CÉU


A “Porta da Tenda” é entendida como sendo o ‘primeiro’ véu do Tabernáculo. Essa porta é antes
do “Segundo Véu” (Hb 9.2,3), portanto é o “Primeiro”. Essa porta, o primeiro véu, abria para a primeira
parte do Tabernáculo onde os sacerdotes cumpriam “os serviços” (Hb 9.6-10). Desde que o Tabernáculo
representa, em figuras, a nossa salvação feita no céu, a “Porta da Tenda” e os próprios serviços na tenda
nos ensinam verdades espirituais.

6.5.3.7. O LUGAR SANTO


• A MESA DE MADEIRA DE CETIM (ACÁCIA)

.(Êx 25:23) Caro estudante examine sua Bílbia e


faça as anotações necessárias.
Feita de madeira de acácia (cetim) e revestida de
ouro, medindo 90cm de comprimento, 45 de largura e 68
de altura, essa mesa da ficava bem no meio do Lugar
Santo, bem perto do castiçal. Sobre ela ficavam os pães
da proposição, também chamados de pães asmos (12
pães, segundo o número das tribos de Israel que
acampavam ao redor do Tabernáculo), que eram
substituídos a cada 7 dias.
A mesa representa união, pois é aonde as pessoas se juntam para comer e se confraternizar; os 12
pães simbolizavam a comunhão entre as 12 tribos. Estes pães podiam ser comidos apenas pelos
sacerdotes; hoje todos nós somos sacerdotes (1ª Pe 2:9) diante da mesa de Deus e podemos nos alimentar
do Pão da Vida, que é Jesus Cristo (Jo 7:48-51).

• O AZEITE PURO

“Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro,
para manter uma lâmpada acesa continuamente”. (Êx 27:20)

• O CANDELÁBRO

“ Também farás um castiçal de ouro puro; de ouro batido


se fará este castiçal; o seu pé, as suas canas, as suas copas, as
suas maçãs e as suas flores serão do mesmo”.(Êx 25:31)

O candelabro se encontra no Lugar Santo e é o objeto


principal neste lugar. Somente o sacerdote e a sua família
santificada podem entrar no Lugar Santo. Homem algum entrará
na presença de Deus sem Cristo. Sem Cristo é só trevas. Não
entrava no Lugar Santo nenhuma luz natural. O candelabro era a
única fonte de iluminação. Lugar Santo nos ensina que a mortificação da carne é necessária para a
salvação (At 17.30; I Jo 1.7-9) e posteriormente para comunhão (Gl 2.20; 5.17-24).
O candelabro é feito de ouro puro (Ex 25.31, 39). Não há madeira na sua construção, ou seja, não
há nada que represente a humanidade de Cristo nele. A iluminação para a qual essa peça foi designada era
possível através do azeite puro de oliveira (Ex 27.20, 21). O óleo ou azeite puro de oliveira, batido,
muitas vezes representa o Espírito Santo. Conforme está relatado em Êx 25:41-40, o candelabro (castiçal),
era uma peça só (sem encaixe ou emendas, simbolizando uma perfeita união); feita de ouro puro (o que
representa o valor da glória de Deus e a sua divindade), pesava 30 quilos e tinha um suporte para 7
lâmpadas (7 é o número da perfeição, pois tudo o que Ele faz é perfeito). Duas vezes por dia (de manhã e
de tarde), o sumo sacerdote trocava os seus pavios e enchia as luminárias com puro azeite de oliva; sua
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19

luz iluminava a mesa dos pães da proposição e o altar de incenso, mantendo assim iluminada
constantemente a glória do Santo Lugar. O castiçal tipifica Cristo como a Luz do mundo (Jo 8:12; 9:5). A
profecia de Isaías diz que o Rebento do tronco de Jessé brotará e repousará sobre ele o Espírito do Senhor
e assim lista sete características deste Espírito (Is 11.1,2).
O Apóstolo João, no livro de Apocalipse refere a Cristo tendo junto dEle os sete espíritos que
estão diante do Seu trono (Ap 1.4). Não deve haver dúvida nenhuma que a obra de Cristo foi com o poder
e presença do Espírito Santo. (Lc 12.10).

• O INCENSO SANTO

“Disse mais o Senhor a Moisés: Toma especiarias


aromáticas: estoraque, e ônica, e gálbano, especiarias
aromáticas com incenso puro; de cada uma delas tomarás
peso igual”; (Êx 30: 34).
• O ALTAR DO INCENSO

“Farás um altar para queimar o incenso; de madeira de


acácia o farás”. (Êx 30:01).
O Altar de Incenso é a terceira peça descrita pela Bíblia no Lugar Santo. Enquanto o candelabro
estava no lado sul do tabernáculo e a Mesa de Pão da Propiciação estava no lado norte, o Altar de Incenso
posicionou-se no centro dos dois e “diante do véu que está diante da arca do testemunho” (Ex 30.6).
Esse altar era usado para queimar incenso de manhã e à tarde (Êx 30:7,8). Conforme está escrito
em Êx 30.34,35, este incenso era composto por 5 substâncias: estoraque (colhido espontaneamente de
uma árvore que destilava pequenas gotas perfumadas; significa que a adoração deve ser espontânea),
onicha (extraída de um molusco do fundo do mar; representa que o clamor deve sair do fundo da alma),
gálbano (tinha que ser moído e esmagado para produzir odor; nos mostra que Deus ouve a oração de
quem tem um coração quebrantado), incenso puro (indica a pureza; Deus não ouve a pecadores (Jo
9:31) e sal (somos o sal da terra, Mt 5:13); isso simboliza que o crente deve ser temperado para sua
oração ser agradável).
A presença do Altar de Incenso nesta parte do Tabernáculo nos ensina que um coração puro faz a
nossa adoração e as nossas orações a Deus aceitáveis diante de Deus. Essa pureza de coração que agrada a
Deus não vem dos exercícios da nossa “religiosidade”, mas do Espírito Santo conformando-nos à imagem
de Cristo. Ele não somente nos move a uma obediência maior da Palavra de Deus, mas ajuda-nos a orar
segundo a vontade de Deus (Rm 8.26).
Cristo é tanto o Altar do Incenso quanto o Incenso queimado nele. Cristo é a madeira e o ouro do
altar, pois essa composição manifesta a Sua:
Humanidade e Divindade – Abra sua bíblia nestas passagens - Hb 2.9, e Fp 2.8-9, Jo 1:14
Quando nos colocamos diante de Deus para adorá-lo e levar nossas petições à Ele, temos que examinar a
qualidade de nosso incenso espiritual, para que nosso clamor chegue diante dEle com um cheiro suave (Ef
5:1). (Jo 3.5; II Ts 2.13-14; Tt 3.5).
O Altar de Incenso ensina-nos que a oração no culto a Deus pede reverência. Note também que o
Altar de Incenso foi carregado com varais forrados de ouro puro (30.4,5). Tudo disso nos ensina que
mesmo que por Cristo temos ousadia a entrar na presença de Deus (Hb 10.19; Ef 3.12,

• O VÉU DO TABERNÁCULO

“Farás também um véu de azul, púrpura, carmesim, e linho fino torcido; com querubins, obra de
artífice, se fará”; (Êx 26:31)
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O véu a todos mostrava a separação do homem do Santo Deus. Por Deus ser santo, e o homem ser
destituído da glória de Deus, ou seja, da glória da santidade, há separação (Is 59.1-3). O véu mostrava a
maneira de aproximação do homem pecador para o Santo e Glorioso Deus. Essa aproximação era
somente por um sacerdote idôneo e somente com sangue (Lv 16.14; Jo 9.7, 14).
Cristo é quem foi representado pelo véu do Tabernáculo (Hb 10.19, 20; Ef 2.12-16; Cl 2.13-15;
3.7-11; Rm 3.23,). Cristo é a Entrada – Isa 53.10, 11. Por Ele, o pecador arrependido e crente pela fé em
Cristo Jesus, não apenas tem entrada à presença de Deus, mas, ousadia para entrar no santuário, pelo
sangue de Jesus (Hb 10.19).
Os querubins representavam: somando tudo que fala dos querubins pela Bíblia podemos
resumir que eles representam a autoridade e poder judicial de Deus (Gn 3.24). Não há como chegar a
Deus sem responder pelo julgamento dos pecados. Pelo motivo de os querubins terem presença no véu do
Tabernáculo entende-se que a entrada à presença de Deus é somente através do julgamento dos pecados.
Assim aponta para Cristo: O Espiritual com natureza celestial (azul), O Soberano (púrpura), O Sacrifício
idôneo (carmesim), O Justo (linho fino) e O Perfeito (branco do linho fino). Cristo, nessas qualidades,
deu-Se a Si mesmo na cruz, recebendo assim o julgamento do pecado de todo pecador arrependido (II Co
5.21; Tt 3.5; I Pd 1.18-21) e repassando a estes a Sua justiça (II Co 5.21; I Pe 3.18).

6.5.3.8. O SANTO DOS SANTOS (LUGAR SANTISSIMO)


• A ARCA8

(Êx 25:10). Caro estudante examine sua Bílbia e


faça as anotações necessárias.
A arca aparece na Bíblia com vários nomes: Arca do
testemunho, Arca do concerto ou aliança com Deus, Arca
sagrada ou santa e Arca de teu poder ou tua força. Ela era
uma caixa de madeira de cetim, coberta de ouro por dentro
e por fora. Tinha 2 (dois) côvados e meio de comprimento,
1 (um) côvado e meio de largura e 1 (um) côvado e meio e
meio de altura. Havia sobre ela uma coroa de ouro, e 4 argolas laterais, também de ouro pelas quais
passavam as varas de madeira de cetim cobertas com ouro que serviam para carregá-la (Êx 25:10-16). No
interior da arca havia a vara de Arão, a tábua com os 10 mandamentos e o maná (Hb 9:4). Ninguém sabe
o que aconteceu com a arca; E bíblia diz que João a viu no céu (Ap 11:19).
A Arca da Aliança, em Si, representa a presença de Deus entre os homens. Cristo “é a imagem do
Deus invisível” (Cl 1.15). Deus (o ouro) se fez carne (a madeira de acácia) para habitar entre nós (Ex
25.8). Fato que a Arca da Aliança esteve no lugar Santíssimo nos ensina que não há compartilhamento
com qualquer falso deus (I Sm 5.1-7).
A colocação da Arca da Aliança no Santo dos Santos não admite adoração criativa (os dois filhos
de Aarão, Lv 10.1-11); adoração com a carne (os dois filhos de Eli, I Sm 4.3-11); com a nossa intenção só
(Uzá, II Sm 6.1-7); mas, somente como agrada a Deus, “em espírito e em verdade” (Jo 4.24). A Arca da
Aliança no lugar Santíssimo indica que a nossa adoração a Deus deve ser pura e as varas cobertas de ouro
nos mostra a nossa responsabilidade nessa adoração.

• O PROPICIATÓRIO

Êx 25:17)- Caro estudante examine sua Bílbia e faça as anotações necessárias.

8
Ninguém sabe o que aconteceu com a arca; segundo o livro apócrifo de 2º Macabeus 2:4-7, ela teria sido levada pelo profeta
Je-remias e escondida numa caverna; imagina-se que ele teria feito isso para protegê-la, pois sabia que Jerusalém seria
invadida.
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Como nos mostram várias passagens bíblicas, A ARCA ficava escondida no Santo dos Santos, que
era uma parte separada do Lugar Santo por uma grossa cortina também chamada de véu, dentro do
tabernáculo. Algo tão especial, deveria ter também uma tampa especial, essa tampa se chamava
PROPICIATÓRIO (ÊX 25:17-22), que pode ser traduzido COMO COBRIR, COBERTA OU TAMPA;
A utilidade do propiciatório de ouro puro é entendida quando se percebe que foi o lugar que Deus
comunicava com Moisés, (“falava de cima do propiciatório”, Nm 7.89). Outra vez percebemos que o
propiciatório aponta à uma obra de Cristo. O Novo Testamento revela claramente que Cristo é essa
comunicação de Deus. Cristo é o Verbo eterno! Cristo é o Verbo divino! Jo 1.1. Um ‘verbo’ é algo que é
parte de um código usado para transmitir algo entre pessoas. É comunicação. Portanto, a comunicação de
Deus para o homem é Cristo! Por isso Cristo é chamado “Palavra” em I Jo 5.7.
Há três passagens no Novo Testamento que mostram essa beleza que Cristo é esse propiciatório de
ouro fino sobre o qual habita Deus. Considerando essas três referências entendemos uma verdade eterna.
Ro 3.25-26; I Jo 2.2; I Jo 4.10. Tem o sangue de Cristo cobrindo os seus pecados? Se tiver o
propiciatório sobre os seus pecados, como o propiciatório de ouro puro era entre a nuvem e a lei do
testemunho (Ex 25.21; Gl 3.13; 4.4,5), a sua vida deve ser santa como o propiciatório se posicionou num
lugar santo. Sem Cristo nada é feito, mas por Cristo podemos fazer tudo que devemos (Fp 4.13).

• CORTINAS DE LINHO FINO TORCIDO

“O tabernáculo farás de dez cortinas de linho fino torcido, e de estofo azul, púrpura e carmesim;
com querubins as farás, obra de artífice”. (Êx 26:01)
No tabernáculo vemos as glórias de Cristo de vários focos: os Seus atributos divinos e humanos (a
madeira coberta de ouro), Seu Sacrifício (o altar de bronze, os animais sacrificados, etc.), a Seu
Ministério (o Sumo Sacerdote, o cordeiro, etc.) e a Sua posição diante de Deus (as vestes do Sumo
Sacerdote, como o próprio sacerdote, o propiciatório, etc.).
Portanto a adoração a Deus não pode ser adaptada a qualquer que seja a cultura.
Deus deve ser adorado na maneira que Ele rege. Ele especificou que essa adoração, como Divino,
deve ser “em espírito e em verdade” (Jo 4.23, 24). Dessa maneira o homem natural não pode nunca O
adorar (Rm 8.7, 8; I Co 2.14). Com a regeneração, o homem torna a ter vivificado o seu espírito, ou seja,
o homem novo (Ef 2.1-5; Rm 7.22; Cl 3.10).
O Significado
O Linho Fino Torcido, nota, não é somente linho, mas linho fino, e este, torcido. Este linho fino
torcido era superior e especial acima de qualquer outro linho. O significado de linho fino é dado em
Apocalipse 19.8, “as justiças dos santos”. As cortinas de linho fino torcido do tabernáculo apontam tanto
às justiças dos santos quanto às justiças de Cristo, pois Sua justiça é imputada aos que creem de um
coração preparado pelo Espírito de Deus (II Co 5.21).

• AS CORTINAS DE PELOS DE CABRAS - Ex 26.7-14; 36.14-18

A cortina de linho fino fez o tabernáculo (Ex 26.1,6), as cortinas de pelos de cabras serviram de
tenda sobre o tabernáculo (Ex 26.7). O significado do uso de pelos de cabras para a cortina da tenda
representava Cristo como o holocausto pelos pecados de Seu povo.
O bode que foi usado para fazer expiação do povo de Israel não tinha pecado, mas foi posto sobre
ele os pecados dos outros simbolicamente (Lv 16.22) Assim aquele bode levará sobre si todas as
iniquidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto”). Assim o bode representa Cristo! Ele
não conheceu pecado, mas foi feito pecado pelo Seu povo, para que nEle fossem feitos a justiça de Deus
(II Co 5.21).

• AS COBERTAS DE PELES DE CARNEIRO


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“Uma coberta de peles de carneiro, tintas vermelhas, e em cima outra coberta de peles de texugo
”. (Ex 26.14).
A primeira menção do uso de peles para cobrir é (Gn 3.21(. Com a impossibilidade de Adão e Eva
de cobrirem-se a si mesmos (as obras de qualquer homem nunca podem cobrir satisfatoriamente o
resultado dos seus pecados), Deus os vestiu com túnicas de peles.
As cobertas de peles podem apontar a Cristo...lemos (At 4.12) As peles de carneiro tingidas de
vermelho apontam para Cristo também. Mesmo que essas peles não foram visíveis do lado de fora ou de
dentro, eram importantes para essa habitação de Deus entre o Seu povo. O carneiro era um animal usado
para os sacrifícios de expiação de pecado (Lv 5.15-19) e para a consagração de algo ao Senhor (Ex 29.15-
22). O vermelho somente pode apontar ao sangue do carneiro dado em sacrifício para a expiação do
pecado. Lembremo-nos que foi um carneiro que foi sacrificado no lugar de Isaque na terra de Moriá (Gn
22.1-13). Veja também. (Jo 3.16; II Co 5.21; (Is 55.7,).

• A COBERTA DE PELES DE TEXUGOS (animais).

