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O PLURALISMO CIENTÍFICO

Luciano Alencar
Luciano.barros.ufrj@gmail.com
Metodologia da Análise Econômica – 2023.02

Introdução
Em seu livro “Is Water H2O?: Evidence, Realism and Pluralism”, Hasok Chang
(2012) apresenta e defende sua abordagem epistêmica pluralista.

Baseado no reconhecimento dos benefícios da presença de múltiplos sistemas de


prática em cada ramo do conhecimento, o autor define sua abordagem como:
“pluralismo epistêmico normativo ativo”.

Introdução
Pluralismo epistêmico normativo ativo
O pluralismo, segundo Chang, é uma ideologia da ciência com o objetivo de promover
a pluralidade para colher seus benefícios.
"Epistêmico", opondo-se à "metafísica", pois visa melhorar as maneiras pelas quais
se adquire conhecimento (e não elucidar a ontologia fundamental da natureza);
“Normativo” pois não apenas busca descrever a ciência, mas reforma-la;
“Ativo”, pois não apenas aponta os benefícios do pluralismo, mas se engaja em
cultivar sistemas múltiplos;

Introdução
Esta abordagem traria implicações para a prática cientifica, além de
proporcionar uma nova visão para a história e a filosofia da ciência.

O objetivo do autor é tornar o pluralismo mais atrativo por meio da ampliação


da sua vitalidade e autenticidade, em vez de suavizá-lo para torná-lo mais
aceitável.

Introdução
O autor levanta inicialmente dois benefícios do pluralismo:
Benefícios da tolerância:
seguro contra imprevistos;
compensação pelas limitações de cada sistema;
satisfação multiplicada para um dado objetivo;
Benefícios da interação:
integração;
cooptação;
competição;

Introdução
O autor deixa claro que todos os exemplos citados dizem respeito às ciências
físicas em razão de uma limitação sua.

A extrapolação de sua análise para outros campos científicos demandaria


estudo de outros cientistas.

Pluralismo
O pluralismo é motivado pela humildade diante da complexidade da realidade.

Uma vez reconhecidas as limitações do pesquisador, deve-se promover a


coexistência de diferentes sistemas de conhecimento, buscando compreender as várias
facetas da realidade, assim como as pessoas cegas tentam entender um elefante
reunindo diferentes perspectivas.

Pluralismo

Pluralismo
Citando Joseph Priestley, Chang enfatiza a noção de humildade epistêmica:
“every discovery brings to our view many things of which we had
no intimation before”.

Traduzindo em forma gráfica, Priestley disse:


“The greater is the circle of light, the greater is the boundary
of the darkness by which it is confined.”

Pluralismo

Pluralismo
Um argumento em razão do pluralismo diz respeito a “não colocar todos os ovos
em uma mesma cesta”.
Dada a existência de contingências, é importante se ter um tipo de ciência
que possa lidar com surpresas, de modo que, se algo falha, nem tudo precisa falhar.
Algo análogo se daria na crítica à monocultura na agricultura.

Pluralismo
Citando Charles Peirce, Chang afirma que:
Na filosofia e na ciência, deveria-se “trust rather to the multitude and variety of
its arguments than to the conclusiveness of any one. [Our] reasoning should not
form a chain which is no stronger than its weakest link, but a cable whose fibers
may be ever so slender, provided they are sufficiently numerous and intimately
connected.”

Pluralismo
Chang também relaciona o pluralismo com duas críticas a Kuhn:
sem pluralidade no período de ciência normal, é difícil ver como um paradigma
poderia surgir de repente quando necessário;
quando um sistema é bem sucedido em algo, não é razoável descartá-lo completamente
só porque falhou quando pressionado aos seus limites;
Nestes dois sentidos a visão de Kuhn sobre a dinâmica científica seria
melhorada pelo pluralismo.

Pluralismo x Monismo
O pluralismo é algo recente.
Nas sociedades antigas como a grega e a romana a diversidade de opiniões era
vista como sinal de decadência.
É só a partir do iluminismo que se atribui a ele um caráter positivo.

Pluralismo x Monismo
“Today we tend to take the ideas of tolerance and pluralism for granted. If
we are aware that there was diversity of views and the clash of different opinions
in ancient Athens, for example, or in the late Roman empire, we are likely to
regard that activity as a sign of vitality in those societies. Few people realize
that that is not how those societies themselves saw the matter. Classical thinkers
saw diversity of opinions as a sign of decay and heresy; only since the
Enlightenment have we been able to see it as a positive good”. (PUTNAM, 1995, Apud
CHANG, 2012)

Pluralismo x Monismo
A comunidade científica é uma sociedade como as outras, e portanto a ela deve
ser aplicados os princípios gerais de boa governança.
O diálogo é um princípio fundamental da comunicação social.
Analogamente, também existe uma dimensão epistêmica do pluralismo político:
se diferentes religiões e culturas podem coexistir, também devem coexistir a
variedade de visões que elas carregam.

Pluralismo x Monismo
Existe um senso comum de que haveria apenas uma resposta correta a uma
pergunta cientifica, e que, uma vez que a ciência respondesse uma questão, o
veredito seria final.
O monismo a respeito do conhecimento cientifico deriva da noção de que a
ciência é a busca pela verdade da natureza.
Como só há um mundo, só deve haver uma verdade sobre ele, e, portanto, uma
ciência a busca-la.

Pluralismo x Monismo
Chang destaca dois pontos de uma definição de monismo:
1) o objetivo último da ciência seria estabelecer um único e completo entendimento
do mundo natural (ou da parte dele investigada pela ciência), baseado em um único
conjunto de princípios fundamentais;
2) os método de pesquisa devem ser aceitos segundo sua capacidade de alcançar tal
objetivo, e em cada campo cientifico deve haver um método melhor;

Pluralismo x Monismo
O autor contra argumenta que o monismo não deve ser, em si, uma meta da
ciência, mas que esta deve focar em quaisquer metas que se mire.

Neste sentido este objetivo é, em geral, atingido por meio de múltiplos


sistemas.

Pluralismo x Monismo
Chang defende o pluralismo na ciência como “uma doutrina que advoga a
cultivação de múltiplos sistemas de prática em determinado campo científico”.

Sistemas de prática aqui significariam um conjunto coerente e integrado de


atividades epistêmicas voltadas a determinados objetivos.

Pluralismo x Monismo
Assim, o pluralismo na ciência é um compromisso pela promoção de múltiplos
sistemas de conhecimento científico.

“It is not an idle pronouncement to “let a hundred flowers bloom”, but the
effort of actively cultivating the other 99 flowers”. (Ibid., p. 26)

Pluralismo x Relativismo
Se o relativismo insiste no tratamento igualitário a quaisquer alternativas
existentes, ele não advoga que deveriam haver múltiplas alternativas.
Assim, se há um consenso sobre algo e ninguém busca alternativas, o
relativismo não faria oposição.

“(…) my slogan for pluralism is not “Anything goes”, but “Many things go.”
(Ibid., p. 261)

Pluralismo x Relativismo
Uma objeção comum ao pluralismo é que seria difícil escolher em que
acreditar, dadas as várias opções.
Aqui Chang destaca que nem o monismo nem o pluralismo nos isentam da
responsabilidade da escolha. Ocorre que os monistas tem de fazer escolhas ainda
mais difíceis, uma vez que só podem eleger um sistema.
De qualquer forma é preciso de um critério: em uma competição, como escolher
um vencedor? Há que se ter um critério. Por que não o usar para escolher dois ou
três vencedores?

Pluralismo x Relativismo
Outra objeção típica ao pluralismo é que ele permitiria a perda do rigor
científico, com correntes pregando o criacionismo, o ceticismo quanto a mudanças
climáticas, etc.
Como decidir quem senta à mesa?
Chang argumenta que o pluralismo propõe que haja mais lugares na mesa.
É uma questão totalmente diferente da lista de convidados.
Mesmo o monismo não se propõe a responder esta última questão: definir que só
haverá um espaço não determina quem terá direito a sentar.

Pluralismo x Relativismo
Assim, nem o monismo nem o pluralismo determinam em que devemos acreditar em
termos de ciência, ou como decidir em que acreditar.

Se o relativismo advoga que se deveria escolher de forma arbitrária ou não


escolher em que acreditar, o monismo e o pluralismo estariam equidistantes daquela
vertente.