A beleza do tabernáculo estava no seu interior como a beleza do cristão é Cristo no seu coração
(Sl 45.13). Essas verdades apontam para Jesus e à vida Cristã. Notou que de todas as cortinas e
cobertas do tabernáculo, somente essas duas não foram dadas suas medidas? Isso pode indicar que
não há pecado maior que o sangue de Cristo não possa cobrir, no caso da coberta de peles de carneiro
pintadas de vermelho. A falta de medida dada para a coberta de peles de texugos pode indicar que não
há limite da influência que a vida cristã possa ter diante do mundo (I Pd 3.1,2; 4.14. Pode indicar
também que não há como descrever a necessidade e utilidade de termos Cristo como Salvador.
Veja também. Sl 22.6, 7; Fl 2.8; Mt 5.10-16; Jo 3.19-21; I Pd 2.7; I Co 2.14).
6.5.3.9. SACERDOTES
(Êx 28:1). Caro estudante examine sua Bílbia e faça as anotações necessárias.
Existia uma correlação de suma importância entre o Tabernáculo e o Sacerdócio. O sacerdócio
fazia parte do modelo divino que devia ser seguido detalhadamente. Não eram mencionados os sacerdotes
na primeira lista de necessidades do Tabernáculo (Ex 25.1-9). Todavia em Hebreus 8.1-5, o sacerdócio é
incluído como fazendo parte integral com os móveis mostrando assim a importância do sacerdócio.
“Como estamos prestando nossos sacrifícios diante do altar? ”

• AS VESTES SACERDOTAIS
(Êx 28:04). Caro estudante examine sua Bílbia e faça as anotações necessárias.
O Tabernáculo representa a Cristo, o Único meio pelo qual Deus habita no meio dos pecadores.
Portanto estas vestes nos ensinam de Cristo no Seu ofício de Único Mediador entre Deus e os homens (I
Tm 2.5, 6). Sabemos que as vestes do sumo sacerdote e dos seus filhos “são para glória e ornamento”
(Ex 28.2, 40).

• ÉFODE
Representava a divindade de Cristo (ouro), a origem de Cristo, dos céus (azul), a Sua realeza
(púrpura), a Sua humilhação na morte (carmesim) e a Sua justiça e pureza (linho fino torcido de cor
branca). O éfode era a parte exterior, a última peça das vestes sacerdotais, era uma peça comum de todos
os sacerdotes (I Sm 22.18). Até Samuel, sendo ainda jovem foi “vestido com um éfode de linho” (I Sm
2.18). Todavia, para o Sumo Sacerdote, era reservado o éfode com matérias preciosas.

• O PEITORAL E AS SUAS PEDRAS DE ENGASTE – EX 28.15-29


As pedras de engaste simbolizam a preciosidade dos Cristãos a Deus por Cristo (Malaquias 3.17.)
Todo o povo de Deus individualmente está representado por essas pedras preciosas neste peitoral do sumo
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23

sacerdote. As pedras são doze em número e os nomes de todas das doze tribos são esculpidas “como
selos, cada uma com o seu nome” (Êxodo 28.21). Existe uma lição que vem do fato dos nomes das doze
tribos sendo esculpidos nas pedras (Ex 28.21). Essa lição nos ensina que cada um dos filhos de Deus é
conhecido por Deus individualmente (João 10.3, “chama pelo nome às Suas ovelhas”; II Timóteo 2.19,
“O Senhor conhece os que são Seus”). “Nunca se separará o peitoral do éfode” (Ex 28.28) como também
nunca se separará o amor de Deus pelos Seus (Rm 8.35-39).

• AS DUAS OMBREIRAS COM AS SUAS DUAS PEDRAS DE ÔNIX, O CINTO DO ÉFODE E


AS DUAS CADEIAZINHAS DE OURO – EX 28.7-12
O propósito das duas ombreiras é unir o éfode (Ex 28.7) e para levar os nomes dos filhos diante do
SENHOR para memória (Ex 28.12). Foi dito de Cristo que o “principado está sobre os seus ombros” (Is
9.6)
• URIM E TUMIM
“Também porás no peitoral do juízo o Urim e o Tumim, para que estejam sobre o coração de
Arão, quando entrar diante do Senhor; assim Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração
diante do Senhor continuamente”. (Êx 28:30).
Desde que o Urim significava “luzes” e o Tumim significava “perfeições” é possível que o desígnio deles
fosse para revelar as perfeições de Deus e a Sua vontade aos sacerdotes para o povo de Deus. A Lei
revelou a perfeição de Deus no Seu caráter e na Sua essência pelos seus mandamentos e pela simbologia
dos seus sacrifícios e cerimônias.
• A LÂMINA DE OURO PURO
“Também farás uma lâmina de ouro puro, e nela gravarás como a gravura de um selo: SANTO AO
SENHOR”. (Êx 28:36).

• O MANTO DO ÉFODE – EX 28.31-35; 39.22-26


Feito de azul, a qualidade de Cristo como Mediador vindo dos céus é exaltada. Quem está em
Cristo, tem a vida eterna que é celestial, pois no céu não há mais morte. É importantíssimo ser vestido do
Celestial para agradar o Deus do céu para sempre.
É vestido – v. 32, 35 do peito até os pés; Jó 29.14. Como Deus ‘vestiu’ Adão e Eva com as túnicas de
peles, Cristo é a vestimenta agradável e propícia para todo pecador que se arrepende dos pecados e vem a
Deus pela fé em Cristo (Gn 3.21; Is 61.10);
É coberto – v. 35, estará sobre Arão quando ministrar;
É ouvido – v. 35, para que se ouça ao entrar e quando sair no serviço. Nós oramos por Cristo (Jo 14.13,
14) e entramos neste serviço por sermos em Cristo (Hb 10.19). O nosso serviço nunca é por nós.
O Manto:
É todo de azul – Ex 28.31; 39.22. Jesus manifesta ricamente tudo e somente o divinal e celestial.
• É peça de roupa usada por Sacerdotes (Arão – Ex 28.31-35; Esdras – Ed 9.3, 5; todos os levitas – I Cr
15.27), Reis (Saul - I Sm 24.4-11; Davi – I Cr 15.27; Cristo – Ap 19.16), homens de bens (Jó – Jó
1.20; amigos de Jó – Jó 2.12), e por Profetas (Ezequiel – Ez 5.3).
• É peça importantíssima – 28.35, “para que não morra”.
O manto de justiça que o arrependido tem por Cristo somente cheira bem quando tem a harmonia de
uma vida conforme a imagem de Cristo, pois somente dessa forma o som do Evangelho é ouvido (Lc
16.13, (Jo 10.25-27);
A túnica, o cinto e os calções eram para o sacerdote e para os seus filhos. Quer dizer, o que é bom
para o sacerdote é bom para os seus filhos. foram todos feitos de linho fino. O linho fino sendo branco
tem o significado de justiça (Ap 7.14; 19.8, 14).
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• A MITRA DE LINHO FINO – EX 28.38, A LÂMINA DE OURO PURO – EX 28.36-38 E AS


TIARAS – EX 28.40
• A mitra era para ser posta sobre a cabeça (Ex 29.6; Lv 8.9; 16.4; Zc 3.5), para cobrir (Lv 16.4).
Em I Co 11.3-10, o cobrir denota submissão. Como a santidade convém na adoração! Sl 29.2,
• A beleza da mitra, era que ela, pela lâmina de ouro, a coroa da santidade, anunciava o que é
precioso diante de Deus, ou seja, a santidade.
• A lâmina de ouro, sendo gravada nela “como as gravuras de selos: SANTIDADE AO SENHOR”
(Ex 28.36).

7 . ANÁLISE DO ANTIGO TESTAMENTO

Divisão do Antigo Testamento: Pentateuco, Livros Históricos, Livros Poéticos e livros


Proféticos.

7.1 INTRODUÇÃO
Muitos séculos antes de Cristo, os escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu
mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Esses registros tinham grande
significado e importância em suas vidas e, por isso, foram copiados muitas vezes, e passados de geração
em geração.
Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por:
A Lei: Composta pelos livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Os Profetas: Incluíam os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué,
Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis.
As Escrituras: Reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios - Jó, Ester,
Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.
Esses três grandes conjuntos de livros, em especial o terceiro, não foram finalizados antes do
Concílio Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C.
Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele
de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada um desses livros era escrito em um
pergaminho separado, embora A Lei freqüentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto
era escrito em hebraico – da direita para a esquerda – e, apenas alguns capítulos, em dialeto aramaico.
Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho do Antigo
Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito durante o Século II a.C. e se assemelha muito ao
pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros
documentos em uma caverna próxima ao Mar Morto.

7.2 O CÂNON DAS ESCRITURAS


Lc 24.44,45; 1 Co 15.3-8; 2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.19-21; 2 Pe 3.14-16
Geralmente pensamos na Bíblia como um livro grande.Na verdade, trata-se de uma pequena
biblioteca composta de 66 livros individuais. Juntos, tais livros compõem o que chamamos cânon da
Escritura Sagrada. O termo cânon deriva-se de uma palavra grega que significa "vara de medir", "padrão",
ou "norma". Historicamente, a Bíblia tem sido a regra autoritativa de fé e prática na Igreja.
O Cânone Bíblico designa o inventário ou lista de escritos ou livros considerados pelas religiões
cristãs como tendo evidências de Inspiração Divina. Cânone, em hebraico é qenéh e no grego kanóni. A
formação do cânone bíblico se deu gradualmente. Foi formado num período aproximado de 1 500 anos. A
formação do cânone bíblico se deu gradualmente. Foi formado num período aproximado de 1 500 anos.
Começou com o profeta Moisés e terminou com o sacerdote e copista Esdras, contemporâneo de
Neemias. Os cristãos protestantes acreditam que o último livro do Antigo Testamento foi escrito pelo
profeta Malaquias. Para os católicos e ortodoxos foi o Eclesiástico ou Sabedoria de Sirácida.
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7.3 O PENTATEUCO
Os cincos primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O
escritor foi Moisés. Alguns teólogos, rejeitando a veracidade dos acontecimentos registrados nos
primeiros capítulos do Gênesis, mas ao mesmo tempo reconhecendo seu valor religioso, chamam “mito”
tais narrativas como as do Éden e da queda, querendo dizer “mito” não apenas uma lenda, mas, antes,
uma história que transmite ensinamento espiritual de significado permanente. Contudo a historicidade do
livro de Gênesis está tão relacionada à autoridade de Cristo, que não pode ser colocada numa categoria
mítica, sem impugnar a perfeição do Seu conhecimento. A inspiração do Gênesis e o seu caráter de
revelação estão autenticados pelo testemunho de Jesus Cristo (Mt 19:4-6; 24:37-39; Mc 10:4-9; Lc 11;49-
51; 17:26-29, 32; Jô 7:21-23; 8:44, 56). Os cinco livros que compõe o Pentateuco têm lugar peculiar na
estrutura da Bíblia e uma ordem que inegavelmente é a ordem da experiência do povo de Deus em todas
as dispensações.

7.3.1 - GÊNESIS
O nome significa “princípio ou Origem”. Foi escrito provavelmente no deserto, por volta de mais ou
menos 1.500 a.C. e cobre mais de 2.315 anos da história da humanidade. É a história do princípio de
todas as coisas - o princípio dos céus e da terra, o princípio de todas as formas e de todas as instituições e
relações humanas. Abrange um período de cerca de 4004 a 1689 AC. Com Gênesis também começa a
progressiva auto-revelação de Deus que culmina em Cristo. Os três primeiros nomes da Divindade –
ELOIM, JEOVÁ E ADONAI, também aparecem aqui. A inspiração do Gênesis e o seu caráter de
revelação divina estão autenticados pelo testemunho de Jesus Cristo (Mt 19:4-6; 24: 37-39; Mc 10:4-9; Lc
11:49-51; 17:26-29; Jo 7:21-23; 8:44,56).
Conteúdo: Criação (1, 2); Queda (3); As primeiras civilizações (4) ; Os primeiros Patriarcas (5); O
dilúvio (6-9); Dispersão das nações (10,11); Abraão (12-27); Jacó (25-36) e José (37-50).

Ponto Histórico; É bem provável que o período que vai do surgimento da humanidade até o de Abraão,
que aparece pela primeira vez no final de Gênesis 11, seja bem maior do que o período aproximado de
4000 anos que vai deste até os nossos dias. Evidências arqueológicas têm demonstrado que por volta do
ano 8000, ou seja, 6000 anos antes das peregrinações de Abraão pelos territórios de Canaã, esta região já
era habitada por comunidades bem desenvolvidas. Pode-se dizer que o período dos patriarcas de Israel,
vai do surgimento de Abraão no Capítulo 11 de Gênesis até o primeiro capítulo de Êxodo, o qual
apresenta uma lista dos filhos de Jacó. A história dos patriarcas teve seu início na Mesopotâmia, mais
especificamente na cidade de Ur dos Caldeus, passou por Canaã e terminou no Egito. Na opinião de
muitos, os Patriarcas entraram no Egito na época em que este era dominado pelos hicsos. Isto explicaria
em parte a benevolência para com Jacó e seus filhos, pois existe a possibilidade destes conquistadores,
serem de origem semítica.

7.3.2 - ÊXODO
O nome Êxodo vem do grego e significa “sair”, e foi assim chamado porque registra a saída de
Israel do Egito. Os filhos de Israel se haviam multiplicado muito, até serem 3.000.000 de almas. Uma
substituição da Dinastia reinante do Egito sentenciou-os a uma cruel escravidão. Oprimido pelos
Egípcios, Israel necessita de Libertação. Esta libertação foi realizada por intervenção Divina e foi
milagrosa. Depois da realização da redenção do Egito, foi dada a lei, seguida pela revelação do culto
aceitável, quando prestado no tabernáculo, com seus sacrifícios e o sacerdócio assistente.
Os acontecimentos registrados em Êxodo abrangem um período de 1706 a 1490 AC. Conteúdo: Israel
redimido (3-15:22); Israel viajando ao Sinai (15:23-19); Israel recebendo as Leis (20-24); Tabernáculo e
Sacerdócio (25-29); Idolatria e Concerto (34) e o Levantamento do tabernáculo (35-40).

Ponto Histórico; Muitos anos se passaram, depois que Jacó e sua família entraram no Egito, antes que de
lá saíssem. O primeiro capítulo de Êxodo nos informa que um novo rei assumiu o poder. Uma dinastia
realmente egípcia, a qual teria expulsado os dominadores anteriores que, possivelmente, eram
estrangeiros. Possivelmente tenha sido Ramsés II o faraó que oprimiu o povo. Depois de muito
sofrimento surge o libertador. Ele era Moisés: homem culto, descendente de Levi, criado pela filha de
faraó. Moisés se aresenta para libertar o pvo com a ajuda de seu irmão Arão. A libertação só acontece
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depois da demonstração do poder de Deus a faraó e seus súditos, por um período que não deve ter sido
muito curto, pela natureza das pragas que atingiram o Egito. Lendo no relato bíblico e observando a
relação das pragas podemos perceber que o período foi longo. Vejamos:

1ª praga Águas transformadas em sangue


2ª praga Rãs se reproduziram em abundância
3ª praga Homens e gado infestados de piolhos
4ª praga Enxames de moscas invadiram o Egito
5ª praga Os animais foram atingidos por uma peste
6ª praga Homens e animais foram atingidos por úlceras e tumores
7ª praga Chuva de pedras atingiu as plantações
8ª praga Gafanhotos invadiram o Egito
9ª praga O Egito foi envolto em travas
10ª praga Morrem todos os primogênitos dos egípcios e de seus animais
Só depois da décima praga é que faraó deixou o povo partir. Mas tentou evitar uma vez mais que
seus escravos fossem libertos. Os egípcios perseguiram Israel, mas acabaram derrotados e, quando
procuraram cruzar o mar de Juncos, da mesma forma que os israelitas haviam feito, depois que este
milagrosamente foi aberto dando passagem ao povo (Êxodo 14).

7.3.3 - LEVÍTICO
Chama-se assim pelo fato de ser um registro de leis referentes aos Levitas e seu serviço. Baseia-se
no nome de Levi um dos doze filhos de Jacó. O tema do livro é a santidade. O vocabulário do sacrifício
permeia o livro; as palavras ‘sacerdote’, ‘sacrifício’, ‘sangue’ e ‘oferta’ ocorrem com muita freqüência; e
‘qodesh’, traduzido para ‘santidade’ ou ‘santo’, aparece mais de 150 vezes. Observemos também a
seqüência: ‘Sereis santos, porque eu sou santo’ (11:44,45; 19:2; 20:7, 26).
O novilho ou Tipo de Cristo como Servo paciente e sofredor, ‘obediente até a morte’ (Is. 4,5; Fl 2:5-
boi 8). Sua oferta neste sentido é substitutiva, pois nós somos desobedientes.
A ovelha ou Tipo de Cristo em submissão sem resistência a morte da cruz (Is.53:7; Atos 2:32-35)
cordeiro
O cabrito Tipo do pecador (Mt 25:33,41-46) e, quando usado sacrificialmente é tipo de Cristo
“aquele que não conheceu pecado... o fez pecado por nós (II Co 5: 21). O Santo foi feito
maldição em nosso lugar (Gl 3:13), quando pregado na cruz.
A Rola Símbolo da humildade e da pobreza ( Lev. 5:7). Ofertado pelo pecado e por holocausto.
A Pomba Símbolo da humildade, da pobreza e da inocência sofredora (Lev. 5:7; Is 38:14; 59:11).
Ofertado pela pecado e po

Conteúdo: Levítico é um livro de leis. Leis referentes as ofertas (1-7); Leis referentes ao Sacerdócio (8-
10); Leis referentes á purificação (11-22); Leis referentes ás Festas: “O Sábado, a Páscoa e a festa dos
pães asmos, As primícias, Pentecostes, festas das trombetas e o dia da expiação.” (23-24) e Leis
referentes á Terra.