Pluralismo e paralisia
A presença de diferentes sistemas poderia, de fato, paralisar a atividade de
um cientista em função da distração de não se focar em um único sistema.
Mas quando se trata de um coletivo, é possível que cada grupo se dedique ao
seu sistema, desde que não iniba os demais de fazerem o mesmo.
Nesse sentido, todos os benefícios da ciência normal de Kuhn poderiam ser
observados dentro de cada paradigmas, ainda que houvesse uma multiplicidade destes.

Pluralismo e paralisia
Analogamente, uma sociedade democrática pode conviver com diferentes grupos
com diferentes visões, desde que tais visões não tolhessem as atividades dos demais
grupos.

Assim, o que seria necessário seria uma autoridade sociedade que garantisse a
tolerância.

Pluralismo e paralisia
“Eu me sento no chão frio e sinto o fluxo do frio penetrando no meu corpo;
mas também sei que o que está acontecendo é um fluxo de calor saindo do meu corpo;
ao mesmo tempo, posso calcular a taxa de transferência de energia que faz com que
as moléculas do chão sob mim vibrem muito mais intensamente.” (Ibid,. p. 265,
tradução própria)

Chang cita o fato de que antigamente muitos imigrantes dos EUA não ensinavam
suas línguas nativas a suas crianças, temendo que isso confundiria e retardaria seu
aprendizado do inglês.
Hoje sabe-se que o desenvolvimento bilingue é extremamente estimulante e
positivo.

Pluralismo e paralisia
Chang dá o exemplo de integração de sistemas na alta tecnologia de ponta presente
no sistema de posicionamento global (GPS):
satélites mantidos no lugar pela física newtoniana;
relógios atômicos controlados pela mecânica quântica;
correção de tais relógios pela relatividade especial e geral;
mapeamento da superfície esférica da Terra em uma grade geocêntrica (ou melhor, uma
grade geostática);
fornecimento de orientações às pessoas no solo a partir de uma perspectiva de Terra
plana;

Viabilidade econômica do pluralismo


Outro argumento contra o pluralismo advoga que não haveriam recursos
disponíveis para financiar todas as linhas de pesquisa, e que, portanto, apenas uma
deveria receber aporte de recursos em cada campo.

Viabilidade econômica do pluralismo


Chang contra-argumenta a partir de quatro pontos:
1) a afirmação de que não se pode financiar todas as linhas de pesquisa não implica
que só possa financiar uma; o ponto é o quão pluralista nossos recursos nos
permitem ser;
2) Em geral muitos recursos são requeridos para perseguir uma linha de pesquisa de
forma intensiva e focada, mas manter uma linha viva tende a ser mais barato;

Viabilidade econômica do pluralismo


3) Ao concentrar recursos em uma linha de pesquisa, pode se chegar a um ponto de
retornos decrescentes; é preciso sempre questionar não apenas se o pluralismo é
viável, mas se o monismo o é também;

4) Não se trata de um jogo de soma zero. O pluralismo pode inspirar mais cientistas
bem como o aporte de mais recursos destinados ao desenvolvimento científico;

Viabilidade econômica do pluralismo


“Não se pode negar que seriam necessários muito tempo, esforço e dinheiro
para estabelecer e manter um sistema pluralista de ciência. No entanto, mal consigo
imaginar um investimento a longo prazo mais valioso e necessário para o futuro da
cultura humana.” (Ibid., p. 268, tradução própria)

Pluralismo
Benefícios da tolerância:
“Deixem cem flores florescerem”

Para tal é necessário que se permita que diferentes sistemas coexistam, com
respeito e tolerância entre eles.

Como o curso do desenvolvimento científico é imprevisível, é interessante


manter múltiplas linhas de pesquisa em aberto na esperança de uma delas nos leve à
resposta certa.

Pluralismo
Neste sentido, seria irracional insistir que apenas uma teoria com a maior
probabilidade em um determinado momento deve ser perseguida, e todas as demais
abandonadas.
Uma vez eliminadas e esquecidas, é muito mais difícil e custo reinventar
linhas de pesquisa
Por exemplo, em busca de uma pessoa desaparecida na mata, é mais inteligente
seguir apenas a rota mais provável, ou espalhar o grupo em diferentes direções?

Pluralismo
Sistemas diferentes podem cumprir parcialmente um determinado objetivo, de
modo que, em conjunto, eles atendem a esse objetivo de forma mais completa do que
cada um individualmente.

Outra maneira de pensar sobre isso é em termos de uma divisão benéfica do


trabalho entre sistemas coexistentes que servem ao mesmo objetivo em diferentes
domínios.

Pluralismo
“O pluralismo na ciência é tão natural quanto o desejo de ter diversos tipos
de ferramentas em nossa caixa de ferramentas ou ter diferentes tipos de calçados em
nosso armário para atender a diferentes ocasiões”. (Ibid., p. 273, tradução
própria)

“Nossos objetivos podem ser melhor atendidos globalmente ao mantermos vários


sistemas, cada um dos quais funciona bem dentro de um domínio limitado e não tão
bem fora dele”. (Ibid., p. 273, tradução própria)

Pluralismo
Uma vez que se reconheça que existem múltiplas necessidades humanas que a
ciência se propõe a satisfazer, é fácil concluir que dificilmente um único sistema
cientifico perfeito seria capaz de satisfazer todas as necessidades.

Sempre que houver um elemento subjetivo a ser perseguido, haverá divergência


nesse processo.

Pluralismo
A pluralidade enriquece o conhecimento.
Mesmo quando um sistema pode atender nossos objetivos de maneira bastante
adequada, outros sistemas também podem ser capazes de atender aos mesmos objetivos
de novas maneiras.
Não é interessante “ter galerias cheias de representações da crucificação de
Jesus Cristo de tantas maneiras diferentes por tantos artistas maravilhosos?”.

Pluralismo
A incompatibilidade observacional leva a cada paradigma ou sistema de prática
a destacar suas próprias observações distintas, resultando em diferentes conjuntos
de fatos sobre a natureza.

Mesmo quando uma teoria cobre adequadamente um domínio de observações, é


benéfico que se produzir uma abundância de conhecimento observacional.

Pluralismo
Benefícios da interação:
“Deixe cem flores florescerem e realize cruzamentos”
Os benefícios da interação pode ser resumida na metáfora de uma corda
resistente, a partir da conexão de numerosas fibras finas.

“O pluralismo tolerante é como um feixe de cordas, que é tão forte quanto a


sua corda mais forte. Mas um cabo real, uma imagem perfeita para o pluralismo
interativo, é na verdade mais forte do que a sua corda mais forte, devido à
interação produtiva entre as cordas”. (Ibid., p. 279)

Pluralismo
Integração
O pluralismo interativo aborda a situação em que nenhum sistema disponível
sozinho pode alcançar um objetivo, incentivando a integração de sistemas
diferentes.
Exemplos como o GPS e a história da química atômica destacam os benefícios da
integração de sistemas distintos na prática científica.

Pluralismo
Cooptação
Mesmo quando diferentes sistemas não trabalham juntos em um objetivo comum,
um sistema pode se beneficiar de elementos de outro.
Tais elementos podem ser: resultados empíricos, ideias teóricas, técnicas
matemáticas, instrumentos, materiais, etc.

Pluralismo
Cooptação
O autor exemplifica:
“Lavoisier não teria chegado à sua nova química sem a apropriação de resultados
experimentais dos filogistonistas, como a descoberta de oxigênio por Priestley e a
síntese de água por Cavendish, bem como várias técnicas experimentais da química
pneumática desenvolvidas pelos filogistonistas”. (Ibid., p. 281, tradução própria)

Pluralismo
Competição
Enquanto Lakatos descreve um processo de competição entre programas de
pesquisa, no mundo real essa competição é um processo interativo, no qual
cientistas prestam atenção e são influenciados pelo comportamento de seus pares
também de outros programas.
Em um contexto monista, como a ciência normal de Kuhn, a atenção e a
criatividade estarão focadas em um número menor de problemas, uma vez que todos
concordarão sobre quais são os problemas mais importantes.

Pluralismo
Competição
Também haverá uma tendência a concordar sobre os valores epistêmicos,
resultando na valorização de uma estreita gama de tipos de soluções.
Será mais fácil suprimir ou negligenciar aqueles que desejam seguir
diferentes tipos de soluções ou perseguir problemas completamente diferentes,
porque a escolha para eles será ou desistir de suas preferências ou abandonar a
ciência por completo.

Pluralismo
Competição
Em um regime pluralista, a presença de sistemas concorrentes tornará muito
mais difícil fazer as pessoas se conformarem da mesma maneira.
Até mesmo os praticantes de um sistema dominante precisarão se esforçar mais
para justificar sua abordagem e "vendê-la" a financiadores, estudantes e possíveis
colaboradores.