7.3.4 - NÚMEROS
Aqui vemos Israel servindo. Além de ser um livro de serviço e ordem, é o livro que registra o
fracasso de Israel, que por não crer nas promessas de Deus, não entrou em Canaã, e , conseqüentemente,
peregrinou no deserto por 40 anos. O livro recebe este nome pelo fato de registra os dois recenseamentos
de Israel antes em Canaã.Conteúdo: Leis no Sinai a Cades-Baméia (10-19) e de Cades a Moabe (20-36).
O quarto livro do Pentateuco deriva seu nome dos dois censos de Israel mencionados no livro. Narra
eventos que ocorreram na região do monte Sinai, durante as peregrinações dos israelitas no ermo e
Moabe. Este nome Números foi usado pela primeira vez na tradução grega da versão LXX, sendo
bastante adequado, pois todo o livro esta repleto de números.A narrativa abrange um período de 38 anos,
entre 1512 a 1473 a.C. (Números 1:1; Deuteronômio 1:3, 4) Estas descrições incluem os acampamentos
das tribos (1:52, 53), a ordem de marcha (2:9, 16, 17, 24, 31) e os sinais de trombeta para a assembléia e o
acampamento (10:2-6). A lei sobre a quarentena. (5:2-4) Diversas outras ordens são dadas: o uso de
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trombetas (10:9), a separação das cidades para os levitas (35:2-8), a ação contra a idolatria e os cananeus
(33:50-56), a escolha das cidades de refúgio, instruções sobre como lidar com homicidas acidentais (35:9-
33), e leis sobre heranças e o casamento. (27:8-11; 36:5-9).
7.3.5 - DEUTERONÔMIO
Significa “Segunda Lei”. Chama-se assim pelo fato de repetições das Leis. Conteúdo:Resumo das
jornadas de Israel (1-4); Resumo da Lei (5-27); Bênçãos e Maldicões possiveis (27-30) e a despedida de
Moisés(31-34). Contém os discursos de Moisés ao povo, no deserto, durante seu êxodo do Egito à Terra
Prometida por Deus. O nome é de origem grega e quer dizer segunda lei ou repetição da lei. Os discursos
contidos nesse livro, em geral, reforçam a idéia de que servir a Deus não é apenas seguir sua lei. Moisés
enfatiza a obediência em conseqüencia do amor: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, e com todo o teu entendimento". Também é enfatizado o "caminho da benção e da
maldição", no qual Deus previne o povo a seguir seus mandamentos, pelos quais o povo ou seria
abençoado, ou receberia maldições, (porém, caso se arrependesse e voltasse a seguir de coração a Deus,
ele se arrependeria e perdoaria o povo). No Novo Testamento cristão, Jesus é a principal autoridade que
atesta a autenticidade de Deuteronômio, citando-o três vezes ao repelir as tentações de Satanás, o Diabo.
(Mt 4:1-11; De 6:13, 16; 8:3) Também, Jesus respondeu à pergunta quanto a qual era o maior e o primeiro
mandamento por citar Deuteronômio 6:5. (Mr 12:30) E Paulo cita
Deuteronômio 30:12-14; 32:35, 36. — Ro 10:6-8; He 10:30. Algo notável em Deuteronômio é a
exortação à santidade. Admoestava-se os israelitas a não se casarem com pessoas das nações em sua
volta, porque isto representaria uma ameaça para a adoração pura e a lealdade a Jeová. (De 7:3, 4) Foram
avisados contra o materialismo e a autojustiça. (8:11-18; 9:4-6) Foram feitas fortes leis referentes à
apostasia. Eles deviam cuidar-se bem, a fim de que não se desviassem para outros deuses. (11:16, 17)
Foram avisados contra os falsos profetas. Foram dadas instruções, em dois lugares, sobre como identificar
um falso profeta e como lidar com ele. (13:1-5; 18:20-22) Até mesmo se um membro da própria família
se tornasse apóstata, a família não devia ter pena dele, mas devia tomar parte em apedrejá-lo até a morte.
— 13:6-11.
As cidades de Israel que apostatassem deviam ser devotadas à destruição e nada delas devia ser
preservado para benefício pessoal de alguém. Tal cidade nunca deveria ser reconstruída. (De 13:12-17)
Os delinqüentes cujos pais não conseguissem controlá-los deviam ser apedrejados até morrerem. —
21:18-21.
A santidade e o isentar-se da culpa de sangue foram destacados pela lei relativa ao modo de se
lidar com um caso de homicídio não solucionado. (De 21:1-9) Indicando o zelo pela adoração pura,
Deuteronômio continha regulamentos sobre quem podia tornar-se membro da congregação de Jeová, e
quando. Nenhum filho ilegítimo, até a décima geração, nem moabita ou amonita, por tempo indefinido, e
nenhum eunuco podia ser admitido. Todavia, egípcios e edomitas da terceira geração podiam tornar-se
membros da congregação. — 23:1-8.
Deuteronômio esquematiza o arranjo judicial para Israel, quando se fixasse na Terra da Promessa.
Delineia as habilitações para juízes, e o arranjo de tribunais nos portões das cidades, sendo o santuário o
supremo tribunal do país, cujos julgamentos deviam ser seguidos por todo o Israel. — De 16:18–17:13.

7.4. LIVROS HISTÓRICOS


Os Livros Históricos contam a ascensão e a queda da teocracia, os cativeiros de Israel e Judá, o
retorno da terra prometida (Gn. 1:18-21;Ed.2:1) e a restauração do templo e da cidade de Jerusalém. São
eles 12 livros: Josué,Juízes, Rute,I e II Samuel , I e II Crônicas, Esdras Neemias e Éster.

7. 4. 1 - JOSUÉ
Autor: Josué. exceto os últimos versos (24:29-33) que teriam sido adicionados pelo sacerdote (Finéias).
Tema:A conquista de Canaã ;Data : Cerca de 1425 AC. Abrange um período de mais ou menos 25
anos.Josué foi o sucessor de Moisés ( 1: 1-9) .
Conteúdo:Conquista (1-12); A terra dividida (13-22) ; A despedida de Josué (23-24).
Yehoshua ou Josué é designado por Moshê (Moisés) com a missão de introduzir o povo de Israel na terra
prometida. O livro narra como a terra de Kanaam (Canaã) foi conquistada (Jos. 1-12) e a posterior
repartição da terra entre as tribos (13-21). Seguem alguns apêndices (22-24) que dão conta da Assembléia
de Sikhem e das disposições finais de Yehoshua ao povo.
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Conforme o relato do livro, após a morte de Moisés, Josué entra na terra de Canaã, atravessando
milagrosamente o rio Jordão. Sob a orientação divina, os israelitas conquistam a fortificada e temida
cidade de Jericó, cujas muralhas vieram a ser derrubadas enquanto o povo tocava as trombetas. A partir
dessa vitória estratégica, ocorrem várias batalhas nas quais, quase sempre, os israelitas saíam vencedores.
Outras cidades importantes como Ai também são tomadas e Josué vence a vários reis, demorando em
torno de sete anos para ocupar parcialmente a terra prometida.

7.4.2 - JUÍZES
Autor: Segundo a tradição judaica, foi Samuel.
Tema: Derrota e Livramento. Israel se contamina com o pedado das nações ao seu redor, idolatria e
imoralidade. Isto lhes trouxe o juízo de Deus em forma de servidão. Quando clamavam a Deus, Ele lhes
enviava um libertador. Depois da morte deste libertador, tornavam-se aos velhos pecados. Data: Escrito
no 11º século a.C.
Conteúdo: A razão para os Juízes (1-3:4); História dos 13 Juízes: “Otnie, Eúde, Sangar, Débora, Baraque,
Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elon, Abdom, Sansão” (3:5-16:31) A anarquia de Israel (17-21:25). Juízes
trata da história dos israelitas entre a conquista da terra de Canaã no final da vida de Josué até o
estabelecimento do primeiro reinado. Escrito originalmente em hebraico, sua autoria é até hoje incerta,
embora alguns afirmem que poderia ter sido profeta Samuel, durante o reinado de Saul, em torno de 1050
a.C.. Outros, porém, defendem a tese de que o livro teria sido elaborado durante o exílio na Babilônia,
depois de 586 a.C., por pessoas anônimas.
Juízes retrata um período de aproximadamente três séculos em que os israelitas, encontrando-se na terra
prometida, desviaram-se dos mandamentos divinos praticando a idolatria e que por isso chegaram a ser
derrotados pelas nações vizinhas ou próximsa que passavam a oprimir o povo. Então os israelitas
arrependiam-se e pediam a ajuda de Deus. Surgiam assim líderes heróicos para resgatarem o povo de
Israel dos inimigos e restabelecerem a obediência à lei mosaica.
Os principais juízes foram quinze:
1-Otniel (Jz 3.9) – De Judá, livrou a Israel do rei 7-Tola (Jz 10.1) – Subjugou os amonitas;
da mesopotâmia; 8-Jair (Jz 10.3) – Subjugou os amonitas;
2-Eúde (Jz 3.15) – Expulsou os amonitas e os 9-Jefté (Jz 11.11) – Subjugou os amonitas;
moabitas; 10-Ibsã (Jz 12.8) – Perseguiu os filisteus;
3-Sangar (Jz 3.31) – Matou 600 filisteus e salvou 11-Elom (Jz 12.11) – Perseguiu os filisteus;
a Israel; 12-Abdom (Jz 12.13) – Perseguiu os filisteus;
4-Débora (Jz 4.5) – Associada a Baraque, 13-Sansão (jz 16.30) – Perseguiu os filisteus;
guiando a Naftali e Zebulom à vitória contra os 14-Eli (1Sm 4.18) – Julgou a Israel como sumo
cananeus; sacerdote;
5- Gideão (Jz 6.36) – Expulsou os midianitas do 15-Samuel (1Sm 7.15) – Agiu principalmente
território de Israel; como profeta
6-Abimeleque (Jz 9.1) – Pseudo libertador sem
autoridade divina;

7.4.3 - RUTE
Autor: A tradição diz ser Samuel;
Tema: O parente remidor; Data de acontecimento: Aproximadamente 1.325 AC. O livro de Rute abrange
um período de cerca de 11 anos no tempo dos juízes.
Conteúdo: Rute decidindo (1); Rute Servindo (2); Rute descansando (3); Rute recompensada (4).
O momento histórico exato não se conhece; todavia, Josefo, historiador judeu, opina que Rute é do
tempo do sacerdote Eli (Antig. 5,9,1). Alguns acreditam que é da época de Gideão.
Este livro da Bíblia deriva seu nome de um dos seus personagens principais, Rute, a moabita. A narrativa
mostra como Rute se tornou uma ancestral de Davi por meio do casamento de cunhado com Boaz, em
favor de sua sogra, Noemi. O apreço, a lealdade e a confiança em YHVH que Boaz, Noemi e Rute
demonstraram permeiam o relato. — Rute 1:8, 9, 16, 17; 2:4, 10-13, 19, 20; 3:9-13; 4:10.

7.4.4 - I SAMUEL
Autor: Desconhecido ou Samuel até o capítulo 24 e Natã e Gade, o restante do livro;
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Tema: Samuel, Saul e Davi. Vai de mais ou menos 1171 a 1056. (115 anos). I Samuel 8:1- 9, (queda da
teocracia).
Conteúdo: Ministério de Samuel (1-7); Saul, o primeiro rei (8-15); Davi perseguido (16:30) e a Derrota e
morte de Saul (28-31). Vai do nascimento de Samuel até a morte de Saul.
Conta a história de Samuel, um importante profeta, e do reinado do rei Saul até a sua morte,
incluindo a guerra dos filisteus contra Israel e a grande façanha do jovem pastor David (mais tarde rei de
Israel), ao derrotar o gigante Golias.
Os Reis de Israel são retratados nestes livros como cabeças legais e visíveis dum estado nacional
organizado. No entanto, compreende-se que a transição não foi abrupta, mas seguiu-se de forma gradual.
Logo depois do período dos Juízes, Deus escolhe o rei de Israel: Saul. O apoio e a direção de Deus sobre
este israelita leva-o a alcançar grandes realizações. Logo após, o reinado de Saul recebe reconhecimento
como autoridade nacional. - 1 Samuel cap.11. O objetivo da união das 12 tribos, para maior glória de
YHVH teria fracassado se não fosse o êxito da escolha do sucessor de Saul, Davi, monarca ideal do ponto
de vista do cronista bíblico. Já Salomão e outros Reis posteriores mereceram a reprovação dos escritores
de Crónicas e Reis.
Depois da reprovação de Saul, chega a fidelidade de Davi, nome que foi eleito como modelo de
liderança esperado por YHVH. Sua autoridade não se compara com nada antes dele. De sua semente
nasceria o Messias e esta promessa de esperança messiânica se estende por todos os tempos, até se
consolidar com a vinda do Messias (Jesus Cristo).
Saul foi sucedido por David, em torno do ano 1000 a.C., que expandiu o território de Israel e
conquistou a cidade de Jerusalém, onde instalou a capital do seu reino. Sob o reinado de Salomão que
Israel alcançou o apogeu, entre os anos 966 a.C. e 926 a.C..

6.7.4.5 - II SAMUEL
Autor: Desconhecido ou Natã e Gade (I Cr. 29:29).
Tema: O reinado de Davi. Abrange um período de mais ou menos 40 anos. Vai da morte de Saul até a
compra do local do Templo.
Conteúdo: A elevação de Davi (1-10); A queda de Davi (11-20) e Os últimos anos de Davi (21-24).
II Samuel conta a história de Israel a partir da morte de Saul (II Sam. 1-20) e o subsequente reinado de
Davi, com um suplemento no final.(II Sam. 21-24). Em outras palavras, abrange, com seu livro irmão (I
Samuel), o período que vai desde o estabelecimento de uma monarquia formal ate o fim do reinado de
Davi. Inclusive um período de guerra civil, o transporte da Arca da Aliança a Jerusalém, o relato do
pecado de Davi, um cântico de ação de graças, e a promessa de Deus sobre a descendência do rei. Digno
de nota é a franqueza dos escritores, que não passam por alto nem mesmo os pecados e as faltas do Rei
Davi.
Segundo o relato, Deus fez uma promessa a Davi:
2 Samuel 7:16: “A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será
estabelecido para sempre.”

7.4.6 - I REIS
Autor: Desconhecido. Diz a tradição que Jeremias tenha compilado os registros de Natã e Gade; Tema:
História de Israel sob os reis: Reino Unido e Dividido. Vai desde a morte de Davi até o reinado de Jorão.
Abrange um período de 118 anos, de 1015 a 897 AC.
Conteúdo: O estabelecimento do reino de Salomão (1-2); O reinado de Salomão e o Templo (3-11);
Divisão e primeiros reis (12-16); O profeta Elias e o rei Acabe (17-22).
I Reis é um dos livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia. É formado por 22 capítulos e
sua narrativa dá continuidade aos acontecimentos narrados em II Samuel, iniciando-se com a coração do
rei Salomão sobre todo Israel até o final dos reinados de Acabe e Josafá, os quais, respectivamente
governaram o Reino de Israel e o Reino de Judá.
Assim, o livro trata do apogeu do reino de Israel, sua divisão em dois países entre as doze tribos
após a morte de Salomão, a perversão moral tanto dos governantes quanto do povo que abandonaram a fé
num único Deus para praticarem a idolatria aos deuses pagãos, mencionando os feitos do profeta Elias em
seu ministério.
Roboão, filho de Salomão, sucede-lhe como rei em 922 a.C.
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Porém, o Reino de Israel foi dividido em dois: a Norte, o Reino das Dez Tribos, também chamado de
Reino de Israel, e ao Sul, o Reino das Duas Tribos, também chamado de Reino de Judá, cuja capital ficou
sendo Jerusalém.

7.4.7 - II REIS
Autor: Acredita-se ser Jeremias;
Tema: Reinos de Israel e Judá. Vai desde o reinado de Jorão em Judá e Acazias em Israel, até o cativeiro,
predito pelo profeta Jeremias (II Cr. 36:21; Jr. 29:10). Abrange um período de 308 anos, de 896 a 588
AC. Este foi o grande período profético de Israel.
Conteúdo: Final do ministério de Elias (1-2:13); Ministério de Elizeu (4:14-13:21); Declínio e queda de
Israel (13:22-17:41) e declínio e queda de Judá (18-25).
II Reis é um dos livros históricos do antigo testamento da Bíblia. Possui 25 capítulos. Narra a história do
profeta Eliseu (sucessor do profeta Elias) e dos reis de Israel e Judá, dando prosseguimento aos
acontecimentos narrados no livro de I Reis. Menciona a destruição do Reino de Israel pela Assíria e a
milagrosa resistência do rei Ezequias ao cerco de Senaqueribe. Termina com a destruição da cidade de
Jerusalém por Nabucodonosor, rei da Babilônia, o qual leva os judeus como escravos para a
Mesopotâmia, conforme foi profetizado por Jeremias.