Pluralismo
Competição

“Considere a competição de longo prazo entre a teoria das ondas e a teoria


das partículas da luz.
Houve vários momentos em que uma ou outra teoria parecia ter clara vantagem,
mas ambas foram mantidas e eu acredito que isso teve o efeito positivo de
estimulação mútua”. (Ibid., p. 283, tradução própria)

Pluralismo
“Havendo acordo sobre se os objetivos de um sistema que falha são válidos,
ele deve ser mantido, porque suas falhas servirão como um lembrete de objetivos
valiosos que a ciência como um todo deve se esforçar para satisfazer.
Se simplesmente descartássemos o sistema que está falhando, seria fácil
esquecer os objetivos não alcançados; seria como abandonar áreas inteiras da
medicina porque o sucesso rápido não está sendo alcançado lá”. (Ibid., p. 284,
tradução própria)

Pluralismo
Chang destaca que entende o pluralismo como uma doutrina sobre a construção
do conhecimento, e não apenas sobre sua avaliação.

Seu objetivo é proliferar, promover sistemas científicos alternativos ao lado


dos sistemas então dominantes.

Pluralismo
O pluralismo também tende a reorientar a historiografia da ciência:
1) prestando atenção particular aos lados derrotados nos debates científicos;
2) evitando o foco historiográfico na formação de consensos;
3) alçando a pluralidade a uma condição normal da ciência, de modo que múltiplos
sistemas de pratica operam em interação mútua;

Pluralismo
“A historiografia pluralista destacará a ciência pluralista em ação, e a
descoberta de novo material histórico inevitavelmente também ajudará a moldar uma
nova imagem da ciência, semelhante à tentativa de Ludwig Wittgenstein de curar a
"doença filosófica" causada por uma ‘dieta unilateral’” (Ibid., p. 287, tradução
própria)

Pluralismo
Segundo Chang, o monismo tem sido adotado exaustivamente desde o século XIX.
A sociedade adquiriu experiência suficiente com ele, e está ciente de seus
sucessos.
Agora seria interessante obter dados comparáveis no lado pluralista, já que o
pluralismo não foi amplamente experimentado pela ciência recente.

Pluralismo
O autor afirma que o fator motivacional do monismo não pode ser negado.
Inclusive afirma que, talvez, quanto mais fanático o monismo, melhor, uma vez
que grandes conquistas foram realizadas com base no fanatismo.
Um exemplo seria o das catedrais medievais.

Pluralismo
Chang acredita que Kuhn provavelmente estava correto ao detectar a
necessidade do monopólio de um paradigma em alguns dos episódios históricos que ele
estava estudando.
No entanto, esse nem sempre foi o caso.
E mesmo que Kuhn estivesse correto em relação à história, isso ainda não
implicaria que o presente e o futuro da ciência serão, ou deveriam ser, como o seu
passado.

Pluralismo
O autor se indaga se o pluralismo não deveria aplicar-se a si mesmo,
permitindo sua convivência com o monismo.

Ao que responde que o pluralismo é uma doutrina sobre a ciência, e não uma
parte dela. Por isso não se aplica a si mesmo.

Pluralismo
Ademais, o pluralismo só pode permitir monistas que respeitem o pluralismo o
suficiente: o pluralismo não pode permitir monistas intolerantes que buscam
exterminar a concorrência.

Há uma analogia óbvia com os limites que uma democracia liberal deve impor a
movimentos políticos totalitários.

Pluralismo
Chang apresenta o conceito de “ciência complementar”, que: (...) contribui
para o conhecimento científico por meio de investigações históricas e filosóficas.
[Ela] formula questões científicas que são excluídas da ciência especializada
atual. Ela começa reexaminando o óbvio, perguntando por que aceitamos as verdades
básicas da ciência que se tornaram senso comum educado. Devido ao fato de muitas
coisas serem protegidas de questionamentos e críticas na ciência especializada, sua
eficácia demonstrada é inevitavelmente acompanhada por um grau de dogmatismo e uma
estreiteza de foco que pode resultar na perda de conhecimento. A história e a
filosofia da ciência em seu modo "complementar" podem melhorar essa situação.
(Ibid., p. 298, tradução própria)

Pluralismo
Segundo o autor, a ciência complementar seria a expressão do pluralismo
epistêmico normativo ativo.

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