7.4.8 - I E II CRÔNICAS
Autor: Acredita-se que tenha sido Esdras; Vai desde a morte de Saul até o decreto de Ciro, rei da Pérsia,
abrangendo um período de 520 anos; de 1056 a 536 AC. Crônicas abrange, na sua maioria, a matéria que
se encontra em II Samuel e I e II Reis, mais fornece muitas informações que não se encontram nos livros
dos Reis. Reis foram escritos Pouco depois do princípio do cativeiro da Babilônia. Crônicas foram
escritas pouco depois do regresso do cativeiro. Reis tratam de Judá e Israel; Crônicas principalmente de
Judá. Reis é um livro político e régio; Crônicas, eclesiástico e sacerdotal.
I CrônicasDe autoria incerta, a tradição judaica afirma que o livro de I Crônicas teria sido escrito por
Esdras, por volta de 430 a.C., o qual tinha o propósito de resgatar os padrões de culto e de adoração a
Deus no período após o cativeiro babilônico, resgatando assim a história do seu povo. Após mencionar
uma longa lista de genealogias dos israelitas, desde Adão até Zorobabel, o qual foi um dos líderes
judaicos que retornou do exílio na Babilônia, o livro narra a história do reinado de Davi, contando suas
proezas e vitórias militares. Pode-se afirmar que o livro de I Crônicas seria uma obra paralela a II Samuel,
porém escrito a partir de um ponto de vista sacerdotal, com um enfoque maior na história religiosa dos
israelitas.
II Crônicas foi desmembrado de I Crônicas com o qual formava originalmente um único livro. Narra
acontecimentos de um período da história dos judeus, desde o reinado de Salomão, por volta de 970 a.C.,
até a destruição do Reino de Judá por Nabucodonosor, imperador da Babilônia, fato ocorrido em torno de
586 a.C.. Embora seja incerta a sua autoria, a tradição judaica afirma que o livro de II Crônicas teria sido
escrito por Esdras, por volta de 430 a.C., o qual tinha o propósito de resgatar os padrões de culto e de
adoração a Deus no período após o exílio babilônico, resgatando assim a história do seu povo. s principais
pontos de destaque do livro seriam os reinados de Asa e de Josafá, a morte de Acabe, o reinado de Uzias,
a destruição do Reino de Israel pelos assírios, o reinado de Ezequias e a resistência de Jerusalém ao cerco
de Senaqueribe, a idolatria de Manassés, o reinado de Josias, o achado do livro da lei mosaica e a derrota
de Judá pela Babilônia.
5- Zinri (890 aC) 1Rs 16.15
Reis de Israel/Judá 6- Onri (890 aC) 1Rs 16.16
reis antes da divisão 7- Acabe (876 aC) 1Rs 16.29
1- Saul (por volta de 1.060 aC) 1Sm 10.1 8- Acazias (856 aC) 1Rs 22.40
2- Davi (+/- 1.020 aC) 2Sm 2.1 9- Jeorão ou Jorão (854 aC) 2Rs 1.17
3- Salomão (980 aC) 1Rs 1.39 10- Jeú (842 aC) 1Rs 19.16
Reis de Israel: 11- Joacaz (814 aC) 2Rs 10.35
1- Jeroboão I (937 aC) 1Rs 11.28 12- Joás (797 aC) 2Rs 13.10
2- Nadabe (915 aC) 1Rs 14.20 13- Jeroboão II (781 aC) 2Rs 14.23
3- Baasa (914 aC) 1Rs 15.16 14- Zacarias (741 aC) 2Rs 14.29
4- Elá (891 aC) 1Rs 16.8 15- Salum (741 aC) 2Rs 15.10
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16- Manaém (740 aC) 2Rs 15.14 9- Amazias (796 aC) 2Rs 14.1
17- Pecalias (737 aC) 2Rs 15.23 10- Uzias ou Azarias (777 aC) 2Rs 14.21
18- Peca (736 aC) 2Rs 15.25 11- Jotão (750 aC) 2Rs 15.5
19- Oséias (730 aC) 2Rs 15.30 12- Acaz (734 aC) 2Rs 15.38
13- Ezequias (727 aC) 2Rs 16.20
Reis de Judá: 14- Manasses (697 aC) 2Rs 21.1
1- Reoboão (937 aC) 1Rs 11.43 15- Amon (642 aC) 2Rs 21.19
2- Abias (920 aC) 1Rs 14.31 16- Josias (640 aC) 1Rs 13.2
3- Asa (917 aC) 1Rs 15.8 17- Joacaz ou Salum (608 aC) 2Rs 23.30
4- Josafá (878 aC) 1Rs 15.24 18- Joaquim (608 aC) 2Rs 23.34
5- Jeorão (851 aC) 2Cr 21.1 19- Jeoaquim ou Jeconias (598 aC) 2Rs 24.6
6- Acazias (843 aC) 2Rs 8.25 20- Zedequias ou Matanias ( 598 aC) 2 Rs 24.17
7- Atalias (rainha) (842 aC) 2Rs 8.26
8- Joás (836 aC) 2Rs 11.2

7.4.9 - ESDRAS, NEEMIAS E ESTER


Por serem estes livros tão intimamente relacionados, e tratarem do mesmo período, vejamos os
acontecimentos principais contidos nestes livros, que se seguiram após o cativeiro: 1) O regresso dos
desterrados sob Zorobabel – 536 AC. 2) A reconstrução do templo – 535 AC. 3) O ministério dos profetas
Ageu e Zacarias – 520 AC. 4) A dedicação do templo – 515 AC. 5) Acontecimentos relatados no livro de
Ester – 478 a 473 AC. 6) Esdras visita Jerusalém – 458 AC. 7) Neemias enviado a Jerusalém como
governador – reconstrói o muro – 446 AC. 8) Malaquias profetiza.
Reis da Pérsia ( Esdras 4:5-7): Ciro, Dario, Assuero e Artaxerxes. Autor de Esdras: Esdras; Autor de
Neemias: Neemias; Autor de Ester: Mordecai ou Esdras.
Conta a história de Esdras, copista das Escrituras Hebraicas, a saída do retorno do exílio (cativeiro) de
Babilônia. Nos manuscritos hebraicos o livro de Neemias aparece junto com o livro e Esdras como um só
livro. Embora a autoria do livro seja indeterminada, muitos eruditos o consideram como uma
autobiografia de Neemias. Este livro trata da reconstrução dos muros de Jerusalém, a reafirmação de leis
e a restauração das ordenanças antigas.
Livro que relata as atividades de Neemias e de outros lideres em Jerusalém, depois do retorno do
CATIVEIRO ( caps 1-2 ). Suas atividades envolveram a reconstrução das muralhas de jerusalém (caps 3-
7 )a renovação da ALIANÇA (caps 8-10)e reformas politicas e sociais (caps 11-13). Segundo aponta o
próprio livro, ele teria sido escrito por Neemias, embora o Talmude o atribua a Esdras.
O autor do Livro de Ester é desconhecido. Pelas pistas deixadas no livro, podemos deduzir que se trata
de um judeu persa, possivelmente residente na cidade de Susa. Também se lê neste livro o seu
nacionalismo intenso e preocupação com a festa do Purim.
Os estudiosos situam a composição deste livro algures entre os séculos IV e I a.C.. A maioria dos
teólogos prefere uma data no final do século V ou no século IV devido a determinadas características da
linguagem utilizada e à atitude favorável em relação ao rei persa.
O objetivo central do Livro de Ester é justificar a observância da festa do Purim. Isto era muito
importante já que se trata de uma festividade que não fazia parte das ordenanças mosaicas (do Pentateuco,
livros de Moisés). Conta a história de como, pela Providência, o povo foi salvo dos intentos destrutivos
dos seus inimigos.
O Purim é uma festa anual judaica e o seu nome deriva de Pur. A festa enquadra-se dentro do conjunto de
práticas judaicas de jejum e lamentação. É celebrada nos 14º e 15º dias do mês de Adar (geralmente em
Março).

7.5 LIVROS POÉTICOS


7.5.1 - JÓ
Autor: Desconhecido. Possivelmente Moisés, Jó ou Eliú (32:16). Jó viveu no período patriarcal. Cobre
um pe’riodo de cerca de 140 anos. Tema: O problema do sofrimento. Conteúdo: O ataque de Satanás
contra Jó (1-2:10); Jó e seus amigos, Elifaz, Bildade e Zofar (2:11-31:40); A resposta de Eliú (32-37): A
resposta de Jeová (38-41): Confissão de Jó e restauração em dobro (42).
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32

7.5.2 - SALMOS
Autores: Davi, 71 Salmos levam o seu nome; Hemã (1 Salmo), Asafe (12 Salmos) e Etã (1 Salmo), (I
Cr.15:19); Os filhos de Coré, dirigentes do Culto em Israel (12 Salmos), (I Cr. 6); Jedutum (Icr. 25: 3);
Salomão; Ezequias, Rei de Judá; Moisés ( 1 Salmo) ; Esdras ( Salmos 1 e 19, atribuídos pela
Septuaginta); e vários Salmos são anônimos. Na Bíblia Hebraica os Salmos são divididos em cinco livros:
I- (1-41), II- (42-72), III- (73-89), IV- (90-106) e V- (107-150). O título “Salmos” significa uma
composição musicada. É uma coleção de poesia hebraica inspirada. Tema: Louvor. Data da composição:
1000 anos, desde Moisés (1500 AC.) até Esdras (450 AC.).
Classificação dos Salmos:
1) “Salmos de instrução: ex.:1,19,119,90,82,13;
2) Salmos de Louvor e Adoração: ex.: 23,103,8,24,136,148;
3) Salmos de Ações de Graças: ex.: 18,34,81,85;
4) Salmos Devocionais: ex.: 6,32,38,51,102,130,143,3,27,13,77,4,28,120,42,44,20,67;
5) Salmos Messiânicos: ex.: 2,16,22,40,45,72,110,118; 6) Salmos Históricos: ex.: 78,105 e106.

7.5.3 - PROVÉRBIOS
Autores: Salomão, Agur e Lemuel. Tema: Sabedoria Prática, “O temor do Senhor é o princípio do saber”.
É uma coleção de expressões curtas e concisas, que contêm lições morais. Conteúdo: Sabedoria
principalmente para os jovens (1-9); Vários assuntos para todos (10-24); Coleção do rei Ezequias (25-29)
e Instruções por Agur e Lemuel (30-31). Salomão compôs 3.000 provérbios (I Reis 4:32).
Salomão escreveu e compilou a maior parte do livro de Provérbios no princípio de seu reinado (cerca de
950 a.C.). Conforme declara a sua introdução, tem como propósito ensinar a alcançar sabedoria, a
disciplina e uma vida prudente e a fazer o que é correto, justo e digno. Em suma, ensina a aplicar e
fornecer instrução moral. O título do livro vem originalmente de sua forma hebraica Míshlê Shelomoh
("Provérbios de Salomão"). Como é comum na Bíblia Hebraica, o título hebraico do livro é simplesmente
um conjunto de palavras do primeiro verso do livro. Na Septuaginta esse livro se chama Paroimiai, que
significa “provérbios, parábolas”. Podemos encontrar diversas formas literárias no livro de provérbios:
poemas, pequenas parábolas, lições de vida.

7.5.4 - ECLESIASTES
Autor: Salomão. A palavra “eclesiastes” significa “o pregador”. Não temos registro do arrependimento de
Salomão pelo seu pecado; possivelmente este monólogo fosse a expressão do seu arrependimento, após
considerar que sem a benção de Deus, sabedoria, posição e riquezas não satisfazem, muito pelo contrário,
trazem cansaço e decepção; o resultado de tudo é vaidade (vaidade aqui significa “vazio, sem valor”). O
Livro tem seu nome emprestado da Septuaginta, e na Bíblia hebraica é chamado Kohelet. Embora tenha
seu significado considerado como incerto, a palavra tem sido traduzida para o português como pregador
ou preletor. Faz parte dos escritos atribuídos tradicionalmente ao Rei Salomão, por narrar fatos que
coincidiriam com aqueles de sua vida.

7.5.5 - CANTARES DE SALOMÃO


Ou Cântico dos Cânticos (Título da bíblia hebraica). Chamado assim, pelo fato de ser este o principal de
todos os cânticos de Salomão (I Reis 4:32). Cantares de Salomão é uma história de amor entre Salomão e
a sua esposa Sulamita. A aplicação espiritual revela o amor que há entre Jeová e Israel e entre Cristo e a
Igreja. Data: cerca de 1.000 AC.

7.6 PROFETAS MAIORES


A atividade profética inicia-se já nos tempos de Moisés. Aliás, o próprio Moisés é chamado nas
Escrituras de profeta (cf. Dt 34.10). Mas é interessante observar que esta atividade já era conhecida no
tempo do patriarca Abraão. Veja que Abimeleque ouve o próprio Deus dizer que Abraão era profeta! (Gn
20.6,7). Mas certamente essa atividade profética só veio a ser mais amplamente desenvolvida no tempo
de Moisés mesmo. Acreditamos que o profetismo como movimento surgiu mesmo no oitavo século antes
de Cristo e que ―tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as
injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não
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33

podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João
Batista é visto como o último representante deste movimento.

7.6.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS PROFETAS


Veremos a seguir quatro tipos de classificação para os profetas do Antigo Testamento:
1. Profetas “literários”, também chamados de “profetas clássicos”. São os profetas que nos legaram os
livros que levam os seus nomes. Deixaram-nos uma mensagem escrita.
2. Profetas “não literários”, também chamados de “profetas orais”. São aqueles cujas profecias não
chegaram até nós na forma de livros, embora encontremos as suas palavras registradas nos livros bíblicos,
mas esse registro era sempre feito por um escritor.
3. Profetas Maiores – refere-se aos livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e
Daniel. São assim chamados por causa da grande quantidade de volume literário de seus livros e também
por causa da extensão dos seus ministérios.
4. Profetas Menores – são assim chamados por causa do pequeno volume literário de seus livros.
Poderíamos ainda classificar os profetas em ―profetas do pré-exílio e ―profetas do pós-exílio‖.
Conhecer e entender essa classificação ajuda muito na compreensão da mensagem dos livros proféticos.
De fato, o exílio babilônico foi um marco na história do povo judeu, delimitando um ―antes‖ e um
―depois‖ na vida daquele povo.

7.6.2 - CONCLUSÃO
Os profetas do Altíssimo foram aqueles homens extraordinários que são chamados de ―vidente (1
Sm 9.9,19) e ―homem de Deus (1 Sm 9.6). Elias e Eliseu, por exemplo, foram considerados assim, como
podemos ler, por exemplo, em 2 Reis 1.9 e 4.9. Eles também foram conhecidos como ―mensageiro e
―servo como em Isaías 42.19, ―sentinela ou ―atalaia, como em Ezequiel 33.7. Em Oséias 9.7 ele é o
―homem do espírito conforme o original hebraico. Sua famosa máxima “Assim diz o Senhor...” era uma
espécie de ―selo que autenticava suas mensagens como de fato procedentes do Senhor.

7.6.3 - O LIVRO DE ISAÍAS


Isaías era filho de Amoz. O Talmude afirma que Amoz, pai de Isaías era irmão do rei Uzias. Isaías
profetizou durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). O nome Isaías significa “o Senhor
salva”. O profeta era da mesma época de Amós, de Oséias e de Miquéias, e começou seu ministério em
740 a.C., ano em que morreu o rei Uzias (6).
Teria nascido por volta de 760 e vivido pelo menos até 681 a.C. De família nobre de Judá, Isaías
era casado, e tinha no mínimo dois filhos: Sear-Jasube (7.3) e Maer-Shalai-Hash-Baz (8.3). É provável
que tenha passado a maior parte de sua vida em Jerusalém, exercendo maior influência no reinado de
Ezequias (37.1-20). A Isaías também é atribuído a composição da história do reinado de Uzias (2 Cr 26-
22). Segundo uma tradição judaica Isaías foi serrado ao meio pelo rei iníquo Manassés.

7.6.3.1 - CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS


Isaías contém prosa e poesia; a beleza de sua poesia é insuperada no restante do Antigo
Testamento. O trecho principal em prosa acha-se nos capítulos 36 a 39, no interlúdio histórico que une as
duas partes do livro. O material poético inclui uma série de sentenças nos capítulos 13 a 23. Um cântico
de motejo contra o rei da Babilônia acha-se em 14.4-23. Os capítulos 24 a 27 formam uma seção
apocalíptica que ressalta os últimos dias. Um poema sapiencial acha-se em 28.23-29. O cântico da vinha
(5.1-7) começa com cântico de amor, no qual Isaías retrata o relacionamento entre Deus e Israel.
Hinos de louvor aparecem em 12.1-6 e 38.10-20, e temos um lamento nacional em 63.7 - 64.12. A
poesia é realmente rica e variada, da mesma forma que o vocabulário do profeta supera qualquer outro
escritor do Antigo Testamento.
Uma das técnicas prediletas de Isaías é a personificação. O sol e a lua sentem vergonha (24.23), ao
passo que o deserto e a terra ressequida se regozijam (35.1) e as montanhas e florestas irrompem em
cânticos (44.23). As árvores “baterão palmas” (55.12). Uma figura de linguagem predileta é a vinha, que
representa Israel (5.7). Pisar o lagar é retrato do juízo (63.3), e beber o cálice da ira de Deus é cambalear
debaixo do seu castigo (51.17). Isaías emprega o nome “Rocha” em referencia a Deus (17.10). O poder da
linguagem figurada de Isaías vê-se em 30.27-33, e o profeta faz pleno uso da ironia ao condenar os ídolos
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34

em 44. 9-20. Exemplo notável de jogo de palavras temos como aliteração e assonância em 24.17. A
calamidade destruidora de 28.15,18 é no original um exemplo de metáfora mista.
Isaías muitas vezes alude a acontecimentos anteriores da história de Israel, sobretudo ao êxodo do
Egito. A travessia no mar Vermelho serve de cenário de 11.15 e de 43.2,16, 17, e outras alusões ocorrem
em 4.5,6; 31.5 e 37.36. A destruição de Sodoma e Gomorra é mencionada em 1.9, e a vitória de Gideão
contra Midiã é mencionada em 9.4 e em 10.26. Várias vezes Isaías aproveita o cântico de Moisés de Dt
32. Isaías da mesma forma que Moisés, conclama a nação ao arrependimento e a fé num Deus santo e
Todo-poderoso (49.8). Ao todo, existem em Isaías pelo menos 25 palavras ou formas hebraicas que não
aparecem em nenhum outro escrito profético. O livro de Isaías possui os escritos que estão entre os mais
profundos de toda a literatura bíblica. O livro pode ser estudado reconhecendo-se nele três seções: a
primeira, englobando os caps. 1 a 39, a segunda, 40 a 55 e a terceira, 56 a 66.
• A primeira seção tem um caráter de correção, indicação do pecado do povo e dos líderes da nação
Israelita. Grande parte da mensagem de Isaías é endereçada a líderes políticos e militares que
firmavam alianças com nações estrangeiras e não confiavam no Senhor.
• Na segunda seção, temos um vibrante discurso de consolo que é direcionado, profeticamente, aos
israelitas exilados nas distantes terras da Babilônia. Esta seção já inicia com palavras de grande
conforto: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém...” (Is
40.1,2a).
• A terceira seção, que compreende os caps. 56 a 66 avança no tempo, com mensagens aos judeus
repatriados da Babilônia. A descrição das condições históricas contida nesta última seção indica uma
época por vir, posterior às que fazem referência às outras duas seções anteriores do livro.

7.6. 3.2 - A MENSAGEM DE ISAÍAS


Certamente a maior parte do livro de Isaías (caps. 1 a 39) foi escrita durante os reinados de Uzias,
Jotão, Acaz e Ezequias e o restante do livro, caps. 40 a 66, durante o reinado do ímpio e perverso rei
Manassés. Talvez os sofrimentos que tenha enfrentado por causa da perseguição deste malvado rei possa
ter contribuído para os seus escritos a respeito do Servo Sofredor que viria no futuro (52.13-15; 53).
O livro de Isaías em sua mensagem aborda temas sociais, religiosos e políticos. O profeta exorta o
povo por causa de sua infidelidade a Deus, requer justiça dos líderes de Judá e procura mostrar que a
salvação só pode vir do Senhor e não de acordos e alianças com outros países e nações. O livro de Isaías
apresenta Iavé como ―O Libertador de Israel‖ ou ―O Redentor de Israel‖ (45.15; 49.26; 62.11).
“Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador”.
Isaías 43.11

7.6.3.3 - O LIVRO DE ISAÍAS, UMA MINI-BÍBLIA DENTRO DA BÍBLIA


O livro do profeta messiânico tem sido chamado de ―A Bíblia dentro da Bíblia ou uma ―mini-
Bíblia, por causa da semelhança da sua estrutura com a estrutura da Bíblia. Curiosamente o livro de Isaías
está naturalmente dividido em duas grandes seções, assim como a Bíblia também é dividida em duas
grandes seções, o Antigo e o Novo Testamentos. A primeira seção de Isaías compreende justamente 39
capítulos, assim como o Antigo Testamento tem justamente 39 livros. A segunda seção de Isaías tem 27
capítulos (40 a 66) assim como o NT tem 27 livros. A primeira seção do livro de Isaías contém uma
mensagem com ênfase no julgamento divino sobre a nação pecadora, na Lei e faz referências ao Messias
prometido. A segunda seção realça a graça, a redenção prometida, oferecida e realizada pelo Senhor, O
Redentor de Israel e ao Messias, mas agora como estando presente. A primeira seção anuncia o Messias.
A segunda apresenta o Messias manifesto!
O livro de Isaías foi muito utilizado pelos escritores do Novo Testamento: são pelo menos 67
citações feitas em Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Hebreus e 1
Pedro. Vários textos de Isaías citados no Novo Testamento são de caráter preditivo, de modo que os
eventos narrados pelos autores neotestamentários eram o cumprimentos desses textos. A vinda de João
Batista, pregando antes de Cristo e preparando-lhe o caminho (40.3-5 com Mc 3.1-1) e vários textos que
se cumpriram na Pessoa de Cristo: sua encarnação e divindade (7.14 com Mt 1.22,23, Lc 1.34,35 e 9.6,7
com Lc 1.32,33; 2.11), sua missão (11.2-5; 42.1-4; 60.1-3 e 61.1 com Lc 4.17-19, 21) e sua morte
expiatória (53.4-12 e Rm 5.6)22. Diante desses e de tantos outros textos sobre a vida, ministério,
sofrimento, morte e ascensão do Messias, não temos dúvida de que Isaías predisse a vinda do Messias e
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35

deu muitas informações sobre Ele. Diante desse fato, muitos estudiosos tem considerado Isaías ― “O
Evangelho do Antigo Testamento”.

7.6.3.4 - ESBOÇO DO LIVRO DE ISAIAS


1. Profecia de denúncia e convite (primeira seção do livro) 1.1-35.10
Mensagem de Julgamento e promessas - 1.1-6.13
Mensagem concernentes ao Emanuel - 7.1-12.6
Mensagem de Julgamento sobre as nações - 13.1-24.23
Mensagem de Julgamento, louvor, promessa - 25.1-27.13
Os infortúnios dos descrentes imorais em Israel - 28.1– 33.24 - 34.1-35.10
2. O procedimento de Deus com Ezequias 36.1-39.8
Deus liberta Judá - 36.1-37.38 Deus cura Ezequias - 38.1-22
Deus censura Ezequias - 39.1-8
3. Profecia de consolo e paz (segunda seção do livro) 40.1-66.24
A garantia de consolo e paz - 40.1-48.22
O Servo do Senhor, o Autor do consolo e da paz - 49.1-57.21
A realização do consolo e da paz - 58.1-66.24
Dois acontecimentos importantes servem de foco para os capítulos 1-39:

1. A invasão de Israel pelo rei assírio Tiglate-Pileser III serve de pano de fundo para os
capítulos 7-12. Essa foi a reação militar de Damasco (capital de Arã) e do Reino do Norte, Israel, contra o
Reino do Sul, Judá. O motivo da agressão (a guerra siro-eframita, 735-732 a.C.), não é mencionada no
texto. Contudo, é evidente que a ação foi considerada uma ameaça real contra a sobrevivência da
monarquia davídica. A resposta de Acaz, rei de Judá, foi convocar a Assíria para manter a ordem na
região, convite aceito por Tiglate-Pileser. Conseqüentemente, Damasco foi conquistada, seu povo
deportado e toda a terra de Arã incorporada ao Império Assírio (732 a.C.). Partes do reino do Norte foram
anexadas, e um novo rei colocado no trono. Vários anos depois, Israel rebelou-se novamente e foi
totalmente dominada pelo Império Assírio, com a destruição da capital Samaria em 721. Esses
acontecimentos, contudo, recebem pouca atenção no livro de Isaías.
2. A invasão de Judá pelo rei assírio Senaqueribe, em 701, resultou no envolvimento de
Ezequias na coligação antiassíria. Isso causou a destruição de várias cidades fortificadas de Judá e,
finalmente, o cerco de Jerusalém. Ao contrário do pai, Acaz, Ezequias confiou no socorro do Senhor, e o
exército assírio foi destruído.

7.6.3.5 - BREVE ANÁLISE DE ALGUNS TEXTOS DO LIVRO DE ISAÍAS


Declarada a Impiedade de Judá e o Vislumbre de Esperança – Is 1-5
Já no primeiro versículo deste livro, Isaías se situa no tempo em que profetizava: “... nos dias de
Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”. Ele informa que sua visão era a respeito de Judá. Nesse
texto, o profeta denuncia a religiosidade hipócrita do povo e, a semelhança de outros profetas do
Altíssimo, salienta que atos meramente exteriores, vazios de significado, não podem purificar ―Sodoma,
termo aqui usado pelo profeta para indicar o tão baixo nível a que havia chegado a nação. O profeta é
enfático em dizer que Deus já não suportava mais a hipocrisia do povo, de modo que, diz o Senhor por
intermédio de Isaías, “quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as
vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue” (v. 14).
Os capítulos 1 a 5 não contém material biográfico, sendo destinados a indicar quão grave era a situação
em Jerusalém e Judá. Interessante notar que já nestes capítulos iniciais Isaías prediz primeiro o castigo de
Judá, mas profetiza a respeito de um tempo de restauração espiritual para a nação. Profetiza que o
“Renovo do Senhor será de beleza e de glória...” (4.2). ― “Renovo” aqui indicando o Messias que
haveria de vir para fundar um novo Israel, agora redimido. É comum na literatura profética encontrarmos
mensagens com esse teor tão esperançoso após profecias de juízo e castigo.
Uma Profecia com Duplo Cumprimento – Is 7
Judá havia sido invadida pelos reis da Síria e de Israel que intentavam substituir Acaz por outro
rei, como vemos no versículo 6, que favorecesse mais aos seus interesses políticos. Acaz, por sua vez,
recorrendo às manobras políticas típicas, recorre a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, a maior potência de sua
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36

época, que atende sua solicitação atacando a Síria e o norte de Israel. Mas foi no início do ataque siro-
israelita que Isaías pronunciou sua profecia indicando que esse ataque contra Judá haveria de fracassar:
“... Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá” (cf. v. 7b). Com o intuito de confirmar a veracidade
dessa profecia, o próprio Deus oferece a Acaz “... um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em
cima, nas alturas” (v. 11). A rejeição desse sinal por parte de Acaz indicava sua propensão a confiar mais
na aliança com o rei da Assíria do que no Senhor. O próprio Deus então oferece o sinal: “Portanto, o
Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará
Emanuel” (v. 14).
Ross E9. Price afirma que mais uma vez vieram aquelas alternativas inescapáveis para Acaz:
Confie em Deus e aceite o significado de Isaías (Deus é salvação) ou confie no homem e conheça o
signficado de Sear-Jasube (somente um remanescente deverá escapar). Esse sinal extraordinário
oferecido pelo Senhor a Acaz – o nascimento de uma criança com o nome de Emanuel (Deus conosco) –
indicava a iminência de um livramento dentro de um curto prazo. A frase no versículo 15 – “Ele comerá
manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o bem” – pode indicar a idade de 12 ou 13
anos.
... o momento da determinação da responsabilidade moral sob a Lei. Assim, ―quando‖ o menino tivesse
12 ou 13 anos de idade (722/721 a.C.), ele estaria comendo coalhada (um tipo de iogurte) e mel, em vez
de produtos agrícolas, por causa da devastação de Israel, provocada pela Assíria. Alguns acreditam que
a expressão envolvia um período de tempo mais curto, em razão do que lemos no versículo 16 e em
8.424.
Interessante notar que Mateus viu no nascimento de Jesus o cumprimento completo e cabal dessa
profecia (Mt 1.22,23). “Mais de uma vez os autores neotestamentários aplicaram profecias do Antigo a
eventos ocorridos no período do Novo Testamento como cumprimento da Palavra do Senhor, por
intermédio dos profetas, indicando um segundo cumprimento ou um cumprimento maior da profecia,
conforme a Lei da Dupla Referência25 (cf. Os 11.1 e Mt 2.15).

7.6.4 - O LIVRO DE JEREMIAS E DE LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS

BREVE RESUMO 10
O autor ou os autores, o lugar e o tempo: [Jeremias, filho de Hilquias, sacerdote,
nasceu em Anatote (Jr 1:1). Nasceu como sacerdote e foi chamado para ser profeta no
décimo terceiro ano do reinado do rei Josias. Falou pelo Senhor até o cativeiro de Israel (Jr
1:2-3, 5-7).
Dentre todos os profetas, foi ele que mais perseguição sofreu. À exceção de alguns
poucos reis, líderes, sacerdotes e algumas outras pessoas, todos estavam contra ele e o
aborreciam. Os falsos profetas, que afirmavam falar em no me de Deus, mentiam e
contradiziam suas profecias. Finalmente, Azarias, Joana e os que estavam perto do Egito
obrigaram a ir ao Egito (Jr 43:2 -7).]
A maior parte do livro foi escrito em Judá. Os últimos capítulos foram escritos no
Egito. Estende-se desde o ano 629 a.C até o ano 588 a.C.
O tema: A salvação que Jeová efetua por meio de Cristo, o Renovo justo, administrado
segundo a nova aliança.
O contexto: Os reis e o povo de Israel haviam cometido pecados e estavam cheios de
maldade; adoravam ídolos, rejeitavam a palavra de Deus e levavam uma vida extremamente
desenfreada. Jeremias profetizou que tinham que se arrepender e voltar a Jeová; do
contrário, seriam levados cativos e sua nação seria destruída.
O pensamento central: O juízo de Jeová sobre o pecado é concreto. Seu amor e fidelidade
também são concretos e eternos. Os que se desviaram deveriam se arrepender e voltar a Seu
seio.

9
PRICE, Ross E. Comentário Bíblico Beacon. vol. 4, 2ª ed., 2005, CPAD, p. 47.
10
http://salujasan.blogspot.com.br/2011/06/estudo-panoramico-da-biblia-livros_13.html
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37

O esquema geral: Jeová repreendeu os reis e o povo por seus pecados. Eles haviam
deixado a Deus e haviam abandonado Sua palavra (2:13; 9:13). Adoravam ídolos e
cometiam fornicação (1:16; 11:13). Falavam mentira, enganam e cometiam iniqüidades
(9:13, 5; 11:10). Os reis espalharam o povo de Deus e não cuidaram deles. [Jeremias, por
um lado, repreendeu aos reis e ao povo por seus pec ados, e os exortou que se
arrependessem; por outro lado, os advertiu que seriam levados para cativeiro, que sua nação
seria destruída e que a cidade de Judá e Jerusalém seriam desoladas.]
Sessões: 1) O chamado e a comissão do profeta (cap. 1);
2) O profeta em Judá antes da queda de Jerusalém (caps. 2 -38);
3) A queda de Jerusalém (cap. 39);
4) O profeta em Judá depois do cativeiro (caps. 40 -43:7);
5) O profeta no Egito (caps. 43:8-51); e
6) A conclusão (cap. 52).

7.6.4.1 - O PROFETA JEREMIAS


O ministério profético de Jeremias foi dirigido ao reino do sul, Judá, durante os
últimos quarenta anos de sua história (626 --586 a.C.). Ele viveu para ser testemunha das
invasões babilônicas de Judá, que resultariam na destruição de Jerusalém e do templo.
Como o chamado de Jeremias propunha -se a que ele profetizasse à nação durante os últimos
anos de seu declínio e queda, é compreensível que o livro do profeta esteja cheio de
prenúncios sombrios.
Jeremias filho de sacerdote, nasceu e cresceu na aldeia sacerdotal de Ananote (mais
de 6 Km ao nordeste de Jerusalém) durante o reinado do ímpio rei Manassés, Jeremias
começou seu ministério profético durante o décimo terceiro reinado do bo m Rei Josias, e
apoiou seu movimento de reforma. Não demorou para perceber, no entanto, que as
mudanças não estavam resultando numa verdadeira transformação de sentimentos do povo,
Jeremias advertiu que, a não ser que houvesse verdadeiro arrependimento em escala
nacional, a condenação e a destruição viriam de repente.

A VIDA DE JEREMIAS
➢ SUA PESSOA
O nome Jeremias foi construído em torno do nome hebraico de Deus, Yahweh.
Significa Yahweh estabelece. Ele era filho de Hilquias, que operava em Ananote, no
território de Benjamim (Jr. 1.1). Muitos estudiosos tem pensado que seu pai foi o sumo
sacerdote do mesmo nome (II Rs. 22.8), que se encontrava o rolo do livro da lei, no décimo
oitavo ano do reinado de Josias. Porém muitos eruditos pensam que isso é impro vável, pois
Jeremias em seus escritos não menciona nada disso. Naturalmente seu pai era sacerdote,
mas não necessariamente aquele sumo sacerdote. O nome Hilquias era bastante comum na
época. Além disso os sacerdotes que residiam em Ananote eram da casa de Abiatar (I Rs.
2.26,35), enquanto que o sumo sacerdote era da linhagem de Eleazar. Salomão havia banido
Abiatar para Ananote, e dessa linhagem nunca mais surgiu um sumo sacerdote. O próprio
Jeremias nunca serviu como sacerdote. Ele cresceu em Ananote e fic ou familiarizado com a
vida rural daquele lugar. Sem dúvida, ele aprendeu sobre os escritos dos profetas
anteriores, e tinha excelente educação religiosa.

➢ A CHAMADA DE JEREMIAS
Jeremias residia na cidade rural de Ananote, uma aldeia cerca de três quilômetros a
nordeste de Jerusalém. Quando ainda era bem jovem, recebeu sua chamada divina e foi
nomeado profeta pelo Senhor (Jr. 1.4 -10). Como era usual, ele sentiu sua incapacidade pa ra
tão elevada tarefa; mas a vontade de Deus acabou prevalecendo. Logo ele recebeu duas
visões, uma de uma vara de amendoeira e outra de um caldeirão fervente, cuja boca estava
voltada para o norte (Jr. 1.11-19). A vara de amendoeira simbolizava a ameaça do governo
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38

pelo poder estrangeiro de Nabucodonozor. E o caldeirão fervente tem um sentido obvio,


porque todas as nações vindas do oriente atacavam Israel pelo norte. Assim a ira divina,
sob a forma de guerra e cativeiro, logo devastaria Judá. O Juízo divino viria da parte do
norte. Foi assim que Jeremias deu início as suas predições , a começar cerca de 627 a.C.,
até algum tempo depois de 580 a.C., provavelmente já no Egito. Ele deu início ao seu
ministério do décimo terceiro ano do reinado de Josias, cerca de sessenta anos após a morte
de Isaías. Sofonias e Habacuque foram contemporâneos seus, na primeira parte dos seus
labores; e Daniel foi outro contemporâneo seu, na Segunda metade de suas atividades.

➢ O MINISTÉRIO PROFÉTICO DE JEREMIAS


Jeremias viveu em num período histórico crucial tanto para Judá quanto para o Oriente
próximo e Médio em geral. O império assírio havia declinado e caído. Sua capital, Nínive,
fora capturada pelos caldeus e pelos medos em 612 a.C. . Sete anos mais tarde por causa da
batalha de Carquêmis, os egípcios e os remanescentes dos assírios, foram derrotados pelos
caldeus. Assim a nova potência mundial veio a ser o império Neobabilônico, governado por
uma dinastia caldeia, cuja figura principal era o rei Nabucodonozor II, que governou em
cerca de 605--562 a.C.. O minúsculo reino de Judá havia sido vassalo da Assíria, antes
disso. Mas teve de mudar a sua lealdade primeiramente para o Egito e, então, para a
Babilônia; mas, finalmente, caiu com a captura de Jerusalém, em 587 a.C. Seguiu -se então
o famoso cativeiro babilônico.
Seu ofício profético ampliou-se por mais de quarenta anos. Jeremias recebeu a
desagradável tarefa de advertir sobre os envolvimentos e destruições que um poderoso
inimigo, que não dava quartel, haveria de impor. Os fal sos profetas porém, eram sempre
otimistas, predizendo o bem, embora falsamente, para a nação de Judá. Jeremias por sua
vez anunciava a terrível verdade. A exatidão de suas predições era tão grande que seus
compatriotas sentiam que, de algum modo, ele era r esponsável pelos acontecimentos
adverso, perseguindo-o como se fosse traidor. Porém Jermias nunca se esquivou da tarefa,
mesmo diante de falsas acusações e de ameaças de morte. Seu senso de missão era muito
forte e ele serviu com grande zelo até o fim, um fim que, segundo alguns foi a morte de um
mártir, às mãos de sua própria gente.

➢ A ÉPOCA DE JEREMIAS
• A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DOS REIS CONTEMPORÂNEOS
No cenário internacional, Jeremias foi o principal profeta do Senhor no período de 627 a 587 a.C. para
Judá e para as nações vizinhas. Os profetas Ezequiel, Daniel, Habacuque e Sofonias foram
contemporâneos a ele. Ezequiel, assim como Jeremias, era oriundo da classe sacerdotal, mais jovem que
Jeremias, e diferentemente dele, ministrou entre os cativos da Babilônia. O teor de sua mensagem era
basicamente o mesmo da de Jeremias.
• Daniel, de linhagem real, também ministrava no cativeiro, mas no palácio de Nabucodonosor.
• Habacuque e Sofonias ajudaram Jeremias em Jerusalém.
• Jeremias sempre insistiu que a Babilônia prevaleceria sobre Judá. Chegou a sugerir que se Judá se
submetesse à Babilônia, seria poupada. Se Isaías, cem anos antes, não contemplou a destruição de
Israel pela Assíria, Jeremias não teve a mesma felicidade em relação à Judá, pois ele contemplou a
destruição da cidade e do templo. Ele inicia seu ministério em 626 a.C. e durante 40 anos
profetiza. Em 606 a.C., 20 anos após sua chamada, Babilônia invade Jerusalém deixando-a
parcialmente destruída. Tem início aí o cativeiro babilônico, que duraria 70 anos. Em 586 a.C. o
―profeta das lágrimas vê Jerusalém ser arruinada até as cinzas! 11
É interessante notar que Deus, para corrigir seu povo, irá usar uma nação pagã, a Babilônia. Pode
parecer estranho, muitas vezes, a maneira de Deus agir. O profeta Habacuque, contemporâneo de
Jeremias, também foi avisado por Deus de que a Babilônia invadiria Jerusalém. Inicialmente, ele clama a

11
Importante notar que ocorreram três invasões sucessivas: a primeira, em 606 a.C., que marca o início da contagem dos 70
anos profetizados por Jeremias (25.11,12; 29.10); a segunda, em 597 a.C., e a terceira em 586 a.C., quando tanto a cidade
como o templo são totalmente destruídos.
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39

Deus por causa da injustiça e da violência praticadas em Judá, e Deus lhe responde dizendo que os
caldeus castigarão Judá. O profeta Habacuque acaba por ficar ainda mais confuso, afinal, como Deus
poderia usar um povo ainda mais cruel para corrigir Jerusalém e Judá? Todavia, o Senhor lhe diz: “Eis o
soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4).

➢ OS REIS DO TEMPO DE JEREMIAS


a) Josias. Reinou por um período de 31 anos em Jerusalém e fez o que era reto perante o
Senhor. É considerado um dos reis mais justos e devotados a Deus. As conseqüências do
reinado de seu pai e de seu avô influenciaram muito sua vida, para que odiasse o pecado.
Foi coroado aos oito anos de idade e buscou a face do Senhor desde o início. Aos vinte
anos de idade ele liderou uma reforma religiosa nacional, e aos 26 iniciou a reforma do
templo. É considerado como um rei bom (II Rs. 23.25), destruiu os focos de idolatria em
Judá, reconstruindo o templo de Deus. Na reconstrução foi achado o Livro da Lei (II Cr.
34.15), que ao que tudo indica era a réplica ou cópia fiel escrita por Moisés. Ao ouvir as
palavras do livro, Josias, chorou seus pecados e os de seu povo, e se hum ilhou perante
Deus. Com esta atitude o Senhor protelou a Josias de ver o castigo daquela geração (II Rs.
22.19-20). Com auxílio do profeta Jeremias Josias empenhou no estabelecimento de uma
cuidadosa reforma espiritual da nação. Com a envolvência dessa ref orma religiosa,
notadamente o povo prometeu obedecer a lei do Senhor e com isto o povo passou a remover
do templo os vestígios do paganismo. Josias destruiu também o ídolo Tofete, utilizado para
sacrifício humano (II Rs. 23.10). Retirou os altares pagãos d o monte das oliveiras, que
estava infestada de ídolos. A purificação nacional abrangeu a eliminação de médiuns
espiritas, falsos sacerdotes e terafins (ídolos domésticos), (II Rs.23.24). Num confronto
fatídico, na Batalha de Carquêmis, quando fora a caminh o do Egito em 609 a.C. para
impedir que o rei do Egito agisse contra a babilônia, inesperadamente morre. Três anos
após sua morte, Babilônia invade ao Egito e leva a primeira leva de cativos em 606 a.C.
b) Jeoacaz. Esse monarca de Judá governou por três me ses. Faraó Neco depôs Jeoacaz e
impôs a Judá um pesado tributo (II Rs. 23.31 -33). Jeoaquim irmão de Jeoacaz foi nomeado
rei em seu lugar, por autoridade de Neco. Jeremias lamentou o destronamento de Jeoacaz e
seu exílio no Egito (Jr. 22.10-12). Jeoacaz fez o que era mau ao olhos do Senhor, conforme
tudo o que fizeram seus pais (II Rs. 23.32).
c) Jeoaquim. Este reinou de 608 a 597 a.C.. Ele foi apenas um vassalo do poder Egípcio.
Ora, Jeremias era o principal representante do grupo que favorecia a supremacia dos
caldeus. Isso o expôs a um grande perigo, ele foi aprisionado. Chegou a ser proposta a pena
de morte (Jr. 26.11). Alguns dos príncipes de Judá tentaram protege -lo, apelando para o
precedente estabelecido por Miquéias, o Morastita, que havia profetizad o tempos antes de
Jeremias. Os oráculos de Jeremias contra o Egito (46.3 -12), pois atraíram muitas
pertubações contra ele; mas não nos deveríamos esquecer que ele também estava
denunciando os pecados do povo judeu, e isso servia para aumentar o ódio por el e.
Jeoaquim também procedeu impiamente como seus antecessores.
d) Joaquim. Em Jr. 22.24,28 e 24.1 o nome dele aparece como Jeconias. Ele sucedeu o
trono de seu pai Jeoaquim e colheu a péssima colheita que fora semeada por Judá e seus
governantes anteriores. Tinha apenas dezoito anos de idade quando assumiu o trono e ficou
ali durante três meses (II Rs. 24.8). Jerusalém se rendeu em 597 a.C. e Joaquim e muita
gente de Judá foram levados para o cativeiro. Jeremias havia predito a sorte de Joaquim,
que o profeta lamentou em (Jr. 22.24-30). Trinta e seis anos mais tarde Joaquim foi
libertado, pelo filho e sucessor de Nabucodonozor (II Rs. 25.27 -30).
e) Zedequias. Nabucodonozor nomeou para o trono a Zedequias, tio de Jeoaquim.
Zedequias era o filho mais novo de Josias, e foi o ultimo rei de Judá. Foi um governante
fraco, que procurava contrabalancear as facções adversárias que lutavam pelo poder, em
Judá. Ele começou a ouvir mais a Jeremias do que seus antecessores; porém era tarde
demais para isso fazer qualquer diferença. Zedequias governou por dez anos, pagando
tributos a Babilônia. Quando Zedequias deixou de pagar tributo e firmou um acordo com o
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40

Egito, Nabucodonozor perdeu a paciência e mandou um exercito para por fim ã cidade de
Jerusalém.

➢ POR QUE DEUS ENVIOU O PROFETA JEREMIAS


Deus nunca age antes de comunicar suas ações aos seus profetas. O profeta Jeremias
foi enviado para mostrar os pecados do povo e caso eles não se arrependessem seriam
destruídos. Jeremias detalhou como seria essa punição, mas o povo nã o deu ouvidos e as
profecias se cumpriram.

➢ AS PRETENSÕES DE JEREMIAS AO ALERTAR O POVO DO CATIVEIRO


INEVITÁVEL
O intuito de Jeremias era conclamar o povo de Judá ao arrependimento, visto que ele
via a potência do norte, Babilônia, erguer-se, pela providência divina, para castigar uma
nação desobediente como era Judá. Ele exortou os habitantes de Jerusalém a abandonarem
sua idolatria e apostasia. Jeremias via um cativeiro de setenta anos no horizonte (Jr. 25.1 -
14). Ele via que o conflito entre três potência s mundiais, a Assíria , o Egito e a Babilônia
terminaria em triunfo desta última. E advertiu os judeus acerca dos pactos firmados com o
Egito, que redundariam em desastre a longo prazo. Visto que Jeremias viu um resultado
desfavorável para Judá, que era um pequeno reino, entalado em meio de lutas de poderes
gigantescos, esse profeta acabou merecendo a desconfiança de seu próprio povo e foi
desprezado. Suas profecias de condenação soavam estranhas, quando comparadas com as
palavras consoladoras dos profeta s falsos. Todavia a esperança messiânica resplandece em
seus escritos, onde é prometida a restauração e a glória finais, para Israel e para Judá
juntamente (Jr. 23.5; 30.4-11; 31.31-34; 33.15-18).

➢ O CATIVEIRO BABILÔNICO
• INÍCIO, LEVAS E DESTRUIÇÃO DE JERUS ALÉM
Egípcios e Babilônicos disputavam a supremacia no Oriente Próximo. O Egito
encorajou Judá a rebelar-se contra Judá e o controle Babilônico, o que fez Jeoaquim em 600
a.C., retendo os tributos. Isso provocou a invasão da babilônia a Judá em 598, além d e
invasões dos inimigos vizinhos de Judá, particularmente dos edomitas no sul. O jovem
Joaquim quando da morte de seu pai, sucedeu -o no trono de Judá , mas não foi capaz de
fazer frente a pressão babilônica. Rendeu -se em Jerusalém no ano de 597. Ele e muitos
judeus nobres foram deportados para a Babilônia , enquanto um rei fantoche, Zedequias, era
colocado no trono (II Rs. 24.18).
Mais uma vez Judá deixou-se persuadir a rebelar-se, e Jerusalém viu-se cercada de
novo em 589 a.C.. Hofra, rei do Egito, enfrentou os babilônicos no oeste, mas foi
derrotado. O cerco de Jerusalém foi retomado. Apesar de resistir por quase dois anos, a
cidade foi finalmente incendiada em 586, e seus habitantes levados para o exílio (II Rs.
25.1-12).

• NÚMERO DE LEVAS E EXILADO S


A primeira leva foi no sétimo ano do reinado de Nabucodonozor (Jr. 52.28) em 597 a.C.
e foram levados 3023 pessoas. A Segunda leva foi no decimo oitavo ano ele levou cativo
832 pessoas em 586 a.C. (Jr. 52.29). A terceira leva foi no vigésimo terceiro ano ele levou
745 almas (Jr. 52.30), em 582 a.C. No total foram levadas 4600 pessoas.

7.6.4.2 - O LIVRO DE JEREMIAS NO NOVO TESTAMENTO


Os escritores do Novo Testamento por vezes citaram e desenvolveram sua teologia com base em
escritos do livro do profeta Jeremias. Exemplo muito interessante temos no livro de Hebreus, onde o autor
ao falar da nova aliança, da qual Cristo é o Mediador, menciona textos de Jeremias (cf. Hb 8.8-13; 10.15-
17 com Jr 31.31ss). Mateus, quando narra a matança dos inocentes por ordem de Herodes, no afã de
tentar matar também o menino Jesus, cita Jeremias 31.15, afirmando enfaticamente que aquilo era o
cumprimento do que “... fora dito por intermédio do profeta Jeremias” (cf. Mt 2.17,18).
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Um dos conceitos teológicos mais lindos expressos no Novo Testamento – Cristo como herdeiro
do trono davídico – encontra base também em Jeremias. Lucas cita Jeremias 23.5 afirmando que Deus
daria a Jesus o trono de Davi (cf. Lc 1.32). O apóstolo João, escrevendo o Apocalipse, salienta a
onisciência de Cristo citando Jeremias 11.20 e 17.10. Aliás, o próprio Cristo foi comparado com
Jeremias, quando chorou sobre Jerusalém (cf. Mt 16.14). Essa comparação se deu pelo fato de que
Jeremias, em seu tempo, lamentava a pecaminosidade de Jerusalém e viu o que lhe ocorreria em função
disso. Cristo, sendo Deus, anteviu a destruição da cidade pelos romanos, em 70 d.C., e lamentou por isso.
Ao todo, os autores do Novo Testamento citam Jeremias 40 vezes, sendo a maioria das citações
relacionadas com a queda de Babilônia (o livro de Apocalipse).

Esboço do Livro de Jeremias • Jeoaquim e os rolos - 36.1-32


• O chamado de Jeremias - 1.1-9 • Cerco e queda de Jerusalém - 37.1-40.6
• Coleção de discursos - 2.1-33.26 • Gedalias e o seu assassinato - 40.7-41.18
• Primeiro oráculos - 2.1-6.30 • A fuga para o Egito - 42.1-43.7
• Sermão do templo e abusos no culto - 7.1- • Jeremias no Egito - 43.8-44.30
8.3 • Oráculos para Baruque - 45.1-5
• Assuntos diversos - 8.4-10.25 Oráculos contra nações estrangeiras - 46.1-
• Eventos na vida de Jeremias - 11.1-13.27 51.64
• Seca e outras catástrofes - 14.1-15.21 • Contra o Egito - 46.1-28
Advertência e promessas - 16.1-17.18 • Contra os filisteus - 47.1-7
• A santificação do sábado - 17.19-27 • Contra Moabe - 48.1-47
• Lições do oleiro - 18.1-20.18 • Contra os amonitas - 49.1-6
• Oráculos contra leis, profetas e povo - 21.1- • Contra Edom - 49.7-22
24.10 • Contra Damasco - 49.23-27
• O exílio babilônico - 25.1-29.32 • Contra Quedar e Hazor - 49.28-33
• O livro de consolação - 30.1-35.19 • Contra Helão - 49.34-39
• Contra a Babilônia - 50.1-3
Apêndice histórico - 34.1-35.19 Apêndice histórico - 52.1-34
• Advertência a Zedequias - 34.1-7 • O reinado de Zedequias - 52.1-3
• Revogada a libertação de escravos - 34.8-22 • Cerco e queda de Jerusalém - 52.4-27
• O exemplo dos recabitas - 35.1-19 • Sumário de três deportações - 52.28-30
o Julgamentos e sofrimentos de • Libertação de Joaquim - 52.31-34
Jeremias - 36.1-45.5

7.6.4.3 - LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS


➢ BREVE RESUMO
Segundo a tradição judia e os tradutores da SEPTUAGINTA, o livro de Lamentações foi escrito
pelo profeta depois da destruição final de Jerusalém, a qual foi levada a cabo por Nabucodonosor. Isto
significa que o livro foi escrito cerca do ano 588 a.C.
Este livro provavelmente foi escrito em Jerusalém. Fora da cidade, próximo a Golgota (também chamado
Calvário), há uma cova escondida chamada a cova de Jeremias. Diz-se que o profeta se sentava ali para
lamentar-se por aquela cidade desolada e que foi ali que ele escreveu as Lamentações narradas neste livro.
O tema: O pecado do povo provoca o justo juízo de Deus, mas quando o povo se arrepende de seu
pecado, Deus, por sua misericórdia, o salva e o restaura.
O contexto: Jerusalém caiu e o povo foi levado cativo. Todas as advertências de Jeremias se cumpriram.
Mas, devido ao fato de Jeremias amar a Deus e o povo de Deus, ele não pôde suportar ver a queda de
Israel e a perda da glória de Deus a causa da degradação do povo de Israel. Portanto, ele escreveu
Lamentações e chorou por eles.]
O pensamento central: O sofrimento e as calamidades produzidas pelo pecado, e a misericórdia e a
compaixão que tinha Jeová mesmo quando ainda estava entristecido com seus filhos.
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42

O esquema geral: Lamentações, que consta de cinco capítulos que são cinco canções, pode ser dividido
em cinco sessões: o sofrimento, a lamentação, a esperança, a confissão e a oração. Com exceção da quinta
canção, cada uma das canções fala primeiramente da trágica destruição de Jerusalém e logo da justiça e
do severo juízo de Deus.
➢ A TEOLOGIA DO LIVRO
Da mesma forma como o livro de Jó trata da calamidade e suas consequências na vida de um
homem, as Lamentações de Jeremias focalizam dor similar em escala nacional ao retratar a crise extrema
que resultou do fim da vida comunitária de Judá. Outra verdade teológica revelada nas Lamentações de
Jeremias diz respeito ao fato de que Deus não castiga seus filhos apenas como retribuição ao pecado e,
sim, como forma de correção. Por esse mesmo motivo Jeremias não deixa de reconhecer (capítulo 3:25-
30) que à tribulação se seguirão a restauração e a bênção no âmbito da Aliança, que Deus não deixa de
cumprir. Assim sendo, as Lamentações são totalmente coerentes com o autor de Hebreus, que nos lembra
que "o Senhor disciplina a quem ama e castiga a todo aquele que aceita como filho" (Hebreus 12:6).
➢ ESBOÇO DO LIVRO
O livro é composto por cinco poemas que estão dispostos no livro, respectivamente, em cinco
capítulos. Pode ser considerado uma espécie de cântico fúnebre da cidade de Jerusalém. A impressão que
temos ao ler as comoventes palavras do “profeta das lágrimas” é de que ele está de pé em meio aos
escombros da cidade e do templo. Quem sabe não foi assim de fato!? Mas no livro de Lamentações
encontramos um clarão de luz de esperança em meio à escuridão da desolação que se abatera sobre a
cidade:
1. Primeiro lamento: Tristeza da Sião cativa (1.1-22)
2. Segundo lamento: As tristezas de Sião vêm do Senhor (2.1-22)
3. Terceiro lamento: Esperança de libertação através da misericórdia de Deus – um vislumbre de
esperança em meio ao caos! – (3.1-66)
4. Quarto lamento: O castigo de Sião consumado (4.1-22)
5. Quinto lamento: Oração do povo afligido (5.1-22)47

7.6.5 - O LIVRO DE EZEQUIEL


➢ INTRODUÇAO
Em 605 a.C. cativos judeus – dentre eles o jovem Daniel – são levados à Babilônia. Essa foi a primeira
deportação e o marco inicial do cativeiro babilônico de 70 anos profetizados por Jeremias. Em 597 ocorre
nova deportação de mais cativos – 10 mil –, agora, incluído entre eles o jovem Ezequiel, de origem
sacerdotal (2 Reis 24.11-16 narra essa deportação).
O livro de Ezequiel é repleto de visões, algumas inclusive, muito complexas. A essas visões
Ezequiel acrescentava atos simbólicos. De fato, não era algo incomum os profetas do Altíssimo
―atuarem‖ representando visivelmente a mensagem que transmitiam. Jeremias, por ordem divina,
enterrou um cinto e depois o desenterrou e o utilizou perante o povo como símbolo visível da mensagem
que pregava (cf. Jr 13). É bem provável também que ele tivesse usado, durante algum tempo, um jugo de
madeira para falar do cativeiro babilônico. Depreendemos isso do texto de Jeremias 28 que afirma que o
falso profeta Hananias “... tirou o jugo do pescoço do profeta Jeremias e o quebrou” (v. 10 na NVI), o que
indica que Jeremias poderia estar usando aquele jugo em suas mensagens proféticas acerca do cativeiro.
Isaías, igualmente, serviu como exemplo visível, ele mesmo, da mensagem que emitia. Em Isaías 20.3
lemos que Isaías andou três anos nu e descalço, a fim de indicar como seriam tratados os cativos do Egito
e da Etiópia. Vejamos a seguir algumas das ações simbólicas (algumas, um tanto estranhas) usadas pelo
profeta Ezequiel, que, como nenhum outro, fez uso deste recurso didático:
1. O Senhor ordenou que ele se trancasse em casa e fez com que ele ficasse mudo, indicando com
isso que no tempo oportuno, quando o Senhor lhe falasse, ele teria condições de anunciar ao povo a
Palavra de Deus (cf. 3.26,27).
2. Usando um tijolo, conforme a ordem do Senhor, Ezequiel encena o cerco de Jerusalém e a
chegada da fome, em decorrência do cerco (4, 5.7-17).
3. Come alimentos cozidos sobre esterco de gado a fim de ilustrar o que haveria de acontecer com
os israelitas (4.9-17).
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43

4. Usando bagagens, Ezequiel encena a queda de Jerusalém e chega a fazer um furo no muro da
cidade. O Senhor lhe disse: “... eu fiz de você um sinal para a nação de Israel” (12.6 – cf. todo o cap. 12).
5. A morte da esposa de Ezequiel é usada como um sinal para Israel. Ele é proibido por Deus de
pranteá-la! (24.15-27).
Ezequiel era membro de um família sacerdotal associada ao templo em Jerusalém. Seu pai
chamava-se Buzi, como lemos em 1.3. No exílio, estabelece-se às margens do Quebar, um rio ou canal na
Babilônia. Ezequiel se refere ao cativeiro como o ―nosso exílio‖ (33.21 e 40.1). Teve uma esposa e uma
casa, como vemos em 24.15-18 e 8.1.
Ezequiel é descrito como o Filho do homem 87 vezes em toda a extensão do livro. Essa expressão
hebraica indica que alguém pertence ao gênero humano e indica a pequenez humana, sua posição humilde
face à majestade de Deus. Interessante notar que essa expressão – ―Filho do homem‖ – foi usada também
no livro de Daniel e no Novo Testamento, mas com um novo significado53. Ocorre duas vezes em Daniel
(7.13 e 8.17) e cerca de 70 vezes nos quatro livros do evangelho54: 30 vezes em Mateus, 5 em Marcos,
25 em Lucas e 10 em João. Sobre a relação dessa expressão com a Pessoa de Cristo e o uso que Ele
próprio fez dela, conclui-se duas coisas:
1. Cristo estava identificando-se como homem no sentido típico da palavra, realçando sua
humanidade. A expressão ―filho de...‖ ao longo das Escrituras sempre indica isso.
2. Cristo estava identificando a si mesmo como o Messias profetizado, já que esta expressão, como
aparece em Daniel 7.13,14, foi usada como um dos nomes do Messias vindouro.
Ezequiel e Apocalipse A relação de Ezequiel com Apocalipse pode ser notada na semelhança de visões
que ocorrem em ambos os livros:
Os querubins e/ou seres viventes57 (Ez 1 e Ap 4)
Gogue e Magogue (Ez 38 e Ap 20)
Tanto Ezequiel como João comem um livro (Ez 2 e Ap 10)
A descrição da Nova Jerusalém (Ez 40-48 e Ap 21)
João, assim como Ezequiel, fala do rio da água da vida (Ez 47 e Ap 22)

➢ ESBOÇO DO LIVRO DE EZEQUIEL:

1. O início da visão e chamada de Ezequiel - Contra Edom - 25.12-14


1.1-3.21 Contra a Filístia - 25.15-17
Visões introdutórias - 1.1-28; Contra Tiro - 26.1-28.19
O encargo dos profetas - 2.1-3.21 Contra Sidom - 28.20-26
2 Profecias e visões sobre a destruição de Contra Egito - 29.1-32.32
Jerusalém - 3.22-24.27 4. Profecias de restauração - 33.1-48.35
Oráculos de julgamento - 3.22-7.27 Ezequiel como vigia - 33.1-33
Visões de idolatria no templo - 8.1-11.25 Deus como Pastor - 34.1-31
O exílio e cativeiro de Judá - 12.1-24.27 Julgamento contra Edom - 35.1-15
3. Oráculos da ruína contra nações Restauração de Israel - 36.1-37.28
estrangeiras - 25.1-32.32 Julgamento contra Gogue - 38.1-39.29
Contra Amom - 25.1-7 Restauração do templo - 40.1-46.24
Contra Moabe - 25.8-11 Restauração da terra - 47.1-48.35

7.6.6 - O LIVRO DE DANIEL 12


“O livro de Daniel é o desvendar de um mistério. E, se por um lado
desvenda o mistério, por outro, o envolve em surpresa e admiração,
deixando grande parte do mistério da revelação em aberto”. Roy E.
Swim

12
Daniel era membro da família real. Nasceu em Jerusalém, por volta do ano 623 a.C., durante a reforma de Josias e no
começo do ministério de Jeremias. Foi levado cativo para a Babilônia na primeira leva de exilados, no ano 605 a.C. O
ministério de Daniel foi muito extenso. Ele era adolescente por ocasião dos eventos registrados no capítulo um de seu livro e
devia já estar na faixa dos oitenta anos quando recebeu de Deus as visões dos capítulos 9 a 12.
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44

O livro de Daniel é adequadamente considerado o ―”Apocalipse do Antigo Testamento”, uma


vez que ele foi escrito dentro do gênero apocalíptico e é singular nesse sentido, em toda a extensão do
Antigo Testamento.
➢ O PROFETA
Daniel é exemplo de fidelidade a Deus em meio a circunstâncias as mais adversas possíveis. Ele
estava à 800 quilômetros de sua terra natal, de sua própria cultura, de seu próprio povo. Agora,
introduzido numa cultura completamente pagã, a cultura babilônica, ele tem seu nome mudado na corte
de Nabucodonosor para Beltessazar (1.7), uma homenagem ao ídolo Bel, pois o nome significa ―Bel
“proteja sua vida”. Seu nome original, Daniel, significa em hebraico ―Deus é meu Juiz . Ele passou por
um período de três anos estudando no palácio e depois foi selecionado para o serviço real. Na corte,
recebeu novo nome babilônico assim como seus três amigos, Misael, Azarias e Ananias. Isso tinha por
finalidade evitar o transtorno de diversos nomes estrangeiros, além de unificar uma corte tão diversificada
e também de demonstrar o domínio babilônico sobre os estrangeiros. Ali, Daniel demonstrou límpida
pureza de caráter decidindo “... firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o
vinho que ele bebia...” (1.8). Essa recusa de participar do banquete real não era simples dieta, mas uma
firme resolução de não romper seus votos de consagração como hebreus ao Deus de Israel.

➢ A MENSAGEM DO LIVRO DE DANIEL


O livro de Daniel é por excelência o ―Apocalipse do Antigo Testamento‖. Ele é assim chamado
justamente por causa do seu alto teor profético. O livro todo pode ser considerado profético, embora
encontremos nele descrições históricas, como os capítulos três e seis. O livro de Daniel juntamente com o
de Apocalipse pertence a uma classe da literatura judaica chamada de ―literatura apocalíptica‖, que é
encontrada no Antigo Testamento. Além de Daniel, outros profetas também utilizaram este gênero
literário, tais como Isaías (caps. 24-27), Joel (cap. 2), Ezequiel (caps. 1 e 40-48) e, sobretudo, Daniel
(caps. 7-12) e Zacarias (caps. 1-6). A literatura apocalíptica61 tem sua origem num conjunto de textos do
judaísmo tardio (sec. II a.C.) e do cristianismo primitivo. Entre esses textos destacam-se o 2 Enoque, o
Apocalipse de Abraão, o 2 Baruque, o 4 Esdras e as Adições em Daniel. Mas estes livros não tinham o
peso da inspiração divina, tal como encontramos em Daniel e Apocalipse.
Um fato interessante no livro de Daniel é que a sua ênfase recai mais sobre os gentios do que
sobre o povo judeu, sobre Israel, diferentemente dos outros profetas. Ele menciona Israel ou Judá apenas
12 vezes. Já Ezequiel o faz 201 vezes! O livro de Oséias, 59 vezes. Interessante ainda é notar que mais da
metade do livro está escrito originalmente em aramaico, que na época da escrita (séc. VII a.C.) era a
língua gentia mais falada no Oriente Médio. Esta parte do livro vai de 2.4 à 7.28 e registra dois sonhos ou
visões nos capítulos dois e sete que tratam dos ―tempos dos gentios‖, de modo que o papel dos reinos
gentílicos é o assunto ou mensagem principal do livro. Em Mateus 24.15 o Senhor Jesus refere-se à
Daniel como um personagem histórico real e em outras passagens vemos que Ele usou algumas
expressões contidas no livro de Daniel:
• Tamanha tribulação‖ (Mc 13.19) de Daniel 12.1.
• Abominável da desolação‖ (Mc 13.14) de Daniel 11.31.
• O pisotear do santuário‖ (Lc 21.24) de Daniel 8.13.
Sem dúvida alguma, encontramos no livro de Daniel uma das maiores contribuições proféticas: a
profecia das setenta semanas de anos, registrada em 9.24-27: ―Esta é uma profecia que aguarda a sua
plena concretização, pois já se cumpriu em grande parte, ou seja, é uma profecia extensiva. Ela se
encontra registrada em Daniel 9.24-27: (caro aluno, lei esta passagem na Bíblia e faça anotações
importantes em seu caderno de registros)
Esta passagem nos possibilita chegarmos às seguintes conclusões:
a) Estas semanas dizem respeito ao povo judeu, somente. A Igreja não está inserida aqui, é só
observar o texto: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade...” O
povo aqui é o judeu e a cidade é Jerusalém.
b) A profecia das Setenta Semanas é extensiva, ou seja, cumpriu-se em alguns eventos, mas requer
cumprimento futuro. Para constatar isso, é só verificar os eventos descritos no versículo 24, que só terão
cumprimento no futuro.
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45

c) Que se trata aqui de semanas de anos não resta dúvidas. Primeiro porque o hebraico diz
simplesmente ―sete setes‖ (sete semanas, no versículo 25 – pois a palavra ―semana‖ no hebraico é
shabua – ‫ׂשבע‬
–, que significa ―sete‖). Segundo, porque se fossem semanas de dias então teríamos 70 X 7 = 490 dias. É
simplesmente impossível que Jerusalém fosse destruída e reedificada em apenas 490 dias, como lemos no
versículo 25.
d) A profecia divide as setenta semanas em três grupos, ou três períodos, a saber: 1) sete semanas
= 49 anos; 2) sessenta e duas semanas = 434 anos, e 3) uma semana, a semana final, a 70ª semana – a
Grande Tribulação = 7 anos. Assim temos: 49 + 434 + 7 = 490 anos.
Os eventos pertinentes aos dois primeiros grupos, ou seja, aos 483 anos, já se cumpriram no
passado, restando agora o cumprimento dos últimos sete anos – a última semana profética. No versículo
25 de Daniel nove lemos sobre “... a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Abalizados
estudiosos do assunto concordam que se trata aqui da saída de Neemias da Pérsia para a cidade de
Jerusalém a fim de restaurar a cidade e os muros. Leiamos: “No mês de nisã, no ano vigésimo do rei
Artaxerxes... E ainda disse ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém
do Eufrates, para que me permitam passar e entrar em Judá” (Ne 2.1a,7). É necessário salientar que a
Bíblia menciona quatro decretos pertinentes à Jerusalém e ao Templo; são eles: o de Ciro, em 536 a.C.
(cf. Ed 1.1-3); o de Dario, entre 521 e 486 a.C. (cf. Ed 6.6- 8); o de Artaxerxes, no sétimo ano de seu
reinado, provavelmente em 458 a.C. (cf. Ed 7.12,21) e o quarto decreto, também promulgado por
Artaxerxes, mas no vigésimo ano de seu reinado, situado no ano 445 a.C. (cf. Ne 2.1,7). O evento descrito
em Daniel 9.25 teve seu cumprimento neste último decreto, o de Artaxerxes, em 445 a.C. A contar desta
data iniciam-se as setenta semanas de anos.
A Bíblia nos informa, porém, que a contagem destas semanas seriam interrompidas: “Depois das
sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará...” (Dn 9.26a). O leitor deve ter cuidado
para não confundir-se pensando se tratar aqui de 62 dentre as setenta semanas, pois o texto está se
referindo aqui ao segundo período, ou seja, ao período de 434 anos após o primeiro período de 49 anos, o
que perfaz um total de 483 anos, ou, 69 semanas (69 X 7 = 483). Assim, fica faltando uma semana, e
entre a 69ª e a 70ª semana há um intervalo de tempo indefinido, no qual insere-se a Igreja. Esse intervalo
de tempo indefinido é chamado de ―Dispensação da Igreja‖ e ―Tempo dos Gentios‖. Abalizados
estudiosos afirmam que foi a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21.1-10) que marcou o fim do
segundo período, pois a Bíblia diz que “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já
não estará...” (Dn 9.26). Logo após a entrada triunfal do Ungido em Jerusalém, ocorre a sua morte – “será
morto o Ungido e já não estará”; os demais eventos descritos neste texto tiveram então o seu
cumprimento (ainda que não totalmente completo) por ocasião da destruição de Jerusalém pelos exércitos
romanos em 70 d.C. – “e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim
será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas”. Assim, ―a septuagésima
semana, diferente das primeiras 69, não vem a seguir, imediatamente e consecutivamente. Nos 1.900 anos
subsequentes não há sequer um período de sete anos que cumpra satisfatoriamente a profecia do versículo
27. Uma conclusão justa é que este período ainda é futuro e deve ser identicado com a tribulação que será
precedita pelo arrebatamento da Igreja, e que é descrita e revelada em Apocalipse 6-19‖66.

7.7 PROFETAS MENORES


7.7.1 - OSÉIAS
Profetizou em Israel (as dez Tribos), Na mesma época que Amós, Isaías e Miquéias em Judá. Profetizou
durante 60 anos, aproximadamente de 785 a 722 AC.
O tema do livro é uma grande exortação ao arrependimento às dez tribos, durante os cinqüenta ou
sessenta anos de cativeiro destas. Os pecados da nação , no seu estado de separação de Deus, são
resumidos pelo profeta como pecado de adultério espiritual, ilustrado pela própria experiência do profeta
ao se casar com uma mulher impudica que o abandonou por outro amante.
O tema de Oséias é este: Israel, a esposa infiel abandona seu esposo compassivo, que a acolhe novamente.
Os acontecimentos históricos a que se refere o livro de Oséias cobrem um período de mais ou menos 60
anos – desde785 a.C., até o tempo do cativeiro das dez tribos.
7.7.2 - JOEL
Pouco se sabe acerca deste. Acredita-se que profetizou durante o tempo de Joás, rei de Judá.
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Sua datação atribuída é do ano 830 a.C., porém existem os que datam dos anos 775 a 725 a.C. ou de 500
a.C.. A mensagem do livro fala sobre o "julgamento que Deus fará contra os inimigos de Israel e, de uma
perspectiva escatológica, o vitória final do povo de Deus".
A passagem de Joel 2:28, 29 é citada por Simão Pedro no sermão de Pentecostes em Atos dos Apóstolos
2:14-36. Sendo assim, Joel tem uma grande importância na teologia cristã.
7.7.3 - AMÓS
Profetizou especialmente à Israel, embora tivesse também uma mensagem para Judá e países
vizinhos, durante os reinados de Uzias, rei de Judá e de Jeroboão II, rei de Israel. Escrito cerca de 785 a
750 AC.
A profecia deste livro da Bíblia hebraica foi dirigida primariamente ao reino setentrional de Israel.
Pelo que parece, foi primeiro proferida oralmente, durante os reinados de Jeroboão II e de Uzias,
respectivamente reis de Israel e Judá, cujos reinados coincidiram entre 829 e cerca de 804 a.C. (Am 1:1)
Por volta de 804 a.C. foi assentada por escrito, presumivelmente após o profeta voltar a Judá.
É fato histórico que todas as nações condenadas por Amós foram, no devido tempo, devoradas
pelo fogo da destruição. A própria grandemente fortificada cidade de Samaria foi sitiada e capturada em
740 a.C., e o exército assírio levou os habitantes “para o exílio além de Damasco”, conforme predito por
Amós. (Am 5:27; 2Rs 17:5, 6) Judá, ao sul, recebeu igualmente a devida punição quando foi destruída em
607 a.C. (Am 2:5) E, fiel à palavra de Jeová mediante Amós, descendentes cativos tanto de Israel como
de Judá voltaram em 537 a.C. para reconstruir sua terra natal. — Am 9:14; Esd 3:1.
O livro termina com uma mensagem de que, apesar de Deus castigar a Israel, Deus irá restaurar a
nação, quando ela se voltar a Deus.
7.7.4 - OBADIAS
Tema: É o grande pecado de Edom - violência contra Judá; seu castigo - extinção nacional.
Obadias (de origem desconhecida) foi contemporâneo de Jeremias. Há muitos com este nome no Antigo
testamento. Data: 586-583 AC. O seu livro, constituído apenas por vinte e um versículos, é o menor do
Antigo Testamento e trata do tema da falta de solidariedade do povo de Edom (descendentes de Esaú -
Génesis 36:1) para com Israel, considerado como seu povo irmão. O livro divide-se em duas partes: o
"Oráculo contra Edom" a a "Proclamação do Dia de Javé".
A primeira parte de Abdias (1-14) profetiza a queda de Edom (ver Iduméia), tradicional inimigo de Judá.
7.7.5 - JONAS
O livro não contém uma mensagem direta a Israel, mais sim à cidade de Nínive. Mas Jonas pregou
`a Israel durante o reinado de Jeroboão II (II Reis 14:25). Escrito entre 785 a 767 AC. Época: logo após
Elizeu. É um relato biográfico do profeta Jonas, na qual o Deus de Israel o terá mandado profetizar ao
povo de Nínive, grande capital do Império Assírio, para persuadi-los a se arrependerem ou seriam
destruídos dentro de 40 dias. O Livro de Jonas fala foi tido como o profeta Jonas, filho de Amitai, que
profetizou no Reino de Israel Setentrional, no 7.º Século A.C., no reinado de Jeroboão II. (Jonas 1:1; II
Reis 14:25)
A Assíria, inimiga do povo de Israel de longa data, era império dominante aproximadamente entre 885
A.C. a 665 A.C.. Segundo o relato, parece evidente que a agressividade militar assíria era mais fraca
durante o tempo de Jonas. Além disso, o Rei Jeroboão II foi capaz de reivindicar áreas da Palestina desde
Hamate até o Mar Morto, como teria sido profetizado por Jonas.
7.7.6 - MIQUÉIAS
Profetizou durante os reinados de Pecaías, Peca e Oséias em Israel, e de Jotão, Acaz e Ezequias,
em Judá.. Foi contemporâneo de Isaías e Oséias (Jeremias 26:18). Data: 751-693 AC. Profetizou tanto
para Israel quanto para Judá.
O nome do autor do livro de Miquéias aparece na septuaginta como Michaías. A Vulgata Latina diz
Michaeas. Ele foi um profeta do século VIII a.C. morador de Morasti-Gat, na Shefelá em Judá, talvez
tenha sido um líder (ancião, heb. zaqen) da comunidade.
7.7.7 – NAUM
Pouco se sabe a seu respeito. Profetizou durante o reinado de Ezequias (663 a 633 AC.). Prediz a
ruína de Nínive (Assíria), que aconteceu 100 anos depois. Naum é um Livro da Bíblia, que conta sobre a
destruição de Nínive, capital da Assíria, a cidade que Jonas advertiu. Este livro é uma “pronúncia contra
Nínive”, capital do Império Assírio. Para os crentes, o cumprimento histórico daquela pronúncia profética
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atestaria a autenticidade do livro. O livro teria sido escrito algum tempo depois de a cidade egípcia de Nô-
Amom (Tebas) sofrer uma derrota no sétimo século antes da era comum e completado antes da predita
destruição de Nínive em 632 antes da era comum. Segundo o livro, a agressividade militar dos assírios
tornara Nínive uma “cidade de derramamento de sangue”. Seu tratamento dos cativos de guerra era cruel
e desumano. Alguns eram queimados ou esfolados vivos. Outros eram cegados ou se lhes cortavam o
nariz, as orelhas ou os dedos. Os cativos eram conduzidos por cordões com ganchos que furavam o nariz
ou os lábios.
7.7.8 - HABACUQUE:13
Pouco se sabe sobre ele. Conclui-se que profetizou durante os reinados de Jeoacaz e Jeoiaquim
em Judá, possivelmente, em 612 a 598 AC. Profetizou a queda do ímpério caldeu. Foi contemporânio de
Jeremias. Habacuque ou Habacuc é o livro bíblico cuja autoria é atribuída ao profeta de mesmo nome,
que significa "abraço", e está incluso na subdivisão da Bíblia chamada de Profetas Menores, sendo um
livro de apenas três capítulos. Provavelmente tenha sido escrito no século V a.C.. Habacuque nos sugere
que observava a sociedade judaica a partir do templo, onde possivelmente servia como levita, isto é
cantor, podemos notar o capítulo três de seu livro é uma canção, sendo que os últimos versos são
considerados uma das maiores expressões de fé do Antigo Testamento. Entre seu texto há no capítulo dois
a expressão: "O justo viverá da fé", que mais tarde inspiraria o Apóstolo Paulo a escrever a mais teológica
de suas cartas, a Carta aos Romanos, que posteriormente inspirou também Martinho Lutero na elaboração
das 95 Teses "gatilho" da Reforma Protestante.
7.7.9 - SOFONIAS
Profetizou durante o reinado de Josias, Rei de Judá. Seu ministério: 638 a 608 AC.
A repetição freqüente da frase “o dia do Senhor” sugere imediatamente que Sofonias tinha uma
mensagem de julgamento. Mas como os demais profetas tem também uma mensagem de restauração.
Resumiremos o tema da seguinte maneira: A noite do Juízo sobre Israel e sobre as nações, seguida da
manhã da restauração do primeiro e da conversão das últimas. Alguns acreditam que ele tenha sido o
autor do Livro, com exceção do último capítulo, pelo fato de haver um contraste entre o quadro de juízo
terrível e o da restauração.
7.7.1O - AGEU
Um dos três profetas pós-exílicos. Época: após os 70 anos de cativeiro na Babilônia. Data: 520-
518 AC. Ageu voltou com a primeira expedição dirigida por Zorobabel e Esdras, o escriba, no segundo
ano do rei Dario (Ed.5:1;Ag.1:1). Sua missão era animar o povo na reconstrução do templo ( Ag.1:4-9 –
Edificai a casa; 2:9 – A glória da Segunda casa). Ageu, seu escritor, foi um profeta hebreu e
contemporâneo de Esdras e Neemias. Sua mensagem foi de exortação e motivação a respeito da
restauração de Jerusalém e seu Templo. Possui quatro principais mensagens de YHVH para os judeus que
retornaram do exílio em Babilónia. São fortes repreensões devido ao descaso na reconstrução do Templo.
Escrito por volta do ano 520 a.C., cerca de 17 anos depois do retorno dos judeus do exílio, quando ainda
não se completara a construção do Templo. O profeta Ageu, indicava que o povo estava se preocupando
com as próprias vidas e esquecendo do principal - a casa de Deus . Este livro frisa a importância nas obras
de Deus e que Ele deve estar sempre em primeiro lugar, na vida e nas obras das pessoas. O Autor pode ser
chamado " O Profeta do templo", provavelmente tenha nascido durante os setenta anos de exílio na
Babilônia. Deve ter regressado a Jerusalém com Zorobabel.
7.7.11 - ZACARIAS
Possivelmente nasceu na Babilônia e começou a profetizar ainda jovem ( Zc. 2:4) e pouco depois
de Ageu, tornando-se seu companheiro. Profetizou animando o povo através de visões de um futuro
glorioso. Zacarias, cujo nome significa “YHVH se Lembra”, foi um dos chamados "profetas" pós –
exílicos, um contemporâneo de Ageu. Com Ageu, ele foi chamado para despertar os judeus que
retornaram, para completar a tarefa de reconstruir o templo de Jesusalém.(ver Esdras 6:14). Como filho
de Baraquias, filhos de Ido, ele era de umas das famílias sacerdotais da tribo de Levi. Ele é um dos mais
messiânicos de todos os profetas do AT, dado referências distintas e comprovadas sobre a vinda do
Messias. O "ministério" de Zacarias começou em 520 A.C., dois meses após Ageu haver completado sua

13
O livro de Habacuque é diferente dos demais livros dos profetas em seu estilo literário, pois em momento algum
há profecias contra esta ou aquela nação ou pessoa em particular, porém o que se pode ver é um diálogo entre o
profeta e Deus.
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profecia. A visão dos primeiros capítulos foi dada, aparentemente, enquanto o profeta ainda era um jovem
(Zacarias 2:4). Os caps 7-8 ocorrem dois anos mais tarde, em 518 aC. A referência à Grécia em 9.13 pode
indicar que os caps. 9-14 foram escritos depois de 480, quando a Grécia substituiu a Pérsia como o grande
poder mundial. As profecias que abrangem o Livro de Zacarias foram reduzidas à escrita entre 520 e 475
aC. Zacarias e Ageu "persuadiram o povo a voltar ao Senhor e aos seus propósitos para restaurar o
templo". Zacarias "encorajou o povo de Deus indicando-lhe um dia, quando o Messias reinaria de um
templo restaurado, numa cidade restaurada". O livro começa com a veemente palavra de YHVH (O Deus
dos judeus) para o povo se arrepender e se voltar novamente para seu Deus. O livro está repleto de
referências de Zacarias à suposta "palavra do Senhor". O profeta não entrega sua própria mensagem, mas
ele, "fielmente", transmite a mensagem dada, supostamente, a ele por seu Deus. O povo é chamado para
se "arrepender de sua apatia e completar a tarefa que não foi terminada".
"Deus, então, assegura ao seu povo o seu amor e cuidado por eles, através de oito visões. A visão
do homem e dos cavalos lembra ao povo o cuidado de Deus. A Visão dos quatros chifres e dos quatro
ferreiros trazem à memória o julgamento de Deus. A Visão do homem com um cordel de medir, existe
uma olhada apocalíptica na vele e pacífica cidade de Deus. A visão grandiosa do castiçal todo revestido
de ouro entre os vasos de azeite assegura a Zorobabel que os propósitos de Deus serão cumpridos
somente pelo seu Espírito. A visão do rolo voante emite o pronunciamento de Deus contra o furto e contra
o juramento falso. A visão da mulher num efa significa a santidade de Deus e a remoção do pecado. A
visão dos quatro carros retrata o soberano controle de Deus sobre a Terra". As visões "são seguidas por
uma cena de coroação na qual Josué é coroado tanto como rei como sacerdote". Isso é considerado pelos
crentes, poderosamente, um simbolismo da vinda do Messias".
Nos caps 7-9, "Deus usa a ocasião de uma questão sobre o jejum para reforçar sua ordem para
justiça e juízo, para substituir as formalidades religiosas".
Os caps 9-14 contêm muita escatologia. (Estudos das últimas coisas).
Zacarias é, às vezes, referido como o mais messiânico de todos os livros do Antigo Testamento.
Os caps 9-14 sãos as seções mais citadas dos profetas nas narrativas dos Evangelhos. No apocalipse,
Zacarias é citado mais do que qualquer profeta, exceto Ezequiel.
Ele profetizou que o Messias virá:
• Como o Servo do Senhor, o Renovo (Zacarias 3:8),
• Como o homem cujo nome é Renovo (Zacarias 6:12),
• Como Rei e como sacerdote (Zacarias 6:13),
• Como o verdadeiro Pastor (Zacarias 11:4-11).
Ele dá um expressivo testemunho sobre a traição de Cristo por trinta moedas de prata (Zacarias
11:12-13), sua crucifixão (Zacarias 12:10), seus sofrimentos (Zacarias 13:7) e sua segunda vinda
(Zacarias 14:4). Duas referências a Cristo são consideradas pelos religiosos como de profundo
significado. A entrada triunfante de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em Zacarias 9:9,
quatrocentos anos antes do acontecimento (ver Mateus 21:4; Marcos 11:7-10). Um dos versículos mais
dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em Zacarias 12:10, quando, na maioria dos manuscritos
a primeira pessoa é usada: "E olharão para mim, a quem traspassaram.". Jesus Cristo, acreditam os
religiosos, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela cada de Davi.
O versículo mais freqüentemente citado do Antigo Testamento em referência ao chamado Espírito
Santo é Zacarias 4:6. Zorobabel é confortado na segurança de:
1) que a reconstrução do templo não será por força militar ou por proeza humana, mas pelo
ministério do Espírito Santo;
2) que o Espírito Santo removerá cada obstáculo que está no caminho, que impede a conclusão do
templo de Deus.
Um triste comentário em Zacarias 7:12 recorda ao povo sua rebelião contra as palavras do Senhor pelos
profetas. Palavras que teriam sido transmitidas pelo Espírito Santo.
7.7.12. MALAQUIAS:
Em Neemias lemos a última página da história do Antigo testamento; em Malaquias, lemos a
última página da profecia do Antigo testamento. Ambos foram contemporâneos, durante a época do rei
Artarxerxes. Profetizou cerca de 100 anos depois de Ageu e Zacarias, sendo o último dos profetas pós-
exílicos. Nada se sabe da sua vida pessoal. Data: cerca de 435 a 425 AC. O assunto de reter os dízimos e
as ofertas é tratado como roubo (Ne.13:10-12 com Ml. 3:8-10). Prediz a vinda de Elias (4:5), cumprida
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em João Batista (Mt.11-14). A última palavra do Antigo Testamento é maldição; O profeta Malaquias foi
contemporâneo de Esdras e Neemias, no período após o exílio do povo judeu na Babilônia em que os
muros de Jerusalém tinham sido já reconstruídos em 445 a.C., sendo necessário conduzir os israelitas da
apatia religiosa aos princípios da lei mosaica. Nas últimas linhas deste livro do Antigo Testamento
bíblico, vemos uma exortação de Deus às famílias: "converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos
aos seus pais". No término do livro de Malaquias convida-se ao arrependimento da família como alicerce
da sociedade.Um outro tema tratado no livro de Malaquias refere-se às ofertas e aos dízimos, nos versos
de 7 a 12 do capítulo 3, passagem esta que é muito utilizada com o objetivo de se justificar com amparo
bíblico a contribuição da décima parte das rendas dos fiéis de uma organização religiosa.
Embora o dízimo tenha sido reconhecido desde a época de Moisés, nos dias de Malaquias o povo havía
ignorado o mandamento, enfraquecendo a instituição religiosa, isto é, a manutenção dos sacerdotes e do
próprio templo.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Disponivel em http://www.missaocampinas.com.br/novo/site/paginas/detalhes/127/.
SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento Ed. Vida Nova SP 1. Edição
CHAMPLIM, Russel Normam. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia . Ed. Candeia 3. Edição 1995
São Paulo
RAMPIM, José Domingos . Apostila Profetas Exílicos e Pós Exílicos
DIAS, Luiz Valdenir. Apostila Livros Históricos
PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos,
2006):
SIMMONS, D.Th Thomas Paul. Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica

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